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Fabio Herrmann - O Que É Psicanálise

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Academic year: 2021

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Editora Brasiliense – São Paulo Editora Brasiliense – São Paulo

Este livro foi digitalizado sem fins comerciais para uso exclusivo de pessoas Este livro foi digitalizado sem fins comerciais para uso exclusivo de pessoas com deficiência que necessitem de leitores de tela para aceder ao seu com deficiência que necessitem de leitores de tela para aceder ao seu conteúdo, não devendo ser distribudo com outra finalidade, mesmo de conteúdo, não devendo ser distribudo com outra finalidade, mesmo de forma gratuita!

forma gratuita!

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" # $ %$%E&'$ () PS*+)&-*SE " # $ %$%E&'$ () PS*+)&-*SE

$s seres .umanos são pessoas muito estran.a

$s seres .umanos são pessoas muito estran.as e at/ absurdas! Se você 01s e at/ absurdas! Se você 01 o percebeu, ac.o que andou a ter2a parte do camin.o para se tornar o percebeu, ac.o que andou a ter2a parte do camin.o para se tornar psicanalista! $ segundo ter2o do camin.o consiste em aprender algumas psicanalista! $ segundo ter2o do camin.o consiste em aprender algumas coisas3 o m/todo, a teoria e a t/cnica psicanalticos, de que l.e vou falar coisas3 o m/todo, a teoria e a t/cnica psicanalticos, de que l.e vou falar umum 4pouco neste livrin.o! 5uanto 6 última e mais difcil etapa, que / a de você 4pouco neste livrin.o! 5uanto 6 última e mais difcil etapa, que / a de você mesmo descobrir que / tamb/m uma pessoa estran.a e absurda, isto /, mesmo descobrir que / tamb/m uma pessoa estran.a e absurda, isto /, que / um ser .umano, lamento não poder a0ud1#lo a percorrer, pelo menos que / um ser .umano, lamento não poder a0ud1#lo a percorrer, pelo menos escrevendo3 talvez fosse preciso fazer an1lise!

escrevendo3 talvez fosse preciso fazer an1lise! 'o

'odadaviavia, , cocomo mo esestatava va didizezendndo, o, os os .o.omemens ns sãsão o pepessssoaoas s esestrtranan.a.as s ee absurdas! Enquanto outros bic.os têm relativamente pouco trabal.o em absurdas! Enquanto outros bic.os têm relativamente pouco trabal.o em construir sua residência, porque parecem satisfeitos com o mundo que construir sua residência, porque parecem satisfeitos com o mundo que encontram 7 o que os cientistas c.amam 8sistemas ecol9gicos: 7, os encontram 7 o que os cientistas c.amam 8sistemas ecol9gicos: 7, os .om

.omenens s têm têm papassassado do seu seu tetempo mpo tetentantando ndo conconstrstruir uir uma uma cascasa a papara ra si,si, gastando nisso um trabal.o insano, sem nunca ficarem contentes com o gastando nisso um trabal.o insano, sem nunca ficarem contentes com o re

resusultltaaddoo! ! +o+onnststrururram am ininststrurumementntoos s dde e oosssso o e e dde e eeleletrtricicididaadede;; domesticaram as plantas, os primos animais e at/ seu pr9prio pensamento domesticaram as plantas, os primos animais e at/ seu pr9prio pensamento selva

selvagemgem; ; edifedificaraicaram m cidacidades, des, sistesistemas mas filosfilos9fico9ficos, s, ciênciência cia e e tecntecnologologia!ia! 'udo fizeram para ter um mundo sob medida, quer dizer, um mundo na 'udo fizeram para ter um mundo sob medida, quer dizer, um mundo na medida .umana!

medida .umana!

%as não desprezemos os .omens por causa disso! +oitados, eles talvez %as não desprezemos os .omens por causa disso! +oitados, eles talvez não tivessem outro 0eito de sobreviver< Em primeiro lugar, quando os bebês não tivessem outro 0eito de sobreviver< Em primeiro lugar, quando os bebês .u

.umamanonos s nanascscem em e e popor r lolongngo o tetempmpo o dedepopois is sãsão o mumuitito o inindedefefesosos s ee in

incacapapazezes s papara ra a a vidvida3 a3 nãnão o coconsnsegegueuem m cocomimida da sosozizin.n.osos, , nãnão o sasabebemm defender#se do frio, queimam#se com a pr9pria urina etc! -ogo, era mesmo defender#se do frio, queimam#se com a pr9pria urina etc! -ogo, era mesmo necess1rio viver em grupo, construir abrigos e um sistema social! Por outro necess1rio viver em grupo, construir abrigos e um sistema social! Por outro lado, os .omens divertem#se demais com os pr9prios pensamentos! São os lado, os .omens divertem#se demais com os pr9prios pensamentos! São os únicos bic.os, ao que se sabe, tão estúpidos que podem ficar

únicos bic.os, ao que se sabe, tão estúpidos que podem ficar imaginando eimaginando e esquecer#se de comer; e, o que / pior, quando pequeninos e famintos, esquecer#se de comer; e, o que / pior, quando pequeninos e famintos, parece que conseguem ficar son.ando que estão a comer e contentar#se parece que conseguem ficar son.ando que estão a comer e contentar#se algum tempo com isso 7 coisa a que os psicanalistas c.amam 8satisfa2ão algum tempo com isso 7 coisa a que os psicanalistas c.amam 8satisfa2ão alu

alucincinat9at9ria ria do do dedese0se0o:! o:! )lg)lgununs s tatalvelvez z at/ at/ mormorram ram de de fofome, me, sonson.a.andondo,, son.ando! Por fim, enquanto os animais ferozes quase nunca matam os de son.ando! Por fim, enquanto os animais ferozes quase nunca matam os de sua

sua espesp/ci/cie e 7 7 8in8inibiibi2ão 2ão da da agragressessividividadade e intintra#ra#espespececficfica:, a:, / / comcomo o osos estudiosos do comportamento animal =ou et9logos> c.amam a essa prova estudiosos do comportamento animal =ou et9logos> c.amam a essa prova elementar de sensatez 7, os .omens c.egam a gostar de fazê#lo! Para elementar de sensatez 7, os .omens c.egam a gostar de fazê#lo! Para so

sobrbreveviviverer, , enentãtão, o, ou ou pepelo lo memenonos s papara ra se se popodedererem m dodomiminanar r e e mamatatarr civilizadamente, foi preciso que os

civilizadamente, foi preciso que os .omens domesticassem a natureza!.omens domesticassem a natureza!

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Po

Por r quque, e, enentrtretetanantoto, , esesse se trtrababalal.o .o nãnão o tetem m fifim m e e nenem m / / coconsnsididereradadoo satisfat9rio@ Bem, se você pertence a uma famlia mais ou menos rica, satisfat9rio@ Bem, se você pertence a uma famlia mais ou menos rica, provavelmente 01 mudou de casa algumas vezes! (e cada vez, a casa era provavelmente 01 mudou de casa algumas vezes! (e cada vez, a casa era perfeita, não / verdade@ 7 construda sob medida para o dese0o de sua perfeita, não / verdade@ 7 construda sob medida para o dese0o de sua famlia, com tantos quartos, garagens e televisAes quantos bastassem para famlia, com tantos quartos, garagens e televisAes quantos bastassem para fazê#los felizes 7, por/m, quando l1 moravam, descobriam que ainda não fazê#los felizes 7, por/m, quando l1 moravam, descobriam que ainda não es

estatavavam m sasatitisfsfeieitotos s nenem m fefelilizezes! s! ) ) mumudadavavam, m, rerefoformrmavavam am a a cacasa sa ouou compravam um videocassete; e, insatisfeitos ainda, tornam a mudar ou compravam um videocassete; e, insatisfeitos ainda, tornam a mudar ou instalam uma mesa completa de som! Se esta / sua .ist9ria .abitacional, instalam uma mesa completa de som! Se esta / sua .ist9ria .abitacional, não se culpe, nem a seu pai3 culpe a casa, e estar1 bem integrado com o não se culpe, nem a seu pai3 culpe a casa, e estar1 bem integrado com o resto da .umanidade!

resto da .umanidade!  que a casa

 que a casa que construram, como a grande casa que a .umanidade vemque construram, como a grande casa que a .umanidade vem construindo para si, representa bem demais a realiza2ão de seu dese0o! construindo para si, representa bem demais a realiza2ão de seu dese0o! $ra, o problema / que n9s não dese0amos o que queremos, nem tampouco $ra, o problema / que n9s não dese0amos o que queremos, nem tampouco fificacamomos s sasatitisfsfeieitotos s de de enencocontntrarar r o o quque e dedesese0a0amomos! s! &a &a veverdrdadade, e, n9n9s,s, .umanos, não sabemos bem o que dese0amos!

.umanos, não sabemos bem o que dese0amos!

Ce0a um exemplo! )ntes de mais nada, n9s somos aquilo que dese0amos Ce0a um exemplo! )ntes de mais nada, n9s somos aquilo que dese0amos ser!  f1cil entender, 01 que dese0o / o nome daquilo que faz com que a ser!  f1cil entender, 01 que dese0o / o nome daquilo que faz com que a gente pense, fa2a, se0a! Ele parece vir de dentro da alma, mas / criado na gente pense, fa2a, se0a! Ele parece vir de dentro da alma, mas / criado na vi

vida da sosocicial al e e bibiolol9g9gicica, a, de de sosortrte e quque e se se popode de didizezer r atat/ / quque e 8s8somomosos de

desese0a0adodos: s: dedeststa a ou ou dadaququelela a mamaneneirira! a! SoSomomos s dedesese0a0adodos s atativivos os ouou ent

entedediadiados, os, crucru/is /is ou ou comcompapassissivosvos, , apapavoavorarados dos ou ou disdistratradodos! s! )li1)li1s, s, aa .umanidade dese0a#se como /; e, dizia, constr9i#se e constr9i o seu mundo .umanidade dese0a#se como /; e, dizia, constr9i#se e constr9i o seu mundo de acordo com tal dese0o! S9 que não acredita que, de fato, se ten.a de acordo com tal dese0o! S9 que não acredita que, de fato, se ten.a dese0ado como /! )ssim, tendo transformado o mundo a fim de l.e servir de dese0ado como /! )ssim, tendo transformado o mundo a fim de l.e servir de ca

casasa, , acac.a .a quque e nãnão o esest1 t1 aiaindnda a bebem m fefeitito, o, quque e sosobrbram am mumuititas as cocoisisasas desumanas a .umanizar!

desumanas a .umanizar!

$ c/u / muito alto, o tempo / longo demais, as guerras muito freqDentes! $ c/u / muito alto, o tempo / longo demais, as guerras muito freqDentes! $ra, se o tempo e o espa2o são infinitos demais, / que os .omens têm em $ra, se o tempo e o espa2o são infinitos demais, / que os .omens têm em si uma aspira2ão em desacordo com seu taman.o e dura2ão de vida! si uma aspira2ão em desacordo com seu taman.o e dura2ão de vida! 5uanto 6s guerras, quem as faz@

5uanto 6s guerras, quem as faz@

&uma palavra, ao domesticar o mundo, os .omens irritam#se ao ver que &uma palavra, ao domesticar o mundo, os .omens irritam#se ao ver que construram uma casa que os retrata maravil.osamente bem, que exprime construram uma casa que os retrata maravil.osamente bem, que exprime seu dese0o, tanto naquilo que gostam, como naquilo que odeiam 7 a esta seu dese0o, tanto naquilo que gostam, como naquilo que odeiam 7 a esta última parte de seu dese0o c.amam desumana, dizem que não / deles, que última parte de seu dese0o c.amam desumana, dizem que não / deles, que / um resto que deve ainda ser dominado!

/ um resto que deve ainda ser dominado!

'alvez por esta última razão, a constru2ão do mundo .umano se ten.a 'alvez por esta última razão, a constru2ão do mundo .umano se ten.a ul

ultrtrapapasassasadodo! ! CoCocê cê 01 01 viviu u alalgugu/m /m fafazezer r umuma a lili2ã2ão o cocom m m1 m1 vovontntadade,e, pensando que quer realmente fazê#la bem! )parecem erros a cada lin.a, pensando que quer realmente fazê#la bem! )parecem erros a cada lin.a,

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manc.as de tinta, lapsos de português, e o estudante come2a a escrever manc.as de tinta, lapsos de português, e o estudante come2a a escrever adoidado, obsessivamente, errando e copiando errado! )ssim, a esp/cie adoidado, obsessivamente, errando e copiando errado! )ssim, a esp/cie .um

.umanana a adadququiriu iriu umuma a estestraran.a n.a obobsessessão são de de dodomesmesticticar, ar, famfamiliailiarizrizar,ar, ed

educucarar! ! Se Se seseus us papais is o o ededucucararam am asassisim, m, vovocê cê prprovovavavelelmementnte e seser1r1 exatamente como eles o dese0aram; e, no entanto, tanto eles como você exatamente como eles o dese0aram; e, no entanto, tanto eles como você mesmo terão a impressão de que tudo saiu 6s avessas, pela simples razão mesmo terão a impressão de que tudo saiu 6s avessas, pela simples razão qu

que e amambobos s igignonoraram m boboa a papartrte e do do momodedelo lo quque e fofoi i imimprpresesso so e e nãnão o oo recon.ecem depois de pronto! (omesticar significa adaptar 6s normas da recon.ecem depois de pronto! (omesticar significa adaptar 6s normas da casa =que em latim se diz domus>; familiarizar significa tornar algo familiar, casa =que em latim se diz domus>; familiarizar significa tornar algo familiar, como que 8da famlia:! %as, como os .omens negam#se a admitir grande como que 8da famlia:! %as, como os .omens negam#se a admitir grande parte de seu dese0o, quanto mais dom/stico e familiar vai ficando o mundo parte de seu dese0o, quanto mais dom/stico e familiar vai ficando o mundo que constroem, mais estran.o e desumano l.es parece! (esumano, que que constroem, mais estran.o e desumano l.es parece! (esumano, que calúnia<

calúnia<

Sucedeu então que este grande pro0eto de construir um mundo 6 medida Sucedeu então que este grande pro0eto de construir um mundo 6 medida .umana, que / o de todas as culturas, acelerou#se subitamente e estreitou# .umana, que / o de todas as culturas, acelerou#se subitamente e estreitou# se! Fma das maneiras de realiz1#lo parece dominar todas as outras; e, não se! Fma das maneiras de realiz1#lo parece dominar todas as outras; e, não tendo contra quem competir, pGs#se a tentar ser mais veloz que a pr9pria tendo contra quem competir, pGs#se a tentar ser mais veloz que a pr9pria sombra! &em / preciso dizer que a maneira dominante / a civiliza2ão sombra! &em / preciso dizer que a maneira dominante / a civiliza2ão tecnol9gica, a qual se vale de uma racionalidade exacerbada, de c1lculo, tecnol9gica, a qual se vale de uma racionalidade exacerbada, de c1lculo, me

medididada, , dadas s +i+iênêncicias as &a&atuturaraisis, , tetendndo o a a HHsisica ca popor r momodedelolo! ! 5u5uananto to 66 sombra, / o que veremos mais

sombra, / o que veremos mais adiante!adiante!

Por enquanto, basta observar que o mundo onde vivemos, sobretudo nas Por enquanto, basta observar que o mundo onde vivemos, sobretudo nas grandes cidades, tornou#se tão construdo, tão fabricado, que uma crise grandes cidades, tornou#se tão construdo, tão fabricado, que uma crise mui

muito to curcuriosiosa a se se dedesensencadcadeoueou! ! )s )s pepessossoas as comcome2ae2aram ram aoaos s popoucoucos s aa duvidar de que o lugar onde vivem se0a mesmo real! )ntes, quando o duvidar de que o lugar onde vivem se0a mesmo real! )ntes, quando o contato com a natureza era mais estreito, nos tempos em que qualquer contato com a natureza era mais estreito, nos tempos em que qualquer crian2a podia ver, digamos, orden.ar uma vaca, a sensa2ão de realidade crian2a podia ver, digamos, orden.ar uma vaca, a sensa2ão de realidade vin.a diretamente desse tipo de experiência3 podia#se dizer real como uma vin.a diretamente desse tipo de experiência3 podia#se dizer real como uma pedra ou como uma 1rvore!!! (e repente, contudo, os fatos come2am a vir pedra ou como uma 1rvore!!! (e repente, contudo, os fatos come2am a vir pelos 0ornais, depois pela televisão, e você tem de se perguntar, a cada pelos 0ornais, depois pela televisão, e você tem de se perguntar, a cada momento, se o que ouve e vê / assim mesmo, se / uma interpreta2ão ou se momento, se o que ouve e vê / assim mesmo, se / uma interpreta2ão ou se / uma tentativa de engan1#lo! 5uer dizer, a realidade come2ou a perder / uma tentativa de engan1#lo! 5uer dizer, a realidade come2ou a perder confiabilidade!

confiabilidade!  )s

 )s m1quinas m1quinas funcionam funcionam .o0e .o0e quase quase como como gente, gente, as as pessoas pessoas quase quase comocomo m1quinas! ) cada a2ão que você pretende executar, fica sempre a dúvida m1quinas! ) cada a2ão que você pretende executar, fica sempre a dúvida se

se nãnão o esest1 t1 seservrvinindo do a a um um prpropop9s9sitito o quque e igignonora ra e e quque e tatalvlvez ez acac.e.e abomin1vel! Se você quer ser original, se quer recusar tudo o que est1 por abomin1vel! Se você quer ser original, se quer recusar tudo o que est1 por a, acabar1 provavelmente descobrindo que faz parte duma indústria da a, acabar1 provavelmente descobrindo que faz parte duma indústria da originalidade

originalidade, usando um , usando um uniforme de original!uniforme de original!

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Pois bem, a ruptura com a natureza e a fabrica2ão excessiva da nossa vida Pois bem, a ruptura com a natureza e a fabrica2ão excessiva da nossa vida cotidiana constituem exatamente o êxito completo da constru2ão da casa cotidiana constituem exatamente o êxito completo da constru2ão da casa dos .omens! %as o .omem mesmo não se sente 6 vontade na casa que dos .omens! %as o .omem mesmo não se sente 6 vontade na casa que cr

crioiou! u! EsEsse se reretrtratato o quque e vê vê no no seseu u mumundndo o paparerecece#l.#l.e e ababsusurdrdo! o! Ele Ele sese pergunta3 8Sou assim@:! E responde3 8+laro que não; / que falta dominar, pergunta3 8Sou assim@:! E responde3 8+laro que não; / que falta dominar, organizar e calcular uma última coisa, a

organizar e calcular uma última coisa, a mente .umana:!mente .umana:!

Ce0a que estran.o! ) loucura do nosso mundo / simplesmente o resultado Ce0a que estran.o! ) loucura do nosso mundo / simplesmente o resultado da maneira pela qual o construmos! Por/m, preferimos dizer que essa da maneira pela qual o construmos! Por/m, preferimos dizer que essa esp/cie de sombra, a irracionalidade das rela2Aes entre os .omens e a esp/cie de sombra, a irracionalidade das rela2Aes entre os .omens e a irrealidade do mundo cotidiano

irrealidade do mundo cotidiano, / produto de outra coisa, não da razão, mas, / produto de outra coisa, não da razão, mas da falta de razão, da loucura! )ssim,

da falta de razão, da loucura! )ssim, l1 pelos fins do l1 pelos fins do s/culo passado, fez#ses/culo passado, fez#se um grande esfor2o para compreender a loucura para medi#la, para dividi#la um grande esfor2o para compreender a loucura para medi#la, para dividi#la em tipos e

em tipos e explic1#la cientificamente!explic1#la cientificamente! &o

&o cocomeme2o 2o isisso so nãnão o dedeu u mumuitito o reresusultltadado!o!  veverdrdadade e quque e susurgrgiu iu umumaa classifica2ão das doen2as mentais que at/ .o0e / bastante útil! %as, em classifica2ão das doen2as mentais que at/ .o0e / bastante útil! %as, em mat/ria de cura, pouco avan2o .ouve! Principalmente, a loucura do dia#a# mat/ria de cura, pouco avan2o .ouve! Principalmente, a loucura do dia#a# dia permanecia inexplic1vel e

dia permanecia inexplic1vel e intrat1vel!intrat1vel!

E foi assim que nasceu a Psican1lise! )s +iências Exatas tiveram de pedir E foi assim que nasceu a Psican1lise! )s +iências Exatas tiveram de pedir a0uda a uma esp/cie de

a0uda a uma esp/cie de primo pobre3 a interpreta2ão! S9 a interpreta2ão eraprimo pobre3 a interpreta2ão! S9 a interpreta2ão era capaz de abarcar os son.os, as emo2Aes, a loucura etc! )t/ a, tudo bem! capaz de abarcar os son.os, as emo2Aes, a loucura etc! )t/ a, tudo bem! Entretanto, ao procurar elucidar a loucura 7 domnio que se l.e .avia Entretanto, ao procurar elucidar a loucura 7 domnio que se l.e .avia concedido 7, o m/todo interpretativo acabou tendo de ir mais longe, por concedido 7, o m/todo interpretativo acabou tendo de ir mais longe, por descobrir que aquilo que não parecia ser loucura, a vida comum, não era descobrir que aquilo que não parecia ser loucura, a vida comum, não era tamb/m muito diferente! Posta em movimento, a interpreta2ão não se soube tamb/m muito diferente! Posta em movimento, a interpreta2ão não se soube deter, nem / bom que se deten.a, como veremos no pr9ximo captulo, que deter, nem / bom que se deten.a, como veremos no pr9ximo captulo, que trata do m/todo interpretativo da Psican1lise!

trata do m/todo interpretativo da Psican1lise!

'udo se passa como numa .ist9ria de fadas, quando depois de c.egar ao 'udo se passa como numa .ist9ria de fadas, quando depois de c.egar ao limite da pobreza a princesa recebe o prncipe e o reino, ou quando depois limite da pobreza a princesa recebe o prncipe e o reino, ou quando depois de gozar da maior felicidade, ao abusar um pouquin.o mais da sorte, um de gozar da maior felicidade, ao abusar um pouquin.o mais da sorte, um .omem se desgra2a! Camos c.amar a isto 8princpio do absurdo:3 quando .omem se desgra2a! Camos c.amar a isto 8princpio do absurdo:3 quando algo c.ega ao limite e ultrapassa#o, transforma#se em seu contr1rio! Em algo c.ega ao limite e ultrapassa#o, transforma#se em seu contr1rio! Em nosso caso, o pro0eto de tornar bem racionais todas as coisas, quando nosso caso, o pro0eto de tornar bem racionais todas as coisas, quando pr

pretetenendedeu u dodomiminanar r umuma a frfranan0i0in.n.a a quque e fafaltltavava, a, a a loloucucurura, a, crcrioiou u umum instrumento capaz de entender e curar a loucura, / certo, mas que, 0unto instrumento capaz de entender e curar a loucura, / certo, mas que, 0unto com ela, entende e mostra irracionalidade e loucura onde não se suspeitava com ela, entende e mostra irracionalidade e loucura onde não se suspeitava que .ouvesse! ) .ist9ria das id/ias / assim3 irGnica e, 6s vezes, vingativa! que .ouvesse! ) .ist9ria das id/ias / assim3 irGnica e, 6s vezes, vingativa! Cingan2a foi fazer ver ao .omem que, no descon.ecimento de seu pr9prio Cingan2a foi fazer ver ao .omem que, no descon.ecimento de seu pr9prio dese0o, criava o que queria e o que não queria, sendo portanto absurdo dese0o, criava o que queria e o que não queria, sendo portanto absurdo para si mesmo! E isto quando ele pretendia erradicar os restin.os de para si mesmo! E isto quando ele pretendia erradicar os restin.os de

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absurdo e loucura de seu mundo!

 )li1s, a atmosfera de +onto de fada não p1ra a! S9 nas .ist9rias infantis / que uma pessoa isolada inventa algo que modifica o mundo, e o faz quase sozin.o! &ossa ciência infelizmente sugere que o impossvel aconteceu! +om efeito, Hreud, praticamente s9, inventou um m/todo para interpretar o lado irracional, ou mel.or, o lado da mente que obedece a regras duma racionalidade diferente daquela da consciência! (igo infelizmente, porque isso aumenta muito a dificuldade que temos, os psicanalistas, de continuar e, eventualmente, vir a superar sua obra! Penso que os grandes psicanalistas estão, quase sempre, come2ando de novo!

 claro que Hreud não estava interessado originalmente, em denunciar toda a loucura da crise do real de que .1 pouco eu falava! +omo um m/dico .onesto, ele queria curar doen2as! Hoi assim que se dedicou a tratar doentes .ist/ricos 7 pessoas que sofriam de ataques de angústia, de paralisias ou dores sem causa orgKnica =fsica> e outros sintomas parecidos! Pode#se dizer que, ao tentar fazê#lo, foi como se puxasse o gatil.o do 8princpio do absurdo:, pois dos sintomas .ist/ricos teve de passar aos son.os, dos son.os aos atos fal.os 7 por exemplo, esses escorregAes de linguagem, inoportunos, que nos fazem dizer a verdade quando não queremos 7 e da 6 vida mental como um todo! *sso, por/m veremos ao longo de nosso livrin.o!

&o momento, apenas dese0o que você guarde a id/ia central! $ mundo edificado por nossa cultura .umanizou#se tanto, no sentido de ser tão fabricado, que sua sombra, o lado descon.ecido do dese0o .umano, acabou por aparecer mais do que devia, $ real come2ou a ficar um tanto duvidoso e o .omem a ver#se, malgrado seu, cada vez mais absurdo para si mesmo! $ra, se a Psican1lise foi inventada por uma pessoa c.amada Hreud, no fim do s/culo, em Ciena, a id/ia psicanaltica 7 isto /, o m/todo interpretativo 7 não foi inventada por ningu/m! Ela era a resposta certa para o problema da loucura de nosso tempo! Por assim dizer, quando o momento estava maduro, saiu do lugar onde esta guardada, no grande dep9sito das id/ias que não são dominantes numa dada /poca, para vir a .abitar a ciência que Hreud fundou! Sua missão, portanto / apresentar ao .omem o absurdo que o constitui e, se possvel, a0ud1#lo a reconciliar#se com ele, com o absurdo, e consigo mesmo!

? # $ %'$($ () PS*+)&-*SE

$ que / que um psicanalista faz@ Ele aplica o m/todo psicanaltico! 'alvez este0a tratando um paciente, talvez um grupo de pessoas, uma famlia, uma comunidade! 'alvez não este0a tratando ningu/m, mas tentando interpretar

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algum acontecimento! (esde uma notcia de 0ornal, at/, por exemplo, a curiosa tendência atual a desmantelar a casa .umana, que se revela no acúmulo de armas atGmicas ou na prolifera2ão dos atentados! Pode querer compreender o sentido de um palavrão, de uma piada ou de uma grande obra de arte! $ que ele estuda não / tão importante 7 desde que se0a um fenGmeno .umano 7, / importante sim, para saber se / um psicanalista, que este0a interpretando psicanaliticamente, quer dizer, que empregue o seu m/todo pr9prio!

&a verdade, como Hreud mesmo escreveu, o termo 8psican1lise: tem três sentidos3 / o m/todo interpretativo, mas significa tamb/m uma forma de tratamento psicol9gico =ou psicoterapia analtica> e igualmente / o nome do con.ecimento que o m/todo produz =ou teoria psicanaltica>! Fm pouquin.o confuso, não@ Bem, para evitar a confusão, e como o m/todo vem primeiro e / o essencial, costumo escrever o nome do m/todo e o da ciência inteira com letra inicial maiúscula, 8Psican1lise:; e, com minúscula inicial, 8psican1lise:, grafo o nome da terapia, disto que o analista faz em seu consult9rio! Então, a ciência e seu m/todo c.amam#se 8Psican1lise:, a terapia denomina#se 8psican1lise:, ou simplesmente 8an1lise:

7 quanto 6 teoria, não .1 problemas, sempre dizemos 8teoria psicanaltica:! Para que você entenda o que / o m/todo psicanaltico, vou usar agora, como exemplo, a terapia analtica, e tudo ficar1 claro! Cer1 que entenderemos a Psican1lise atrav/s da psican1lise!

Supon.a, por conseguinte, que você se converteu em analista 7 por artes m1gicas ou depois de uns "J anos de estudo! Cocê estar1 decentemente tra0ado, sentado numa confort1vel poltrona, em um consult9rio de bom gosto, tendo 6 frente, deitado no divã, um cliente que o freqDenta algumas vezes por semana! *sso, pelo menos, / o comum! 'odavia, não / impens1vel que estivesse nu, no meio do mato, com seu paciente trepado no gal.o da 1rvore a seu lado, se as condi2Aes sociais fossem outras! (ou# l.e essa imagem alternativa, não porque ten.a algo contra roupas e consult9rios, por/m para que compreenda a diferen2a entre moldura e quadro, $ divã, a freqDência das sessAes, o pagamento etc! emolduram a an1lise, servem s9 para sustentar e delimitar aquilo que se faz! )li1s, como com o quadro que você tem na sala, / bom que a moldura não se0a tão pesada e rococ9 a ponto de embaral.ar a cena retratada! =Cocê 01 reparou como, nos 0ornais e nas discussAes públicas, quase que somente se fala das correntes, associa2Aes e brigas entre psicanalistas@ Pois este / um exemplo da moldura atrapal.ando a visão do quadro, porque, afinal, isso tudo não / realmente importante!>

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(igamos, por/m, que você este0a sentado na poltrona e o paciente deitado 6 sua frente! Ele estar1 falando!!!

 )s palavras são trai2oeiras! 5uando falamos, dizemos o que queremos dizer, por/m, ao mesmo tempo, dizemos tamb/m muitas outras coisas de que nem suspeit1vamos! %esmo se algu/m diz algo tão simples como 8est1 c.ovendo:, refere#se a um estado do tempo, mas comunica simultaneamente uma por2ão de outras coisas! Halar1 com agrado ou com raiva, e saberemos 01 se tin.a ou não certo pro0eto que a c.uva atrapal.ou! 8Est1 c.ovendo: pode ser um convite a que permane2amos aconc.egados num abrigo, talvez conten.a a id/ia de uma esp/cie de vitalidade tal qual a da terra bem regada etc! $ que / garantido, no entanto, / que 8est1 c.ovendo: não significa apenas que est1 c.ovendo! N1 sempre, no mnimo, o fato de que isso foi dito para uma outra pessoa e com alguma inten2ão con.ecida 7 com alguma inten2ão con.ecida e com v1rias inten2Aes mal con.ecidas!

&a verdade, são tantos os sentidos simultKneos das nossas palavras, que seria virtualmente impossvel uma conversa civilizada caso não se reduzissem tais sentidos a alguns poucos! 5uero dizer que / necess1rio um acordo t1cito entre as pessoas que se comunicam, a fim de limitar drasticamente a abrangência do que se diz!  como se combin1ssemos3 não vamos prestar aten2ão a, digamos, OO dos significados possveis do que estamos dizendo, para que o resto possa ser bem entendido! Em particular, na vida cotidiana, procuramos diligentemente ignorar tudo aquilo que, nos ditos, refere#se ao interlocutor e não ao referente externo; isto /, no 8est1 c.ovendo:, procuramos esquecer todo o con0unto de insinua2Aes acerca de nossa convivência =do tipo, 8c.ove, portanto fiquemos aconc.egados no quentin.o:>, e nos concentramos no estado do tempo, o referente externo deste caso =isto /, 8c.ove, portanto não faz sol:>!

 ) tão violenta redu2ão costumo c.amar 8redu2ão consensual dos sentidos do discurso:, porque / fruto de um acordo ou consenso entre as pessoas que se comunicam, ou c.amo#l.e 8rotina:! Esta / uma grande tarefa, importantssima e difcil! Sem ela, não se poderia conversar, est1 visto!

Cocê 01 observou a confusão que se cria numa discussão acalorada, quando, de repente, parece que ningu/m fala mais a mesma lngua do outro! ) cada momento / preciso explicar3 8&ão foi isso que eu disse, não foi isso que eu quis dizer, eu quis dizer s9 que!!! 8! (1#se simplesmente que, por causa da animosidade dos espritos, perdeu#se um pouquin.o do acordo consensual, foi violado o acordo sobre o tema, por exemplo, e alargou#se um bocadin.o o sentido permissvel das palavras!

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$ra, se você est1 sentado detr1s de seu paciente, escutando#o, talvez pense que deva descobrir sentidos muito complicados, 8psicanalticos:, no que ele diz!  um engano! Para fazer an1lise, basta que consiga ouvi#lo de maneira que se v1 suprimindo aos poucos a redu2ão consensual ou rotina! *sto se consegue assim3 seu paciente conta#l.e algo do que fez ontem, depois comenta um detal.e novo do consult9rio, faz uma piada, tosse, lembra#se de um son.o etc! Se você fosse uma pessoa bem educada, numa situa2ão cotidiana, interessar#se#ia polidamente por cada assunto em separado, responderia, riria com ele! ! ! e perderia o sentido de con0unto! Hazer an1lise / uma esp/cie de falta de educa2ão sistem1tica! )tr1s do paciente, você estar1 calado, procurando 0untar os peda2os da conversa, sem se deter no que, de .1bito, significaria

mudan2a de assunto! )o contr1rio, prestar1 a m1xima aten2ão 6s mudan2as de assuntos, perguntando#se3 8Se se trata de um s9 assunto, qual / ele e que se diz agora a respeito@:! Em outras palavras, você eliminou uma referência consensual importantssima, aquela que afirma que cada dito tem de ser entendido no assunto a que o interlocutor se pretende ater! +omo um c.ato que /, você se pergunta3 8+asa, mais consult9rio, mais piada, mais son.o, o que tudo 0unto me comunica agora@ $ que quer dizer@:, ainda que o paciente não o queira dizer, conscientemente!

5uando, pois, você descobrir um sentido geral, da forma que mencionei, e comunic1#lo a seu paciente, ele se surpreender1 muito!  plausvel que afirme nunca ter pensado nisso e que certa mente não foi o que quis dizer! 'alvez então você sorria com superioridade, por/m não se esque2a de que ele tem razão3 com certeza não pensara e menos ainda quisera dizer o que estava contido em suas palavras 7 você / que o ouviu fora da rotina!

 )lguns nomes mais! (esculpe, mas / importante saber nomear o que se passa na an1lise, se quer vir a ser analista e poder conversar acerca de seu trabal.o! ) esse tipo de aten2ão um pouco extravagante, que viola todas as regras da boa educa2ão cotidiana, Hreud c.amava 8aten2ão flutuante:! Esse termo você 01 con.ece, não / mesmo@

 ) comunica2ão feita ao paciente, que serve para romper os limites do assuntos que ele pensava poder tratar em separado, c.ama#se interpreta2ão psicanaltica! $utro nome con.ecido! Hinalmente, 6quilo que d1 sentido ao que se diz e que o limita =8est1 c.ovendo: que faz referir#se a um estado do tempo e não, por exemplo, a um estado da rela2ão entre duas pessoas> c.amaremos 8um campo da comunica2ão: ou simplesmente 8campo:! Portanto, ao interpretar, o que você fez, essencialmente foi quebrar os limites que a rotina o dia a dia impusera aos significados do

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paciente; isto /3 você produziu uma 8ruptura de campo:!

+onsidero o efeito de ruptura de campo o processo fundamental do m/todo psicanaltico, tanto no que diz respeito 6 produ2ão de con.ecimentos, como no que concerne 6 produ2ão da cura! +ostuma#se crer que a interpreta2ão psicanaltica mostra ao paciente um tipo especial de sentido, atrav/s de suas associa2Aes, das id/ias que nos comunica3 os remanescentes da sexualidade infantil, os processos de recalcamento e outros conteúdos semel.antes, que atrav/s deste livrin.o iremos discutindo, *sto / certo, de algum modo! Esses esquemas interpretativos constituem a teoria Psicanaltica, a qual norteia as interpreta2Aes! Semel.antemente, .1 normas para bem interpretar; condi2Aes de tempo propcias, ordem precisa em que certas emo2Aes podem ser patenteadas, formas preferenciais para a formula2ão de interpreta2Aes etc! Em con0unto, constituem a t/cnica psicanaltica! 'eoria e t/cnica 0untas ensinam, pois, como fazer bem a an1lise; não explicam, entretanto, o que vem a ser a interpreta2ão em si mesma 7 isto /, que ato / este, a interpreta2ão, que pode eventualmente ser bem ou mal feito!

Fma coisa / saber que 0ogo estamos 0ogando; outra / saber 0og1#lo bem! &o momento, estou apenas querendo ensinar#l.e a essência do 0ogo, que /, penso, a opera2ão de ruptura de campo!

5uando você escutou seu paciente dessa maneira estran.a, desrespeitando os limites dos assuntos que ele pensava abordar, e comunicou#l.e um sentido geral que ele não sabia recon.ecer nas pr9prias palavras, o resultado ter1 sido, / prov1vel, bastante surpreendente! $ cliente talvez reclame de não ter sido compreendido, ao mesmo tempo em que experimentar1 uma sensa2ão algo vaga de que o que você l.e disse tem tudo a ver com ele!

E .1 algo ainda pior 7 ou mel.or, quem sabe!  que, dos sentidos outros que suas palavras contêm, os quais se cancelam geralmente no cotidiano, você ter1 selecionado expressamente aqueles que definem a rela2ão que os dois mantêm no momento! possvel fazê#lo porque tudo o que dizemos e pensamos sempre nos define; o que nos / al.eio, em algum momento, não / pens1vel sequer! )ssim, você estar1 procurando o sentido geral, includo despercebidamente no discurso =nas palavras do paciente>, que mostra quem / ele nesse momento, e em particular como / ele na rela2ão com você! Por fim, como este 8ser na rela2ão: ap9ia#se com for2a sobre um estado afetivo, numa emo2ão, você ter1 descoberto para ele como / que se sente, sem o saber, em rela2ão a você!  concebvel 7 brinquemos um pouco do 0ogo analtico 7 que ao constatar a c.uva seu paciente este0a a

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l.e propor que você / algo assim como uma nuvem, c.ovendo sobre ele, que, na .orizontal, se faz de terra, fertilizando#o, mas fazendo brotar lembran2as irritantes de .umil.a2Aes infantis! Estran.o@

Estran.ssimo! E, no entanto, se a interpreta2ão tiver sido bem feita, se a compreensão tiver sido cuidadosa, tal sentido estar1 de fato contido nos ditos do paciente =a que c.amamos 8material:>! )ssim, ser#l.e#1 difcil negar pura e simplesmente que a interpreta2ão tin.a razão de ser!

$s muitos sentidos das palavras .umanas, se tomados em con0unto, poderiam levar#nos para quase qualquer lugar! Sucede, por/m, que durante uma sessão eles se cruzam e descruzam, determinando pontos de convergência ou n9s, para onde se encamin.am por2Aes consider1veis dos sentidos marginais do discurso! ) essas mal.as damos o nome de fantasias! Seguimo#las atrav/s dos fios, interpretamo#las ao recon.ecê#las, produzindo uma sensa2ão de ter completado algo que faltava, para uma inteligência diversa do material, que inclui agora seu 8sentido geral inconsciente:!

Então, o paciente 01 não sabe, momentaneamente, o que est1 fazendo com você! Pensava estar contando coisas importantes, e, de c.ofre, ouve que est1 a ser c.ovido< +omo isso parece#l.e tão estran.o quanto bem encaixado, perde os limites dos assuntos de que pensava tratar, percebe#se diferente, não um relator de id/ias, mas um não#sei#quê apto a ser fecundado! Sente#se estran.o, sem saber o que pensar! &a verdade, diria, sem saber como fazer para pensar, porque o pensamento cotidiano respeita cuidadosamente os limites dos temas, dos assuntos; quer dizer, ap9ia#se em campos bem definidos, como os p/s sobre tapetes! E se l.e retirou, com uma interpreta2ão, o tapete debaixo dos p/s do esprito!

&esse estado de confusão, aparece algo que, de .1bito, est1 bem coberto!  )parece aquilo que faz com que algu/m, o paciente no caso, pense, sinta e fa2a o que faz, e que ele crê ser sua vontade soberana! Puro engano! Esses sentidos estran.os, como o de ser c.ovido, impulsionam nossa mente sem que nos possamos dar conta; manifestam aquilo que denominamos 8dese0o:!  o dese0o que produz nossas emo2Aes!  ele uma esp/cie de matriz, que permite e obriga algu/m a possuir certo repert9rio de emo2Aes e não outras quaisquer! $ analista, interpretando, vai formando,  0unto com seu paciente, o esbo2o lento do desen.o de seu dese0o!

Hundamentalmente, por romper o campo da rotina e assim propiciar um espa2o em que o dese0o se pode mostrar, ainda que de forma indireta!

'udo se passa como naquele 0ogo em que se coloca um papel de seda sobre uma moeda! isca#se e, devagar, vai aparecendo a efgie da moeda

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no papel superposto! 'al qual a moeda, o dese0o não / visvel diretamente 7 adiante saber#se#1 que ele / inconsciente, e poderemos discutir o que isto quer dizer! Seu desen.o aparece, não obstante, nas sucessivas interpreta2Aes, pois, de tanto desen.ar como / o paciente em rela2ão a você, surgir1 a forma que seu dese0o adquire em rela2ão a qualquer outra figura! 'al tipo de escuta, que apreende o paciente em rela2ão a seu analista, responde tamb/m a um nome bastante con.ecido3 transferência! 'ransferência, como a da moeda para a superfcie do papel, entendeu@ +aso não ten.a ficado claro, sugiro que experimente, mas primeiro com a moeda e o papel; ou na situa2ão analtica, tendo a você mesmo como paciente e algu/m mais experimentado a fazer de analista!

&esse 0ogo / preciso algum cuidado, uma vez que o dese0o, que vai mostrando sua face, / aquele absurdo a que antes eu me referia! $ sentimento de ser absurdo 7 c.ovido, por exemplo 7 mexe com toda a constitui2ão psquica do su0eito!

 uma coisa s/ria realmente, / o lado que determina o que somos, mas descon.ecemos! Sentir#se absurdo / muito parecido com estar louco! &a verdade, sentir#se absurdo sem prop9sito e sem a expectativa de voltar a recuperar o sentido de si mesmo pode levar 6 loucura! &a an1lise, o sentido de absurdo / provis9rio, o paciente recupera a si mesmo depois, tendo includo na consciência de si algumas auto#representa2Aes de que antes não dispun.a! Por tal razão, e porque pretende curar#se de sintomas 7 isto /, para tratar#se e con.ecer#se 7, ele pode tolerar o absurdo provis9rio, na expectativa de reencontrar#se ampliado! %as, no trKnsito duma representa2ão de si mesmo para outra =na 8expectativa de trKnsito:>, a consciência em condi2ão de an1lise experimenta uma s/ria angústia, uma impressão de se desagregar, de não saber o que /, ou de não ser nada! ecomendo que comece com moedas e um peda2o de papel!!!

 # $ *&+$&S+*E&'E

&ão l.e quero mostrar como os conceitos foram criados ao longo da .ist9ria da Psican1lise! Para isso, .1 bons textos, come2ando pelos de Hreud e seguindo com a introdu2ão de quase qualquer livro sobre a Psican1lise! Prefiro, ao contr1rio, deixar#l.e clara a maneira pela qual os conceitos psicanalticos são criados constantemente pela aplica2ão do m/todo, estudado no captulo anterior! Para tanto .1 uma forte razão!  que o sentido de um conceito te9rico est1 dado, em grande parte, por sua produ2ão3 a teoria significa o processo que a cria e a utiliza2ão que se l.e d1! -endo este captulo sobre o inconsciente, ten.a isso em mente!

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Ce0amos! 5uando um analista produziu inúmeras situa2Aes de ruptura de campo com seu cliente, foram surgindo aspectos diferentes do dese0o!

Esquemas emocionais 7 como o de ser c.ovido 7, se comparados uns aos outros, vão devagar compondo um desen.o caracterstico! Em primeiro lugar, tal desen.o / pr9prio desse paciente, em particular! ) forma especial que algu/m tem de gostar, por exemplo, repete#se tanto nos grandes amores, como nas pequeninas amizades! %as, por outro lado, como nosso repert9rio não / tão vasto, a forma de gostar / tamb/m, um pouco mais abstratamente, a forma de detestar, de brincar, de comer! Nomens meticulosos amam, odeiam, brincam ou comem por partes, organizadamente odiando cada pormenor de quem os ofendeu, saboreando cada mordia, mastigando cada pormenor! São pessoas que dizem3 8E al/m de tudo, ele ainda por cima me fez isso: 7 e tal regra emocional vale para qualidades de sentimentos diversos, da partida de futebol ao ban.eiro!

$ra, o repert9rio .umano / mesmo bastante limitado! Tustamente quando cremos ser mais originais, mais repetimos certas formas de ser que nos igualam a grupos inteiros de pessoas; d1#se apenas que o ignoramos cuidadosamente! Por causa disso, depois de interpretar v1rios materiais diversos, de v1rios pacientes, descobrimos que, no plano do dese0o, .1 similitudes de esquemas que se repetem com not1vel regularidade! E estes dizem respeito precisamente aos aspectos mais fundamentais dos sentimentos .umanos, de suas a2Aes e pensamentos! U constKncia de certas formas do desen.o do dese0o .umano corresponde então uma formula2ão geral que os psicanalistas podem fazer, referindo#se a tipos de emo2ão, a tipos de pacientes, ou 6s pessoas todas! +.amamos a isso3 teoria psicanaltica!

 )gora podemos entender mel.or algo que talvez o preocupasse no captulo anterior! Cocê se perguntava3 se as palavras podem ter tantos sentidos diversos, bastar1 mostrar qualquer um deles, dizer qualquer coisa@ &a verdade, não! N1 um guia para as interpreta2Aes psicanalticas, guia que procede do pr9prio produto das interpreta2Aes anteriores! 5uer se trate do desen.o deste paciente em particular, quer saibamos de antemão certas caractersticas te9ricas pr9prias desse tipo de emo2ão que experimenta ou do tipo de pessoa que /, sempre estaremos em busca de decifrar algo mais ou menos determinado3 queremos completar o desen.o do dese0o!

 ) esta altura você talvez se este0a perguntando3

8Essas regras que compAem o desen.o do dese0o e que vão orientando o trabal.o de decifra2ão psicanaltica, compreendo que este0am na cabe2a do analista, mas não estarão tamb/m na psique do paciente@:! 'em razão,

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estão sim! Estão, no sentido de limite; isto /, da mesma forma que uma m1quina de estampar tecidos s9 produz certo tipo de desen.o, .1 uma matriz para nossas emo2Aes, a que c.amamos dese0o, que nos limita a cumprir com certas regras emocionais! N1, de fato, uma esp/cie de l9gica das emo2Aes .umanas bem diversa daquela que as pessoas usam para explicar os motivos de suas a2Aes! )li1s, nada .1 de tão cuidadosamente ignorado como o lugar de onde provêm tais regras limitantes; e você 01 deve ter desconfiado que tal lugar / o inconsciente!

5ue significa .aver o inconsciente@ Em primeiro lugar, exatamente aquilo que eu dizia no come2o3 uma certa forma de descobrir sentidos, tpica da interpreta2ão psicanaltica! $u se0a, tendo descoberto uma esp/cie de ordem nas emo2Aes das pessoas, os psicanalistas afirmam que .1 um lugar .ipot/tico donde elas provêm!  como se supus/ssemos que existe um lugar na mente das pessoas que funciona 6 semel.an2a da interpreta2ão que fazemos; s9 que ao contr1rio3 l1 se cifra o que aqui deciframos!

Ce0a os son.os, por exemplo! (ormindo, produzimos estran.as .ist9rias que parecem fazer sentido sem que saibamos qual! +.egamos a pensar que nos anunciam o futuro, simplesmente porque parecem anunciar algo, querer comunicar algum sentido Hreud tratando dos son.os, partia do princpio de que eles diziam algo e com bastante sentido! &ão, Por/m, o futuro! (ecidiu interpret1#los! Sua t/cnica interpretativa era mais ou menos assim! 'omava as v1rias partes de um son.o, seu ou al.eio, e fazia com que o son.ador associasse id/ias e lembran2as a cada uma delas! Hoi possvel descobrir assim que os son.os diziam respeito, em parte, aos acontecimentos do dia anterior, embora se relacionassem tamb/m com modos de ser infantis do su0eito!

*gualmente, ele descobriu algumas regras da l9gica das emo2Aes que produz os son.os! Ce0amos as mais con.ecidas! +om freqDência, uma figura que aparece nos son.os, uma pessoa, uma situa2ão, representa v1rias figuras fundidas, significa isso e aquilo ao mesmo tempo! +.ama#se este processo condensa2ão, e ele explica o porquê de qualquer interpreta2ão ser sempre muito mais extensa do que o son.o interpretado! $utro processo, c.amado deslocamento, / o dar o son.o uma importKncia emocional maior a certos elementos que, quando da interpreta2ão, se revelarão secund1rios, negando#se 6queles que se mostrarão, realmente importantes! Fm detal.ezin.o do son.o aparece, na interpreta2ão, como o elo fundamental! (igamos que o son.o, como um estudante desatento, coloca erradamente o acento tGnico =emocional, / claro>, criando um drama diverso do que deveria narrar; como se dissesse! squilo por esquilo!!! Fm terceiro processo de forma2ão do son.o consiste em que tudo /

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representado por meio de smbolos e, um quarto, reside na forma final do son.o que, ao contr1rio da interpreta2ão, não / uma .ist9ria contada com palavras, por/m uma cena visual!

Essas e outras propriedades da linguagem onrica =$nrico V do son.o> constituem os mecanismos de forma2ão dos son.os! %as 7 preste aten2ão< 7 como con.ecemos tais mecanismos@ (o con0unto de associa2Aes que partem do son.o, o int/rprete retira um sentido que l.e parece razo1vel! Para Hreud, e para n9s, todo son.o / uma tentativa de realiza2ão do dese0o! ) interpreta2ão, por conseguinte, mostrar1 uma .ist9ria que cont/m um anseio satisfeito; tal como3 8Eu queria ter isto ou fazer aquilo:, 8) culpa do que fiz não / min.a:, 8*sto realmente não aconteceu:, 8Ce0o#me assim: etc! ) .ist9ria reconstruda pela interpreta2ão c.ama#se 8conteúdo latente do son.o:, em oposi2ão 6quilo que o son.o efetivamente mostra, que / seu 8conteúdo manifesto:!

$s mecanismos onricos, portanto, são a medida da transforma2ão de um texto em outro, são o que traduz o conteúdo latente em conteúdo manifesto! Fma c.arada, onde certas regras l9gicas permitem transformar uma frase noutra, cu0o sentido / obscuro, at/ que o c.aradista a mate! Pois, bem, como na c.arada, os mecanismos para cri1#la não são outra coisa senão o inverso daqueles que usamos para resolvê#la! Se n9s fizemos associa2Aes ramificadas a partir de cada elemento do son.o, / natural que cada figura possa condensar v1rias figuras, tantas pelo menos quantas tivermos associado! Se descobrimos assim um outro valor afetivo para o son.o, segue#se que o conteúdo manifesto acentuou diferentemente 7 em rela2ão ao conteúdo latente 7 tais valores, realizou 8deslocamentos:! Se cremos ter encontrado o sentido verdadeiro do son.o, este o exibia falso, ou simb9lico! Se, por fim, ao interpret1#lo, transformamos a linguagem visual do son.o em palavras, s9 nos resta dizer que o son.o .avia transformado as palavras do conteúdo latente nas imagens do conteúdo manifesto! Simples, não /@ $ inverso do processo interpretativo, o camin.o de ida, se a fosse o de volta, atribui#se ao inconsciente 7 são os processos psicoprim1rios, por oposi2ão aos da consciência, os processos psicossecund1rios!

Ser1 tudo apenas um brinquedo, uma c.arada que se inventa para resolver@ &ão, por certo; e 01 veremos por quê! )penas você deve compreender que o inconsciente psicanaltico não / uma coisa embutida no fundo da cabe2a dos .omens, uma fonte de motivos que explicam o que de outra forma ficaria pouco razo1vel 7 como o medo de baratas ou a necessidade de autopuni2ão! *nconsciente / o nome que se d1 a um sistema l9gico que, por necessidade te9rica, supomos que opere na mente das pessoas, sem, no entanto afirmar que, em si mesmo, se0a assim ou

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assado! (ele s9 sabemos pela interpreta2ão!

'odavia, se não / por puro amor 6 c.arada, para que servem os disfarces do son.o@ $s psicanalistas pensam que têm bastante utilidade! 'eoricamente, supomos que .a0a uma s/rie de for2as impulsionando a vida mental! Em que forma existem, não se sabe ao certo! Por/m, imaginamos que se0am for2as que operam de permeio entre o fsico e o psquico! =&ão / dizer muito, sei, mas / o m1ximo a que podemos c.egar!!!> Essas for2as ou pulsAes representam as necessidades do organismo .umano e de seu psiquismo, tais como fome, sexo, curiosidade =diga 8epistemofilia:, se quiser surpreender os seus amigos com uma palavra difcil, que significa 8adi2ão ao con.ecimento: ou 8curiosidade de saber:>etc!

(essas pulsAes quase nada sabemos, são .ip9teses te9ricas! Entretanto, elas se fazem representar na vida mental por uma esp/cie de corpo diplom1tico 7 os representantes psquicos da pulsão

7 que induz a psique a satisfazê#las! Eu posso não saber exatamente o que / a fome fisiol9gica, mas sei bem o que significa sentir fome!

$ra, pois; se eu sinto fome durante o sono, / possvel que acorde, o que viria pre0udicar outra necessidade, a de repouso; então son.o que como e me engano por algum tempo! Pode suceder, não obstante, que me ocorra um dese0o menos aceit1vel, como o de redecorar a sala de visita de casa com uma pintura de fezes! &ão se espante, as criancin.as têm vontades desse tipo, e infelizmente as realizam, se não .ouver quem l.as impe2a! (ese0os de tal monta, contr1rios frontalmente 6s aquisi2Aes duma boa educa2ão, feririam os pudores da consciência 7 al/m de ferirem outros sentidos que não o est/tico 7; têm de ser disfar2ados, .1 uma censura interna que l.es probe o acesso 6 consciência!

(e forma an1loga são censurados certos dese0os sexuais, agressivos e outros! %uito daquilo que nossa vida infantil permitia, na fase adulta 01 não pode mais nem ser pensado, ou porque viole as normas de socializa2ão, ou porque contraria outros impulsos mais importantes! Seria 9timo viver de brisa, a pregui2a o diga, mas as necessidades de manuten2ão pessoal ficariam muito contrariadas com tal regime!

Para con0ugar tendências tão opostas, a psique lan2a mão de um truque! (e um fado, ela não permite que c.eguem a ser representadas cons cientemente as pulsAes muito contr1rias ao con0unto da vida mental duma fase qualquer da vida! &ão se representam, por/m nem por isso desaparecem 7 em alguma parte do cora2ão temos sempre ?R anos, em outras partes, J ou L meses de idade! U proibi2ão de se representar conscientemente uma pulsão denomina#se repressão3 se ela / muito

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completa, recalcamento! ) repressão, portanto, impede que a id/ia =ou representa2ão> dum impulso aceda 6 consciência; contudo, o prazer ou o desprazer ligado 6 representa2ão não d1 para sufocar! $s afetos passam! S9 que passam 7 e a est1 o truque 7 disfar2ados, ligados a outra representa2ão ou id/ia, simbolizados! (a a utilidade dos processos de forma2ão do son.o, segundo Hreud, pois despertaramos desgostosos caso tiv/ssemos contato com as id/ias originais!

$s son.os, os atos fal.os =a que 01 me referi>, os sintomas neur9ticos =que veremos 6 frente> funcionam pois como v1lvulas de escape para o reprimido! %ais do que isso! São verdadeiras obras de arte, fundindo, numa mesma id/ia, pulsAes obstadas e a censura que as probe! +omo se os son.os dissessem3 85uero isto, mas isto não / isto, nem sou eu que o quero!!! 8! +uidado, pois, ao negar de muitas maneiras diferentes a mesma coisa<

Camos rever esse esquema te9rico! N1 pulsAes =ou impulsos>! )lguns deles não se podem realizar, nem se representam conscientemente, pois contrariam o equilbrio da vida mental, gerando desprazer! T1 que a mente tende ao prazer, a id/ia que os representa / recalcada! +omo o afeto não o pode ser, este aparece, mas disfar2ado, como se se manifestasse em outra id/ia! Esparramar as fezes pela sala / incompatvel com uma pessoa bem educada; pintar um quadro 7 por mais feio que se0a, c.eira menos mal 7 / compatvel, / at/ merit9rio! %odificou#se o fim do impulso, transformado em algo mais elevado culturalmente, mais sublime3 denomina#se isto 8sublima2ão:! $u então, o impulso aparece menos disfar2ado 7 todavia disfar2ado ainda 7 num son.o, num ato fal.o, num sintoma! Entendeu@ (ecerto s9 ficamos sabendo de tudo isso atrav/s de interpreta2Aes! -ogo, o processo de encobrimento / apenas o reverso do processo de interpreta2ão! $ inconsciente, por assim dizer, / uma interpreta2ão ao contr1rio!

$ra, se alguma coisa parece irracional, depois de interpretada, ela fica bem explic1vel! Se algu/m teme um bic.in.o inofensivo, sempre se pode dizer que este, o bic.in.o, representa impulsos autodestrutivos inconscientes! E os impulsos autodestrutivos, / 0usto temê#los! Ser1 certo pensar assim@ Bom, não muito! Senão, como se costuma dizer, Hreud sempre explica! +ontudo, .1 muitas pessoas que pensam que a Psican1lise / bem isso; e .1 outras pessoas que a xingam por ser desse 0eito, exatamente como não /!

Pois, para a Psican1lise, tanto o que / incompreensvel quanto o que / bem compreensvel 6 luz da vida cotidiana merecem igualmente que se

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interprete! )s pessoas comuns costumam explicar o que fazem da seguinte maneira! Eu fiz isso assim porque tin.a motivos! Se os motivos não me ocorrem, entretanto, / possvel que se0am motivos descon.ecidos, inconscientes, que 0ustifiquem min.as id/ias e a2Aes! $ importante, você vê, / manter a proporcionalidade entre motivo e a2ão! &em que, para tanto, ten.amos de inventar motivos inconscientes ou atribuir qualidades e defeitos aos outros, como faz o .omem preconceituoso! =Se você não o fez, fê#lo seu pai ou tio, ou pelo menos você poderia tê#lo feito etc!>

&ada mais diferente dessa psicologia motivacional prim1ria do que a Psican1lise! $ m/todo psicanaltico não se vale da l9gica cotidiana, da propor2ão entre motivo e a2ão! Por que s9 o irracional .averia de ter motivos inconscientes; e o resto@ $ inconsciente não / um sistema de explica2Aes para o inexplic1vel, mas uma l9gica diferente! 'ais explica2Aes  0ustificam, o porquê duma id/ia ou a2ão, quando ela 01 se deu3 são racionaliza2Aes! ) interpreta2ão psicanaltica visa demonstrar o processo que torna possvel uma id/ia ou a2ão, a maneira pela qual n9s as concebemos, a l9gica da concep2ão! &ão a l9gica superficial do que 01 foi concebido! -9gica da concep2ão, l9gica das emo2Aes ou l9gica inconsciente são nomes da mesma coisa3 mostram o como, não se det/m no porquê! )l/m disso, a interpreta2ão, como 01 vimos, parte da no2ão de que .1 sempre inúmeros sentidos, e não um s9 sentido verdadeiro!

Por essa última razão, d1#se algo curioso com a teoria psicanaltica! Ela poderia explicar quase tudo, / claro! Por isso, preferimos us1#la para não explicar nada, a não ser o pr9prio processo de concep2ão! )ssim, quando se usa uma teoria psicanaltica para interpretar, mesmo que se0a uma teoria tão respeit1vel como a do complexo de dipo, estamos sempre procurando refut1#la!

&o mnimo, estamos abertos a que a pr1tica a refute! +.amo a isso 8princpio de risco: do processo interpretativo!

 )li1s, se uma teoria qualquer entra no come2o duma interpreta2ão concreta 7 feita a um paciente, por exemplo 7, / de se esperar que ela saia modificada na outra ponta da interpreta2ão! +aso contr1rio, se sai igual, direi que apenas encontramos o que 01 tn.amos colocado, que a interpreta2ão foi teoricamente indiferente 7 conquanto talvez at/ possa ter sido clinicamente útil! Se a teoria se modifica, se se especifica ou / corrigida, a sim penso que se tratou duma interpreta2ão teoricamente significativa! ) teoria, por conseguinte, arrisca#se, de cada vez que a empregamos de forma legtima na pr1tica analtica! Sempre estamos 6

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procura de outra coisa, de que algo novo sur0a! Essa possibilidade sempre presente de dissolu2ão da teoria faz com que devamos considerar a pr1tica psicanaltica não como conseqDência simples das nossas teorias, por/m como uma atividade te9rica muito perigosa e radical! +om efeito, a pr1tica analtica / o ponto de fusão de sua pr9pria teoria!

I # $ )P)E-N$ PSW5F*+$

Se você entendeu o camin.o ou m/todo pelo qual o inconsciente se descobre e a utiliza2ão legtima da teoria psicanaltica, podemos passar agora ao exame das teorias do aparel.o psquico e da libido!

 ) Psican1lise não trata de fatos materiais, nem respeita os limites das conven2Aes a respeito deles! Sempre que se l.e antepAe uma divisão bem estabelecida, ela deve perguntar3 8Em que campo tal distin2ão se assenta@:! E, em seguida, experimenta rompê#lo! Poucas certezas .1, que tão fortemente este0am calcadas em nosso esprito, quanto aquela da existência dos indivduos .umanos3 eu, ele, você, são referências naturais de toda senten2a! Pois bem, ao estudar o mais individual de todos os atributos do indivduo, seu aparel.o psquico, / onde, precisamente, a Psican1lise amea2ar1 romper a unidade individual!

Pois o termo 8indivduo: não evoca indivisvel, aquele que não pode ser dividido@: %as a teoria psicanaltica do aparel.o psquico come2ar1  0ustamente por a, dividindo#o e mostrando que ele não se centra onde pensava, em sua consciência! 'amb/m, e talvez at/ mais escandalosamente, a Psican1lise, embora comece a investigar o aparel.o psquico em pessoas distintas, confunde um pouco os limites estabelecidos, de forma que o psiquismo poderia ser tamb/m coletivo, social, ou mesmo mais abstrato! 'alvez as obras .umanas conten.am seu pr9prio psiquismo, talvez se0am elas a psique .umana, mais at/ que as pessoas isoladas!

+om efeito, uma teoria geral do aparel.o psquico, da m1quina espiritual de pensar, sentir, agir, deveria principiar pela distin2ão, 01 estabelecida p1ginas atr1s, entre l9gica do concebido e l9gica da concep2ão! &9s todos temos muitas explica2Aes a dar sobre as razAes que 0ustificam o que fazemos e sobre a ordem que .1 no que pensamos; por/m, nada sabemos dizer, na vida comum, a respeito das razAes e ordem de concep2ão em si mesma; da concep2ão que nos faz gr1vidos de sentimentos, de id/ias, de a2Aes! &o m1ximo, fazemos uma atribui2ão indevida, afirmando que c.egamos a pensar, sentir ou agir por causa dos efeitos que visamos obter!  como dizer3 meu carro anda por causa do lugar aonde quero ir 7 erro que recebe,

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dos fil9sofos, o nome pomposo de fal1cia teleol9gica, isto /, engano =fal1cia> por confundir origem e eficiência com finalidade =teleologismo>!

 ) razão dessa fal1cia / muito simples! )contece que a l9gica da concep2ão / inconsciente; e mais, o inconsciente psicanaltico a ela pertence! 'odavia, não se pode limit1#la arbitrariamente aos indivduos isolados3 .1 id/ias e a2Aes sociais, .1 significados que abrangem toda a .umanidade, .1 concep2ão nas obras mesmas, no interior delas e não s9 no dos seus autores!

Para compreender mais facilmente o aparel.o psquico, entretanto, comecemos com as pessoas comuns, onde tudo come2a!

N1 a consciência! (isso ningu/m duvida, pelo menos no tocante 6 sua 7 que .a0a a dos outros, / sempre um problema delicado! ) consciência / um desses entes difceis de definir, mas que, por outro lado, felizmente, não requerem defini2ão! &9s a con.ecemos; ou mel.or, não a con.ecemos, por/m tudo aquilo que con.ecemos / consciência! Se você disser3 8Estou sofrendo um terrvel sentimento inconsciente de culpa:, desconfio que me est1 tentando enrolar! +omo ficou sabendo disso@ ) percep2ão que temos do mundo / consciência; as lembran2as, inclusive a dos son.os e devaneios, são consciência! ) mem9ria / consciência e s9 .1 mem9ria de fatos mentais conscientes! =Por outro lado, s9 .1 esquecimentos onde pode .aver mem9ria 7 o inconsciente não se lembra, nem se esquece!> 'udo o que se concebe, numa palavra, / consciência, menos o pr9prio processo de concep2ão!

 )o investigar os processos de concep2ão, a Psican1lise interessa#se por todos, mas centra sua aten2ão na questão dos conteúdos muito carregados de afeto, de prazer ou desprazer! $ princpio b1sico do funcionamento mental, segundo Hreud, / o de evitar desprazer! &9s 01 vimos que id/ias capazes de gerar desprazer ou dor psquica são impedidas de emergir 6 luz da consciência! $ inconsciente, portanto, / o lugar te9rico das representa2Aes recalcadas ou daquelas que nunca puderam c.egar 6 consciência, das pulsAes sem representa2ão consciente! &o inconsciente, segundo Hreud, .1 energia pulsional livre e representa2Aes que podem ser carregadas com essa energia, provocando as maiores confusAes 7 se, por exemplo, o ato de escrever for excessivamente carregado com libido =ou 8energia sexual:>, algu/m poder1 sentir vergon.a de escrever em público como se fora um exibicionista tmido! *nconsciente / tamb/m o pr9prio processo de recalcamento, que impede certas id/ias de emergir!

 )s id/ias recalcadas, todavia, não ficam inertes! Sempre estão a 0ogar entre si, usando como moeda a energia livre do sistema inconsciente, al/m de

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influrem no funcionamento da consciência! U medida que nossa vida consciente se desenrola, .1 uma esp/cie de entrela2amento entre certas representa2Aes =ou id/ias> e núcleos ou complexos inconscientes! Estes podem estimul1#las, inibi#las, fazê#las penosas ou agrad1veis! =) prop9sito, 8complexo:, na Psican1lise, significa simplesmente um con0unto complexo de id/ias carregadas afetivamente 7 como se diria um 8complexo industrial:! &em tem sentido pe0orativo, nem .1 razão para se dizer que fulano est1 8complexado:!> E mais, como o sistema inconsciente descon.ece o tempo e o esquecimento, suas representa2Aes permanecem ativas para sempre!

Entre o inconsciente e a consciência medeia um outro sistema psquico, que / o pr/#consciente! 8Pr/#consciente: c.ama#se o lugar onde, teoricamente, estariam as representa2Aes que, não sendo conscientes, podem vir a sê#lo, bastando para isso que o su0eito se interesse por elas!  o lugar do esquecido, do guardado, daquilo que /, no m1ximo, um tanto incGmodo, mas não demais! $ processo de relegar uma id/ia ao pr/#consciente c.ama#se 8repressão:; /, por assim dizer, menos 8forte: que o recalcamento! ) verdadeira barreira da censura est1, por conseguinte, onde .1 o recalcamento, entre o pr/#consciente e o inconsciente 7 pois os conteúdos do primeiro ainda mantêm acesso 6 consciência, acesso f1cil ou mais difcil! $ que l.es / essencial, por/m, / que 01 se exprimem por palavras, enquanto que os conteúdos inconscientes encontram vedado precisamente esse passo b1sico para c.egarem 6 consciência!

Fm dos esquemas de funcionamento da psique, pois, con0uga esses três sistemas3 consciente, pr/#consciente e inconsciente! $ modelo / simples, muitssimo útil e pr1tico, sobretudo quando se quer entender os diferentes tipos de l9gica operantes em nossa mente! $s sistemas possuem caractersticas l9gicas diversas ou, como se diz tamb/m, princpios diversos de funcionamento! ) consciência toma em conta a realidade consensual, o inconsciente trabal.a s9 de acordo com o princpio do prazer#desprazer, como uma esp/cie de m1quina de reduzir tensAes mentais, porque o excesso de tensão / experimentado como desprazer!

Por/m, pese sua ineg1vel utilidade, esse modelo / apenas isso3 um modelo! 'anto / verdade, que Hreud mesmo criou outro modelo do aparel.o psquico, tamb/m claro e útil! Este segundo esquema, ou segunda t9pica =de topos V lugar>, não se funda na disposi2ão dos conteúdos mentais em rela2ão 6 consciência, mas toma em conta as fun2Aes que a psique perfaz e as estruturas por elas respons1veis! Cocê talvez 01 con.e2a os nomes dessas três estruturas psquicas3 ego, id, superego!

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$ id 7 que nas palavras#cruzadas tem como conceito3 8substrato instintivo da mente: 7 / exatamente assim3 uma esp/cie de substrato, de onde provêm as pulsAes! Seus conteúdos são os representantes psquicos das pulsAes, se0a os que nunca c.egaram a se tornar conscientes, se0a os que foram recalcados! (essa forma, / f1cil compreender que o id / a instKncia original da psique! )o nascer, o indivduo psicol9gico seria, para Hreud, puro id! )os poucos, todavia, o contato com as pressAes da realidade iria provocar uma esp/cie de organiza2ão secund1ria da periferia do id, fazendo que parte de tal massa indiferenciada se estruturasse 7 mais ou menos como a crosta dum pão que est1 assando! ) essa casca organizada d1#se o nome de ego!

$ ego / a sede de quase todas as fun2Aes mentais! 'oda a consciência cabe ao ego, que se responsabiliza portanto pelo contato com o ambiente, com a realidade externa, $ ego, nesse sentido, / um simples feixe de fun2Aes3 percep2ão, atividade, 0uzo =ou 0ulgamento do que / real e dos fins a perseguir> etc! etc! %as o ego não / s9 consciência! N1 fun2Aes inconscientes do ego, os famosos mecanismos de defesa, que serão visitados por n9s quando estudarmos as neuroses! Por conseguinte, se o id / puro inconsciente, o ego liga#se estreitamente ao sistema pr/#consciente# consciência, mas, como todas as boas famlias, tamb/m tem seu p/ na cozin.a!

 ) terceira instKncia ou estrutura psquica, o superego, nada mais / do que uma parte bastante diferenciada do ego! 'ão diferenciada, que seus interesses separam#se daqueles do ego e podem se l.es contrapor! $ superego / uma esp/cie de censor das fun2Aes do ego, estimula o que se deve processar, probe o resto! Para realizar essa tarefa ingrata 7 ingrata para o ego 7, ele se baseia nas normas morais que se fixam a partir dos primeiros anos de vida! N1 uma pequena discussão, entre os psicanalistas, para saber quando exatamente se forma o superego 7 para n9s ela não / importante, basta observar que, como seus crit/rios são fundados em normas muito precoces, o 0uzo moral do superego / freqDentemente primitivo, c.ocando#se com as aquisi2Aes mais elevadas do ego!  um 0uiz, mas não / um bom 0uiz! Us vezes probe coisas que o ego mais desenvolvido poderia fazer com perfeito sucesso, s9 porque não o poderia ter feito nos tempos de sua origem! $ superego age como uma consciência moral e, no entanto, / fundamentalmente inconsciente e bastante imoral, eis o paradoxo!

Essas três estruturas, por/m, tão esquem1ticas, nem sempre se diferenciam! &o funcionamento adequado do psiquismo, quando tudo vai bem, formam antes um todo .armonioso! $ id supre energia pulsional, que

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o ego, autorizado pelo superego, transforma em pensamentos conscientes, pro0etos, a2Aes, a servi2o dos fins das pulsAes!  s9 quando eclode um conflito que se fazem realmente notar as discrepKncias entre as estruturas! (iante de uma pulsão do *d que o superego desaprova, o ego vê#se prensado entre exigências impossveis de serem inteiramente satisfeitas! Se a pulsão / aceita, representada conscientemente e posta em a2ão, a condena2ão do superego ir1 se expressar sob forma de dor psquica, angústia, sentimento de culpa! Se o acesso da pulsão / inteiramente proibido, esta continuar1 a insistir, a pedir passagem! Por isso, o ego acaba por bargan.ar3 aceita parcialmente a pulsão, por/m modificada, disfar2ada! 'rata#se de um acordo de compromisso3 o superego fec.a um pouco os ol.os, o id cede quanto 6 forma, e todos ficam felizes!

Helizes@ &em tanto! Para poder impedir que uma pulsão penetre na consciência, os processos defensivos eg9icos, o recalcamento em particular, necessitam usar um tanto de energia para se opor! %as onde encontr1#la@ ) solu2ão / tão elegante quanto insatisfat9ria! E necess1rio enganar o princpio do prazer, que domina o inconsciente, para dele mesmo retirar for2as que se oporão 6 sua satisfa2ão! (iante de uma pulsão proibida, cu0a satisfa2ão daria prazer se o superego não se opusesse, .1 que convencer o princpio do prazer de que suceder1 dor! Para efetivar esse truque, o ego aciona uma esp/cie de alarma, um pequeno sinal de angústia, sempre que tal tipo de pulsão se l.e apresenta 6 porta! +omo se dissesse ao id3 ve0a como isso que parece bom, na verdade, d9i! E o id, enganado at/ certo ponto, cede energias para contrariar seus pr9prios fins pulsionais!

Basta então ativar os mecanismos de defesa, carregados dessa energia, conseguida com um truque que envolve angústia, como se vê! &o fim, portanto, todos ficam mais ou menos insatisfeitos 7 mas o que se .1 de fazer, a poltica mental, pelo menos, / a arte do possvel!

Pois bem, definido para você o modelo estrutural 7 id, ego, superego 7 e exercitado com este exemplo de conflito padrão, ficar1 provavelmente a id/ia de uma esp/cie de organograma de empresa3 certos departamentos respons1veis por tais ou quais fun2Aes! %odelos são sempre ingratos, são formas muito secas de pensar! Para dissipar um pouco a impressão de esquematismo rgido, vale a pena tratar de imediato da origem dessas instKncias, em rela2ão ao desenvolvimento da libido!

-ibido, você sabe, / o nome usado por Hreud para designar a energia sexual! +omo podemos con.ecê#la, por/m, se energias mentais não são mensur1veis@ ) questão est1 longe de admitir uma resposta simples! Para

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n9s, entretanto, basta considerar que a sexualidade sofre transforma2Aes3 o ob0eto de interesse sexual varia bastante ao longo da vida .umana, mas tamb/m variam as maneiras pelas quais se satisfaz a sexualidade! (isso sabemos todos! E se tanto pode mudar o interesse sexual, que / que se satisfaz =ou não> em formas tão diversas@ esposta3 a quantidade de energia sexual, se0a l1 o que isso signifique, pois satisfeita de um modo qualquer, observa#se uma diminui2ão da necessidade de satisfazê#la de outro! ) tal constante nas mudan2as Hreud c.amou 8libido:, que / como em latim se diz dese0o!

 ) libido, para a Psican1lise, / a energia que pode experimentar os maiores desvios e contra tempos em sua utiliza2ão; ao contr1rio, por exemplo, da energia ligada 6s pulsAes alimentares! Por isso, interessa#nos mais! &ão por ser a única, mas por ser a mais complicada, digamos!

*nicialmente, nos come2os da vida mental, a libido aparece como um 8algo a mais: ligado 6s fun2Aes de nutri2ão! $ bebê que se alimenta retira do ato de sugar um prazer a mais, er9tico, que se expressa no ato de c.upar o dedo! +.upando o dedo não se alimenta, decerto; todavia, consegue algo assim como um suporte para suas fantasias de estar mamando 7 engana a fome e a si mesmo! ) primeira fase da libido caracteriza#se por esse tipo peculiar de satisfa2ão, em que o ob0eto sexual / ainda o pr9prio corpo infantil3 o 8auto#erotismo:!

&a fase de auto#erotismo não .1 ob0eto externo, nem .1, para Hreud, estruturas mentais outras que o id, esse reservat9rio indiferenciado de pulsAes! -ogo em seguida, por/m, o psiquismo come2a a organizar#se! Surge o ego, primeiro como um feixe embrion1rio de fun2Aes 7 tais como motilidade, percep2ão, 0uzo de realidade 7, depois como uma estrutura bastante coerente! )contece então que o pr9prio ego se torna ob0eto de libido, de interesse amoroso, o que con.ecemos pelo nome tão difundido de 8narcisismo:! ) libido então se voltar1 para ob0etos externos de amor, primeiro para a mãe, seguindo#se depois toda a s/rie de escol.as sexuais que veremos no pr9ximo captulo!

Por ora, quero apenas que você guarde a id/ia de um equilbrio, que ademais seguir1 pela vida afora, entre quantidades de libido dirigidas a ob0etos externos de amor e quantidades voltadas para o pr9prio ego! *sto / normal! Fma decep2ão com os ob0etos externos, com a pessoa amada, com a profissão etc, leva ao aumento do investimento libidinal do ego; uma paixão, ao contr1rio, faz diminuir tal investimento, exigindo que o amor que o ego perde por si mesmo se0a compensado por uma retribui2ão provinda do ob0eto! $ ego, vê#se então, não / apenas um feixe de fun2Aes, um

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