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=============================;:============;, Rev STA CRO A. HU G_ Perest ó ka na medicina. CIN I Projecto para o futuro

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Perest ó ·ka na medicina

CIN I

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ASSOCIAÇÃO

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MEDICA

MUNDIAL

A

nossa revista de Outubro tem um Editorial que não pode deixar de se ocupar de três assuntos impor­ tantes. São eles, a proximidade das eleições para os vários órgãos da Ordem dos Médicos; a realização do VII Con­ gresso Nacional de Medicina, no próximo mês de Novembro e a eleição do Presidente da Ordem dos Médicos para Presidente da Associação Médica Mundial. Desde já queria realçar que o meu predecessor, Dr. António Gentil Martins, já foi Presidente da Associação Médica Mundial, há uns anos atrás e com isso muito honrou o nosso País e a nossa Ordem. A recente eleição deu-se em Hong Kong, durante a Assembleia Geral da Associação Médica Mundial, que se tealizou entre 24 e 28 de Setembro. O nome do Presidente da Ordem dos Médicos foi proposto pelo Secretário Geral, Dr. André Wynen, na altura do Conselho da A.M.M., reunido em fins de Maio em Miami, Flórida, E.U.A. Nesse mesmo Conselho foi o Presidente da Ordem dos Médicos eleito membro Cooptado (Asso­ ciado), da A.M.M. Em Julho veio a Portugal o actual Presidente da A.M.M., Dr. Enrique Huertas, insistir para que a candidatura fosse aceite e legalizada com os documentos necessários. A eleição deu-se por aclamação, depois do outro candidato ter desistido a favor do Presidente da Ordem dos Médicos de Portugal.

Tentarei aproveitar esta honra pessoal para trabalhar para a Associação Médica Mundial de maneira cons­ trutiva e proveitosa, aproveitando alguns factos recentes que se têm observado. Refiro-me especialmente à entrada há um ano do Zaire para a A.M.M., seguida da entrada da Polónia, da Hungria e, este ano, da República Popular da China. Seguir-se-ão negociações para que outros Países venham a fazer parte da A.M.M.

Realiza-se no próximo mês de Novembro, entre os dias 19 e 22, na Fundação Calouste Gulbenkian, o VII Congresso Nacional de Medicina. É uma iniciativa da Ordem dos Médicos e assume-se como um forum de dis­ cussão dos problemas de natureza ética, deontológica e profissional. É a abordagem e a discussão das questões mais pertinentes da profissão, tendo presentes os problemas actuais numa perspectiva nacional e os resultantes de uma Europa sem fronteiras que se aproxima.

Será também uma ocasião excelente para recordar o passado e a obra dos médicos portugueses durante um período épico da nossa História: os Descobrimentos.

Pelo número de inscrições já confirmadas e pelo nível das comunicações, tudo indica que seja mais um marco importante na história da nossa Ordem. E é bom que assim seja, até porque o seu êxito será naturalmente o eco do empenho de toda a nossa Classe na busca dos caminhos mais acertados para os desafios do presente e do futuro. Por isso, contribuir para o êxito do Congresso é dar mais um passo nos caminhos da necessária união dos médicos na defesa dos princípios que norteiam o exercício da profissão.

Quando este número da Revista chegar aos Colegas estaremos a pouco tempo de mais um acto eleitoral. A propósito, quero apenas pedir-vos que transformem as eleições num factor de união e dinamismo. Independen­ temente das opções de cada um, é indispensável que o prestígio da Classe Médica saia reforçado. E para que isso aconteça é decisivo o empenho dos médicos, nomeadamente através do seu voto.

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I

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4

RôVISTA

Director

Manuel E. Machado Macedo Redactores

Artur Manuel Osório Morais de Araújo Pedro Correia da Silva

Isabel Cristina Pires

Rui Pato

José Germano Rego de Sousa

CA:\CRO

A formação neces.\ária

HU,GRIA

Perestróil-a na medicina

c1-.m

Projecto para o futuro

OUTUBRO/89

Depósito Legal n. º 7421/85

Propriedade, Administração e Redacçiio:

Ordem dos Médicos

Avenida Almirante Reis, 242, 2. º Esq. Telef.805412 - 1000 LISBOA Preço avulso: 200$00 PUBLICAÇÃO MENSAL 27 SOO exemplares Execução gráfica: Sogapat, Lda.

Casal da Fonte/Porto de Pai!!. Tclefs. 4790142/49 - 2675 ODIVELAS

,

OPINIÃO

Programa CINDI

-

Uma carta do Prof. Fernando Pádua,

dirigida a todos os médicos. Um apelo à prevenção da doença e

promoção da saúde é a mensagem. A mesma do Programa CINDI.

ACTUALIDADE

Medicina na Hungria -

Uma Comunicação de grande actuali­

dade e interesse, da autoria do Dr. A. Szécsény e apresentada no

decorrer da última reunião da Associação Médica Mundial.

DOSSIER

Europa contra o Cancro -

Em Junho de 1985, em Milão, nas

reuniões do Conselho Europeu, os Chefes de Estado e de Governo

da CEE salientam a importância do lançamento do programa de

Luta Contra o Cancro. Neste Dossier, um documento elaborado

pelo Comité Consultivo para Formação dos Médicos e que aborda

os aspectos da prevenção, investigação, informação e educação

para a saúde da população geral e formação do pessoal de saúde.

EDITORIAL 3 DOSSIER

18

OPINIÃO

8

BENEFÍCIOS SOCIAIS

26

ACTUALIDADE

14

-•

()

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PREVER A OOENCA

#

PROMOVER A SAUOE

• PROF. FERNANDO PÁDUA

Estimados Colegas,

Peço desculpa de recorrer a este método (uma carta igual para todos) mas pareceu-me útil e apropriado escolher esta via para vos dar teste­ munho daquilo que, no meu entender, é uma obrigação de todos nós, mas que, no tempo em que passaram pela Faculdade, ainda não era defendido pela maior parte dos professores. Aliás esta temática -a prevenção da doença e promoção da saúde - não é ainda hoje apetecida pela grande maioria das revistas médicas, voltadas sobretudo para os problemas mais prementes, e graves de imediato, da terapêutica curativa.

A maioria de nós quisemos ser médi­ cos por sentirmos a vocação, ou o atractivo, de uma vida dedicada a me­ lhorar pessoas, tratar doentes, curar maleitas: exactamente uma das recom­ pensas mais gratas da nossa profissão é o reconhecimento daqueles cujo sofrimento melhorámos, ou a devoção daqueles outros que, em situações emergentes, por assim dizer curámos, fosse ela uma operação atempada, ou a terapêutica correctora de intensa dispneia ou de uma dor insustentável.

Pelo contrário -temos que o reconhecer! - a prevenção das doen­ ças·, no passado quase só exemplifi- ·

cada pelas vacinações·, nãó traz qual­ quer alívip imediato (tantas vezes até incómoda) além de trazer despesas e por vezes ,mesmo sofrimento, mais ou menos significativo, quan90 procura

-evi.tar males futuros, que nós

coiihece-mos, mas que são muitas vezes ignora­ dos, ou não acreditados ou valoriza­ dos, por aqueles a quem se destina.

« ... uma das

recompensas mais

gratas da nossa

profissão é o

reconhecimento

daqueles cujo

sofrimento

melhorámos, ou a

devoção daqueles

outros que, em

situações emergentes,

por assim dizer

curámos ... »

Acontece que nos decénios mais recentes se tem vin'do a verificar, ·cada vez com maior certeza, qµe o progres­ sivo incremento das chamadas doenças crónica's não transmis'síveis, ou não contagiosas (dito de outra maneira: as doenças crónico-degenerativas) estão

longe de ser fatalidades do destino, ou «maldições» que não se podem evitar. Cada vez mais se vem reconhecendo que na base da grande maioria destas doenças estão sobretudo atitudes e comportamentos errados, que a nossa civilização industrial tem vindo não só a facilitar mas até a implementar de forma desmesurada: refiro-me aqui ao uso e abuso de determinados consu­ mos, muitas vezes fomentados através dos meios de comunicação social, em campanhas publicitárias fortemente. «agressivas>,, como era o caso do tabaco e é agora o das bebidas alcoóli­ cas. Sabe-se hoje muito bem que as principais causas de morte e sofri­ mento no mundo industrializado são as doenças cardiovasculares e é bem sabido que a sua subida em flecha se pode relacionar com uma vida mais «fácil>,: mais comida, mais bebida, mais tabaco e menos exercicio («gra­ ças>; ao automóvel e à televisão).

Nas doenças cancerosas também se destaca o tabaco como agressor número um, de longe o mais espa­ lhado, mas outros poluentes cancerí­ genos e também certos erros alimenta­ res, o álcool e os próprios estados depressivos contribuem para o seu progressivo aumento.· Nos acidentes de estrada é sobretudo o álcool que temos que acusar, mas tàmbém o fumar, e o próprio stress da vida moderna, se associam ou potenciam de forma indiscriminada. Nas doenças mentais, o alcoolismo e outras tóxico­ -dependências, dos próprios ou dos

tro pâ po ex fib u ca te re de q p da re m VI tu n tu es a es se cr c m c rr p, b v,

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pais, tem tão grande poder destrutivo que, só em Portugal, se diz que há mais de 200 mil crianças deficientes, filhas de pais alcoólicos.

Nas doenças pulmonares, quer a bronquite crónica e enfisema, quer o cancro do pulmão, aparecem directa­ mente relacionadas com o -tabaco (fumado activa ou passivamente) e também outros fumos ou poeiras industriais.

A diabetes e algumas doenças gas­ troenterológicas, como os cancros do pâncreas, do estômago ou do cólon, podem relacionar-se com o tabaco, o excesso de sal ou a alimentação sem fibras, enquanto a cirrose hepática, uma das nossas tragédias nacionais, corre paralela com o alcoolismo vigente.

Os próprios reumatismos

degenera-vos e a osteoporose têm relação directa com a nossa maneira de viver e de comer, e algumas doenças oftalmo­ lógicas, podendo levar à cegueira, são causadas pela diabetes ou pela hiper­ tensão.

Relembrando tudo isto, temos de reconhecer que se torna mais que evi­ dente que os mais destacados males que afligem a humanidade e a nossa população, nos anos mais produtivos da vida de cada um de nós, se podem relacionar, mais ou menos directa­ mente, com erros no nosso estilo de vida, que é o mesmo que dizer com ati­ tudes e comportamentos de risco no nosso quotidiano (e aqui não excep­ tuamos a tremenda ameaça da Sida, essa bem contagiosa).

No quadro que reproduzimos junto, retirado do Boletim do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, procurámos resumir a filosofia que stá na base do «Programa CINDl­

ortugal)) (sigla retirada de Country­ wide lntegrated Non-Communicable Diseases lntervention Program): todas as correlações que temos vindo a citar estão bem postas em evidência na sobreposição de traços que se entre­ cruzam e que ligam os factores de risco mais conhecidos com as doenças não contagiosas com eles mais directa­ mente relacionadas.

Quando às vezes repenso tudo isto quase ·se me torna obrigatória a con­ clusão de que o que fazemos diaria­ mente, na nossa actividade clínica, se pode comparar ao que fazem os bom­ beiros, quando no seu afã insubstituí­ vel se voltam para todos os lados, ten­ tando em desespero apagar todos os fogos, mas que na verdade pouco poderão progredir se não conseguirem convencer-nos a evitar os descuidos ou os comportamentos errados que, em casa (tabaco, álcool ou acidentes) ou nas florestas (tabaco, piqueniques, piromania, crime), provocam esses mesmos fogos.

Desculpem, esta maneira de falar, mas acreditem que está o mais longe possível de mim tentar tomar atitudes paternalísticas nestes domínios. Se às vezes, nesta minha conversa escrita com os colegas, quase todos mais novos, as minhas palavras parecerem enfatuadas ou demasiado auto­ suficientes, acreditem que isso é exac­ tamente o contrário daquilo que eu quereria que parecessem, pois que não é aquilo que eu sinto ou penso quando lhes estou a «falam: elas são antes um pedido pessoal de ajuda!

Acontece que toda a minha vida, desde que «nasci)) para a Medicina e logo fui trabalhar para os Estados Unidos (recebendo o «veneno)) da Cardiologia Preventiva e da Reabilita­ ção Cardiovascular do contacto com o meu velho Professor Paul D. White, cada vez mais reconhecido como o ver­ dadeiro Pai da Prevenção Cardiovas­ cular) nunca mais esta preocupação me abandonou, a tal ponto que o meu primeiro artigo escrito à volta, em Portugal, se designou «Os Cardíacos no Trabalho)) e o primeiro projecto de investigação, de iniciativa própria, foi um «Rastreio das Doenças Cardiovas­ culares na População Universitária)). E numa proposição, em trabalhos de Doutoramento, tão longe como há 30 anos, defendi perante o Júri que «A profilaxia das doenças cardiovascula­ res constitui um dos principais proble­ mas de Medicina Social>;.

Progressivamente, ao longo dos anos - em grande parte relacionados com contactos muito frequentes com a Organização Mundial de Saúde, na sequência de trabalhos de toda uma equipa em que se destacava o actual Prof. José Manuel Pereira Miguel­ fui ficando cada vez mais, e fomos ficando todos, sensibilizados para os problemas da Cardiologia Preventiva, e depois para a eficácia dessa mesma prevenção, que actualmente sabemos já traduzir-se em muitos milhares de vidas poupadas por ano, no nosso Portugal.

Mais recentemente, por pressão amigável mas insistente dos meus orientadores na própria Organização Mundial de Saúde, a prevenção car­ diovascular alargou-se e ampliou-se para uma Medicina Preventiva muito mais alargada, ambiciosa e pluriface­ tada, verdadeira Promoção da Saúde, exemplificada de forma paradigmática no Programa CINDI, de que sou Coordenador Científico em Portugal: o somatório de estudos e de investiga­ ções, e as recomendações constante­ mente recebidas, foram de tal forma interiorizados, que hoje em dia eu já sinto aquilo que o meu amigo William Kannell (dos estudos de Framingham) costumava dizer «um médico só terá adquirido verdadeiramente uma

men-talidade preventiva quando, ao olhar para um doente, perguntar para o mais profundo de si próprio: onde é que eu falhei para que este homem tivesse adoecido?>;.

Acreditem que nos dias de hoje, ao passar visita às enfermarias, e ao encontrar um acidente vascular cere­ bral num hipertenso de 40 e poucos anos, ou um cancro do pulmão num fumador de 50 anos, um enfarte ou uma cirrose hepática em gente nova na casa dos 30, e ainda por cima os ouço dizer que nunca lhes falaram nisso («se alguém me tivesse dito, me chamasse a atenção para os perigos do tabaco, me obrigasse a tratar a pressão arterial. .. ))) eu nessa altura sinto-me verdadeira­ mente angustiado, pois que de facto algo falhou, e até algo de mim falhou! A este propósito permitam-me que reproduza aqui as palavras do Direc­ tor-Geral da Organização Mundial de Saúde, Dr. Hiroshi Nakajima, quando este ano defendeu a «comunicação:

« ... a prevenção das

doenças no passado

quáse só exemplificadas

pelas vacinações, não

traz qualquer alívio

imediato, além de

trazer despesas e por

vezes mesmo

sofrimento ... »

«Nas vésperas do século XXI, é cada vez mais evidente que a saúde acompanha o desenvolvimento eco­ nómico e social. Devemos falar sobre isso ... isso deve ser dito. A comunicação é um elemento essen­ cial no mundo actual.))

«Todos os homens, mulheres e crianças devem estar em posição de escolher modos de vida saudáveis. Para isso, devem estar devidamente informados sobre os assuntos que· têm influência sobre a saúde: meio ambiente, água, alimentação, bons e maus hábitos.))

«A Organização Mundial da Saúde trabalha para promover e proteger a saúde pública. Precisa­ mos identificar pessoas com capaci­ dade de comunicação, que possam falar e que façam as outras pessoas falar, sobre saúde, a todos os níveis da sociedade.>>

«As pessoas que têm os conheci­ mentos, a informação e a experiên­ cia devem aprender a compartilhar o

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PROGRAMA

CINDI-PORTUGAL

Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários Instituto Nacional de Saúde

Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva que saôem com· as outras. Para

sobreviver, o mundo deve adaptar modos de vida mais saudáveis. Cada pessoa deve sentir-se responsável pela sua própria saúde.»

«Decidi dedicar o Dia Mundial da Saúde de 1989 ao tema da comuni­ cação para a saúde, e gostaria de lançar um apelo solene a todos os responsáveis de informação, educa­ ção ou diálogo social - a causa da saúde precisa de si. A saúde é a nossa possessão mais preciosa, tanto individual como colectivamente. Médicos, jornalistas, professores, responsáveis de decisões, pais e ami­ gos, vamos assumir as nossas res­ ponsabilidades. Falemos de saúde mais do que de doença. Nada é pos­ sível sem saúde ... Falemos da saúde!»

Acresce que, em toda esta temática da Promoção da Saúde, não basta difundir ideias, comunicar, educar pessoas. Nós, médicos, como líderes que somos, como verdadeiros orienta­ dores da opinião pública, quer no diá­ logo médico/doente quer em todas as ocasiões em que somos chamados a intervir em lugar destacado, como seja por exemplo nos órgãos de comunica­ ção social, nós médicos temos que

mar posição em muitos outros spectos da nossa vida social que transcendem a Medicina, mas que se relacionam com a Saúde - e não podemos perder as oportunidades de usar aí toda a nossa influência.

É este afinal o verdadeiro pedido que vos quero fazer, nesta curta men­ sagem que a nossa Ordem dos Médicos me permitiu difundir, aliás bem explí­ cita no Programa CINDI, programa nacional, integrado, de forma multi­ disciplinar e intersectaria!, para pre­ venção das doenças crónicas não transmissíveis: para que a nossa inter­ venção tenha sucesso não basta infor­ mar, é preciso também ajudar a criar

as condições para que as pessoas a

quem procuramos educar para a Saúde, e a quem recomendamos ou elogiamos atitudes ou comportamen­ tos saudáveis, os possam adaptar! É preciso, repito, facilitar a criação de condições para que a opção correcta seja a mais fácil de tomar («The heal­ thiest be the easiest», usando palavras da Organização Mundial de Saúde):

não basta pois ensinar a evitar com­ portamentos de risco, ou ensinar cada um a saber tomar conta da sua própria saúde, é preciso também criar as con­ dições para que, na altura de escolher o comportamento a seguir, a decisão mais saudável seja a mais fácil de tomar.

E isso significa, por exemplo, criar obstáculos ao acto de fumar, nos luga­ res públicos ou nas empresas, permi­ tindo-o só em zonas mais restritas ou afastadas, para que, por uma simples questão de inércia, quem fuma deixe de fumar alguns cigarros, ou decida acabar de fumar de uma vez por todas - e entretanto os fumadores passivos deixam de ser forçados a sê-lo. Signi­ fica também, noutro exemplo, facilitar a escolha, em casa, nos restaurantes ou nas cantinas, de pratos apetitosos, com mais vegetais e menos carregados de gordura ou de sal. Noutro exemplo ainda, quer dizer facilitar a prática do desporto, conseguindo que ginásios ou campos de jogos sejam construídos, ou que os já existentes sejam abertos a outros grupos de pessoas, da popula­ ção em geral. Significa influenciar a construção e a urbanização, dissemi­ nando a ideia das zonas para pedestres e dos grandes espaços verdes no meio das cidades, que queremos mais saudá­ veis. Quer dizer ainda influenciar os programas escolares, nas Faculdades ou nos Liceus, mas sobretudo nas Escolas Primárias, para que a Educa­ ção para a Saúde se torne um capítulo importante das matérias curriculares, e também os Grupos de Saúde sejam uma escolha frequente dos jovens, nas suas ocupações dos tempos livres.

Os projectos passíveis de serem influenciados por muitos ou alguns de nós pode dizer-se que não têm fim; todavia para facilitar mais algumas sugestões vou servir-me de um «menú» já preparado, que é o Pro­ grama de Intervenção a ensaiar no Dis­ trito de Setúbal, a área piloto para o Programa CINDI-Portugal.

Como atrás disse, o CINDI é um Programa Nacional Integrado, de Pre­ venção de Doenças Crónicas não Transmissíveis e Promoção da Saúde, de forma multidisciplinar e intersecto­ rial: integrado porque, segundo o esquema que reproduzimos atraz, não se tenta combater uma só doença, ou um certo hábito ou determinado

com-portamento de «risco»: procura-se sim, de uma forma global, envolver, incluir todo o combate numa mensa­ gem única que é a da promoção da Saúde; multidisciplinar porque todos nós cardiologistas, oncologistas, reu­ matologistas, psiquiatras, diabetólo­ gos, nutricionistas, etc., etc., nos devemos juntar e falar uma linguagem comum, uma vez que as nossas reco­ mendações quase se identificam umas com as outras. A dieta saudável do nutricionista é a mesma dieta inteli­ gente para evitar a diabetes ou as doenças cardiovasculares, a qual é também quase sobreponível à que se recomenda na profilaxia do cancro.

Para além de multi-disciplinar, envolvendo cultores de tantas discipli­ nas, com mensagens que se entre-aju­ dam, é ainda intersectorial, no sentido de que não é só o sector da saúde que está envolvido (junto em anexo, lista de sectores a sensibilizar, conforme recomendação da Organização Mun­ dial de Saúde): nós, médicos, temos que conseguir influenciar a indústria (notadamente a indústria alimentar, mas também por exemplo a indústria poluente); o comércio (notadamente na etiquetagem dos produtos e na pro­ dução de alimentos mais saudáveis); a juventude e os desportos (no enaltecer dos efeitos salutares do exercício físico e do desporto ao ar livre) etc., etc. Os teores do tabaco em alcatrão, a

quan-. tidade de açúcar nos pacotes, a per­ centagem de sódio nos alimentos; a melhoria dos transportes ou vias de comunicação (para que sejam mais cómodos, mais seguros e menos «stres­ santes») ou a separação de zonas para fumadores e não fumadores, nesses mesmos transportes; influenciar o sec­ tor educativo, para que proliferem os ginásios e para que os programas cur­ riculares se modifiquem de forma a que o aluno possa ter iniciativas pró­ prias incluindo as dedicadas à saúde: teatro, jornais de parede, grupos de saúde, anti-tabágicos ou anti-álcool, etc.; influenciar as finanças para que aumente o preço do tabaco e dele se retire uma percentagem importante para a luta anti-tabágica; recorrer à comunicação social, essa força pode­ rosíssima no mundo actual, que tem que ser mais e mais sensibilizada, para que entenda toda a sua importância na criação de uma opinião pública escla­ recida.

Opinião pública não é só opinião política, a mais glosada em todos os editoriais, é também opinião em ter­ mos de saber viver (que não é só sobre­ viver), e saber fomentar ou elucidar sobre estilos de vida mais consentâ­ neas com a saúde, e com a verdadeira melhoria da qualidade de vida. A comunicação social responsável deve­ ria ajudar a corrigir muitas das

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atitu-des erradas que por vezes se tornam «moda», por surgirem embelezadas por uma publicidade psicologicamente orientada para criar modas, que podem afinal ser altamente prejudi­ ciais, como é actualmente o caso para o consumo de toda a espécie de álcool (o de cerveja já aumentou 9000Jo em Portugal!).

« ... é fundamental que

dediquemos um pouco

do nosso tempo, a

explicar ao doente os

benefícios duma

correcção de atitudes e

comportamentos, não

só para a sua vida e dos

que o rodeiam, como

também para a

qualidade dessa mesma

vida que procuramos

prolongar ... »

Poderia continuar indefinidamente, mas, como disse, vou pegar no texto de intervenção do Programa CINDI­ -Portugal e comentar mais algumas recomendações que lá estão pormeno­ rizadas (ver anexo III).

Peço a vossa atenção para o pri­ meiro capítulo desse texto, esboçado aos poucos por todos os Coordenado­ res do Programa CINDI, em discus­ sões sucessivas e demoradas, e depois organizado, redigido, e muito bem ordenado pela Sr.ª Dr.ª Manuela Par­ dal, da Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários, pelo Dr. Eduardo Magalhães, Especialista de Saúde Pública e Investi_gador do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva e pela Dr.ª Isabel Machado, socióloga e também nossa colaboradora no mesmo Instituto, todos os três fazendo obviamente parte do elenco do Pro­ grama-CINDI.

Lida a introdução peço-lhes que continuem, em próxima leitura, o texto integral que reproduzimos ao final, até terem percorrido todo o Pro­ grama.

Por favor, Colega, depois de ler tente reler. Creio que acabará por reconhecer que há pelo menos duas ou três sugestões que estão seguramente ao seu alcance imediato. Hoje, amanhã, ou tão depressa quanto pos­ sível, comece por fazer algo, nem que

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seja - e não será pouco, dada a sua importância primordial em todo este processo - nem que seja somente pro­ curar sensibilizar para a promoção da saúde todo e qualquer professor que lhe apareça em consulta, de qualquer grau de ensino, com destaque para o ensino básico. A isso se chama formar formadores!

A visar as pessoas em risco por hábi­ tos reconhecidamente errados (fumar, beber, engordar em excesso, etc.) ou por reconhecermos doenças de inci­ dência familiar ( cardiovasculares, can­ cro, diabetes, gota, etc.) que podem · vir a aparecer mais tarde nos filhos, deve fazer parte integrante da. nossa rotina, na actividade médica diária. Aliás penso não ser já preciso lembrar a ninguém que não há médicos de Medicina Preventiva e médicos de Medicina Curativa - fazemos parte de um todo único que é a nossa Medi­ cina. Todavia ... no afã dos problemas imediatos, e em face da eficácia actual da terapêutica medicamentosa, que leva cada vez mais pessoas a procurarem-nos, usando o seu direito à Saúde, é pouco, muito pouco, o· tempo que dedicamos a explicar ao doente os benefícios duma correcção de atitudes e comportamentos, não só para a sua vida e dos que o rodeiam, como também para a qualidade dessa mesma vida que procuramos prolon­ gar. Recordo a este propósito que no Congresso Europeu sobre Tabaco, em Novembro passado, em Madrid, se disse que a recomendação mais impor­ tante que um médico pode fazer, em toda a sua vida, a um seu doente fumador, é dizer-lhes que páre de fumar: mais útil que tudo o resto que jamais tenha aprendido na sua profis­ são!

*

*

*

Perdõe-me, estimado colega, ter-lhe roubado tanto tempo.

Acredite que é cheio de esperança em que possa valer a pena dar-lhe um testemunho pessoal. Acredito na engenhosidade de cada um, e é propo­ sitadamente que estou a usar o termo anglo-saxão «ingenuity»: sinto que há uma certa ingenuidade nas minhas palavras, mas há também uma crença muito grande na sua engenhosidade, que é a sua verdadeira tradução de «ingenuity».

Se consegui convencer alguns de vós de que, para lá do tratamento, cura­ tivo ou preventivo, muito, mas muito mais podemos fazer, pois que para lá dos conselhos dirigidos ao nosso doente, notadamente sobre prevenção, muito, mas muito mais podemos influenciar a nossa Sociedade, no sen­ tido de que essa prevenção se possa concretizar, valeu a pena escrever!

A propósito ou a despropósito, onde quer que a vossa influência se possa fazer sentir, não deixem de a usar! Recordo-vos que a grande maio-, ria das pessoas em lugares de decisão não têm os vossos conhecimentos, e por isso na urbanização como na edu­ cação, numa política de juventude como na atenção aos idosos, numa pretensa melhoria da vida económica e social - esquecendo afinal as condi­ ções básicas para a promoção da saúde - os políticos, os «decision makers», os líderes a todos os níveis, podem falhar, por desconhecerem problemas e parâmetros que nós julga­ mos evidentes.

« ... colegas não se

calem! Recomendem

moderação em todos os

comportamentos de

risco, erros alimentares,

tabaco, álcool. .. »

Por isso, colegas, não se calem! Onde quer que vos seja possível reco­ mendem moderação (melhor que proi­ bição!) em todos os comportamentos de risco: erros alimentares, tabaco, álcool. A propósito, e mesmo a des­ propósito, usem palavras de estímulo para os hábitos mais saudáveis ou esti­ los de vida mais correctos, tentando contribuir assim para que eles se tor­ nem mais fáceis, em vez de serem os mais esquecidos, ou acabarem por ser de todo abafados pela propaganda consumo.

Conquistar a comunicação social para a promoção da saúde deve ser nossa preocupação constante e do pró­ prio público, também: teremos é que saber fazê-lo de maneira inteligente e correcta, e procurar entender ao mesmo tempo algumas das regras do «marketing». Num mundo saturado de mensagens, muitas boas têm de sur­ gir e ser ouvidas, e é nossa responsabi­ lidade proferir também algumas. A Saúde dos milhões que somos depende em grande parte delas e portanto de nós também.

Quem sabe e deve dizê-las não pode remeter-se ao silêncio ou nele refugiar­ -se: a omissão pode ser por demais gra­ vosa, e lá virá o momento em que per­ guntarão a vós próprios: «onde é que eu falhei?»

Termino com uma expressão nor­ tenha: «adeus amigos, bem hajam e até sempre».

Um grande abraço para todos (uso dizer Xi-Coração). Obrigado.

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MEDICINA NA HUNGRIA

• DR. A. SZÉCSÉNY

O sistema de saúde húngaro tem sofrido mudanças significativas ao longo deste século. Era baseado na consulta privada até à Primeira Guerra Mundial e a maioria dos hospitais e instituições de saúde pertenciam às cidades e Igrejas. Organizações priva­ das também possuíam hospitais e insti­ tuições de saúd,e.

As despesas de saúde dos pobres eram reembolsadas pelo Conselho Regional a que pertenciam. Entre o fim do século XIX e o princípio dos anos trinta, foram fundadas compa­ nhias de seguros, das quais as mais significativas eram a Companhia de Seguros dos Trabalhadores e a Com­ panhia de Seguros dos Funcionários Públicos.

O número de segurados era limitado a um terço da população. Por conse­ guinte, neste período, a maioria dos pacientes não recebia os cuidados médicos necessários devido à falta de seguro ou de recursos financeiros.

Nos dez anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, o Serviço de Saúde Estatal tornou-se acessível ao público em geral e, em 1971, o De­ creto-Lei de Saúde Pública tornou-o um direito do cidadão. Este serviço grátis inclui a higiene pública por inteiro, epidemiologia, serviços de saúde terapêutico-pro filácticos, higiene laboral, bancos de sangue, ser­ viços de ambulância, reabilitação, banhos medicinais, etc.

Os medicamentos subsidiados pelo Estado em 70% a I 00íJ/o. Ao mesmo tempo, a educação, como cursos de medicina, qualificação e cursos pós­ -graduados, também se tornaram grá­ tis.

Acabaram-se com as instituições privadas, o sistema hierárquico de saúde pública foi organizado e contro­ lado pelo Ministério da Saúde. Aca­ bou-se com a Câmara de Medicina. Formaram-se Conselhos Profissionais para dirigir e controlar os diferentes campos das especialidades. Represen­ tantes das especialidades foram nomeados membros destes Conselhos pelo Ministério da Saúde.

Acabou-se com as companhias de seguros, os hospitais e as instituições privadas. Do orçamento geral, o Governo financia o Serviço de Saúde Público de acordo com a diversidade de atendimento e dias de assistência e não consoante os resultados.

Para uma avaliação correcta, terei que dizer que a Hungria tem mais de dez milhões de habitantes, o produto

interno bruto per capita é de US$ 3.000 e cerca de 40% do orçamento nacional é aplicado na provisão de saúde. Os salários da classe médica são cerca de IOíJ/o mais altos do salário de um operário especializado, o que os torna inaceitavelmente baixos. Conse­ quentemente desenvolveu-se a prática, .eticamente intolerável, dos pacientes gratificarem o serviço dos seus médi­ cos.

Houve a possibilidade da consulta privada funcionar conjuntamente com o serviço de saúde público, mas em tal caso o paciente não seria reembolsado pela segurança social. Não existem regras obrigatórias para os honorários médicos, pelo que uma porção signifi­ cativa deste rendimento escapa às obri­ gações fiscais.

A licença para consultório privado era dada mediante o diploma de curso válido somente se o médico estiver a exercer no Serviço de Saúde Público. Os Professores Doutores e Chefes de Departamento, eram proibidos de ter consultório privado.

Durante as primeiras décadas, o Ser­ viço de Saúde Pública conseguiu resul­ tados e um desenvolvimento significa­ tivo. Enquanto o número de médicos em 1955 era de 13000, neste momento é de mais de 30 000. No mesmo período, o número de camas aumen­ tou na mesma escala. Em meados da década de setenta o Serviço de Saúde Húngaro estava ao nível europeu.

Já para o fim dos anos setenta e princípio dos anos oitenta, tornou-se evidente que todos os recursos do nosso sistema social e económico esta­ vam esgotados e precisavam de gran­ des reformas. Evidentemente a dita­ dura unipartidária, o Partido Húngaro dos Trabalhadores Socialistas pós Sta­ linista, que estava relacionado com todas as actividades governamentais, não é economicamente nem politica­ mente aceitável para a maioria da população. A revolução de 1956 foi uma prova disso, mas a intervenção Soviética ajudou a restaurar o sistema pós Stalinista tornando, de certo modo, aceitável a ditadura de um Governo paternalista.

Por meados dos anos setenta, os recursos e condições de desenvolvi­ mento e financiamento da saúde pública esgotaram-se. Os erros e defei­ tos de um serviço de saúde monolítico e uniformizado, tornaram-se eviden­ tes. Não eram apenas os médicos mas também a maioria dos pacientes que estavam insatisfeitos com o nível e o

sub-desenvolvimento do serviço público.

Hoje, a Hungria está numa fase de renovação política e económica. Vários partidos políticos novos estão a formar-se e entre eles alguns partidos democráticos burgueses. Estamos a aproximar-nos de eleições gerais e pode verificar-se que a hegemonia do Partido Comunista já está quebrado e será quebrado. O sistema económico centralizado desaparecerá por fases e um sistema económico orientado pel mercado está a desenvolver-se. Hungria está a voltar-se para a Europa e para a CEE e tornar-se-á politica­ mente independente. Planeamos o comércio à base do dólar mesmo com a União Soviética.

Esperamos que esta revolução silen­ ciosa resolva gradualmente os defeitos e problemas do Serviço de Saúde. Pre­ sentemente, a reforma da saúde pública já está elaborada e consiste em:

1 - O desenvolvimento de um sis­ tema de segurança social em que a segurança privada é possível.

2 - De acordo com o Decreto de Empreendimento, Hospitais, Institui­ ções de Saúde e Consultórios privados serão abertos com a ajuda de fundos privados e empresariais húngaros e estrangeiros.

3 - Em todos os campos de serviço o reembolso, orientado pelos result dos, de despesas médicas é assegurad no âmbito de uma segurança social uniforme.

4 - A liberalização por inteiro da consulta privada e o seu reembolso pela segurança social.

5 - A elaboração de um sistema complexo para o controlo da quali­ dade de resultado, contando com a colaboração da Câmara da Medicina Húngara, prestando igual atenção aos médicos de saúde pública e aos de con­ sultório privado.

6 - Controlo rigoroso de economia nacional.

De acordo com os nossos planos, o desenvolvimento e a reforma da saúde pública estará completo no princípio dos anos noventa. Os melhoramentos principais só serão possíveis após o desenvolvimento significativo da eco­ nomia Húngara visto (sendo tão desa­ gradável de ter de admitir) o nível da saúde pública de qualquer país ser afectado, basicamente, pelos resulta­ dos económicos.

(9)

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A F0RMACAO NECESSARIA

* *

I. Antecedentes e introdução

Nas reuniões do Conselho Europeu em Junho de 1985, em Milão, e Dezembro de 1985, no Luxemburgo, os chefes de Estado e de Governo dos doze Estados-membros da Comuni­ dade Europeia salientaram a impor­ tância do lançamento de um programa europeu de luta contra o cancro.

De forma a aplicar a conclusão do Conselho Europeu e a preparar uma proposta para um programa de acção «Europa contra o Cancro», foi criado, em Janeiro de 1986, um Comité de cancerólogos de alto nível, constituído por peritos nacionais, sob os auspícios da Comissão das Comunidades Euro­ peias. O resultado final do trabalho conjunto do Comité de cancerólogos e da Comissão foi a proposta de um pro­ grama de acção «Europa contra o Cancro», 1987-1989, documento COM(86) 717 final, que a Comissão

18

,

submeteu à apreciação do Conselho Europeu em 16 de Dezembro de 1986 e que o Conselho aprovou em 15 de Maio de 1987.

O programa de acção, publicado no JO n.º 87/C50 de 26-2-1987, diz res­ peito a quatro áreas: prevenção do cancro, investigação sobre o cancro, informação e educação para a saúde da população geral e formação do pes­ soal de saúde sobre o cancro.

Relativamente à formação do pes­ soal de saúde, o doe. 87 /C50 pro­ punha determinadas acções específicas e, em especial, a Acção 51, relacionada com o envolvimento do Comité Con­ sultivo para Formação dos Médicos na preparação de recomendações porme­ norizadas sobre este assunto. No Anexo II deste parecer, encontra-se integralmente reproduzido o texto da Acção 51.

O Comité Consultivo manifestou o seu agrado por colaborar nesta tarefa

da forma prevista na Acção 51. O pre­ sente documento é resultado dos deba­ tes em duas reuniões plenárias do Comité, em Novembro de 1986 e Outubro de 1987, baseando-se clara­ mento no material preparado pelo grupo de trabalho conjunto, composto por membros do Comité Consultivo e por membros designados pelo Comité de cancerólogos, constituído por peri­ tos nacionais, que se reuniu por diver­ sas vezes entre Outubro de 1986 e Abril de 1988.

Em primeiro lugar, o presente docu­ mento é constituído por breves comen­ tários e pareceres relativamente aos aspectos da formação sobre o cancro identificados no Doe. 87 /C50 e, em segundo lugar, por recomendaçõe que o Comité Consultivo consider dever fazer à Comissão.

II. Comentários e pareceres

1. Ensino médico de base

O Doe. 87 /C50 faz referência às diferenças consideráveis registadas entre os Estados-membros no que res­ peita à formação sobre o cancro. As próprias informações do Comité Con­ sultivo confirmaram este facto, indi­ cando, também, existirem poucas for­ mações estruturadas sobre o cancro nas faculdades de medicina de muitos Estados-membros. Existem provas que corroboram a sugestão de que, em muitos aspectos, a formação sobre o cancro é insuficiente. Para além disso, foi salientado que a ausência de ensino sobre técnicas práticas de toque rectal, exame vaginal, palpação da mama, alí­ vio da dor e cuidados em fase terminal possui um efeito negativo significativo no tratamento do cancro na prática médica.

(10)

O Comité Consultivo não considera que a resposta ao problema das defi­ ciências e da ausência de uniformi­ dade, no ensino universitário básico, resida na introdução de um número mínimo de horas de ensino sobre o cancro no curso básico de medicina. Muitas autoridades rejeitariam este facto, argumentando que existem limi­ tes quanto à introdução do ensino

·sobre o cancro enquanto matéria dis­ tinta; em sua opinião, a natureza mul­ tidisciplinar do cancro exige que o tema seja considerado como fazendo parte integral do curriculum no seu conjunto. Para além disso, parece ao Comité Consultivo que o problema não é tanto o número total de horas dedicadas actualmente ao cancro no curriculum médico, mas a forma como stas são utilizadas. Existe uma carên­ cia de ensino estruturado sobre o can­ cro o que, na opinião do Comité Con­ sultivo, dá origem à ausência de coor­ denação efectiva entre os responsáveis pela formação sobre o cancro, tendo como resultado a duplicação de alguns temas e o ensino de outros de forma insuficiente ou mesmo a não existência de ensino. A Comissão chama particu­ lar atenção para a importância do ensino da epidemologia tanto nos cur­ sos universitários básicos, como nos cursos de pós-graduação, de forma a permitir o desenvolvimento do

conhe-Composição: 17-buliroto de hidrocortisona o O, 1 %

cimento das causas do cancro a todos os níveis da prática médica.

O Comité Consultivo considerou que todas as faculdades de medicina deveriam estabelecer objectivos educa­ tivos para o ensino sobre o cancro e, à luz desses objectivos, identificar um conjunto mínima de matéria relacio­ nado com o cancro, que deveria ser abrangido no seu curriculum universi­ tário básico. O Comité Consultivo tem intenções de apresentar numa data posterior recomendações mais porme­ norizadas relativamente a um «núcleo» mínimo de matérias sobre o cancro. Para se garantir que esta maté­ ria seja ensinada de forma adequada, sobre um tema tão amplo como o can­ cro, é necessário uma melhor coorde­ nação do ensino sobre o cancro do que a que actualmente existe em muitas faculdades de medicina.

No entanto, a organização do ensino é uma questão estrutural para as próprias faculdades de medicina. Estas são autónomas, e não está nas competências do Comité Consultivo a formulação de recomendações quanto à forma como devem coordenar o ensino sobre o cancro. Contudo, o Comité Consultivo pôde observar que algumas faculdades de medicina estão a tentar conseguir uma melhor coorde­ nação nesta área, através da nomeação de indivíduos com responsabilidades

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específicas para garantir que um con­ junto mínimo de matérias seja ensi­ nado e que a ligação entre departa­ mentos seja facilitada para este fim. Noutras faculdades, a coordenação do ensino sobre o cancro é da responsabi­ lidade de um grupo de pessoas, desi­ gnadas pelo Comité dos curricula da faculdade. O Comité Consultivo con­ sidera vantajoso confiar a responsabi­ lidade principal da coordenação a um só indivíduo ou grupo nos termos refe­ ridos.

2. Médicos generalistas

O Comité Consultivo subscreve inteiramente a importância dada no programa de acção a esta especialidade médica. O próprio Comité Consultivo formulou recomendações sobre for­ mação específica em medicina geral, doe. III/D/697 /3/77 de 2 de Novem­ bro de 1979, o que conduziu directa­ mente à directiva do Conselho relativa a tal tipo de formação, Directiva 86/457/CEE, de 15 de Setembro de 1986.

Tal como o programa de acção salienta, no Capítulo 3, 1-1, doe. 87 /C50, os Estados-membros estão, actualmente, a rever os seus esquemas nacionais de formação em medicina geral em resposta à directiva acima referida; por conseguinte, esta é uma boa altura para considerarem as

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ou crónicos e secas localizadas e!m regiões sensíveis. PosoloÇ1ia: 2 o 4 aplicações por dia.

(11)

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postas de melhoria do elemento cancro em tal formação.

O papel do generalista, tanto no que refere à prevenção do cancro como ao diagnóstico precoce do cancro, pode­ ria ser mais desenvolvido no futuro relativamente ao que se faz presente­ mente, isto pressupõe que a formação teórica dos generalistas deveria confe­ rir um bom conhecimento prático sobre dados epidemológicos, factores de risco e sobre os perigos da exposi­ ção a agentes cancerígenos. Para além disso, é vital o ensino de determinadas técnicas clínicas mínimas aos genera­ listas, especialmente aquelas que se relacionam com a despistagem e com o diagnóstico precoce de sintomas e sinais de cancro. Neste contexto, o Comité Consultivo chama a atenção

,_ara· a ênfase dada à formação prática

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Directiva 86/457/CEE.

«O Comité Consultivo

não considera que a

resposta ao problema

das deficiências e da

ausência de

uniformidade no ensino

universitário básico

resida na introdução de

um número mínimo de

horas de ensino sobre o

cancro no curso básico.»

• Nos Estados-membros assiste-se, igualmente, a uma progressiva cons­ ciencialização do papel do generalista no tratamento e na reabilitação dos doentes cancerosos após o tratamento, no alívio da dor e nos cuidados em fase terminal. O papel do generalista relati­ vamente a estas questões não pode ser completamente desenvolvido apenas através do ensino formal; estas ques­ tões requerem também uma colabora­ ção estreita entre o generalista e os ser­ viços multidisciplinares, que providen­ ciam os serviços especializados nos cuidados a ministrar aos seus doentes cancerosos.

3. Oncologia e Oncologistas

Actualmente, não existem defini­ ções comummente reconhecidas, para estes termos na Comunidade Euro­ peia, apesar do facto da especialidade de «oncologia» ser reconhecida em alguns Estados-membros individual­ mente e do título de «oncologista» ser amplamente utilizado.

A ausência de definições comum­ mente reconhecidas constitui uma grave deficiência em qualquer debate sobre o reconhecimento da especiali­ dade de oncologia e a harmonização da formação a ela inerente, a nível comunitário. A ausência de definições comummente reconhecidas poderia, igualmente, constituir uma limitação ao incentivo a uma maior mobilidade, na Comunidade, de médicos com um conhecimento e interesse específicos no cancro.

Um dos principais obstáculos ao reconhecimento comum de definições tem resíduo no facto de diversas espe­ cialidades ou sub-especialidades já existentes exigirem primazia em rela­ ção à prática da oncologia. Assim, é necessário que a classe médica esteja de acordo em relação a definições que sejam suficientemente amplas para evitar disputas de delimitação e para abranger todas as especialidades da classe, com um interesse especial e res­ po n sa bili d ade relativamente ao acordo. O Comité Consultivo consi­ dera que isto seria possível, dado que o tratamento do cancro é, em si mesmo, multidisciplinar, devendo as definições reflectirem este aspecto. Assim, ·o Comité Consultivo propõe as seguintes definições genréricas:

«A oncologia' consiste no estudo e cuidados multidisciplinares de doentes com doenças ou tumores neoplásicos malignos.»

«Os oncologistas são especialistas num conjunto de disciplinas e têm a responsabilidade de aconselhar sobre ·a orientação e, quando necessário, sobre o tratamento de doentes com doenças ou tumores neoplásicos malignos.»

O Comité Consultivo está cons­ ciente de que o reconhecimento da especialidade de oncologia a nível comunitário não pode ser efectuado ou imposto pelas próprias instituições da Comunidade. Os Estados-membros são autónomos nestas questões e a legislação comunitária apenas pode seguir as orientações dadas por eles.

Relativamente à situação actual na formação de oncologistas, tal como foi acima definida, o Comité Consul­ tivo apercebeu-se de uma diversidade dos programas de formação compará­ vel à que se observa em relação à for­ mação médica básica sobre o cancro. Este quadro complica-se ainda mais pelo facto de não se encontrarem ainda claramente definidas as áreas de responsabilidade dos oncologistas médicos e cirúrgicos, dos especialistas em radioterapia e dos hematologistas. O Comité Consultivo é de opinião que, de um ponto de vista educativo, deveriam ser enviados esforços para definir os objectivos educativos e o material pedagógico mínimo para a formação em disciplinas

especializa-das, abrangidas pelo termo «oncolo­ gista».

De qualquer maneira, este trabalho teria sempre de ser realizado se se qui­ ser que quaisquer ideias de harmoniza­ ção e reconhecimento das qualifica­ ções específicas em oncologia entre os Estados-membros possam vir a ter êxito.

4. Outros especialistas não oncologistas

Em diversos pontos o Doe. 87 /C50 faz referência, de forma correcta, à natureza multidisciplinar dos cuidados e do tratamento de doentes cancero­ sos. Uma ampla variedade de especia­ listas não oncologistas poderão ter de diagnosticar e tratar de doentes cance­ rosos, devendo a sua formação pós­ -graduada prepará-los quer para esta tarefa, quer para uma estreita colabo­ ração com outro pessoal de saúde na área do tratamento do cancro. Com

«O papel do

generalista, tanto no

que refere à prevenção

do cancro como ao

diagnóstico precoce do

cancro, poderia ser

mais desenvolvido no

futuro relativamente ao

que se faz

presentemente.»

base na informação disponível, o Comité Consultivo considera que, embora exista uma reduzida formação estruturada sobre o cancro destinada a não-oncologistas, é dada a ênfase ade­ quada ao tema nas especialidades onde o cancro tem uma importância ou influência primordiais.

Contudo, poderiam ou deveriam ser enviados esforços dos órgãos respon­ sáveis pela formação pós-graduada para estender a todos os não-oncolo­ gistas formação sobre tratamento e controlo do cancro.

5. Formação médica contínua

O Comité Consultivo corrobora a ênfase dada a este tema no programa de acção contra o cancro e salienta que a Comissão tem a intenção de promo­ ver intercâmbios de experiências e material sobre formação médica contí­ nua. Este tema encontra-se entre as primeiras prioridades da lista elabo­ rada pelo Comité Consultivo e, se para isso for solicitado, o Comité assistirá com agrado a Comissão na tarefa de

21

(12)

validação do conteúdo profissional de qualquer material educativo produ­ zido em consequência do programa de acção. A formação médica contínua deveria ser considerado como um investimento de recursos necessários e efectivos para todos os grupos de médicos acima referidos. Apesar de existirem diferenças quanto às suas necessidades específicas, o princípio da disponibilidade da formação contí­ nua não deixa de se aplicar universal­ mente.

6. Técnicas de ensino

Trata-se de uma área de rápidas mudanças. O Comité Consultivo con­ siderou-a como uma questão impor­ tante a todos os níveis do ensino médico. Maximizar a utilização das técnicas de ensino modernas permitirá o intercâmbio de conhecimentos e de experiências durante a formação médica formal. Uma vez lançado na sua carreira, as técnicas de ensino e de informação modernas podem ajudar o médico a actualizar o seu pensamento e desenvolvimento científicos.

Desta forma, a tecnologia tem um valioso papel a desempenhar tanto no ensino básico, como na formação con­ tínua dos médicos e é particularmente importante para os médicos generalis­ tas que trabalham como independen­ tes na maioria dos casos e que correm um elevado risco de perderem o con­ tacto com as alterações verificadas na ciência médica relativamente aos seus colegas que trabalham nos hospitais.

O Comité Consultivo acolhe com agrado e apoia as acções já previstas no Doe. 87 /C50 para a assistência comunitária no domínio das técnicas de ensino. Os aspectos técnicos das ini­ ciativas comunitárias neste domínio ultrapassam a competência do Comité, mas, tal como para o material educa­ tivo na formação médica contínua, o Comité estaria aberto, se necessário, para colaborar com as instâncias com­ petentes em relação a quaisquer ques­ tões de ensino médico que se colo­ quem.

7. Mobilidade no ensino médico No seu parecer sobre o reconheci­ mento mútuo dos perídos de formação realizados noutro Estado-membro como parte da formação especializada - Doe. III/D/220/3/80 de 11 de Março de 1981, o Comité Consultivo deu a conhecer o seu apoio a uma maior mobilidade.

Por conseguinte, o Comité acolhe com agrado a atenção dada no Doe. 87 /C50 aos esquemas comunitários de bolsas. Na opinião do Comité, estas bolsas deveriam ser utilizadas ple­ namente quer pelos professores de medicina, quer pelos estudantes de medicina.

22

O Comité acolhe, igualmente, com agrado a contribuição que poderia ser dada ao ensino médico pelos investiga­ dores no domínio do cancro, tirando partido das bolsas previstas ao abrigo da Acção 57 do programa de acção para permitir a formação em investiga­ ção sobre o cancro noutros Estados­ -membros. Existe a necessidade de fomentar a investigação tanto no seu próprio interesse, como pela contri­ buição que pode dar ao ensino acadé­ mico. Existe, também, a necessidade de um reconhecimento mais amplo do valor da experiência de investigação, obtida durante uma formação pós­ -graudada.

«Poderiam ou deveriam

ser envidados esforços

dos órgãos responsáveis

pela formação

pós-graduada para

estender a todos os não

oncologistas formação

sobre tratamento e

controlo do cancro.»

III. Conclusões

e recomendações

Tal como se disse nos antecedentes e na introdução, o comentário e os pare­ ceres acima referidos baseiam-se em material que o Comité de cancerólo­ gos, constituído por peritos nacionais, forneceu ao Comité Consultivo, a par­ tir do programa de acção 87 /C50 e do relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho conjunto. De entre este amplo material, o Comité Consultivo apenas comentou aqueles aspectos que, em sua opinião, são da competên­ cia do Comité ao abrigo do disposto na Decisão 75/364/CEE do Conselho, que o criou. O material no seu con­ junto contém, no entanto, referências a muitas questões que ultrapassam a competência do Comité; apesar de não estar em posição para fazer comerttá­ rios sobre estas questões, o Comité sugere à Comissão que estas não deve­ riam deixar de ser analisadas e que deveriam ser submetidas a apreciação e a debate noutro lugar, tendo em conta o interesse de promover ampla­ mente o programa de acção contra o cancro.

À luz dos debates realizados sobre questões da sua competência, resumi­ das no comentário e pareceres acima referidos, o Comité Consultivo para a Formação dos Médicos apresenta as seguintes recomendações à Comissão e aos Estados-membros:

RECOMENDAÇÕES

1. A formação dos médicos em

oncologia deve ser significativa­ mente desenvolvida através do ensino e da investigação.

2. Em todas as faculdades de medi­ cina deverá haver na formação básica um programa sobre o can­ cro. A coordenação deste pro­ grama é sumamente importante e deve ser posto em prática.

3. Deveria ser reconhecido e desen­ volvido em todas as direcções po síveis o papel vital do médic generalista quer na prevenção, quer no diagnóstico precoce do cancro.

4. Os médicos generalistas deveriam receber formação específica nos aspectos dos cuidados a doentes cancerosos, especialmente para a medicina geral, como a despista­ gem, o aconselhamento, os méto­ dos de tratamento adequado, a reabilitação e os cuidados em fase terminal.

5. Os formandos deveriam receber em todas as disciplinas importante formação adequada sobre a biolo­ gia das neoplasias e sobre as bases científica e clínica do tratamento. 6. Nos países em que são reconheci­

dos os oncologistas médicos, cirúrgicos ou radioterapêuticos, dever-se-ia chegar a acordo quanto aos requisitos e objectivo

.s mínimos para a formação desse especialistas.

7. Os princípios de epidemologia deveriam ser ensinados em todos os níveis de formação.

8. Durante toda a formação pós-gra­ duada deveriam existir oportuni­ dades para a obtenção de expe­ riência em investigação básica e clínica.

9. A importância da cooperação interdisciplinar nos cuidados a doentes cancerosos deveria ser reconhecida e encorajada em todas as disciplinas importantes. 10. Deveriam ser envidados esforços

para coordenar as actividades dos institutos de oncologia, das socie­ dades científicas e especializadas, das universidades e de todos os tipos de hospitais no que respeita à formação e à investigação sobre o cancro.

11. As técnicas modernas de ensino deveriam ser utilizadas, sempre que apropriadas, em todos os níveis da formação.

(13)

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12. Deveria tirar-se maior partido das oportunidades existentes para pro­ mover o intercâmbio na Comuni­ dade Europeia de professores, estudantes universitários, estudan­ tes de pós-graduação e investiga­ dores.

13. Todos os responsáveis pelo pla­ neamento dos programas de for­ mação médica contínua deveriam garantir que fosse dada a ênfase adequada à disciplina de oncolo­ gia. Deveria ser dada especial atenção às necessidades dos médi­ cos que, pela natureza da sua prá­ tica médica isolada, não têm acesso às instituições que forne­ cem programas de formação con­ tínua.

***

O presente parecer e respectivas recomendações foram aprovados pelo Comité em 21 de Outubro de 1988 por 21 <1> votos a favor, registando-se 4

abstenções <2>, estando ausentes 11 (3)

membros que não se fizeram represen­ tar.

A Comissão e os Estados-membros são destinatários do presente parecer e respectivas recomendações que lhes será enviado após aprovação pelo Comité das versões em todas as línguas da Comunidade, por processo escrito.

Feito em Bruxelas, em 4 de Outubro de 1988 O Presidente do Comité D. O'SULLIVAN

ANEXO II

Acção 51: diagnóstico comparado

dos sistemas de formação nas universi­ dades do pessoal de saúde.

A partir de 1987, a Comissão das Comunidades Europeias fará efectuar estudos comparativos sobre o ensino sobre o cancro dispensado em cada um dos níveis de ensino médico: médicos de base, formação específica dos médi­ cos generalistas, dos especialistas, dos oncologistas, dos enfermeiros.

Os peritos, que foram escolhidos pelos grupos de trabalho «formação sobre o cancro»('), remeterão o seu relatório por alturas do Outono de 1987 para exame dos dois comités con­ sultivos. Estes estudos comparativos servirão de base para uma acção even­ tual da Comissão Europeia relativa aos conteúdos mínimos dos programas de formação sobre o cancro. Com esse objectivo, os peritos encarregados de proceder ao diagnóstico comparado dos sistemas educativos locais testarão as dificuldades eventuais da aplicação das recomendações formuladas em

24

1986 pelo Comité de Oncologistas de Alto Nível que foi nomeado junto da Comissão das Comunidades Euro­ peias.

(1), (2), (3) - Ver anexo A

ANEXO A

REPARTIÇÃO DOS VOTOS

(1) Srs. LARSEN, B ERGUER, MOULIN,

B ARUCHELLO, MEISCH, PEREIRA, BREARLEY, CASTERMANS, MEL­ CHIOR, O'SULLIVAN, DOKTER, MEN­ DES, LISTER, DE SCHOUWER, KARLE, SIDERIS, WEIL, MEENAN, DE KROON, Sra. ALVES e Sr. CRISP.

(2) Srs. WYNEN, BRAÜER, HINRICHSEN e Sra. SCHLEICHER . ..

(3) Srs. JANNAKIS, CARROLL, SMEETS, Sra. MOULOPOULOU, Srs. PEDRAZA, REY, CORTESINI, D·ICATO, HER­ NANDO, POLIZZI e KOHL.

«A tecnologia tem um

valioso papel a

desempenhar tanto no

ensino básico, como na

formação contínua dos

médicos e é

particularmente

importante para os

médicos generalistas.»

«Estudante»: os Estados-membros deveriam ter um professor de cancero­ logia em todos os centros de ensino médico que ministrem um programa alargado de cursos que vá desde a epi­ demologia e princípios de prevenção até à detecção precoce, aos tratamen­ tos e aos cuidados terminais. O pro­ grama deveria consistir no mínimo de trinta horas de ensino e basear-se nas dez principais localizações de tumor. Enfim, um exame de oncologistas devia estar previsto em todos os pro­ gramas das escolas de medicina.

«Médicos generalistas»: constituem um grupo prioritário para a formação sobre o cancro. Por outro lado eles deveriam ser encorajados a seguir um programa de formação contínua. Finalmente devia ser encarada a publi­ cação de uma carta ou boletim de informação periódico a nível nacional. «Oncologistas»: cada Estado-mem­ bro deveria reconhecer a especialidade de oncologia(2). Conviria harmonizar

a formação desses especialistas entre os Estados-membros. Devia ser dada uma atenção especial à formação e ao

reconhecimento dos especialistas que se interessam sobretudo por certas for­ mas específicas de cancro. Seria neces­ sário elaborar um programa comunitá­ rio de formação e de educação contí­ nua em oncologia (com exclusão de reuniões e de congressos) e encorajar as iniciativas para a actualização de programas destinados aos oncólogos.

Em qualquer caso, as recentes evo­ luções que agitaram e ainda agitam o horizonte da oncologia - da preven­ ção ao tratamento - modificariam também a missão e o papel do pessoal de saúde em matéria de luta contra o cancro. Os sistemas educativos deve­ rão pois adaptar-se em sentido contrá­ rio. Podiam desde já ser esboçadas as seguintes linhas de orientação:

- os estudos médicos de base deve­ riam permtir aos estudantes m<a lhor compreender essas recent� . modificações e mais bem

infor-mados e forinfor-mados.

· -a formação inicial dos médicos generalistas deverá permitir-lhes fazer face aos pedidos provenien­ tes de um público cada vez mais bem informado, cada vez mais desejoso de beneficiar de uma despistagem sistemática e duma detecção precoce dos cancros, e que aspira a um acopanhamento médico competente sempre que haja lugar a um tratamento espe­ cializado.

- a formação inicial dos especialis­ tas, incluindo a dos oncologistas, deverá permitir-lhes melhor dominar as técnicas de trata­ mento integrado e de cirurgia conservadora no interesse do próprio doente.

É óbvio que o Comité Consultiva

para a formação dos médicos e os per. tos encarregados de proceder ao dia­ gnóstico comparado dos sistemas edu­ cativos deverão simultaneamente tes­ tar as eventuais dificuldades da aplica­ ção destas diferentes recomendações a fim de esclarecer a acção comunitária neste domínio.

Também em 1987 o Comité Consul­ tivo para a formação dos enfermeiros adaptará uma abordagem idêntica ba­ seando-se num grupo de trabalhos especializado na formação sobre o cancro. O Comité Consultivo da for­ mação de dentistas será, ele também, consultado a partir de 1987.

(1) Prof. de Moura (Portugal) em relação à edu­ cação médica de base; Prof. Larra (França) em relação à formação inicial dos médicos generalistas; Dr. Costa (Itália) para a fFrma­ ção dos oncologistas; Dr. Lister (Reino Unido) em relação à formação dos outros especialistas e em relação ao relatório de sín­

tese.

(2) Esta especialidade poderia distinguir três cate­ gorias: oncologia médica (em quimioterapia nomeadamente), radioterapia, oncologia cirúrgica.

Inf

Referências

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