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A nova questão social : eixos para uma sistematização

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A “nova questão social”:

eixos para uma

sistematização

Rodrigo Nicolau Almeida

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A “nova questão social”: eixos para uma

sistematização

Rodrigo Nicolau Almeida

Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Portugal E-mail: up201304864@letras.up.pt

Submetido para avaliação: janeiro de 2016/Aprovado para publicação: março de 2016

Resumo

Os anos 70 viram operar-se profundas transformações em termos da relação de trabalho assalariada: aumento da precariedade, diminuição das seguranças estatais, aumento do desemprego, diminuição de políticas de integração, e aumento das qualificações necessárias para o ingresso no mercado trabalho. Simultaneamente, e como um dos antecedentes disto, vemos nesta década uma profunda inflexão do crescimento económico, com o aumento da riqueza em simultâneo vindo potenciar o aumento de desigualdades, enquanto, por consequência, a construção de um Estado prisional vem procurar reafirmar o poderio do Estado. Mais ainda, conseguimos ver em tudo isto uma certa persistência da existência das desigualdades informadas pela formação salarial, e uma necessidade da sua recomposição teórica, empírica e metodológica. Partindo de uma base teórica focada em Castel, e na sua noção de desafiliação que a questão social posiciona, procuramos, neste texto, congregar as principais questões que têm vindo a ser levantadas nesta linha, procurando reunir pistas teóricas para uma visão integrada das consequências da neoliberalização e do desmantelamento da relação salarial na vivência urbana, espacial, e nas diversas formas estatais.

Palavras-Chave: desafiliação, welfare, precarização, pobreza, individualismo negativo.

Abstract

The 70’s saw a profound transformation in terms of the paid work relations: a rise in the so-called precariat and in unemployment, a lowering of the state security bars, a lowering of integration politics, a rise in the need for qualification in accessing the labour market. Simultaneously, as a forerunner of this, we live in a social moment which sharply stresses with this trend, matching growing wealth, rising inequalities and the construction of a ‘prison-state’ leading to a growing power of the state.

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However, the persistence of wage inequalities, and a need for their recomposition in theoretic, empiric and methodological terms, drives us to analyse precisely the impacts of these questions. Drawing from a theoretic base focused on Robert Castel, and his notion of disaffiliation in the social question, we seek in this text to bring together the major questions which have been raised in terms of this line, integrating the theoretical clues into a comprehensive vision of neoliberalization and the dismantlement of the wage relations in terms of urban and spatial context, as well as the social-state forms.

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Enquadramento

In truth, poverty is an anomaly to rich people. It is very difficult to make out why people who want dinner do not ring the bell. Walter Bagehot (Bagehot, 1858: 37-58)

Hoje em dia, tornou-se lugar comum centrar o foco do debate acerca do bem estar social num conjunto de indicadores económicos: pobreza absoluta, pobreza relativa, desemprego (de curta ou de longa duração, quantas vezes numa vida), acesso à saúde, a qualificação, e por diante. A transformação destes indicadores – muitos dos quais tratados ou discutidos acriticamente – tende a fazer-nos esquecer que as problemáticas em questão não são fatores imutáveis e naturais, que sempre existiram, e que é da responsabilidade do Estado (ou não, consoante a ideologia), atuar para procurar resolvê-los. Na realidade, no entanto, o facto é que o Estado é mais do que responsável por lidar com estes problemas, em muitos casos, uma das causas da sua existência. Falar de fenómenos como a disseminação do desemprego ou a multiplicação dos supranumerários (indivíduos que são simultaneamente incapazes de encontrar vínculos de trabalho, e não se encontram protegidos por qualquer rede de proteção social), é hoje falar de uma realidade que se torna cada vez mais generalizada, e cada vez mais marcada e marcante da realidade social em que nos envolvemos. Estes fenómenos parecem quase suceder-se, quando os observamos, sequencialmente, como faces de um problema central – do desemprego para a pobreza, da pobreza para a miséria, da miséria para a exclusão – de uma forma que combina uma leitura simplista da realidade social com a construção de um outro generalizado, oposto ao ego, que sedimenta a posição social do indivíduo e a legitima (Goffman, 1959). Numa nota breve, poderíamos até dizer que os média cumprem assim uma primeira e crucial função de coesão social: confrontam os indivíduos com realidades contrastantes com as suas, atribuindo-lhes uma posição relativa na estrutura social no processo (Mcluhan, 1989)1.

Tomando no seu todo estes processos no entanto, é difícil não os considerar como uma consequência lógica de processos de mudança social, política e económica. Esta “questão social”, isto é, a problemática de integração dos indivíduos na estrutura de estatutos sociais, surge hoje com uma redobrada força depois do primeiro choque petrolífero nos anos 70. O “profundo pessimismo” (Rosanvallon, 2000) a que o

1 Ou, nas palavras icónicas de José Mário Branco “Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para

o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há de vir (...)" (Branco, 1982).

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pensamento social se tem remetido, tem procurado conceptualizar esta questão em termos do aumento dos riscos associados (Idem) e das estratificações associadas à pobreza, bem como entender fenómenos novos como a terciarização e precarização do trabalho (Parker, 1994) ou o “duplo movimento” de mercadorização e protecionismo social (Polanyi, 2001). Em parte, todos estes fenómenos se revestem de uma especificidade muito grande – uma herança social de um conjunto de contestações que marcaram o século XXI, uma exigência de liberdade que, como nos diz Paugam, acabou por dar voz a um conjunto de preocupações neoliberais (Paugam, 2006). No entanto, há algo de comum a todos estes trabalhos, e uma noção que podemos qualificar em todas as problemáticas: a necessidade do Estado Social como regulador e legislador da filiação dos indivíduos.

O indivíduo e o trabalho

Talvez não seja logo intuitivo este salto, dado que a função de coesão social e manutenção dos vínculos não foi desde sempre uma função do Estado – na realidade, só num momento algo tardio da história ocidental é que a intervenção direta deste na relação com o trabalho se torna generalizada2. O caminho que vemos com Castel é, em

termos simples, o seguinte: da comunidade para o contrato, do contrato para o salário, do salário ao estatuto (marcas aliás visíveis na divisão dos capítulos da sua “Metamorfose da Questão Social”). Não procuraremos desenhar com demasiado pormenor o seu caminho histórico, feito numa tentativa de demarcar o surgimento de uma condição salarial específica, bem como de traçar os caminhos e perfis que se foram sucedendo. Bastar-nos-á, num primeiro momento, e para explicar a relação do Estado com o social, perceber quais os fenómenos que Castel encontra na atualidade como mais problemáticos à estabilidade do modelo: o desemprego em massa, a precarização do trabalho, a criação de mercados de trabalho protegidos e desprotegidos, a terciarização e multiplicação de atividades de subemprego, a destabilização das posições estáveis, e o caminho todavia frágil e incompleto das políticas de inserção. Um tipo de leitura muito direto identificaria nestes fatores uma contribuição decisiva para a disseminação da pobreza na sociedade atual. Uma outra, veria em tudo isto um aumento das zonas de exclusão dos indivíduos, e uma multiplicação das situações de rutura social. Para Castel, estes termos não conseguem inteiramente captar a realidade

2 Poderíamos aqui problematizar o surgimento do Estado, e a demarcação entre ação estatal e ação governamental pré-estatal, seguindo uma lógica de Tilly (ver. Coercion Capital and the European States) – no entanto, para propósitos analíticos, consideramos com Castel o início da intervenção estatal no século XIV.

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social em questão, ora por falta de abrangência, ora por falta de especificidade. Nas suas palavras:

A associação trabalho estável – inserção relacional sólida caracteriza uma área de integração. Inversamente, a ausência de participação em qualquer atividade produtiva e o isolamento relacional conjugam seus efeitos negativos para produzir a exclusão, ou melhor, como vou tentar mostrar, a desfiliação (Castel, 1995: 13).

O rico léxico teórico que este autor nos apresenta – desafiliação, desconversão social, individualismo negativo, vulnerabilidade de massas, invalidação social – marcam uma perspetiva centrada essencialmente na compreensão das posições que os indivíduos ocupam na estrutura social, relevando a importância atual do salário para a configuração dos indivíduos nesta estrutura. Para Castel, a problemática do emprego “é mais do que trabalho (…) e portanto o não-trabalho é mais do que o desemprego”. A pobreza, para Castel, surge inserida dentro de um contexto mais alargado de situações que se pautam pela sua instabilidade: no extremo, a figura do vagabundo ou do mendigo, historicamente situada, exemplifica um caso clássico e que é fácil de ver hoje com fortes homologias na figura dos subsidiários do Estado. Trata-se aqui de um indivíduo duplamente aprisionado: é-lhe exigido que trabalhe num sítio específico e de determinada maneira (por imposição legal, e com sanções punitivas), e as implicações desse tipo de trabalho não são possíveis de concretizar (fixação do emprego em indivíduos errantes, por exemplo). Esta posição de desafiliação, segregada das relações de proximidade que no século XIV garantiam mínima filiação dos indivíduos com défices físicos, marca um extremo da questão, e um para a qual a tende atual posição de supranumerário – igualmente obrigado a trabalhar por uma organização específica societal, e proibido de o fazer por limites de natureza económica e social. Afastando-nos do fim do espectro, multiplicam-se as situações de desafiliação, em múltiplos momentos sociais: indivíduos com dificuldades físicas ou motoras, subproletários, companheiros de mestres, camponeses-artesãos proto-industriais, constituem uma visão histórica das posições assalariadas que viriam a tornar-se a norma social.

Portanto, a existência de franjas generalizadas da população sem acesso ao trabalho posiciona inerentemente uma questão social: o que fazer com estes indivíduos? Como construir uma vida social para indivíduos que não “produzem nada de socialmente útil”? Para Castel, estes indivíduos mostram-se hoje de diversas formas: desempregados estruturais, jovens à procura de emprego ou em qualificações profissionais, beneficiários de RSI, mães-solteiras (Castel, 2000). A posição que estes indivíduos ocupam na sociedade é pautada por uma ambiguidade profunda, e mais

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que tudo por aquilo que Castel denomina de individualismo negativo – a posição do indivíduo sem apoio social suficiente para poder construir vínculos mediados pelo trabalho, e simultaneamente (por um conjunto de questões que abarcam um século de vivência, mas as quais podemos já entrever em Simmel, no seu estudo do indivíduo citadino (Simmel, 2002), não possuem redes de proteção de vizinhança ou família que lhes garantam o apoio necessário a uma vida plena.

Estes indivíduos tornam-se para Castel aquilo que denomina de “inseridos permanentes”: os beneficiários do Estado de políticas inacabadas de integração, cuja intenção é, para si, menos a de produzir trabalho socialmente útil, do que fazer desaparecer da esfera social a sua posição. O debate extenso que desenvolve a este respeito – como transformar as políticas de inserção em políticas de integração (que visam a homogeneização dos estatutos sociais desfavorecidos), quando a base destas últimas foi a crença no crescimento – aponta no entanto para este mesmo caminho. Associadas a estas zonas de desafiliação, o subemprego, marcado por uma precarização das relações salariais, a criação de postos de trabalho estruturalmente temporários, marcam uma outra caraterística essencial: a criação de uma dualidade de mercados laborais. Se por um lado este conjunto de posições está sujeito à “vulnerabilidade das massas”, reduzidos à condição de assalariados de século XIV – só com a força do seu braço – um outro mercado, que o autor denomina de primário, continua bem sedimentado na sociedade atual, marcado por altas qualificações, experiência profissional, e vínculos legais que garantem o seu estatuto adquirido. Mais ainda, Parker contribui aqui com uma realidade que unimos ao que antes discutimos sobre a luta de classes: a posição instável destes indivíduos torna-os sujeitos à arbitrariedade patronal, e a sua heterogeneidade de pertenças dificulta qualquer forma de organização em torno de uma causa comum (Parker, 1994).

Desta sintética passagem por Castel podemos tirar algumas consequências. Se a “nova” questão social se trata apenas de um novo momento da anterior questão social – isto é, da condição de precariedade e pauperismo sobre a qual escreviam Marx e Engels (Engels, 1877) (Marx, 1959) – o que é que a diferencia concretamente? E mais, como se pode hoje procurar dar qualquer resposta a essa questão dentro da matriz da condição salarial, tornada central na vida dos indivíduos? A primeira questão leva-nos ao caminho no sentido da proteção e garantia, e à formação da relação keynesiana-fordista (Wacquant, et al., 2014): o Estado procura o pleno emprego, maximizando a sua mão de obra, e com isso visa maximizar igualmente o crescimento. Procurando alargar ao máximo a cidadania social (Marshall, 1950) aos indivíduos, promovendo garantias, e focando-se na construção de uma sociedade focada no progresso, o ‘Welfare State’ marca 30 anos de vivência social na Europa, cujas construções se vão

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‘erodindo’ à medida que se caminha nos anos 70. Se por um lado podemos aceitar a tese de Polanyi da recriação de sociedades de mercado como uma contratendência ao protecionismo social (Polanyi, 2001), Castel adianta três fatores centrais desta transição: a) um inacabamento das políticas sociais, b) uma crítica à despolitização e desindividualização dos cidadãos, segregando franjas significativas, e c) a multiplicação dos casos de individualismo negativo. É aliás com algum dissabor que Castel nos fala de “fazer parte dos movimentos que” criticavam a ação do Estado no que toca a b), uma lógica que se vê mais tarde instrumentalizada para justificar a precarização de muitos à luz da mobilidade das massas (Castel, 1995).

Quanto à segunda pergunta, a resposta não poderia ser simples, pelo simples facto que, a cada passo dado na direção de uma solução, as problemáticas desdobram-se. Se por um lado se quiser procurar suprimir o desemprego por meio da diminuição das horas de trabalho, “redistribuindo” o recurso escasso trabalho, como se controlará a multiplicação do subemprego?3 Se se procura desregular o salariato, minimizar as garantias e proteções, como se lidará então com aquilo que Castel intitula de “a lei do mais forte do mercado”?

Neoliberalização e estigmatização

A questão é tanto mais complexa quanto se situa num período de transição que é reconhecivelmente sui generis em termos de distribuição da riqueza e de recursos a nível social alargado. Se para Walter Bagehot a pobreza é considerada uma “anomalia” para os ricos, a realidade é que a tendência geral de acumulação da riqueza, que as teses de Piketty nos informam, levam a constatar-se que a pobreza é uma necessidade do sistema capitalista (Piketty, 2014). A essência do seu argumento, abrangendo os séculos XIX, XX e inícios de XXI, aponta para uma inflexão profunda do crescimento económico experienciado nos 30 anos gloriosos, “normalizando” a situação de maior predominância do capital herdado face ao capital adquirido por assalariamento, ou capital humano. O curso de aumento das desigualdades, e a progressiva concentração do capital num decil e num centil muito específicos (marcados pela abordagem heterodoxa à divisão de classes de Piketty em 10% de classe privilegiada, 40% classes médias, 50% classes trabalhadoras), atesta ao curso de ação que as “leis selvagens do mercado” cria na ausência de maior regulação. Nas suas palavras:

3 Pergunta semelhante tem sido feita, com alguns propósitos cruzados, pelos teóricos do desenvolvimento da linha chamada de ‘degrowth’. Em particular os trabalhos de Serge Latouche e de Jeroen Van der Bergh atestam a algumas tentativas de ultrapassar as problemáticas do emprego na atualidade, enquadrando-as num conjunto alargado de outras questões resultantes do desenvolvimento.

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Nas décadas do pós-guerra, demos connosco a pensar que o triunfo do capital humano sobre o capital no sentido tradicional (...) era um processo natural e irreversível, talvez devido à tecnologia e a forças puramente económicas. Na verdade, alguns pensavam já então que as forças propriamente políticas eram centrais (Piketty, 2014: 346-347).

Mais ainda, Piketty descreve, noutros termos e com precisão económica, o surgimento dos dois mercados que Castel discute: ao abordar a questão dos altos quadros dirigentes, adquirindo as suas fortunas por meio do assalariamento mas sendo, para todos os efeitos, extratores muito fortes de mais-valia, o autor dá uma visão clara sobre o processo de desenvolvimento das desigualdades sociais modernas.

Assim, conseguimos ver o surgimento da problemática social como enraizada no próprio sistema de produção, e a multiplicação da sociedade salarial como inerente a uma desigualdade estrutural. Promover a solução de um tal caminho parte sempre de princípios ideologicamente constituídos, alguns que, até certo ponto, roçam a fé no mercado ou na capacidade do Estado de intervir ilimitadamente junto das populações. Argumentos como o de (Rawls, 1999), de (Nozick, 1974) ou de (Walzer, 1983) visam entender a montante a formação de uma sociedade justa, definindo o justo – algo que não podemos ignorar, dado constituir a essência de como, em última análise, se vai entender a realidade social.

Permanece então a questão: que caminho toma o Estado Social para prevenir a disseminação da desafiliação, da desigualdade e da injustiça na sociedade atual? Que medidas toma como reação aos inevitáveis protestos, críticas e manifestações que um caminho de desregulação produz?

Para Wacquant, a resposta é simples: primeiro, transformar o welfare público (atribuição de garantias e proteções sociais aos indivíduos pertencentes a um Estado nação) em workfare (atribuição de garantias e proteções sociais mediante a participação do indivíduo em atividades consideradas produtivas ao Estado). Esta primeira transição permite uma primeira forma de exploração dos indivíduos, restringindo-lhes o curso de ação que, ironicamente, o Estado liberal restringindo-lhes oferece (Wacquant, 2010). Em segundo, Wacquant fala da formação de um prisonfare – isto é, a atribuição de penas de privação de liberdade (consideradas na lei portuguesa, notavelmente, como a mais alta forma de punição), com o intuito de controlar as franjas sociais que advém da sociedade pós-industrial – na terminologia de Castel, remeter para o asilo

goffmaniano o indesejado (Goffman, 1961) o outsider, o “inútil para o mundo”.

Wacquant, na senda de Bourdieu, nota o “metacapital estatal”, ou o seu campo burocrático, como a fórmula de ação essencial na criação simbólica do indesejável, e coloca dentro desse campo um confronto entre a mão direita do Estado (ocupada com

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as questões da militarização, dinamização económica e desregulação económica) e a mão esquerda do Estado (focada na educação pública, saúde e welfare).

O caminho que Wacquant aponta poderá parecer paradoxal, quando contemplado em termos teóricos: o Estado neoliberal, entendido em quanto tal, e no curso da sua ação, agirá somente na falha da capacidade de filiação do trabalho ou dos laços comunitários (Esping-Andersen, 1990). A sua intervenção mínima poderá assim ser compaginada com a criação altamente burocratizada de um Estado penal-punitivo? Não precisamos de invocar Wacquant para obter uma resposta: a tentativa de supressão das classes marginais, a criminalização da pobreza, e o alargamento do Estado penal, são realidades que mais do que inovadoras, surgem num novo contexto de pós-protecionismo – afinal Castel procede num longo argumento sobre temas semelhantes, na sua discussão do “vagabundo”, concluindo igualmente o falhanço sucessivo das tentativas de gerir essa mesma situação. As palavras de Wacquant são assim icónicas e fortes:

In short, the penalization of poverty splinters citizenship along class lines, saps civic trust at the bottom, and saws the degradation of republican tenets. The establishment of the new government of social insecurity discloses, in fine, that neoliberalism is constitutively corrosive of democracy (Wacquant, 2010: 218)4.

A questão que Wacquant nos levanta concretiza-se igualmente naquilo que o autor vai denominar de ‘estigmatização territorial’, na formação de um ‘continuum carceral’ (Wacquant et al, 2014). A criação numa cidade de determinados espaços que são tidos como ‘perigosos’ ou ‘marginais’, obedece na visão deste autor ao mesmo princípio que alarga as prisões, criando o ‘gueto’ para onde as populações mais desafiliadas são conduzidas. Ao criar estes espaços, a formação de uma cultura específica do local é inevitável, levando por seu turno à perpetuação de determinados comportamentos, e à sua manifestação em comportamentos criminais (algo que não é determinístico, mas cujo racional geral obedece a esta lógica). Em suma: do gueto para a prisão, e da prisão para o gueto, o Estado constrói uma barreira.

Vale a pena notar, no entanto, que apesar de haver uma tendência generalizada de neoliberalização, este facto não é universal. Os casos que temos vindo aqui a discutir são em vários aspetos distintos uns dos outros: a realidade histórica desenhada por

4 Mais ainda, este tipo de resposta punitiva e direcionada do Estado reveste-se ainda de uma componente territorializada – foco maior do estudo de Wacquant – ghettizando e etnicizando progressivamente a sua capacidade de ação. Não cabe no entanto, aqui, discutir com maior profundidade estas questões, que para mais poderiam ser problematizadas em vários outros eixos tradicionais de análise sociológica (Wacquant, 2009).

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Castel remete-nos para a França e a Inglaterra, enquanto Wacquant vai abordar em grande parte a realidade americana. A especificidade de determinadas áreas, para se compreender melhor a dimensão do problema em causa, pode ser vista em trabalhos como os que se sucederam a Esping-Andersen. Vale a pena perdermos um pouco de tempo com isto.

As formas do Estado Social

Para este autor, quando deparado sobre a questão do que faz um Estado Social sê-lo, a problemática encontra-se à partida no funcionalismo do Estado – “Como é que sabemos como e quando é que um Estado de welfare responde funcionalmente às necessidades da industrialização, ou à legitimidade e reprodução do capitalismo? E como é que identificamos um Estado de Bem Estar que corresponda às necessidades de uma classe operária mobilizada?” (Esping-Andersen, 1990: 18). Ou, posto de outra maneira, e como apontado por Arts & Gelissen (2002: 139), será que o Estado de Bem Estar pode ser reduzido à sua política social e intervenção na redistribuição, ou transcende essa soma? A resposta para Esping-Andersen é clara – mais do que uma questão de política social, normalmente associada com a produção de limiares de segurança, este tem de ser perspetivado na sua capacidade de emancipação, no modo como as políticas tendem a legitimar o sistema em que se inserem e constroem noções de ‘limiar básico’ díspares (Esping-Andersen, 1990). A lógica de observar o Estado Social não pode, como tal, reduzir-se a uma análise do gasto que o Estado faz com política social – e tão pouco podemos procurar explicar as causas que levam determinado Estado ou grupo de Estados a incorrer em determinadas políticas sem compreender as dinâmicas de mobilização e alteração cultural nessa região5.

Assim, Esping-Andersen procura primeiro entender o que deve ser chamado de Estado Providência. Se com Therborn encontra uma resposta algo insatisfatória – pelo seu critério de que só será assim categorizado se a maior parte das atividades do Estado estiverem relacionadas com o welfare, nenhum Estado o será – as propostas de Richard Titmuss (1970) e de T.H. Marshall (1950) apresentam dois horizontes particularmente frutíferos. A distinção que o primeiro dá de welfare institucional e

welfare residual – sendo que no primeiro o Estado intervém de um modo universal e

plenamente compreensivo, enquanto no segundo toma parte apenas quando há falha do mercado ou da família – oferece um primeiro horizonte sobre as dualidades possíveis que se encontram nos Estados Sociais (Esping-Andersen, 1990); a visão de

5 Poderíamso aqui falar, com Tilly, do papel da política contenciosa e da organização dos movimentos sociais na alteração social (ver Tilly, 2004).

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uma divisão de cidadanias, na qual a cidadania social e plenamente participativa se torna um horizonte de desejo do Estado Social, acaba por nortear o pensamento sobre que prioridade os Estados dão e qual o melhor modo de criar esses Estados. Vale a pena no entanto ponderar com Fraser & Linda (1992), que retomaremos daqui a nada, o modo específico como as variadas formas de cidadanias alternativas, e opções de constituição do Estado Social, se formam, bem como os fatores alternativos que podem contribuir para uma leitura desta realidade.

A decomodificação pode ser resumida nas palavras do próprio Esping-Andersen: esta ocorre quando “quando um serviço é tido como força de direito e uma pessoa pode manter uma vida sem depender do mercado” (Esping-Andersen, 1990: 22). Ou seja, a transformação de um determinado bem, de uma comodidade para um direito social usufruído, constitui uma das bases a partir da qual se pode entender o Estado Social – no sentido em que, quanto mais decomodificação existir, maior a capacidade do indivíduo de se emancipar do mercado. A estratificação social, como aqui é vista, refere-se ao modo como o Estado de welfare pode criar classes específicas dentro de si, com objetivos fixos, tais como garantir a lealdade de um determinado grupo de estatuto, desvincular outro do Estado, ou minimizar o impacto da política social a uma rede de segurança.

Resta então saber: quais são os tipos ideais que Esping-Andersen aponta? Uma primeira concetualização, que se aproxima da noção de welfare residual de Titmuss, apresenta-se no chamado modelo liberal, tributário fortemente dos países anglo-saxónicos. Este apresenta um baixo grau de decomodificação, com uma intervenção do Estado limitada a poor relief, e políticas sociais baseadas nos meios de subsistência, privatizando-se igualmente um conjunto de comodidades sociais (educação, saúde, pensões). O resultado disto é a construção de um sistema desigual, vincado num eixo entre uma franja desprotegida, que obtém apoio do Estado para a sua manutenção mínima, e outra que consegue aceder aos bens sociais privatizados. Os efeitos deste tipo de estratificação são ainda mais fundos: a forte dependência do mercado por uma franja significativa da população faz com que nas classes mais baixas (na visão do autor, aquilo que se pode chamar a working class britânica-americana, ainda que este conceito tenha vindo a ser amplamente debatido e interessantemente reformulado, cf. Savage, 2015) tenham dificuldade na negociação e mobilização de classe em torno de emancipação. Este modelo, vocacionado para uma prestação de apoio do Estado por base nas necessidades, e com implicações na formação de classes específicas, deriva na sua essência de circunstâncias históricas, que, segundo Esping-Andersen, levariam a que os países anglo-saxónicos pudessem talvez ter caminhado no sentido nórdico: a predisposição do tecido social, no começo da intervenção da política pública, para a segmentação em duas realidades.

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O modelo Beveridge, assim chamado por referente ao Beveridge Report (1942), aponta no sentido da prestação de apoio aos indivíduos a tal ponto que estes, quando achem necessário ou por razões de saúde ou incapacidade, possam abdicar de trabalhar sem prejuízo maior sobre a sua situação social, profissional e económica. O facto das classes rurais nos países Anglo-Saxónicos terem sido muito antecipadamente desmanteladas, em prol da indústria, e ter havido no pós-segunda guerra um surgimento de novas classes médias que a classe operária não conseguiu captar para a contribuição social (não formando coalições políticas, não podendo assim levar as suas contestações mais longe) leva a que o modelo optado tenha sido à partida mais residual6.

O segundo modelo surge então como uma versão ‘feliz’, da aplicação do modelo Beveridge: o tipo ‘sócio-democrata’. O seu objeto central passa pela criação de estruturas de segurança que substituam o mercado e a família na manutenção da vida social dos indivíduos, aplicando numa medida universal o welfare, e, mais do que isso, criando múltiplos escalões de benefícios que se proporcionam com a contribuição individual para o Estado – o princípio de ‘dar benefícios’ na medida das expectativas sobre as contribuições. Trata-se então de um sistema com alta decomodificação, e que cria um sistema de estratificação menos vincado, e mais aberto à mobilidade. Este modelo assume maior relevância nos países escandinavos, para Esping-Andersen, marcando-se por uma preocupação com a emancipação dos indivíduos do mercado, a ação direta sobre as franjas mais desprotegidas (crianças ou idosos, por exemplo). O surgimento deste modelo no conjunto de países como a Noruega, a Suécia ou a Finlândia, não é, de novo, inocente: a forte presença de uma classe rural mobilizada politicamente, com a qual as classes operárias construíram as chamadas red-green aliances, permitiu viabilizar, numa troca entre direitos sociais e liberalização de produtos agrícolas, a construção de bases de apoio num primeiro momento. Mais ainda, no pós-guerra estes países vão construir, como atrativo às novas classes médias, os sistemas de privilégios incrementais que ainda hoje podemos observar.

O terceiro, e último modelo, respeita aos Estados da Europa chamada “continental”, e denomina-se por ‘corporativo’. Com particular incidência na Alemanha e França, as suas caraterísticas essenciais são a criação de um sistema de benefícios muito minucioso e particularizado, baseado nos estatutos, visando fomentar e manter as posições dos indivíduos dentro do sistema social. Mais ainda, notando a ubíqua importância da igreja católica nestes Estados, bem como as suas marcas de familiarismo, Esping-Andersen nota que a questão aqui não se pauta por uma relação

6 Não ignoramos que a movimentação política inglesa tenha sofrido vastas alterações, e que a sua história seja repleta de associações, dissociações e reconfigurações, nomeadamente naquilo que alguns autores chamaram a “morte das clivagens de classe” (Evans, 1999), não deixando no entanto de subscrever Savage quando este fala da reconfiguração, mais do que o fim, das clivagens de classe na política britânica.

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entre a comodificação ou eficiência do mercado – sendo uma questão que nunca se pôs com seriedade – mas sim por uma manutenção dos estatutos adquiridos, e a reprodução inerente a estes por parte do Estado. De uma maneira mais clara, o Estado Social de orientação de Bismarck – o famoso chanceler alemão – visa construir um sistema de altas contribuições individuais e benefícios adequados ao estatuto dos indivíduos, ao mesmo que incentiva e apela a valores ‘tradicionais’ – abonos de maternidade ou construção de creches, por exemplo. A sua génese não é difícil de ver: os labirintos de condições sociais multiplicam-se em vasta parte dentro de um setor público, criando uma lealdade com o Estado para com aquela que é uma das franjas mais significativas nestes países.

Não procurando neste momento problematizar as várias outras formas que os Estados têm vindo a assumir historicamente (como visível em Arts & Gelissen, 2002), é importante pensarmos um pouco sobre as consequências deste fator. Por muito que as consequências históricas de um dado modelo o tenham ‘empurrado’ a tomar certas formas, deverá isso ser determinado? Não poderá haver alternativa, ou meio de adaptação? Ou não haverá interesse?

Pistas Conclusivas

Encontramo-nos aqui com um dos mais curiosos paradoxos da atual dimensão do Estado Social. Se por um lado há uma clara necessidade de ‘ocupar’ as franjas desafiliadas da população (com mecanismos como os descritos por Dubois, 2008), os esforços de integrar estas populações numa dada condição obedecem sempre a formas ideológicas muito vincadas – as mesmas que Esping-Andersen descreve – que apresentam uma tendência para a sua permanência. Esse contexto expressa-se notoriamente nas consequências que traz para os debates sobre a coesão social e espacial (Marques et al, 2014), ou a exclusão social (Guerra, 2012), de maneiras progressivamente mais complexas.

Até aqui, no entanto, temos falado meramente da questão da precarização, do desemprego e da filiação como algo circunscrito a uma realidade ocidental. Entendermos a precarização, a desregulação, e o desemprego, no entanto, será tanto mais complexo e mais claro quanto entendermos, com Wallerstein, a dinamização e formação de um sistema-mundo, no qual uma economia-global (composta de processos centrais, focados nos países do ocidente, e processos periféricos, nos países ditos “em desenvolvimento”) faz circular indústrias, aumenta e diminui salários, constrói uma geocultural neoliberal, e constrói o sistema interestatal (Wallerstein, 2004). Igualmente o processo do salariato e a sua predominância histórica são desta

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maneira esmiuçados, analisando-se a proletarização da sociedade (leia-se: a predominância de rendimentos assalariados num agregado familiar) como uma tendência assintótica que começa no século XVI. O processo de neoliberalização dos Estados pauta-se essencialmente por construir a ideologia do mercado e do seu funcionamento, algo que Polanyi explorou eximiamente noutro momento (Polanyi, 2001). Mais ainda, as teses de Saskia Sassen (Sassen, 2000), (Sassen, 2005) sobre a globalização da economia e desnacionalização da economia contrastam aqui com as lógicas de Estado central weberiano-bourdeusiano, sendo necessária uma leitura que cruze as lógicas espaciais e de fluxo de Sassen com o racional territorializado de Wacquant (Wacquant, et al., 2014) para compreender a modernidade tardia que hoje observamos.

Por fim, retomando Castel, podemos encontrar três modelos relativamente formulados de modo prescritivo: a) aceitar a desregulação, e por subsequente, a decomposição da relação salarial enquanto elemento de filiação dos indivíduos; b) procurar suplementar o atual sistema de proteções sociais com fórmulas suplementares, a custo de um certo idealismo e crença na possibilidade de equilíbrio entre mercado e social, com algum detrimento parcial; e c) aceitar a decomposição da relação salarial, mas rejeitar o curso de neoliberalização, construindo outra forma de vínculo de filiação dos indivíduos. Não cabe aqui distinguir as vicissitudes ou vantagens de cada uma destas propostas, ou das inúmeras outras visões que proliferam na discussão sobre a questão social, apesar de se tornar desde logo claro qual a nossa posição. A nossa intenção com este texto, que procuraremos continuar a elaborar e complementar, desdobrando as várias questões levantadas, é pois reunir os elementos do debate em torno destas questões de modo conciso, por meio a sistematizar e canalizar as suas problemáticas para um fim útil e positivo.

Resta-nos assim contemplar a evolução de uma questão social, notando com William Beveridge, que “o objeto do governo, na paz e na guerra, não é a glória dos governantes ou das raças, mas a felicidade do homem comum” (Beveridge, 1942).

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IS Working Papers

3.ª Série/3rd Series

Editora/Editor: Paula Guerra

Comissão Científica/Scientific Committee: João Queirós, Maria Manuela Mendes,

Sofia Cruz

Uma publicação seriada online do

Instituto de Sociologia da Universidade do Porto

Unidade de I&D 727 da Fundação para a Ciência e a Tecnologia

IS Working Papers are an online sequential publication of the

Institute of Sociology of the University of Porto

R&D Unit 727 of the Foundation for Science and Technology

Disponível em/Available on: http://isociologia.pt/publicacoes_workingpapers.aspx

ISSN: 1647-9424

IS Working Paper N.º 19

Título/Title

“A “nova questão social”: eixos para uma sistematização”

Autor/Author

Rodrigo Nicolau Almeida

O autor, titular dos direitos desta obra, publica-a nos termos da licença Creative Commons “Atribuição – Uso Não Comercial – Partilha” nos Mesmos Termos 2.5 Portugal

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