Deflação dos Alimentos em Março

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Edição 12/2021 | 12 de Abril www.cnabrasil.org.br

Deflação dos Alimentos em Março

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou aumento geral dos preços de 0,93% em março de 2021. Conforme divulgado hoje pelo IBGE. O mercado esperava um resultado próximo de 0,90% desde a segunda metade de março, chegando à 0,95% no último Boletim Focus (BCB). A expectativa para 2021 continua sendo revisada para cima, começando em 3,32% nos primeiros dias do ano e alcançando 4,81% no início de abril, um mês antes era 3,90%.

No mesmo mês do ano passado a inflação registrada foi de 0,07%. Assim como fevereiro, março

também foi o pior dos últimos 5 anos, também acima da média para os meses de março desde o Plano Real, que é de 0,58%, assim como da média de anos recentes (2017 a 2020), que foram relativamente os mais baixos (0,42%).

Gráfico 1 - IPCA - Meses de Março de Cada Ano (%)

Fonte: IBGE. Elaboração: SUT/CNA.

A tendência de desaceleração da inflação dos alimentos iniciada em novembro de 2020 atingiu o quinto mês consecutivo, principalmente na alimentação no domicílio, que alcançou o patamar negativo (deflação) no mês. Alimentação e bebidas registraram alta de 0,13% e o subgrupo alimentação no domicílio teve queda de 0,17%.

1 ,5 5 0 ,3 5 0,5 1 0 ,3 4 1 ,1 0 0 ,2 2 0,3 8 0,6 0 1 ,2 3 0 ,4 7 ₀,6 1 0,4 3 0 ,3 7 ₀,48 0 ,2 0 0 ,5 2 0 ,7 9 0 ,2 1 0 ,4 7 0 ,9 2 1 ,3 2 0 ,4 3 0 ,2 5 0 ,0 9 0,7 5 0 ,0 7 0 ,9 3 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 200 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 2 0 1 8 201 9 2 0 2 0 2 0 2 1

IPCA - Variação mensal (%) Média Plano Real (0,58%) Média 2017-2020 (0,42%)

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Gráfico 2 - IPCA - Geral e Grupos (%)

Os combustíveis continuam pressionando os custos de transporte de insumos e produtos, dificultando a queda mais expressiva dos preços dos alimentos para o consumidor final. A alta nos preços nos combustíveis em março foi de 11,23% e do óleo diesel 9,05%, em fevereiro foram, respectivamente, 7,09% e 5,4%.

A inflação geral acumulada no primeiro trimestre do ano é de 2,1%, mais de quatro vezes o resultado do mesmo período de 2020 (0,5%), contudo, os alimentos tiveram altas menores, já que as fortes altas de 2020 ocorreram principalmente no segundo semestre.

Gráfico 3 - IPCA - Geral e Grupos – 1º Trimestre de Cada Ano (%)

3 ,3 3 2 ,1 2 1 ,0 6 0 ,2 8 -0 ,1 7 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 jan 2020 fev 2020 mar 2020 abr 2020 mai 2020 jun 2020 jul 2020 ago 2020 set 2020 out 2020 nov 2020 dez 2020 jan 2021 fev 2021 mar 2021 Alimentação e bebidas Alimentação no domicílio Índice Geral

1 ,9 2,3 1 ,2 1 ,9 2,2 3 ,8 2 ,6 1 ,0 0 ,7 1 ,5 0 ,5 2 ,1 2 ,3 2,7 1 ,3 4 ,6 3 ,4 ₃,5 4 ,6 0 ,2 0,5 3 ,1 1 ,6 1 ,4 2 ,3 2 ,1 0 ,9 5 ,6 3 ,6 ₃,7 5 ,9 -0 ,3 0 ,3 4 ,3 1 ,7 1 ,2 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

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No acumulado dos últimos 12 meses o índice geral foi de 6,1%, 13,87% em alimentação e bebidas e 17,57% em alimentação no domicílio.

As tabelas 1 e 2 mostram os principais alimentos consumidos no domicílio que tiveram maior impacto, tanto em termos de alta como de baixa, levando em consideração a ponderação de cada item no IPCA de março, e suas respectivas variações mensais de preço.

Tabela 1. Maiores Impactos de Alta - Produtos Selecionados

Produtos Variação (%) Impacto (p.p.)

Manga 28,5 0,018

Mamão 21,3 0,019

Ovo de galinha 3,6 0,009

Tabela 2. Maiores Impactos de Baixa - Produtos Selecionados

Produtos Variação (%) Impacto (p.p.)

Tomate -14,1 -0,035

Maçã -9,7 -0,017

Batata-inglesa -8,8 -0,019

Leite longa vida -2,3 -0,016

Arroz -2,1 -0,017

As razões para os resultados das tabelas 1 e 2 são apresentados em mais detalhes a seguir:

Principais Altas de Preço no mês de Março/2021:

Manga – Os preços da manga têm sido influenciados pela sazonalidade de produção. A oferta ainda restrita no Vale do São Francisco (BA/PE) e a demanda ativa tem contribuído para a elevação dos preços. Ainda, a safra menor no Peru tem favorecido a participação da manga brasileira no mercado internacional. Para o próximo mês, há uma grande incerteza, mas as medidas de restrição adotadas no Brasil, as limitações de voos internacionais e o avanço da safra no Vale do São Francisco podem contribuir para a ampliação da oferta no mercado interno.

Mamão – Com a maturação antecipada pelas altas temperaturas nos meses de janeiro e fevereiro, a oferta de frutos foi menor no mês de março no Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo. Ainda, as exportações mantiveram aquecidas, com um aumento de 17% em relação a março de 2020. No entanto, as medidas de restrição têm afetado o setor de food service, que aliadas a recuperação da produção podem contribuir para um recuo dos preços em abril.

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Ovo de galinha – Fruto da redução de matrizes nos meses anteriores, que foram descartadas devido a baixa remuneração e alto custo de produção, o déficit de ovos no mercado doméstico gerou um aumento de preços ao consumidor. Além desse movimento de redução da oferta, os consumidores, atentos aos aumentos nas demais proteínas animais, buscaram no ovo a opção de proteína de alto valor biológico e baixo custo.

Principais Quedas de Preço no mês de Março/2021:

Tomate – As reduções de preço foram impulsionadas demanda retraída. Mesmo com a oferta da safra de verão aquém do esperado para o mês, os preços foram menores no mês de março diante do esfriamento do food service e das redes de fast food pelas medidas de restrição.

Maçã – A intensificação da safra na região Sul do Brasil tem ampliado a oferta da fruta no mercado, promovendo a redução sazonal dos preços. A exportação menor, em relação ao mesmo período do ano passado, pode ter contribuído também para uma maior oferta no mercado interno em um momento de demanda restrita pela pandemia.

Batata-inglesa – a redução da demanda para fast food e restaurantes impactou negativamente os preços do tubérculo em março. Mesmo com a diminuição da oferta pela aproximação do fim da safra e com dificuldades de colheita devido as condições climáticas nas Regiões Sul e Sudeste, a demanda reduziu mais que proporcional no mês de março pressionando para baixo os preços.

Leite longa vida - A fragilidade do consumo pela população continua refletindo em compras à conta-gotas pelo varejo, induzindo reduções nos preços industriais dados os estoques repletos. Essa situação tem preocupado as indústrias, provocando o direcionamento à produtos de maior valor agregado em seu mix de comercialização. Com o ganho de competitividade do leite nacional frente ao importado, o volume de importação em março apresentou queda de 8,3% ante fevereiro. Contudo, os volumes ainda são 52% superiores em relação à março de 2020.

Arroz - Em março os preços do arroz foram afetados pela oferta, que aumentou com a evolução da colheita. No Rio Grande do Sul, a colheita alcançou 70% área e os resultados de produtividade no campo têm sido bons.

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Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA:

Bruno Barcelos Lucchi - Superintendente Técnico Reginaldo Minaré – Superintendente Técnico Adjunto Núcleo Econômico

Renato Conchon – Coordenador

Carolina Yuri Nakamura – Assessora Técnica Elisângela Pereira Lopes – Assessora Técnica Fernanda Schwantes – Assessora Técnica Rafael de Castro Bomfim – Assessor Técnico

Lilian Figueiredo – Coordenadora de Produção Animal Maciel Silva – Coordenador de Produção Vegetal Fábio Carneiro - Assessor Técnico