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Confira aqui a íntegra da entrevista com Pelé realizada no dia 8 de fevereiro de 2010 na Sede da FIFA, em Zurique, Suíça.

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O Rei em três momentos inesquecíveis Eloi Silveira, enviado especial a Zurique

Como parte da série em que conversamos com vencedores da Copa do Mundo da FIFA, Pelé relembra momentos incríveis das três conquistas com a Seleção Brasileira (1958, 1962 e 1970). A entrevista – assim como as imagens de seus gols, dribles e jogadas memoráveis – é um documento precioso que a FIFA tem o prazer de guardar em seu Museu do Futebol.

Confira aqui a íntegra da entrevista com Pelé realizada no dia 8 de fevereiro de 2010 na Sede da FIFA, em Zurique, Suíça.

FIFA: Antes de ser jogador, o que representava para você a Copa do Mundo? Quais imagens você tinha desta competição?

Pelé: Eu já comentei algumas vezes da coincidência de tudo começar na Copa de 1950, quando o Brasil perdeu no Maracanã. O meu pai, o Dondinho, jogava em Bauru, era centroavante do Bauru Atlético Clube. E ele tinha preparado uma festa para ver o Brasil campeão, porque a gente tinha uma grande equipe e ninguém poderia imaginar que iríamos perder a final. Eu e outros meninos, tínhamos nove, dez anos, e estávamos na festa, ouvindo no rádio, porque na época não tinha televisão. E íamos para o quintal, para a rua, voltávamos. E numa dessas passagens no final eu vi meu pai e os outros jogadores tristes, chorando. E perguntei: “Pai, por que você está chorando?” E ele disse: “Porque o Brasil acabou de perder a Copa”. E eu respondi: “Não chora não, porque eu vou ganhar uma Copa do Mundo para o senhor”. Eu tinha nove, para dez anos. São essas coisas que só Deus pode explicar: oito anos depois, com 18 anos, eu estava na minha primeira Copa do Mundo. E foi aí que tudo que começou.

Falando da Copa de 1958, você chegou lesionado, não atuou nos dois primeiros jogos. Em algum momento achou que não iria participar?

Fiquei um pouco preocupado, mas já tinha feito jogos antes com a Seleção na Copa Roca. Ali joguei os dois jogos e fui campeão. Então estava preparado para o Mundial. Mas em um jogo treino contra o Corinthians, porque fizemos uma preparação antes de ir, eu machuquei meu joelho. Fiquei em dúvida, mas sempre naquela expectativa de poder jogar. Só que quando eu ia treinar, fazer os testes com o massagista da época, que era o Mário Américo, eu sentia. E pensava: “Meu Deus, será que não vou poder jogar essa Copa?” Mas chegou na Europa e eu comecei a me sentir melhor. Nos dois primeiros jogos eu não entrei, mas já estava bem, com condições de jogar. Não entrei nos primeiros jogos porque havia uma certa dúvida, era muito jovem para tanta responsabilidade. Mas aí para minha sorte o Brasil acabou empatando no segundo jogo, senão me engano contra a Áustria (contra a Inglaterra), e resolveram me testar. E foi aí que Deus me deu esse grande presente de ganhar o Mundial.

Naquele momento, os jogadores chegaram para o Feola e pediram para que você e o Garrincha entrassem? Você se lembra exatamente como foi receber a notícia de que iria jogar?

Primeiro, eu fiquei sabendo...Foi uma das primeiras experiências de um psicólogo na Seleção Brasileira, senão me engano era o doutor Carvalhal. Fiquei sabendo que ele estava preocupado que eu era muito jovem para aguentar a responsabilidade de jogar. Acho que foi o Didi ou o Nilton Santos, disseram para mim que estavam preocupados com isso. E eu disse: “Não, eu estou preparado, que muito jovem que nada, quero entrar”. E como ia fazer para falar com ele? Eu era o mais garoto, o mais jovem. Mas já fiquei meio assim: “Será que vou jogar?” Depois o Feola veio com o Doutor Nilton, que era o médico e disse: “Você está apto”. E o Feola disse: “Então se prepara que você vai entrar”. Aí eu fiquei um

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pouco preocupado, um pouco nervoso. Mais aí entrei contra o País de Gales, tive a sorte, fiz o gol da vitória, gol que deu a possibilidade de o Brasil se classificar, me deu confiança de estar na equipe e foi tudo maravilha.

Em relação a esse gol, você se lembra exatamente como foi receber a bola no meio da zaga e marcar? E depois, de ir pegar a bola dentro do gol e se ajoelhar?

Lembro, claro, isso não vai sair da memória nunca. Foi um meio chapéu que eu dei, recebi a bola no meio da área, chutei prensado um pouco. Esse gol foi um gol difícil porque a equipe de País de Gales já tinha visto o Brasil jogar e eles jogavam muito na defesa. A gente sabia que ia ser um jogo difícil e estava 0 a 0 e quando fiz esse gol, dei o drible, um meio chapéu, chutei prensado e a bola entrou e fui dentro da rede pra pegar a bola. Sempre, sempre tinha muita gente na área porque eles estavam jogando na retranca.

Pelo fato de você ser um jovem e ser acima da média, você sentia que os adversário faziam algo para tentar te intimidar?

Não, primeiro que eu não entendia muito o que eles falavam...na época eu não falava inglês (risos). Mas eles jogavam duro, como estavam jogando todos os jogos, e era uma equipe que defendia muito. Mas não teve nenhum jogador que pessoalmente tentou me amedrontar. Mas porque para mim não adiantava porque eu estava muito preparado.

Como foi o momento de participar de uma primeira final de Copa do Mundo, a noite anterior, o último treino...

Depois do País de Gales eu peguei confiança, aí veio o jogo contra a França e fiz aqueles gols. Já estava bem seguro de mim. Mas sempre uma final de Copa mexe com você. Uma das coisas que eu mais pensava mais na véspera e antes do jogo era se no Brasil, se eles estavam sabendo que a gente estava na final. Se o meu pai...porque eu tinha falado aquilo, e me lembrava que tinha falado que ia ganhar uma Copa e Deus estava me dando este presente e não podia perder essa Copa. Mas vou ter que estar bem...sempre pensando no meu pai. E na época não tinha televisão. Tinha sempre que ouvir o rádio ou pedir informação para jornalista, radialista que estavam ali. Essa era a coisa que mais me dava agonia. Antes do jogo não era nem medo do jogo porque tinha muita confiança na Seleção Brasileira, mas era ver se o povo brasileiro estava sabendo, como que minha família, meu pai, se eles estavam pensando no jogo. E pensava: “Meu Deus, eu tenho que ganhar esse jogo, precisamos ser campeões.”

Naquele jogo você fez um gol espetacular. E foram dois dribles ali, um na bola e outro no próprio zagueiro, que chegou tentando te derrubar e não viu nada. Conte como foi esse gol.

O gol mais bonito da Copa da Mundo, dizem que até hoje é um dos gols mais bonitos que já aconteceram. Primeiro porque a Europa não conhecia aquele tipo de drible, o chapéu ninguém tinha visto ainda, não se fazia aquilo. Quando dei a bola pro Didi, ou pro Zagallo, fiz que ia pra frente, mas voltei para trás. Por isso que o beque ficou meio em dúvida e deixou a bola passar. Aí matei no peito, ele achou que eu ia chutar ele veio com o pé e eu dei o chapéu. Era uma coisa que eles não estavam acostumados. Eles estavam acostumados a vir prensar, porque todo mundo chutava direto. Aí eu nem deixei a bola cair, bati e fiz o gol, que para mim foi um dos gols mais bonitos da minha carreira.

Para fechar 1958, ficou clássica aquela imagem de você chorando no ombro do Gilmar. Como foram aqueles momentos do final do jogo e do título?

O Gilmar era um dos mais experientes da Seleção, ele o Nilton Santos. Eram os mais velhos também. Mas foi uma coincidência. Porque depois que eu fiz aquele

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gol de cabeça, fiquei emocionado. Tinha feito um gol que normalmente dá satisfação: a bola veio para um lado, o goleiro e o defensor também, e eu joguei para o outro lado. Não foi uma cabeçada muito forte, foi colocada. E quando eu caí, eu vi que a bola tinha entrado, estava no fim do jogo e eu quis agradecer a Deus. Aí veio o Didi, veio todo mundo. E quando eu levantei estava emocionado, a Copa acabou com meu gol. De emoção eu comecei a chorar, não sabia o que falar, não sabia se gritava. Aí comecei a agradecer a Deus e a chorar.

Passando para 1962, mais do que 1958, que era sua primeira Copa, e a de 1970, que foi a sua última, nesta do Chile você tinha a impressão de que poderia ser a Copa do Pelé, pelo fato de estar no auge?

Adaptação da pergunta: Como foi o momento da lesão no início da Copa de 62?

Olha, em 62 eu estava bem, Graças a Deus. Aliás, em todas as Copas eu estava bem (risos). Mas aconteceu aquele imprevisto e tive a distensão numa partida em que eu estava muito bem. Inclusive a distensão foi num chute de esquerda que eu dei, a bola ainda bateu na trave e eu tive a distensão na virilha. Poxa, para quem está se preparando para jogar uma Copa, se machucar e ter que sair é triste. Mas teve uma coisa maravilhosa. Eu me machuquei, apesar de ter jogado as primeiras partidas e ter feito gol contra o México, e o Brasil foi campeão. Então foi ótimo para mim. Eu estava lá para ser campeão com o Brasil. O que foi difícil para mim não foi essa Copa, mas a Copa da Inglaterra em 66. Vocês viram, uma Copa que foi considerada a Copa mais dura de todos os tempos. Houve muitas contusões, brigas. E eu tive a contusão contra Portugal. E não deu pra jogar a final. E além de não ter jogado a final, o Brasil não ganhou. Então essa que foi a Copa difícil para mim. A de 62 o Brasil foi campeão, foi a maior festa. A de 66 foi a maior tristeza, porque além de me machucar o Brasil ainda perdeu.

Como foi passar essa Copa como torcedor?

É mais difícil você ficar de fora do que lá dentro. A gente sofre muito mais. Lá fora, não aparece muito, no máximo algumas cenas na arquibancada, com os reservas. Mas antes, a gente estava sempre lá dando força, principalmente porque estava entrando o Amarildo, que era nosso reserva, e também era novo. E tínhamos sempre que incentivar: “Vamos lá, temos que ganhar”. O Brasil estava bem. Mas ao mesmo tempo, quando ia para o quarto, eu falava para mim mesmo: “Acho que vou ficar de fora dessa Copa, meu Deus”. Era um contraste, ter que dar força e sofrer por não poder jogar uma Copa depois de se preparar por tanto tempo e se machucar. Mas o importante é o que falei, que em 62 o Brasil foi bem, ganhamos uma Copa, foi uma alegria e isso apagou todos os problemas de contusões de ficar fora da final.

Ainda em 62, você sentia que ainda poderia jogar ou teve algum momento que você viu que não teria mesmo condições?

Na antevéspera do penúltimo jogo, eu ainda treinei e achei que estava bem. Cheguei a fazer alguns exercícios. Mas aí teve um treinamento de bater na bola, que era o que precisava. Eu comecei a fazer passes de meia distância e depois chutar com a perna esquerda. E me lembro do Paulo Carvalho, ele começou a falar: “Agora vamos ver se você consegue bater escanteio e colocar na área”. E quando fui bater de pé esquerdo o escanteio, senti de novo. E ali vi que não ia dar. Porque senti a mesma dor que tinha sentido no jogo contra a Tchecoslováquia, na hora do chute. Aí falei: “Voltou”. E vi que não dava mais para jogar.

Em relação ao Amarildo, sabe-se que ele estava nervoso por te substituir. Você foi falar com ele em especial? E como era a relação com o Garrincha?

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Ele estava tenso, como todos os jogadores ficam. O que a gente tentava fazer era encorajá-lo. O Garrincha estava numa fase boa e sempre foi muito brincalhão. A gente sempre chegava lá e perguntava. E ele dizia: “Estou bem, não se preocupem. Esses Manés aí, vou acabar com esses gringos”. Ele sempre falava assim, e me lembro até hoje. “Não se preocupa Pelé, vamos acabar com esses gringos” (risos). Agora o Amarildo, era mais tranquilo, mais preocupado. O Zagallo de vez em quando falava para o Garrincha parar com essa história de mané, mas ele nem se preocupava se era jogo de Copa, final de copa. O Mané era maravilhoso, não tinha preocupação nenhuma.

Você acha então que essa boa relação do grupo ajudou a preencher a sua ausência? Ajudou a deixar um jogador que poderia ter sentido a pressão mais preparado?

O Amarildo aparentemente não estava pronto, na Seleção. Mas ele já jogava no Botafogo e tinha feito um campeonato maravilhoso e por isso foi convocado. Mas era a questão de segurança de jogar numa Copa do Mundo. Mas foi perfeito. O Garrincha até gol de cabeça fez, ele estava na melhor fase. E isso foi uma alegria para todos.

A Copa de 62 foi dura para você e a de 66 foi complicada para o Brasil. Você acha sentia que precisava provar algo ali, mesmo já sendo bicampeão?

Quase todos viram antes da Copa de 70, eu declarei que não queria jogar mais, depois de ter me contundido em 66 contra Portugal e tinha dito que não ia jogar mais. Acontece que eu continuei com o Santos e em 69 eu estava na minha melhor forma. Até 74, porque depois voltei e o Santos foi campeão em 73. Mas eu estava numa fase boa. O pessoal do Santos, alguns repórteres amigos meus, o Orlando Duarte, que estavam sempre com a gente, falavam: “Você tem que jogar, essa é sua Copa”. Na convocação, nos treinos, o Carlos Alberto, o Félix, o Brito chegaram e falaram: “Essa a gente tem que ganhar, porque é a nossa última Copa”. Mas eu não estava nem com vontade de ir. Mas foi mudando, fui esquecendo da contusão, do sofrimento da Inglaterra e falei: “Vou jogar essa Copa. Vai ser a minha última Copa e Deus vai me ajudar e vou me despedir bem, não posso me despedir mal”. E foi assim. E na preparação, na eliminatória, essa Seleção foi a que mais teve conjunto em toda a história dos mundiais. Porque viemos desde a classificação juntos, pensando nisso, concentrando nisso. E por isso que a FIFA diz até hoje que a Seleção Brasileira de 70 é considerada a melhor do mundo. E sem dúvida nenhuma foi a melhor fase da minha carreira eu agradeço a Deus, porque me despedi depois de tudo aquilo sem me machucar jogando todas as partidas. O Brasil jogando bem. Foi um presente de Deus. E depois foi só correr pra festa.

Na sequência, houve momentos clássicos, de lances de gols e de gols que não aconteceram. Como aquele chute do meio de campo contra Tchecoslováquia. Conte para nós como foi.

Esse lance do chute de antes do meio de campo contra a Tchecoslováquia, eu tinha observado o goleiro deles, que sempre jogava adiantado. Tínhamos visto uns teipes dos dois primeiros jogos deles e de uns treinamentos. E eu falei: “Se der oportunidade eu faço”. Como hoje os goleiros jogam com o pé, aquele goleiro saía e jogava assim e tinha habilidade. Mas aconteceu de ser antes do meio de campo. E até então ninguém tinha tentado coisa assim. Hoje todo mundo tenta, muitos jogadores já fizeram gol. E apareceu aquela oportunidade, foi antes do meio de campo. Eu vi e toquei, mas infelizmente a bola passou raspando o gol. Serviu de registro. E como você falou dos grandes lances que não foram gols, contra o Uruguai também, aquele drible. E hoje ainda, em quase todos os lugares que eu vou, mostram o teipe. E eu falo: “Vocês não mostram os gols que eu fiz?

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Tem que mostrar os gols e não os que eu não foram.” (risos) Mas é que as jogadas foram bonitas.

Teve também a famosa defesa do Gordon Banks. Aquela bola tinha endereço certo. Você acha que foi uma das defesas mais incríveis da história?

Eu tenho os teipes...eu já ia gritar gol. Quando dei a cabeçada que eu vi que a bola ia entrar, quando ia gritar eu olhei e vi o Banks tirar. Até o Banks falou que para ele foi uma grande defesa, que ele ficou mais famoso depois. Que até hoje tem fotos na Inglaterra, o lance e ele salvando essa bola. Eu já ia gritar gol. Porque mesmo quando o Banks bateu na bola eu pensei que ela tivesse batido dentro. Porque foi uma mão só, mas ela saiu por cima da trave. Mas o pessoal mostra mais esses lances que os gols que eu fiz na Copa de 70.

Na semifinal veio o Uruguai, que foi o protagonista do Maracanazo em 1950. Naqueles momentos que antecederam o duelo, houve algum pensamento dessa derrota de 1950?

Não, eu particularmente não tive nenhum problema. Antes do jogo, claro que comentaram sobre essa possível revanche. Mas nenhum dos jogadores estava preocupados com revanche. A gente estava preocupado com o jogo, porque o Uruguai sempre foi difícil para o Brasil. E você viu que esse jogo foi difícil porque eles abriram a contagem. No campo deu até uma esfriada na Seleção Brasileira quando eles fizeram o primeiro gol. Mas eu não me preocupei, na época não lembro de ter pensado em 50. A gente estava pensando que era difícil, um time que normalmente joga de igual para igual, Argentina, Uruguai e Brasil sempre é jogo difícil. Mas a gente estava preparado. Mas mesmo assim eles fizeram o primeiro e isso assustou um pouco no primeiro tempo. Mas depois engrenou e não teve problema.

Na final, o Brasil dominou a Itália como em poucas ocasiões em uma final de Copa. Você se lembra de cada detalhe? Acha que o quarto gol resume bem o que era aquela seleção?

Não dá pra esquecer nada. Não dá para esquecer o primeiro gol, o do empate que eles fizeram...a Seleção Brasileira estava muito bem coordenada. E a gente tinha visto a Itália jogar, sabia que eles jogavam com um líbero, que marcavam homem a homem, onde a gente ia eles iam atrás. E no segundo tempo a Itália ficou perdida, eles não sabiam como marcar. Inclusive, naquela jogada do gol do Carlos Alberto a gente já tinha combinado. Porque o Facchetti marcava homem a homem e o Jairzinho era o ponta direita...se o Jairizinho fosse para o meio, podia soltar a bola para a direita sem olhar que o Carlos Alberto estava entrando, porque era para entrar sempre nos lugares vazios. E era isso que estávamos fazendo. Então eu dei aquele passe para o Carlos Alberto fazer o gol...(Aqui ele corta e lembra do primeiro gol da final) Mas para mim, o mais importante foi subir com os dois jogadores mais altos da Itália e fazer aquele gol de cabeça. Foi uma cabeçada tão forte para o chão que não dá para explicar como saiu tão forte. Como eu tinha boa impulsão, foi um gol que combinou com a vitória e com o grande campeonato que o Brasil fez. Como falei, até hoje, essa foi considerada a melhor seleção das Copas do Mundo. E eu encerrei minha carreira com ela. Aquele jogo contra a Itália valia a Jules Rimet. Quem ganhasse ficaria com ela em definitivo. Aquilo pesou na hora do jogo?

Olha, para mim, para o Brito, Carlos Alberto, Félix, a gente falava na concentração: “Nós temos que terminar essa Copa bem, como campeões. É o fim da nossa carreira”. Não estávamos preocupados se era Jules Rimet, se ia começar outra taça. Estávamos preocupados em nos concentrar em terminar bem a carreira. Essa foi nossa motivação, foi o meu esforço pessoal. Eu pensava nas vésperas dos jogos: “Meu deus, não posso depois de quatro Copas do Mundo não

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posso terminar com uma derrota, não me deixa contundir”. Eu pedia a Deus para sempre me conservar bem....a Jules Rimet era para mim uma taça, como é essa taça João Havelange, a taça FIFA. Mas em 70 nosso negócio era acabar a Copa do Mundo como campeão. Acabar minha carreira e sair dos mundiais como campeão. E Deus me deu esse presente.

Mas você se lembra com foi a sensação ao pegar a taça pela primeira vez. Como foi tê-la nas mãos e dizer: essa é enfim nossa.

Em 70, a situação não era muito novidade, porque já tinham passado as três Copas. Agora a grande novidade da Jules Rimet foi a primeira vez que a pegamos na Suécia, que o rei veio e foi nos cumprimentar. Ali deu uma coisa diferente, sabe? Uma sensação, uma tremedeira, pela importância e por ser o primeiro campeonato. Em 70, no México, a gente pegou já beijando, comemorando: “Essa é nossa, ninguém tira mais”. Então foi uma emoção totalmente diferente uma da outra.

Pelé, a gente gostaria então de fazer uma surpresa e te entregar a taça de novo...

Mas eu posso levar para casa? (risos) O que você acha dessa Jules Rimet?

(Beija a taça) Foi uma surpresa maravilhosa. Porque eu tenho o orgulho de dizer que....No México depois da Copa, eles me deram uma réplica, o governo do México me de uma réplica, que está no meu museu em Santos. E de dizer que jogando, eu sou o único no mundo que ganhou três Copas do Mundo. E ganhamos para o Brasil essa definitiva. Então, foi uma alegria muito grande. E mais uma vez (beijo na taça), obrigado Senhor.

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