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POLÍTICAS DE FOMENTO À NANOTECNOLOGIA NO BRASIL HISTÓRICO E PERSPECTIVAS

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1 POLÍTICAS DE FOMENTO À NANOTECNOLOGIA NO BRASIL – HISTÓRICO E

PERSPECTIVAS

TIAGO CLAUDINO BARBOSA1 CAROLINA BAGATTOLLI2

Resumo: A nanotecnologia tem despontado como uma das tecnologias mais promissoras da atualidade, consistindo na manipulação de estruturas em nível molecular e atômico, dando novas propriedades aos materiais. Sua utilização perpassa diferentes setores, podendo ser a tecnologia líder da próxima revolução industrial, possuindo assim potencial estratégico para alavancar o desenvolvimento de países através de variados instrumentos de fomento. Essa leitura deu base para que políticas visando a promoção da nanotecnologia ganhassem legitimidade e fossem adotadas por diferentes governos. O objetivo desse trabalho é reconstruir a trajetória e as características da política de promoção à nanotecnologia do programa de subvenção econômica direta às empresas da FINEP entre 2006, ano de lançamento do programa, e 2013. Entre as principais constatações estão a de que a subvenção já incorporou a nanotecnologia em seu primeiro edital de 2006, de que 2007 foi o ano de apoio mais intenso e que, entre 2008 e 2012, a tecnologia não foi considerada uma área prioritária nos editais, sendo retomada somente em 2013.

Palavras-chave: Nanotecnologia; subvenção, empresas, Brasil.

INTRODUÇÃO

A inovação é um dos principais motores da mudança econômica, incentivando e difundindo o progresso técnico, com o potencial de melhorar os bens e serviços ofertas à sociedade. Em uma economia capitalista, esse processo inovativo é realizado principalmente por firmas em sua busca pela diferenciação e obtenção de lucros supranormais temporários (SCHUMPETER, 1982).

Apesar dos efeitos sociais benéficos do avanço tecnológico e benefícios privados pelos lucros supranormais, a literatura aponta uma falha das economias de mercado na promoção de um nível socialmente adequado de inovações devido a um conjunto de problemas conhecidos como falhas de mercado na inovação (HALL; LERNER, 2010). Isso justifica a intervenção governamental na área.

1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas (PPPP) da Universidade Federal do Paraná

(UFPR). E-mail: tiagobarbosa123@yahoo.com.br

2 Professora Adjunta do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas

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2 A importância do fomento é ainda mais destacada para tecnologias em início de estágio que prometem grandes mudanças socioeconômicas, como a nanotecnologia - NT. Martins e Braga (2010) definem nanotecnologia como a manipulação de moléculas e nanoestruturas para fins aplicados. Drechsler (2009) defende que a NT pode se tornar a tecnologia líder do novo paradigma tecnoeconômico, estando ainda em estágio inicial.

O governo pode estimular a entrada das empresas nessa nova tecnologia e fomentar projetos de seu interesse através de seus instrumentos de fomento. Algumas questões emergem, como: essa política foi contínua? As chamadas foram seletivas em termos setoriais? Como evoluiu o volume de recursos e número de projetos ao longo dos anos?

O objetivo desse trabalho é responder as questões acima, na forma de um levantamento preliminar. Reconstruiremos a trajetória dessa política analisando os editais de chamada, buscando por termos que comecem por nano (nanotecnologia, nanomedicina, etc.), assim como por características dessas chamadas como setores prioritários, ano do edital e volume de recursos, também identificaremos o número de projetos beneficiados e de recursos efetivamente dispendidos na área através da análise dos editais de resultados. Assim, conseguiremos mapear a política na área e suas principais características focando no programa de subvenção econômica à inovação para empresas da FINEP.

Entre os principais resultados obtidos estão: o de que a nanotecnologia já foi contemplada no primeiro edital desse instrumento em 2006, que 2007 foi o ano de maior destaque da mesma em termos de número de projetos e volume de recursos e que o período de 2008 a 2012 não teve a nanotecnologia entre suas áreas prioritárias, mostrando uma descontinuidade dessa política de promoção, com a tecnologia sendo retomada em 2013.

REFERENCIAL TEÓRICO

Instrumentos de fomento e a subvenção econômica a empresas

As políticas de fomento à inovação empresarial costumam ter seus instrumentos divididos em duas categorias: técnicos e financeiros. Segundo Weisz (2006), os técnicos são os que possuem impacto direto na gestão da empresa, tais como a provisão de infraestrutura de Pesquisa e Desenvolvimento (laboratórios e centros de pesquisa), que prestam serviços de soluções técnicas para as empresas; sistemas de metrologia, normalização e qualidade; o sistema de Propriedade Intelectual, envolvendo legislação e órgãos de patentes e sistemas de

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3 proteção à tecnologia. Os financeiros podem ser divididos em: incentivos fiscais para gastos em P&D, mecanismos de financiamento, como empréstimos em condições favoráveis, financiamento por participação, capital semente, projetos cooperativos com Institutos de Ciência e Tecnologia - ICTs e subvenção (empréstimo não reembolsável). Por fim, há o uso do poder de compra do Estado em produtos inovadores.

Focando os instrumentos de financiamento público à inovação, Luna et al. (2003) divide-os em dois grupos: os diretos, representados por financiamentos a juros subsidiados ou subvenções (financiamentos não-reembolsáveis) e os indiretos, que são os subsídios e incentivos fiscais. O primeiro tipo permite uma focalização maior dos recursos e maior controle de resultados, pois necessitam de um projeto prévio, além de possibilitar ação seletiva em setores estratégicos. O segundo tipo é extensível a todas as firmas do setor ou da cadeia produtiva, não permitindo maior controle.

A FINEP (2015) é o órgão principal de fomento à inovação empresarial no Brasil, possuindo linhas de financiamento em condições favoráveis, um programa para a subvenção de P&D para ICTs em associação com empresas e o programa de subvenção à inovação direta em empresas. Esse último programa foi criado em 2006 a partir da Lei da Inovação 11.196/2005, consistindo em empréstimos não-reembolsáveis para gastos empresariais em P&D, com potencial de uso seletivo em tecnologias consideradas estratégicas.

Nanotecnologia e políticas setoriais no Brasil

Uma das tecnologias emergentes consideradas mais promissoras é a nanotecnologia – NT. Martins e Braga (2010) definem nanotecnologia como a manipulação de moléculas e átomos em uma dimensão entre 1 e 100 nanômetros, visando objetivos aplicados. Mattoso et

al. (2005) versam que a NT difere das tecnologias macro por dois fatores. A maior área de

superfície de nanoestruturas, o que pode interferir em suas propriedades químicas e pelos efeitos quânticos, somente observáveis em nanoescala e que diferem muito das propriedades em escala macro.

Graham e Iacopetta (2014) dizem que a NT tem grande potencial de ser usadas em vários setores, configurando não um setor específico, mas uma tecnologia transversal. Destacam ainda seu potencial facilitador para avanços em outros domínios tecnológicos, como biotecnologia e engenharia de materiais.

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4 Para Drechsler (2009), a NT pode se tornar a tecnologia líder do novo paradigma tecnoeconômico, pois: seu potencial disruptivo implica em profundas transformações econômicas e sociais; sendo as outras opções menos versáteis, como a biotecnologia; o fato de alguns desenvolvimentos atuais já apontarem grande potencialidade e o de que ela pode ajudar a resolver problemas da produção em massa que a revolução da tecnologia da informação não conseguiu, como problemas de materiais e energia. Assim, há alguma expectativa de que a NT se torne a tecnologia-chave da próxima revolução industrial, substituindo as tecnologias líderes do atual paradigma – tecnologias da informação e comunicação – TICs.

O Estudo Prospectivo de Nanotecnologia – ABDI (2010) aponta como principais áreas de desenvolvimento atual: os nanomateriais, a nanoeletrônica, nanofotônica, nanobiotecnologia, nanoenergia e nanoambiente.

O relatório da Royal Society (2004) ressalta que são necessários avanços técnicos em termos de custos e descoberta de propriedades dos materiais para tornar essa tecnologia mais barata e difundida. A introdução da NT ainda tem sido evolutiva, mudando pouco as características dos produtos em que é incorporada. Avanços tecnológicos poderão permitir que o impacto da NT seja revolucionário, mudando fortemente as características dos produtos em que é incorporada, gerando efeitos disruptivos e radicais.

Em termos empresariais, Shapira e Youtie (2011) consideram que houve uma mudança nas atividades em nanotecnologia, mudando de descoberta para atividades de comercialização por volta de 2003, aumentando papel das empresas no seu desenvolvimento. Shapira, Youtie e Kay (2011) destacam ainda que as primeiras empresas a se firmarem nesses mercados poderão adquirir vantagens duradouras, apesar dos altos riscos. Ênfase na área está se deslocando da pesquisa para os produtos, financiamento e qualidade.

Na prática, a pesquisa nacional sobre inovação - PINTEC 2010 (2011) identificou 1.132 empresas com atividades em nanotecnologia no Brasil, com crescimento de 135,2% em relação à pesquisa anterior. No caso das empresas inovadoras que realizaram atividades em nanotecnologia, 90% eram usuárias, sendo 57,7% usuárias finais e 32,05% integradoras. Só 6,8% foram produtoras e 12,6% realizaram P&D (produto, insumo ou processo) na área.

Em termos de política pública, o esforço do Estado começou em 2000 com o lançamento da Iniciativa Nacional em Nanotecnologia (NNI) nos Estados Unidos, seguidos por muitos países industrializados. No Brasil, a área vem sendo estimulada pelo governo desde o início da década passada. Segundo Invernizzi et al. (2012), em 2003, gastos em nanotecnologia foram incluídos como objetivo no Plano Plurianual de 2004-2007 do

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5 Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em 2005 foi lançado o primeiro Programa Nacional de Nanotecnologia, alinhado com a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), onde foi classificada como área “portadora de futuro” e em 2013, segundo foi a vez do Brasil lançar sua Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia - IBN para coordenar esforços e políticas, visando alicerçar infraestrutura de pesquisa através da rede de laboratórios integrados SisNANO e financiamentos via subvenção, integrando os esforços das agências governamentais e fortalecendo a relação entre pesquisa básica, aplicada e setor privado.

Nesse contexto emerge o interesse sobre como os instrumentos financeiros de fomento à inovação nas empresas vem sendo aplicados na área da nanotecnologia, sendo que alguns trabalhos prévios já foram feitos. Destacamos Peixoto (2013) que afirma que há uma falta de continuidade na política de nanotecnologia como área prioritária, apontada pela falta de menções explícitas no Fundo Tecnológico - FUNTEC do BNDES e pelas descontinuidades como área prioritária nos editais de Subvenção da FINEP. Peixoto (2011) reforça a conclusão de falta de continuidade ao analisar os anos em que a nanotecnologia foi considerada uma área estratégica para fomento na FINEP. A lacuna que se torna o objetivo desse artigo é a da reconstrução da trajetória formulada e implementada para a nanotecnologia no instrumento de Subvenção Econômica à Inovação da FINEP entre os anos de lançamento do programa em 2006 e o ano de 2013.

METODOLOGIA

Essa pesquisa utiliza métodos qualitativos de análise de documentos, assim como quantitativa dos valores empregados e a evolução anual do número de projetos beneficiados.

Quanto ao tipo de pesquisa, ela é documental por analisar os editais de subvenção da política de nanotecnologia no Brasil, sendo acima de tudo exploratória, já que o tema é emergente e não existem muitos dados sistemáticos, nem mesmo dados básicos como o número de empresas que usam nanotecnologia no país.

As fontes serão secundárias. Os documentos analisados serão editais de chamadas e resultados obtidos no site institucional da FINEP quanto ao programa de subvenção econômica à inovação direta em empresas.

As técnicas de pesquisa utilizadas serão análise de documentos formulados pela agência responsável, buscando menções e resultados contendo nanotecnologia. A busca será

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6 por palavras iniciadas com o prefixo “nano”, incorporado em vários termos da área, nos editais de chamada, depois procuraremos nos editais de resultados dessas chamadas quantos projetos efetivamente foram em nanotecnologia e, quando possível, quais foram os valores totais liberados para a área.

RESULTADOS

Compilamos as principais informações dos editais de chamada e resultados da Subvenção Econômica à Inovação nas empresas no quadro abaixo. A partir dessas informações, podemos reconstruir a trajetória formulada por essa política analisando as áreas prioritárias, os temas-chave e o valor previsto para a área. A trajetória do efetivamente implementado pode ser obtida pelo número de projetos aprovados e seus valores totais através dos editais de resultados. Dado o caráter preliminar desse trabalho, vale ressaltar que se trata de um levantamento prévio. Todos os editais de chamada sofreram buscas por palavras com prefixo “nano” já que a nanotecnologia é transversal, podendo estar em editais específicos para outras tecnologias.

Quadro 1 – Editais contendo menções à nanotecnologia e suas características EDITAL DE

CHAMADA

CARACTERÍSTICAS – áreas prioritárias, temas em nanotecnologia, valor previsto, número de projetos e valor aprovado.

SUBVENÇÃO ECONÔMICA À INOVAÇÃO - 01/2006

Áreas prioritárias: ações horizontais, semicondutores e software, fármacos e

medicamentos e bens de capital, biotecnologia, nanotecnologia e

biomassa/energias alternativas.

Temas em NT: desenvolvimento de nanocompósitos, em especial para o setor aeronáutico, semicondutores orgânicos para a fabricação de mostradores (OLEDs), sensores e dispositivos de identificação eletrônica, materiais nanoestruturados para aplicações no setor têxtil e cosméticos, nanosensores para aplicações sensíveis em defesa, encapsulamento de nanofármacos, cerâmica nanoestruturada.

Valor previsto: RS 300.000.000,00 (no mínimo 30.000.000,00 para cada item, inclusive nanotecnologia).

Número de projetos aprovados em NT: 15.

Valor aprovado: valores não especificados no edital. Chamada PAPPE

subvenção 2006 MPE

Áreas prioritárias: áreas PITCE.

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7 estaduais.

Temas em NT: não especificado. Valor previsto: R$ 150.000.000,00.

17 organizações beneficiadas, mas sem detalhes dos projetos, impossibilitando classificação. Valor aprovado: R$ 150.000.000,00. PROGRAMA SUBVENÇÃO PESQUISADOR NA EMPRESA 03/2006

Áreas prioritárias: inserção de mestres e doutores em atividades de inovação em empresas nas áreas da PITCE.

Temas em NT: não especificado. Valor previsto: R$ 60.000.000,00.

42 empresas beneficiadas, mas sem detalhes dos projetos, impossibilitando a classificação.

Subvenção Econômica à Inovação – 01/2007

Áreas prioritárias: TICs e nanotecnologia; biodiversidade, biotecnologia e saúde; programas estratégicos. biocombustíveis e energia; desenvolvimento social. Temas em NT: Produtos e processos com base em Nanotecnologias nos setores de Produção de Alimentos, Têxtil, Metal Mecânico, Energia, Petróleo e Gás, Cosméticos e Saúde.

Valor previsto: R$ 450.000.000,00 (sendo R$ 100.000.000,00 para TICs e nanotecnologia).

Número de projetos aprovados: 23.

Valor aprovado para NT: RS 43.359.415,67.

Subvenção Econômica à Inovação – 01/2008

Áreas prioritárias: não inclui NT explicitamente. TICs, biotecnologia, saúde, programas estratégicos, energia e desenvolvimento social.

Temas em NT: não inclui.

Valor previsto: RS 450.000.000,00.

Número de projetos aprovados em NT: 3 (um em saúde e dois em programas estratégicos).

Valor aprovado para NT: R$ 4.306.366,82.

Subvenção Econômica à Inovação – 01/2009

Áreas prioritárias: não inclui nanotecnologia. TICs, biotecnologia, saúde, defesa nacional e segurança pública, energia e desenvolvimento social.

Temas em NT: não inclui.

Valor previsto: R$ 450.000.000,00

Número de projetos aprovados em NT: 5 (um biotecnologia, três em saúde e um em energia).

Valor aprovado para NT: R$ 5.776.784,00.

Subvenção Econômica à Inovação – 01/2010

Áreas prioritárias: não inclui nanotecnologia. TICs; Energia; Biotecnologia; Saúde; Defesa; Desenvolvimento Social.

Temas em NT: não inclui.

Valor previsto: R$ 500.000.000,00.

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8 saúde).

Valor aprovado para NT: R$ 3.289.782,80.

Subvenção Econômica à Inovação – 03/2013 - Nanotecnologia

Áreas prioritárias: Nanotecnologia. Temas em NT:

1. Plásticos e Borrachas: Produtos nanotecnológicos com barreiras de gases e/ou umidade; produtos nanotecnológicos com propriedades antimicrobianas.

2. Papel e Celulose: produtos nanocelulósicos (nanofibras, nanopartículas, etc) a partir de biomassa; nanocompósitos de alta performance a partir de celulose ou que incorporam produtos nanocelulósicos.

3. HPPC - higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos: produtos nanotecnológicos de alta performance ou que introduzam novas funcionalidades.

Valor previsto: R$ 30.000.000,00.

Número de projetos aprovados em NT – 16. Valor aprovado para NT - R$ 24.051.362,64.

Subvenção Econômica à Inovação – TI MAIOR 04/2013

Áreas prioritárias: Computação em Nuvem, Petróleo, Gás e Mineração, Defesa Cibernética, Componentes, Dispositivos Semicondutores e Eletrônicos (incluindo nanoeletrônicos) e Aeroespacial.

Temas em NT: nanoeletrônicos. Valor previsto: R$ 60.000.000,00.

Nenhum projeto aprovado em nanotecnologia (28 projetos).

FONTE: elaborado pelos autores com base nos editais de chamada e resultados do programa de Subvenção Econômica da FINEP.

Gráfico 1 – Valor destinado à nanotecnologia nos editais de subvenção às empresas FINEP

Fonte: elaboração própria a partir dos editais de resultado da subvenção à empresas FINEP. R$5.000.000 R$10.000.000 R$15.000.000 R$20.000.000 R$25.000.000 R$30.000.000 R$35.000.000 R$40.000.000 R$45.000.000 R$50.000.000 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

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9 O primeiro edital de subvenção aconteceu no ano de 2006 e teve a nanotecnologia como uma das áreas prioritárias, seguindo a PITCE. Dez por centro dos recursos (R$ 30 milhões) foram para a área, resultando em quinze projetos, tendo os temas nanocompósitos, nanoeletrônica, têxteis, cosméticos, nanofármacos e cerâmica como prioritários. Temos ainda esse ano o edital Pappe-Subvenção que repassou os recursos para agências de fomento estadual, contando com as áreas prioritárias da PITCE. O edital geral de 2007 juntou Nanotecnologia e TICs como uma área prioritária, mas aumentou o aporte de recursos (R$ 100 milhões para a área). Os temas em NT foram alimentos, têxteis, metal-mecânica, energia, petróleo e gás, cosméticos e saúde, com vinte e três projetos aprovados, no valor total de pouco mais de R$ 43 milhões, sendo o ano com maior número de projetos e aporte de recursos. Os editais gerais de 2008, 2009 e 2010 não contiveram menções explícitas a nanotecnologia, representando uma descontinuidade na política dos dois anos anteriores. Foram três projetos em 2008 (pouco mais de R$ 4 milhões), cinco em 2009 (R$ 5, 7 milhões) e cinco em 2010 (R$ 3,2 milhões), com projetos pertencentes geralmente às áreas de saúde e biotecnologia, números muito baixos em comparação com o ano de 2007.

Essa descontinuidade continuou em 2011 e 2012, sendo lançado somente em 2013 um edital específico para nanotecnologia no valor de R$ 30 milhões, com temas de plásticos e borrachas (R$ 12 milhões), papel e celulose (R$ 10 milhões) e higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (R$ 8 milhões). Foram dezesseis projetos no valor de R$ 24 milhões, menos que o previsto para a área. Outro edital de 2013 foi lançado para a área de TI, o TI Maior, que poderia conter NT no item de nanoeletrônicos, mas acabou não tendo nenhum projeto aprovado na área.

CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Destacamos a importância de políticas de fomento contínuas para tecnologias emergentes, assim como o papel das empresas e instrumentos de fomento com potencial seletivo.

Reconstruímos de maneira preliminar a trajetória formulada e implementada em nanotecnologia para o instrumento de subvenção econômica à inovação nas empresas da FINEP. Entre os resultados destacamos a falta de continuidade dessa política entre 2008 e 2012, ainda mais considerando que essa tecnologia foi contemplada já no primeiro edital

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10 desse instrumento em 2006 e contou com seu pico em termos de incentivo em 2007, sendo retomada de modo explícito somente em 2013. Essa descontinuidade acaba afetando a promoção sistemática dessa tecnologia e pode afetar a entrada de empresas na área, prejudicando o país caso essa tecnologia concretize suas promessas revolucionárias.

Outra questão a ser considerada são as mudanças nos temas-chave da área por se tratar de uma tecnologia transversal, com potencial de uso em uma infinidade de setores. Vemos entre os temas beneficiados os setores clássicos da área – nanobiotecnologia, nanoeletrônica, nanocosméticos e nanoenergia (incluindo Petróleo e Gás), assim como setores tradicionais da economia brasileira como têxteis e papel e celulose. Contudo as chamadas além de não contínuas em si, não foram contínuas no tipo de setor privilegiado, mostrando uma falta de articulação e priorização dessa área nesse programa.

REFERÊNCIAS

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