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Aula 04. Crimes contra o patrimônio. Direito Penal para Escrivão PC MG. Prof. Leonardo dos Santos Arpini. Direito Penal para Escrivão PC MG

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Prof. Leonardo dos Santos Arpini

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Direito Penal para Escrivão – PC MG

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Crimes contra o patrimônio.

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Sumário

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. 3

INTRODUÇÃO. 3

CAPÍTULO IDO FURTO (ARTS.155 E 156). 4

CAPÍTULO II-DO ROUBO E DA EXTORSÃO (ARTS.157 A 160). 19

Extorsão (art. 158, CP). 28

Extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP). 32

CAPÍTULO VDA APROPRIAÇÃO INDÉBITA. 37

CAPÍTULO VIDO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES (ARTS.171 A 179). 42

CAPÍTULO VIDA RECEPTAÇÃO (ART.180,CP). 54

Receptação de animal (art. 180-A, CP). 63

CAPÍTULO VIIIDISPOSIÇÕES GERAIS (ART.181 A 183,CP). 65

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 71

LISTA DE QUESTÕES. 88

GABARITO. 98

RESUMO DIRECIONADO. 99

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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.

INTRODUÇÃO.

Olá, meu amigo(a), dando início ao nosso encontro, hoje trataremos do segundo grande tema da parte especial do Código Penal. É chegado o momento de iniciarmos o estudo sobre os crimes contra o patrimônio.

O Código Penal, depois de tutelar o ser humano, sob diversos aspectos (vida, saúde, integridade corporal, honra, liberdade individual e etc), inicia uma proteção levando em conta a relação entre ser humano e seus bens corpóreos. Dessa forma, a legitimidade da intervenção do Direito Penal não é a res (coisa) em si considerada, mas esta em relação com uma determinada pessoa. Tudo isso é decorrente da própria noção de patrimônio, considerado como o complexo de bens ou interesses de valor econômico, em relação de pertinência a uma pessoa.

A proteção do título II do Código Penal não se esgota apenas na proteção dos crimes contra o patrimônio.

Parte das figuras típicas que compõem o título II, tutelam outros bens jurídicos além do patrimônio, sendo que tais figuras são denominadas de crimes complexos. Um exemplo típico de crime complexo é o roubo (art. 157, CP), tendo em vista que, além de proteger o patrimônio da vítima, também tutela a integridade corporal e psíquica das pessoas. Outro exemplo é o crime de latrocínio (art. 157, §3º, CP), que protege o patrimônio e, também, a vida.

Dando uma maior amplitude ao nosso estudo, o título II do Código Penal é composto de oito capítulos e, dentro deles, estão presente 28 artigos (art. 155 a 183, do CP), sendo que analisaremos os mais frequentes em provas de concurso.

Feita essa breve e necessária introdução, é chegado o momento de mergulharmos definitivamente no campo do estudo dos crimes contra o patrimônio.

Venha comigo!

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Capítulo I – Do furto (arts. 155 e 156).

Salve Salve, meu amigo(a)!

Seja muito bem-vindo ao nosso primeiro capítulo de estudo em nossa aula de nº 04.

Nessa aula, seguiremos o padrão de capítulos disposto pelo próprio Código Penal, dando ênfase para os crimes que mais tem incidência nas provas de concurso.

Então, dessa forma, agora que você já está familiarizado com a metodologia do nosso curso, iniciaremos o estudo do crime de furto a partir do texto do Código Penal.

Vejamos:

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior

§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

Agora que realizamos nossa leitura concentrada do art. 155 do Código Penal, vamos aos comentários acerca do crime em análise.

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O crime de furto protege a propriedade, a posse e a detenção legítima de coisa móvel.

Antes de mais nada, preste atenção!

Ladrão que subtrai ladrão pratica furto, tendo como vítima o real dono da coisa (legítimo possuidor).

O crime de furto é considerado um crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa, salvo o próprio dono da coisa. O dono que “subtraí” a coisa de que é dono, quando na posse de um terceiro, comete exercício arbitrário das próprias razões (arts. 345 e 346, do CP). Essa é a posição dominante na doutrina. Assim como o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, com exceção do dono da coisa, o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, proprietária, possuidora ou detentora da coisa assenhorada.

A conduta núcleo do tipo é a subtração, que corresponde à retirada da coisa da esfera de disponibilidade da vítima.

Da leitura do art. 155, é possível extrairmos, também, que o objeto material do crime de furto é a coisa alheia móvel, economicamente apreciável. Conforme o entendimento da maioria dos estudiosos do Direito Penal, se a coisa for de valor moral, também haverá o crime de furto.

Lembre-se, meu(a) caro(a), a coisa deve ser alheia!

Veja esse resumo:

APODERAMENTO DE CONSEQUÊNCIA.

Coisa de ninguém (res nullius) FATO ATÍPICO

Coisa abandonada (res derelicta)

Coisa perdida (res despedita) Haverá crime de apropriação de coisa achada (art.

169, p.ú, II, do CP), pois, apesar de alheia, não há subtração, mas apropriação.

Também é necessário que a coisa seja móvel.

Para os fins do direito penal, coisas móveis são todos os bens capazes de serem transportados de um local para o outro sem que percam sua real identidade. Em sentido oposto ao direito civil, navios, aeronaves e materiais de construção são considerados móveis para o Direito Penal.

“Arpini! Eu já vi algo a respeito do tal ‘furto famélico’. Você poderia me explicar?”

Mas é claro, caríssimo(a)!

A jurisprudência (são decisões reiteradas dos tribunais) reconhecem no furto famélico o estado de necessidade (estudado aula passada) previsto no art. 24 do CP, desde que presentes alguns requisitos, quais sejam:

1. Que o fato seja praticado para diminuir a fome;

2. Inevitabilidade do comportamento lesivo;

3. Subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência;

4. Insuficiência dos recursos adquiridos ou impossibilidade de trabalhar.

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Saiba, também, que o elemento subjetivo do tipo penal é o dolo, representado na vontade consciente de apoderar-se definitivamente de coisa alheia, para si ou para outrem, o chamado “animus rem sibi habendi”.

Há, entre nós, uma figura muito curiosa que envolve o crime de furto e é tratada, na maioria das vezes, como fato atípico. Estou falando do famoso “furto de uso”.

O furto de uso consiste na subtração de coisa alheia apenas para usá-la momentaneamente, devolvendo-a, logo em seguida, ao real proprietário. Não estando presente na conduta o animus furandi, o fato é atípico, desde que:

FURTO DE USO

Desde o início, a intenção do agente seja de uso momentâneo da coisa subtraída;

Coisa não consumível.

Sua restituição imediata e integral à vítima Para ficar mais claro, preste atenção nesse exemplo: imagine que Austin está no supermercado e, ao sair do estabelecimento em direção ao estacionamento, vê uma Ferrari estacionada no pátio. Com o desejo incontrolável de dar uma volta no automóvel, resolve, para tanto, furtá-la do estacionamento para dar uma volta na quadra do supermercado. Realizado o sonho, Austin retorna ao estacionamento e estaciona a Ferrari no mesmo local em que anteriormente se encontrava.

Veja, meu(a) caro(a) estudante. Nesse caso, em que pese haver subtração de coisa alheia móvel, não houve o animus furandi e, muito menos, a intenção de apoderamento da res. Portanto, estamos diante de um fato atípico materialmente, pois ausente o elemento subjetivo do tipo penal.

Por outro lado, não podemos considerar o fato como atípico caso Austin subtraia a Ferrari e, com a intenção de realizar seu sonho, acabei esvaziando o tanque do automóvel enquanto transita com a coisa, dando, por exemplo, um prejuízo de R$600,00 (seiscentos reais) ao proprietário. Nesse caso, estará caracterizado o crime de furto.

Agora é necessário que falemos acerca da consumação e da tentativa do crime de furto. Para isso, quatro correntes tentam explicar o momento consumativo do artigo 155 do Código Penal, quais sejam:

MOMENTO CONSUMATIVO

Teoria da contrectatio Dá-se pelo simples contato entre o agente e a coisa (dispensa-se o deslocamento).

Teoria da amotio (ou apprehensio) Ocorre quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que em um brevíssimo espaço de

tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica.

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Teoria da Ablatio Ocorre com o deslocamento da coisa de um lugar para o outro.

Teoria da Ilatio A coisa deve ser levada ao local desejado pelo ladrão para ser mantida a salvo.

E agora, meu amigo(a), qual das teorias você acha que o ordenamento jurídico brasileiro adotou?

Se depois de uma leitura atenta da tabela, você pensou na teoria da amotio, meus parabéns, você acertou!

Então, para que fique mais claro a adoção da teoria da amotio, é dispensável a posse mansa e pacífica da res. Assim, ainda que o agente tenha a coisa em sua posse por um brevíssimo espaço de tempo, o furto estará automaticamente consumado.

Imagine a situação em que Austin furta uma bolsa em via pública e, imediatamente empreende fuga. Na ocasião, é avistado por populares que imediatamente saem em sua captura. Desse modo, Austin consegue empreender fuga somente por 50 (cinquenta) metros e é capturado pelos populares.

Perceba, meu amigo(a), mesmo que Austin não tivesse a posse mansa e pacífica da res (pois estava em fuga dos populares), o furto está automaticamente consumado.

Dessa forma, saiba que o crime de furto é plurisubssistente, permitindo assim, a figura da tentativa, visto que a sua conduta pode ser fracionada.

É importante que saibamos o teor da súmula 567 do STJ, que assim dispõe:

“sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto”.

Assim, mesmo que haja vigilância constante (física ou eletrônica) sobre o bem, não torna, por si só, o crime impossível, devendo ser analisado, no caso concreto, a absoluta ou relativa ineficácia do meio executório.

Feitas essas considerações, encerramos o estudo da figura do caput e, também, os aspectos gerais aplicáveis a todas as modalidades de furto que logo mais serão analisadas.

Vamos testar nossos conhecimentos?

Venha comigo!

Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal

Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento posterior.

Sílvio, maior e capaz, entrou em uma loja que vende aparelhos celulares, com o propósito de furtar algum aparelho. A loja possui sistema de vigilância eletrônica que monitora as ações das pessoas, além de diversos agentes de segurança. Sílvio colocou um aparelho no bolso e, ao tentar sair do local, um dos seguranças o deteve

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e chamou a polícia. Nessa situação, está configurado o crime impossível por ineficácia absoluta do meio, uma vez que não havia qualquer chance de Sílvio furtar o objeto sem que fosse notado.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: conforme estudamos anteriormente, a súmula 567 do STJ é clara ao declarar que o sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.

Gabarito: ERRADO.

Vejamos essa outra questão:

Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

Funcionário público que, no trajeto de sua residência até a repartição onde trabalha, dentro de um ônibus coletivo, aproveita-se da distração de uma pessoa e subtrai-lhe a carteira, contendo quantia em dinheiro, responde pelo crime de:

A) Furto.

B) estelionato.

C) roubo.

D) apropriação indébita.

E) peculato.

Resolução: preste atenção na questão, meu(a) jovem! Aposto que pode ser tentador para você responder a alternativa “E”, que trata do peculato, pelo agente criminoso se tratar de funcionário público. Entretanto, o crime não foi praticado no exercício da função e nem por decorrência dela. Desse modo, estamos diante do crime de furto.

Gabarito: Letra A.

E, para fecharmos nosso estudo acerca das considerações gerais sobre o furto, vejamos mais essa questão:

Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil No interior de um estabelecimento comercial, João colocou em sua mochila diversos equipamentos eletrônicos, com a intenção de subtraí-los para si. Após conseguir sair do estabelecimento sem pagar pelos produtos, João foi detido, ainda nas proximidades do local, por agentes de segurança que visualizaram trechos de sua ação pelo sistema de câmeras de vigilância. Os produtos em poder de João foram recuperados e avaliados em R$ 1.200.

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Nessa situação hipotética, caracterizou-se A) uma tentativa inidônea de crime de furto.

B) um fato atípico, pela incidência do princípio da insignificância.

C) a prática de crime de furto.

D) uma situação de crime impossível por ineficácia absoluta do meio.

E) uma situação de crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.

Resolução: perceba, meu amigo(a), o segredo para a resolução da questão é sabermos que o ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria da amotio para dispor acerca do momento consumativo do furto. Desse modo, no momento em que João foi detido “nas proximidades do local” o furto já estava consumado.

Gabarito: LETRA C.

Certo! Agora que já testamos nosso conhecimento e estamos 100%, vamos adiante no estudo do artigo 155.

O parágrafo primeiro do art. 155 traz uma causa de aumento de pena quando o furto for praticado durante o repouso noturno.

“Mas Arpini, o que pode ser considerado repouso noturno?”

Veja, caríssimo(a), o conceito de repouso noturno é classificado a partir dos costumes da localidade onde ocorreu o furto. Imagine um furto ocorrido às 21h em uma fazenda no interior do Estado do Rio Grande do Sul. Ao nos depararmos com essa situação, é necessário que analisemos o costume do local e, não havendo dúvida acerca do repouso noturno ocorrido nessa localidade às 21h, é possível aplicarmos a causa de aumento de pena.

Agora, em sentido diametralmente oposto, imagine o mesmo furto ocorrido às 21h no centro de São Paulo/SP. Pelos costumes do local, resta completamente inviável aplicarmos essa causa de aumento de pena a este furto.

“Certo! Entendi, Arpini! Mas, outra dúvida: é necessário que a residência esteja habitada no momento do fato?”

Ótima pergunta, meu amigo(a)! Percebo que você está atento a nossa aula.

Para a maioria dos doutrinadores do direito penal e, também, para o STF e STJ, a incidência da majorante dispensa que a casa esteja habitada ou com moradores repousando. Foi nesse sentido que o STJ decidiu no HC 162.305/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 21/06/2010.

Outro ponto importante é que a causa de aumento do furto praticado mediante repouso noturno já foi matéria na qual os Tribunais Superiores se debruçaram para debater a sua incidência ou não no tocante ao furto qualificado, em outras palavras, resta-nos saber se no furto qualificado poderá ser aplicada a causa do furto noturno.

O STJ, no HC 306.450/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 17/12/14, decidiu ser possível a aplicação da causa de aumento de pena do furto noturno para o furto qualificado. Exemplificando, meu amigo(a), se for praticado um furto com rompimento de obstáculo à subtração da coisa durante o repouso noturno, é amplamente pacífico a aplicação da causa de aumento do §1º com o furto qualificado do §4º, do CP.

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Já o §2º nos traz a figura do furto privilegiado. Aqui, a aplicação da causa de diminuição de pena segue à risca dois critérios: o agente deve ser primário e que a res furtiva(e) seja de pequeno valor. A coisa de pequeno valor é aquela que não supera o valor de um salário mínimo.

Não devemos confundir pequeno valor com o prejuízo insignificante.

Pequeno valor Prejuízo insignificante

Requisito do furto privilegiado É apto a tornar o fato atípico Conforme leciona a doutrina e a pacífica orientação

dos Tribunais Superiores, “pequeno valor” é o bem que gira em torno do valor de 1 (um) salário mínimo

vigente à época do fato.

Prejuízo insignificante é aquele em que o valor da res furtiva não atinge 10% do salário mínimo, conforme o entendimento do STF, fazendo incidir o princípio a insignificância, tornando o fato penalmente atípico.

O §3º prevê o furto de energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

A questão até parece pacífica, caríssimo(a), entretanto, o STF foi convidado a se debruçar sobre o tema e resolver questão envolvendo o “furto de sinal de tv à cabo”. Desse modo, a 2º Turma do STF, no ano de 2011, no HC 97.261/RS, de relatoria do Min. Joaquim Barbosa, concedeu habeas corpus, declarando a atipicidade da conduta do condenado pela prática do crime previsto no art. 155, §3º, do CP, por ter efetuado ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Sustentou-se que o objeto material (sinal de tv a cabo) não seria “energia” para os fins do parágrafo 3º, sendo inadmissível a analogia in malam partem.

Desse modo, encerramos o estudo do furto simples e suas consequências jurídicas, no tocante ao privilégio, causa de aumento e furto de energia elétrica.

E, para fecharmos, vamos ver como os concursos estão indagando acerca do tema:

Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe No crime de furto, caracteriza-se como causa de aumento de pena, mas não qualificadora do crime

A) a prática do crime mediante concurso de duas ou mais pessoas.

B) a prática do crime durante o repouso noturno

C) a prática do crime com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza.

D) a prática do crime com emprego de chave falsa.

E) a prática do crime com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa.

Resolução: conforme estudamos até o momento, é possível verificarmos que a causa de aumento que a banca nos indaga é sobre o repouso noturno, tendo em vista que todas as outras trazem hipóteses de qualificadoras do crime de furto.

Gabarito: Letra B.

Agora, passemos ao estudo do furto qualificado.

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As qualificadoras do crime de furto estão elencadas ao longo do §4º do art. 155, do CP.

A primeira delas está prevista no art. 155, §4º, inciso I e nos traz a figura do furto qualificado mediante destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa.

Desse modo, imagine a situação em que Austin decide furtar uma residência presente em seu bairro. Para tanto, planeja o furto e, no momento da empreitada criminosa, arromba a porta da moradia para adentrar ao interior do imóvel e de lá subtrair bens que estejam à sua disposição.

Perceba, caríssimo(a), nesse caso, estamos diante de um furto mediante rompimento de obstáculo à subtração da coisa, tendo em vista que, para adentrar ao imóvel, foi necessário que Austin destruísse a porta da residência.

Para tanto, a prova da destruição do obstáculo (porta quebrada), deverá ser feita pelo Delegado de Polícia, nos moldes do art. 171 do CPP, na qual será lavrado um auto de destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa.

Já a qualificadora prevista no inciso II, do §4º do art. 155, do CP, trata do furto praticado com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza.

No que diz respeito ao abuso de confiança, é necessário que a vítima do crime patrimonial tenha uma relação de plena confiança no agente criminoso. Somente dessa forma é que poderemos cogitar da aplicação da qualificadora do abuso de confiança. Do contrário, havendo uma mera relação amistosa entre vítima e criminoso, não haverá a incidência da qualificadora.

Outra característica importante diz respeito a relação de emprego que, por si só, não é apta a configurar o abuso de confiança, razão pela qual, será necessário verificar, nas circunstâncias do caso concreto, se a relação de emprego entre criminoso e vítima foi apta a gerar uma confiança entre ambos. Inclusive, este é o entendimento dos Tribunais Superiores.

Outra dica valiosa é que o furto qualificado pela confiança não pode ser confundido com o crime de apropriação indébita, vejamos:

ART. 155, §4º, II, CP

(furto qualificado pelo abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza).

ART. 168, CP (apropriação indébita).

Há um mero contato do agente com a res Aqui o agente criminoso exerce a posse desvigiada em nome de outrem.

O dolo é inicial, desde o momento em que há o contato com a coisa.

O dolo é posterior à posse desvigiada da coisa.

Outra hipótese apta a qualificar o furto é a fraude. Nesse caso, o emprego da fraude é voltado para diminuir a vigilância da vítima sobre a coisa, facilitando a subtração. Assim como no exemplo anterior, não podemos confundir o furto mediante fraude com o estelionato (art. 171, do CP).

ART. 155, §4º, II, CP ART. 171, CP

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(furto qualificado pelo abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza).

(estelionato)

A fraude é direcionada a diminuir a vigilância da vítima e possibilitar a subtração

No estelionato, a fraude faz com que a vítima incida em erro e entregue espontaneamente a res para o

agente.

A vontade de subtrair a coisa é apenas do agente criminoso

A vontade é bilateral, pois a vítima induzida em erro, entrega espontaneamente a coisa.

“Arpini, poderia me dar um exemplo?”

Mas é claro, meu amigo(a)!

Imaginemos as seguintes situações:

a) Austin faz uma ligação direta do encanamento da companhia de água para a sua residência, sem passar pelo medidor;

b) Austin altera o medidor de água para que o consumo atestado na conta seja diverso daquele realmente consumido.

Perceba, caríssimo(a), que em ambos os casos há prejuízo para a companhia prestadora de serviço de água.

Entretanto, no exemplo “a”, Austin responderá por furto mediante fraude, tendo em vista que a vontade de subtrair a água é única e exclusivamente sua.

Já no exemplo “b”, a ligação de água foi feita, então a vontade é bilateral, tendo a companhia de água entregando o bem para consumo e recebendo por isso e, de outro lado, Austin recebendo o bem e pagando por isso. Entretanto, no momento em que Austin altera o medido de água para que o consumo seja menor ao que efetivamente ocorre em sua residência, as vontades não se alteram, porém, empregou uma fraude para manter a companhia de serviço de água em erro e, desse modo, será responsabilizado pelo crime de estelionato.

Quer ver uma questão acerca do tema? Confere comigo!

Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal Texto associado

No que se refere aos delitos previstos na parte especial do CP, julgue os itens de 70 a 74.

Em se tratando do crime de furto mediante fraude, a vítima, ludibriada, entrega, voluntariamente, a coisa ao agente. No crime de estelionato, a fraude é apenas uma forma de reduzir a vigilância exercida pela vítima sobre a coisa, de forma a permitir a sua retirada.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: veja, caríssimo(a), o enunciado da questão traz exatamente tudo que estudamos até o momento.

Entretanto, perceba que a questão tenta nos confundir ao inverter as situações.

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Gabarito: ERRADO.

Ainda dentro do inciso II, o furto também é qualificado quando houver escalada.

“Quer dizer que é necessário que o agente escale o obstáculo para que haja a qualificadora, professor?”

Não necessariamente, meu(a) caro(a) aluno(a)! A escalada é todo meio anormal utilizado pelo agente para ingressar em determinado local, p.ex. o agente criminoso que se utiliza de um túnel para adentrar em uma residência ou, até mesmo, que entra na moradia através da chaminé. Por outro lado, não é apto a qualificar o furto pela escalada a simples transposição de um obstáculo facilmente superável, como, p.ex. quando o agente pula um muro baixo para adentrar ao pátio de uma residência.

E, para fecharmos o estudo do inciso II, é necessário que estudemos a figura da destreza.

A destreza é um meio qualificador pelo qual o agente criminoso se utiliza de uma peculiar habilidade física ou manual na prática do crime, sem que a vítima perceba que está sendo despojada de seus bens. O exemplo clássico e que não pode ficar de fora do nosso estudo, é o furto dos batedores de carteira.

Ademais a destreza deve ser analisada sob a ótica da vítima e não de terceiro. Em outras palavras, meu amigo(a), caso a vítima, no caso concreto, perceba a ação do agente criminoso e impeça a ação criminosa, estaremos diante de um furto simples tentado.

Agora que encerramos as qualificadoras do inciso II, chegou o momento de testarmos nossos conhecimentos:

Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil Qualifica o crime de furto, nos termos do art. 155, § 4.º do CP, ser o fato praticado.

A) em local ermo ou de difícil acesso.

B) contra ascendente ou descendente.

C) durante o repouso noturno.

D) com abuso de confiança.

E) mediante emprego de arma de fogo.

Resolução: conforme estudamos até o momento, podemos verificar que a única qualificadora elencada nas assertivas é o abuso de confiança.

Gabarito: Letra D.

E assim damos encerramento as qualificadoras do inciso II do §4º do art. 155, do CP.

Já no inciso III do art. 155 do CP, a qualificadora trata da chave falsa.

“Poderia me dar uma definição de chave falsa, professor?”

Claro, meu(a) jovem!

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Fiquemos com a lição do professor André Estefam1:

“Seu emprego dá-se com a utilização de instrumento capaz de abrir uma fechadura sem arrombá-la, como grampos, tesouras, mixas, chaves de fenda, englobando, inclusive, cópia da verdadeira obtida por meios fortuitos ou criminosos (a ligação direta, entretanto, não se subsume à presente circunstância, por não exigir uso de objetos). (ESTEFAM, André. p, 472/473, 2019)

Então, meu amigo(a), fique atento ao fato de que a ligação direta (sem chave) em veículo NÃO é considerada chave falsa para fins de encaixe da qualificadora do inciso III.

O inciso IV nos traz o concurso de pessoas, ou seja, caríssimo(a) é aquele furto em que os agentes criminosos, em comunhão de esforços e acordo de vontades, subtraem coisa alheia móvel para si ou para outrem. Fique atento ao fato de que, caso o agente criminoso pratique um furto em companhia de um menor inimputável, a qualificadora também restará configurada e, além do agente criminoso imputável responder por furto qualificado pelo concurso de pessoas, será, também, responsabilizado pelo crime de corrupção de menores do art. 244-B do ECA, em concurso formal.

Agora, meu amigo(a), quero que você redobre sua atenção!

Nesse momento, vamos tratar do §4º-A, do art. 155 do Código Penal. Trata-se de uma inovação trazida pela Lei Anticrime. Dessa forma, não tenho nenhuma dúvida de que esse ponto será objeto de indagação no seu próximo concurso.

A inovação da Lei Anticrime veio para coibir o avassalador crescimento de furtos a caixas eletrônicos em instituições bancárias. Para tanto, as organizações criminosas (na grande maioria dos casos), utilizavam-se de explosivos para danificar caixas eletrônicos e apoderarem-se do dinheiro que estava em seu interior.

Dessa forma, o legislador resolveu apenar o crime com uma pena de 4 a 10 anos e multa.

Ainda, para aumentar o rigor punitivo acerca da figura, a Lei Anticrime também fez inserir a hipótese do art.

155, §4º-A, do CP, ao rol dos crimes hediondos, alterando a Lei 8.072/90.

E, caminhando para o final do estudo do crime de furto, o §5º do art. 155 do CP qualifica o furto quando ele for de veículo automotor que seja transportado para outro Estado da Federação ou outro país.

Nesse caso, se o agente conseguir subtrair o automóvel, mas, porém, for detido antes de adentrar em outro Estado da Federação ou país, responderá por furto simples e não por tentativa de furto qualificado do §5º, tendo em vista que não poderemos cogitar tentativa de algo que já se consumou (subtração).

O que eu quero que você redobre sua atenção, meu(a) caro(a) estudante é que o §5º menciona “outro Estado da Federação” ou “país”. Então, a partir dessas informações será que você já conseguiu perceber onde está o nosso ponto chave?

1 ESTEFAM, André. Direito Penal, volume 2 : parte especial (arts. 121 a 234-B) / André Estefam. – 6 ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.

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“Professor, ainda está um pouco confuso...”

Perceba, meu amigo(a), que o tipo penal não faz menção ao Distrito Federal.

Na grande maioria dos casos somos induzidos a pensar que o DF está incluso na expressão “Estado da Federação”, porém, o DF é considerado um ente sui generis e, desse modo, ao incluirmos o DF no §5º sem que ele esteja expressamente previsto, estaremos incorrendo em analogia in malam partem, que é completamente vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro.

“Mas professor, se o DF não pode ser apto a qualificador o furto do §5º, indiretamente estamos autorizando o Distrito Federal a ser local de desova de automóveis, correto?”

Isso que você acabou de me dizer, caríssimo(a), é exatamente o que foi ventilado perante os Tribunais Superiores. Entretanto, prevaleceu no âmbito das Cortes que essa seria uma hipótese de analogia in malam partem. Essa informação consta do HC 154.051/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/12/2012.

Entretanto, veja a opinião do professor Rogério Sanches Cunha2 a respeito do tema:

“Ousamos discordar. Entendemos que o Distrito Federal está implícito. Deve-se interpretar o dispositivo de acordo com o sentido pretendido pelo legislador, sendo certo que não foi sua pretensão excluir a Capital da República, já que tal entendimento poderia transformá-la em local de “desova”

de veículos subtraídos, ante a ausência de punição mais severa”. (CUNHA, Rogério, 2017, p.480/481).

No §6º do art. 155 do Código Penal, temos o popular furto abigeato, que é conhecido como subtração de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.

Veja, meu amigo(a), é perceptível que, com a edição do §6º do Código Penal, o legislador resolveu dar um tratamento mais rigoroso ao abigeato, apenando-o com uma reclusão de 2 a 5 anos. Porém, é sabido que esse tipo de crime não acontece de forma isolada, por apenas um agente criminoso, mas na grande maioria das vezes, em concurso de pessoas, o que, por si só, já é suficiente para qualificá-lo com um apenamento de 2 a 8 anos e multa.

“Mas professor, como fica a situação do agente criminoso nesses casos?”

Preste atenção nessa lição do professor Rogério:

“ A resposta “tanto faz” ou “pelos dois parágrafos”, obviamente, não pode ser; muito menos tem razão aquele que respondeu que os agentes sofrerão os rigores do §6º. É que nas hipóteses de coexistência de qualificadoras, não existindo entre elas relação de especialidade – mas pluralidade de circunstâncias - , deve prevalecer aquela que pune o comportamento do criminoso com mais rigor, sob pena de violação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. A outra deve ser considerada pelo magistrado na fixação da pena-base, salvo se prevista também como agravante,

2 CUNHA, Rogério Sanches. Código penal para concursos – Salvador: 10. ed. ver., atual. e ampl. – JusPodivm, 2017.

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caso em que será aquilatada pelo juiz na segunda fase da aplicação da reprimenda. (CUNHA, Rogério, 2017, p. 481).

E assim, para fecharmos o estudo do crime de furto, o §7º também é uma inovação legislativa proposta pela Lei Anticrime. Conforme verificamos no §4º-A, o furto será qualificado quando, para a subtração, houver o emprego de explosivo.

De outra banda, o legislador resolveu qualificar o furto quando a res furtiva(e) for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

Desse modo, caso o objetivo dos furtadores seja a subtração de explosivos, restarão incursos nas penas do

§7º do art. 155, do CP (4 a 10 anos). Diferentemente do que ocorre com o §4º-A, o legislador não incluiu no rol dos crimes hediondos a hipótese do §7º do art. 155 do Código Penal.

Assim, meu amigo(a), acabamos de encerrar o estudo completo do crime de furto!

Em resumo, meu amigo(a), essas são as hipóteses do crime de furto:

Esse resumo, caríssimo(a), foi cedido pela minha colega Lucília Borges!

Mais conteúdo como esse, você pode encontrar no site: https://www.resumosdalucilia.com.br/ .

Assim, para fecharmos por completo o nosso estudo acerca do furto, quero tecer alguns comentários acerca da súmula 442 do STJ. Vejamos o que o verbete nos diz:

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Súmula 442 - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.

(Súmula 442, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010)

“Professor, não entendi! Por que uma majorante do crime de roubo, que é mais grave que o crime de furto, teria aplicação para o artigo 155 do CP?”

A controvérsia dessa súmula está intimamente ligada a pena privativa de liberdade.

Preste bem atenção!

A origem desta súmula parte de uma tese defensiva que foi muito debatida no mundo jurídico. Os defensores dos réus queriam que a majorante do concurso de agentes do crime de roubo (art. 157, §2º, II, do CP), fosse aplicada ao crime de furto por ser mais benéfica.

“Como assim mais benéfica, professor?”

Veja só, meu amigo(a), como, no fundo, a tese até tem sentido.

Se o agente for acusado pelo crime de furto (pena base de 1 a 4 anos e multa) com a aplicação da majorante do concurso de agentes do crime de roubo (aumento de 1/3 até a metade), sua pena seria menor do que se ele fosse acusado diretamente pelo crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, do artigo 155, §4º, IV, em que a pena é de 2 a 8 anos. Porém, o STJ não aceitou a referida tese, firmando entendimento em sentido contrário, através da súmula 442.

Compreendido?!

Para finalizarmos a nossa jornada acerca do crime de furto, trago para vocês uma recentíssima atualização operada no Código Penal através da Lei n.º 14.155/21. A referida lei alterou, também, o crime de estelionato, que seja objeto de estudo logo mais. Porém, aqui no crime de furto, foram inseridos os §§4º-B e 4º-C.

O §4º-B previu uma nova modalidade de furto qualificado (novatio legis incriminadora), apenando de 4 a 8 anos de reclusão, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. Desse modo, meu amigo(a), o agente criminoso, além de empregar a fraude como meio executório para o cometimento o crime, utiliza como instrumento para a fraude e, consequentemente, a consumação do fato, dispositivo eletrônico ou similares que facilitem a subtração do patrimônio da vítima.

Já o §4º-C prevê causas de aumento de pena para a figura qualificada do §4º-B, veja só:

aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021). Nesse caso, o agente deve ter conhecimento da condição de idoso ou de vulnerabilidade da vítima, sob pena de responsabilidade penal objetiva.

Compreendido, meu amigo(a)?!

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Vamos adiante!

Nossa jornada está apenas começando!

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Capítulo II - Do Roubo e da Extorsão (arts. 157 a 160).

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso segundo capítulo na aula de crimes contra o patrimônio.

A partir desse capítulo, estudaremos a figura do roubo e da extorsão, que são dois crimes que possuem muita incidência em concurso.

Antes de adentrarmos no conteúdo propriamente dito, é necessário verificarmos que em ambos os casos (tanto no roubo como na extorsão) há um ponto comum, em que a subtração é precedida do emprego de violência ou grave ameaça contra a pessoa.

Além desse primeiro ponto, é importante destacarmos algumas diferenças entre o roubo e a extorsão e, dessa forma, o professor André Estefam pode nos auxiliar com seus ensinamentos:

“Em nosso sentir, podem ser assinaladas as seguintes diferenças:

a)quanto à ação nuclear: no roubo, há subtração; na extorsão, constrangimento;

b)quanto aos meios executórios: no roubo, a lei prevê o emprego de violência ou grave ameaça contra a pessoa e de recurso que reduza a vítima à incapacidade de resistência (violência imprópria); na extorsão, violência ou grave ameaça contra a pessoa;

c)quanto à imprescindibilidade do comportamento da vítima: no roubo, diversamente da extorsão, a atitude da vítima não é conditio sine qua non para o êxito do desfalque patrimonial. (ESTEFAM, André. 2019, p. 485).

Agora que já introduzimos duas ideias essenciais acerca do roubo e da extorsão, podemos avançar em nosso estudo!

Vejamos o que nos diz o artigo 157 do Código Penal:

Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade

I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) II - se há o concurso de duas ou mais pessoas

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego

VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca

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§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;

II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo

§ 3º Se da violência resulta:

I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

Feita a nossa leitura atenciosa do texto legal, em uma visão geral, é necessário que montemos a estrutura do crime de roubo, vejamos:

Art. 157, caput, CP Art. 157, §1º, CP Art. 157, §2º, CP Art. 157, §3º, CP Roubo próprio Roubo impróprio Roubo agravado ou

circunstanciado.

Roubo qualificado.

Agora é chegado o momento em que faremos nossos comentários acerca do crime de roubo.

Vamos adiante!

O crime de roubo possui o rótulo de ser um crime complexo, pois dentro da sua figura típica, há a fusão de outros dois tipos penais, quais sejam: o furto (art. 155, CP) + o constrangimento ilegal (art. 146, do CP). Dessa forma, a lei penal protege de uma só vez, o patrimônio e a liberdade individual da vítima.

Assim como estudamos no crime de furto, o roubo, quanto ao sujeito ativo é um crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, com a exceção do proprietário do bem, que poderá vir a ser responsabilizado pelo exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP).

O sujeito passivo no crime de roubo é o proprietário, possuidor ou o mero detentor da res e, também, aquela pessoa contra a qual se dirige a violência ou a grave ameaça.

Agora, peço que você leia novamente o quadro acima para que possamos estudar cada uma das espécies de crime de roubo.

Veja, meu amigo(a), no roubo próprio, que está previsto no caput do art. 157, do CP, o agente criminoso ANTES de se assenhorar do bem alheio, emprega violência, grave ameaça ou qualquer outro meio capaz de impossibilitar a vítima de oferecer resistência.

No que diz respeito à caracterização da violência, basta apenas a ocorrência de vias de fato ou lesões leves.

Já quanto à ameaça, estamos diante de uma coação psicológica de causar um mal injusto, grave e possível.

O terceiro meio executório referido pelo tipo penal é a violência imprópria.

“Violência imprópria, professor? Como assim?”

A violência imprópria, meu amigo(a), é toda aquela capaz de impossibilitar a resistência da vítima, por exemplo, ministrando-lhe drogas, soníferos, hipnose e etc.

E, com essas considerações, já encerramos o estudo da figura prevista no caput.

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No §1º do art. 157, do CP, estamos diante do roubo impróprio. Aqui, o agente criminoso após subtrair a res, constrange a vítima mediante violência ou grave ameaça para assegurar a impunidade do crime ou a detenção do bem. Na verdade, estamos diante de um crime de furto (inicialmente) e que, após o emprego dos meios executórios, passará a ser um crime de roubo.

Quero que você se atente para os seguintes fatos:

1º) É elementar do roubo impróprio que o agente já tenha se apoderado de algum bem da vítima. Disso podemos extrair duas consequências: a) Se alguém entrar em uma casa pra furtar e se depara com o dono antes de qualquer subtração e o agride provocando lesão leve com intenção de fugir, temos tentativa de furto em concurso material com lesão leve; b) No exemplo acima, se ele tivesse agredido o dono da casa depois da subtração responderia por roubo impróprio e a lesão leve ficaria absorvida. Só existe roubo impróprio quando a violência ocorre logo depois da subtração, ou seja, imediatamente depois, ainda no contexto do furto em andamento. O roubo impróprio se consuma no exato instante em que é empregado a violência ou grave ameaça.

2º) Em sentido oposto ao do caput, do art. 157, do CP, o roubo impróprio não pode ser praticado através de violência imprópria. Em outras, palavras, caríssimo(a), o roubo impróprio só ocorre com o emprego de violência ou grave ameaça.

Guarde bem essas duas informações!!

O elemento subjetivo do tipo penal é o dolo consistente na vontade consciente de apoderar-se, para si ou para outrem, através de violência ou grave ameaça, de coisa móvel alheia.

O momento consumativo diverge no que diz respeito ao roubo próprio e ao roubo impróprio.

Veja:

Roubo próprio (art. 157, caput, CP) Roubo impróprio (art. 157, §1º, CP) Se consuma com a subtração da coisa (teoria da

amotio).

Se consuma com o empego de violência ou grave ameaça.

Súmula 582 do STJ – consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego

de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao

agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

Em outras palavras, meu amigo(a): não é necessário que após o roubo, o agente criminoso tenha a posse

tranquila do objeto roubado

Para a maioria da doutrina, o roubo impróprio não admite tentativa, portanto, é unissubssistente. Ou o agente emprega a violência e o roubo impróprio está consumado, ou não emprega e restará, desse modo,

apenas o crime de furto.

Chegou o momento de testarmos nosso conhecimento!

Preste atenção nesta questão:

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Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal

Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.

Severino, maior e capaz, subtraiu, mediante o emprego de arma de fogo, elevada quantia de dinheiro de uma senhora, quando ela saía de uma agência bancária. Um policial que presenciou o ocorrido deu voz de prisão a Severino, que, embora tenha tentado fugir, foi preso pelo policial após breve perseguição. Nessa situação, Severino responderá por tentativa de roubo, pois não teve a posse mansa e pacífica do valor roubado.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: perceba, meu amigo(a), a situação problema que nos é apresentada pela questão é o retrato da teoria da amotio. Desse modo, em que pese Severino não tivesse a posse mansa e pacífica da res, já havia ocorrido a inversão do ânimo da posse e, dessa forma, o roubo já está consumado.

Gabarito: ERRADO.

Questão tranquila, não é mesmo?!

Vejamos mais uma:

Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil De acordo com o Código Penal, é correto afirmar sobre o crime de roubo.

A) No roubo, a grave ameaça ou o emprego de violência deve ser causado contra pessoa.

B) No roubo, equipara-se a coisa alheia móvel à obtenção de indevida vantagem econômica.

C) A ausência do emprego de arma branca ou de fogo afasta a consumação do crime de roubo.

D) Somente ocorre a prática do crime de roubo quando configurada a restrição da liberdade da vítima.

E) Para a caracterização do crime roubo, a grave ameaça ou violência deve ocorrer antes da subtração do bem.

Resolução:

a) veja, caríssimo(a), agora que já avançamos no tema do crime de roubo, nos é perceptível o fato de que, a grave ameaça ou o emprego de violência deve ser causado contra a pessoa.

b) a indevida vantagem econômica é objeto material do crime de extorsão e não do crime de roubo.

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c) pelo contrário, meu amigo(a), pois o crime de roubo é caraterizado pelo emprego de violência ou grave ameaça, sendo o bastante para a consumação. A utilização de arma de fogo ou arma branca será causa de aumento de pena.

d) o crime de roubo se consuma independentemente da restrição da liberdade da vítima, tendo em vista que tal circunstância é uma causa de aumento de pena.

e) para a caraterização do crime de roubo próprio, a grave ameaça ou a violência devem ser antes ou concomitantes à subtração do bem. Já no tocante ao roubo impróprio, a violência ou grave ameaça ocorrem após a subtração, para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa.

Gabarito: Letra A.

Tranquila também, não é mesmo?!

Então, para fecharmos esse primeiro ciclo de questões, vejamos mais uma:

Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

A fim de subtrair pertences de Bartolomeu, Marinalda coloca barbitúricos em sua bebida, fazendo-o desfalecer.

Em seguida, a mulher efetiva a subtração e deixa o local, sendo certo que o lesado somente vem a acordar algumas horas depois. Nesse contexto, é correto afirmar que Marinalda praticou crime de:

A) furto qualificado.

B) apropriação indébita.

C) estelionato.

D) extorsão.

E) roubo.

Resolução: no momento em que Marinalda coloca barbitúricos na bebida de Bartolomeu, impedindo-o de oferecer resistência e, logo em seguida inicia uma subtração, é notório que a criminosa se utilizou de violência imprópria, razão pela qual, deverá ser responsabilizada pelo crime de roubo.

Gabarito: Letra E.

Já o §2º inaugura as majorantes do crime de roubo, desse modo, caso o agente criminoso incorra em alguma das hipóteses ali elencadas, terá a sua pena majorada de 1/3 até a metade.

O inciso II diz respeito ao concurso de pessoas, dando-se igual tratamento ao que já estudamos no crime de furto, razão pela qual, computam-se no concurso de pessoas os inimputáveis (p.ex. menores de 18 anos) e, também, as pessoas não identificadas que tenham participado do crime.

O inciso III trata da questão envolvendo o transporte de valores. Para tanto, essa majorante requer o prévio conhecimento do agente criminoso. Em outras palavras: o criminoso deve ter plena noção de que a vítima faz o transporte de valores, pois, do contrário, não há que se falar na causa de aumento.

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