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PARECER Nº 003/AJ/SEF Brasília, 10 de janeiro de 2006.

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO

SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS (Comissão Superior de Economia e Finanças - 1955)

PARECER Nº 003/AJ/SEF Brasília, 10 de janeiro de 2006.

1. EMENTA – férias; efetivo variável; militares temporários; proporcionalidade; licenciamento; tempo de serviço inferior a um ano.

2. OBJETO – esclarecer se militares temporários e do efetivo variável têm direito a férias proporcionais se licenciados antes de completar um ano de efetivo serviço.

3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE a. Constituição Federal de 05 Out 1988.

b. Lei 6.880, de 09 Dez 1980 – Dispõe sobre o Estatuto dos Militares (E1-80).

c. Medida Provisória 2.215-10, de 31 Ago 2001 – Dispõe sobre a Reestruturação da Remuneração dos Militares.

d. Decreto 4.307, de 18 Jul 2002 – Regulamenta a MP 2.215-10, de 2001.

e. Regulamento Interno e dos Serviços Gerais (RISG) – R1 – aprovado pela Portaria 816-Cmt Ex, de 19 Dez 2003.

4. APRECIAÇÃO a. Dos Fatos

1) Trata-se de questionamento procedente do Departamento-Geral do Pessoal (DGP). Encaminha esse Órgão de Direção Setorial (ODS) consulta originalmente formulada pela 12ª Região Militar (12ª RM) relativa a férias.

2) Com efeito, indagou a 12ª RM se militares temporários, ao serem licenciados ao término dos doze meses iniciais de convocação, podem gozar férias antes do término desse período; se, ao contrário, forem licenciados antes desse prazo, têm direito ao valor das férias proporcionais e; por último, se militares prestadores do serviço militar obrigatório, licenciados antes do término dos doze meses, da mesma forma, fazem jus aos valores de férias proporcionais.

3) O DGP, ao analisar a questão, emitiu entendimento de que todos os militares devem

gozar férias depois de cumprido o período aquisitivo de doze meses. Apontou aquele ODS, todavia, que a

redação contida nas normas que tratam da matéria possibilitam que o gozo dessas férias possa se iniciar a partir (e dentro) do 12º mês “o que não se entende conveniente, eis que conduziria ao absurdo de se

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4) No que tange ao licenciamento ocorrido antes do militar temporário ou do prestador do serviço militar inicial completar doze meses, entende o DGP que é possível o pagamento das férias proporcionais, à luz do que dispõe o art. 80 do Decreto 4.307, de 2002.

5) No entanto, considerando a prática corrente na Administração Militar em não se indenizar as férias proporcionais aos recrutas, sugeriu aquele ODS que a questão fosse remetida a esta Secretaria, para estudo e parecer.

b. Do Direito

1) Férias constituem o período de descanso continuado sem prejuízo de remuneração. Ou seja, durante esse interregno, o militar recebe como se estivesse trabalhando, além do adicional de 1/3 sobre o salário. O inciso XVII do art. 7ºda Constituição Federal instituiu esse direito de modo cabal:

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2) Embora previsto originalmente como direito social, em benefício de trabalhadores urbanos e rurais, as férias também são devidas aos militares, nos termos do inciso VIII do §3º do art. 142 da Carta Magna:

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3) Seguindo essa orientação, a Lex Mater recepcionou os preceitos relativos às férias, encartados nos Estatutos dos Militares:

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4) Na esteira de tais previsões, a norma com força de lei que atualmente trata da remuneração dos militares, MP 2.215-10, de 2001, assim dispôs:

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5) Regulamentando o adicional de férias,estipulou o art. 80 do Decreto 4.307, de 2002:

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6) Não é demais lembrar o que estipula o RISG acerca do direito a férias:

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7) Extrai-se dos dispositivos acima que, relativamente às férias, existe um período

concessivo inicial, considerado para o militar incorporado à Força: durante os doze primeiros meses de

serviço esse militar estará adquirindo seu direito a férias. Após esse lapso temporal, terá direito a fruí-las, sendo este entendido como período concessivo. Não obstante, esse período concessivo será, também, o

período aquisitivo das férias subseqüentes. Ou seja, a necessidade de se aguardar doze meses para a

concessão de férias vale apenas para o primeiro período aquisitivo. Desse modo, o militar poderá gozar suas férias em qualquer época, desde que dentro do período concessivo.

8) Em termos remuneratórios, o direito anual a férias é garantido pela Lex Mater, com pelo menos um terço a mais do que o salário normal. Significa dizer que a cada ano, o detentor desse direito pode se afastar do labor que exerce, sem prejuízo de sua remuneração que, por sua vez, é acrescida de pelo menos um terço do valor correspondente. Observa-se, assim, que pecuniariamente, as férias são compostas de duas parcelas indissociáveis: a remuneração relativa próprio mês e, ainda, o chamado terço

constitucional. Trata-se, em suma, de direito ao qual fazem jus todos os trabalhadores, militares inclusive.

9) Pois bem, o direito a férias é conquistado após o interregno correspondente a doze meses, que se traduzem, assim no período aquisitivo. Nesse ponto é de se concordar com o entendimento

do DGP, o qual aponta no sentido de que, por força do disposto no art. 63 do Estatuto dos Militares, não

há o que se falar em concessão ou indenização de férias sem que o período aquisitivo esteja completo.

10) Na realidade, o próprio caput do art. 443 do RISG corrobora com essa disposição, ainda que sua interpretação possa gerar dúvidas sobre o instante em que o militar pode iniciar suas férias. De todo modo, o que deve restar claro é a noção de que, pela letra do texto constitucional, as férias

consistem em um direito anual, pelo que se vislumbra que o período aquisitivo se completa a cada doze

meses. Vale dizer: se trabalhou durante doze meses, faz jus o militar às férias correspondentes, em sua integralidade, equivalente, em termos pecuniários, a um mês de salário acrescido do terço constitucional.

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11) Por oportuno, cumpre esclarecer que a SEF já se manifestou em outras oportunidades sobre essa questão, conforme se extrai dos teores dos Of nº 041-Asse Jur-03 (A1/SEF), de 11 Abr 2003, e nº 013-Asse Jur-04 (A1/SEF), de 15 Mar 2004. Por isso mesmo, militares do efetivo variável ou militares temporários licenciados, desde que atingido o tempo de efetivo serviço de doze meses, fazem jus às férias equivalentes, em termos pecuniários, a um mês de salário acrescido do terço constitucional.

12) Todavia, no caso do licenciamento ocorrer antes de completado o primeiro período aquisitivo não haverá o que se falar em pagamento de férias proporcionais, a despeito do que reza, isoladamente, o §1º do art. 80 do decreto 4.307, de 2002. De fato, a interpretação estanque desse dispositivo leva a crer que no caso de interrupção do período aquisitivo (mesmo os primeiros doze meses), deveria se pagar o valor correspondente a férias, de modo proporcional. Contudo, conforme visto acima, não é razoável falar-se em direito a férias antes que o período aquisitivo esteja completo.

13) Significa dizer, mais uma vez, que se o interregno de doze meses de efetivo serviço não foi atingido, não há o que se falar, ainda, em direito a férias. É a exata interpretação da norma constitucional, que, é de se recordar, caracteriza as férias como direito anual. Ora, não tendo se completado um ano de efetivo serviço, não se pode considerar que o período aquisitivo tenha sido conquistado, não havendo, dessa forma, direito adquirido a férias.

14) No que tange aos conscritos, o próprio §1º do art. 443 do RISG estipula que “os

militares incorporados ou convocados, para a prestação do serviço militar inicial obrigatório, somente podem gozar férias a partir da data em que houverem completado um ano ininterrupto de efetivo serviço”.

15) Na realidade, o §1º do art. 80 do Decreto 4.307, de 2002, à luz da interpretação

sistemática, só faz disciplinar o pagamento de férias proporcionais àqueles que já lograram completar o

período aquisitivo inicial. Isto é, trata-se de regra que vale para os períodos aquisitivos e concessivos subseqüentes ao primeiro. Essa disposição do diploma regulamentador não poderia se dar em outro sentido, pois se o fizesse, estaria afrontando tanto a Constituição Federal como o Estatuto dos Militares, normas que lhe são superiores.

5. CONCLUSÃO -

Isso posto, é de se responder, uma a uma, as indagações da 12ª RM:

a) militares temporários (voluntários), a serem licenciados ao término dos doze meses iniciais da convocação, podem gozar férias antes do término desse período?

À luz da interpretação literal dos artigos 63 do Estatuto dos Militares e 443 do RISG, as férias poderiam ser-lhes concedidas a partir do primeiro dia do décimo segundo mês de efetivo serviço. No entanto, tais dispositivos não traduzem, de forma fiel, o preceito constitucional relativo às férias, que não deixa dúvidas acerca do período aquisitivo ser igual a doze meses. Em todo caso, sendo completado doze meses e sendo licenciados, esses militares farão jus à correspondente indenização de férias, equivalente a um mês de salário acrescido do terço constitucional.

b) dentro do mesmo enfoque da letra “a”, caso sejam licenciados antes do término dos meses, deve-se pagar o valor proporcional referente às férias não gozadas?

(5)

c) na possibilidade de militar prestador do serviço militar inicial obrigatório vir a ser licenciado antes do término dos doze meses iniciais, paga-se o valor proporcional referente às férias não gozadas?

Trata-se da mesma situação: não se tendo atingido o período aquisitivo, não há o que se falar em férias. Se o período aquisitivo é de doze meses, não se pode conferir esse direito àqueles que jamais lograram cumpri-lo.

Por último, respondendo, em suma, a solicitação do DGP, deve-se tecer as seguintes considerações: em que pese as judiciosas assertivas contidas no entendimento daquele ODS, deve-se divergir, data venia, das conclusões apresentadas quanto às férias proporcionais por parte dos conscritos, se licenciados antes de doze meses. Na realidade, a prática atual da Administração Militar vem seguindo os parâmetros constitucionais, na medida em que somente se paga o referido direito aos militares que atingem o período aquisitivo. Ou seja, antes de doze meses, não há falar-se em direito a férias por parte dos conscritos, praxis que deve assim ser mantida.

É o Parecer. S.M.J.

________________________________________________ GUSTAVO CASTRO ARAUJO – 1º Ten QCO - Direito

Adjunto da Assessoria Jurídica/SEF De Acordo:

______________________________________________ VALTER DE CARVALHO SIMÕES JUNIOR - Cel

Chefe da Assessoria Jurídica /SEF 6. DECISÃO –

_______________________________________________ Gen Div ANTONIO CÉSAR GONÇALVES MENIN

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