Elaborado por: Daniel W. Silva Cordeiro Elaborado por: Daniel W. Silva Cordeiro
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● Cruz, Sebastião –Cruz, Sebastião – Direito Romano (ius Direito Romano (ius romanum); romanum); 1 Introdução. Fontes; 1 Introdução. Fontes; 4ª4ª
Edição; Coimbra, 1984. Edição; Coimbra, 1984. ●
● Justo, António Justo, António Santos –Santos – Direito Privado Direito Privado Romano I; Romano I; Parte geral: Introdução.Parte geral: Introdução.
Instituto Superior Bissaya Barreto
Instituto Superior Bissaya Barreto
e
e
Bibliografia:
Bibliografia:
Introdução:
Introdução:
Título I: Conceito de Direito Romano (pp. 7,
Título I: Conceito de Direito Romano (pp. 7, S.C.):S.C.): Por
Por Direito Romano Direito Romano entende-se o conjunentende-se o conjunto de normto de normas ou regrasas ou regras jurídicas que vjurídicas que vigoraramigoraram
no mundo romano desde a fundação de Roma
no mundo romano desde a fundação de Roma (753 a.C.) até (753 a.C.) até 565 d.C. (ano da morte do565 d.C. (ano da morte do imperador do oriente, Justiniano).
imperador do oriente, Justiniano).
a) Certos prolegómenos ao conceito de Direito Romano: a) Certos prolegómenos ao conceito de Direito Romano:
O Homem é um ser livre e sociável, tendo necessidade de viver em comunidade, noO Homem é um ser livre e sociável, tendo necessidade de viver em comunidade, no
entanto, para viver pacifica e ordenadamente é preciso que haja regras que o entanto, para viver pacifica e ordenadamente é preciso que haja regras que o auto-limitem e que proíbam o abuso da
limitem e que proíbam o abuso da liberdadeliberdade (poder de projectar o ideal(poder de projectar o ideal
transcendente de perfeição em nós próprios), para isso
transcendente de perfeição em nós próprios), para isso existemexistem normas sociais - normas sociais
-regras existentes em todas as sociedades que regulam a convivência entre as pessoas. regras existentes em todas as sociedades que regulam a convivência entre as pessoas. Podem ser de vários tipos: normas religiosas, morais, éticas, de educação, de dever – Podem ser de vários tipos: normas religiosas, morais, éticas, de educação, de dever – ser, de diplomacia, de etiqueta e a mais importante,
ser, de diplomacia, de etiqueta e a mais importante, normas jurídicas normas jurídicas (são normas(são normas
que
que eficazmente determinam e proteeficazmente determinam e protegem o que pertence a gem o que pertence a cada um, contribuincada um, contribuindodo para a coexistência pacífica entre
para a coexistência pacífica entre pessoas).pessoas).
AsAsnormas jurídicasnormas jurídicassão eficazes devido ao seu poder coactivo. Desobedecendo asão eficazes devido ao seu poder coactivo. Desobedecendo a
uma norma jurídica há meios coactivo
uma norma jurídica há meios coactivo próprios (geralmpróprios (geralmente do Estado) para ente do Estado) para forçar aforçar a pessoa ao cumprimento dessa norma, e com
pessoa ao cumprimento dessa norma, e com todas as consequências por não ter todas as consequências por não ter havido cumprimento voluntário. O ideal das normas é terem ordem, tranquilidade e havido cumprimento voluntário. O ideal das normas é terem ordem, tranquilidade e darem paz.
darem paz.
O conjunto das normas jurídicas e de O conjunto das normas jurídicas e de preceitos jurídicos formam o Direito (“Ius”).preceitos jurídicos formam o Direito (“Ius”).
CaractCaracterísterísticas das noricas das normas jurmas jurídicasídicas: I –: I – exterexterna; II –na; II – interinterna:na:
I –
I – Externa: refExterna: refere-se à regulamere-se à regulamentação. Tem um carentação. Tem um carácter coactivo, com forçaácter coactivo, com força imperativa ditada e socialmente aceite. Se violarmos a norma, há a aplicação imperativa ditada e socialmente aceite. Se violarmos a norma, há a aplicação coerciva (sanção)
coerciva (sanção) II –
II – Interna: refere-sInterna: refere-se ao conteúdo íntimo da norme ao conteúdo íntimo da norma ou a sua própria essência:a ou a sua própria essência: -- Não abusNão abusar dos seus poar dos seus poderes –deres – honeshoneste vivere (te vivere (a pessoa deve exa pessoa deve exercer ercer rectamente os seus poderes;
rectamente os seus poderes;
-- Não pNão prejudrejudicar ninicar ninguém guém –– alterualterum non lm non laedereaedere;;
-- AtriAtribuir buir a cada um a cada um o que é seu –o que é seu – suum suum cuiqucuique tribue tribuere (dar ere (dar –– transtransferênferência dacia da propriedade; entregar
propriedade; entregar –– transferência da potransferência da posse; ou dar sse; ou dar e entregar).e entregar). b) Análise da expressão: Direit
b) Análise da expressão: Direito Romano –o Romano – Ius Romanum (Ius Romanum (pp.15 S.C.):pp.15 S.C.): A expressão Direito Rom
A expressão Direito Romano éano é composta por duas palavrcomposta por duas palavras: “Direito” e “Romas: “Direito” e “Romano”; paraano”; para se poder definir e compreender o “Direito Romano” é necessário
se poder definir e compreender o “Direito Romano” é necessário primeiro conhecer aprimeiro conhecer a noção de “Ius” (Direito).
noção de “Ius” (Direito). c) Ius (pp.17 S. Cruz) c) Ius (pp.17 S. Cruz)::
1. Noção etimológica: 1. Noção etimológica: Ainda hoje é
Ainda hoje é difícil saber concretamente a origem da palavra “ius”. difícil saber concretamente a origem da palavra “ius”. Há quem defendaHá quem defenda que é uma
que é uma palavra primitiva outros defendem que é uma palavra derivada:palavra primitiva outros defendem que é uma palavra derivada:
Alguns dizem que “ius” provém de “Alguns dizem que “ius” provém de “iussum”iussum” que significa ordem, preceito, algoque significa ordem, preceito, algo
coordenado; coordenado;
seja, ius era o que estava estabelecido pelos juízes
seja, ius era o que estava estabelecido pelos juízes que determinavam o que é justoque determinavam o que é justo ou não (quer isto dizer que ius estaria ligado à actividade judicial);
ou não (quer isto dizer que ius estaria ligado à actividade judicial);
Há também quem defenda que provinha deHá também quem defenda que provinha de “yaus”“yaus”, ou seja, al, ou seja, algo purgo puro,o, bom e sanbom e santo;to;
assim sendo, ius seria algo
assim sendo, ius seria algo proveniente da divindade, provavelmente derivada deproveniente da divindade, provavelmente derivada de Iupiter (Júpiter);
Iupiter (Júpiter);
Actualmente, pode dizer-se que é uma Actualmente, pode dizer-se que é uma palavra primitiva que pode provir de Iustitia epalavra primitiva que pode provir de Iustitia e
de Iupiter e que tem uma relação com as divindades. de Iupiter e que tem uma relação com as divindades.
2. Noção real: 2. Noção real:
Ius
Ius (direito) é tudo aquilo que tem especiais atinências com o(direito) é tudo aquilo que tem especiais atinências com o iustumiustum (o justo, o exacto,(o justo, o exacto, o devido). Ius pode ser tomado em vários sentidos. Muitos autores enumeram 26 o devido). Ius pode ser tomado em vários sentidos. Muitos autores enumeram 26 acepções, a saber 6 delas:
acepções, a saber 6 delas:
Sentido normativo:Sentido normativo: Ius Iusé a norma jurídica, o é a norma jurídica, o conjunto de normas jurídicas ou oconjunto de normas jurídicas ou o
ordenamento jurídico, que determina o modo de ser
ordenamento jurídico, que determina o modo de ser ou de funcionar dumaou de funcionar duma comunidade social, ou ainda de
comunidade social, ou ainda de princípios jurídicos.princípios jurídicos.
Sentido subjectivo:Sentido subjectivo: Ius Ius é a situação jurídica, o poder ou a faculdade moral queé a situação jurídica, o poder ou a faculdade moral que
alguém
alguém tem de exigir, de fazertem de exigir, de fazer, de possuir , de possuir ou simplesmente rou simplesmente reter uma coisa.eter uma coisa.
Sentido objectivo:Sentido objectivo: Ius Ius significa o iustum, o devido, a própria causa justa, asignifica o iustum, o devido, a própria causa justa, a
realidade justa. É
realidade justa. É o objecto, o conteúdo ou âmbito do o objecto, o conteúdo ou âmbito do direito normativo, sobretudodireito normativo, sobretudo do direito subjectivo
do direito subjectivo..
Sentido do ius enquanto local:Sentido do ius enquanto local: tem o significado de lugar onde se administra atem o significado de lugar onde se administra a
justiça (tribunal). justiça (tribunal).
Sentido de ius enquanto saber jurídico:Sentido de ius enquanto saber jurídico: significa estudo do direito;significa estudo do direito;
conhecimento jurídico. Exemplo: O Daniel estuda direito no ISBB (direito aqui é conhecimento jurídico. Exemplo: O Daniel estuda direito no ISBB (direito aqui é entendido como curso, ciência jurídica…).
entendido como curso, ciência jurídica…).
Sentido do ius enquanto património:Sentido do ius enquanto património: tem a ver com o património (activo outem a ver com o património (activo ou
passivo) de uma pessoa. passivo) de uma pessoa. d) Acepções d
d) Acepções da expressão “Direito Romano” (pp.33,S.Cruz):a expressão “Direito Romano” (pp.33,S.Cruz): 1.
1. SentidSentido o rigororigoroso so (st(stricto ricto sensu)sensu)::
Conjunto de normas jurídicas que vigoraram em Roma e
Conjunto de normas jurídicas que vigoraram em Roma e nos seus territórios desdenos seus territórios desde 753 a.C. até
753 a.C. até 565 d.C. data da 565 d.C. data da morte de Justiniano. É o ius romanum propriamentemorte de Justiniano. É o ius romanum propriamente dito. Ocupa o períod
dito. Ocupa o período de cerca de o de cerca de 13 séculos (713 séculos (7 séculos a.C. e 6 séculoséculos a.C. e 6 séculos d.C.)s d.C.) Esse conjunto de normas jurídicas, na
Esse conjunto de normas jurídicas, na sua formação mais desenvolvida, encontra-sesua formação mais desenvolvida, encontra-se fundamentalmente no Cor
fundamentalmente no Corpus Iuris Civilis –pus Iuris Civilis – compilação do ius romcompilação do ius romanum a mando doanum a mando do imperador Justiniano no século VI.
imperador Justiniano no século VI. 2.
2. SentSentido Aido Amplmplo (lao (lato to sensensu)su)::
É a tradição romanista. Abrange o período
É a tradição romanista. Abrange o período desde a recepção do direito desde a recepção do direito romano até aosromano até aos nossos dias.
3.
3. SentidSentido muio muito amto amplo (plo (sensu sensu latíslatíssimo)simo):: Diz respeito a
Diz respeito a tudo que é direito romano. É a tudo que é direito romano. É a junção do direito romano stricto sensujunção do direito romano stricto sensu com o direito romano lato
com o direito romano lato sensu (tradição romanista).sensu (tradição romanista). e) Ius romanum stricto sensu (pp.39
e) Ius romanum stricto sensu (pp.39 S. Cruz):S. Cruz):
O Direito Romano stricto sensu, não é todo igual, nesses 13 séculos da sua vida (753 O Direito Romano stricto sensu, não é todo igual, nesses 13 séculos da sua vida (753 a.C. –
a.C. – 565 d.C.). Como é natural, nesse ciclo ininterru565 d.C.). Como é natural, nesse ciclo ininterrupto de vigência, o sistempto de vigência, o sistema jurídicoa jurídico romano teve de
romano teve de sofrer alterações profundas, para corresponder às transformações sociaissofrer alterações profundas, para corresponder às transformações sociais dos tempos. No início, o
dos tempos. No início, o direito romano apenas era aplicado aos quirites direito romano apenas era aplicado aos quirites (cidadãos(cidadãos romanos). Depois, o Ius Romanum apresenta uma evolução c
romanos). Depois, o Ius Romanum apresenta uma evolução completa: nasce, cresce,ompleta: nasce, cresce, atinge o apogeu, decai; retoma uma fase de certo esplendor, para depois, se codificar. atinge o apogeu, decai; retoma uma fase de certo esplendor, para depois, se codificar. Forma um ciclo evolutivo perfeito.
Forma um ciclo evolutivo perfeito. O Ius Rom
O Ius Romanum pode ser peranum pode ser periodizado em relaçãoiodizado em relação aos critérios:aos critérios:
CritéCritériorio polítpolíticoico;;
CritéCritériorio normanormativtivoo;;
CriCritértérioio jurjurídiídicoco ((externoexterno ee internointerno).).
Segundo o
Segundo o critério políticocritério político, as fases , as fases do Ius Romanum são tantos quantos os do Ius Romanum são tantos quantos os períodos daperíodos da história política de Roma. Teve 4 épocas:
história política de Roma. Teve 4 épocas:
• 1ª Época: Época Monárquica (753 a.C. a 510 a.C.); • 1ª Época: Época Monárquica (753 a.C. a 510 a.C.); • 2ª Época: Época Republicana (510 a.C. a 27 a.C.); • 2ª Época: Época Republicana (510 a.C. a 27 a.C.); • 3ª Época: Época Imperial (27 a.C. a 284 d.C.); • 3ª Época: Época Imperial (27 a.C. a 284 d.C.); • 4ª Época: Época Absolutista (284 d.C. a 565 d.C.). • 4ª Época: Época Absolutista (284 d.C. a 565 d.C.). Crítica:
Crítica: Este critériEste critério, não o, não pode ser pode ser utilizado comutilizado como critério o critério -- base, mbase, muito menos uito menos comocomo critério exclusivo, para fixar as várias épocas
critério exclusivo, para fixar as várias épocas do Direito Romano, pois nem sempre edo Direito Romano, pois nem sempre e nem só as
nem só as transformações políticas de Roma influem na evolução do Ius transformações políticas de Roma influem na evolução do Ius Romanum.Romanum. Além disso, quando há influência,
Além disso, quando há influência, a evolução do Ius Romanum e a a evolução do Ius Romanum e a das instituiçõesdas instituições políticas de Roma não são
políticas de Roma não são simultâneas; primeiro verifica-se a evolução das instituiçõessimultâneas; primeiro verifica-se a evolução das instituições políticas e só mais tarde a do Ius Romanum. Todavia, este critério não deve ser
políticas e só mais tarde a do Ius Romanum. Todavia, este critério não deve ser totalmente posto de parte, pois
totalmente posto de parte, pois o Ius Romanum, sob certo aspecto, é o Ius Romanum, sob certo aspecto, é uma manifestaçãouma manifestação do poderio político de Roma. Por isso,
do poderio político de Roma. Por isso, deve ser utilizado, não só deve ser utilizado, não só como critériocomo critério secundário para ajudar a estabelecer
secundário para ajudar a estabelecer a periodização fundamental, mas até, por vezes,a periodização fundamental, mas até, por vezes, como critério principal para se
como critério principal para se fazerem certas divisões ou subdivisões em determinadafazerem certas divisões ou subdivisões em determinada época, período ou etapa.
época, período ou etapa. Segundo o
Segundo o critério normativocritério normativo, há tantas épocas do Ius Romanum quantos os modos de, há tantas épocas do Ius Romanum quantos os modos de formação das normas jurídicas (costume, lei, jurisprudência, constituições imperiais). formação das normas jurídicas (costume, lei, jurisprudência, constituições imperiais). Assim, teríamos:
Assim, teríamos:
• Direito Romano Consuetudinário (753 a.C. a 450
• Direito Romano Consuetudinário (753 a.C. a 450 a.C.);a.C.); • Direito Romano Le
• Direito Romano Legítimo ou legislativogítimo ou legislativo (450 a.C. ao sécu(450 a.C. ao século I);lo I); • Direito Romano Jurispr
• Direito Romano Jurisprudencial ou doutrinárioudencial ou doutrinário (século I ao século II);(século I ao século II); • Direito Romano C
• Direito Romano Constitucional ou onstitucional ou absolutistaabsolutista (século II (século II a 565).a 565). Crítica:
Crítica: Embora este Embora este critério tenha a sucritério tenha a sua importância, não da importância, não deve ser usado comeve ser usado comoo principal, pois não nos indica
principal, pois não nos indica duma forma directa, a evolução do direito privado duma forma directa, a evolução do direito privado dede Roma, mas sobretudo a evolução do (chamado) direito
critério pode ser utilizado para estabelecer
critério pode ser utilizado para estabelecer ou caracterizar alguns períodos ou etapas deou caracterizar alguns períodos ou etapas de certas épocas.
certas épocas. O
O critério jurídicocritério jurídico atende à própria vida do Ius Romanum e às manifestações dessaatende à própria vida do Ius Romanum e às manifestações dessa vida. Este, por sua vez, pode ser interno ou externo:
vida. Este, por sua vez, pode ser interno ou externo: O
O critério jurídicocritério jurídico éé externoexterno, quando nos dá uma , quando nos dá uma visão jurídica do Ius Romanum.visão jurídica do Ius Romanum. Segundo este critério, o Direito Romano dividir-se-ia em 3 períodos históricos: Segundo este critério, o Direito Romano dividir-se-ia em 3 períodos históricos:
• Período do Direito Romano nacional
• Período do Direito Romano nacional ou quiritário (753 a.C. a 242 a.C.);ou quiritário (753 a.C. a 242 a.C.); • Período do Direito Romano universal ou do
• Período do Direito Romano universal ou do ius gentiumius gentium(242 a.C. a (242 a.C. a 395/476);395/476); • Período do Direito Romano Oriental ou
• Período do Direito Romano Oriental ou Helénico (395/476 a 565).Helénico (395/476 a 565). O
O critério jurídico internocritério jurídico interno atende ao próprio valor do Ius Romanum, à atende ao próprio valor do Ius Romanum, à perfeiçãoperfeição jurídica das suas instituições, numa palavra, à sua vida, examinando atentamente como jurídica das suas instituições, numa palavra, à sua vida, examinando atentamente como
esse Ius nasce, cresce, atinge o apogeu e se
esse Ius nasce, cresce, atinge o apogeu e se codifica. Não se preocupa com certascodifica. Não se preocupa com certas características ou manifestações dessa vida ultramilenária do Ius
características ou manifestações dessa vida ultramilenária do Ius Romanum.Romanum. Adaptaremos como fundamental, este critério, pois só ele
Adaptaremos como fundamental, este critério, pois só ele nos pode dar uma visãonos pode dar uma visão propriamente jurídica do Ius
propriamente jurídica do Ius Romanum.Romanum.
Segundo este critério, teremos então as seguintes
Segundo este critério, teremos então as seguintes épocas históricas do Ius Romanum:épocas históricas do Ius Romanum: • Época Arcaica (753 a.C. a 130 a.C.);
• Época Arcaica (753 a.C. a 130 a.C.); • Época Clássica (130 a.C. a 230); • Época Clássica (130 a.C. a 230); • Época Pós-Clássica (230 a 530); • Época Pós-Clássica (230 a 530); • Época Justinianeia (530 a 565). • Época Justinianeia (530 a 565).
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● Época Arcaica (753Época Arcaica (753 a.C., data da fundação da Urbs ata.C., data da fundação da Urbs até 130 a.C., data daé 130 a.C., data da
promulgação da lex Aebutia de formulis) promulgação da lex Aebutia de formulis) É o período de
É o período de formação e do estado rudimentar das instituições jurídicas romanas,formação e do estado rudimentar das instituições jurídicas romanas, sobre as quais, muitas vezes,
sobre as quais, muitas vezes, somente podem formular-ssomente podem formular-se hipóteses, devido e hipóteses, devido à escassezà escassez de documentos.
de documentos.
A principal característica
A principal característica é a imprecisão: não se vê ainda bem o limé a imprecisão: não se vê ainda bem o limite do jurídico, doite do jurídico, do religioso e do moral; estes
religioso e do moral; estes três mundos formam como que um todo, um só mundo; astrês mundos formam como que um todo, um só mundo; as instituições jurídicas surgem sem contornos bem definidos, como que num estado instituições jurídicas surgem sem contornos bem definidos, como que num estado embrionário.
embrionário.
Podemos subdividir esta época em 2 etapas: Podemos subdividir esta época em 2 etapas: I etapa:
I etapa: vai desde 753a.C vai desde 753a.C até 242 a.C. até 242 a.C. (data da criação (data da criação do pretor do pretor peregrino), é operegrino), é o período do
período do ius civileius civileexclusivo. O Ius Romanum é, pois, um exclusivo. O Ius Romanum é, pois, um direito fechado, privativodireito fechado, privativo dos
dos civescives. Só prevê a regulamentação das relações entre os. Só prevê a regulamentação das relações entre os civescives. Os. Os non-civesnon-cives, os, os
estrangeiros, residentes em território romano, movem-se nas suas relações privadas, fora estrangeiros, residentes em território romano, movem-se nas suas relações privadas, fora da órbita do Ius Romanum que, portanto, era
da órbita do Ius Romanum que, portanto, era então exclusivamenteentão exclusivamente Ius Civile Ius Civile.. II etapa:
II etapa: As novas necessidades comerciais e o As novas necessidades comerciais e o desenvolvimento da vida social e civildesenvolvimento da vida social e civil exigem do Ius Romanum a regulamentação das
exigem do Ius Romanum a regulamentação das relações entrerelações entrecivescivesee peregrini peregrinie entree entre os próprios
os próprios peregrini peregrini. Com ele inicia-se a formação do. Com ele inicia-se a formação doius gentiumius gentiuma par doa par do ius civile.ius civile.
Esta etapa vai de 242 a.C. até
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● Época Clássica (130 a.C. A 230 –Época Clássica (130 a.C. A 230 – em 228, Ulpianus é assassinado)em 228, Ulpianus é assassinado)::
É o período de
É o período de verdadeiro apogeu e culminação do ordenamento jurídico romano. Por verdadeiro apogeu e culminação do ordenamento jurídico romano. Por isso, a época clássica muito justamente é considerada modelo e cânon comparativo para isso, a época clássica muito justamente é considerada modelo e cânon comparativo para as épocas posteriores e etapa final da evolução jurídica precedente.
as épocas posteriores e etapa final da evolução jurídica precedente.
As principais características são a exactidão e a precisão. A grandeza do Direito As principais características são a exactidão e a precisão. A grandeza do Direito Romano encontra-se nesta época. A casuística
Romano encontra-se nesta época. A casuística serve para estilizar o Direito Romano. Osserve para estilizar o Direito Romano. Os jurisconsultos romanos da época clássica tinham subtileza,
jurisconsultos romanos da época clássica tinham subtileza, mas não especulação;mas não especulação;
sobretudo, eram dotados duma intuição jurídica penetrante. O Direito Romano clássico sobretudo, eram dotados duma intuição jurídica penetrante. O Direito Romano clássico é, pois, de artífices, mas não de especulativos. Sabiam, não apenas interpretar e aplicar é, pois, de artífices, mas não de especulativos. Sabiam, não apenas interpretar e aplicar as normas aos casos concretos
as normas aos casos concretos, mas sobretudo criar a norm, mas sobretudo criar a norma adequada paraa adequada para um caso,um caso, especial e não previsto nas normas já existentes. Daí que a ciência jurídica
especial e não previsto nas normas já existentes. Daí que a ciência jurídica (jurisprudência) da época clássica fosse permanentemente fecunda e criadora. (jurisprudência) da época clássica fosse permanentemente fecunda e criadora. A época clássica não é toda igual. A divisão desta
A época clássica não é toda igual. A divisão desta época assenta em 3 etapas:época assenta em 3 etapas: I –
I – Época Pré-Clássica: (1Época Pré-Clássica: (130 a.C. a 30 a.C.) É um período de inten30 a.C. a 30 a.C.) É um período de intenso desenvolvimentoso desenvolvimento ascensional em direcção ao e
ascensional em direcção ao estado de grandeza do Ius Romanum atingindo a stado de grandeza do Ius Romanum atingindo a épocaépoca seguinte;
seguinte; II –
II – Época Clássica Época Clássica Central:Central: (30 a.C. a (30 a.C. a 130) É 130) É o período do período de esplendor e esplendor e de me de maior aior perfeição do Direito Romano, surgindo, como figura central e
perfeição do Direito Romano, surgindo, como figura central e representativa, não sórepresentativa, não só desta etapa mas de toda a época
desta etapa mas de toda a época clássica, Iulianus.clássica, Iulianus. III –
III – Época Clássica Época Clássica Tardia:Tardia: (130 a 2(130 a 230) É 30) É um período um período em que em que já se nota, pjá se nota, por vezes, or vezes, oo início de certa decadência,
início de certa decadência, manifestada sobretudo na falta de génio criador. Por manifestada sobretudo na falta de génio criador. Por isso, osisso, os jurisconsultos deste final da época
jurisconsultos deste final da época clássica dedicam-se não já a clássica dedicam-se não já a obras de comentário,obras de comentário, mas às de compilação –
mas às de compilação – repetir e coordenar o que os repetir e coordenar o que os grandes mestres disseramgrandes mestres disseram..
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● Época Pós-Clássica (230 a 530)Época Pós-Clássica (230 a 530)
Esta época não tem individualidade própria: ou é referida à época anterior e daí o Esta época não tem individualidade própria: ou é referida à época anterior e daí o chamar-se pós-clássica, ou à seguinte e
chamar-se pós-clássica, ou à seguinte e daí também ser denominada por pré-daí também ser denominada por pré- justinianeia. É uma época de
justinianeia. É uma época de franca decadência do Ius Romanum. É um novo mundofranca decadência do Ius Romanum. É um novo mundo jurídico.
jurídico.
Aquele génio intuitivo, subtil e criador dos juristas anteriores, já não existe. Há apenas Aquele génio intuitivo, subtil e criador dos juristas anteriores, já não existe. Há apenas uma reelaboração anónima dos textos anteriores, adaptando-os às novas
uma reelaboração anónima dos textos anteriores, adaptando-os às novas realidades, masrealidades, mas feita sem personalidade. As obras
feita sem personalidade. As obras produzidas –produzidas – trabalhos geralmente prtrabalhos geralmente preparados pelaseparados pelas escolas –
escolas – são do tipo das compilações e do tipo dos ressão do tipo das compilações e do tipo dos resumos; e esses resumos de obumos; e esses resumos de obrasras clássicas, acompanhados por vezes de
clássicas, acompanhados por vezes de não pequenas alterações. Além disso, surgem,não pequenas alterações. Além disso, surgem, como fenómeno original da época pós-clássica, as
como fenómeno original da época pós-clássica, as colecções, sobretudo decolecções, sobretudo delegesleges, as, as codificações.
codificações.
A característica geral
A característica geral desta época é a confusão. Confusão de terdesta época é a confusão. Confusão de terminologia, confusão deminologia, confusão de conceitos, confusão de instituições; e, por vezes, até confusão de textos. Esta confusão conceitos, confusão de instituições; e, por vezes, até confusão de textos. Esta confusão verifica-se desde 230 a 395, e
verifica-se desde 230 a 395, e tanto no Ocidente como no Oriente.tanto no Ocidente como no Oriente. As características especiais
As características especiais desta época dão-se desta época dão-se tanto no Orientetanto no Oriente, como no Ocidente, como no Ocidente. No. No Ocidente, a partir de 395
Ocidente, a partir de 395 a confusão foi mais acentuada, verificando-se, geralmente,a confusão foi mais acentuada, verificando-se, geralmente, uma verdadeira corru
uma verdadeira corrupção do Direito Romano Clássicopção do Direito Romano Clássico sob a acção de vários factores,sob a acção de vários factores, salientando-se talvez com maior importância a influência dos direitos
salientando-se talvez com maior importância a influência dos direitos locais dos povoslocais dos povos dos territórios dominados pelos romanos, e dos direitos dos
principiavam a invadir o Império. A esse
principiavam a invadir o Império. A esse Direito Romano pós-clássico ocidentalDireito Romano pós-clássico ocidental corrompido, chama-se
corrompido, chama-se Direito Romano Vulgar Direito Romano Vulgar .. No Oriente, a partir de
No Oriente, a partir de 395 essa confusão manifesta-se através de uma reacção c395 essa confusão manifesta-se através de uma reacção contraontra certas manifestações vulgaristas isoladas. Nisto consiste precisamente o
certas manifestações vulgaristas isoladas. Nisto consiste precisamente oclassicismoclassicismo – – uma tendência intelectual que pretende valorar e imitar o clássico e reagir contra as suas uma tendência intelectual que pretende valorar e imitar o clássico e reagir contra as suas deturpações. A par deste espírito classicista
deturpações. A par deste espírito classicista verifica-se um progresso do Ius Romanumverifica-se um progresso do Ius Romanum sob a influência da filosofia e direitos gregos. É a helenização do Ius Romanum, a sob a influência da filosofia e direitos gregos. É a helenização do Ius Romanum, a mecânica dos conceitos, aplicada no campo jurídico, faz realçar as contradições ou mecânica dos conceitos, aplicada no campo jurídico, faz realçar as contradições ou ambiguidades textuais, apresenta as dúvidas surgidas na interpretação,
ambiguidades textuais, apresenta as dúvidas surgidas na interpretação, cita as opiniõescita as opiniões contrárias, numa palavra, enfrenta a dificuldade para
contrárias, numa palavra, enfrenta a dificuldade para depois a superar, apresentando adepois a superar, apresentando a
solutio
solutio do caso. É do caso. É ainda devido à influência do helenismo que no ainda devido à influência do helenismo que no Direito Romano pós-Direito Romano pós-clássico oriental se nota uma tendência para as
clássico oriental se nota uma tendência para as Regulae Iuris Regulae Iuris, para as, para as Definitiones Definitiones, para, para a generalização, etc.
a generalização, etc.
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● Época Justinianeia (530 a 565):Época Justinianeia (530 a 565):
O Ius Romanum, nesta época, chega ao termo da sua evolução, e codifica-se para se O Ius Romanum, nesta época, chega ao termo da sua evolução, e codifica-se para se perpetuar. Logo que Justiniano subiu ao poder, em Agosto de
perpetuar. Logo que Justiniano subiu ao poder, em Agosto de 527, manifestou527, manifestou
imediatamente a sua grande aspiração de restaurar, através das armas, da política e da imediatamente a sua grande aspiração de restaurar, através das armas, da política e da legislação, a unidade do
legislação, a unidade do Império, dando à nova Roma (era assim que chaImpério, dando à nova Roma (era assim que chamava amava a Constantinopla) a glória da antiga, e
Constantinopla) a glória da antiga, e, quanto possível, com todo o , quanto possível, com todo o saber clássico.saber clássico. Apenas no campo jurídico, como sabemos, conseguiu realizar
Apenas no campo jurídico, como sabemos, conseguiu realizar o seu plano: elaborar umao seu plano: elaborar uma colecção de
colecção de iusius e dee de legesleges, que é, o tesouro mais precioso da romanidade., que é, o tesouro mais precioso da romanidade. Uma das características
Uma das características do direito justido direito justinianeu é a generalização, pnianeu é a generalização, porém a característicaorém a característica principal é a
principal é a actualizaçãoactualização e compilaçãoe compilação do Ius Rodo Ius Romanum na manum na forma tenforma tendente a seguir dente a seguir oo clássico ou, até
clássico ou, até mesmo, apresentando esse direito, todo como clássico.mesmo, apresentando esse direito, todo como clássico. Ius e Auctoritas (pp.55 S. Cruz):
Ius e Auctoritas (pp.55 S. Cruz):
A razão de ser da conexão entre o Ius Romanum e Imperium radica na própria noção A razão de ser da conexão entre o Ius Romanum e Imperium radica na própria noção -fundamento de
fundamento de iusius. É uma. É uma visvis. Uma força que necessita de uma. Uma força que necessita de umaauctoritasauctoritas, não tanto, não tanto para subsistir, como para ser eficiente
para subsistir, como para ser eficiente. E essa autoridade tem d. E essa autoridade tem dee se verificar, não sóse verificar, não só quando o ius é criado por uma entidade pública, mas também quando é de criação dos quando o ius é criado por uma entidade pública, mas também quando é de criação dos próprios juristas. Eles precisam de autoridade social para
próprios juristas. Eles precisam de autoridade social para que as suas doutrinas seque as suas doutrinas se imponham e triunfem; esta autoridade social tem de
imponham e triunfem; esta autoridade social tem de ser sustentada: aristocrática,ser sustentada: aristocrática, política, burocrática, academicamente, etc.
política, burocrática, academicamente, etc.
Ao princípio, os jurisconsultos romanos tinham autoridade social proveniente da sua Ao princípio, os jurisconsultos romanos tinham autoridade social proveniente da sua linhagem (autoridade aristocrática)
linhagem (autoridade aristocrática)
Depois, Augusto chamou a cargos importantes pessoas da classe
Depois, Augusto chamou a cargos importantes pessoas da classe média e lhes concedeumédia e lhes concedeu o ius publice
o ius publice respondendrespondendi (autoridade social de carácter político).i (autoridade social de carácter político). Adriano concedeu aos jurisconsultos autoridade de
Adriano concedeu aos jurisconsultos autoridade de carácter burocrático.carácter burocrático.
Por último, surge o imperador como fonte única das leis. Então já não há ius, mas Por último, surge o imperador como fonte única das leis. Então já não há ius, mas unicamente leges. O Direito identifica-se com a lei.
Direito e Política em Roma (pp.56 S.
Direito e Política em Roma (pp.56 S. Cruz):Cruz):
A conexão de carácter privatístico, entre direito e política em Roma é, pois, bastante A conexão de carácter privatístico, entre direito e política em Roma é, pois, bastante clara a partir
clara a partir de Augusto, tornando-se evidente no Baixo-Império.de Augusto, tornando-se evidente no Baixo-Império. Mas também já
Mas também já existia antes de Augusto, quaexistia antes de Augusto, quando os jurisconsultos ndo os jurisconsultos tinham autoridadetinham autoridade social proveniente da sua linhagem. A jurisprudência, fonte
social proveniente da sua linhagem. A jurisprudência, fonte principal do ius, não eraprincipal do ius, não era uma simples profissão, mas um ministério. Dar respostas, aconselhar,
uma simples profissão, mas um ministério. Dar respostas, aconselhar, orientar a vidaorientar a vida das pessoas nas
das pessoas nas suas dificuldades sobretudsuas dificuldades sobretudo em casos de litígio, isso era própro em casos de litígio, isso era próprio daio da aristocracia. Portanto, certos nobres, criavam e exerciam influência profunda e
aristocracia. Portanto, certos nobres, criavam e exerciam influência profunda e segurasegura sobre os seus clientes. Estes,
sobre os seus clientes. Estes, para recompensarem os grandes favores dos conselhospara recompensarem os grandes favores dos conselhos recebidos, prestavam indefectivelmente o serviço de apoiar o
recebidos, prestavam indefectivelmente o serviço de apoiar o seu jurisconsulto nas lutasseu jurisconsulto nas lutas eleitorais.
eleitorais.
A conexão de carácter publicístico, entre Direito e Política em Roma é reconhecida e A conexão de carácter publicístico, entre Direito e Política em Roma é reconhecida e afirmada por todos os autores. Política e
afirmada por todos os autores. Política e Direito trabalham em uníssono para cumprir Direito trabalham em uníssono para cumprir uma missão de dimensão universal. A política
uma missão de dimensão universal. A política romana, na sua multiplicidade de atitudesromana, na sua multiplicidade de atitudes é orientada não por efémeras ideologias mas
é orientada não por efémeras ideologias mas por um sentimento profundo e perene dapor um sentimento profundo e perene da perpetuidade e supremacia do
perpetuidade e supremacia do Populus RomanusPopulus Romanus, concebido como uma sólida e , concebido como uma sólida e forteforte organização jurídica. A grande finalidade da política
organização jurídica. A grande finalidade da política romana é manter firme oromana é manter firme o ordenamento jurídico.
ordenamento jurídico.
As várias formas políticas em Roma (pp.58 S. Cruz): As várias formas políticas em Roma (pp.58 S. Cruz):
●
● O estO estado –ado – cidade cidade e o e o estadestado –o – territterritórioório::
Segundo os dados tradicionais acerca da sucessão
Segundo os dados tradicionais acerca da sucessão das formas de governo na história dedas formas de governo na história de Roma, verifica-se que houve uma monarquia, uma república, um
Roma, verifica-se que houve uma monarquia, uma república, um principado e umprincipado e um dominado (o
dominado (ou monarquia absoluta de u monarquia absoluta de tipo heleno -tipo heleno - oriental).oriental). As forma
As formas políticas origins políticas originárias, em árias, em regra, são o regra, são o estado –estado – cidade ou o cidade ou o estado –estado – território.território. Est
Estado –ado – cidcidadeade:: significa um agrupamento de homens livres, estabelecidos sobre umsignifica um agrupamento de homens livres, estabelecidos sobre um pequeno território, todos dispostos a defendê-lo contra qualquer ingerência estranha e pequeno território, todos dispostos a defendê-lo contra qualquer ingerência estranha e
sobretudo onde igualmente todos detêm uma parcela do
sobretudo onde igualmente todos detêm uma parcela do poder.poder. Aqui, há
Aqui, há 3 ór3 órgãos políticosgãos políticos fundamentais:fundamentais:
1. Um ou vários chefes, vitalícios ou não 1. Um ou vários chefes, vitalícios ou não 2. Uma assembleia de
2. Uma assembleia de nobres ou de homens experimentados na vidanobres ou de homens experimentados na vida 3. Uma assembleia do povo
3. Uma assembleia do povo Estad
Estado –o – territterritório:ório: é onde só é onde só um homem exerce o poder duma forma absoluta eum homem exerce o poder duma forma absoluta e exclusiva.
exclusiva.
Monarquia (753 a.C. a 510 a.C.)Monarquia (753 a.C. a 510 a.C.)
Roma nasce polit
Roma nasce politicamente, como icamente, como um estado –um estado – cidade (cidade (civitascivitas), e assim continua, até ao), e assim continua, até ao século III d.C., ou seja, até ao dominado.
século III d.C., ou seja, até ao dominado. Antes da civitas, Roma era compo
Antes da civitas, Roma era composta por grupos políticos: a famsta por grupos políticos: a família, a gens,ília, a gens, a curia, e aa curia, e a tribo.
tribo.
No regime monárquico de Roma, o poder político
No regime monárquico de Roma, o poder político (soberania) está repartido por 3(soberania) está repartido por 3 órgãos: rei, senado,
órgãos: rei, senado, povo (comícios).povo (comícios). O
O
Rei
Rei
é sumo-sacerdote, chefe do exército, juiz supremo, numa palavra, é sumo-sacerdote, chefe do exército, juiz supremo, numa palavra, o director dao director da civitas. O seu cargo é vitalício, não hereditário mas cada rei podia, a princípio, designar civitas. O seu cargo é vitalício, não hereditário mas cada rei podia, a princípio, designaro sucessor. Todavia, este sucessor só
o sucessor. Todavia, este sucessor só era considerado rei, depois de investido pelo era considerado rei, depois de investido pelo povopovo reunido no comício das cúrias. Esta
reunido no comício das cúrias. Esta investidura, era uma espécie de delegação investidura, era uma espécie de delegação do poder do poder (soberania), chamava-se lex curiata
(soberania), chamava-se lex curiata de imperium.de imperium. O
O
Senado,
Senado,
primeiramente, foi constituído pelos paterfamilias fundadoras da civitas; primeiramente, foi constituído pelos paterfamilias fundadoras da civitas; mais tarde, pelos hommais tarde, pelos homens experimentados na vida (senex = velhoens experimentados na vida (senex = velho) –) – escolhidos só entreescolhidos só entre os patrícios. Era uma assembleia
os patrícios. Era uma assembleia aristocrática. Os plebeus, inicialmente, não podiamaristocrática. Os plebeus, inicialmente, não podiam fazer parte do senado. Depois,
fazer parte do senado. Depois, ainda na monarquia, foram admitidos excepcionalmenteainda na monarquia, foram admitidos excepcionalmente alguns plebeus; em 312 a.C.,
alguns plebeus; em 312 a.C., pela Lex Ovinia, os plebeus pela Lex Ovinia, os plebeus alcançaram entrada definitiva;alcançaram entrada definitiva; eram designados por conscr
eram designados por conscripti; daí, posteriormipti; daí, posteriormente,ente, a fórmula patres conscripti para fórmula patres conscripti paraa designar o senado na sua
designar o senado na sua totalidade.totalidade.
O senado é uma das instituições políticas mais antigas de Roma. Foi criado para O senado é uma das instituições políticas mais antigas de Roma. Foi criado para aconselhar o rei (espécie de
aconselhar o rei (espécie de junta consultiva do rei). Também nomeava o intererexjunta consultiva do rei). Também nomeava o intererex (membro do senado com poder supremo entre a morte
(membro do senado com poder supremo entre a morte do rei e a do rei e a proclamação doproclamação do sucessor); também podia conceder o auctoritas patrum nas leis
sucessor); também podia conceder o auctoritas patrum nas leis votadas no comício, paravotadas no comício, para que estas se tornassem válidas. As r
que estas se tornassem válidas. As respostas do espostas do senado, dada às consultas senado, dada às consultas que lhe eramque lhe eram feitas, chama-se
feitas, chama-se senatusconsultumsenatusconsultum.. Quanto ao
Quanto ao
Povo
Povo
, a sociedade romana, desde o início, era formada essencialmente pelos, a sociedade romana, desde o início, era formada essencialmente pelos patrícios (os aristocratas, a classe social elevada, que detinham todos os direitos) e pelos patrícios (os aristocratas, a classe social elevada, que detinham todos os direitos) e pelos plebeus (a classe humilde queplebeus (a classe humilde que não tinham regalias nem direitos). Daí que não tinham regalias nem direitos). Daí que houvessemhouvessem lutas entre plebeus e patrícios: os plebeus desejavam a equiparação aos patrícios, eram lutas entre plebeus e patrícios: os plebeus desejavam a equiparação aos patrícios, eram tão cidadãos como os patrícios; possuíam a condição de membros da civitas na
tão cidadãos como os patrícios; possuíam a condição de membros da civitas na
organização político-militar, que era feita por centuriae (organização militar) e tribus organização político-militar, que era feita por centuriae (organização militar) e tribus (divisão territorial de carácter
(divisão territorial de carácter predominantempredominantemente ente militar).militar). O povo, detentor duma parcela do poder político,
O povo, detentor duma parcela do poder político, exercia os seus direitos manifestandoexercia os seus direitos manifestando a sua vontade
a sua vontade em assembleias, denominadas comícios (comitia). Estes celebravam-se,em assembleias, denominadas comícios (comitia). Estes celebravam-se, dum modo obrigatório, em determinados dias, e também sempre que
dum modo obrigatório, em determinados dias, e também sempre que a entidadea entidade competente os convocasse. Os comícios mais antigos
competente os convocasse. Os comícios mais antigos e mais importantes foram ose mais importantes foram os comícios das cúrias (comitia curiata). De
comícios das cúrias (comitia curiata). De início, só os patrícios faziam parte das início, só os patrícios faziam parte das cúrias;cúrias; mas os plebeus também conseguiram acesso.
mas os plebeus também conseguiram acesso. Das várias atribuições que teriam osDas várias atribuições que teriam os comitia curiata da
comitia curiata da época monárquica deve destacar-se a investidura do rei no época monárquica deve destacar-se a investidura do rei no poder, por poder, por meio da lex cur
meio da lex curiata de império. É iata de império. É bastantebastante duvidoso que exercesduvidoso que exercessem funçõessem funções legislativas; na República, as
legislativas; na República, as atribuições dos comitia curiata foram absorvidas pelosatribuições dos comitia curiata foram absorvidas pelos comitia centuriata e pelos
comitia centuriata e pelos comitia tributa, conservando apenas as atribuições religiosas.comitia tributa, conservando apenas as atribuições religiosas.
República (510 a.C. a 27 a.C.)República (510 a.C. a 27 a.C.)
Pode dizer-se que a monarquia terminou em 510
Pode dizer-se que a monarquia terminou em 510 a.C. no entanto, a.C. no entanto, com rigor, a repúblicacom rigor, a república só iniciou-se em 367 a.C.
só iniciou-se em 367 a.C.
A partir de 510 a.C., o poder supremo já não reside num único chefe (o rei), mas, A partir de 510 a.C., o poder supremo já não reside num único chefe (o rei), mas, geralmente, em dois (os cônsules); estes exercem o cargo por um ano e não por toda a geralmente, em dois (os cônsules); estes exercem o cargo por um ano e não por toda a vida; são eleitos pelo povo e não designados pelo antecessor ou pelo senado.
vida; são eleitos pelo povo e não designados pelo antecessor ou pelo senado. A república é c
A república é constituída por 3 grandes elementos: as magistraturas, o senado e o onstituída por 3 grandes elementos: as magistraturas, o senado e o povo.povo. Representam e substituem, respectivamente, os elementos: monárquico, aristocrático e Representam e substituem, respectivamente, os elementos: monárquico, aristocrático e democrático.
Magistratura (Magistrados):
Magistratura (Magistrados):
A palavra latina magistratus tanto significa o cargoA palavra latina magistratus tanto significa o cargo de governar (magistratura) como pessoa quede governar (magistratura) como pessoa que governa (magistrado). Inicialmente, osgoverna (magistrado). Inicialmente, os magistrados são os verdadeiros detentores do imperium (que anteriormente pertencia magistrados são os verdadeiros detentores do imperium (que anteriormente pertencia aos reis). O imperium é
aos reis). O imperium é um poder absoluto, um poder de um poder absoluto, um poder de soberania; os cidadãos nãosoberania; os cidadãos não podem opor-se ao
podem opor-se ao imperium.imperium. Limites ao imperium:
Limites ao imperium:
-- Temporalidade: os Temporalidade: os magistrados normmagistrados normalmente têm um almente têm um cargo anual;cargo anual; -- Pluralidade: o poPluralidade: o poder está repartido der está repartido por várias por várias magistraturas;magistraturas;
-- Colegialidade: os magistrColegialidade: os magistrados reuniam se em colégios no entanto cada ados reuniam se em colégios no entanto cada magistradomagistrado estava encarregado de um determinado sector.
estava encarregado de um determinado sector.
As magistraturas importantes eram: a dos cônsules, a
As magistraturas importantes eram: a dos cônsules, a dos censores, a dos pretores, a dos censores, a dos pretores, a dosdos questores
questores ee a da dos edis os edis curuis. curuis. Estas magistrEstas magistraturas aturas designavam-se designavam-se «magistraturas«magistraturas ordinárias».
ordinárias».
Poderes dos magistrados: «potestas
Poderes dos magistrados: «potestas», «imperium», e «iurisdictio»», «imperium», e «iurisdictio» A potestas
A potestas era o poder de represenera o poder de representar o Populus Romanutar o Populus Romanus. Era comum s. Era comum a todos osa todos os magistrados, mas cada um tinha
magistrados, mas cada um tinha esse poder, em maior ou menor grau, conforme aesse poder, em maior ou menor grau, conforme a Suas atribuições, dentro das quais podia vincular, c
Suas atribuições, dentro das quais podia vincular, com a sua vontade, a om a sua vontade, a vontade do povovontade do povo romano, criando assim direitos e obrigações para a
romano, criando assim direitos e obrigações para a civitas.civitas. O imperium
O imperium era o poder de sobera o poder de soberania. Continhas as erania. Continhas as seguintes faculdades:seguintes faculdades: 1. Comandar os exércitos;
1. Comandar os exércitos; 2. Convocar o senado; 2. Convocar o senado; 3. Convocar as a
3. Convocar as assembleias populares;ssembleias populares; 4. Administrar a justiça.
4. Administrar a justiça. O imperium não é como a
O imperium não é como a potestas comum a todos os potestas comum a todos os magistrados, mas própria dosmagistrados, mas própria dos cônsules, dos pretores e do
cônsules, dos pretores e do ditador.ditador. A iurisdictio
A iurisdictio é o poder específico de adé o poder específico de administrar a justiça duma forma noministrar a justiça duma forma normal ourmal ou corrente. Era o poder principal dos pretores. Competia igualmente ao
corrente. Era o poder principal dos pretores. Competia igualmente ao edís curúis, porémedís curúis, porém só para organizar os processos litigiosos referentes às
só para organizar os processos litigiosos referentes às matérias em que eles deveriammatérias em que eles deveriam superintender, e também aos questores, mas só
superintender, e também aos questores, mas só para administrar a justiça em causaspara administrar a justiça em causas criminais.
criminais. O pretor era um magistrado que tinha os 3 poderes: potestas, imperiumO pretor era um magistrado que tinha os 3 poderes: potestas, imperium e iurisdictio.
e iurisdictio.
No aspecto jurídico, a magistratura mais importante é
No aspecto jurídico, a magistratura mais importante é a dos pretores, seguindo-se-lhe aa dos pretores, seguindo-se-lhe a dos edis curuis e a dos questores.
dos edis curuis e a dos questores.
Pretor:
Pretor:
A palavra praetor, No início, era uma designação genérica para indicar o chefeA palavra praetor, No início, era uma designação genérica para indicar o chefe de qualquer organização. Por isso, os cônsules,de qualquer organização. Por isso, os cônsules, que são os magistrados mais antigos,que são os magistrados mais antigos, considerados os imediatos continuadores dos reis como detentores do poder supremo, de considerados os imediatos continuadores dos reis como detentores do poder supremo, de início intitularam-se praetores, isto é, «chefes militares».
início intitularam-se praetores, isto é, «chefes militares».
Depois da criação da questura (cerca do ano 450 a.C.) e da censura (em 443 a.C.), a Depois da criação da questura (cerca do ano 450 a.C.) e da censura (em 443 a.C.), a palavra praetor ainda conservou um certo carácter genérico, pois e
palavra praetor ainda conservou um certo carácter genérico, pois era comum dera comum de qualquer magistrado (cônsul, questor ou censor).
qualquer magistrado (cônsul, questor ou censor).
Em 367 a.C., além dos edis curuis, pelas Leges Liciniae Sextiae foi criada a Em 367 a.C., além dos edis curuis, pelas Leges Liciniae Sextiae foi criada a magistratura dos pretores. Então, pretor passa a significar apenas
magistratura dos pretores. Então, pretor passa a significar apenas o magistradoo magistrado especificamente encarregado de administrar a justiça de uma
especificamente encarregado de administrar a justiça de uma forma normal ou corrente,forma normal ou corrente, nas causas civis. Presidia à 1ª fase do processo, «fase
questão de facto, sobretudo o problema da prova, e se dava a sentença; esta fase questão de facto, sobretudo o problema da prova, e se dava a sentença; esta fase desenrolava-se perante o
desenrolava-se perante o iudexiudex, que não era magistrado mas um particular, e portanto, que não era magistrado mas um particular, e portanto distinto do pretor.
distinto do pretor. A «fase
A «fasein iurein iure» era importantíssima; decisiva para a » era importantíssima; decisiva para a vida do processo; verificava-se umvida do processo; verificava-se um
ius
ius –– dicdicereere, uma afirmação solene da existência ou não existência de direito que, uma afirmação solene da existência ou não existência de direito que concretizava-se num
concretizava-se num iudicare iuber iudicare iuber (ordem dada pelo pretor ao juiz para (ordem dada pelo pretor ao juiz para proferir aproferir a sentença conforme se provasse ou não determinado facto).
sentença conforme se provasse ou não determinado facto). Na 2ª fase do processo, não há
Na 2ª fase do processo, não há iuius –s – didicerceree, mas um simples, mas um simplesiu-dicareiu-dicare, um aplicar o, um aplicar o direito, isto é, julgar,
direito, isto é, julgar, decidir conforme uma ordem jurídica já anteriormente fixada.decidir conforme uma ordem jurídica já anteriormente fixada. De início só havia um pretor. A partir do ano 242 a.C., a administração da justiça é De início só havia um pretor. A partir do ano 242 a.C., a administração da justiça é distribuída por 2 pretores: o
distribuída por 2 pretores: o pretor urbanopretor urbano (( praetor urbanus praetor urbanus), encarregado de), encarregado de organizar, dentro das normas do
organizar, dentro das normas do ius civileius civile, os processos civis em que só interviessem, os processos civis em que só interviessem cidadãos romanos; e o
cidadãos romanos; e o pretor peregrinopretor peregrino (( praetor peregrinus praetor peregrinus), incumbido de organizar,), incumbido de organizar, dentro das normas do
dentro das normas do ius gentiumius gentium, os processos em que pelo menos uma das partes era, os processos em que pelo menos uma das partes era um peregrino, quer dizer, um
um peregrino, quer dizer, um non-civisnon-civis.. Sempre que se fala de
Sempre que se fala de pretor, entende-se o pretor urbano. Este é a pretor, entende-se o pretor urbano. Este é a figura genial dentrofigura genial dentro do
do Ius Romanum Ius Romanum, o homem preocupado e totalmente dominado pelo espírito de justiça,, o homem preocupado e totalmente dominado pelo espírito de justiça, com a ânsia de atribuir a cada um o que é
com a ânsia de atribuir a cada um o que é seu (seu (suum cuique tribueresuum cuique tribuere). Ele é o elemento). Ele é o elemento de ponderação colocado entre o
de ponderação colocado entre oiusius e ae a lexlex. O pretor era o intérprete da. O pretor era o intérprete da lexlex, mas, mas sobretudo o defensor do
sobretudo o defensor do iusius..
Senado:
Senado:
é o segundo elemento da é o segundo elemento da constituição republicana. É o órgão político por constituição republicana. É o órgão político por excelência da República. É constituído pelas pessoas mais influentes daexcelência da República. É constituído pelas pessoas mais influentes dacivitascivitas, e tinha, e tinha um verdadeiro carácter aristocrático. Ali se encontravam reunidas a autoridade,
um verdadeiro carácter aristocrático. Ali se encontravam reunidas a autoridade, aa riqueza e o saber técnico. O senado não possuía o
riqueza e o saber técnico. O senado não possuía oimperiumimperium mas tinha amas tinha aauctoritasauctoritas por por isso não era
isso não era dotado de funções prepotentes mas gozava duma influência socialdotado de funções prepotentes mas gozava duma influência social extraordinária.
extraordinária.
As suas decisões jurídicas (
As suas decisões jurídicas (senatusconsultasenatusconsulta), tinham a forma de conselho, mas, na), tinham a forma de conselho, mas, na prática, eram verdadeiras ordens. Porém, a atribuição mais i
prática, eram verdadeiras ordens. Porém, a atribuição mais importante era ainda a damportante era ainda a da concessão da
concessão daauctoritas patrumauctoritas patrum para que as leis, depois de votadas e aprovadas nos para que as leis, depois de votadas e aprovadas nos comícios, tivessem validade. A partir da
comícios, tivessem validade. A partir da Lex Publilia Philonis Lex Publilia Philonis, de 339 a.C., essa, de 339 a.C., essa aprovação do senado passa a ser concedida antes de ser votada pelos comícios a aprovação do senado passa a ser concedida antes de ser votada pelos comícios a proposta de lei.
proposta de lei.
Povo:
Povo:
é o terceiro elemento da constituição política republicana. Reúne-se emé o terceiro elemento da constituição política republicana. Reúne-se em assembleias ou comícios, cujos poderes sãoassembleias ou comícios, cujos poderes são essencialmente o de eleger certosessencialmente o de eleger certos magistrados e o de votar
magistrados e o de votar as leis propostas pelos magistrados; em certas circunstâncias,as leis propostas pelos magistrados; em certas circunstâncias, os comícios funcionavam como tribunal de última
os comícios funcionavam como tribunal de última instância, quando tinha lugar ainstância, quando tinha lugar a
provocatio ad populum provocatio ad populum..
Na República, há 3 espécies de comícios: Na República, há 3 espécies de comícios:
••Comitia curiataComitia curiata, que estava em decadência;, que estava em decadência;
••Comitia centuriataComitia centuriata, que intervém na eleição dos cônsules, dos pretores, do, que intervém na eleição dos cônsules, dos pretores, do ditador e dos censores, e
ditador e dos censores, e na votação das leis na votação das leis propostas por estes magistrados;propostas por estes magistrados;
••Comitia tribunaComitia tribuna, que elegiam alguns magistrados menores e que votavam certas, que elegiam alguns magistrados menores e que votavam certas leis.
sequer em relação à plebe, depois da lex Valeria Horatia de 449 a.C., é
sequer em relação à plebe, depois da lex Valeria Horatia de 449 a.C., é lhe reconhecidalhe reconhecida força
força obrigatória em robrigatória em relação à plebe; a partir da lex Hortensia, de 287 a.C., passam elação à plebe; a partir da lex Hortensia, de 287 a.C., passam aa obrigar todo o povo romano (também os patrícios).
obrigar todo o povo romano (também os patrícios).
Principado (27 a.C. a fins do século III [284])Principado (27 a.C. a fins do século III [284])
A constituição republicana, a certa altura,
A constituição republicana, a certa altura, torna-se insuficiente para as novas realidades;torna-se insuficiente para as novas realidades; entra em crises sucessivas e
entra em crises sucessivas e recorre frequentemente à magistratura. Essas novasrecorre frequentemente à magistratura. Essas novas realidades são, principalmente:
realidades são, principalmente: 1. O alargamento extraordin
1. O alargamento extraordinário do poder de Roma (estendeário do poder de Roma (estende-se por-se por todo otodo o Mediterrâneo);
Mediterrâneo); 2. Uma grave e
2. Uma grave e profunda desmoralização da gente de Roma;profunda desmoralização da gente de Roma; 3. O aparecimento de novas classes sociais;
3. O aparecimento de novas classes sociais;
4. O antagonismo entre a velha nobreza e a nova aristocracia; 4. O antagonismo entre a velha nobreza e a nova aristocracia; 5. Lutas de classes de vária ordem;
5. Lutas de classes de vária ordem; 6. Revolta dos escravos que
6. Revolta dos escravos que pretendem liberdade.pretendem liberdade. O povo romano, vira-se confiante para Octávio, vendo
O povo romano, vira-se confiante para Octávio, vendo nele onele o princeps civitatis princeps civitatis, o, o primeiro entre os
primeiro entre os civescives, o mais indicado para restaurar a paz e a , o mais indicado para restaurar a paz e a justiça, vencendo o caosjustiça, vencendo o caos moral, político e económico dos
moral, político e económico dos últimos tempos. Octávio Césarúltimos tempos. Octávio César Augusto aproveita-Augusto aproveita-sese inteligentemente de todas as c
inteligentemente de todas as circunstâncias e afirma-se um político muito hábil quandoircunstâncias e afirma-se um político muito hábil quando finge não querer nada, nenhumas honras, para consegui-las todas e
finge não querer nada, nenhumas honras, para consegui-las todas e todos os poderes.todos os poderes. Instaura uma nova for
Instaura uma nova forma constitucional –ma constitucional – o principado (ainda hoje não se sao principado (ainda hoje não se sabe bem obe bem o que é o
que é o principado; os autores continuam a discutir a natureza principado; os autores continuam a discutir a natureza de vários problemas dode vários problemas do principado). Pode se dizer que o
principado). Pode se dizer que o principado era uma monarquia sui generis, deprincipado era uma monarquia sui generis, de tendência absolutista, baseada no prestígio do
tendência absolutista, baseada no prestígio do seu fundador, mas sem desprezar asseu fundador, mas sem desprezar as estruturas republicanas existentes (era um império com aparências republicanas e estruturas republicanas existentes (era um império com aparências republicanas e democráticas).
democráticas). Princeps:
Princeps: A grande novidade trazida por esta reforma constitucional, instaurada A grande novidade trazida por esta reforma constitucional, instaurada no anono ano 27 a.C., é a
27 a.C., é a criação do princeps. É a figura central da nova constituição política.criação do princeps. É a figura central da nova constituição política. Acumula uma série de títulos (
Acumula uma série de títulos ( Augustus Augustus,, Imperator Imperator ,, Pater PatriaePater Patriae) e de faculdades que) e de faculdades que lhe são outorgadas pelos órgãos republicanos sobreviventes.
lhe são outorgadas pelos órgãos republicanos sobreviventes. O princeps não é um
O princeps não é um magistratusmagistratus. Encarna um novo órgão político, de carácter . Encarna um novo órgão político, de carácter permanente, investido de um
permanente, investido de um imperiumimperium especial e daespecial e datribunicia potestastribunicia potestas contrastandocontrastando com as características das
com as características das magistraturas republicanas (tempormagistraturas republicanas (temporalidade, pluralidade ealidade, pluralidade e colegialidade). Augusto vai, pouco a pouco, concentrando na figura do
colegialidade). Augusto vai, pouco a pouco, concentrando na figura do princeps, oprinceps, o imperium das magistraturas, a auctoritas do senado e, sob certo aspecto, a maiestas do imperium das magistraturas, a auctoritas do senado e, sob certo aspecto, a maiestas do povo.
povo.
As antigas magistraturas republicanas, na aparência, mantêm-se, mas o
As antigas magistraturas republicanas, na aparência, mantêm-se, mas o seu poder éseu poder é quase irrelevante; estão subordinadas ao princeps e
quase irrelevante; estão subordinadas ao princeps e numa situação de colaboraçãonuma situação de colaboração forçosa; transformam-se em funcionários executivos, nomeadamente os cônsules e forçosa; transformam-se em funcionários executivos, nomeadamente os cônsules e osos pretores.
pretores.
Com a morte de Augusto, ficava aberto o caminho para o despotismo e para o Com a morte de Augusto, ficava aberto o caminho para o despotismo e para o absolutismo, para a monocracia, que vem
absolutismo, para a monocracia, que vem a instaurar-se como forma constitucional ema instaurar-se como forma constitucional em 284.
284. Senado:
durante um século têm carácter
durante um século têm carácter legislativo.Com Augusto, perde grande parte da sualegislativo.Com Augusto, perde grande parte da sua autoridade política, que vai passando para o
autoridade política, que vai passando para o princeps. No final do principado, osprinceps. No final do principado, os
senatusconsulta
senatusconsulta são meros discursos do são meros discursos do imperador.imperador. Povo:
Povo: OsOs comitiacomitianão foram abolidos; mas, pouco a pouco, não foram abolidos; mas, pouco a pouco, deixam de funcionar. Asdeixam de funcionar. As suas atribuições passam em parte para
suas atribuições passam em parte para o senado, mas sobretudo para o o senado, mas sobretudo para o exército.exército. Característico do principado é a cr
Característico do principado é a criação dum corpo burocráiação dum corpo burocrático detico de funcionários – funcionários – oficiais da casa do
oficiais da casa do princeps, que hão-de chegar a fiscalizar princeps, que hão-de chegar a fiscalizar tudo. Estes funcionáriostudo. Estes funcionários dependem unicamente do imperador, respondem exclusivamente perante ele e
dependem unicamente do imperador, respondem exclusivamente perante ele e administram o Império segundo uma
administram o Império segundo uma directriz burocrática.directriz burocrática. Governadores das Províncias:
Governadores das Províncias: significa, «cargo confiado a um magistrado», esignifica, «cargo confiado a um magistrado», e
especialmente «administração dum território conquistado sobre o qual um magistrado especialmente «administração dum território conquistado sobre o qual um magistrado exerce os seus poderes». Mas, de início e em rigor, só os territórios sob o domínio de exerce os seus poderes». Mas, de início e em rigor, só os territórios sob o domínio de Roma situados fora da Península Itálica e
Roma situados fora da Península Itálica e conquistados por um general é que tinham conquistados por um general é que tinham oo nome de
nome de «províncias».«províncias».
A princípio, o governo de todos
A princípio, o governo de todos esses territórios era confiado pelo senado a esses territórios era confiado pelo senado a umum magistrado dotado de
magistrado dotado de imperiumimperium, cônsul ou pretor. Mais , cônsul ou pretor. Mais tarde, Augusto havia de reservar tarde, Augusto havia de reservar para si a
para si a nomeação directa dos governadores daquelas províncias que ainda requeriamnomeação directa dos governadores daquelas províncias que ainda requeriam uma atenção especial de
uma atenção especial de tipo militar, por não se tipo militar, por não se encontrarem totalmente pacificadas.encontrarem totalmente pacificadas. Estabelecia-se a divisão en
Estabelecia-se a divisão entre províncias sentre províncias senatoriaisatoriais (a sua fiscalização estava (a sua fiscalização estava entregueentregue a um senador) e províncias imperiais (a
a um senador) e províncias imperiais (a sua fiscalização estava entregue ao sua fiscalização estava entregue ao imperador)imperador).. As normas administrativas fundamentais de cada província, de início,
As normas administrativas fundamentais de cada província, de início, erameram estabelecidas por uma lei,
estabelecidas por uma lei,lex provinciaelex provinciae.. Dentro de cada província há
Dentro de cada província há cidades com diferentes estatutos:cidades com diferentes estatutos: -- Cidades federadas Cidades federadas (eram f(eram formalmente indeormalmente independentes);pendentes); -- Cidades livrCidades livres (tinham es (tinham autonomia admautonomia administrativa);inistrativa);
-- Cidades imunes (erCidades imunes (eram isentas do am isentas do pagamento de impospagamento de impostos);tos);
-- Cidades estipendiárias (tinham Cidades estipendiárias (tinham que pagar um tributo fique pagar um tributo fixo a um Questor);xo a um Questor); Os governadores das províncias, além de
Os governadores das províncias, além de imperiumimperium, tinham, tinhamiurisdictioiurisdictio; publicavam; publicavam igualmente o seu
igualmente o seu edictumedictum. Em ordem à administração da justiça, a província estava. Em ordem à administração da justiça, a província estava dividida em distritos que
dividida em distritos que o governador visitava periodicamente.o governador visitava periodicamente. Os governadores, ao aplicarem o
Os governadores, ao aplicarem o Ius Romanum Ius Romanum, não podiam , não podiam aplicar um Direito Romanoaplicar um Direito Romano clássico puro, mas tinham de
clássico puro, mas tinham de adaptá-lo às várias condições especiais da administraçãoadaptá-lo às várias condições especiais da administração da justiça na
da justiça na província, sobretudo à circunstância de o processo ter, praticamente, sóprovíncia, sobretudo à circunstância de o processo ter, praticamente, só uma fase, em que,
uma fase, em que, por conseguinte, o governador fazia depor conseguinte, o governador fazia de praetor praetor e dee deiudexiudex. Os. Os governadores tinham, pois, necessidade de «provincializar» o
governadores tinham, pois, necessidade de «provincializar» o Ius Romanum Ius Romanum. O «direito. O «direito provincial», em rigor, é pois o
provincial», em rigor, é pois o Direito Romano clássico adaptado às províncias. EmDireito Romano clássico adaptado às províncias. Em sentido menos rigoroso, «direito provincial» é também a
sentido menos rigoroso, «direito provincial» é também a lex provinciaelex provinciae. Os. Os governadores obtinham grandes lucros das províncias; Roma autorizava que os governadores obtinham grandes lucros das províncias; Roma autorizava que os benefícios, indemnizações e os tributos fossem dados em géneros:
benefícios, indemnizações e os tributos fossem dados em géneros: cibaria (víveres),cibaria (víveres), congiarium (vinho), salarium (imposto pago em