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Colheitas acima da média poderão em grande medida Minimizar a insegurança alimentar

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MOÇAMBIQUE Perspectiva de Segurança Alimentar

Junho de 2017 a Janeiro de 2018

Colheitas acima da média poderão em grande medida “Minimizar” a insegurança alimentar

DESTAQUES

 Graças a disponibilidade de alimentos acima da média, provenientes da presente época (2016/17), a maior parte de Moçambique regista insegurança alimentar aguda Mínima (IPC Fase 1), uma vez que a maioria das famílias pobres consegue satisfazer as suas necessidades alimentares básicas através da sua produção e acesso aos mercados, particularmente devido aos preços relativamente baixos que se registam. Espera-se que esta situação continue até Janeiro de 2018. Algumas excepções incluem as zonas semiáridas da região centro, onde a situação de “Estresse” (IPC Fase 2) persistirá devido a uma lenta recuperação da seca, resultado da roptura das formas de vida, causada pelo recém terminado conflito armado e precipitação irregular nestas zonas. Algumas famílias vulneráveis poderão enfrentar uma situação de Crise (IPC Fase 3).

 No geral, o país regista uma produção agrícola acima da média (média dos últimos 5 anos), incluindo nas zonas cronicamente deficitárias do sul, tais como as semiáridas do interior das províncias de Gaza e Inhambane. Em contraste, partes das zonas semiáridas anteriormente afectadas pelo conflito na região centro, incluindo partes dos distritos de Caia, Chemba e Maringue, na província de Sofala, partes do distrito de Tambara, na província de Manica, e partes do sul dos distritos de Mutarara e Doa, na província de Tete, os níveis de produção encontram-se abaixo da média.

 A maioria dos principais mercados monitorados está adequadamente abastecida com alimentos básicos e outros produtos. Os preços do grão de milho têm baixado significativamente desde Janeiro/Fevereiro e estão próximos da média

de cinco anos. Na região sul, os preços do grão de milho de Maio baixaram 57 porcento em relação a Fevereiro, enquanto nas regiões centro e norte, os preços caíram 73 e 60 porcento respectivamente. Os preços da farinha de milho e arroz, no geral, permaneceram estáveis.

CALENDÁRIO SAZONAL NUM ANO NORMAL

Fonte: FEWS NET

Resultados estimados de segurança alimentar, Junho de 2017

Fonte: FEWS NET A maneira de classificação que utiliza FEWS NET é compatível com a IPC. A análise compatível com a IPC

segue os protocolos fundamentais da IPC mas não necessariamente reflete o consenso dos parceiros nacionais em relação a segurança alimentar.

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PANORAMA NACIONAL

Situação Actual

Situação actual de Segurança Alimentar

 Actualmente, a situação de insegurança alimentar aguda Mínima (IPC Fase 1) prevalece para a maioria das famílias pobres em todo o país, como resultado da produção nacional acima da média (últimos 5 anos), correspondente a época agrícola 2016/17. Isto inclui as zonas costeiras no norte que inicialmente eram preocupantes devido ao início tardio das chuvas e chuvas abaixo da média, e as afectadas pelas cheias e pelo ciclone nas regiões sul e centro.

 Com a produção média a acima da média ao nível familiar, a maioria das famílias pobres consegue satisfazer as suas necessidades alimentares básicas através do consumo de alimentos da sua própria produção e paulatinamente vão recuperando a sua renda através da venda dos seus produtos. No entanto, dados os dois anos consecutivos de fraca produção nas regiões do sul e centro, a renda das famílias pobres permanece abaixo da média. Algumas famílias mais vulneráveis, que não conseguiram recuperar-se devido a vários factores, incluindo aquelas famílias cujas formas de vida foram afectadas devido ao conflito armado nas zonas afectadas e as que registaram uma irregularidade localizada da precipitação tiveram uma produção agrícola abaixo da média. Estas famílias estão em processo de restauração das suas formas de vida e poderão enfrentam uma situação de insegurança de alimentar aguda de “Estresse”(IPC Fase 2) ou de Crise (IPC Fase 3) e poderão necessitar de ajuda humanitária de forma selectiva.

 Enquanto na região sul a colheita da primeira época já terminou, nas principais zonas produtivas do centro e norte a colheita ainda está em curso. Na região sul, a maioria das famílias tem se concentrando na produção da segunda época, enquanto consomem reservas de alimentos da época principal bem como leguminosas frescas, que já estão disponíveis, a partir da segunda época. O grão de milho de ciclo curto em grande parte começará a ser colhido em Julho/Agosto. Com esta disponibilidade favorável de alimentos, combinada ao aumento do acesso aos alimentos dos mercados, a maioria das famílias pobres restaurou os seus hábitos alimentares típicos, que incluem comer alimentos preferidos e já não precisam de saltar refeições como estratégia de sobrevivência. As actividades da segunda época estão progredindo bem devido à humidade residual acima da média na sequência das chuvas tardias durante a principal época chuvosa. Igualmente, nas zonas afectadas pelas cheias, ciclone e chuvas intensas nas zonas baixas das regiões centro e sul, a segunda época tem apresentando um desempenho muito acima dos níveis médios e já proporciona alimentos para aqueles que perderam suas culturas da época principal.

Informação da Avaliação do SETSAN

 De acordo com a avaliação do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e

Nutrição (SETSAN) de Março/Abril, para Maio a Setembro, estima-se que cerca de 300 mil pessoas poderão enfrentar uma situação de insegurança alimentar aguda de Crise (IPC Fase 3) em 20 dos distritos mais afectados (aqueles com os níveis mais altos de insegurança alimentar aguda no IPC de Agosto de 2016), necessitando de assistência alimentar de emergência. (Em Junho/Julho, o SETSAN, com a participação da FEWS NET e outros parceiros, realizará uma avaliação de segurança alimentar e nutricional em todo o país para fornecer estimativas e projecções de segurança alimentar pós-colheita até Março de 2018. O relatório final provavelmente será divulgado no início de Agosto). Enquanto este número representa 11 por cento da população total dos 20 distritos, a maioria das famílias não enfrenta Nenhuma situação de insegurança

Resultados projectados de segurança alimentar, Junho a Setembro de 2017

Fonte: FEWS NET

Resultados projectados de segurança alimentar, Outubro de 2017 a Janeiro de 2017

Fonte: FEWS NET A maneira de classificação que utiliza FEWS NET é compatível com a CIF. A análise compatível com a CIF

segue os protocolos fundamentais da CIF mas não necessariamente reflete o consenso dos parceiros nacionais com respeito a segurança alimentar.

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alimentar aguda (IPC Fase 1) ou de “Estresse (IPC Fase 2). Para as que enfrentam uma situação de insegurança alimentar aguda de “Estresse” (IPC Fase 2), o SETSAN propõe assistência não-alimentar para proteger as suas formas de vida, incluindo a melhoria do armazenamento pós-colheita e vias de acesso, distribuição de sementes e pesticidas para a segunda época, melhoria do controle de pragas e doenças, promoção das melhores práticas alimentares e feiras, vacinação de galinhas contra a doença de Newcastle e apoio aos sistemas de irrigação de pequena escala.

 Com base em inquéritos nutricionais realizados pelo SETSAN nos mesmos 20 distritos seleccionados em Março/Abril, a proporção de crianças com desnutrição aguda foi "Crítica" (IPC Fase 4, DAG por Medição do Perímetro Braquial, PB, 11-16.9 porcento) em dois distritos de Cabo Delgado, Chiúre e Namuno; "Alerta/Grave" (IPC Fase 2/3, DAG por PB 6-10.9 porcento) em Mutarara (Tete), Ancuabe (Cabo Delgado) e Macossa (Manica); e “Alerta" (IPC Fase 2, DAG peso por altura z-score, PAZ, 5-9.9 porcento) em Morrumbala (Zambézia). De acordo com o IPC para classificação da desnutrição aguda, em todos os outros distritos avaliados, a

prevalência da DAG foi inferior a cinco por cento, indicando um nível "Aceitável". De acordo com o relatório do SETSAN, o alto nível da desnutrição aguda nos distritos do norte (Chiúre e Namuno) e nos distritos da região centro está ligado à dieta inadequada (baixa quantidade e qualidade dos alimentos) e prevalência de doenças, como diarreia e HIV, e parte disto poderá ser parcialmente atribuído à insegurança alimentar crónica. (por favor notar que as Fases do IPC correspondem a desnutrição aguda e não a insegurança alimentar).

Suprimentos e Preços dos Mercados

 Este ano, devido à produção de milho acima da média no sul, os fluxos deste cereal a

partir do centro encontram-se abaixo da média, enquanto os fluxos internos de excedentes dentro da região sul abastecem os principais mercados nesta região. As zonas tipicamente deficitárias no sul, tais como as semiáridas do interior das províncias de Gaza e Inhambane, atingiram níveis de produção muito acima da média. Contrariamente, partes das zonas semiáridas na região centro incluindo partes dos distritos de Caia, Chemba e Maringue na província de Sofala, partes do distrito de Tambara, na província de Manica e partes do sul dos distritos de Mutarara e Doa na província de Tete, não tiveram a mesma produção excepcionalmente boa que o resto do país registou e os níveis de produção deverão estar abaixo da média.

 Com as reservas de alimentos da época principal a tornarem-se cada vez mais acessíveis, os comerciantes informais e formais têm desempenhado um papel importante na redistribuição dos produtos alimentares das zonas de produção excedentária para as zonas deficitárias através do sistema de comercialização. A maioria dos principais mercados monitorados encontram-se adequadamente abastecidos com alimentos básicos e outros produtos. Os preços dos alimentos básicos, em particular do grão de milho, têm vindo a baixar acentuadamente desde o início do ano. Os preços do grão de milho em Chokwé, no sul, baixaram 57 porcento em Maio a partir do pico registado em Fevereiro. Em Gorongosa, no centro, os preços do grão de milho de Maio baixaram 73 porcento a partir do pico em Dezembro, enquanto em Nampula, no norte, os preços do grão de milho caíram 60 porcento em Maio a partir do pico em Janeiro. Os preços da farinha de milho e do arroz, no geral, permaneceram estáveis, o que é em grande parte deve-se ao facto de os preços destes dois produtos dependerem mais da importação do que da variabilidade sazonal. No mercado de Gorongosa, que é um mercado de referência para todo o país, os preços do grão de milho de Maio encontram-se no mesmo nível da média de cinco anos e 48 porcento inferiores aos de Maio de 2016 (vide Figura 1). Por outro lado, os preços da farinha de milho encontram-se a 60 porcento acima da média de cinco anos e sete porcento abaixo dos preços registados na mesma altura do ano passado, enquanto os preços do arroz estão a 78 porcento acima da média de cinco anos e 25 porcento acima dos preços de Maio de 2016.

Figura 1. Preços actuais e projectados do milho em Gorongosa (MZN/kg)

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Pressupostos

A Perspectiva da Segurança Alimentar de Junho de 2017 até Janeiro de 2018 baseia-se nos seguintes pressupostos a nível nacional:

Mercados e Comércio

Reservas transitadas do ano anterior para o presente ano. Devido a duas secas sucessivas que afectaram negativamente

a produção no sul e centro, a quantidade de reservas de alimentos transitadas de 2016 foi significativamente abaixo da média. Na zona do sul, quase não houve quaisquer reservas de 2016, enquanto que na zona centro estava disponível uma quantidade limitada de grão de milho de 2016 no início de 2017, particularmente na parte norte da província de Tete. Por outro lado, a região norte do país tinha reservas de 2016 próximos da média.

Disponibilidade do grão de milho. Com base nas estimativas da produção do Ministério da Agricultura e Segurança

Alimentar (MASA), espera-se que o grão de milho produzido localmente seja suficiente para cobrir as necessidades domésticas durante todo o período do cenário. As importações do grão de milho da África do Sul, México e outras origens poderão ser limitadas às empresas moageiras que normalmente importam o grão de milho para processamento industrial.

Comércio informal com Malawi. Após o ano passado, quando as autoridades dos distritos fronteiriços de Moçambique

restringiram o comércio informal com o Malawi, o que praticamente interrompeu quase todos os fluxos, durante o período de cenário, espera-se que o comércio retome gradualmente até os níveis normais, envolvendo grandes volumes como tem sido habitual.

Contexto macroeconómico. Desde Dezembro de 2016, o Metical (MZN) tem conhecido uma estabilidade, após uma

depreciação significativa em relação ao dólar americano. Em meados de Janeiro de 2017, o dólar americano era equivalente a MZN 69,73 e, em meados de Maio de 2017, o dólar era equivalente a MZN 59,00, que é a baixa mais recente comparado com o máximo histórico de MZN 78,45 em Outubro de 2016. O fortalecimento do Metical pode incentivar os comerciantes a aumentarem os seus níveis de importações, em particular para os alimentos processados da África do Sul. Após uma subida agressiva da taxa pelo Banco de Moçambique em Outubro de 2016, a taxa de inflação deverá baixar durante o restante de 2017.

Preços do milho. De Junho de 2017 a Janeiro de 2018, espera-se que os preços do grão de milho sigam as tendências

crescentes sazonais, especialmente a partir de Setembro, mas permanecendo ao nível ou marginalmente abaixo da média de cinco anos. Isto será possível devido à disponibilidade acima da média do grão de milho para o ano de consumo 2017/18.

Preços da farinha de milho/arroz. Espera-se que os preços da farinha de milho e arroz, ambos substitutos directos do grão

de milho, permaneçam estáveis durante todo o ano do consumo, pois espera-se que ambos os produtos apresente uma disponibilidade adequada.

Estimativas de Produção de 2016/17

Estimativas da produção da época principal. As estimativas preliminares da produção total do MASA indicam que a

produção de cereais deverá estar a 45 porcento acima da média de cinco anos (2012-2016). As estimativas são de 2,8 milhões de toneladas de cereais (milho, mapira, mexoeira, arroz e trigo), 707.000 toneladas de leguminosas (feijão e amendoim), 10,9 milhões de toneladas de mandioca, 2,2 milhões de toneladas de hortícolas, 127.000 toneladas de oleaginosas (soja, girassol e gergelim) e 295.000 toneladas de batata reno. O Índice de Satisfação das Necessidades Hídricas colhido via satélite está de acordo com as estimativas do MASA, pois reflecte que a cultura de milho recebeu 95 a 100 por cento das suas necessidades hídricas para o crescimento, tendo apenas algumas áreas onde Índice de Satisfação das Necessidades Hídricas foi ligeiramente menor (80 a 95 porcento).

Perspectivas da segunda época. A quantidade da humidade residual para a segunda época, normalmente praticada de

Abril a Setembro, é adequada em partes do sul e centro, devido à precipitação normal para acima do normal, que continuou até Abril na maior parte do país. Como resultado, as perspectivas da produção da segunda época poderão se situar próximos da média para acima da média, se houver acesso adequado às sementes, sendo que a maior parte da colheita poderá acontecer entre Julho e Setembro.

Lagarta do Funil do Milho (LFM)

A eclosão da lagarta do funil do milho, Spodoptera frugiperda, foi detectado pela primeira vez em Moçambique em Janeiro de 2017, inicialmente confundido com a broca de milho, mas depois confirmado como tal pelo MASA em coordenação com a Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Foi confirmada em todas as províncias de Moçambique, excepto Cabo Delgado.

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Embora as avaliações ainda sejam necessárias para determinar a gravidade dos danos causados pela lagarta do funil do milho, particularmente o seu impacto sobre a produção agrícola, bem como o impacto socioeconómico, as indicações preliminares sugerem que o impacto para a época 2016/17 poderá ser baixo em Moçambique devido principalmente a chuvas excessivas, que ajudaram a inibir a sua actividade, e as condições climatéricas favoráveis que ajudaram a promover o alto potencial de produção agrícola. (A avaliação do SETSAN de Junho/Julho irá incluir em certa medida uma avaliação dos impactos da lagarta do funil do milho e o MASA planeia uma avaliação mais especializada e focalizada). Dependendo das condições climatéricas para a época agrícola 2017/18 e da dimensão das estratégias da gestão de pragas adoptadas para controlar a lagarta do funil do milho, existe a possibilidade de a praga vir a ter um impacto mais severo na época 2017/18.

Disponibilidade/Acesso de Alimentos

Junho a Setembro. Espera-se que durante este período a

disponibilidade de alimentos ao nível dos mercados seja adequada devido a produção nacional 2016/17 acima da média. Ao nível das famílias, espera-se que a disponibilidade de alimentos seja próxima da média para a maioria das famílias. No entanto, em partes localizadas da zona semiárida da região centro (norte das províncias de Sofala e Manica e sudeste da província de Tete, vide a Figura 2), é provável que a maioria das famílias pobres não tenha participado plenamente na actividade agrícola em virtude de o acordo da cessação do conflito armado ter sido alcançado somente no fim de Dezembro de 2016 e as suas formas de vida tinham já sido afectadas por este conflicto. As famílias pobres colherão abaixo da média e serão forçadas a começar a empregar estratégias de sobrevivência mais cedo, começando em Setembro/Outubro, para a satisfação das suas necessidades alimentares mínimas.

Outubro de 2017 a Janeiro de 2018. Tanto a nível das famílias como a

nível dos mercados, espera-se que a disponibilidade de alimentos permaneça próxima da média durante este período. Na zona semiárida da região centro, a maior parte das reservas das famílias pobres poderá estar esgotada, e espera-se que estas famílias comecem a empregar estratégias de sobrevivência típicas para obter dinheiro para compras no mercado, complementadas pela coleta e consumo de alimentos silvestres sazonais.

Previsão sazonal

Previsão do ENSO. A maioria dos modelos das previsões sazonais dão maior probabilidade para a evolução das condições

neutras de ENSO até o início de 2018 uma vez que existem probabilidades decrescentes de desenvolvimento do El Niño.

Época chuvosa 2017/2018. Espera-se que a época chuvosa de Outubro de 2017 a Janeiro de 2018 comece pontualmente e

com probabilidades de ocorrência de precipitação próximo da média. No entanto, a FEWS NET continuará a monitorar as condições ENSO e a actualizar a previsão sempre que for necessário.

Hidrologia/Risco de cheias

Hidrologia. De acordo com a Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH), a maioria das barragens nas

regiões sul e centro, com excepção dos Pequenos Libombos, no sul, foi restaurada para níveis adequados, após uma seca severa. Espera-se que permaneçam em níveis normais até o final do período de cenário, dada as previsões. No entanto, a barragem dos Pequenos Libombos precisará de uma monitoria rigorosa até Janeiro de 2018, já que no final da época chuvosa, em Abril, os níveis de água situavam-se em apenas 28 porcento da sua capacidade total, e aquela infraestrutura é particularmente importante, pois é a principal fonte de água que abastece as três grandes cidades do sul, nomeadamente Maputo, Matola e Boane, e fornece água para sistemas de irrigação ao longo do rio Umbeluzi. De acordo com actualização feita em Maio de 2017 pela DNGRH, a barragem dos Pequenos Libombos reduziu o seu volume de água para 26,87 porcento, o que corresponde a 80 porcento das necessidades de abastecimento de água até a próxima época chuvosa, o que exigirá a continuação das medidas de racionalização durante a actual época seca.

Figura 2. Áreas semiáridas na região centro que

merecem uma monitora mais apertada

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Risco de cheias. Devido às condições neutras de ENSO, espera-se que os riscos de cheias sejam normais durante o mês de

Dezembro de 2017 até Janeiro de 2018. No entanto, uma vez que ainda existem probabilidades moderadas de ocorrência de El Niño, é importante notar que, durante os anos de El Niño, há menor probabilidade de ocorrência de cheias nas bacias dos rios da região sul e centro, enquanto no norte, há uma maior probabilidade de ocorrência de fortes chuvas que podem resultar em cheias localizadas em algumas bacias hidrográficas, incluindo as dos rios Messalo e Megaruma.

Oportunidades de trabalho agrícola/remunerações

Junho a Setembro. Dadas as condições agroclimatéricas favoráveis para a época agrícola 2016/17, espera-se que as

oportunidades de trabalho agrícola permaneçam próximas do normal em todo o país durante todo o período de cenário. Durante este período, o trabalho agrícola incluirá basicamente actividades relacionadas com a segunda época, incluindo a preparação da terra, sacha, sementeira, rega e colheita. Dados os níveis de renda restaurados para as famílias médias e ricas, espera-se que os níveis de remunerações pagos às famílias pobres estejam próximos da média.

Outubro de 2017 a Janeiro de 2018. Durante esse período, que marcará o início da nova época chuvosa e agrícola, a actual

previsão indica a ocorrência de chuvas médias a abaixo da média e, consequentemente, são esperadas oportunidades de trabalho agrícola próximas a média, que incluirão a preparação da terra, sementeira e sacha. Espera-se que os níveis das respectivas remunerações situem-se próximos da média.

Acesso aos insumos para a segunda época em curso e época principal de 2017/2018

 A fim de maximizar a produção agrícola da segunda época em curso, os parceiros humanitários distribuíram sementes e espera-se que continuem com mais distribuições em finais de Junho. Com excepção de Gaza, onde a distribuição de sementes para a segunda época é tida como adequada, em todas as outras províncias, espera-se que a demanda de sementes permaneça alta independentemente destes esforços. Em Abril e Maio, a Save the Children e a OXFAM, parte do consórcio COSACA de ONGs, distribuíram uma variedade de sementes para cerca de 11.100 beneficiários em Gaza, Inhambane e Tete. Além disso, a Save the Children forneceu sementes adicionais para 24 associações de agricultores em Gaza. A FAO, em coordenação com o MASA, deverá iniciar distribuições de sementes no final de Junho para um total de 25.904 famílias em seis províncias, incluindo as províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Tete, Manica e Sofala. Espera-se que cada família receba uma quantidade similar de sementes. Na região centro (Manica, Sofala e Tete), parte dos beneficiários (1.656) receberá sementes como parte de uma estratégia e treinamento sobre técnicas de conservação agrícola.

 Para a próxima época 2017/18, a FEWS NET presume que, como tem sido habitual, um grande número de agricultores usará sementes retidas da sua produção para as sementeiras. Estas sementes geralmente são de baixa qualidade e menos resistentes a pragas e doenças, em particular a nova eclosão da lagarta do funil do milho que pode constituir uma séria ameaça para as culturas, dependendo das condições e medidas preventivas acima mencionadas. Desde os finais de 2016, o acesso às sementes certificadas tem sido um grande desfio, sendo que esse tipo de sementes normalmente não são usadas em Moçambique, devido à baixa renda das famílias, problemas com os fornecedores e distribuições tardias pelos actores envolvidos. A FEWS NET espera que as distribuições de sementes ocorram em Agosto e Setembro, momentos cruciais, mas se forem recebidas após o início das chuvas em Novembro/Dezembro, isso terá um impacto negativo nos níveis de rendimento. A COSACA começou a trabalhar com potenciais parceiros, tais como o DFID e outros, para mobilizar os fundos necessários para distribuição de sementes.

Oportunidades de auto-emprego/migração e renda

Junho a Setembro. Espera-se que as actividades de auto-emprego estejam em níveis médios durante este período dado

que as famílias pobres engajar-se-ão essencialmente na produção e venda de carvão e lenha, particularmente nas zonas semiáridas, apesar dos impactos ambientais negativos resultantes destas actividades. Outras actividades de auto-emprego incluirão artesanato, fabrico de bebidas e construção.

Outubro de 2017 a Janeiro de 2018. Espera-se que as actividades de auto-emprego, incluindo venda de produtos florestais

tais como lenha, carvão e estacas para construção de casas, continuem em níveis médios. Espera-se também que as famílias pobres vendam pequenos animais domésticos, sempre que for necessário, durante este período, a fim de gerarem renda para a satisfação de outras necessidades discricionárias.

Migração. Durante todo o período do cenário, a migração para os centros urbanos em Moçambique e África do Sul, em

particular para as pessoas do sul, diminuirá dos níveis de 2016 e retornará aos níveis quase normais, devido às melhores condições agroclimatéricas e demanda pela mão-de-obra familiar, resultando numa esperada melhoria contínua das formas

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de vida locais. A migração deverá ser feita essencialmente por pessoas mais jovens que se dedicam principalmente a pequenos negócios nos grandes centros comerciais informais.

Massa corporal do gado, Preços, e Movimentação

 A melhoria significativa na disponibilidade de pasto e água, que se verifica desde Dezembro de 2016, tem contribuído para uma rápida restauração da massa corporal do gado e as famílias pobres não precisam mais movimentar os seus animais em busca de melhores condições. As condições médias da massa corporal do gado, a produtividade e as distâncias percorridas devem persistir durante o período do cenário.

Nutrição

 A projeção do IPC da desnutrição aguda do SETSAN para o período de Maio a Setembro indica uma maior probabilidade de melhorias, em que o distrito de Chiúre em Cabo Delgado deverá melhorar da fase "Crítica" (DAG 15-30 porcento) para "Grave" (DAG 10 -15 porcento), enquanto o distrito de Morrumbala na Zambézia deverá melhorar de "Alerta" para "Aceitável". Para Ancuabe e Namuno, em Cabo Delgado, e Macossa em Manica, embora a situação possa, no geral melhorar, provavelmente não haverá uma mudança de Fase do IPC. A expectativa da melhoria da situação nutricional deve-se principalmente à provável disponibilidade de alimentos e respectivo acesso (produção própria), à queda dos preços dos alimentos básicos e a uma redução das doenças infantis (diarreia e malária).

 A projeção da análise do IPC do SETSAN para a época de escassez, de Outubro de 2017 a Janeiro de 2018, antecipa uma maior probabilidade de deterioração da desnutrição aguda, particularmente para os distritos de Namuno e Chiúre, que deverão voltar para níveis "Críticos". Morrumbala e Mopeia em Zambézia e Cahora Bassa em Tete poderão passar de "Aceitável" para "Alerta" ou "Grave". Os motivos dessa deterioração serão o previsto aumento de doenças infantis, redução dos cuidados da criança (os parentes estarão mais preocupados com a preparação da terra e as condições das via de acesso poderão deteriorar-se), e os previstos aumentos da insegurança alimentar.

Assistência Humanitária de Emergência

 A assistência alimentar em espécie e senhas implementada por muitas organizações humanitárias, incluindo COSACA, nas sete províncias afectadas pela seca, em grande parte terminou no final de Março de 2017. Embora o Programa Mundial de Alimentação (PMA) tenha reduzido drasticamente o volume da sua assistência devido à colheita em curso, espera-se que continue a prestar assistência em bolsas localizadas de famílias pobres que ainda enfrentam Crise (IPC Fase 3), programa que deverá ser gradualmente reduzido de acordo com os resultados das avaliações. Com base nos resultados de avaliação do SETSAN de Março/Abril (vide acima), algumas organizações estão neste momento a ajustar os seus planos de acção. Estas estimativas serão depois substituídas pelos resultados da avaliação do SETSAN de Junho/Julho e ajudarão a Equipe Humanitária Nacional a satisfazer adequadamente as necessidades de assistência humanitária durante o restante do período de consumo.

 Espera-se que os níveis de assistência humanitária estejam abaixo da média de cinco anos no país, e espera-se que o programa de assistência alimentar atenda as necessidades imediatas dos que actualmente recebem apoio selectivo para o período de Junho a Janeiro de 2018.

Tensão politico-militar

 O acordo de cessar-fogo em vigor entre a RENAMO e o Governo de Moçambique desde Dezembro de 2016 permitiu a suspensão de colunas de protecção, permitindo um fluxo rápido de produtos a partir das zonas excedentária do norte. A maioria das pessoas deslocadas voltou para suas casas e tem estado a trabalhar para restabelecer as suas formas de vida. Este processo pode necessitar de algum tipo de assistência, particularmente para as famílias mais vulneráveis, que perderam parcial ou totalmente os seus bens de subsistência.

Resultados de Segurança Alimentar mais Prováveis

De Junho a Setembro de 2017: Durante este período, todas as zonas, incluindo as que foram afectadas pelos choques deste

ano (ciclone, cheias e chuvas tardias e abaixo da média), poderão registar uma situação de insegurança alimentar aguda Mínima (IPC Fase 1). Durante este período, espera-se que a disponibilidade e acesso aos alimentos permaneçam estáveis e adequados, e as oportunidades de obtenção de renda através do trabalho agrícola e auto-emprego poderão permanecer próximos da média, e ajudar nas compras do mercado. As famílias pobres continuarão a satisfazer as suas necessidades alimentares através de reservas da sua colheita da época principal, bem como colheitas da produção pós-cheias/ciclone e da segunda época (de

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Julho a Setembro). No entanto, nas zonas semiáridas do centro, onde a maioria das famílias pobres ainda se encontra no processo de restabelecimento das suas formas de vida normais, os mais vulneráveis entre estas famílias pobres enfrentarão uma situação de insegurança alimentar aguda de “Estresse” (IPC Fase 2) e espera-se que possam satisfazer apenas as suas necessidades alimentares básicas, mas provavelmente renunciarão a compra de bens essenciais não alimentares devido a sua renda que situar-se-á abaixo da média e limitada. Um número menor de famílias nestas zonas deverá enfrentar uma insegurança alimentar aguda de Crise (IPC Fase 3), e provavelmente só poderão satisfazer as suas necessidades alimentares básicas através de estratégias de sobrevivência de crise, incluindo diminuir o número de refeições, reduzir a quantidade de refeições ou recorrer a alimentos menos preferidos, incluindo o consumo excessivo de alimentos silvestres e migração para zonas com melhores oportunidades de trabalho ou maior disponibilidade de alimentos silvestres. As famílias pobres em Crise (IPC Fase 3), em particular, poderão necessitar de assistência alimentar selectiva durante este período. Pessoas em Crise (IPC Fase 3) poderão existir um pouco por toda a parte do país mas a maioria estará localizada em partes dos distritos de Caia, Chemba e Maríngue, na província de Sofala, partes do distrito de Tambara, na província de Manica, e partes do sul dos distritos de Mutarara e Doa, na província de Tete. Para o mapeamento da FEWS NET, estas zonas são classificadas como sendo de “Estresse” (IPC Fase 2), dado que o número de pessoas que enfrenta Crise (IPC Fase 3) possa estar abaixo de 20 porcento do total da população de cada distrito.

Outubro de 2017 a Janeiro de 2018: Espera-se que a época de escassez comece gradualmente a partir de Outubro/Novembro

nas zonas sul e centro e em Dezembro na zona norte, na qual a maioria das famílias, especialmente as muito pobres e pobres, terá esgotado as suas reservas de alimentos e começará a intensificar as suas estratégias de sobrevivência para a satisfação das suas necessidades alimentares. As estratégias típicas de sobrevivência que as famílias começarão a utilizar durante este período incluem, redução dos gastos com bens não alimentares para poderem comprar alimentos básicos, intensificação da produção de e venda de bebidas tradicionais, corte e venda de estacas para a construção de casas e outros produtos naturais, tais como capim, lenha e carvão vegetal; e procura de trabalho informal. No entanto, dada a disponibilidade de alimentos acima da média na época 2016/17, incluindo a esperada contribuição da segunda época, na maior parte do país, espera-se que persistam resultados de insegurança alimentar aguda Mínima (IPC Fase 1) durante este período. As excepções incluem zonas semiáridas da região centro, onde espera-se que a situação de “Estresse” (IPC Fase 2) continue entre Outubro de 2017 e Janeiro de 2018. A época de escassez deverá começar um ou dois meses mais cedo; em Setembro/Outubro. Normalmente, a época de escassez não começa até Novembro/Dezembro. Nestas zonas, além da situação de “Estresse” (IPC Fase 2), espera-se que as famílias mais vulneráveis continuem a enfrentar uma situação de Crise (IPC Fase 3) e continuarão a empregar as mesmas estratégias de sobrevivência acima mencionadas e recorrerão à migração interna ou externa devido aos crescentes défices de alimentos, a menos que seja prestada assistência humanitária selectiva em tempo oportuno. Ademais, é provável que haja um número maior de famílias pobres a enfrentar Crise (IPC Fase 3) durante este período, uma vez que corresponde à tradicional época de escassez, mas é pouco provável que representem mais de 20 porcento da população total de um determinado distrito. Este é também o período em que a época agrícola seguinte começa, e, por conseguinte, espera-se em todo o país que as oportunidades de trabalho agrícola aumentem a renda das famílias para níveis típicos e facilitem as compras no mercado após o esgotamento das reservas de alimentos. O trabalho agrícola poderá incluir a limpeza das matas, cultivo, sementeira e sacha. Espera-se que o início das chuvas entre Outubro e Dezembro também crie condições favoráveis ao surgimento de uma variedade de alimentos silvestres e sazonais que poderão gradualmente complementar a disponibilidade de alimentos para famílias pobres até que a colheita verde esteja disponível em Fevereiro/Março de 2018.

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POSSÍVEIS EVENTOS QUE PODERÃO MUDAR A PERSPECTIVA

Tabla 1. Possíveis eventos nos próximos oito meses que poderão mudar o cenário mais provável

Área Evento Impacto nos resultados de segurança alimentar

Nacional  Insumos inadequados para a sementeira da época principal.

 Limitaria as actividades agrícolas e trabalho agrícola com o início das chuvas.

 Início significativamente tardio da precipitação e precipitação abaixo da média para 2017/18.

 Limitaria as oportunidades do trabalho agrícola, começando em Outubro de 2017, e teria um impacto negative nas perspectivas de produção agrícola 2017/18.

 Os comerciantes não respondem como previsto e nenhumas reservas adicionais de alimentos fluem para as zonas deficitárias.

 Mercados locais não seriam suficientemente abastecidos, causando uma subida dos preços para níveis superiores aos actuais e esperados.

 Recuperação lenta das famílias afectadas pelo conflito.

 Uma recuperação lenta das formas de vida das famílias pode agravar a situação de insegurança alimentar aguda projectada

SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE CENÁRIOS

Para projectar a situação de segurança alimentar durante um período de seis meses, a FEWS NET desenvolve um conjunto de pressupostos sobre eventos prováveis, seus efeitos e as prováveis respostas de vários actores. A FEWS NET analisa esses pressupostos no contexto das condições actuais e formas de vida locais para desenvolver cenários que estimem a situação de segurança alimentar. Normalmente, o FEWS NET reporta o cenário mais provável. Clique aqui para obter mais informações. Click aqui para mais informações.

Referências

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