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DO CABIMENTO DE HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA EM FAVOR DOS ADVOGADOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA

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DO CABIMENTO DE HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA EM FAVOR DOS ADVOGADOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DIRETA

THE APPROPRIATENESS OF SUIT FEES IN FAVOR OF LAWYERS OF PUBLIC ADMINISTRATION DIRECT

ROSA, Tamara Moureth 1 SILVIA, Frederico Rodrigues 2

RESUMO

O presente artigo pretende apresentar a linha de pesquisa que será desenvolvida a fim de analisar a aplicabilidade dos honorários de sucumbência para os advogados públicos no atual sistema pátrio. Verificar-se-á, em linhas gerais, a estrutura da advocacia pública brasileira, especialmente no que tange às procuradorias da Administração Pública Direta, em todas as suas esferas.

Especificamente, o objetivo do trabalho é analisar a estrutura das procuradorias estaduais do Estado do Espírito Santo (Executivo e Legislativo) com enfoque nas procuradorias municipais de Cachoeiro de Itapemirim (Procuradoria do Município e Procuradoria Legislativa).

Em análise ampla das legislações Federal, Estadual e Municipal, identificar-se-á se os honorários de sucumbência pertencem aos advogados públicos ou ao ente federativo ao qual estão vinculados e, assim, por simetria, se também há cabimento para os procuradores da esfera municipal.

Palavras-chave: Direito Administrativo; Honorários de Sucumbência; Advogado Público; Administração Direta.

1

Graduanda do Curso de Direito do Centro Universitário São Camilo-ES, tamara.moureth@gmail.com

2

Professor orientador: Mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de Direito da Universidade de

Lisboa, Professor Titular do Centro Universitário São Camilo-ES, fredericorodrigues@saocamilo-es.br

Cachoeiro de Itapemirim – ES, junho de 2014.

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ABSTRACT

This article aims to present a line of research that will be developed in order to analyze the applicability of the fees of suit for public lawyers in the current paternal system. Will occur, in general, the structure of the Brazilian public advocacy, especially with regard to the prosecution of Direct Public Administration, in all its spheres. Specifically, the objective is to analyze the structure of state prosecutors of the state of Espírito Santo (executive and legislative) focusing on municipal prosecutors Itapemirim (Attorney of the City Attorney and Legislative).

In broad analysis of Federal, State and Municipal laws, will be to identify whether the fees of suit belong to public lawyers or federal entity to which they are linked and thus by symmetry, there is also no place for prosecutors municipal sphere.

Keywords: Administrative Law; Fees defeat; Public Advocate; Direct Administration.

INTRODUÇÃO

O projeto em questão foi desenvolvido com foco na problemática do cabimento ou não de honorários advocatícios de sucumbência em favor dos advogados da administração pública direta, sob a ótica do sistema jurídico pátrio atual.

Foram estabelecidos os objetivos a serem alcançados com a pesquisa,

sendo eles o de analisar o instituto dos honorários advocatícios; diferenciar o

exercício da advocacia particular do da advocacia pública, demonstrando a

estrutura desta última em todas as esferas públicas; verificar, em especial, as

formas de percepção dos honorários de sucumbência dos procuradores do

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Executivo Municipal e dos Procuradores do Poder Legislativo, ambos de Cachoeiro de Itapemirim; distinguir honorários de sucumbência de verbas salariais; formular hipótese do cabimento dos honorários sucumbenciais em favor dos advogados públicos.

Apresentam-se, em seguida, as hipóteses formuladas como possíveis soluções para o problema identificado.

Nota-se que o cabimento dos honorários sucumbenciais aos advogados públicos tem sido discutido de forma incessante pela doutrina e jurisprudência sem que haja uma estabilidade e segurança jurídica aos envolvidos e interessados.

Assim, o presente projeto visa demonstrar a relevância jurídica da pesquisa proposta.

Este trabalho tem como ponto inicial o levantamento da legislação pertinente em nível federal, estadual e municipal. Foram verificados também diversos julgados a fim de explorar o entendimento jurisprudencial das Cortes Superiores sobre o tema.

METODOLOGIA

Uma das metodologias a serem utilizadas será a de revisão bibliográfica, através do método analítico de pesquisa. Serão realizados o levantamento e a análise de doutrinas, textos legais já vigentes e também de proposituras em tramitação no legislativo.

Será empregado o método comparativo para averiguar e confrontar os entendimentos jurisprudenciais dos Tribunais Superiores acerca do tema.

E, ainda, o método clínico será aplicado, através da técnica de entrevista

com os procuradores do Município de Cachoeiro de Itapemirim, a fim de auferir

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informações sobre o exercício da advocacia pública no Município e sobre a percepção de honorários advocatícios de sucumbência.

DESENVOLVIMENTO

Dentre as funções essenciais à justiça estabelecidas no Capítulo IV do Título IV da Constituição da República, está a advocacia pública (arts. 131 e 132).

Ao tratar da advocacia, a Carta Maior afirma que “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.”

A Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia), ao disciplinar sobre o exercício da advocacia, dispõe especialmente em seu artigo 3º,

§1º:

Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),

§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional.

O Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB também reservou uma seção especial para a advocacia pública:

SEÇÃO II

DA ADVOCACIA PÚBLICA

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Art. 9º Exercem a advocacia pública os integrantes da Advocacia- Geral da União, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, das autarquias e das fundações públicas, estando obrigados à inscrição na OAB, para o exercício de suas atividades.

Parágrafo único. Os integrantes da advocacia pública são elegíveis e podem integrar qualquer órgão da OAB.

Art. 10. Os integrantes da advocacia pública, no exercício de atividade privativa prevista no Art. 1º do Estatuto, sujeitam-se ao regime do Estatuto, deste Regulamento Geral e do Código de Ética e Disciplina, inclusive quanto às infrações e sanções disciplinares.

Marcelo Novelino, ao abordar o dever do advogado público afirma que:

A defesa do Estado não se confunde com a defesa do governo, que é transitório. Como função essencial à Justiça, o dever principal do advogado de Estado é a manutenção e o aperfeiçoamento da ordem jurídica (interesses primários), embora também desenvolvam atividades de natureza jurídica ou administrativa voltadas à sustentação de medidas governamentais, á assessoria jurídica e à direção de corpos jurídicos (interesses governamentais). (NOVELINO, 2010, pp.727-728)

No que tange aos honorários advocatícios de sucumbência, o Código de Processo Civil alude em seu artigo 20 caput que “a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios.

Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.”

Por sua vez, o supracitado Estatuto da Advocacia dedica um Capítulo para versar sobre os honorários advocatícios. Referem-se sobre os honorários de sucumbência os artigos 23 e 24, §3º, in verbis:

Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento

ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito

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autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.

Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.

§ 3º É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência.

Ainda sobre os honorários sucumbenciais, o professor Humberto Theodoro Junior assentou o seguinte:

Diversa do ônus de antecipar as despesas dos atos processuais é a obrigação que resulta para a parte vencida de ressarcir à vencedora todos os gastos que antecipou. (...) Qualquer que seja a natureza principal da sentença – condenatória, declaratória ou constitutiva –, conterá sempre uma parcela de condenação, como efeito obrigatório da sucumbência. Nessa parte formará, portanto, um título executivo em favor do que ganhou a causa (autor ou réu, pouco importa). Adotou o Código, assim, o princípio da sucumbência, que consiste em atribuir à parte vencida na causa a responsabilidade por todos os gastos do processo. (THEODORO JÚNIOR, 2003, pp. 86-87)

Quanto à percepção de honorários sucumbenciais pelos advogados públicos, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de não ser cabível, como se pode conferir pela seguinte ementa transcrita do Informativo 510:

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.

TITULARIDADE DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Os honorários advocatícios de sucumbência não constituem direito

autônomo do procurador judicial quando vencedora a

Administração Pública direta da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, ou as autarquias, as fundações

instituídas pelo Poder Público, as empresas públicas, ou as

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sociedades de economia mista, visto que integram o patrimônio público da entidade. Precedentes citados: REsp 1.213.051-RS, DJe 8/2/2011, e AgRg no AgRg no REsp 1.251.563-RS, DJe 14/10/2011. AgRg no AREsp 233.603-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 20/11/2012 .

Por sua vez, o Superior Tribunal de Justiça se manifestou pela razão dos honorários advocatícios não constituírem patrimônio público, em sede de julgamento do RE 407.908/RJ, cuja ementa é a seguinte:

ACORDO – HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – AÇÃO DE NULIDADE – PRINCÍPIO DA MORALIDADE. Implica violência ao artigo 37, cabeça, da Constituição Federal a óptica segundo a qual, ante o princípio da moralidade, surge insubsistente acordo homologado em juízo, no qual previsto o direito de profissional da advocacia, detentor de vínculo empregatício com uma das partes, aos honorários advocatícios.

No contexto do Estado do Espírito Santo, a Lei nº 3.362, de 14 de agosto de 1980, disciplina que “nas ações em que o Estado for parte vencedora ou na hipótese de acordo entre as partes, os honorários advocatícios fixados na sentença constituir-se-ão receita do Tesouro Nacional.”

Diversamente, no Município de Cachoeiro de Itapemirim, a Lei nº 5779 de 10 de outubro de 2005, que disciplina a destinação de verba de honorários de sucumbência da Procuradoria Geral do Município, prevê em seu artigo 1º, caput:

Art. 1º - Os honorários de sucumbência, devidos nas ações

judiciais em que o Município for parte vencedora, serão destinados

exclusivamente aos procuradores em atuação na Procuradoria

Geral do Município, nos termos da Lei 8.906, de 04 de julho de

1994.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como já abordado, o tema em questão tem sido discutido de forma incessante pela doutrina e jurisprudência sem que haja uma estabilidade e segurança jurídica aos envolvidos e interessados. Assim, a pesquisa se torna relevante juridicamente a fim de analisar as hipóteses de cabimento ou não dos honorários de sucumbência em favor dos advogados da administração pública direta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa apresentada permanece em andamento, dessa forma, ainda não foram testadas todas as hipóteses propostas, nem foram alcançados todos os objetivos. No entanto, até a presente etapa verifica-se que o estudo do tema se faz necessário e justifica-se exatamente pela própria problemática envolvida, conforme já explanado.

REFERÊNCIAS

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2014.

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