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Visão geral. Fernando César Capovilla Valéria Negrão Míriam Damázio

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de 2.100 figuras originais por

4.850 alunos de três níveis

(Maternal-Infantil, Fundamental,

e Superior), e de testes de

vocabulário auditivo de 2 a 5 anos

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Fernando César Capovilla Valéria Negrão

Míriam Damázio

Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo

____• Visão geral

O

presente estudo relata os procedimentos envolvidos na geração de ban-cos de figuras e de normatização de sua nomeação por alunos de três níveis escolares Maternal-Infantil, Fundamental, e Superior. Apresenta uma amostra de três dicionários contendo os bancos de figuras normatizadas para cada nível escolar, bem como uma amostra de duas versões originais de um teste de vocabulário auditivo gerado a partir de figuras altamente unívocas. Apresenta, ainda, dados que demonstram a validade dos instrumentos em discriminar entre as faixas etárias de 2 a 5 anos, bem como tabelas de dados normativos dos testes para essas faixas etárias. Este estudo foi conduzido em paralelo com o estudo de F. Capovilla e Roberto (2008). Contudo, difere dele em uma série de aspectos como o corpus de figuras e seu tamanho, a composição da amostra e seu tamanho, a organização de seus frutos em dicionários e seu número. Enquanto o presente es-tudo empregou o corpus de 2.100 figuras originais inéditas, e o apresentou a 4.850

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Transtornos de aprendizagem: da avaliação à reabilitação

alunos de escolas particulares dos municípios de Guarulhos e Santo André, o estudo de F. Capovilla e Roberto (2008) empregou o corpus de 2.300 figuras retiradas do Dicionário enciclopédico ilustrado

trilíngue da Língua de Sinais Brasileira (F. Capovilla & Raphael, 2006a, 2006b), e o apresentou a

11.700 alunos de escolas particulares do município de São Paulo, capital. Além disso, enquanto o presente estudo resultou em sete bancos de figuras com nomeação normatizada para três níveis escolares (1: Ensino Superior; 2: 1a a 4a séries do Ensino Fundamental e 3a série da Educação Infantil; 3: 3a, 2a e 1a séries de Educação Infantil e 2a e 1a séries do Maternal), publicados em três dicionários, o estudo de F. Capovilla e Roberto (2008) resultou em oito bancos de figuras com nomeação nor-matizada para cinco níveis escolares (1: Ensino Superior; 2: 5a a 8a séries do Ensino Fundamental; 3: 1a a 4a séries do Ensino Fundamental; 4: 3a série da Educação Infantil; 5: 2a e 1a série de Educação Infantil e 2a e 1a séries do Maternal) publicados em cinco dicionários. Com exceção desses pontos, os dois estudos compartilham os mesmos objetivos; como: 1) gerar bancos de figuras com nomeação normatizada por nível escolar publicados em forma de dicionário; 2) proceder a filtragens sucessivas do corpus de figuras de modo a distribuí-las em coortes hierarquizadas de univocidade, até chegar a bancos de figuras altamente unívocas para crianças da mais tenra idade (2 anos) de modo a permitir elaborar instrumentos de avaliação e intervenção com transparência e univocidade controladas; 3) ilustrar o uso desses bancos na elaboração de testes válidos, fidedignos e normatizados capazes de mapear o desenvolvimento da linguagem em diversas frentes desde a mais tenra idade. Os dois estudos irmãos compartilham, também, basicamente os procedimentos gerais de coleta de dados e os mesmos critérios de seleção de figuras (e.g., 70% de univocidade a cada nível). Deste modo, ao embutir grandes variações de corpora de figuras e ao cobrir ampla amostra de respondentes, espera-se que a apreciação conjunta dos achados permita chegar a interpretações com maior gene-ralidade e confiabilidade, e que os instrumentos resultantes possam ser empregados como formas alternativas altamente válidas e sensíveis. Por fim, ressalta-se que o presente estudo encontra-se mais amadurecido que aquele, já tendo produzido versões originais normatizadas e validadas, bem como versões abreviadas e reordenadas dos mesmos, igualmente normatizadas e validadas, a partir de análises de itens.

Para esta pesquisa foram inicialmente geradas 2.100 figuras originais cobrindo um grande número de campos semânticos. Essas figuras foram aplicadas a 4.850 alunos do Ensino Superior (ES), Ensino Fundamental (EF) e Educação Infantil (EI) até a 1a série do Maternal, numa faixa de 18 a 2 anos de idade. Em cada etapa foram eliminadas todas as figuras que não alcançassem 70% de concordância na nomeação entre os respondentes. Resultaram sete bancos de figuras origi-nais com nomeação normatizada: o primeiro com 2.100 figuras para alunos do Ensino Superior; o segundo contendo apenas as figuras consideradas unívocas pelos alunos do Ensino Superior e aplicadas a alunos de 1a a 4a série do Ensino Fundamental (com média de idade de 7 a 10 anos); o terceiro contendo apenas as figuras consideradas unívocas pelos alunos de 1a a 4a série do Ensino Fundamental e aplicadas a alunos de 3a série da Educação Infantil (com idade média de 6 anos); o quarto contendo apenas as figuras consideradas unívocas pelos alunos de 3a série da Educação Infantil e aplicadas a alunos de 2a série da Educação Infantil (com idade média de 5 anos); o quinto contendo apenas as figuras consideradas unívocas pelos alunos de 2a série da Educação Infantil e aplicadas a alunos de 1a série da Educação Infantil (com idade média de 4 anos); o sexto contendo

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apenas as figuras consideradas unívocas pelos alunos de 1a série da Educação Infantil e aplicadas a alunos de 2a série do Maternal (com idade média de 3 anos); e o sétimo contendo apenas as figuras consideradas unívocas pelos alunos de 2a série do Maternal e aplicadas a alunos de 1a série do Maternal (com idade média de 2 anos).

Em seguida, para ilustrar o uso dos bancos para gerar testes, foram selecionadas as 214 figuras mais unívocas das 365 figuras que compõem o banco de alta univocidade para a 2a série da Educação Infantil. A partir dessas figuras foram geradas duas formas alternadas originais de um teste de vocabulário auditivo, cada qual com 107 itens, sendo uma figura alvo e quatro figuras distraidoras para cada item. As duas formas do teste foram aplicadas a 400 crianças de 2 a 5 anos. A partir de Anovas da pontuação como função da idade e de análises de comparação de séries su-cessivas, foram obtidas normas de desenvolvimento do vocabulário auditivo. A partir de análise de itens, os itens foram ordenados por dificuldade crescente, e aqueles com menor correlação parte-todo, excluídos. Isso produziu uma versão abreviada e com dificuldade crescente, que permite usar critérios de início de aplicação baseados em idade e acertos sucessivos, bem como critérios de interrupção baseados em erros sucessivos. Essa versão vem sendo usada para avaliar crianças de 18 meses a 3 anos, com vistas a sua normatização de semestre a semestre obtendo, assim, um teste precoce de desenvolvimento da linguagem.

Mais especificamente, este estudo consistiu em: 1) gerar sete bancos de figuras normatizados, o primeiro para universitários, o segundo para escolares de 1a a 4a série do EF e 3a série da EI, o ter-ceiro para crianças de 3a série da EI, o quarto para crianças de 2a série da EI, o quinto para crianças de 1a série da EI, o sexto para crianças de 2a série do Maternal, e o sétimo para crianças de 1a série do Maternal; 2) apresentar os sete bancos sob a forma de 3 dicionários, o primeiro para universitários, o segundo para escolares de 1a a 4a série do EF e 3a série da EI, e o terceiro para crianças de 3a, 2a e 1a séries da EI, e para crianças de 2a e 1a séries do Maternal; 3) derivar duas formas originais (A e B) do teste de vocabulário auditivo com 107 itens e 5 figuras por item; 4) aplicar as duas formas originais do teste a 400 crianças de 2 a 5 anos para aferir se eles são capazes de identificar crescimento sig-nificativo do vocabulário auditivo nessa faixa etária e se eles são capazes de discriminar entre séries escolares sucessivas e se há correlação positiva significativa entre as duas formas, o que permitiria seu uso alternado em estudos de teste-reteste; 5) normatizar as formas originais do teste capazes de identificar crescimento significativo do vocabulário auditivo; 6) fazer análise de item para excluir os itens com menor correlação item-média e obter a forma reordenada abreviada; 7) computadorizar os sete bancos de figuras; 8) computadorizar as duas formas originais do testes, bem como as formas reordenadas; 9) aplicar as formas reordenadas abreviadas dos testes a crianças de 18 meses a 3 anos fazendo uso de critérios de interrupção da aplicação baseados em número de erros consecutivos, de modo a descobrir se as formas reordenadas são capazes de discriminar entre faixas etárias su-cessivas; 10) identificar as formas reordenadas capazes de identificar crescimento significativo no vocabulário auditivo de 18 meses a 3 anos, e normatizá-las de semestre a semestre.

Inicialmente foi gerado um corpus de 2.100 figuras originais para exposição a uma amostra total de 4.850 alunos do Ensino Superior à 1a série do Maternal (que corresponde a 2 anos de idade) de modo a coletar a sua nomeação escrita por alunos do ES até a 3a série da EI, ou oral por alunos da 3a a 1a série da EI e de 2a a 1a série do Maternal. Inicialmente todas as 2.100 figuras foram apresentadas a 1.250

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universitários do ES para nomeação por escrito. Dessas 2.100, 1.190 figuras passaram pelo critério de, pelo menos, 70% de nomeação concordante (i.e., unívoca) entre os universitários. Dessas 1.190, 246 foram excluídas e as restantes 944 foram selecionadas para serem apresentadas a 1.000 alunos de 1a a 4a séries do EF (de 7, 8, 9 e 10 anos de idade) e 3a série da EI (com 6 anos de idade) para nomeação por escrito. Dessas 944 figuras, 566 foram consideradas unívocas pelos alunos de 1a a 4a séries do EF e 3a série da EI, obtendo deles pelo menos 70% de nomeação concordante (i.e., unívoca). Essas 566 figuras que passaram pelo critério foram então apresentadas a 600 alunos da 3a série da EI para serem nomeadas por escrito. Dessas 566 figuras, 429 foram consideradas unívocas pelos alunos de 3a série da EI, obtendo deles pelo menos 70% de nomeação concordante (i.e., unívoca). Essas 429 figuras que passaram pelo critério foram então apresentadas a 600 crianças de 2a série da EI (de 5 anos de idade) para serem nomeadas oralmente. Dessas 429 figuras, 365 foram consideradas unívocas para alunos de 2a série da EI. Essas 365 que passaram pelo critério foram então apresentadas a 500 crianças de 1a série da EI (de 4 anos de idade) para nomeação oral. Dessas 365 figuras, 187 foram consideradas unívocas para alunos de 1a série da EI. Essas 187 figuras que passaram pelo critério foram então apresentadas a 500 crianças de 2a série do Maternal (de 3 anos de idade) para nomeação oral. Dessas 187 figuras, 99 foram consideradas unívocas pelos alunos de 2a série do Maternal. Essas 99 figuras que passaram pelo critério foram então apresentadas a 500 crianças de 1a série do Maternal (de 2 anos de idade). Dessas 99 figuras, 90 foram consideradas unívocas pelos alunos de 1a série do Maternal, passando pelo critério de 70% de nomeação unívoca. Essa coleta de dados permitiu obter dados normativos da nomeação das fi-guras para cada um dos sete níveis de escolaridade, produzindo sete bancos de fifi-guras com univocidade normatizada para sete níveis de escolaridade, os quais foram distribuídos em três livros publicados sob a forma de dicionários: o primeiro com 235 páginas trazendo os dados de nomeação de 2.100 figuras por 1.250 alunos do Ensino Superior; o segundo com 135 páginas trazendo os dados de nomeação de 944 figuras por 1.000 alunos de 1a a 4a séries do Ensino Fundamental e 3a série da Educação Infantil; e o terceiro com 76 páginas trazendo os dados de nomeação de 566 figuras por 2.600 alunos da 3a série da Educação Infantil até a 1a série do Maternal, sendo 566 figuras por 600 alunos de 3a série da Educação Infantil; 429 figuras por 500 alunos de 2a série da Educação Infantil; 365 figuras por 500 alunos de 1a série da Educação Infantil; 187 figuras por 500 alunos de 2a série do Maternal; e 99 figuras por 500 alunos de 1a série do Maternal.

São apresentadas amostras dos três dicionários contendo os sete bancos de imagens com no-meação normatizada, o primeiro com os dados dos universitários, o segundo com os dados de 1a a 4a série do Ensino Fundamental e 3a série da Educação Infantil; e o terceiro com dados de Maternal 1 até a 3a série da Educação Infantil. São também apresentadas amostras das duas formas originais do teste de vocabulário auditivo, bem como dados de sua aplicação a 400 crianças de 2 a 5 anos de idade.

____• Detalhamento da pesquisa

O estudo se dividiu em oito partes.

Na Parte 1 foi gerada uma amostra de 2.100 figuras originais.

Na Parte 2 essas figuras foram apresentadas a uma amostra total de 4.850 alunos do ES à 1a série do Maternal (que corresponde a 2 anos de idade) durante uma tarefa de nomeação, quer

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escrita (para alunos do ES até a 3a série da EI, que corresponde a 6 anos de idade) quer oral (para alunos da 3a a 1a série da EI, ou seja, de 6 a 4 anos de idade), com vistas a obter dados normativos da nomeação das figuras para cada um de sete níveis de escolaridade: 1) Ensino Superior; 2) 1a a 4a séries do Ensino Fundamental (com idade média variando de 7 a 10 anos); 3) 3a série da Educação Infantil (com idade média de 6 anos); 4) 2a série da Educação Infantil (com idade média de 5 anos); 5) 1a série da Educação Infantil (com idade média de 4 anos); 6) 2a série do Maternal (com idade média de 3 anos); 7) 1a série do Maternal (com idade média de 2 anos).

Na Parte 3 os dados de univocidade normatizada de cada uma das sete aplicações, uma para cada nível escolar, foram organizados em sete bancos de figuras, um para cada nível escolar: o banco 1 para o Ensino Superior; o banco 2 para 1a a 4a séries do Ensino Fundamental e 3a série da Educação Infantil; o banco 3 para 3a série da Educação Infantil; o banco 4 para 2a série da Educa-ção Infantil; o banco 5 para 1a série da Educação Infantil; o banco 6 para 2a série do Maternal; e o banco 7 para 1a série do Maternal.

Na Parte 4 os sete bancos foram organizados sob a forma de três dicionários ilustrados: 1) o primeiro com cerca de 320 páginas trazendo os dados de nomeação de todas as cerca de 2.000 figuras por pelo menos 1.000 universitários; 2) o segundo com cerca de 160 páginas trazendo os dados de nomeação de cerca da metade das figuras (perto de 1.000 figuras) por cerca de 1.000 alunos de 1a a 4a séries do Ensino Fundamental e 3a série da Educação Infantil; 3) o terceiro com cerca de 80 páginas trazendo os dados de nomeação de cerca de um quarto das figuras (perto de 500 figuras) por cerca de 2.000 alunos do Ensino Infantil e Maternal.

Na Parte 5 os sete bancos de figuras, cada qual com univocidade normatizada para alunos dos sete diferentes níveis, foram computadorizados de modo a permitir: 1) a busca de figuras e de dados para fins de elaboração de instrumentos de avaliação (testes) de desenvolvimento e de dis-túrbios de linguagem, bem como materiais de intervenção para ensino, tratamento, e prevenção de atraso escolar e de distúrbios de linguagem; 2) o teste de hipóteses derivados de diferentes mo-delos teóricos relacionando a formação de conceitos, o desenvolvimento do vocabulário auditivo e visual, dentre outros. A computadorização dos sete bancos permite indexar as figuras a partir de dados como o grau de univocidade para cada faixa etária, as propriedades psicolingüísticas dos verbetes correspondentes às figuras como a sua extensão (número de sílabas), o seu grau de regularidade grafofonêmica, a sua freqüência de ocorrência para escolares de diferentes séries, e assim por diante. A indexação permite conduzir buscas sistemáticas no banco com o objetivo de identificar as figuras mais apropriadas para a confecção de diferentes materiais de avaliação e de intervenção para cada série escolar e nível de dificuldade. Esse recurso tenderá a aumentar a validade e fidedignidade dos instrumentos de avaliação de desenvolvimento e de distúrbios de linguagem, bem como materiais de intervenção para ensino, tratamento, e prevenção de atraso escolar e de distúrbios de linguagem. Permite também conduzir estudos críticos orientados para o teste de hipóteses derivados de diferentes modelos teóricos relacionando a formação de concei-tos, o desenvolvimento do vocabulário auditivo e visual, dentre outros.

Na Parte 6 foi tomado o banco de figuras com univocidade normatizada para alunos de 3a série da Educação Infantil. A partir das 365 figuras unívocas para a 2a série da Educação Infantil, foram selecionadas as 214 mais unívocas e foram geradas duas versões originais de um teste de

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vocabulário auditivo, cada qual com 107 itens, sendo cada item composto de seqüência de cinco figuras (uma figura alvo e quatro figuras distraidoras). No teste, a cada item, o avaliador pronuncia uma palavra e a tarefa da criança consiste em escolher dentre as cinco figuras alternativas aquela que melhor corresponde à palavra falada pelo avaliador, apontando para essa figura. As duas versões foram aplicadas a 398 alunos, sendo 10 alunos de 2 anos de idade, 93 alunos de 3 anos de idade, 161 alunos de 4 anos de idade, e 134 alunos de 5 anos de idade. Os resultados indicam que as duas formas (Forma A original e Forma B original) foram capazes de identificar crescimento significativo do vocabulário auditivo como função da idade, tendo discriminado entre crianças de 2, 3, 4 e 5 anos de idade. A partir dos dados dessa aplicação, as duas formas foram reordenadas por grau crescente de dificuldade. São apresentadas as formas originais, bem como as formas reordenadas por grau de dificuldade crescente (Forma A reordenada e Forma B reordenada).

Na Parte 7 as duas versões do teste foram aplicadas a 50 alunos de cada uma de três idades: 2, 3, e 4 anos para descobrir, por meio de Anovas seguidas de análises de comparação de pares de Bonferroni, se as duas versões originais são capazes de discriminar entre idades sucessivas. A partir da demonstração de que as duas versões originais são suficientemente discriminativas de séries escolares sucessivas, elas vêm sendo normatizadas para uso como instrumento alternativo de avaliação do vocabulário auditivo, em lugar de testes como o Teste de Vocabulário por Imagens

Peabody (Dunn & Dunn, 1981, já adaptado, validado e normatizado no Brasil para Ensino Infantil

(F. Capovilla & Capovilla, 1997, 1998) e Fundamental (F. Capovilla, Nunes, Araújo, Nogueira, Bernat, 1997; F. Capovilla, Nunes, Nogueira, Araújo, Bernat, 1997a, 1997b; Ferracini, Capovilla, Dias & Ca-povilla, 2006) e o Teste de Vocabulário por Figuras USP (F. Capovilla & Prudencio, 2006).

Na Parte 7 foram realizadas análise de itens dos 107 itens de cada uma das duas versões ori-ginais, para excluir os itens com baixa correlação parte-todo e reordenar os demais por dificuldade crescente, de modo a gerar uma versão reordenada e abreviada que permite adotar critérios de início e de término de aplicação, abrindo caminho para computadorização dos testes para telea-valiação, com todas as vantagens de tabulação automática e emissão de laudos mais completos e em tempo real. Na Parte 8 as versões reordenadas e abreviadas dos testes de vocabulário auditivo vêm sendo aplicadas a crianças de 1 ano e 6 meses até 3 anos de idade, com vistas à normatização por semestre. Os dados vêm sendo analisados via Anovas seguidas de análises de comparação de pares de Bonferroni.

____• Preparativos

Obtenção dos dados de freqüência de ocorrência das palavras no léxico da língua portuguesa para crianças de educação infantil e ensino fundamental

Os dados de freqüência de ocorrência das palavras foram obtidos a partir do desmembra-mento do banco de dados da Associação Brasileira de Dislexia, publicado em forma de CD-Rom. Esse CD contém o levantamento de freqüência de ocorrência das palavras para crianças do Ensino Infantil e 1a a 4a séries. Contudo, nele as palavras são consideradas como itens lexicais estanques, sendo ignorada sua composição morfêmica e, portanto, o parentesco entre elas. Neste estudo,

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esse banco de dados foi desmembrado em planilhas de Excel, e a busca foi conduzida de maneira mais abrangente e refinada, centrada não tanto na forma específica de um dado item lexical (palavra), mas sim no lexema, ou morfema radical nuclear que a compõe. Privilegiando o radical em detrimento dos afixos, a realização sintática do lexema por meio de afixos foi desconsiderada, sendo combinadas as diversas realizações (afixos) para cada radical específico. Por exemplo, consi-deremos o lexema estud—. Trata-se de elemento de composição antepositivo de verbo latino que designa exame dedicado e zeloso de algo. Esse lexema está presente em palavras de diferentes categorias sintáticas, que diferem entre si apenas pelos afixos.

A lista a seguir arrola algumas das categorias de palavras (substantivo, adjetivo, e 13 tipos de verbos) de que participa esse lexema, num total de 83 palavras (das quais 70 verbos) que se distinguem entre si em termos de sua inserção gramatical e seu uso em sentenças. Eliminando palavras iguais em forma (apesar de funções gramaticais diferentes), ainda assim o lexema

estud— está presente em 61 palavras (50 delas, verbos). Essas 61 palavras são compostas do

ra-dical e de pelo menos nove desinências para substantivos (antaço, antada, antado, antão, ante, antina, io, iosidade, o), duas para adjetivos (antil, ioso), e 49 para verbos (a, ado, ai, ais, am, amos, ando, ar, ara, ará, aram, áramos, arão, aras, arás, ardes, arei, areis, áreis, arem, aremos, ares, aria, ariam, aríamos, arias, aríeis, armos, as, asse, ásseis, assem, ássemos, asses, aste, astes, ava, avam, ávamos, avas, áveis, e, ei, eis, em, emos, es, o, ou), sem contar com outras categorias gramaticais como advérbios. A lista é a seguinte: 1.) substantivo (estud—: antaço, antada, antado, antão, ante, antina, io, iosidade, ioso, o); 2.) adjetivo (estud—: ante, antil, ioso); 3.) verbo nos modos: 3.1.) infinitivo (estud—: ar); 3.2.) indicativo nos tempos: 3.2.1.) presente (estud—: o, as, a, amos, ais, am); 3.2.2.) pretérito imperfeito (estud—: ava, avas, ava, ávamos, áveis, avam); 3.2.3.) futuro do presente (estud—: arei, arás, ará, aremos, areis, arão); 3.2.4.) futuro do pretérito (estud—: aria, arias, aria, aríamos, aríeis, ariam); 3.2.5.) pretérito perfeito (estud—: ei, aste, ou, amos, astes, aram); 3.2.6.) pretérito mais-que-perfeito (estud—: ara, aras, ara, áramos, áreis, aram); 3.3.) sub-juntivo nos tempos: 3.3.1.) presente (estud—: e, es, e, emos, eis, em); 3.3.2.) pretérito imperfeito (estud—: asse, asses, asse, ássemos, ásseis, assem); 3.3.3.) futuro (estud—: ar, ares, ar, armos, ardes, arem); 3.3.4.) imperativo afirmativo (estud—: a, e, emos, ai, em); 3.4.) formas nominais nos tempos: 3.4.1.) infinitivo flexionado: (estud—: ar, ares, ar, armos, ardes, arem); 3.4.2.) gerúndio: (estud—: ando); 3.4.3.) particípio: (estud—: ado).

Neste estudo, quase todas palavras presentes no CD e compostas de um dado lexema, que diferem entre si apenas pelos afixos, foram arroladas sob esse lexema. Em seguida, a freqüência de ocorrência de cada uma dessas palavras foi somada, sendo a soma considerada como a freqüência de ocorrência do lexema, independentemente de suas diversas realizações sob forma de substan-tivo, adjetivo ou verbo. O levantamento de freqüência de palavras resultante diferiu substancial-mente do levantamento original do banco de dados da Associação Brasileira de Dislexia, sendo consideravelmente mais abrangente. Além disso, as palavras foram colocadas numa mesma escala de nove pontos, que permite comparar entre si a freqüência de ocorrência de diferentes palavras. Essa escala de pontuação se divide em nove graus ou notas. Da mais baixa a mais alta, essas notas são: 1) extremamente baixa, 2) muito baixa, 3) baixa, 4) média baixa, 5) média, 6) média alta, 7) alta, 8) muito alta, e 9) extremamente alta.

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A Tabela 1 sumaria, para cada série escolar (Ensino Infantil e 1a a 4a séries do Ensino Funda-mental), e para cada uma de nove faixas de freqüência de ocorrência de palavras (1: extremamen-te baixa, 2: muito baixa, 3: baixa, 4: média baixa, 5: média, 6: média alta, 7: alta, 8: muito alta, e 9: extremamente alta) os limites inferior e superior de freqüência de ocorrência para reclassificação de cada uma das palavras do banco.

Tabela 1. Nove notas correspondentes às nove faixas de freqüência de ocorrência das palavras para cada uma das cinco séries escolares, bem como limites inferior e superior das freqüências de ocorrência.

Nota freqüênciaFaixa de Critério infantilEnsino Ensino fundamental

1a série 2a série 3a série 4a série

9 extremam. alta 4EP<M 31+ 117+ 180+ 256+ 271+ 8 muito alta 3EP<M≤4EP 27-30 103-116 158-179 224-255 237-270 7 alta 2EP<M≤3EP 23-26 89-102 136-157 192-223 203-236 6 média alta 1EP<M≤2EP 19-22 75-88 114-135 160-191 169-202 5 média -1EP<M≤1EP 12-18 48-74 71-113 97-159 102-168 4 média baixa -2EP<M≤-1EP 8-11 35-47 49-70 65-96 68-101 3 baixa -3EP<M≤-2EP 4-7 22-34 27-48 33-64 34-67 2 muito baixa -4EP<M≤-3EP 1-3 9-21 5-26 1-32 0-33

1 extremam. baixa M≤-4EP 0 0-8 0-4 0 0

média: M 15 61 92 128 135

erro padrão: (EP) (3) (13) (21) (31) (33) As notas representam nove níveis de freqüência de ocorrência de palavras em livros e revistas encontrados por crianças de cada série escolar. Na tabela, a coluna 1 sumaria as notas decrescentes de 9 (extremamente alta) a 1 (extremamente baixa). A coluna 2 sumaria as respectivas freqüências de ocorrência nominal para cada nota (i.e., nota 9: extremamente alta, nota 8: muito alta, nota 7: alta, nota 6: média alta, nota 5: média, nota 4: média baixa, nota 3: baixa, nota 2: muito baixa, nota 1: extremamente baixa). As colunas 3 a 7 sumariam as freqüências médias de ocorrência brutas de uma dada palavra para as séries pré-escola (Ensino Infantil 3, aos 6 anos de idade), e as primeiras quatro séries do Ensino Fundamental (1a série, 2a série, 3a série, e 4a série). Assim, a Tabela 2 fornece, para cada série escolar, os limites inferior e superior de freqüência de ocorrência que correspondem a cada uma das 9 notas, de 9 (extremamente alta) a 1 (extremamente baixa).

Para a obtenção das freqüências médias de ocorrência brutas para cada série escolar, foi adotado o seguinte procedimento. Primeiramente foram tomadas todas as palavras presentes nos livros e revistas encontrados pelas crianças dessa série, segundo compilação do CD-Rom da Associação Brasileira de Dislexia, bem como suas respectivas freqüências de ocorrência, tal como computada pelo procedimento original acima explicado. Isso resultou no cômputo da freqüência média de ocorrência das palavras para cada série escolar, bem como do erro padrão dessa freqüên-cia média. A freqüênfreqüên-cia média de ocorrênfreqüên-cia das palavras (e respectivo erro padrão, entre parên-teses) obtidos foram de 15 (3) para o Ensino Infantil, 61 (13) para a 1a série, 92 (21) para a 2a série,

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128 (31) para a 3a série, e 135 (33) para a 4a série. Em seguida, para cada uma das séries, a partir da freqüência média de ocorrência das palavras e de seu erro padrão, foram obtidas as faixas de freqüência bruta de ocorrência de palavras para cada nota e respectiva freqüência de ocorrência nominal, correspondendo cada faixa à diferença de um erro padrão em relação à média.

Por exemplo, na 1a série, a freqüência média de ocorrência das palavras foi de 61 (e o erro padrão foi de 13). A nota 5 (i.e., freqüência de ocorrência nominal média) corresponde à faixa entre 48 (i.e., média de 61 menos 1 erro padrão de 13) e 74 (i.e., média de 61 mais 1 erro padrão de 13). A nota 6 (i.e., freqüência de ocorrência nominal média alta) corresponde à faixa entre 75 (i.e., média de 61 mais 1 erro padrão de 13) e 88 (i.e., média de 61 mais 2 erros padrão de 13, ou seja, 26). A nota 7 (i.e., freqüência de ocorrência nominal alta) corresponde à faixa entre 89 (i.e., média de 61 mais 2 erros padrão de 13) e 102 (i.e., média de 61 mais 3 erros padrão de 13, ou seja, 39). A nota 8 (i.e., freqüência de ocorrência nominal muito alta) corresponde à faixa entre 103 (i.e., média de 61 mais 3 erros padrão de 13) e 116 (i.e., média de 61 mais 4 erros padrão de 13, ou seja, 52). A nota 9 (i.e., freqüência de ocorrência nominal extremamente alta) corresponde à faixa a partir de 117 (i.e., média de 61 mais 4 erros padrão de 13). Por outro lado, a nota 4 (i.e., freqüência de ocorrência nominal média baixa) corresponde à faixa entre 35 (i.e., média de 61 menos 2 erros padrão de 13) e 47 (i.e., média de 61 menos 1 erro padrão de 13). A nota 3 (i.e., freqüência de ocorrência nominal baixa) corresponde à faixa entre 22 (i.e., média de 61 menos 3 erros padrão de 13) e 34 (i.e., média de 61 menos 2 erros padrão de 13). A nota 2 (i.e., freqüência de ocorrência nominal muito baixa) corresponde à faixa entre 9 (i.e., média de 61 menos 4 erros padrão de 13) e 21 (i.e., média de 61 menos 3 erros padrão de 13). Finalmente, a nota 1 (i.e., freqüência de ocorrência nominal extrema-mente baixa) corresponde à faixa abaixo de 8 (i.e., média de 61 menos 4 erros padrão de 13).

A Figura 1 apresenta três entradas, uma de cada dicionário, a primeira do Ensino Superior

(ferver), a segunda do Fundamental e Infantil 3 (abacate), e a terceira do Infantil 1-2 e Maternal (aba-caxi). Como pode ser observado, em cada entrada do dicionário para o Ensino Superior aparece, na célula esquerda, a figura do significado. Na célula direita, acima, aparece o verbete, sua classificação gramatical, sua definição, e um exemplo de uso funcional numa sentença. Na mesma célula, abaixo, aparece uma tabela contendo as palavras escritas pelos universitários para nomear a ilustração, bem como a freqüência de ocorrência de cada uma delas na amostra de 1.250 universitários responden-tes. Finalmente, nas duas últimas linha aparece, para cada série escolar (de 4a série do Ensino Fun-damental a 1a série do Ensino Fundamental até a 3a série do Ensino Infantil) a nota que expressa a freqüência de ocorrência do verbete para cada uma das cinco séries escolares (bem como a freqüên-cia geral de ocorrênfreqüên-cia) segundo uma amostra do material de leitura empregado com essas crianças. Nas duas últimas linhas encontram-se as notas (e respectivas freqüência de ocorrência bruta) do verbete no material de leitura de cada série escolar. Nesse caso, o verbete ferver tem freqüência de ocorrência nominal 1 (i.e., extremamente baixa) no EI; 2 (i.e., muito baixa) na 1a, 3a e 4a séries do EF; e 3 (i.e., baixa) na 2a série do EF. No caso de verbos, a indexação no presente banco de imagens aparece sempre na forma infinitiva não flexionada. Entretanto, para o cômputo da freqüência de ocorrência, foram colapsadas todas as desinências do verbo, mantendo-se apenas a raiz. Ou seja, foram consi-derados como casos do verbete ferver, palavras como ferveu, fervido, ferveriam, fervendo, e assim por diante, como explicado no início desta seção. Essa entrada caracteriza três dicionários, um para

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Transtornos de aprendizagem: da avaliação à reabilitação ____• Fig. 1 ferver (inglês: to boil, to be boiling, to become scalding hot) v. t. d. Aquecer (um líquido, usualmente a água) até o atingir seu ponto de ebulição, em que passa para a forma gasosa. Cozer (algo) ou fritar (algo) em um líquido em ebulição, como a água ou o óleo. Colocar (algo) sob a ação do calor em lí-quido fervente para esterilizar, limpar, amolecer etc. v. int. Entrar ou estar em ebulição. Ter o conteúdo em ebulição. fervente (inglês: boiling, ebullient, seething): adj. m. e f. Que ferve, que está em ebulição.

ferver 20/125 fervendo 19/125 sopa 30/125 16% 15,2% 24%

cozinhar 24/125 panela 19/125 comida 13/125 19,2% 15,2% 10,4%

(freq)/série 4ª sér EF 3ª sér EF 2ª sér EF 1ª sér EF 3a. sér EI Freq Tot.

ferver 2 (14) 2 (27) 3 (42) 2 (12) 1 (0) 2 (95)

abacate

a-ba-ca-te (4): s.m. Fruto do abacateiro, de cor verde com polpa macia e consistente.

pré 1ª série 2ª série 3ª série 4ª série abacate 35% (37) 51% (54) 62% (66) 64% (68) 83% (88) mamão 15% (16) 11% (12)

fruta 12% (13) 13% (14) nr 17% (18)

Freq/série 4ª série 3ª série 2ª série 1ª série Pré Total 2 (5) 2 (23) 2 (22) 2 (13) 4 (8) 2,4 (71) abacaxi a-ba-ca-xi (4): s.m. Planta terrestre da família das bromeliáceas, de fruto escamoso, robusto, de forma cônica e cor amarelada. Possui polpa macia e saborosa. pré 3 pré 2 pré 1 mat 2 mat 1 abacaxi 97% (97) 83% (83) 79% (79) 53% (53) nr 12% (12) abacate 12% (12) Freq/sér 4ª série 3ª série 2ª série 1ª série Pré Total 2 (22) 2 (25) 3 (27) 3 (26) 5 (14) 3 (114)

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Ensino Superior contendo 794 figuras para 794 conceitos, um para Ensino Fundamental contendo 865 figuras para 600 conceitos, e um para Ensino Infantil contendo 379 figuras. No livro de ES, foi incluída apenas uma figura por conceito, sempre a mais unívoca; ao passo que no livro do EF foram incluídas até 3 figuras por conceito, desde que as três tivessem atingido 70% de univocidade para os universitários. Isso tendeu a aumentar o número de figuras no livro do EF em relação ao número de figuras do ES. Essa decisão se deveu à importância de oferecer mais figuras alternativas para o ensino fundamental, em que deve ocorrer a alfabetização.

As entradas do dicionário para o Ensino Fundamental e Infantil diferem por conter, na tabela superior, os dados de univocidade da figura da entrada (no caso, abacate) obtidos com crianças da 3a série da Educação Infantil, e da 1a a 4a séries do Ensino Fundamental. Como pode ser observado, a figura de abacate foi adequadamente denominada abacate por 35% dos alunos do Infantil 3, 51% dos alunos da 1a série do EF, 62% dos alunos de 2a série, 64% dos alunos de 3a série, e 83% dos alunos de 4a série. A propósito, esse acerto crescente na nomeação da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, e ao longo das quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, coaduna-se com a expectativa teórica de aumento do léxico expressivo ao longo da escolarização. No Infantil 3 apenas 35% das crianças souberam nomear adequadamente a figura de abacate, ao passo que 17% não souberam nomear, 15% nomearam incorretamente (nomeando abacate como mamão), 12% nomearam a figura em termos de sua categoria fruta, sendo que os restantes 21% produ-ziram respostas espúrias variadas que não chegaram a atingir 10% de coincidência entre si e, por isso, não foram relatadas. Como essa figura não satisfez o critério de chegar a ser nomeada apropriadamente por pelo menos 70% das crianças da 3a série da Educação Infantil, ela não che-gou a ser apresentada para as crianças de séries menores. As entradas do dicionário para o Ensino Infantil 1-2 e Maternal seguem o mesmo delineamento.

Estudo de validação e normatização da versão original do teste de vocabulário, formas A e B

Participaram 396 crianças, sendo 10 de 2 anos, 93 de 3 anos, 160 de 4 anos, e 133 de 5 anos. Foram empregadas as formas originais A e B, com 107 itens cada uma, do Teste de Vocabulário Auditivo. A Figura 2 ilustra um dos itens do Teste de Vocabulário Auditivo.

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Transtornos de aprendizagem: da avaliação à reabilitação

____• Resultados

A Tabela 2 sumaria as características da distribuição da pontuação de crianças de 2, 3, 4, e

5 anos na Forma A (esquerda) e na Forma B (direita), incluindo pontuação média, desvio-padrão, número de respondentes, pontuação mínima e máxima, amplitude de variação da pontuação, variância, inclinação, curtose e mediana.

Tabela 2.

Forma A Forma B

2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos

Média 94,9 101,2 102,6 105,0 99,2 102,0 102,3 104,6 DP 7,19 5,58 3,60 2,38 4,89 5,35 3,72 3,00 N 10 93 160 133 10 93 160 133 Pont. mín. 79 80 84 95 91 77 86 83 Pont. máx. 107 107 107 103 107 107 107 107 Amplitude 24 27 23 12 16 30 21 24 Variância 51,66 31,17 12,98 5,66 23,96 28,58 13,81 9,03 Skewness -0,95 -1,79 -1,38 -1,40 -0,17 -2,14 -1,20 -3,21 Kurtosis 0,38 3,59 3,98 1,99 -0,90 6,19 1,69 18,54 Mediana 95,5 103,0 103,0 106,0 100,0 103,0 103,0 105,0 Normatização das formas originais A e B do Teste de vocabulário auditivo

A Tabela 3 sumaria, para cada faixa etária, as pontuações dos limites superior e inferior das

faixas de escores na Forma A (acima) e na Forma B (abaixo): Muito rebaixado (entre –3 DP e –2

DP), rebaixado (entre –2 DP e –1 DP), médio (entre –1 DP e +1 DP), elevado (entre +1 DP e +2 DP),

e muito elevado (entre +2 DP e +3 DP).

Tabela 3.

Idade Muito rebaixado –3 < DP < –2 –2 < DP < –1Rebaixado –1 < DP < +1Médio +1 < DP < +2Elevado Muito elevado +2 < DP < +3 Cinco classificações de escores na Forma A original com 107 itens 2 73 a 79 80 a 87 88 a 102 103 a 107 ---3 84 a 89 90 a 95 96 a 107 --- ---4 92 a 94 95 a 98 99 a 106 107 ---5 98 a 99 100 a 102 103 a 107 --- ---Cinco classificações de escores na Forma B original com 107 itens 2 84 a 88 89 a 93 94 a 104 105 a 107 ---3 86 a 90 91 a 96 97 a 107 --- ---4 91 a 94 95 a 98 99 a 106 107 ---5 96 a 98 99 a 101 102 a 107 ---

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____• Conclusão

O estudo gerou um grande banco de figuras originais com nomeação normatizada por sete níveis escolares, do Ensino Superior ao Maternal, e ilustrou o uso desse banco de figuras para elaborar instrumentos de avaliação validados e normatizados. Para tanto, inicialmente foi gerado um corpus de 2.100 figuras originais. Essas 2.100 figuras foram apresentadas a 1.250 universitários do ES para nomeação por escrito. Dessas 2.100, 1.190 figuras passaram pelo critério de pelo menos 70% de concordância entre os universitários. Dessas 1.190, 246 foram excluídas e as restantes 944 foram selecionadas para serem apresentadas a 1.000 alunos de 1a a 4a séries do EF (de 7, 8, 9 e 10 anos de idade) e 3a série da EI (com 6 anos de idade) para nomeação por escrito. Dessas 944 figuras, 566 figuras passaram pelo critério e foram apresentadas a 600 alunos da 3a série da EI para nomeação por escrito. Dessas 566 figuras, 429 passaram pelo critério e foram apresentadas a 500 crianças de 2a série da EI (de 5 anos de idade) para nomeação oral. Dessas 429, 365 figuras passaram pelo critério e foram apresentadas a 500 crianças de 1a série da EI (de 4 anos de idade) para nomeação oral. Dessas 365, 187 figuras passaram pelo critério e foram apresentadas a 500 crianças de 2a série do Maternal (de 3 anos de idade) para nomeação oral. Dessas 187, 99 figuras passaram pelo critério e foram apre-sentadas a 500 crianças de 1a série do Maternal (de 2 anos de idade). Dessas 99, 90 figuras passaram pelo critério de 70% de nomeação unívoca. Todo esse empenho na geração e avaliação criteriosa da qualidade das figuras se deve à importância das mesmas para a psicologia e a educação. Figuras são empregadas freqüentemente em materiais de avaliação psicológica e de proficiência, e de ensino e intervenção clínica e didático-pedagógica. A validade dos materiais de avaliação e a eficácia dos materiais de ensino dependem freqüentemente da escolha de figuras apropriadas à faixa etária e de escolaridade do avaliando e educando. Dispor de bancos de figuras normatizadas para diversas faixas etárias pode aperfeiçoar a validade e a eficácia dos materiais.

Assim, a partir de um conjunto original de 2.100 figuras, este estudo gerou sete bancos de fi-guras com nomeação normatizada para milhares alunos do Ensino Superior (ES), Ensino Fundamental (EF) e Educação Infantil (EI) até a 1a série do Maternal, numa faixa de 18 meses a 2 anos de idade. Em seguida, o estudo selecionou as 214 figuras mais unívocas das 365 figuras que compõem o banco de alta univocidade para a 2a série da Educação Infantil, para gerar duas formas alternadas originais de um teste de vocabulário auditivo, cada qual com 107 itens, sendo uma figura alvo e quatro figuras dis-traidoras para cada item. O estudo aplicou as duas formas do teste a 396 crianças de 2 a 5 anos (10 de 2 anos, 93 de 3 anos, 160 de 4 anos, e 133 de 5 anos), descobriu que ambas são válidas em discriminar entre séries escolares sucessivas, e então gerou tabelas de dados normativos de desenvolvimento do vocabulário auditivo entre 2 e 5 anos de idade para cada teste. O estudo logrou todos os objetivos: 1) gerou sete bancos de figuras normatizados, o primeiro para universitários, o segundo para escolares de 1a a 4a série do EF e 3a série da EI, o terceiro para crianças de 3a série da EI, o quarto para crianças de 2a série da EI, o quinto para crianças de 1a série da EI, o sexto para crianças de 2a série do Maternal, e o sétimo para crianças de 1a série do Maternal; 2) apresentou os sete bancos sob a forma de 3 dicioná-rios, o primeiro para universitádicioná-rios, o segundo para escolares de 1a a 4a série do EF e 3a série da EI, e o terceiro para crianças de 3a, 2a e 1a séries da EI, e para crianças de 2a e 1a séries do Maternal; 3) derivou duas formas originais (A e B) do teste de vocabulário auditivo com 107 itens e 5 figuras por item; 4)

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Transtornos de aprendizagem: da avaliação à reabilitação

aplicou as duas formas originais do teste a cerca de 396 crianças de 2 a 5 anos para aferir se eles são capazes de identificar crescimento significativo do vocabulário auditivo nessa faixa etária e se eles são capazes de discriminar entre séries escolares sucessivas e se há correlação positiva significativa entre as duas formas, o que permitiria seu uso alternado em estudos de teste-reteste; 5) normatizou as formas originais do teste que se mostraram capazes de identificar crescimento significativo do vocabulário auditivo. Além disso, o estudo também: 6) fez análise de item para excluir os itens com menor correlação item-média e obter a forma reordenada abreviada; 7) aplicou as formas reordena-das abreviareordena-das dos testes a 177 crianças de 18 meses a 6 anos de idade para verificar são capazes de discriminar entre faixas etárias sucessivas; 8) normatizou as formas reordenadas abreviadas. Os dados referentes aos objetivos 7 e 8 não foram apresentado por falta de espaço.

Em suma, o estudo ofereceu os sete bancos de imagens com nomeação normatizada distri-buídos em três livros, o primeiro contendo dados de universitários, o segundo contendo dados de estudantes de 1a a 4a série do Ensino Fundamental e 3a série da Educação Infantil; e o terceiro com dados de estudantes do Maternal 1 até a 3a série da Educação Infantil. Ele ilustrou o uso eficaz do banco de figuras ao oferecer duas formas originais com 107 itens cada uma do teste de vocabulá-rio auditivo, bem como sua normatização com 396 crianças de 2 a 5 anos de idade. Gerou, ainda as versões reordenadas das duas formas do teste. Gerou, por fim, versões originais abreviadas com 33 itens cada uma, bem como sua normatização com 177 crianças de 1 a 6 anos de idade; bem como as versões abreviadas reordenadas a partir dessa aplicação.

____• Referências

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Capovilla FC, Nunes L, Nogueira D, Araújo I & Bernat AB (1997a). Análise da validade concorrente do Teste de 4.

Vocabulário Por Imagens Peabody por comparação com o desempenho escolar de pré-escola a 8ª série: Amostra fluminense. Ciência Cognitiva: Teoria, Pesquisa e Aplicação, 1(2),533-560.

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auditivo da pré-escola à oitava série: Normalização fluminense baseada em aplicação coletiva do Peabody Picture Vocabulary Test. Ciência Cognitiva: Teoria, Pesquisa e Aplicação, 1(1),381-440.

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Referências

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