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DISCUSSÃO SOBRE A DILUIÇÃO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS EM CORPOS HÍDRICOS. Palavras-chave: Qualidade da Água, Efluentes Industriais, Autodepuração.

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DISCUSSÃO SOBRE A DILUIÇÃO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS EM CORPOS HÍDRICOS

Andreza Tacyana Félix Carvalho Fraga1; Maria José de Sousa Cordão2; Thiago Ferreira Soares3 e Maria das Graças Cruz Mota4

Resumo

A utilização não planejada dos corpos hídricos como destino final do processo de tratamento de efluentes industriais, modifica a qualidade da água e consequentemente seus usos, além de contaminar o solo, e alterar toda a comunidade biológica. O presente trabalho trata-se de uma discussão acerca da limitação em termo de diluição de efluentes em uma microbacia preponderantemente industrial situado na área portuária de Suape - PE, que destaca a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão. A proposta final visa contribuir no apoio à tomada de decisão em relação ao planejamento ambiental da microbacia do riacho Algodoais através do controle da poluição e atendimento à legislação. São apresentadas discussões sobre a capacidade da microbacia em receber efluentes industriais a partir de informações apresentadas pelas indústrias, de acordo com particularidades da rede hidrográfica.

Palavras-chave: Qualidade da Água, Efluentes Industriais, Autodepuração.

INTRODUÇÃO

A capacidade de diluição de cada corpo de água corrente é uma característica particular e, em seu próprio contexto é altamente variável; dessa forma Von Sperling (2005), expõe que, possivelmente esta é a maior dificuldade de se estudar as características

1 Geógrafa pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Assistente em Gestão Ambiental da

Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco – CPRH. Email: andrezafelix2009@hotmail.com.

2 Engenheira Civil pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Mestre em Engenharia Civil

e Ambiental pela UFCG, Analista em Gestão Ambiental da CPRH.

3 Biólogo pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, Assistente em Gestão Ambiental da

CPRH.

4 Engenheira Química pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Especialização em Engenharia

de Processos Químicos pela UFPE e MBA em Planejamento e Gestão Ambiental pela Universidade de Pernambuco – UPE. Analista em Gestão Ambiental da CPRH.

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2 generalizadoras desses processos. Velz5 (1984 apud CUNHA et al. (2004), afirma que o caráter dos recursos hídricos é dinâmico e complexo, com suas variações espaciais e temporais facilmente perceptíveis em regiões estuarinas, já que o equilíbrio estável no ambiente hidrológico é estabelecido por meio de interações complexas entre a água, o canal de escoamento e a cobertura vegetal, Von Sperling (2007) ainda acrescenta:

Nos países emergentes onde a carência de recursos é uma realidade dentro de vários setores, a utilização de cursos d'água como complementação dos processos que ocorrem no tratamento de esgotos é parcialmente justificada, embora não isentando a necessidade de sua realização de forma segura e dentro dos limites estabelecidos nas legislações ambientais vigentes.

No Brasil foram estabelecidas normas regulamentadoras tendo em vista à preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Entre elas estão, as Leis Federais n° 6.938/1981 (Política Nacional de Meio Ambiente), n° 9.433/1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos) e n° 11.445/2007 (Política Nacional de Saneamento Básico); Resoluções CONAMA 357/2005 e 430/2011 e, 034/2012 as quais dispõem respectivamente sobre a classificação dos corpos de água, diretrizes ambientais para o seu enquadramento e os padrões para qualidade das águas, condições para lançamentos de efluentes, bem como as demais Políticas Estaduais e Municipais vigentes.

Através do licenciamento ambiental, um dos instrumentos da Política de Meio Ambiente, atividades geradoras de impactos ambientais são objetos deste procedimento administrativo, dentre elas, as indústrias, que por sua vez, necessitam de grande quantidade de água em seus processos, são grandes contribuintes para a contaminação dos rios, ora pela ineficiência dos sistemas de tratamentos, ora pela inexistência dos mesmos, sendo gerado assim um alto volume de efluentes líquidos (FREIRE, et al., 2000). “Os rejeitos como os de indústrias alimentícias, além do forte caráter ácido ou básico, apresentam grande concentração de sólidos orgânicos em suspensão. Esta elevada carga orgânica provoca em muitos casos depleção do oxigênio dissolvido e modificações na comunidade biológica” (ANDRADE, et al, 1998:1). Neste sentido, este trabalho apresenta uma discussão sobre os problemas gerados pelo lançamento de

5 VELZ, C. J. Applied Stream Sanitation. A Wiley-Interscience Publication. Second Edition. Michigan,

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3 efluentes industriais, retratando a realidade de uma bacia hidrográfica localizada ao sul do estado de Pernambuco, Brasil.

MATERIAIS E MÉTODOS

São dados e informações utilizados neste trabalho: coletas in loco através de pesquisa de campo, documentos técnicos apresentados pelas indústrias à Agência de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco (CPRH) e fontes bibliográficas.

Caracterização da área

A microbacia do riacho Algodoais está inserida na sub-bacia do rio Massangana, que integra o Grupo de Bacias de Pequenos Rios Litorâneos (GL-2). Está situada entre as coordenadas geográficas UTM: 269009 e 287049; 9096886 e 9089773, ocupando uma área de 25,31 km² e extensão aproximadamente de 10 km². Localiza-se no território do Complexo industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros de Suape (CIPS), município do Cabo de Santo Agostinho – PE, pertencente à Unidade de Planejamento UP 15 (SECTMA, 2006).

Morfologicamente, o riacho Algodoais é classificado como retilíneo, possui escoamento do tipo laminar com pequena vazão e declividade, além de um trecho retificado na zona estuarina. Destacam-se as contribuições de um canal artificial destinado ao lançamento de efluentes industriais tratados e à canalização das águas pluviais. Com relação ao uso do solo, três zonas bem distintas podem ser identificadas: uma zona rural, a qual compreende a área de nascentes; uma zona industrial e uma zona estuarina, esta última, alimentada por uma série de pequenos rios e riachos, tais como: Tabatinga, Tiriri, Poma, Jasmim, sendo os dois últimos afluentes do riacho Algodoais. Estas zonas correspondem, respectivamente, a 38%, 50% e 12% da área total da microbacia (Figura 1). A Zona industrial, objeto de estudo, apresenta indústrias de alimentos, bebidas, cerâmicas e plásticos (Tabela 1). Foi levantado um total de 17 indústrias de grande porte; parte destas lança seus efluentes diretamente no riacho Algodoais, após tratamento. Outras lançam no canal artificial que por sua vez deságua no riacho Poma, o qual é afluente do riacho Algodoais.

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4 Figura 1 – Levantamento de indústrias localizadas na

microbacia do riacho Algodoais Fonte: Google Earth, 2013.

Tabela 1: Carga Orgânica e vazão de efluentes de indústrias localizadas na

microbacia do riacho Algodoais

Nome Tipologia Carga orgânica

(Kg.DBO/dia) Vazão de efluentes (m³/h) Coordenadas (UTM) A Borracha e Plástico S/L* – possui sistema de fossa séptica com valas de infiltração ou sumidouro - 0276635 9077948 B Alimentos e Bebidas 2,25 10 0276942 9077826 C Borracha e Plástico S/L* – possui sistema de fossa séptica com valas de infiltração ou sumidouro - 0276635 9077948 D Alimentos e Bebidas 66,87 412,45 0277242 9077693 E Produtos de Metal 7 6,81 0277738 9077596 F ETE Industrial 277 558,9 0278022 9078338

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5

de fossa séptica com valas de infiltração ou

sumidouro

9078353

H Cerâmica

S/L* – possui sistema de fossa séptica com valas de infiltração ou sumidouro - 0279760 9078861 I Máquinas e materiais elétricos - - 0279797 9078426

J Cerâmica Lagoa de decantação 4,3 0279836

9078804

L Alimentos e

Bebidas

Enviados para tratar em

ETE industrial -

0277849 9077528

M Produtos de

limpeza

ETE físico-química com lodo ativado O efluente tratado é usado na irrigação de jardim, e o excesso descartado em canal de drenagem 0277638 9077244 N Alimentos e Bebidas

ETE físico-química com

lodo ativado - 0277560 9077270 O Alimentos e Bebidas 17,4 0,11 0277652 9077250 P Borracha e Plástico

ETE físico-química com

lodo ativado - 0277335 9077349 Q Alimentos e Bebidas S/L* – possui sistema de fossa séptica com valas de infiltração ou

sumidouro

- 0277852

9077165

*S/L - Sem Lançamento; ETE – Estação Tratamento de Esgotos. Fonte: CPRH, 2013.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir da Zona Industrial percebe-se mudanças significativas na qualidade da água do riacho Algodoais, de acordo com o Relatório de Ensaio Nº 34.762 do Instituto Tecnológico de Pernambuco - ITEP (2008), como pode ser representado na Figura 2. Neste relatório os pontos de amostragem foram distribuídos da seguinte forma: P1 a P3 – situados na zona rural, P4 a P9 – situados na zona industrial, e P10, situado na zona estuarina. A partir do ponto P4 observa-se uma queda brusca do OD (Oxigênio Dissolvido), assim como há um aumento da DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), inicia-se, portanto, a zona de degradação, a qual tem como principal característica

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6 química a alta concentração de matéria orgânica com compostos e moléculas de estado complexo e potencialmente decomponível.

Figura 2 – Parâmetros de qualidade da água do riacho Algodoais, da zona rural até

a zona estuarina, no período de Novembro de 2008 Fonte: ITEP, 2008.

Ressalta-se o fato de que quando são realizados vários lançamentos sequenciais dentro de um mesmo corpo d'água, sem que o mesmo tenha restabelecido seu equilíbrio, incorre em uma piora gradativa da qualidade da água, sendo esta uma condição freqüente do riacho Algodoais. Estas mudanças estão associadas à baixa capacidade do riacho Algodoais de diluição, difusão turbulenta, dispersão e autodepuração. Neste sentido, os impactos antrópicos nos recursos hídricos têm peculiaridades conforme afirma Magalhães Junior (2007):

A sensibilidade da água aos impactos antrópicos é inversamente proporcional à diluição (resulta da relação entre volume de carga poluente e o volume de diluição), à difusão turbulenta (capacidade do corpo recipiente em misturar uma descarga poluente) à dispersão (fenômeno resultante dos processos de convecção ou advecção, cujo resultado é um aumento da eficiência dos processos de mistura), à autodepuração (fenômeno que representa a eficiência do corpo recipiente em transferir o oxigênio dissolvido da atmosfera para a água).

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7 A análise dos dados da Figura 1 associada às condições hidrodinâmicas do referido riacho, tais como, vazão, velocidade de escoamento e declividade e à situação atual verificada por meio das visitas de campo demonstram que a capacidade de assimilação do riacho está comprometida.

A calha do riacho encontra-se também com ausência de mata ciliar, altos índices de assoreamento agravado pela deposição de lodo proveniente do processo de decomposição, além disso, influenciado pela localização em uma planície costeira, interferência da maré, e, por conseguinte, em estado de estabilização, interferido diretamente na capacidade de autodepuração do rio. Para efeito de diagnósticos de um corpo receptor torna-se necessário o levantamento de diversas informações, tais como: séries históricas de monitoramento da qualidade e da quantidade da água, para realizar análises em nível metodológico, bem como em níveis empíricos. Ressaltamos que embora não tenha sido realizada nenhuma modelagem matemática sistemática, é possível, baseado nas informações apresentadas, ter a percepção dos impactos ambientais frente às condições atuais na área da microbacia do riacho Algodoais.

CONCLUSÃO

A microbacia do riacho Algodais recebe de acordo com os dados da Tabela 1 uma carga orgânica de aproximadamente 370,52 Kg/DBO.dia com uma vazão de efluentes total de 23.718,48m³/dia. O lançamento de novos efluentes industriais neste riacho requer um estudo prévio de grande detalhamento, como por exemplo, a capacidade de autodepuração do rio, e até mesmo, sobre a real eficiência do tratamento realizado atualmente pelas empresas que prontamente lançam seus despejos no riacho. Diante dos fatos, convênios de cooperação técnica entre as empresas e os órgãos ambientais podem ser planejados e desenvolvidos para o melhoramento substancialmente da qualidade ambiental da microbacia.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, R.C. B.; SOUZA, M. F.L.; COUTO, E. da C. G. Influência de efluentes

têxteis e alimentícios sobre o metabolismo e propriedade físicas e químicas do rio Piauitinga (Sergipe). Química Nova, 21(4) (1998).

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8 ARRAES, C. E. da S. Hidrologia do Município de Ipojuca/Pernambuco. Recife: CPRM/FIDEM, 1998. 22 p. 1 mapa (in bolso).

CETESB. Índice de Qualidade das águas, 2008. Disponível em

http://www.cetesb.sp.gov. Acesso em 12 de fevereiro de 2013.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DOS RIOS PIRACICABA E JAGUARI. São Paulo, Comitê PCJ. Caderno de Recursos Hídricos: procedimentos para enquadramento dos corpos d'água. Disponível em http://www.comitepcj.sp.gov.br/gapb/ProcedimentosEnquadramento.pdf. Acesso em 14

de março de 2013.

FREIRE, R S; PELEGRINI, R; KUBOTA, L, T; DURAN, N; PERALTA-ZAMORA, P. Novas tendência para o tratamento de resíduos industriais. Química Nova, 23(4), 2000.

GOOGLE. Programa Google Earth, 2013.

INSTITUTO TECNOLÓGICO DE PERNAMBUCO - ITEP. Relatório de Ensaio Nº

34.762. Dezembro. 2008. 11p.

MAGALHÃES JÚNIOR, A. P., Indicadores Ambientais e Recursos Hídricos: realidade de perspectivas para o Brasil a partir da Experiência Francesa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE DE PERNAMBUCO - SECTMA. Atlas da Biodiversidade de Pernambuco. SECTMA: Recife, 86p. 2002.

VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFMG, 2005.

VON SPERLING, M. Estudos e modelagem da qualidade da água de rios. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFMG, 2007. 588p.

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