Quantitativo
versus
Qualitativo
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t
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Introdução
Eu fico surpreso da quantidade de vezes que vejo pesquisadores qualitativos aplicando seus padrões a pesquisa quantitativa e vice-versa.
Cada uma apresenta hipóteses diferentes.
Encontrar problemas em uma ou outra abordagem é de pequena ajuda para promover o entendimento.
Cada abordagem deve ser julgada em suas bases teóricas. Del Siegle, PhD
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Pesquisa Qualitativa
Preocupa-se principalmente com o
processo ao invés do produto ou
resultado;
Interesse sobre experiências pessoais;
O pesquisar é o principal instrumento
de coleta e análise. Os dados são
produto do seu julgamento ao invés de
obtidos por levantamentos,
questionários ou máquinas;
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Envolve trabalho de campo. O
pesquisador faz contato com as
pessoas e locais para observar ou
registrar dados no ambiente natural
em que eles ocorrem.
Argumentos Qualitativa
O comportamento humano é
significativamente influenciado pelas
condições, assim o estudo deve ser
nessas situações. As determinações
físicas, espaciais, ganhos e
recompensas, tradições, papéis,
normas, são variáveis contextuais
cruciais. A pesquisa deve ser realizada
o mais próximo possível de onde elas
ocorrem.
A pesquisa experimental pode afetar
os resultados. O laboratório, o
questionário, tornam-se artefatos. Os
sujeitos pode se tornar desconfiados e
alterar respostas ou perceber o que o
pesquisador quer, respondendo de
acordo. As pessoas nem sempre
interpretam corretamente seus
sentimentos e assim podem não
responder objetivamente.
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Não é
possível entender o
comportamento humano sem ter uma
compreensão do ambiente onde o
sujeito vive. O pesquisador precisa
compreender o ambiente. O cientista
“objetivo” pode destruir dados valiosos
quando codifica e padroniza,
impondo padrões aos sujeitos da
pesquisa.
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Hipóteses: Quantitativo
Fatos sociais tem uma realidade
objetiva;
Primazia do método;
As variáveis podem ser identificadas
e os relacionamentos medidos;
Ponto de vista externo (etic) ou
universal.
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A realidade é uma construção
social;
Primazia do contexto;
As variáveis são complexas,
interligadas e difíceis de serem
medidas;
Ponto de vista interno (emic) ou
local.
Hipóteses: Qualitativo
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Quantitativo
Generalidade;
Previsão;
Explicação causal;
Qualitativo
Contextualização;
Interpretação;
Entendimento da perspectiva dos
atores.
Objetivos:
Inicia com hipóteses e teorias;
Manipulação e controle;
Utilização de instrumentos formais;
Experimentação;
Dedutivo;
Analisa componentes;
Procura consenso, a norma;
Reduz dados a índices;
Linguagem abstrata na escrita.
Abordagem: Quantitativo
Hipóteses: Qualitativo
Termina com hipóteses e uma teoria;
Descoberta e representação;
O pesquisador é o instrumento;
Naturalista;
Indutivo;
Procura padrões;
Procura pluralismo, complexidade;
Faz pouco uso de índices;
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Quantitativo
Distanciamento e imparcialidade;
Representação objetiva.
Qualitativo
Parcialidade e envolvimento pessoal;
Entendimento enfático.
Papel do pesquisador:
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Quantitativo
• Pesquisa experimental • Pesquisa quase-experimental • Pesquisa pré-experimental • Pesquisa ex-post-facto • Levantamento ou surveysQualitativo
• Pesquisa ou estudo de campo • Estudo de casoOutras denominações
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Alguns autores mais imaginativos acrescentam ainda as pesquisas:
• Bibliográfica • Documental
A bibliográfica seria feita em livros e periódicos enquanto que a documental seria acrescida de documentos.
Outras denominações
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Investigação sistemática e empírica na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não manipuláveis. Neste caso são feitas inferências sobre as relações entre variáveis em observação direta, a partir da variação concomitante entre as variáveis independentes e dependentes.
Uma definição: pesquisa
ex-post-facto
Os níveis de pesquisa variam de acordo com os objetivos a que a pesquisa se propõe. Podem ser assim classificados:
Exploratória Descritiva Explicativa
Qual é a pesquisa que não envolve algum grau dessas três características?
Níveis da pesquisa!
Qualitativo x Quantitativo
Experimental Controle do tipo laboratório Positivismo lógico Pesquisa de campo Etnografia ou fenomenologia ConstrutivismoProf. Lorí Viali, Dr. – PUCRS – FAMAT: Departamento de Estatística – viali@pucrs.br
Reducionismo x Construtivismo
Procura por fatos ecausas independente de estados individuais Como a experiência é moldada pela natureza Procura entender um fenômeno a partir de um indivíduo ou estado de ser Como a natureza é percebida
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Papel da medida
Cria variáveis quepodem ser analisadas estatisticamente Externas e facilmente verificáveis Utiliza os discursos como dados. Textos longos e descritivos de diálogos ou discursos pessoais
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Dedutiva
versus
Indutiva
Variáveis são concebidas a priori Questões de pesquisa e hipóteses surgem primeiro Sem suposições a priori Padrões emergem a posteriori dos dados coletadosProf. Lorí Viali, Dr. – PUCRS – FAMAT: Departamento de Estatística – viali@pucrs.br
Intervencionista
versus
Naturalista
Intervenções sãovistas como uma forma de descoberta Manipula o ambiente e mede as mudanças
Sensível aos efeitos do pesquisador sobre a população estudada Tentar desenvolver confiança sobre a população estudada
Papel do pesquisador
O julgamento do pesquisador é fundamental antes e depois O pesquisador não deve intervir durante o experimento O pesquisador é o instrumento Tenta eliminar qualquer predisposição e assume que está vivenciando pela primeira vezRedutivo
versus
Holístico
A verdade éencontrada de forma incremental uma pequena parte após outra A ciência sempre tem descoberto sobre fenômenos aos poucos A perspectiva humanista requer uma abordagem holística
Quando pessoas são reduzidas a variáveis perde-se o maior entendimento possível
1. (Bio) Doutrina que considera o organismo
vivo como um todo indecomponível. 2. Compreensão da realidade em totalidades integradas onde cada elemento de um campo considerado reflete e contém todas as dimensões do campo, conforme a indicação de um holograma, evidenciando que a parte está no todo, assim como o todo está na parte, numa inter-relação constante, dinâmica e paradoxal.
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Ciência
versus
Arte
QuantitativoUma vez que as regras básicas sejam entendidas qualquer um pode fazê-lo Qualitativo Requer muita prática para ser bem feito
Prof. Lorí Viali, Dr. – PUCRS – FAMAT: Departamento de Estatística – viali@pucrs.br Pesquisa com conteúdos (Quantitativa) Pesquisa com informantes (Qualitativa) 1. O que se sabe sobre o problema que permitirá formular e testar uma hipótese? 1. O que os meus informantes sabem sobre sua cultura que eu posso descobrir?
Quantitativo x Qualitativo
Prof. Lorí Viali, Dr. – PUCRS – FAMAT: Departamento de Estatística – viali@pucrs.br Pesquisa com conteúdos (Quantitativa) Pesquisa com informantes (Qualitativa) 2. Que conceitos eu
posso utilizar para testar essa hipótese?
2. Que conceitos os meus informantes utilizam para classificar suas experiências?
Prof. Lorí Viali, Dr. – PUCRS – FAMAT: Departamento de Estatística – viali@pucrs.br Pesquisa com conteúdos (Quantitativa) Pesquisa com informantes (Qualitativa) 3. Como eu posso definir operacionalmente esses conceitos? 3. Como os meus informantes definem esses conceitos? Pesquisa com conteúdos (Quantitativa) Pesquisa com informantes (Qualitativa)
4. Que teoria científica pode explicar os dados?
4. Que teoria popular os meus informantes utilizam para explicar suas experiências? Pesquisa com conteúdos (Quantitativa) Pesquisa com informantes (Qualitativa) 5. Como eu posso interpretar os resultados e relatá-los na linguagem dos meus colegas?
5. Como eu posso
traduzir o
conhecimento cultural dos meus informantes em uma descrição cultural que os meus colegas irão entender?
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Qualitativo x Quantitativo
A diferença é baseada na filosofia. Métodos quantitativos estão associados com a pesquisa empírica ou positivista, que nem sempre é julgada adequada a pesquisa social. A qualitativa está associada com as filosofias anti-positivistas como a interpretacionista, a etnográfica, a fenomenológica, etc.Ramo da antropologia que trata historicamente da origem e filiação de raças e culturas; antropologia descritiva. 2. Ramo da Etnologia1 que trata da descrição de
culturas, sem ocupar-se de comparação ou análise.
1.Antropologia cultural ou social que inclui o estudo comparativo e analítico das culturas e exclui a matéria de arqueologia e antropologia física.
1.Ramo da ciência que trata da descrição e classificação dos seus fenômenos.
2. (Filos.) Em Hegel, espécie de autobiografia do espírito, que transita do conhecimento sensível ao verdadeiro saber; Em Husserl, método filosófico que visa a apreender as essências absolutas das coisas.
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Métodos quantitativos são assim denominados pois geralmente resultam de amostras descrevendo populações e que podem ser estatisticamente ou probabilisticamente analisadas.
Não está claro o motivo do nome dos métodos qualitativos mas normalmente eles fornecem valores que não podem ser tratados estatisticamente.
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Métodos quantitativos são assim denominados pois geralmente resultam de amostras descrevendo populações e que podem ser estatisticamente ou probabilisticamente analisadas.
Não está claro o motivo do nome dos métodos qualitativos mas normalmente eles fornecem valores que não podem ser tratados estatisticamente.
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Conclusão
Embora alguns pesquisadores
(LINCOLN e GUBA, 1985; SCHWANDT,
1989) coloquem que as abordagens
qualitativa e quantitativa são
incompatíveis outros (PATTON, 1990;
REICHARDT e COOK, 1979) acreditam
que um pesquisador experiente pode
combinar as duas com sucesso.
O argumento, normalmente,
torna-se confuso porque alguns utilizam a
natureza filosófica de cada
paradigma, enquanto outros se
baseiam na aparente compatibilidade
dos métodos de pesquisa, tirando
proveito tanto dos números quanto
das palavras.
Em virtude das suposições
supostamente diferentes dos
paradigmas interpretativo e positivista
quanto a visão de mundo eles
requerem instrumentos e
procedimentos diferentes para
encontrar e analisar os dados
desejados.
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Isto não quer dizer que um
positivista nunca utilize entrevistas e
que por sua vez um interpretativo
nunca utilize questionários.
Eles podem, mas tais métodos são
suplementares e não essenciais.
Abordagens alternativas permitem que
entendamos coisas diferentes sobre a
natureza.
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Entretanto as pessoas tendem a
adotar uma metodologia que é mais
adequada a sua visão social do
mundo.
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Referências
BOOTH, W. C. , COLOMB, G. G, WILLIAMS, J. M. A arte da pesquisa (The Craft of Research). São Paulo: Martins Fontes. 2000. CRESWELL, J. W. Research design: Qualitative
& quantitative approaches. Thousand Oaks (CA): Sage Publications. 1994.
GLESNE, C., PESHKIN, A. Becoming qualitative researchers: An introduction. White Plains (NY): Longman. 1992.
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HAHN, Christopher. Doing Qualitative Research Using Your Computer: A Practical Guide. London: SAGE, 2008.
LEEDY, Paul D. Practical Research: Planning and Design. With contributions by Timothy J. Newby and Peggy A. Ertmer. Upper Saddle River (NJ): Prentice-Hall. 1997. 6th ed. 304 p.
LINCOLN, Y. S., GUBA, E. G. Naturalistic inquiry. Newbury Park, CA: Sage Publications. 1985.
MARSHALL, C., ROSSMAN, G. Designing qualitative research. Newbury Park (CA): Sage. 1980.
MERRIAM, S. B. Case study research in education: A qualitative approach. San Francisco: Jossey-Bass. 1988.
MOURA, Maria Lucia Seidl de, FERREIRA, Maria Cristina. Projetos de Pesquisa: Elaboração, redação e apresentação. Rio de Janeiro: Eduerj, 2005. 144 p.
http://www.dpi.inpe.br/cursos/ http://www.gifted.uconn.edu/siegle/research/ http://informationr.net/tdw/publ/ppt/ResMethods/ http://www.gslis.utexas.edu/~palmquis/courses/ http://www.pucsp.br/pos/edmat/ http://www.fc.unesp.br/abrapec/revistav1n2.htm http://www.educacao.ufpr.br/mestrado/