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LEVANTAMENTO DA EXPANSÃO TERRITORIAL URBANA NA PARTE LESTE/NORDESTE DA CIDADE DE ARAGUAÍNA

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Academic year: 2021

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

LEVANTAMENTO DA EXPANSÃO TERRITORIAL URBANA NA PARTE

LESTE/NORDESTE DA CIDADE DE ARAGUAÍNA

Adriana Moreira dos Santos1 Elias da Silva2

RESUMO

Nosso intuito nesta pesquisa é o levantamento do processo de expansão territorial urbana rumo a Área de Proteção Ambiental (APA), das nascentes de Araguaína. Araguaína hoje é reconhecida como centro econômico do Tocantins, porém isso não significa que tenha ocorrido, nesta cidade, desenvolvimento socioterritorial urbano. Essa questão, para ser contemplada em seu processo histórico, pode ser abordada inicialmente pela própria caracterização físico/territorial urbana de ocupação. A cidade cresceu de modo desordenado e/ou sem planejamento. Nossa metodologia contempla os seguintes passos: embasamento teórico; entrevistas com moradores pioneiros de bairros antigos e recentes; visitas in lócus e entrevistas com os órgãos gestores da APA. Constatamos que a parte leste/nordeste da cidade apresenta um processo acelerado de ocupação irregular, mesmo em loteamentos que inicialmente foram lançados legalmente, observa-se a nítida invasão da APA, a qual contempla inúmeras nascentes que alimentam a micro bacia do rio Lontra. A questão da apropriação da terra em escala brasileira, particularmente Tocantins e Araguaína, é crucial para compreender a cidade em seu conjunto. Acreditamos que o adequado plano de desenvolvimento urbano de Araguaína deve ter na parte leste/nordeste o ponto de partida, pelas várias situações aqui levantadas.

Palavras-chave: Cidade; Apropriação da Terra; APA.

1

Acadêmica do Curso de Geografia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) Campus de Araguaína e Bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq). E-mail: amoreirasantos2012@bol.com.br.

2 Professor Doutor da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Campus de Araguaína/Orientador. E-mail:

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa buscamos compreender como a questão da produção territorial vem sendo conduzida em Araguaína. Para atingir este intuito nos reportamos à tríade território, cidade e rede. O território representado pela terra uma vez que estudamos sua apropriação, a cidade enquanto forma de organização da sociedade, pontos de fixação da população e de gestão político-econômica e rede no sentido de sua organização atual e respectiva influência sobre a formação das cidades.

Nesta perspectiva faremos um breve panorama histórico do contexto geral dos modos de apropriação do território até a realidade local apresentando dados sobre a apropriação da terra urbana em Araguaína, focando no crescimento que ocorre de forma desordenada, sobretudo, rumo à Área de Proteção Ambiental (APA) das nascentes de Araguaína localizada na parte leste-nordeste da cidade.

Desse modo a essência deste trabalho gira em torno de duas questões as quais sejam: a terra como base dos conflitos socioterritoriais e o planejamento urbano ou não planejamento urbano no que diz respeito as ações do poder público frente às ocupações irregulares no âmbito da APA.

É aconselhável a discussão sobre apropriação territorial no Brasil a partir da alusão a cidade que desde os primórdios foi necessária, como ponto de organização, dada a sua natureza em termos de concentração de instituições sociais. Nesse sentido enfocamos a cidade e urbanização no Brasil, para em outro item verificar a singularidade da nossa área de pesquisa, qual seja a cidade de Araguaína. Azevedo (1992) verifica a cidade como base do processo de conquista e consolidação territorial, isto é o que concluímos com a leitura das palavras deste autor quando pondera sobre a formação das cidades no processo de produção do território brasileiro.

De acordo com Silva (2009) a urbanização e industrialização se desenvolvem com um novo surto, a partir dos anos 1930, impulsionadas novamente pelo Estado com as mudanças ocorridas de caráter político e administrativo, especialmente no que se refere às obras de infraestrutura. Daí em diante o processo de urbanização e industrialização se deu de forma mais distribuída no território brasileiro provocando a modernização e integração a partir da implantação de vias rodoviárias na segunda metade do século XX, o principal modelo, tendo na construção de Brasília o modelo da nova matriz de rede urbana voltada “para dentro”. Neste sentido a rede rodoviária em direção ao centro/norte do Brasil teve na rodovia Belém Brasília a integração da atual Amazônia Oriental, integrando particularmente o norte goiano e em especial a cidade de Araguaína.

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MATERIAL E MÉTODOS

Dentre as atividades necessárias para obtenção dos resultados que constituem esse trabalho destacam-se as entrevistas com moradores pioneiros, dos bairros que abrangem a área de estudo, e não somente pioneiros como os vários outros moradores quando se trata de bairros produzidos mais recentemente. As visitas in locus para observar e fazer registro das situações de uso e ocupação do solo através de fotografias ou mesmo descrição escrita da paisagem. As entrevistas com órgãos gestores das formas de uso e ocupação da área, parte leste-nordeste de Araguaína.

No que tange ao embasamento teórico, para discussão das questões levantadas dentro da temática central, optamos por autores como Martins (1990), Pereira (2013), Azevedo (1992), Santos (2009), Valverde e Dias (1967), Silva (2009), entre outros. Também realizamos um trabalho de laboratório para produção de mapas, imagens e organização de gráficos, tabelas, elucidativos das questões levantadas e discutidas no texto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Particularmente em relação à realidade de Araguaína no contexto brasileiro, foi a partir da construção da rodovia BR-153 conhecida como Belém Brasília que esta passa por transformações fundamentais. Conforme Valverde e Dias (1967) a BR-153 deu novo impulso ao crescimento de Araguaína. Após a construção da referida rodovia “Araguaína cresce desordenadamente, sem plano preconcebido” (VALVERDE E DIAS, 1967). Porém esse crescimento é apenas econômico, não vem atrelado ao desenvolvimento social. “Neste sentido, por exemplo, Araguaína é uma cidade que possui vários bairros oriundos de ocupações irregulares e talvez isso explique um pouco de sua “desorganização” urbana” (PEREIRA, 2013).

Ao entrevistar alguns dos pioneiros desta cidade, sobretudo aqueles que têm propriedades em bairros localizados na parte leste-nordeste de Araguaína e que participaram dos processos iniciais de ocupação desta área da cidade, constatamos que todos os entrevistados vieram do Nordeste, basicamente Piauí, Maranhão e Ceará.

Em 1970 o Sr. Raimundo, um dos entrevistados saiu de Floriano no Piauí e veio para região passando a residir inicialmente no centro de Araguaína. Hoje o Sr. Raimundo mora no Bairro São João

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e afirma que este bairro surgiu a partir de processos de ocupação de áreas devolutas ou pertencentes ao Estado. O entrevistado assegura que as pessoas que tinham condição de chegar, cercar e construir podiam demarcar quantos lotes quisessem. Mesmo assim sabe-se que na cidade de Araguaína os moradores ainda não possuem a escritura do lote e da casa em que mora. Dado curioso em relação ao córrego, Baixa Funda, é a sua nascente a qual nas palavras do Sr. Raimundo abrangia a área da Escola CAIC Humberto Camargo, nas mediações do Bairro São João, mas atualmente sofre impermeabilização e desaparecimento restando apenas uma cratera as margens da Av. Filadélfia.

É importante considerar que o processo de ocupação irregular tem sido uma constante em Araguaína e neste sentido contemplamos a mais recente ocupação, qual seja o Setor Lula, um bairro originado por processo de ocupação irregular, localizando-se na porção leste-nordeste de Araguaína faz parte da nossa área de estudo. O bairro surgiu há cerca de cinco anos e hoje possui aproximadamente 350 famílias residentes.

Segundo os entrevistados está ocorrendo outra nova invasão nas proximidades do Setor Lula e que apesar de ainda não ter um nome definido afirmam que provavelmente este novo bairro que poderá surgir será intitulado por Dilma. Foi possível observar durante a visita no local que alguns moradores mesmo possuindo terreno no Setor Lula ocuparam um espaço na nova invasão. Vale também mencionar a existência do Loteamento Serra Dourada implantado em 2011 em plena área da APA, configurando uma verdadeira “ilha de asfalto”, uma vez que são várias quadras e ruas asfaltadas sem uma construção se quer em toda extensão do loteamento.

O processo de ocupação da cidade de Araguaína é bastante complexo composto por inúmeras situações que aqui em nossa pesquisa, apenas começamos a esboçar, e que, para melhor compreender, será preciso outros momentos de aprofundamento. Por enquanto, fica a certeza de que a questão da apropriação da terra é crucial para compreender a cidade de Araguaína em seu conjunto.

Segundo o Sr. Aldeci Gomes Leite, Gerente Regional do NATURATINS, este órgão funciona como um regulador das atividades que serão implantadas na APA e que, portanto deveriam ter um Plano de Manejo (PM). A Lei nº 1116 foi criada há 15 anos e apenas em 2007 cerca de uns dez anos depois foi criado o conselho deliberativo, o qual é formado por representantes do IBAMA, polícia ambiental, bombeiros e membros da comunidade em geral.

O Gerente do NATURATINS nos confirma o que constatamos e é objeto dessa pesquisa, a expansão urbana acelerada rumo a Área de Proteção Ambiental, vem ocorrendo há um bom espaço de tempo, de forma devastadora do meio natural, ou mais especificadamente das nascentes de Araguaína

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que não deveriam, mas estão sendo degradadas. E nesse sentido o NATURATINS não tem atuado de forma muito efetiva. Conforme o Gerente Aldeci Gomes isto acontece porque é uma questão de Estado, pois é ele quem cria as leis, instala o conselho e dar condições para que o trabalho do órgão seja mais eficaz.

A APA vem sendo ocupada bem antes de sua criação que ocorreu na década de 1999. Os relatos de pioneiros nos mostraram que apenas três décadas podem ser suficientes para deterioração de um córrego em Araguaína. A “desorganização” urbana desta cidade esta relacionada à forma como foi ocupada e se desenvolveu ao longo do tempo sem um planejamento adequado, pois quase inteiramente a cidade originou-se de invasões de terras, práticas que repercutem até mesmo na contemporaneidade.

LITERATURA CITADA

AZEVEDO, A. de. Vilas e cidade do Brasil Colonial (Ensaio de geografia urbana retrospectiva). Terra Livre, São Paulo, nº 10, p. 23-78, janeiro-julho, 1992.

SILVA, E. da. Território cidade e rede: o papel de Rondonópolis na expansão da soja no Cerrado mato-grossense. São Paulo: USP, 2009. (Tese de Doutorado).

PEREIRA, A. J. “Leituras de paisagens urbanas: Um estudo de Araguaína-TO”. Uberlândia: UFU, 2013. (Tese de Doutorado).

VALVERDE, O. e DIAS, C. V. A rodovia Belém-Brasília: estudo de Geografia Regional. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia, 1967.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Brasil.

Referências

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