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HYPHOMYCETES DO MANGUEZAL DO CANAL DE SANTA CRUZ, ITAPISSUMA - PE

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HYPHOMYCETES DO MANGUEZAL DO CANAL DE SANTA CRUZ, ITAPISSUMA - PE

Fraccanabbia, M. R.(1); Correia. J. M. M. (1); Neves, R. O. (1); Santos, I. P. (2); Lima, V. H. M. (2); Lima, V. L. M. (2); Cavalcanti, M. S. C. (1)

mariii_mrf@hotmail.com

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Departamento de Micologia, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife - PE, Brasil;

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Departamento de Bioquímica, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife - PE, Brasil.

RESUMO

Este estudo teve como objetivo o levantamento dos Hyphomycetes isolados do solo do manguezal do Canal de Santa Cruz, no Município de Itapissuma, PE. As amostras foram coletadas no período seco, outubro de 2008 e chuvoso maio de 2009. Após as coletas as amostras foram submetidas a suspensões sucessivas de até 1:5000, 1 mL da última suspensão foi adicionado em placas, em triplicata, com meio ágar - Sabouraud acrescido de cloranfenicol (50 mg L-1), e as placas foram incubadas em temperatura ambiente (28 ± 2°C), durante 3 - 4 dias, para o desenvolvimento das colônias e posterior isolamento e identificação dos fungos. Foram identificados 23 táxons, quatro no período seco e 19 no chuvoso. Penicillium citrinum Thom, ocorreu com maior frequência (24%), seguido de Aspergillus paradoxus Fennell e Raper (22%). O manguezal é abrigo para diversas espécies de organismos utilizadas como fonte de subsistência de comunidades locais. O conhecimento da micobiota desse bioma é relevante para estudos posteriores que visam à utilização em processos biotecnológicos.

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INTRODUÇÃO

Os Hyphomycetes formam um dos maiores grupos de fungos, até recentemente a maior parte das pesquisas, no Brasil, foram realizadas no bioma Mata Atlântica dando enfoque a micobiota de folhedo (CRUZ, 2007). Alguns Hyphomycetes são patogênicos, causam micoses no homem e nos animais, sendo que outros são responsáveis pela maioria das doenças nas plantas, acarretando sérios prejuízos à agricultura (ALEXPOULOS,1996). Nas décadas de 50 a 70 os estudos sobre este grupo de fungos foram relevantes devido aos esforços realizados por BATISTA, 1965 que realizou prospecções micológica em solos de diversos estados do norte e nordeste. O solo é um dos principais habitats para os microrganismos e dentre eles, os fungos, porém pouco se sabe sobre a micobiota de manguezal (CAVALCANTI, 2007). O manguezal é um ecossistema que se forma ao longo de costas baixas e protegidas, em ambientes de sedimentações estuarinas, lacustres e deltaicas, é constituído por uma vegetação de baixa, diversidade florística, quando comparado a outras florestas tropicais e subtropicais, e está localizado em áreas sujeitas a marés. No Brasil este ecossistema apresenta grande distribuição ocupando uma extensa parte do seu litoral, atuando como proteção contra a erosão marinha, como berçário e base da cadeia trófica para diversas espécies de peixes, moluscos, crustáceos, dentre outros organismos

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TALLMAN, 2008). Devido à crescente importância deste ecossistema e diversidade de sua fauna, o manguezal tem sido objeto de estudos desenvolvidos por vários pesquisadores que o consideram uma fonte inesgotável de pesquisas nas áreas da botânica e zoologia, dentre outras; contudo, na área da micologia os trabalhos são escassos. Em decorrência da falta de maiores estudos sobre a ocorrência de fungos do solo no ambiente de manguezal no Brasil, e principalmente em Pernambuco, este trabalho é relevante para o conhecimento da micobiota desse ambiente, além de acrescentar subsídios para estudos de preservação e ecologia desse bioma, o qual tem seus recursos naturais utilizados para subsistência pelas populações ribeirinhas locais.

MATERIAL E MÉTODOS

As coletas foram efetuadas no Canal de Santa Cruz (Figura 1), no Município de Itapissuma, PE, em três pontos equidistantes, (7º46’28.25’’S e 34º53’26.86’’W); (7°46’31.38’’S e 34°53’26.41’’W) e (7°46’34.25’’S e 34°53’26.17’’W), nos períodos seco (outubro de 2008) e chuvoso (maio de 2009).

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4 Figura 1. Mapa do canal de Santa Cruz

(Itapissuma-PE).

As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Fungos Aquáticos do Departamento de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde foram submetidas à técnica de diluição de solo em placas segundo WARCUP, 1967, com modificações. Tais modificações consistiram em passar o solo por uma peneira (0,84 mm) e suspender 25 g de solo peneirado em 225 mL de água destilada esterilizada (1:10). Dessa suspensão foram retirados 10 mL e transferidos em frascos de Erlenmeyer contendo 990 mL de água esterilizada (1: 1.000). Em seguida, da nova suspensão foram retirados 10 mL e colocados em Erlenmeyer contendo 40 mL de água esterilizada (1:5.000). Da

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suspensão de 1:5.000 foi retirada a alíquota de 1 mL que foi semeada em placas de Petri, em triplicata, contendo meio ágar - Sabouraud (SAB), acrescido de antibiótico (cloranfenicol 50 mg L-1), previamente esterilizado em autoclave a 120°C, durante 20 minutos a 1 atm de pressão, com pH ajustado para 6,5. Após a semeadura, as placas foram incubadas à temperatura ambiente (28 ± 2°C) e, após desenvolvimento (3 - 4 dias), as colônias foram transferidas para tubos de ensaio contendo batata - dextrose - ágar (BDA). Quando necessário, as colônias foram transferidas para meios específicos de acordo com a exigência nutricional de cada taxa como: CZAPEK (CZ) (SIDRIM, 1999), Sabouraud - dextrose - ágar (SDA) (ZAPATER, 1965) e extrato de malte - ágar (EMA) (KLICH, 2002), objetivando a indução da esporulação. A identificação das espécies foi efetuada através da observação macroscópica das colônias, seguida do exame das características microestruturais e análise comparativa de parâmetros estabelecidos na taxonomia convencional. Foi utilizado o índice de Bray Curtis (LEGENDRE, 1998) para verificar a similaridade entre os períodos de coleta seco e chuvoso.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram isoladas e identificadas do solo do Canal de Santa Cruz 27 espécies, oito no período seco (Figura 2) e 19 no período chuvoso (Figura 3), destas, quatro foram comuns aos dois períodos.

Figura 2. Percentual de espécies isoladas no período seco em outubro de 2008, no

Canal de Santa Cruz Municipio de Itapissuma, PE, Brasil.

Figura 3. Percentual das especies isoladas no período chuvoso em maio de 2009, no

Canal de Santa Cruz Municipio de Itapissuma, PE Brasil.

Destacam-se as espécies Penicillium citrinum Thom, com maior ocorrência no período seco e Aspergillus paradoxus Fennell e Raper,

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em ambos os períodos. O gênero Aspergillus foi o mais frequente em ambos os períodos, seguido de Penicillium, Fusarium e Trichoderma. Alguns gêneros apresentaram diferenças não significantes p > 0,05 nos percentuais, quando comparados os períodos. Penicillium citrinum, teve maior ocorrência no periodo seco e Aspergillus fumigatus Fresenius, maior ocorrência no período chuvoso, isso mostra a possibilidade de mudança na micobiota devido ao período de coleta ou periodicidade. O período chuvoso demonstrou maior variedade de espécie e maior frequência de fungos, resultados semelhantes foram constatados por, GONÇALVESet al., 2013, onde os fatores climáticos foram responsáveis pela variação na frequência dos fungos. A grande ocorrência dos gêneros Aspergillus, Penicillium, Fusarium e

Trichoderma em detrimento a outros, principalmente no período seco,

pode indicar elevados índices de poluição por agrotóxicos e/ou metais pesados comparado aos estudos de BERNARD, 2006, que isolaram fungos de solo contaminado por herbicidas cujos gêneros citados foram os mais frequentes. O Canal de Santa Cruz é receptor de efluentes domésticos e agrícolas gerados por três municípios, além de resíduos industriais de origem metalúrgica e química. Em seu entorno destaca-se a produção de alumínio, a fabricação de produtos químicos e a indústria naval. Dados obtidos, no ano de 2008, demonstraram inconformidades em valores de pH, oxigênio dissolvido (OD), fósforo total, cádmio,

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cobre, ferro e níquel. Solos contaminados por metais pesados apresentam uma significante redução na diversidade de fungos decompositores no solo sendo exceção os gêneros aqui citados, segundo SCHOENLEIN, 2008, mostrando que algumas espécies, são resistentes a poluição por estas substâncias. Os resultados obtidos pelo presente trabalho diferem dos obtidos por GRANDI, 2003 que investigaram Hyphomycetes sobre folhas em decomposição (folhedo), onde foram registradas novas ocorrências para o Brasil, porém não foram citados nem um dos gêneros deste trabalho. A reduzida diversidade de fungos no período seco pode estar associada à concentração de poluentes, o que explicaria o pequeno número de espécie em geral nos dois períodos, servindo de alerta uma vez que, esses micro-organismos são parte importante na decomposição de matéria orgânica, um processo fundamental para a manutenção dos ecossistemas, a qual é realizada por um conjunto variado de micróbios e bactérias (fungos) e invertebrados (GESSNER et al., 2010). No entanto, o próprio ambiente e suas variáveis abióticas podem ser fatores limitantes a variedade de espécies. Esta diferença pode sugerir que os gêneros Aspergillus, Penicillium,

Fusarium, e Trichoderma são mais abundantes em ambientes altamente

perturbados por ação antrópica e possuem grande capacidade adaptativa a variáveis ambientais. GOMES, 2008, apresentou resultados semelhantes isolando fungos filamentosos de solo e água de praias em

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Olinda, PE, demonstrando a capacidade de algumas espécies destes gêneros à adaptação. A similaridade entre os períodos estudados é de 31,64% o que demonstra uma acentuada influência e diferenciação na micobiota, pelos fatores climáticos (temperatura e umidade) ou por variações na concentração de substâncias poluentes devido ao aumento e diminuição das chuvas nos períodos estudados.

CONCLUSÃO

A baixa ocorrência de Hyphomycetes aquáticos pode está associada a variações dos fatores abióticos causadas por elevados níveis tróficos da água.

Confirmando resultados da literatura, predominaram as respectivas micobiota representantes do grupo dos fungos anamóficos

Os gêneros Aspergillus, Penicillium, Fusarium e Trichoderma foram os mais frequentes.

A micobiota observada demonstrou a ubiquidade dos seus representantes, mesmo considerando-se as diferenças ambientais.

A existência de poucos dados na literatura pertinente impediu o aprofundamento da discussão dos dados encontrados, face ao pioneirismo de vários aspectos do trabalho.

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REFERÊNCIAS

CRUZ, A. C. R.; MARQUES, M. F. O. & GUSMÃO, L. F. P. 2007. Fungos anamórficos (Hyphomycetes) da Chapada Diamantina: novos registros para o Estado da Bahia e Brasil. Acta Botanica Brasilica 21(4): 847-855.

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CAVALCANTI, M. S. & MILANEZ, A. I. 2007. Hyphomycetes isolados da água e do solo da reserva florestal de Dois Irmãos, Recife, PE, Brasil. Acta Botanica Brasilica 21(4): 857-862.

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