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Jornada Fotográfica BELÉM HISTÓRICA. Cybelle Salvador Miranda 54 TUCUNDUBA

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Academic year: 2021

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Jornada Fotográfica

BELÉM

HISTÓRICA

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TUCUNDUBA 55

O PROJETO LARGO CULTURAL DAS MERCÊS

A jornada fotográfica Belém Histórica, evento inicial da programação do Projeto Largo Cultural das Mercês, decorreu no dia 8 de dezembro de 2008 e contou com setenta e oito fotógrafos profissionais e amadores, que se inscreveram na Fotoativa e circularam pelo centro histórico de nossa cidade produzindo imagens e assistindo a palestras itinerantes da arquiteta e urbanista Cybelle Salvador Miranda (UFPA) e do professor de História e fotógrafo Michel Pinho. Ao final da jornada, houve projeção de imagens de Belém do fim do século XIX e início do XX. O evento foi resultado da parceria desenvolvida pelo Laboratório de Memória e Patrimônio Cultural da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA com a Associação Fotoativa.

CIDADE

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A presença do público, formado por pessoas de diferentes áreas, permitiu a sensibilização para o patrimônio arquitetônico, bem como a atividade extrapolou os limites dos participantes da jornada: como as lojas estavam abertas, também os transeuntes e vendedores puderam ouvir algumas informações e aprender sobre o Centro Histórico. O evento foi uma oportunidade de mostrar detalhes da Arquitetura da área, contribuindo para a educação patrimonial, além de chamar a atenção para o estado de degradação de algumas edificações.

A Jornada resultou na produção de fotografias, das quais foram selecionadas as que comporiam o Fotovaral gigante, exposto na Praça das Mercês no dia 21 de dezembro de 2008. Ainda como desdobramento desta ação, o Varal foi exposto no Hall da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA durante a recepção aos calouros de 2009 e na Galeria Graça Landeira da UNAMA, durante a 7ª Semana Nacional de Museus, quando a autora deste texto pode discutir a experiência com pesquisadores da área de patrimônio e turismo, bem como com o público presente.

Segue-se a narrativa do percurso iniciado no Colégio Santo Antônio e concluído no Largo das Mercês, orientado pela Professora Cybelle Miranda.

O CIRCUITO VER-O-PESO

O Roteiro iniciou na Rua Santo Antônio, em frente à Igreja de Santo Antônio, onde foi comentado o marco inicial do segundo bairro de Belém, o bairro da Campina. Em seguida, percorreu-se o trecho da Rua Santo Antônio até a Avenida Presidente Vargas, observando o estado de degradação das edificações existentes, bem como o contraste de escala entre os prédios como o Edifício Importadora e o Banco do Brasil em relação às edificações da Rua Santo Antônio.

Cruzando esta Avenida, onde a escala do bairro se alarga, passamos ao trecho da Rua Santo Antonio reformado pelo projeto “Via dos Mercadores”, no qual os vendedores de rua ocupam todo o espaço, competindo com os transeuntes. Destacaram-se a beleza e o valor histórico das edificações que se mantêm, com azulejos do século XIX, traços

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Avenida Pres. Vargas com Santo Antonio Paris n’América Casa Azul

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neoclássicos, contrastando com o térreo das lojas, que não respeita o ritmo das aberturas do 1º pavimento.

Símbolo da tradição comercial do bairro, a loja de tecidos Paris n’ América permanece com sua função inalterada. Referência da arquitetura eclética em Belém, possui fachada em pedra importada da Europa, destacando-se as linhas clássicas e as mansardas francesas. Prosseguimos até a Praça das Mercês, des-tacando a casa azul que tem sua autoria atribuída a Landi, prosseguimos pela Rua João Alfredo.

O encontro do grupo que vem fotografando com o Bonde é um momento interessante, e há interação entre os passageiros e os fotógrafos do percurso.

O grupo seguiu até o Ver-o-Peso, parada obrigatória para fotografar a Doca e os mercados: de peixe, e de carne. A arquitetura do ferro, em ambos os mercados, bem como os itens regionais comercializados são testemunhos do patrimônio e da cultura local. A importância do mercado e da feira como vitrines de artigos regionais atrai turistas, bem como ainda abastece a população belemense. Conclui-se o trajeto percorrendo o Boulevard Castilho França, até o Largo das Mercês, quando se encerra o roteiro no interior da Igreja das Mercês, monumento síntese dos séculos XVII, XVIII e XIX, com traços do arquiteto Antonio José Landi, marco da arquitetura erudita em Belém.

PALESTRA ITINERANTE E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

A Educação patrimonial é um processo sistemático e permanente de trabalho educacional, centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. Portanto, leva à valorização da herança cultural das pessoas, capacitando-as para um melhor usufruto de seus bens, fortalecendo sentimentos de Identidade e cidadania, tão importantes para a conservação dos monumentos (HORTA, 1999).

Entende-se como Patrimônio Cultural desde o objeto, o monumento, o sítio

histórico, até a manifestação popular (danças, teatro, procissões). Estes elementos estão em permanente mutação em relação aos seus usos e significados. Igrejas que no passado tinham como finalidade principal a realização de ritos litúrgicos, hoje podem ser também palco de representações artísticas e palestras.

Várias técnicas pedagógicas podem ser empregadas para que as novas gerações conheçam e valorizem as modalidades do patrimônio, em especial os sítios históricos e os monumentos. Referência viva de épocas passadas, os monumentos são construções que possuem forte significação histórica, artística e cultural. Uma igreja, por exemplo, pode vir a ser um monumento, por ter acompanhado o desenvolvimento urbano de uma cidade, por suas características estilísticas ou por sua referência às manifestações religiosas locais.

No Brasil, Aloísio Magalhães e o Centro Nacional de Referência Cultural propuseram-se a mapear práticas e saberes populares. Em seu livro “E Triunfo?”, questiona o papel das artes de fazer cotidianas presentes na cidade de Triunfo, no interior de Pernambuco, no contexto do debate sobre as formas de desenvolvimento tecnológico no Brasil da década de 1970 (MAGALHÃES, 1985).

Os bens culturais passam a ser vistos como plenos de valores ocasionados pelas relações entre os homens e não pela relação direta com os objetos, perspectiva esta que reifica os bens preservados, sem demonstrar seu papel para a sociedade. Para Aloísio Magalhães, os bens culturais dividem-se em bens de valor histórico, de expressão individual e de fazer popular. O primeiro segmento inclui os bens móveis e imóveis de valor histórico, contendo ou não valor criativo próprio, sendo considerados bens de criação individual os de valor artístico nas suas diversas áreas; e os do fazer popular, os que se encontram inseridos na dinâmica cotidiana. Estes muitas vezes são excluídos da classificação dos bens culturais e não são considerados na formulação de políticas econômicas e tecnológicas. E acrescenta:

[n]o entanto, é a partir deles que se afere o potencial, se reconhece a vocação e se descobrem os valores mais autênticos de uma nacionalidade. Além disso é deles e de sua reiterada presença que surgem expressões de síntese de valor criativo que constitui o objeto de arte (MAGALHÃES, 1985. p. 53).

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TUCUNDUBA 59 Pensar o que é museu, neste sentido, é

fundamental. O entendimento contemporâneo da função dos espaços museológicos é de que a preservação de testemunhos materiais do passado deve nos servir como pontos constantes de partida para reflexão e análise. Diferente dos museus europeus, que começaram como exposições de coleções privadas de objetos, os museus norte-americanos foram criados como espaços educativos, que mantinham manuais sobre o que apreciar neles, abrigando também concertos e outros eventos.

A agitação política dos anos 60 gerou o Centro Nacional de Arte e Cultura George

Pompidou em Paris, que visa aproximar o público

da arte contemporânea. O Beaubourg, como é conhecido, conta com uma praça externa e atrai o público local. Surgiram então algumas modalidades de museus, como o Ecomuseu. A idéia se originou do Curso de Pós-graduação em Estudos Museológicos da Universidade de Leiscester (Inglaterra), o qual promoveu um projeto pioneiro para a Companhia Inglesa de Caulim. Consistia na elaboração de um

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roteiro de visitas que incluía as instalações fabris e as vilas operárias. Varine-Bohan, então dirigente do ICOM, deu-lhe a denominação de Ecomuseu durante a IX Conferência do ICOM em Grenoble, França, em 1971 que significa do grego oikos (casa) e museu: museu da casa e para os seus habitantes (DECLARATÓRIA de Oaxtepec, 1984).

Os museus ao ar livre são constituídos por conjuntos de edifícios que ilustram o modo de vida de uma comunidade em determinada

época: eles podem ser remontados como em um cenário ou existir realmente, sendo muito comuns nos Estados Unidos. Difere do Ecomuseu, pois, enquanto este visa proteger uma comunidade viva com a participação de seus membros, o vilarejo-museu protege apenas o patrimônio material.

Em 1974, Hugues de Varine-Bohan ministra a disciplina “A experiência Inter-nacional” no Curso de Pós-graduação de Patrimônio da Faculdade de Arquitetura e

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TUCUNDUBA 61 Urbanismo da Universidade de São Paulo.

No seu entendimento, o Patrimônio engloba a produção humana de todo tipo e isso influi no conceito de museologia, que o autor associa “à noção de conjuntos, complexos onde é o homem quem fornece a chave e não uma classificação sistemática herdada dos naturalistas do século XIX.” (VARINE-BOHAN, 1974. p. 6) Esta visão de museologia

[é] uma recusa das definições costumeiras do patrimônio, e isto representa um papel a seguir e peço desculpas por ser um pouco filosófico, um pouco abstrato, mas é muito importante porque, quando começarmos a falar da conservação, será preciso que não pensemos em termos da utilização unitária de um monumento (...) (Idem. p. 6).

Para ele, a abertura de uma nova dimensão do Patrimônio é a consumação por um povo, não para admirar seu passado, mas para contribuir na construção e para dar uma continuidade cultural.

SAIBA MAIS

DECLARATÓRIA de Oaxtepec – celebrada em Morelos, outubro de 1984. Disponível em: <http://www.ilam.org/ resultados/12> Acesso em: 22 nov. 2003.

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/ Museu Imperial, 1999. MAGALHÃES, Aloísio. E Triunfo? A questão dos Bens Culturais no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. VARINE-BOHAN, Hügues. Notas de Aula: A experiência Internacional. Curso de Pós-graduação. FAU/USP; IPHAN, 12 ago 1974. p. 1-12.

Nesse sentido, é possível pensar as ruas do nosso Centro Histórico como Museus a Céu Aberto? A resposta é afirmativa, à medida em que passeios voltados para a Educação patrimonial funcionem como um processo contínuo de sensibilização para o Patrimônio Cultural, valorizando os diferentes aspectos que compõem a identidade paraense.

Os fotógrafos e o bonde. Foto Ronaldo Carvalho

Referências

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