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O DESEMBARQUE DE PESCADO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA USINA HIDRELÉTRICA DE TUCURUÍ, ESTADO DO PARÁ, BRASIL,

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COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS

XXVIISEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS

BELÉM –PA,03 A 07 DE JUNHO DE 2007

T99–A02

XXVII Seminário Nacional de Grandes Barragens 1

O DESEMBARQUE DE PESCADO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA USINA HIDRELÉTRICA DE TUCURUÍ, ESTADO DO PARÁ, BRASIL, 2001-2005

Anastácio A. JURAS

Biólogo, Dr., Analista de Meio Ambiente - Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A Israel H. A. CINTRA

Doutorando em Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará José A. C. ANDRADE

Agrônomo - Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A

RESUMO

O material objeto deste estudo foi coletado no período de 2001 a 2005. Os coletores foram estrategicamente distribuídos nos portos de desembarque situados nos municípios de Marabá, Itupiranga, Jacundá e Tucuruí (à montante) e nos municípios de Tucuruí, Baião, Mocajuba, Cametá e Limoeiro do Ajuru (à jusante). Os dados indicam o mapará, as pescadas, os tucunarés e a curimatã, como as principais espécies capturadas, respectivamente. Os desembarques de pescado registraram em 2002 o total de 5.662.967 kg e em 2003 o total de 8.551.033 kg, sendo respectivamente o menor e o maior desembarque para o período estudado (2001/2005). O estudo ratifica a grande importância da pesca artesanal na área de influência da usina hidrelétrica de Tucuruí.

ABSTRACT

The data on this study were collected during the period of 2001-2005. The sample stations were strategically and uniformly distributed at the docks in the following the municipalities: Marabá, Itupiranga, Jacundá and Tucuruí (upstream) and Tucuruí, Baião, Mocajuba, Cametá and Limoeiro do Ajuru (downstream). Fish stocks with better adapted reproductive biology and feeding behavior to freshwater lake environments such as mapará, pescada, tucunaré and curimatã, grew exponentially. Commercial cl fish landings registered the amount of 5,662,967 kg in 2002, and 8,551,033 kg in 2003, being the lowest and the highest landings during the period. The study ratifies the great importance of small-scale fishery around hydroelectric power station of Tucuruí.

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1. INTRODUÇÃO

A pesca na área de influência da UHE de Tucuruí é uma atividade de elevada importância social e econômica, especialmente para os municípios situados a montante e a jusante da barragem. Muitos empregos são gerados por esta atividade e estima-se que cerca de 10.000 pescadores atuam na área de desembarque, o que representa uma população humana de aproximadamente 50.000 pessoas que dependem diretamente e indiretamente da pesca [1].

No trecho a montante da barragem os municípios contemplados estão localizados na Mesorregião Sudeste Paraense, sendo que Tucuruí (trecho a montante), Jacundá e Itupiranga, pertencem à Microrregião de Tucuruí, e Marabá à Microrregião de Marabá. A jusante da barragem localiza-se o município de Tucuruí (trecho a jusante), localizado na Mesorregião Sudeste Paraense e na Microrregião de Tucuruí estão os municípios de Baião, Mocajuba e Cametá pertencentes a Mesorregião Nordeste Paraense e à Microrregião de Cametá.

A administração dos recursos pesqueiros fundamenta-se em estudos sobre os padrões e níveis de explotação ao qual estão submetidos os estoques de pescado. Para a realização desses estudos, é fundamental um programa consistente de coleta de dados estatísticos que permita a geração de séries temporais de informações confiáveis sobre as pescarias. Sem estas informações não é possível pretender-se qualquer interferência no setor, seja no sentido de desenvolver, incentivar ou desacelerar a explotação de um recurso qualquer e, assim, fazer uso contínuo e sustentado do mesmo. Portanto a coleta sistemática de informações não é um fim em si mesmo, mas uma etapa indispensável para subsidiar o processo de tomada de decisões políticas, por parte do governo ou do setor produtivo, e deve, portanto, ser considerada como atividade prioritária.

O “Catálogo dos Peixes Comerciais do Baixo Tocantins” registra que a ictiofauna dos rios Araguaia-Tocantins na época era representada por cerca de 300 espécies, 126 gêneros e 34 famílias, com predominância dos Characiformes, Siluriformes e Ciclídeos [2]. Passados 20 anos, o inventário da ictiofauna feito no período de 1999 a 2003, resultou na identificação de 13 ordens, 42 famílias e 217 espécies [3].

Tendo como base às espécies exploradas e os aparelhos de pesca, pode-se criar categorias de peixes conforme o comportamento migratório da espécie. Assim, as espécies capturadas comercialmente podem ser definidas em três grandes grupos: as que realizam extensas migrações, as que migram moderadamente e as que se deslocam entre os diferentes habitats aquáticos, porém, não necessitam realizar grandes migrações para completar seu ciclo biológico.

As espécies que realizam extensas migrações são aquelas que percorrem longos trechos da calha do rio e que possuem fortes relações com o estuário. As espécies que pertencem a esse grupo são da ordem Siluriformes e as mais conhecidas são do gênero Brachyplatystoma, como a piramutaba Brachyplatystoma vaillantii

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As espécies que realizam estas migrações pertencem à ordem Characiformes, como pacu Mylossoma duriventre (Cuvier, 1818), jaraqui Semaprochilodus brama (Valenciennes, 1850) e curimatã Prochilodus nigricans Agassiz, 1829 entre outras. As espécies que não realizam migrações para completarem o seu ciclo biológico são aquelas tipicamente de várzea, como as das famílias Osteoglossidae, como o pirarucu Arapaima gigas (Schinz, 1822), Cichlidae como o tucunaré Cichla

monoculus Spix & Agassiz, 1831 e Sciaenidae tal com a pescada-branca Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840).

O objetivo do trabalho é divulgar dados de desembarque pesqueiro na área de influência da UHE de Tucuruí no período de 2001 a 2005, com vistas a subsidiar estudos sobre o desempenho da atividade pesqueira, a avaliação dos estoques em explotação, a identificação de potenciais pesqueiros alternativos e análises setoriais diversas, voltados para a gestão sustentável dos recursos pesqueiros a montante e a jusante da barragem.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O material objeto deste estudo foi coletado no período de 2001 a 2005. Os portos de desembarque a montante estão localizados nos municípios de Marabá, Itupiranga, Jacundá e Tucuruí e os situados à jusante estão localizados nos municípios de Tucuruí, Baião, Mocajuba, Cametá e Limoeiro do Ajuru.

O projeto de estatística pesqueira da UHE de Tucuruí consiste de uma série de procedimentos amostrais e um sistema de processamento de dados a partir do qual é delineado e implementado um programa contínuo de coleta de dados.

As informações coletadas pelo programa são os locais de desembarque: quantidade, localização, caracterização, hábitos de pesca; as embarcações de pesca: tipos, quantidade por tipo, características principais (tamanho, tripulação, etc.), pescarias que desenvolvem; as artes de pesca: tipos, quantidade por tipo, características principais, espécies capturadas; os desembarques: quantidade por espécie, por aparelho de pesca, por embarcação, por área de pesca, por local, valor; o esforço de pesca: número de pescadores por embarcação, número de viagens por barco e por período, duração das viagens, outros (número de lances, número de anzóis, etc.); e as espécies: espécies mais capturadas, descrição de safras, destino da produção (consumo local, venda, descarte, etc.).

Para obtenção das estimativas de desembarque, são coletados diferentes tipos de dados conforme as características das pescarias e dos locais de desembarque, bem como dos recursos humanos e materiais disponíveis.

Para análise das espécies de importância comercial foram destacadas as de maior volume de desembarque. As espécies selecionadas foram os tucunarés, as pescadas, a curimatã e o mapará.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. PRODUÇÃO DE PESCADO

Os dados apontam que as principais espécies capturadas na área de influência da UHE de Tucuruí são: mapará Hypophthalmus marginatus Valenciennes, 1840, pescada-branca (Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) e Plagioscion auratus (Castelnau, 1855)), tucunaré (Cichla monoculus Spix & Agassiz, 1831 e Cichla sp.), curimatã Prochilodus nigricans Agassiz, 1829, jatuarana Hemiodus unimaculatus (Bloch, 1794), acará-tinga Geophagus proximus (Castelnau, 1855), branquinha (Curimata inornata Vari, 1989 e Curimata vittata (Kner, 1858)), piau (Schizodon

vittatum (Valenciennes, 1849), Anostomoides laticeps (Eigenmann, 1912), Laemolyta petiti Géry, 1964 e jaraqui Semaprochilodus brama (Valenciennes, 1850) (a

montante), e mapará Hypophthalmus marginatus Valenciennes, 1840 e camarão-regional Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862), (a jusante)).

FIGURA 1. Produção total de pescado na área de influência da usina hidrelétrica de Tucuruí nos anos de 2001 a 2005.

Os dados apresentados ratificam a grande importância que é a pesca artesanal na área de influência da UHE de Tucuruí. Esta atividade gera empregos e renda para todos os atores envolvidos na atividade pesqueira. Como podemos observar na Figura 1 a atividade no período registrou no ano de 2002 um desembarque de 5.662.967 kg e em 2003 de 8.551.033 kg, sendo respectivamente o menor e maior desembarque para o período em estudo. Atualmente a produtividade da pesca extrativista na área de influência da UHE de Tucuruí apresenta um volume superior a de muitos estados do Brasil. Observando dados da Estatística Pesqueira Nacional de 2003 [4], e comparando apenas a nível regional o volume desembarcado, verificamos uma produtividade na área de estudo superior a dos estados de Roraima, Acre, Rondônia e Tocantins.

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FIGURA 2. Produção mensal média de pescado (kg) a montante e a jusante da barragem da usina hidrelétrica de Tucuruí no período de 2001 a 2005.

Na Figura 2 observamos que a área situada a montante da barragem é a principal área produtora de pescado. Os meses que vão de março a outubro apresentam níveis de produção estáveis, provavelmente associados ao menor quantidade de água no reservatório provocado pela estiagem na região o que facilita o extrativismo.

FIGURA 3. Desembarque de pescado mensal, total e por espécie alvo na área de influência da Usina Hidrelétrica de Tucuruí durante o período de 2001 a 2005 (kg).

Na Figura 3, podemos observar os níveis de captura mensais e a representatividade do mapará (38,78%), das pescadas (18,54%), dos tucunarés (13,43%) e curimatã (5,38%). Nesta Figura destacam-se dois picos de produção anual, o primeiro em março e o segundo em outubro. O primeiro é sustentado pela pesca das pescadas e tucunarés e o segundo pela grande produção de mapará que ocorre nos meses de setembro e outubro. A queda dos desembarques de novembro a fevereiro esta diretamente relacionado ao defeso da piracema na bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Gurupí, fixada para o período de 1º de novembro a 28 de fevereiro, de cada ano [6].

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FIGURA 4. Produção pesqueira (kg) à montante e à jusante da UHE de Tucuruí por porto e por ano no período de 2001-2005.

A montante da UHE de Tucuruí o Mercado do 11, localizado no município de Tucuruí, é o principal porto de desembarque. O município de Jacundá com a produção dos portos de desembarque do “Porto Novo” e “Santa Bárbara” destaca-se como o segundo produtor de pescado, seguido pelo município de Itupiranga. Já a jusante da UHE de Tucuruí, os portos de desembarques situados nos município de Tucuruí e Cametá, intercalam-se no período, como principal produtor de pescado (Figura 4).

3.2. TUCUNARÉS

O gênero Cichla está representado no trecho do rio Tocantins a montante da barragem da UHE de Tucuruí até Marabá pelo menos por duas espécies (Cichla

monoculus Spix & Agassiz, 1831 e Cichla sp.), conhecidas respectivamente como

tucunaré-comum e tucunaré-açu [3], ou simplesmente tucunaré, já que os dados de desembarque pesqueiro não discriminam o percentual das mesmas.

Espécies carnívoras, os tucunarés são característicos de ambientes lênticos, apresentando bom desenvolvimento em grandes reservatórios e nos locais dos rios onde a água fica mais parada, nas ressacas e próximo às margens. Por isso, no trecho do rio Tocantins a montante da barragem da UHE de Tucuruí, principalmente no trecho correspondente ao reservatório a captura é muito intensa utilizando principalmente a de linha de mão/caniço e secundariamente com malhadeira.

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FIGURA 5. Produção de tucunarés na área de influência da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no período de 2001 a 2005: a) Percentual em relação ao total capturado por

ano e pelo período; b) Produção por área c) Variação da produção mensal e d) Variação anual.

Na Figura 5 pode-se observar uma maior representatividade de tucunaré em relação ao total desembarcado no ano de 2005 (16,73%) e uma menor participação no ano de 2001 (10,93%). O período apresentou uma participação em torno de 13%. A produção média de tucunarés desembarcados variou de 1.054.906 kg (16,73%) em 2005 a 785.067 kg (10,93%) em 2001. O desembarque de tucunarés no período de 2001 a 2005 representou uma produção média de 936.906 (13,43%) do total desembarcado, contra uma produção anual de 816.020 kg registrada em 1987/1988 [5], o que reflete uma certa estabilidade da produção desta espécie. Deve-se, no entanto, salientar que durante os anos de 1987/1988 a produção de tucunaré correspondia a quase 60% da produção [5], o que mostra o aumento relativo de outras espécies de pescado nas capturas atuais.

Na Figura 5 podemos observar ainda um pico de desembarque nos meses de janeiro e fevereiro, provavelmente em decorrência do aumento do esforço de pesca. A Portaria nº 46, de 27 de outubro de 2005, permiti a pesca, na Bacia Hidrográfica dos Rios Tocantins e Gurupí, aos pescadores embarcados e desembarcados, utilizando apenas, linha de mão ou vara, caniço simples, com molinete ou carretilha, com iscas naturais ou artificiais [6].

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3.3. PESCADAS

O gênero Plagioscion está representado por duas espécies Plagioscion

squamosissimus (Heckel, 1840) e Plagioscion auratus (Castelnau, 1855),

conhecidas respectivamente como branca e branca ou pescada-preta [3], ou simplesmente pescada. Nos desembarques as duas espécies são identificadas apenas como pescada e estão presentes tanto na jusante como na montante do reservatório.

A pescada encontra-se amplamente distribuída nas principais bacias hidrográficas brasileiras, especialmente na bacia amazônica onde apresenta grande importância comercial. Ocorrem preferencialmente em águas paradas e em zonas profundas. São peixes carnívoros cujos padrões de migração ainda não são conhecidos [7]. No trecho do rio Tocantins a montante da barragem da UHE de Tucuruí até Cametá, a captura da pescada é intensamente observada no reservatório e também no trecho mais a montante, com grande importância na região de Itupiranga, o que está provavelmente relacionado com a presença dos lagos marginais. A pescada é um peixe de excelente aceitação comercial na região e, juntamente com o tucunaré, é considerado peixe de 1ª categoria.

Os apetrechos mais utilizados na captura destas espécies são o caniço/linha de mão com anzóis números 7 e 8 e as malhadeiras fixas de 100 a 400 m de comprimento, 1 a 2 m de altura e diâmetro de malha entre 8 a 13 cm entre nós opostos.

O desembarque de pescada no ano de 2003 apresentou 1.641.518 kg, o que representou 19,20% do total dos desembarques e no ano de 2005 989.531 kg, sendo no período, respectivamente, a maior e a menor produção. A produção anual registrada em 1987/1988 foi de 309.400 kg [5], o que mostra um aumento significativo desta espécie.

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FIGURA 6. Produção de pescadas na área de influência da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no período de 2001 a 2005: a) Percentual em relação ao total capturado por ano e pelo período; b) Produção por área c) Variação da produção mensal e d) Variação anual.

A Figura 6 aponta um pico de desembarque no mês de março e um menor registro de desembarque no mês de novembro para o período. A Portaria nº 46, de 27 de outubro de 2005, permiti a pesca, na bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Gurupí, aos pescadores embarcados e desembarcados, utilizando linha de mão ou vara, caniço simples, com molinete ou carretilha, com iscas naturais ou artificiais [6].

3.4. CURIMATÁ

A espécie Prochilodus nigricans Agassiz, 1829 é comercialmente importante no trecho do rio Tocantins a montante da barragem da UHE de Tucuruí até Marabá, principalmente nas áreas marginais do reservatório e na região de Itupiranga. A espécie é capturada principalmente nas bocas de igarapés, por meio de redes de espera e tarrafa.

O sucesso da desova desta espécie está intimamente associado com o ciclo hidrológico anual, pois é necessária uma grande quantidade de chuvas para que ocorra um período longo o bastante, para que os juvenis possam sair dos igapós e lagoas e igarapés marginais para o reservatório e para o rio. Além disso, quando o ciclo hidrológico anual não é favorável, outros fatores reduzem ainda mais o recrutamento da espécie. Aliada à insuficiência de chuvas, a própria depleção rápida do reservatório, junto com o fechamento dos canais por macrófitas, que impedem a saída de peixes adultos e dos alevinos, provocando altos índices de mortalidade. Outro fator joga de forma negativa contra o recrutamento da espécie é o aumento da

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pressão pesqueira quando da desova, momento em que as matrizes são capturadas pelo fechamento dos canais marginais por malhadeiras.

FIGURA 7. Produção de curimatã na área de influência da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no período de 2001 a 2005: a) Percentual em relação ao total capturado por

ano e pelo período; b) Produção por área c) Variação da produção mensal e d) Variação anual.

O desembarque de curimatã no ano de 2005 foi de 508.416 kg, o que representou 8,06% do total dos desembarques. [5] relata uma produção anual de 249.890 kg em 1987/1988, a montante da UHE de Tucuruí, mostrando um aumento da produção desta espécie. Já durante os desembarques de 1987/1988, 182.980 kg foram capturados na região de Itupiranga e Marabá, confirmando-se a importância desta espécie a montante do lago, provavelmente pela localização das lagoas marginais de Itupiranga, ecossistema propício para a sua reprodução.

Podemos observar na Figura 7 um pico de desembarque no mês de maio e um menor desembarque nos meses de novembro e março. A queda no desembarque de curimatá é resultado do defeso da piracema na bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Gurupí (Portaria nº 46, de 27 de outubro de 2005). Note-se que mesmo proibida a pesca para esta espécie, ocorre desembarque, provavelmente em decorrência do desrespeito a legislação ambiental.

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3.5. MAPARA

O mapará Hypophthalmus marginatus Valenciennes, 1840 é a principal espécie comercial no trecho do rio Tocantins a montante da barragem da UHE de Tucuruí até Marabá. É um planctófago que atinge cerca de 30 cm de comprimento. Parece desovar uma vez por ano, por ocasião da subida das águas. Ocorre, normalmente, a meia água no leito do rio.

O mapará é a principal espécie comercial no trecho do rio Tocantins a montante da barragem da UHE de Tucuruí até Marabá. Atualmente a montante, os apetrechos mais importantes na sua captura são a malhadeira à deriva e a malhadeira fixa. O habitat de maior captura é no meio do reservatório ou no meio do rio, e no trecho mais a montante, também nas praias. Considerando que o mapará é uma espécie migradora é de se esperar que os picos das capturas se desloquem rio acima à medida que os cardumes realizem suas migrações de desova.

O desembarque de mapará no ano de 2003 foi de 3.319.142 kg, o que representou 36,0% do total dos desembarques, confirmando que o mapará é a principal espécie comercial tanto a montante como a jusante. Para o período foi registrado o menor desembarque em 2001, 1.048.945 kg (27,14%) e média de 2.703.830 kg (38,78%) para o período. Fato interessante é que a produção de mapará era quase inexistente neste trecho em 1987/1988, totalizando apenas 3270 kg em toda a área a montante da UHE de Tucuruí [5], mostrando um aumento explosivo da produção desta espécie.

FIGURA 8. Produção de mapará na área de influência da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no período de 2001 a 2005: a) Percentual em relação ao total capturado por

ano e pelo período; b) Produção por área c) Variação da produção mensal e d) Variação anual.

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Podemos observar na Figura 8 um declínio no desembarque nos meses de novembro e março, resultado do defeso da piracema na bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Gurupí (Portaria nº 46, de 27 de outubro de 2005). Mesma assim ocorre desembarque, tal como ocorre com a curimatã, provavelmente em decorrência do desrespeito a legislação ambiental.

4. CONCLUSÕES

1. Os dados apontam que as principais espécies capturadas na área de influência da UHE de Tucuruí são: mapará Hypophthalmus marginatus Valenciennes, 1840, pescada-branca (Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) e Plagioscion auratus (Castelnau, 1855)), tucunaré (Cichla monoculus Spix & Agassiz, 1831 e Cichla sp.), curimatã Prochilodus nigricans Agassiz, 1829 (à montante), e mapará

Hypophthalmus marginatus Valenciennes, 1840, (à jusante).

2. A principal espécie desembarcada, tanto à jusante com à montante, é o mapará

Hypophthalmus marginatus Valenciennes, 1840;

3. O reservatório formado pelo barramento do rio Tocantins é o principal produtor de pescado da área de influência da UHE de Tucuruí;

4. O estudo ratifica a grande importância da pesca artesanal na área de influência da usina hidrelétrica de Tucuruí.

5. Os picos de desembarque das principais espécies estão associados ao maior ou menor esforço de pesca e pelo uso de pesca multiespecífica para vários petrechos de pesca que variam de ano para ano.

5. AGRADECIMENTOS

Aos técnicos que trabalham no Centro de Proteção Ambiental (CPA) da ELETRONORTE em Tucuruí/PA: Nilo Silva Ferraz, Agildo Gaia Ribeiro, Luiz Carlos Rodrigues Costa, Juarez Campos Tavares, Érico Demétrio Nunes Júnior, Quézia Rodrigues dos Santos, Raimundo Alho Costa, Antônio José Gonçalves Meireles e Sebastião Dias Barradas do Programa de Pesca e Ictiofauna pelas pescarias experimentais, atividades de laboratório e acompanhamento dos desembarques que fundamentaram este estudo.

6. PALAVRAS-CHAVE

UHE de Tucuruí, desembarque de pescado, pesca extrativista, pesca artesanal, usina hidrelétrica de Tucuruí.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] JURAS, A. A.; CINTRA, I. H. A.; LUDOVINO, R. M. R. (2004) - A pesca na área de influência da usina hidrelétrica de Tucuruí, estado do Pará. Bol. Téc. Cient. CEPNOR, Belém, v. 4, n. 1, p. 77-88, 2004.

[2] SANTOS, G.M.; JEGU, M. & MERONA, B. (1984) - Catálogo de Peixes Comerciais do Baixo rio Tocantins. 1a Edição. ELETRONORTE/INPA. 83 páginas.

[3] SANTOS, G. M. dos; MERONA, de B.; JURAS, A.A.; JÉGU, M. (2004) - Peixes do baixo rio Tocantins: 20 anos depois da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Brasília: Eletronorte, 216p.

[4] IBAMA. (2004). Estatística da Pesca Nacional 2003: grandes regiões e unidades da federação. Brasília, 98p.

[5] CET – Consórcio Engevix-Themag (1989). UHE Tucuruí, plano de utilização do reservatório: A pesca nas áreas de influência e de jusante. Caracterização Preliminar. Relatório TUC 10-26443-RE. Brasília: Consórcio Engevix-Themag, 122p.

[6] MMA. (2005). Instrução Normativa No – 46, de 27 de outubro de 2005. DOU 28.10.2005.

[7] GOUDING, M. 1980. The fishes and the forest – explorations and amazonian natural history. London, University of California Press. 280 p.

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