• Nenhum resultado encontrado

DANILO CASTRO MAGALHÃES 1 LUISA MASSARANI 2 JESSICA NORBERTO ROCHA 3. Introdução

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DANILO CASTRO MAGALHÃES 1 LUISA MASSARANI 2 JESSICA NORBERTO ROCHA 3. Introdução"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

A I Feira Nacional de Ciências no Brasil (1969)

e a ditadura militar: refletindo sobre as

ambiguidades de um capítulo da história

da educação e da divulgação científica

DANILO CASTRO MAGALHÃES

1

LUISA MASSARANI

2

JESSICA NORBERTO ROCHA

3

Introdução

As feiras estudantis de ciências se desenvolveram como atividade pedagó-gica extracurricular na primeira metade do século XX, nos Estados Unidos, junta-mente a outras iniciativas de reformulação dos métodos e conteúdos do ensino básico (TERZIAN, 2013). Em 1950, na cidade de Filadélfia, foi realizada a primeira feira de caráter nacional norte-americana (TERZIAN, 2013:126). Acompanhando os investimentos sem precedentes e o processo de valorização social experimen-tados pela ciência e pela educação científica no período pós-Segunda Guerra Mundial (KRASILCHIK, 2000), as feiras ganharam impulso nos anos seguintes e popularizaram-se pelo mundo (TERZIAN, 2013).

No ensino brasileiro, as primeiras feiras de ciências foram organizadas e po-pularizadas na década de 1960, sob inspiração norte-americana, em um contexto de reformas nas metodologias de ensino de ciências (BRASIL, 2006). Aquela que é considerada a primeira feira de ciências no país foi organizada em 1960, em São Paulo, pelo Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) (BRASIL, 2006; ABRANTES, 2008). Nos anos seguintes, as feiras de ciências se difundiram, primeiro pelo estado de São Paulo e, em seguida, pelo restante do país. No Rio

1 Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia; mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; bolsista Faperj.

2 Fundação Oswaldo Cruz, Mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde (FIO-CRUZ), e Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, Doutora em Gestão, Educação e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cientista do Nosso Estado FAPERJ e Bolsista de Produtividade CNPq.

3 Fundação Cecierj e Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, Dou-tora em Educação pela Universidade de São Paulo e Jovem Cientista do Nosso Estado FAPERJ.

(2)

de Janeiro, a primeira feira de ciências de caráter estadual teria sido realizada em 1968, com organização da seção Rio de Janeiro do IBECC e do Centro de Trei-namento para Professores de Ciências do Estado da Guanabara (Cecigua), com a colaboração da seção de São Paulo do IBECC (ABRANTES, 2008: 155-156). Em outros estados, é possível encontrar registros de feiras de ciências no final da dé-cada de 1960 e ao longo da dédé-cada de 1970, especialmente na região sul do país, onde a iniciativa encontrou eco nas ações do Centro de Ciências do Rio Grande do Sul (CECIRS) (MANCUSO, 1993). Alunos, professores, cientistas e divulgadores científicos, mídia impressa, empresas privadas, instituições públicas e órgãos de fomento à ciência participaram da promoção dos eventos no que ficou conhe-cido como um “movimento das feiras de ciências” (MAGALHÃES, MASSARANI, NORBERTO ROCHA, 2019).

A I Feira Nacional de Ciências e o contexto histórico

Um dos eventos mais marcantes no contexto das feiras de ciência desse pe-ríodo foi a realização da I Feira Nacional de Ciências do Brasil (I FNC), entre 24 e 28 de setembro de 1969. A Feira foi organizada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em colaboração com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado da Guanabara (SCT) no Pavilhão de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, na época o maior centro de exposições da cidade, atual Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. Com atuação importante de Arnaldo Niskier (1935), então Secretário de C&T da Guanabara, responsável pela escolha da cidade como sede, a I FNC foi um evento de grande proporções, exposição de trabalhos de centenas de alunos de quase todo o país e ampla cobertura jornalística (MAGALHÃES; MASSARANI; NORBERTO ROCHA, 2019). Para a história do ensino de ciências e da divulgação científica no Brasil, a Feira Nacional representou um marco, pois deu visibilidade ao processo de introdução e ramificação desse tipo de atividade pedagógica (BRASIL, 2006).

Fruto de um estudo realizado no âmbito do Instituto Nacional de Comu-nicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT) sobre a história das feiras de ciências no Brasil, no artigo 50 anos da I Feira Nacional de Ciências (1969) no Brasil (MAGALHÃES; MASSARANI; NORBERTO ROCHA, 2019) expusemos alguns resultados oriundos de um levantamento em jornais da época sobre como foram a organização, a realização e as repercussões da Feira. Na análise empreendida, identificamos na cobertura jornalística da Feira, entre outras questões, a presen-ça de um forte otimismo na ciência e na tecnologia e a associação entre avanço científico e tecnológico e progresso nacional. Pela maneira como a Feira Nacional foi veiculada nos jornais e pelo conteúdo das falas das autoridades competentes, é possível constatar que ela dialoga com o contexto da década de 1960 de ace-lerados avanços científicos.

Um aspecto fundamental sobre a I Feira Nacional de Ciências que pode ser aprofundado é que ela foi realizada em plena ditadura militar, regime instaurado

(3)

em 1964 por meio de um golpe que derrubou o então presidente João Goulart (1919-1976) e que foi encerrado apenas em 1985. Os 21 anos de ditadura deixa-ram marcas profundas na sociedade brasileira.

Na educação e na ciência brasileiras, o regime provocou muitos impactos per-sistentes (MOREIRA, 2014). A relação entre a ditadura militar e a ciência produzida no país é descrita em muitos trabalhos como uma relação ambígua, paradoxal, mesmo incoerente (MOTTA, 2014; MOREIRA, 2014; SANTOS, 2016). Como resume Motta (2014:21), o regime “foi, simultaneamente, destrutivo e reformador”.

Muitos dos desaparecidos políticos foram estudantes, cientistas e profes-sores das diversas áreas do conhecimento. Muitos foram perseguidos, vigiados, presos, torturados, demitidos, aposentados compulsoriamente, censurados, per-deram seus trabalhos, tiveram que se exilar. Pesquisas e bibliotecas foram censu-radas. Houve interrupção de projetos e o desmantelamento de diversos grupos de pesquisa. O AI-5 atingiu pelo menos 72 professores universitários e 61 pes-quisadores científicos em todo o país, entre 1969 e 1973”4. Um deles, Isaías Raw

(1927), é um dos nomes mais importantes da história do ensino de ciências no Brasil, trabalhando no IBECC e na Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências (FUNBEC) (IZIQUE; MARCOLIN, 2005). O caso conhecido como “O Massacre de Manguinhos”, quando dez cientistas do Instituto Oswaldo Cruz foram taxados como “subversivos” e aposentados compulsoriamente em 1970, é outro exemplo conhecido e estudado (LENT, [1978] 2019; SANTOS, 2016). De maneira geral, a ditadura comprometeu o desenvolvimento científico em várias áreas e comprometeu o status da pesquisa brasileira em nível internacional, o que anulou projetos de colaborações interpessoais e interinstitucionais internacio-nais (MOREIRA, 2014). Como afirma Moreira (2014), a comunidade científica, que tinha dimensões pequenas na década de 1960, foi proporcionalmente um dos setores mais atingidos pelo regime militar.

Por outro lado, o regime entendia o desenvolvimento científico e tecnológico como peça fundamental para a superação do atraso econômico e social do Bra-sil (MOREIRA, 2014; MOTTA, 2014; PAVAN, 1998: 807). Apesar das perseguições, a ditadura investiu na pós-graduação, expandiu e reformou as universidades e repassou uma quantidade inédita de recursos para ciência e tecnologia, tendo o modelo estadunidense como horizonte. Enquanto excluía alguns cientistas brasi-leiros, a ditadura trouxe outros que atuavam no exterior de volta ao Brasil, na cha-mada “operação retorno”, especialmente entre 1967 e 1968. Motta (2014) resume a ambiguidade dessa postura como um processo de “modernização autoritária”. O engajamento sem precedentes do governo federal, dos jornais e empresas privadas na organização de uma feira nacional de ciências com jovens estudantes de quase todo o país aponta para um lugar de prestígio da ciência, da tecnologia e da educação científica na ditadura. Nosso objetivo neste trabalho é investigar e

4 Disponível em: <memorialdademocracia.com.br/card/ai-5-desfalca-a-inteligencia-do--pais#card-90 > Acesso em: 30 mar. 2020

(4)

elucidar como as questões identificadas na cobertura jornalística da I Feira Nacio-nal de Ciências (otimismo com a ciência e a tecnologia e inserção da Feira em um projeto de desenvolvimento nacional) dialogam com a relação da ditadura com a ciência e o ensino de ciências da época. Acreditamos que a análise da cobertura jornalística deste evento pode contribuir para um melhor entendimento sobre a história da ciência, do ensino de ciências e, particularmente, das feiras de ciências no Brasil.

Metodologia

Para este estudo, realizamos uma investigação bibliográfica e documen-tal em fontes primárias e secundárias. Inicialmente, fizemos um levantamento na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e nos acervos digitais dos jornais O Globo, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo (que têm seus próprios acervos digitais), como forma de observar a presença das feiras de ciências na imprensa ao longo do tempo. Como termos de buscas utilizamos as expressões “feira de ciências”, “feiras de ciências” e “feira de ciência”. Ao todo, foram levan-tadas um total de 1.213 matérias entre os anos de 1953 e 2018.

Em seguida, realizamos um levantamento das matérias que contêm a ex-pressão “feira nacional de ciências” nas mesmas bases de dados. Especificamente sobre a I FNC, foram levantadas 174 matérias, de 19 jornais, cobrindo o período de 04 de setembro de 1968, data do primeiro registro encontrado, a 26 de julho de 1970, data do último registro.

As matérias de jornal que cobrem a criação, a organização e a realização da I FNC foram analisadas em diálogo com o material que se tem disponível sobre a história das feiras de ciências no Brasil e com a bibliografia disponível sobre a ditadura militar no país.

A I Feira de Ciências e o movimento das feiras ciências

O levantamento das matérias sobre “feiras de ciências”, em geral, e sobre a “feira nacional de ciências”, em particular, nos permite visualizar a presença das feiras de ciências nos jornais ao longo do tempo.

(5)

Gráfico 1 – Distribuição das matérias de jornais levantadas nas décadas de

1960, 1970 e 1980.

Legenda: Em laranja, estão destacadas as 174 matérias levantadas que mencionam a “feira nacio-nal de ciências”. Em azul, as 1213 matérias que mencionam as outras “feiras de ciências” ao longo dos anos.

Como demonstra o gráfico 1, até meados da década de 1970 houve um movimento ascendente na cobertura das feiras de ciências brasileiras nos jornais analisados, especialmente se considerarmos o ano de 1969 como uma ponto fora da curva por conta da intensa cobertura que a I FNC recebeu.

Grifados em amarelo no gráfico 1 estão os anos de duração do regime militar no Brasil: 1964 a 1985. Pelo gráfico, é possível notar que a partir de 1964, o número de matérias sobre feiras de ciências nos jornais aumenta, seguindo um movimento ascendente durante o governo Castelo Branco (1964-1966). Entre 1967 e início de 1969, durante o governo de Costa e Silva, há uma ligeira queda no número de matérias. Com a I Feira Nacional de Ciências em 1969, as feiras de ciências ganham novo impulso, permanecendo em alta nos jornais durante todo o governo Médici (1969-1974). A partir de então, a presença das feiras nos jornais começa a dimi-nuir. O gráfico nos permite observar que o período de maior repercussão das fei-ras de ciências nos jornais, portanto de maior visibilidade na esfera pública, se dá durante os primeiros dez anos do regime militar. Isso não quer dizer que as feiras de ciências sejam um projeto educacional da ditadura – há muitos outros fatores envolvidos – mas indica uma aproximação ou convívio mútuo.

Em 30 de janeiro de 1969, o então presidente Arthur da Costa e Silva (1899-1969) – responsável por reprimir as manifestações estudantis de 1968 – assinou o Decreto n. 64058 criando a Feira Nacional (FEIRA NACIONAL..., 1969:8). Pouco depois, o MEC liberou, por meio de um decreto, um crédito especial de 122 mil cruzeiros novos (o que equivaleria algo em torno de 1,3 milhões de reais em 2020) para atender às despesas necessárias à realização da FNC (NOVOS ATOS…, 1969). A Feira também recebeu ajuda financeira da Petrobras, das secretarias de Educação de outros estados e da Fundação Rockefeller, principal agência de fi-lantropia científica norte-americana no período, com atuação no Brasil desde o

(6)

início do século XX (MARINHO, 2005). A criação da I FNC foi um dos últimos atos de Costa e Silva no poder. Poucos meses depois de criar a I FNC, o general foi substituído por uma junta militar ao sofrer um Acidente Vascular Cerebral. A Fei-ra, organizada em setembro de 1969, ocorreu no exato momento de transição do governo Costa e Silva para o governo Médici, ainda mais repressivo.

A análise do material levantado sugere que a inspiração para a realização de uma Feira Nacional de Ciências foram as feiras do estado de São Paulo, que eram organizadas desde 1960 pelo IBECC. Entre outros exemplos, foi possível notar que, no final de 1968, o vice-presidente do Brasil, Pedro Aleixo (1901-1975), esteve presente à inauguração da Feira de Ciências de Marília, no interior de São Paulo. “Muito bem impressionado com a promoção” (ESTÍMULO..., 1969: 6), Alei-xo teria prometido levar ao marechal Costa e Silva a sugestão de criação de uma Feira Nacional. O divulgador científico José Reis (1907-2002), um dos principais incentivadores das feiras de ciências, escreveu em sua coluna no jornal Folha de São Paulo (espaço que costumava dedicar, entre outros assuntos, à popularização das feiras), sobre a criação de uma Feira Nacional. Segundo Reis,

a notícia de que o governo federal patrocinará feiras de ciências nacionais [...] é sem dúvida reconhecimento do valor do trabalho que nesse campo foi desenvolvido em São Paulo pela ação espontânea de professores e alunos, apoiados pelo IBECC - seção São Paulo, por este jornal e por muitas instituições públicas e particulares (REIS, 1969).

Isso indica que o movimento de introdução das feiras de ciências, que ocorria majoritariamente em São Paulo, é não apenas anterior ao regime, mas também ocorria de maneira mais ou menos independente das instâncias de governo e, es-pecialmente, do governo federal, que se aproximou das feiras no final da década de 1960. O depoimento da presidente do IBECC/seção Guanabara na inaugura-ção da I Mostra Estudantil de Ciências do Rio de Janeiro, um ano antes da I FNC, corrobora essa afirmação. Ao enumerar os objetivos de se organizar uma feira de ciências como aquela, Edília Coelho Garcia resume um ponto importante da organização de feiras de ciências no período: a “tentativa para chamar a atenção dos poderes públicos para o aperfeiçoamento do ensino das ciências” (MUSEU MOSTRA…, 1968).

Ensino de ciências e ditadura

Analisando a bibliografia sobre a história da educação, observamos que as décadas de 1950 a 1970 foram fundamentais para uma reestruturação do ensino de ciências no mundo, bem como para ações de educação não formal e divul-gação científica (BRASIL, 2006; KRASILCHIK, 1995). No Brasil, projetos curriculares internacionais foram adaptados e nacionais foram desenvolvidos e implementa-dos no que é descrito como um “movimento de renovação do ensino de ciên-cias” (KRASILCHIK, 1995; VALLA et al, 2014). Tal movimento apostava, entre ou-tros aspectos, na produção de um ensino de caráter mais prático e experimental,

(7)

incentivando a autonomia intelectual do aluno e sua capacidade crítica, na im-plantação de laboratórios e na distribuição de kits de experiências científicas (NAGUMO; OLIVEIRA; INGLEZ, 2018; VALLA et al, 2014). A adaptação das feiras de ciências ao ensino brasileiro na década de 1960 se insere nesse movimento renovador do ensino de ciências baseado na experimentação científica (BRASIL, 2006). Como descreve Abrantes (2008:156-157):

A experiência das feiras se ajustou bem à condição precária dos laboratórios das escolas de nível secundário no Brasil, suprindo as deficiências do ensino formal e propondo experimentos adequados à realidade local das cidades onde eram realiza-dos (Reis & Gonçalves, 2000, p. 55), mobilizando a população em cidades do interior e contribuindo para uma integração entre a escola e a sociedade.

Além do IBECC, outras instituições que participaram ativamente do “movi-mento renovador” entre os anos de 1950/70 foram criadas, tais como a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências (FUNBEC) e os Centros de Ciências (CECIs) (VALLA et al, 2014). Criados majoritariamente em 1965, os CECIs marcaram o ensino de ciências no Brasil, fornecendo assistência aos profes-sores de ciências, editando livros e periódicos sobre o ensino de ciências, desen-volveram materiais e métodos de ensino e participando da organização de clubes e feiras de ciências (SILVA et al., 2010).

Parte importante desse movimento foram as ações dos Estados Unidos que começaram a financiar projetos para a melhoria do ensino de ciências em países da América Latina (BARRA; LORENTZ, 1986; VALLA; FERREIRA, 2012). O contexto de Guerra Fria e as políticas norte-americanas voltadas à América Latina, espe-cialmente às ditaduras da América do Sul, justificam essa presença. Com apoio das fundações Rockefeller e Ford e da Agência dos Estados Unidos para o De-senvolvimento Internacional (USAID, sigla em inglês), muitos materiais didáticos norte-americanos foram traduzidos, trazendo consigo novas propostas didáticas para um ensino experimental de ciências (ABRANTES 2008:191).

Segundo Krasilchik (2000), é possível constatar uma mudança nos ensino de ciências provocada pela instauração da ditadura militar. Nos anos anteriores ao regime, com o crescente acesso à educação formal, houve uma transformação na concepção do papel da escola que passava a ser responsável pela formação de todos os cidadãos e não mais apenas de um grupo privilegiado. A Lei 4.024 – De Diretrizes e Bases da Educação, de 21 de dezembro de 1961, ampliou a partici-pação das ciências no currículo escolar. Essas disciplinas passaram a ter a função de desenvolver o espírito crítico com o exercício e experimentação do método científico. A melhoria da infraestrutura das escolas públicas, a reforma universi-tária, e as reformulações de métodos e conteúdos de ensino eram algumas das demandas anteriores ao golpe e que foram incorporadas e levadas adiante.

Com o golpe de 1964, como argumenta Krasilchik (2000), o papel da escola modificou-se progressivamente, deixando de enfatizar a cidadania para buscar a formação do trabalhador. Incorporando demandas da sociedade brasileira, em

(8)

especial das camadas médias que apoiavam a ditadura, e atendendo a cobranças pela adoção de padrões internacionais, o regime impôs uma série de mudanças na educação. Em 1968, a ditadura promoveu a reforma universitária. Em 1971, criou as disciplinas Organização Social Política Brasileira (OSPB) e Educação Mo-ral e Cívica, e controlou livros didáticos em conformidade com a ideologia do regime. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692, de 1971, as disciplinas científicas ficaram marcadas por uma contradição: embo-ra mais valorizadas, adquiriembo-ram um caráter profissionalizante, com perspectivas mais tecnicistas, voltando o ensino para a criação de mão-de-obra especializada para as indústrias, que as esvaziavam em sua eficácia (KRASILCHIK, 2000). Entre a necessária expansão do ensino e a consequente ampliação da camada crítica da sociedade, a ditadura optou por uma expansão controlada. A educação pas-sou, então, a ocupar uma posição estratégica na política de desenvolvimento: um instrumento para conter conflitos sociais e eliminar obstáculos que impedissem o modelo de desenvolvimento econômico defendido pelo regime (ROMANELLI, 2007; VALLA et al., 2014).

A I FNC é parte desse processo. Foi possível notar a presença de uma valo-rização da autonomia e da proatividade que os estudantes dispunham no mo-delo de ensino de ciências preconizado e demonstrado nas feiras de ciências. Os alunos eram instigados a se engajar na busca por conhecimento científico, produzindo seus trabalhos, buscando as respostas às suas hipóteses e expondo à população leiga os princípios e métodos científicos. A perspectiva profissiona-lizante e desenvolvimentista, entretanto, estava presente.

Feira de ciências e desenvolvimento nacional

Há uma lógica presente nas matérias estudadas que liga, numa continuidade linear, os elementos Feira de Ciências, estímulo ao ensino de ciências, ampliação da comunidade científica, avanço tecnocientífico e desenvolvimento nacional. Esta lógica está expressa na fala dos organizadores da Feira, segundo reportagem de O Estado de São Paulo:

Segundo seus organizadores, a Feira de Ciências tem como principal objetivo esti-mular nos jovens estudantes do nível médio o gosto pela ciência e tecnologia, aten-dendo, assim, às necessidades nacionais na luta pelo desenvolvimento, que somente será conseguido com a preparação de técnicos (RIO INAUGURA..., 1969:6).

Durante a cerimônia de inauguração, na qual estiveram presentes o Ministro da Educação Tarso Dutra, a primeira-dama Iolanda Costa e Silva (1907-1991), o Governador da Guanabara Negrão de Lima (1901-1981), o Secretário de C&T da Guanabara Arnaldo Niskier, o físico César Lattes (1924-2005) e o médico Carlos Chagas Filho (1910-2000) (RIO PROMOVE…, 1969, p. 16), Negrão de Lima, teria dito que “o Brasil já despertou definitivamente para a era da tecnologia e vai re-alizar o seu destino de país desenvolvido, num audacioso passo em direção ao

(9)

futuro” (MINISTRO INAUGUROU A..., 1969). Tarso Dutra, também na inauguração, reforçou o sentimento:

dando oportunidade aos moços de todo o país para exibir sua capacidade criadora, [a Feira] é uma nítida demonstração do interesse do Governo da República pelo aproveitamento mais adequado das inteligências e uma oportunidade excepcional para seu encaminhamento a programas que as incentivem em favor do processo desenvolvimentista nacional (MINISTRO INAUGUROU A..., 1969)

Já uma matéria no jornal Diário de Notícias resumiu o contexto no qual a Feira se insere, ao publicar, em julho de 1969, que:

Faltam-nos a tradição e o gosto pelas ciências positivas. Mas um surto renovador percorre, inegavelmente, as lideranças governamentais, as escolas e largos setores da iniciativa particular. O tempo é da ciência, da pesquisa, da técnica e, ou se a per-segue, ou se fica para trás, comprando know-how e marcando passo entre os subde-senvolvidos. É preciso, cada vez mais, mudar os educandários, em todos os níveis, de lugares de ouvir em lugares de fazer. [...] Necessitamos, dadas as nossas característi-cas, de grandes contingentes de cientistas. O campo e a cidade reclamam-nos para progredir. Temos de formá-los incessantemente. Incentivando a prática da ciência, o Governo acaba de criar a Feira Nacional de Ciências [...]. Pode resultar em grandes vantagens para o País (INCENTIVO..., 1969:4)

Ao ler esses trechos ficam explícitos os discursos de “processo desenvolvi-mentista nacional” e as possíveis vantagens para o avanço do país. A noção de “ciência” nas feiras de ciências da década de 1960 era bem diferente das feiras atuais. Outras exigências, outro contexto, outras ideias de educação fizeram com que as feiras estivessem muito focadas no ensino secundário, nos trabalhos téc-nicos e num cientificismo que dominava essa época. A análise das matérias nos permite observar uma noção de ciência ligada à de tecnologia e à de aplicabilida-de do conhecimento científico. Nos trabalhos apresentados pela imprensa, além das exposições de Biologia e Saúde, observamos a recorrência da palavra “mo-derno” e a atenção aos “aparelhos avançados”. Foguetes, robôs, computadores e um disco voador chamam a atenção. A “corrida espacial” é bastante presente. Um jornalista chega a afirmar que “os dois mil trabalhos demonstram preferência pelos assuntos ligados à conquista do espaço” (FEIRA DE CIÊNCIAS É…, 1969:12). Somado a isso, muitas notícias do período de realização da Feira focam nos “cien-tistas-mirins”, “mini-cientistas”, “jovens-cientistas” ou “minigênios”, ressaltando seu talento, sua empolgação e desejo de aprender mais. Entre as descrições dos jovens, seu caráter genial, competitivo e patriótico chamam a atenção. Em quan-tidade significativa das reportagens, as palavras “competição” ou “competitivida-de” estão presentes. A Feira foi apresentada como uma espécie de torneio e os estudantes convocados a se engajar como competidores. Nota-se, nessa imagem de um cientista em formação, uma outra, a do próprio cientista, como alguém talentoso, genial, competitivo e interessado no progresso nacional.

(10)

A tendência meritocrática observada na Feira – que procurava revelar os melhores e mais inteligentes entre os alunos brasileiros capazes de seguir uma carreira científica e levar adiante o desenvolvimento tecnológico brasileiro para romper com o atraso e o subdesenvolvimento – nos remete ao argumento de Terzian (2013) sobre esse mesmo tipo de ênfase ter ganhado força nas feiras de ciências dos Estados Unidos no período pós-Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria. O autor sugere que essa abordagem intensificou a desigualdade educacional e contribuiu para o problema geral de sub-representação de mino-rias e mulheres em campos científicos (TERZIAN, 2013).

A observação do material levantado sobre as feiras de ciências sugere que duas perspectivas sobre o ensino de ciências e as feiras de ciências identificadas por Terzian nos Estados Unidos no período anterior à Guerra – as feiras como uma forma de cultivar cidadãos informados e com pensamento crítico e racional, por um lado, e como uma forma de engajar os jovens em carreiras científicas como projeto de fortalecimento nacional a longo prazo (TERZIAN, 2013) – convi-vem no Brasil durante todo o período analisado. Na cobertura da Feira Nacional de 1969, a ideia de competição sobressai de forma mais clara do que no restante das feiras estaduais e municipais analisadas. Objetivos ligados ao estímulo de um “espírito científico” e à promoção do ensino de ciências estão presentes, quando, por exemplo, o jornal noticiou o interesse dos organizadores em trabalhos:

que melhor expliquem e interpretem os fenômenos científicos que rodeiam o ho-mem de hoje; que contribuam para esclarecer certos aspectos que propiciem melhor intercâmbio entre os povos; que estejam despertando, no momento, a curiosida-de do homem e do povo; que curiosida-despertem novas vocações pelo conhecimento das inovações científicas; que contribuam para eliminar superstições e mal-entendidos entre os homens e os povos; que contribuam para melhor apreciação da natureza e, preservando e conservando dádivas e belezas, possam contribuir para o bem da humanidade e em particular para o progresso do ensino científico no Brasil (GOIÁS DEVERÁ…, 1969).

No entanto, os objetivos meritocráticos e a orientação nacionalista da Feira ficam evidentes, atribuindo às feiras de ciências brasileiras um propósito no in-terior de um projeto de desenvolvimento nacionalista fundamentado na ciência aplicada à tecnologia. Como resumiu o então ministro Tarso Dutra, a Feira, além de “estimular o gosto pelas ciências” (MINISTRO INAUGUROU…, 1969), tratava-se “de empreendimento destinado a suscitar competição entre estudantes de nível médio para o incremento de estudos científicos” (US$ 153 MILHÕES…, 1969:5).

Também é possível analisar, pelo contexto da época das matérias, que parte das categorias associadas aos estudantes tem a intenção de se contrapor aos es-tudantes considerados “subversivos”, que manifestavam em oposição ao regime militar. Um exemplo é o discurso de Tarso Dutra, quando afirmou que:

Aqui se soma a juventude patrícia em experiência construtiva, que anula o cassan-drismo dos pessimistas e dilui mitos mais que vencidos, oferecendo à opinião

(11)

públi-ca a apresentação de trabalhos que são uma afirmação de confiança na inteligência do homem brasileiro. Marginaliza a incompetência e o inconformismo em favor de uma posição positiva, cheia de vitalidade, com uma forte mensagem de fé no futuro, a unir indissoluvelmente os secundaristas de todo o País (FEIRA DE CIÊNCIAS INAU-GURADA…, 1969).

Considerações Finais

O movimento de introdução das feiras de ciências na educação brasileira foi uma expressão da reforma educacional em curso desde a década de 1950, fruto de demandas anteriores do conjunto da sociedade brasileira e da incorpo-ração de padrões pedagógicos internacionais anteriores ao golpe (BRASIL, 2006). A análise do material nos permite observar uma tentativa de aproximação en-tre as feiras de ciências e os modelos de educação, de desenvolvimento e de confiança na ciência e na tecnologia próprios do regime militar.

A Feira Nacional de Ciências de 1969 é um momento auge dessa aproximação entre instâncias governamentais e autoridades ligadas ao regime, de um lado, e as feiras de ciências, de outro. Observamos nas falas das autoridades competen-tes uma noção otimista de ciência ligada à de tecnologia e à de aplicabilidade do conhecimento científico. São exemplos do engajamento de atores da ditadura na promoção de um modelo de ciência e de ensino de ciências vinculado ao desen-volvimento nacional. Foi possível observar que o nacionalismo e o otimismo das autoridades envolvidas na Feira e dos jornais com os possíveis resultados de estí-mulo à ciência, ao ensino de ciências e ao desenvolvimento tecnológico nacional estão relacionados em parte às maneiras como as ciências e o ensino de ciências foram tratados pelo regime militar. A Feira serviu como ilustração de um projeto específico de país: ela seria, além de um estímulo à educação científica e à desco-berta de novos cientistas, também uma prova otimista de que o país progredia e uma etapa importante no desenvolvimento tecnológico brasileiro.

Recuperando os termos propostos por Motta (2014), é possível afirmar a existência de uma relação de convívio e acomodação, com momentos de maior ou menor aproximação, entre as iniciativas de organização de feiras de ciências e a ditadura em seu movimento de “modernização autoritária”. A I FNC é um exemplo de uso propagandístico de um evento de educação científica em prol do regime e de engajamento da ditadura na promoção de uma ciência com uma função clara e delimitada no interior de um projeto de desenvolvimento capita-lista, tendo como horizonte o modelo norte-americano.

(12)

Referências Bibliográficas

ABRANTES, A. C. S. de. Ciência, Educação e Sociedade: o caso do Instituto

Bra-sileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) e da Fundação Brasileira de Ensino

de Ciências (FUNBEC). Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) - Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <https://www.arca. fiocruz.br/bitstream/icict/15976/2/63.pdf> Acesso em: 23 mar. 2020.

ARANHAS, Periquitos e Grilos: Márcio tem pressa de aprender. Diário da Noite: Rio de Janeiro, 27 jun. 1969, p.6.

BARRA, V. M.; LORENZ, K. M. Produção de materiais didáticos de ciências no Bra-sil, período: 1950 a 1980. Ciência e Cultura, v. 38, n. 12, 1986, p.1970-1983 BRASIL. Ministério da Educação/ Secretaria de Educação Básica. Programa

Na-cional de Apoio às Feiras de Ciências da Educação Básica. 84p. Brasília, 2006.

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/fenaceb.pdf

Acesso em: 04 nov. 2019.

FEIRA DE CIÊNCIAS É inaugurada hoje em São Cristóvão. Correio da Manhã: Rio de Janeiro, 24 set. 1969, p.12.

FEIRA NACIONAL de Ciências vai começar no Rio. O Globo, Rio de Janeiro, p. 8, 31 jan. 1969.

GOIÁS DEVERÁ comparecer à feira nacional de ciência. Correio Braziliense: Dis-trito Federal, 22 jul. 1969.

IZIQUE, C.; MARCOLIN, N. Isaias Raw: cientista bom de briga. Revista Pesquisa

FAPESP, Edição 113, jul. 2005. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/ cientista-bom-de-briga/> Acesso em 06 jul. 2020

KRASILCHIK, M. Inovação no ensino de ciências. In: GARCIA, W.E. (coord.)

Inova-ção educacional no Brasil: problemas e perspectivas. 3a ed. São Paulo: Cortez

e Autores Associados, 1995, p. 177-94.

____________________. Reformas e Realidade: o caso do ensino das ciências. São

Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 1, p. 85-96, 2000. Disponível em: <http://www.

scielo.br/pdf/spp/v14n1/9805.pdf> Acesso em: 07 abr. 2020

LENT, H. O massacre de Manguinhos. Rio de Janeiro: Fiocruz, Edições Livres, [1978] 2019. Disponível em: <https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/33216> Acesso em: 31 mar. 2020.

MAGALHÃES, D. C.; MASSARANI, L.; NORBERTO ROCHA, J. 50 anos da I Feira Nacional de Ciências (1969) no Brasil. Revista Interfaces

Científi-cas - Humanas e Sociais, vol. 8, n. 2, p. 185-202, 2019. Disponível em:

https://periodicos.set.edu.br/index.php/humanas/article/view/7663 Acesso em:

04 dez. 2019.

MANCUSO, R. A Evolução do Programa de Feiras de Ciências do Rio

(13)

mestrado – Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1993. Disponí-vel em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/75883> Acesso em: 23 mar. 2020.

MARINHO, M. G. S. M. C. A presença norte-americana na educação superior bra-sileira: uma abordagem histórica da articulação entre a fundação Rockefeller e estruturas acadêmicas de São Paulo. THESIS, São Paulo, ano I, v.3, p.54-77, 2º se-mestre, 2005. Disponível em: <http://www.cantareira.br/thesis2/ed_3/3_gabriela. pdf> Acesso em: 31 mar. 2020.

MOREIRA, I. de C.. A ciência, a ditadura e os físicos. Ciência e Cultura, versão on-line, vol.66, n.4, out./dez. 2014. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/

cic/v66n4/a15v66n4.pdf> Acesso em 30 mar. 2020.

MOTTA, R. P. S. A ditadura nas representações verbais e visuais da grande im-prensa: 1964-1969. Revista Topoi, v. 14, n. 26, p. 62-85, jan./jul. 2013. Disponí-vel em: <http://www.scielo.br/pdf/topoi/v14n26/1518-3319-topoi-14-26-00062. pdf> Acesso em: 31 mar. 2020.

_______________________. A ditadura nas universidades: repressão, modernização e acomodação. Ciência e Cultura, versão online, vol.66, n.4, out./dez. 2014. Dis-ponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v66n4/a10v66n4.pdf> Acesso em: 31 mar. 2020.

MUSEU MOSTRA a ciência de alunos da GB. Correio da Manhã, 09 nov. 1968. NAGUMO, P. Y.; OLIVEIRA, A. D. de; INGLEZ, G. C. Os kits da coleção “Os Cientistas” e a experimentação no ensino de ciências na década de 1970: um estudo de caso no Instituto Butantan. Ciência em Tela, v. 11, n. 2, 2018. Disponível em: <http://

www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/1102pe1.pdf> Acesso em: 21 abr. 2020

NOVOS ATOS incluem a Previdência. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 6 set. 1969.

PAVAN, C. Cientistas do Brasil - Depoimentos. São Paulo: SBPC. 1998. p. 807. REIS, D. A.; RIDENTI, M.; MOTTA, R. P. S. Apresentação. In: REIS, Daniel Aarão; RI-DENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá. A Ditadura que Mudou o Brasil: 50

anos do golpe de 1964. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

REIS, J. Teremos Feiras de Ciências Nacionais. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 mai. 1969.

_________; GONÇALVES, N. L. Veículos de Divulgação Científica In: KREINZ,

Glória; PAVAN, Crodowaldo. Os donos da paisagem: estudos sobre divulgação

científica.

São Paulo:NJR/ECA-USP, v. III, 2000. (Coleção Divulgação Científica).

ROMANELLI, O. O. História da educação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2007. SANTOS, D. G. E. dos. Ciência, Política e Segurança Nacional: o “Massacre de

(14)

Manguinhos” (1964-1970). Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da

Saúde) - Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <https://

www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24013> Acesso em: 31 mar. 2020.

SILVA, A. D. e; DANTAS, C.; CRUZ, A. História dos Centros de Ensino de Ciências

CECIs. 2010. Documentário. Disponível em: <https://youtu.be/4S_ZBOXbiG8>.

Acesso em: 26 de abr. 2016.

TERZIAN, S. G. Science Education and Citizenship: Fairs, Clubs, and Talent

Se-arches for American Youth, 1918-1958. Palgrave Macmillan, New York, USA,

2013.

VALLA, D. F. et al. Disciplina escolar Ciências: inovações curriculares nos anos de 1950-1970. Ciênc. educ. (Bauru), Bauru, v.20, n.2, p.377-391, 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/ciedu/v20n2/1516-7313-ciedu-20-02-0377.pdf> Acesso em: 14 jul. 2020

____________; FERREIRA, M. S. Currículo de ciências: investigando ações e retóricas do CECIGUA nos anos de 1960/70. In: BORGES, R. M. R.; IMHOFF, A. L.; BARCELLOS, G. B. (Org.). Educação e cultura científica e tecnológica: centros e museus de

ciências no Brasil. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012. p. 169-183. Disponível em:

<https://editora.pucrs.br//Ebooks/Pdf/978-85-397-0761-4.pdf> Acesso em: 14 jul. 2020

Referências

Documentos relacionados

E para opinar sobre a relação entre linguagem e cognição, Silva (2004) nos traz uma importante contribuição sobre o fenômeno, assegurando que a linguagem é parte constitutiva

O biogás gerado no tratamento de águas residuárias de suinocultura, quando reaproveitado como fonte energética, necessita passar por processos de purificação

Considerando a presença e o estado de alguns componentes (bico, ponta, manômetro, pingente, entre outros), todos os pulverizadores apresentavam alguma

determinou, nomeadamente: “III - Salvo prova em contrário, de ocorrência de circunstâncias excecionais, o acordo no qual o sócio e gerente de uma sociedade garante

Este trabalho tem como finalidade mostrar o que é JavaScript Isomórfico, quais suas finalidades, quais as características que o diferem de uma abordagem de desenvolvimento

It leverages recently released municipality-level information from Brazil’s 2017 Agricultural Census to describe the evolution of three agricultural practices typically connected

Embora a solução seja bastante interessante como parte de uma política pública relacionada ao gerenciamento de dados de saúde dos usuários do sistema, esse

O construto estilo e qualidade de vida é explicado pelos seguintes indicadores: estilo de vida corrido realizando cada vez mais trabalho em menos tempo, realização