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KELSON HENRIQUE SOARES DA SILVA RETORNOS DA ESCOLARIDADE SOBRE O RENDIMENTO DOS INDIVÍDUOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA EM 2012

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

KELSON HENRIQUE SOARES DA SILVA

RETORNOS DA ESCOLARIDADE SOBRE O RENDIMENTO DOS INDIVÍDUOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA EM 2012

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KELSON HENRIQUE SOARES DA SILVA

RETORNOS DA ESCOLARIDADE SOBRE O RENDIMENTO DOS INDIVÍDUOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA EM 2012

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Castro Callado

FORTALEZA

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KELSON HENRIQUE SOARES DA SILVA

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Data da aprovação ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof. Dr. Marcelo de Castro Callado (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Antonio de Castro Pereira

Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________________

Prof. Me. José Henrique Félix Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, minha rocha, pelo dom da vida, pela luz de

sabedoria e discernimento nas horas mais difíceis, pelas inúmeras graças alcançadas e por ter me abençoado com uma família maravilhosa.

Aos meus pais Anete e Valmi, que são o meu alicerce, meus maiores amigos,

conselheiros e anjos da guarda, sem os quais não estaria escrevendo esta monografia e a quem devo todas as minhas conquistas.

Ao meu irmão Kenedy, por ser meu grande amigo, companheiro do dia a dia, pessoa com quem aprendo em todos os momentos.

Aos meus colegas e amigos petianos Anderson, Fabrício, Luciana, Micheliana, Davi, Juliane, Romênia, Cleidiane, Helenir, Abrahão, Janaína, Felipe, Leidiane, Thaís, Kétsia, Ângelo, Lucas, Vanessa, Eloane, Ohanna, Rodrigo e Thiago por terem feito parte dessa minha trajetória como bolsista e por terem contribuído, de alguma forma, para o meu crescimento profissional e pessoal.

Ao meu amigo Rodrigo Ito, por ter, gentilmente, colaborado na tradução do resumo deste trabalho.

Ao meu Professor do ensino médio Leonardo, pelos conselhos, pela amizade, pela prontidão e disponibilidade nos momentos que em mais precisei de ajuda, e pelo auxílio nos trabalhos da faculdade.

Ao Professor e amigo Ricardo Pereira, por toda orientação e conselhos dados como tutor do PET e por ser um grande incentivador para a conclusão desta monografia.

Ao Professor Marcelo Callado, por acreditar neste trabalho e pela ajuda e orientação para a conclusão do mesmo.

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RESUMO

Este trabalho investigou os retornos da educação sobre os rendimentos dos trabalhadores da região metropolitana de Fortaleza a partir dos dados da PNAD referentes ao ano de 2012. Para tanto, empregou-se, além do Método de Mínimos Quadrados Ordinários, o Método de Variáveis Instrumentais e o Procedimento de Heckman para correção do viés de seletividade amostral. Os resultaram comprovaram os retornos positivos que a educação tem sobre a renda dos indivíduos. Verificou-se, também, que os ganhos provenientes da experiência são positivos e decrescentes. Além disso, ficou evidente que o uso de variáveis instrumentais aumenta, de forma significativa, os retornos salariais. A discriminação não só se faz presente, como também tem um grande peso na determinação dos salários no mercado de trabalho no estado Ceará devido à questão da raça, sexo e filiação ao sindicato. Os resultados com a metodologia de Heckman mostram a significância estatística da razão inversa de mills, reforçando a importância da integração da equação de participação no mercado de trabalho como função auxiliar para a estimação da equação de salários no sentido de contornar o viés causado pela seleção não aleatória da amostra.

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ABSTRACT

This work investigated the returns of education on workers’ income of the metropolitan region of Fortaleza from the 2012 PNAD’s data. Therefore, it was used, besides the Ordinary Least Squares (OLS) method, the method of Instrumental Variables (IV) and Heckman’s procedure to correct the sample selection bias. The results have proved that education has positive returns on individual’s income. It was also verified that the gains from the experience are positive and decreasing. Besides this, it was evident that the use of Instrumental Variables (IV) increases the wage’s returns in a significant way. The discrimination is not only present; as well it has a great influence in the determination of wages in Ceara’s labor market due to the issue of race, gender and union membership. The results with the Heckman’s methodology showed the statistical significance of Mill’s inverse ratio, reinforcing the importance of integrating the equation of participation in the labor market as helper function to estimate the wage equation in order to bypass the bias caused by non-random sample selection.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 11

2. REVISÃO DA LITERATURA ... 13

2.1 Teoria do Capital Humano ... 13

2.2 Mobilidade Intergeracional da Educação... 14

2.3 Discriminação no Mercado de Trabalho ... 17

2.4 Retornos da Educação sobre os Rendimentos ... 19

3. METODOLOGIA ... 22

3.1 Equação Minceriana... 24

3.2 Método de Variáveis Instrumentais ... 26

3.3 Metodologia de Heckmann ... 26

4. RESULTADOS ... 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 32

REFERÊNCIAS ... 33

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatísticas descritivas para variável educação segundo a característica do

indivíduo na amostra – Região Metropolitana de Fortaleza – 2012 ... 23

Tabela 2 - Média dos Rendimentos por Níveis de Escolaridade na RMF em 2012 ... 23

Tabela 3 - Média dos Rendimentos segundo as características do indivíduo ... 24

Tabela 4 - Descrição das Variáveis do Modelo ... 25

Tabela 5 - Estimação da Equação de Rendimentos ... 29

Tabela 6 - Estimação da Equação de Rendimentos pelo Procedimento de Heckman ... 30

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1. INTRODUÇÃO

Diversos estudos procuram explicar a razão para os diferenciais salariais observados no Brasil a partir das estatísticas sobre escolaridade dos indivíduos. A razão para esse enfoque consiste na ideia de que a educação compreende um instrumento pelo qual uma pessoa pode adquirir maiores conhecimentos e habilidades para desempenhar suas tarefas de forma mais eficiente e, assim, serem mais produtivas nos seus trabalhos para auferir ganhos futuros mais altos.

A partir de Mincer (1974) uma série de trabalhos investigou os efeitos sobre os rendimentos advindos de diferenças no nível de ensino das pessoas. A literatura voltada para esse tipo de relação está alicerçada na teoria do capital humano desenvolvida, inicialmente, por Gary Becker, Theodore Schultz e Jacob Mincer.

No entanto, as equações de rendimentos originais não levavam em conta a heterogeneidade da força de trabalho, bem como não incluía a possibilidade de viés de habilidade e discriminação decorrentes de outras fontes além da raça e do gênero. Os modelos mais recentemente desenvolvidos – com uma boa ajuda dos softwares estatísticos – analisam tais problemas com o intuito de minimizar estes problemas e obter estimativas não viesadas.

Apesar de contarmos com regressões mais sofisticadas ainda há um grande problema na medição das variáveis relevantes para o exame da equação de rendimentos. Esse entrave reside na falta de dados que sejam suficientes para medir as características dos indivíduos, como é o caso dos anos de escolaridade. Mesmo que duas pessoas tenham os mesmo tempo e nível de ensino, não poderemos afirmar categoricamente que ambas estejam no mesmo

“patamar de educação”, pois não se consegue avaliar e quantificar, de maneira exata, a

qualidade da educação desses indivíduos.

A despeito disso, contamos com modelagens que mitigam o efeito da ausência de variáveis relevantes para a equação de salários.

Neste sentido, este estudo procura estimar os retornos da escolaridade a partir do modelo de Mincer para a região metropolitana de Fortaleza, tendo como fonte de dados a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao ano de 2012. A equação foi adaptada para fatores de discriminação no mercado de trabalho, como é o caso do sexo, cor e se é filiado a algum sindicato. Não obstante, obteve-se a estimação pelo método de variáveis instrumentais (MVI) para eliminar o problema da endogeneidade da educação, além da utilização do procedimento de Heckman para considerar a questão da decisão que o indivíduo toma ao entrar, ou não, no mercado de trabalho.

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2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Teoria do Capital Humano

Os primeiros argumentos e ideias quanto ao papel do capital humano como fonte geradora de renda ou lucro são notórios quando se versa a respeito de autores clássicos como Alfred Marshall (1996) e Adam Smith (1776, p. 290), que destaca,

Em quarto lugar, as habilidades úteis adquiridas por todos os habitantes ou membros da sociedade. A aquisição dessas habilidades para a manutenção de quem as adquiriu durante o período de sua formação, estudo ou aprendizagem, sempre custa uma despesa real, que constitui um capital fixo e como que encarnado na sua pessoa. Assim como essas habilidades fazem parte da fortuna da pessoa, da mesma forma fazem parte da sociedade à qual ela pertence. A destreza de um trabalhador pode ser enquadrada na mesma categoria que uma máquina ou instrumento de trabalho que facilita e abrevia o trabalho e que, embora custe certa despesa, compensa essa despesa com lucro.

No supracitado fragmento de A Riqueza das Nações, Smith argumenta que essas habilidades adquiridas por meio do estudo e aprendizado constituem uma parte do capital fixo da sociedade, ou seja, que não circula ou não muda de proprietário. Estes pensadores foram um dos primeiros a mencionar a respeito da capacitação que um indivíduo pode alcançar e sobre como esta pode afetar a economia.

No entanto, os estudos que tratam do exame dos retornos da escolaridade sobre a renda dos indivíduos, empreendidos de maneira sistemática e vigorosa, são relativamente recentes e remontam aos trabalhos de Becker (1993), Mincer (1974) e Schultz (1973), que foram os precursores da teoria do capital humano. Com efeito, Schultz (1973, p. 31) defende que uma parte substancial dos dispêndios individuais com consumo trata-se, na verdade, de investimento em capital humano e compreendem em gastos com a educação, saúde e com a migração interna, sendo este último, uma maneira de obter vantagens oferecidas por empregos melhores e, não obstante, os rendimentos auferidos por estudantes amadurecidos que vão à escola e por trabalhadores que se dispõem ao fazer um aperfeiçoamento profissional no local de trabalho.

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A característica distintiva do capital humano é a de que é ele parte do homem. É humano porquanto se acha configurado no homem, e é capital porque é uma fonte de satisfações futuras, ou de futuros rendimentos, ou ambas as coisas.

A partir de então, podem ser observadas inúmeras pesquisas que contemplaram a relação entre educação e as habilidades com os rendimentos das pessoas, com a utilização de ferramentas econométricas. Em seu trabalho, Griliches (1972) analisou os dados de veteranos militares dos Estados Unidos para o ano de 1964, medindo variáveis como pontuação em teste de habilidade mental, indicador de condição na família, região onde mora enquanto crescia, anos de escolaridade concluídos antes do serviço e anos de escola concluídos durante ou após o serviço militar. Com base nisto, o autor investigou os efeitos isolados que o background familiar, a inteligência e a escolaridade têm sobre a renda das pessoas.

Sacshida, Loureiro e Mendonça (2004) apontam que, entre os principais motivos para o interesse por parte da literatura acadêmica sobre as questões concernentes ao papel da educação na economia, está a busca por uma explicação que mostre as razões da existência de um diferencial significativo de salários entre pessoas com níveis de escolaridades distintos, e evidenciar a participação do capital humano no crescimento econômico.

Outra importância da educação como objeto de pesquisa, conforme mostra Salvato e Silva (2007) é que o indivíduo, quando a adquire, obtém mais conhecimento e, desta forma, melhora sua capacidade de raciocínio permitindo que ele possa executar as tarefas do trabalho com mais eficiência. O autor sugere que, em decorrência disso, pressupõe-se que as pessoas com maiores habilidades tenham uma remuneração maior, em vista do aumento na sua contribuição marginal sobre o produto da empresa.

2.2 Mobilidade Intergeracional da Educação

Apesar da maioria dos trabalhos analisarem somente os efeitos diretos da educação sobre os rendimentos dos indivíduos, deve-se observar que seus impactos geram resultados tanto sobre aqueles que se educam como gera efeitos indiretos sobre aqueles que os rodeiam.

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Em se tratando de seus impactos privados, a educação é compreendida como um dos instrumentos de redução da desigualdade de renda, a despeito de fatores como mudanças estruturais. Lam e Levison (1990) atentaram para isso com um estudo que mostra a importância da variância na escolaridade na explicação para as diferenças de renda no Brasil para dados de corte transversal. Esta pesquisa concluiu que, por conta desse diferencial nos anos de estudo, o Brasil apresentou retornos à educação significativamente mais altos em relação aos Estados Unidos, cujo nível médio de escolaridade é quatro vezes maior.

Borba (2013) ressalta que a questão da mobilidade intergeracional constitui um elemento relevante na explanação da evolução da desigualdade de renda e educação, pois mostra a dinâmica da persistência, ou mobilidade, da educação dos filhos de acordo com o grau de escolaridade de seus respectivos pais.

Hassler et.al. (2002) mostra que a mobilidade e desigualdade são positivamente correlacionadas caso haja uma mudança no setor produtivo, e uma correlação negativa se a mudança ocorrer no setor educacional. Ou seja, uma política direcionada para a educação tende a aumentar a mobilidade intergeracional e reduzir a desigualdade de renda. Neste trabalho, o autor tenta mostrar a importância que o estudo tem para a compreensão do comportamento da desigualdade ao longo do tempo e entre países.

O estudo de Ferreira e Veloso (2003), com base nos dados da PNAD de 1996 concluiu que o grau de mobilidade intergeracional no Brasil é menor do que o observado nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, com exceção da Colômbia. Não obstante, os autores apontam que entre os fatores que influenciam o grau de mobilidade estão o raça e região, de modo que, a persistência educacional é maior no Nordeste do que no Sudeste, e maior entre negros do que entre os brancos.

Barros e Lam (1993) ressaltam que uma das características indesejáveis do sistema educacional brasileiro é o alto grau de correlação entre a escolaridade das crianças e de seus pais e avós, o que implica não apenas na falta de igualdade de oportunidade, mas também na existência de limites à mobilidade social no país.

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educacional e de renda caracterizados por uma expansão na média dos anos de estudo, redução da persistência de pais com baixo nível de renda e uma queda sutil da persistência educacional dos pais analfabetos.

Com base nos resultados sobre escolaridade obtidos por Leite e Justo (2011) será feita uma breve comparação com os dados da PNAD de 2012.

Figura 1 - Anos médios de estudo da população acima de 25

Fonte: Leite e Justo (2011)

Figura 2 - Anos médio de estudo da população acima de 25

Fonte: Elaboração própria a partir da PNAD de 2012

8,66

7,62

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Brasil Ceará

A

n

os

d

e

E

st

u

d

o

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Os gráficos 1 e 2 mostraram que apesar do aumento dos anos médios de estudos para a população acima de 25 anos de idade, a escolaridade média no Ceará sempre se manteve abaixo da média nacional, tanto no período de 1996 a 2009, como em 2012.

2.3 Discriminação no Mercado de Trabalho

Com relação à educação, admite-se que, mediante sua aquisição, o indivíduoadquire conhecimento e desenvolve sua capacidade de raciocínio, o que lhe permite executar tarefas de forma mais eficiente. Na medida em que o aumento da educação do trabalhador o torna mais produtivo, também aumenta sua remuneração, o que tende a fazer com que diferenciais de educação entre trabalhadores se explicitem na forma de diferenciais salariais.(COELHO; CORSEUIL, 2002)

Um traço peculiar do mercado de trabalho brasileiro é a ocorrência de diferenciais salariais bem mais elevados que aqueles observados em economias em estágio de desenvolvimento similar (COELHO; CORSEUIL, 2002).

A discriminação é uma mancha carregada pela sociedade, fruto de uma herança histórica que permanece presente não só na cultura brasileira como também constitui uma realidade negativa de outros países e continentes. O senso comum, a história e os diversos casos retratados nos meios de comunicação provam que a diferenciação feita com base na cor, sexo, orientação sexual, religião e origem social1 estão presentes nas relações sociais e, consequentemente, econômicas. Portanto, é de grande importância lançar mão de fatores qualitativos que podem influenciar os rendimentos e, por conseguinte, o mercado de trabalho.

Dessa forma, vislumbrando ir além da educação e da experiência como variáveis que afetam os salários, alguns estudos procuraram mensurar o tamanho da participação do fator cor na determinação dos rendimentos dos indivíduos como é o caso de Zucchi e Hoffmann (2001), os quais ponderam que as desigualdades entre brancos, amarelos e negros no mercado de trabalho podem advir das diferenças na capacitação individual como a escolaridade, experiência e posição na ocupação, que afetam a produtividade no trabalho, bem como podem evidenciar os efeitos da discriminação racial.

Os primeiros trabalhos que relacionaram educação e salários já levavam em conta outros fatores, além dos diferentes níveis de escolaridade, que também influenciavam os

1 Excluindo raça e gênero, as demais variáveis qualitativas foram expostas a título de exemplo e não farão parte

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rendimentos dos indivíduos, tais como localização geográfica, gênero, raça, setor de atividade e etc.

De acordo com Soares (2000), a origem dos diferenciais de rendimentos pode advir de três fatores: qualificações diferentes, inserções no mercado de trabalho diferentes ou diferencial salarial puro (cor e/ou raça). Para analisar tais diferenças de renda, o autor comparou as pessoas segundo características observáveis, colocando homens brancos, de um lado, e homens negros, mulheres brancas e mulheres negras de outro. Este verificou que, enquanto as mulheres brancas sofrem discriminação pura, pois são tão bem ou mais qualificadas que os homens brancos e trabalham em setores e regiões cuja remuneração é idêntica, os homens negros recebem menos, principalmente por ter baixa escolaridade, além de atuarem em setores inferiores aos indivíduos de cor branca e sofrerem com discriminação.

Henriques (2001) realizou um diagnóstico da desigualdade racial no Brasil nos anos 90, traçando o perfil socioeconômico dos grupos étnicos, além de fazer um recorte por regiões e faixas etárias no sentido de quantificar a discriminação no mercado de trabalho. O mesmo trabalho reconhece o peso que o diferencial de escolaridade tem sobre a intensidade da desigualdade de cor no Brasil ao constatar que os indivíduos brancos têm mantido, em média, 2,3 anos de estudo a mais que os negros2.

Carvalho, Neri e Silva (2006), utilizando o mecanismo de correção de viés de seletividade de Heckman, concluíram que além do aumento na escolaridade elevar a propensão dos indivíduos a trabalharem, a discriminação é responsável por 97% do diferencial de salários entre homens de cor branca e mulheres de cor preta ou parda.

Aplicando a escolaridade como uma proxy para a produtividade, Matos e Machado (2006) afirmam que, a despeito das mulheres serem mais produtivas, uma vez que possuem em média mais anos de estudo do que os homens, elas ganham, em média, 60% a menos que os indivíduos do sexo masculino.

Miro e Suliano (2009) apontam que as disparidades de rendimentos do trabalho podem ser reflexos de diferenças de produtividade ou segmentação ou, de componentes puramente discriminatórios. Os autores ainda ressaltam que trabalhadores com maior acúmulo de capital humano sejam melhor remunerados. Por outro lado, a presença de um componente

2 O autor extraiu os dados a partir da base de dados da PNAD (1999), considerando que a população negra é

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discriminatório pode ser devida ao fato de que haja trabalhadores com características semelhantes, mas que fazem parte de segmentos distintos no mercado de trabalho.

Barros, Franco e Mendonça (2007) corrobora a literatura ao ressaltar a baixa remuneração das mulheres, em relação aos homens, no Brasil e em outros países. Os autores ratificam esse argumento ao explanar uma redução de 2% nos diferenciais de rendimentos entre os gêneros no período de 2001 a 20053, além de mostrar que os indivíduos do sexo masculino com as mesmas características observáveis e inseridos no mesmo segmento do mercado de trabalho que as mulheres recebiam remuneração 56% maior.

2.4 Retornos da Educação sobre os Rendimentos

Os estudos acerca da educação como componente explicativo dos retornos sobre a renda iniciaram, entre outros, com os trabalhos de Schultz (1973) e Becker (1962). Mas, como ressalta Borba (2013), foi Mincer (1974) o pioneiro na quantificação do impacto de anos adicionais de estudo sobre o salário das pessoas, formalizando teoricamente a derivação da equação de rendimentos, tendo como variável dependente a renda sendo explicada por educação e experiência.

A partir de então, uma série de trabalhos procuraram investigar as vantagens provenientes de um maior nível educacional sobre os ganhos pessoais.

Analisando a distribuição da renda pessoal nos Estados Unidos com os dados do censo americano de 1960, Mincer (1974) regrediu o logaritmo dos salários de homens, com idade entre 25 e 64 anos, sobre os anos de escolaridade. Tal “modelo de escolaridade”, como o próprio Mincer mencionou, é popularmente conhecido na literatura como equação minceriana de rendimentos e constitui o referencial teórico para a maioria dos estudos acerca da relação entre educação e rendimento. Não obstante, a equação que relaciona os ganhos individuais com os anos de estudo, também possui como componente explicativo a experiência do indivíduo.

Berhman e Birdsall (1983), por sua vez, levaram em consideração a questão da qualidade do ensino no estudo, indo além do aspecto quantitativo dado à escolaridade, vista em termos de anos de estudo.

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Heckman (1979) discute o problema do viés resultante do uso de amostras não selecionadas aleatoriamente para estimação de equações comportamentais, configurando em um viés de especificação oriundo do problema da falta de dados. Isso consiste, na esfera de estudo da equação minceriana, no fato de que o método de mínimos quadrados considera apenas os indivíduos que participam do mercado de trabalho, pois somente aqueles que estejam trabalhando poderão informar os seus salários.

Utilizando a equação de participação no trabalho e de salários, Kassouf (1994) fez uso do procedimento de Heckman para homens e mulheres na faixa etária entre 16 e 71 anos, contribuindo para a literatura que estuda os vieses causados por MQO nas equações de rendimentos.

Considerado um dos pioneiros no estudo dos retornos da educação para o caso brasileiro, Langoni (1972, 1973) reconhece a importância da acumulação de capital como meio para aumento da produtividade do fator trabalho, refletindo em salários reais mais altos, o que estimularia os indivíduos a passarem mais anos na escola e postergar sua entrada no mercado de trabalho. Não obstante, lançou mão de uma regressão log-linear, tendo o logaritmo da renda expressa em função do nível de educação, idade, sexo, região e atividade para explicar a desigualdade individual de renda, a partir dos dados censitários de 1960 e 1970. O autor observou que o coeficiente4 da variável que representa a educação é o de maior magnitude e significância entre todas as variáveis explicativas envolvidas na análise de regressão. Além disso, o trabalho ressalta o peso que a educação teve sobre os diferenciais de renda e sobre o aumento da desigualdade, registrado no período abordado.

Figueiredo Neto (1998) investigou a influência que a educação tem sobre o rendimento dos trabalhadores tendo em vista a interação entre os determinantes da participação na força de trabalho e dos rendimentos, tomando em conta, portanto, o procedimento de Heckman para a eliminação do problema da seletividade amostral.

Chaves (2002), ao contrário de vários trabalhos que usam a pesquisa do IBGE5, fez uso dos dados da PED6 na região metropolitana de Porto Alegre no ano de 2000 para testar a validade da teoria do capital na explicação das disparidades de rendimentos. Este concluiu que o estoque de capital humano é responsável por 44,9% da variação nos rendimento e,

4 De acordo com Langoni (1973), representa os acréscimos de renda associados aos anos adicionais de estudo. 5 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)

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portanto, admitindo a relevância dos incrementos nos ganhos provenientes da educação e experiência.

Além de investigar os retornos em escolaridade para o Brasil, Sachsida, Loureiro e Mendonça (2002) verificam quais as fontes de viés que prejudicam a estimação da equação de salários. Neste sentido os autores apontam para o fato de que o rendimento não é determinado somente pela oferta salarial, mas também pela estratégia de demanda por emprego, na qual o agente possui um salário reserva abaixo do qual não aceitaria participar do mercado de trabalho.

No âmbito regional, Suliano e Siqueira (2010) utilizaram os dados da PNAD de 2001 a 2006 para os estados da Bahia, Ceará e Pernambuco para avaliar os retornos da educação no nordeste. Para tanto, recorreram aos métodos de correção de viés para a equação minceriana como o modelo proposto por Heckman (1979) e MQ2E7 com variáveis instrumentais. Estes afirmam que o prêmio à escolaridade permanecem elevados, para o intervalo de estudo, na região.

Santos, Bastos e Rocha (2008) mostram que o nível educacional constituiu o principal fator explicativo para a determinação da desigualdade de renda8, além de verificar um efeito limiar a partir dos 10 anos de idade, período a partir do qual os retornos da escolaridade aumentam. No entanto, não descarta a importância de componentes discriminatórios e de segmentação no mercado de trabalho9.

Muitos trabalhos na literatura vêm buscando mensurar os impactos da educação nos rendimentos dos trabalhadores a partir de cortes transversais para as Regiões Metropolitanas de capitais no Brasil. É o caso de Salvato (2007) que, utilizando a PNAD de 2005 para a região metropolitana de Belo Horizonte, testou a validade da teoria do capital humano, tomando como ferramenta analítica os MQO, MVI e procedimento de Heckman para a estimaçãoda equação minceriana, adaptada para fatores de discriminação no mercado de trabalho e efeito limiar.

Silva e Mesquita (2013) recorreram ao uso da equação de Mincer, do modelo proposto por Heckman e do método de variáveis instrumentais para a estimação dos retornos salariais para a região metropolitana de Recife com dados da PNAD de 2009.

7 Mínimos Quadrados de Dois Estágios.

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3. METODOLOGIA

Esta seção mostrará os modelos utilizados para a análise da equação de rendimentos para a região metropolitana de Fortaleza (RMF), bem como descreverá as principais características da amostra empregada nesta investigação. O arcabouço teórico oferecido pela equação de Mincer (1974) será utilizado como base para a formulação das demais especificações econométricas apresentadas neste trabalho.

A amostra utilizada neste trabalho foi extraída a partir da base de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2012 (PNAD 2012), fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente à região metropolitana de Fortaleza, correspondente a um total de 4213 pessoas10. Alguns filtros foram utilizados nesta base de dados pelo fato de não haver a possibilidade de incluir determinadas informações. O primeiro filtro foi empregado para evitar que dados não declarados sejam incluídos na amostra, como por exemplo, rendimentos declarados com o valor equivalente a R$ 999.999.999. O segundo filtro inclui apenas as pessoas que não estejam estudando. O terceiro, leva em consideração apenas o rendimento proveniente do trabalho principal, excluindo, dessa forma, todos os rendimentos auferidos por meio de outras fontes, como pensões, aposentadoria, benefícios sociais, juros de aplicações financeiras e etc. Além disso, optou-se por trabalhar com indivíduos de idade entre 21 e 60 anos da região metropolitana e do meio urbano como forma de obter uma amostra mais homogênea da força de trabalho, conforme realizado por Figueiredo Neto (1998).

Assim como Bandeira e Jacinto (2010) e Salvato (2007), este trabalho lança mão do uso dos pesos disponíveis na PNAD. Com isso, um indivíduo pode representar um maior número de pessoas de acordo com suas características, e assim, têm-se uma expansão na amostra.

Com relação à variável educação, a tabela 1, abaixo, expõe a média e o desvio padrão dos anos de estudo na RMF para o ano de 2012, contemplando nas estatísticas descritivas os indivíduos que têm participação, ou não, no mercado de trabalho nas categorias sexo e cor. Comparando os anos de escolaridade entre os grupos que participam e não participam da força de trabalho, pelos resultados apresentados, pode-se conjecturar que os anos a mais de

10 Com a utilização do peso da pessoa como fator de expansão da amostra, esta passou a representar um total de

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estudo do grupo não participante do mercado de trabalho são atribuíveis a uma questão de escolha, na qual as pessoas optam por passar um tempo maior estudando para obter maiores rendimentos no futuro.

Tabela 1 - Estatísticas descritivas para variável educação segundo a característica do indivíduo na amostra – Região Metropolitana de Fortaleza – 2012

Fonte: Elaborada a partir dos dados da PNAD (2012)

Em se tratando do nível de escolaridade, podemos perceber, a partir da tabela 2, que os rendimentos dos trabalhadores aumentam conforme seu grau de ensino se eleva, evidenciando o fato de que pessoas com maior escolaridade têm, em média, salários mais altos do que aquelas com baixa qualificação. O salário médio observado para o período foi de R$ 1189,32.

Tabela 2 - Média dos Rendimentos por Níveis de Escolaridade na RMF em 2012

Nível de Escolaridade

Rendimentos (em reais) Média Desvio Padrão

Fundamental 842,61 36,65

Médio 1039,25 30,82

Superior 2958,32 182,52

Fonte: Elaborada a partir dos dados da PNAD (2012)

A seguir pode-se observar as estatísticas descritivas da renda do trabalho principal por características como o gênero e sexo.

Média Desvio Padrão

Participa da Força de Trabalho

Todos os indivíduos 8,80 0,13

Homem 8,30 0,12

Mulher 9,40 0,15

Branco 9,60 0,18

Negro 8,40 0,13

Não Participa do Mercado de Trabalho

Todos os indivíduos 9,00 0,25

Homem 8,80 0,36

Mulher 9,30 0,30

Branco 10,00 0,45

Negro 8,60 0,26

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24

Tabela 3 - Média dos Rendimentos segundo as características do indivíduo

3.1 Equação Minceriana

Base para a maioria dos trabalhos que tratam da relação entre salários e educação, essa equação, proposta por Jacob Mincer (1974), procura examinar o impacto que a educação e o aprendizado no trabalho têm sobre os rendimentos das pessoas e é descrita da seguinte maneira:

ln 𝑌𝑖 = 𝛽0+ 𝛽1𝑆𝑖+ 𝛽2𝑒𝑥𝑝𝑖+ 𝛽3𝑒𝑥𝑝𝑖2+ 𝜀𝑖

Em que ln 𝑌𝑖 é o logaritmo da renda obtida para S anos de estudos; exp consiste nos anos de experiência da pessoa e 𝜀𝑖 é o termo aleatório. Os coeficientes β’s medem o impacto que cada variável explicativa (educação e experiência) tem sobre os rendimentos pessoais dos indivíduos. Em teoria, espera-se que 𝛽1 𝑒 𝛽2 assumam valores positivos, ou seja, a variação nos salários responde positivamente a variações na educação e na experiência. A variável 𝑒𝑥𝑝𝑖2, por sua vez, mostra os aumentos nos rendimentos ocasionados pelo acúmulo de experiência e, de acordo com a literatura, bem como afirmado por Bandeira e Jacinto (2010) seu coeficiente tende a apresentar valor negativo. Para a obtenção da variável experiência, é comumente utilizada uma proxy, cujo resultado é gerado pela seguinte equação: 𝑒𝑥𝑝 = 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝑆 − 6. Na equação, o S representa os anos de estudo e o número “6” representa a idade em que o indivíduo começa a estudar. O uso desse procedimento pressupõe a hipótese de que a pessoa só começa a trabalhar quando conclui seus estudos.

Média Desvio Padrão

Todos os indivíduos 1189,32 42,34

Homem 1252,2 50,14

Mulher 1005,67 41,14

Branco 1389,79 73,71

Negro 1016,73 35,66

(27)

25

A variável dependente empregada nas estimações das equações de rendimento é o logaritmo da renda mensal dividida pelo número de horas trabalhadas11, pois a distribuição dessa variável tende a aproximar-se da distribuição normal.

A seguir pode-se observar o quadro apresentando todas as variáveis incluídas na análise de regressão deste trabalho.

Tabela 4 - Descrição das Variáveis do Modelo

Variável Dependente Descrição

salario Logaritmo do Rendimento Mensal do Trabalho Principal

Variáveis

Explicativas Descrição

estudo Anos de Estudo

exp Idade-estudo-6

exp2 𝑒𝑥𝑝2

sexo Assume valor 1 se for homem

cor Assume valor 1 se for branco

sindicato Assume valor 1 se for filiado a um sindicato

O método de Mínimos Quadrados Ordinários é frequentemente usado para estimar a equação minceriana. Um problema decorrente do emprego desse método é que ele pressupõe que os erros não são correlacionados com as variáveis explanatórias, por isso, caso essa hipótese seja quebrada obteremos coeficientes estimados inconsistentes, e, com isso, ter de enfrentar o problema de endogeneidade da variável educação.

11 Como a PNAD fornece o número de horas semanais de trabalho, a variável foi multiplicada por quatro para

(28)

26

3.2 Método de Variáveis Instrumentais

A literatura recomenda a instrumentalização das variáveis, conforme destaca Moretto (2000), nos casos onde há a presença de fatores que não são observáveis pelo pesquisador e que podem causar sérias distorções na estimação, a título de exemplo, o problema do viés de habilidade omitida. Quando a habilidade individual não é levada em consideração na especificação da função de rendimentos os resíduos de mínimos quadrados estarão não somente correlacionados com a escolaridade, como também à experiência (Antonelli e Cainelli, 1998, apud Moretto, 2000).

Esse método é empregado para corrigir a endogeneidade da equação de rendimentos de Mincer no intuito de eliminar a chance de se obter estimativas viesadas. Este consiste, de acordo com Gujarati (2006, p. 425), no uso de uma variável proxy que seja altamente correlacionada com as variáveis explicativas originais do modelo e não esteja correlacionada com os termos de erro da equação e de medição. Se for possível encontrar tal proxy, então será possível obter uma estimativa consistente de 𝛽.

3.3 Metodologia de Heckmann

Os coeficientes podem ser viesados, quando do momento da estimação por MQO, pelo fato de haver uma seletividade amostral, isto é, são consideradas na amostra apenas as pessoas que não estejam estudando e/ou auferindo renda. Consequentemente, fazem parte do processo de estimação somente aqueles indivíduos que estão no mercado de trabalho. Como afirma Figueiredo Neto (1998), há um número significativo de indivíduos que não participam do mercado de trabalho, mas que são importantes para a obtenção de estimativas consistentes dos parâmetros nas equações de rendimento.

O procedimento de Heckman, portanto, compreende na estimação de duas equações: a equação de participação no mercado e a equação de rendimentos, propriamente dita. De acordo com Bandeira e Jacinto (2010, p. 10), trata-se de uma equação que informa qual a probabilidade de um trabalhador participar do mercado de trabalho considerando um conjunto de características pessoais e de seus parentes. Podemos descrever o modelo a seguir:

𝑦𝑖∗ = 𝛽𝑋

𝑖+ 𝜇𝑖

(29)

27

variáveis explicativas relacionadas ao trabalhador 𝑖. O 𝛽𝑖 mede o efeito de uma mudança em 𝑋𝑖 sobre a variável latente 𝑦𝑖∗. Quanto maior o valor de 𝑦𝑖∗, maior será a probabilidade de o indivíduo trabalhar.

A partir daí, o procedimento inicia a estimação da equação de rendimento,

𝑤𝑖 = 𝛿𝑍𝑖+ 𝜀𝑖

𝑤𝑖 é o logaritmo do salário, 𝑍𝑖 o vetor de caraterísticas pessoais, 𝛿 é um conjunto de parâmetros e 𝜀𝑖, o vetor de erros aleatórios.

Como somente as pessoas que estão trabalhando são levadas em consideração na amostra, esta é não-aleatória, e por isso há um viés de seletividade, que é explanado da seguinte forma:

𝐸 [𝑤𝑖|𝑍𝑖, 𝑦𝑖= 1] = 𝛿𝑍𝑖+ 𝐸 [𝜀𝑖|𝜇𝑖> −𝛽𝑋𝑖]

E dado que,

𝐸[𝜀

𝑖

|𝜇

𝑖

> −𝛽𝑋

𝑖

] =

𝑐𝑜𝑣(𝜇𝜎𝜇𝑖,𝜀𝑖)

𝐸[

𝜎𝜇𝜇𝑖

|

𝜎𝜇𝜇𝑖

−𝛽𝑋𝜎𝜇𝑖]

=𝑐𝑜𝑣(𝜇𝑖, 𝜀𝑖)𝜎 𝜇

𝜙(𝛽𝑋𝑖) Φ(β𝑋𝑖)

Em que 𝜙 é a função densidade de probabilidade e Φ sua função de distribuição cumulativa. Caso a 𝑐𝑜𝑣(𝜇𝑖, 𝜀𝑖) ≠ 0, estamos trabalhando na presença de viés de seletividade, uma vez que, a esperança do erro será não nula.

Se fizermos,

𝜆 =

𝜙(𝛽𝑋𝑖 𝜎 𝜇 ⁄ )

Φ(𝛽𝑋𝑖 𝜎 𝜇 ⁄ )

A penúltima equação ficará assim,

(30)

28

A partir da estimação dos parâmetros 𝛽 𝑒 𝜇𝑖 obtém-se a variável 𝜆, como mostra Heckmann (1974), que é conhecida como o inverso da razão de Mills, a qual é inserida na equação minceriana como uma variável explanatória como segue:

𝑊

𝑖

= 𝛿𝑍

𝑖

+ 𝜆Θ

(31)

29

4. RESULTADOS

A primeira equação estimada, como pode ser vista na coluna 1 da tabela 5, foi a proposta por Mincer (1974), por meio do MQO levando em consideração o fator de expansão da amostra. Logo após, na coluna 2, têm-se a estimação com a inclusão de variáveis dummy para mensurar os efeitos da discriminação por sexo, cor e filiação sindical no mercado de trabalho e por fim, na coluna 3, a estimação pelo MVI. Os resultados estão expostos na seguinte tabela:

Tabela 5 - Estimação da Equação de Rendimentos

(1) (2) (3)

salario salario salario

estudo 0.102*** 0.103*** 0.490***

(19.01) (19.45) (4.53)

exp 0.0366*** 0.0347*** 0.0616***

(7.05) (6.96) (5.53)

exp2 -0.000490*** -0.000450*** 0.000454

(-4.68) (-4.47) (1.42)

sexo 0.483*** 0.888***

(16.87) (6.98)

cor 0.186*** -0.145

(5.45) (-1.27)

sindicato 0.307*** -0.291

(8.62) (-1.64)

_cons 7.539*** 7.163*** 2.527

(92.34) (84.76) (1.95)

N 4213 4213 4213

Estatística t entre parênteses

* p<0.05, ** p<0.01, *** p<0.001

(32)

30

muito abaixo do observado por Salvato (2007) que foi de 0,3603, e de Mincer (1974) que foi de 0,285. Os testes F(132,79) e t são significativos ao nível de 5% de significância. Tanto na coluna 1,2 e 3, os coeficientes são estatisticamente significantes, a exceção das variáveis cor e sindicato estimadas pelo MVI. Observa-se que os estudos implicam em um retorno médio positivo sobre os rendimentos dos indivíduos.

O (𝑅2) obtido pela equação da coluna 2 foi de 0,2167, acima do valor encontrado na equação minceriana sem discriminação. Observa-se uma forte influência dos componentes discriminatórios na determinação da renda. A participação sindical e a questão do gênero têm um forte peso na determinação dos salários dos trabalhadores, indicando que os homens e as pessoas filiadas a sindicatos terão maiores rendimentos. Os resultados da coluna 1 e 2 corroboram a teoria ao mostrar que a experiência guarda uma relação positiva com a variação nos rendimentos e é, portanto, um componente importante na explicação na determinação salarial individual, dada sua significância estatística.

Para o MVI12, utilizou-se a variável aluguel como proxy para renda da família de origem, pois consiste em um bom indicador sobre as condições da família na qual o indivíduo foi educado, conforme sugere Salvato (2007). O teste de Wald13comprovou a significância estatística (a 5% e 1% de significância) desta variável na equação reduzida14. O teste de Hausman foi empregado para testar a endogeneidade da educação15 e reforçar a importância do emprego de algum instrumento para a educação para a estimação de seus retornos. Com o emprego do instrumento, pode-se notar que o retorno médio para cada ano de estudo foi substancialmente maior e equivalente a 49%.

Tabela 6 - Estimação da Equação de Rendimentos pelo Procedimento de Heckman

(1) salario

estudo 0.0822***

(6.73)

exp -0.0465*

(-2.28)

exp2 0.000387

12 Método de Variáveis Instrumentais. Nesta estimação, o

𝑅2encontrado foi de 0, 2862. 13 F(1, 261) =19.96 /Prob> F = 0.0000

14 A equação que relacionou os anos de estudo (variável dependente) com aluguel, experiência, experiência ao

quadrado, cor, sexo e sindicato (variáveis explanatórias).

(33)

31

(1.39)

cor 0.223***

(3.82)

sindicato 0.382***

(6.10)

lambda -3.778***

(-4.31)

_cons 9.367***

(16.98)

N 1316

Estatística t entre parênteses A amostra expandida corresponde a 443.860

*p< 0.05, **p< 0.01, ***p< 0.001

Com o emprego da metodologia de Heckman, o coeficiente da educação apresentou uma magnitude um pouco abaixo do resultado encontrado com MQO. A taxa de retorno da escolaridade foi de 8,22%, ressaltando a presença de viés de seleção amostral da variável estudo na aplicação dos mínimos quadrados.

(34)

32

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho procurou mensurar o impacto da escolaridade sobre o rendimento das pessoas no estado do Ceará, em especial os indivíduos da região metropolitana.

O referencial teórico tomado para tal análise consistiu, primeiramente, nos estudos de Becker (1962), Schultz (1973) e Mincer (1974), e ademais, nos resultados empíricos obtidos por uma gama de trabalhos que trataram da temática do capital humano.

Tendo em vista as recomendações da literatura sobre o tema, empregou-se os métodos de MQO, MVI e o Procedimento de Heckman como um meio para obter as estatísticas relevantes no sentido de poder quantificar as relações entre as variáveis objeto desta investigação.

Constatou-se que os retornos da escolaridade sobre a renda no estado do Ceará, quando estimados por MQO, são positivos, porém abaixo dos valores encontrados por Salvato (2007) que foi de 16,15.

Há uma forte influência do fator discriminatório, tanto no que diz respeito ao gênero, raça como também à filiação sindical.

Os resultados obtidos com o método de variáveis instrumentais indicam que, devido à endogeneidade da educação, a taxa de retorno da escolaridade pode estar sendo subestimada.

A educação é, portanto, um elemento indispensável no que tange a ser utilizada como ferramenta para maiores retornos sobre os salários. Não obstante, é de extrema importância a adoção de políticas públicas com intuito de mitigar a discriminação presente no mercado de trabalho.

(35)

33

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(38)

36

APÊNDICE

Tabela 7 - Descrição das Variáveis Utilizadas na Equação de Participação do Mercado de Trabalho

Condição na Ocupação Assume valor 1 se o indivíduo está ocupado

estudo Anos de Estudo exp Experiência

exp2 Experiência ao Quadrado

sexo Assume valor 1 se o indivíduo é homem cor Assume valor 1 se o indivíduo é branco

chefe Assume valor 1 se o indivíduo é chefe da família nfilhos Número de filhos na família

casado Assume valor 1 se o indivíduo é casado

rendanaotrabalho Renda não proveniente do trabalho=aluguel+pensão+abono+aposentadoria+juros) filhofam Assume valor 1 se o indivíduo é filho na família

Variável Dependente Descrição

Imagem

Figura 2 - Anos médio de estudo da população acima de 25
Tabela 1 - Estatísticas descritivas para variável educação segundo a característica do  indivíduo na amostra  –  Região Metropolitana de Fortaleza  –  2012
Tabela 3 - Média dos Rendimentos segundo as características do indivíduo
Tabela 4 - Descrição das Variáveis do Modelo
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