MADRID – LISBOA 2018
A aventura começou às 9h00 do dia 28 de abril junto à placa do Km 0 na Puerta del Sol em Madrid.
Foto de grupo marca o arranque do que iria ser uma aventura de 5 dias: o que nos ia esperar? Ninguém fazia ideia, a esperança seria de usufruir de um bonito passeio de cicloturismo até Portugal.
1ª Etapa Madrid – Ávila (dia com maior desnível)
Saímos cedo de Madrid, oito a pedalar e um a conduzir, esperava-nos a etapa com maior desnível para começar bem. Sair de Madrid demora uma eternidade, obriga não só a sair do centro como andar por vias rápidas, algumas delas com movimento a mais para o meu gosto, mas tinha que ser, demorámos uns 30 Km para nos vermos
livres da agitação da zona de Madrid; fomos então em direção a El Escorial; chegados a esta localidade, Km 50, eu, o Tó Zé e o Nelson ainda conseguimos ver o famoso mosteiro para logo de seguida parar numa esplanada para beber o café da manhã com o tradicional bolo das voltas, o restante grupo optou por seguir logo em direção à grande subida para a Navacerrada.
Até lá ainda fizemos mais uns 20 Km para chegar aos 1905m de altitude. Estava frio, apesar do dia estar solarengo não deu para ficar muito tempo a desfrutar da paisagem. A descida termina num restaurante para almoçar, e aqui voltámos a carregar baterias; faltava Segóvia. Saímos todos animados e vamos
então em direção a Segóvia, local bonito, tudo bem muito arranjado; foi pena não ficarmos por lá mais tempo mas tínhamos que seguir para Ávila.
Para lá chegar depois do desnível que apanhámos esperava-nos umas retas indetermináveis do tipo carrossel, sobe e desce constante; começou aqui a sentir-se algum vento e já para o final do dia começava a fazer mossa.
Chegámos a Ávila; estadia de luxo, deu para recuperar, visitar e jantar na vila. Ávila é uma localidade muito pitoresca com muralhas
2ª Etapa Ávila – Mogarraz (etapa devastadora para testar os limites)
Acordámos chocados com a neve que começou a cair, mas as previsões davam melhoria dentro de 1 hora; isto dava-nos tempo para preparar os gadgets de última hora, salva rabos improvisados à Portuguesa, jornais no selim, sacos de plástico à volta da cintura, toucas do hotel no capacete e lá saiu a cómica comitiva em direção a Mogarraz. A temperatura caiu, estava muito frio, mas o grupo estava
confiante mas sem saber o que lhes esperava; primeiro retas brutais com vento forte de frente o que obrigou a trabalho de equipa, rodas e mais rodas, gestão de ritmos e à medida que íamos avançando começámos a ver a Serra de Gredos; as dificuldades foram aumentando, frio, vento, desnível, e mais frio.
Ainda antes de chegar a Béjar parámos para almoçar; as opções não eram muitas, foi improvisar num café e quando saímos começa a chover com 3 graus de
temperatura. O cenário começa a complicar, tínhamos ainda 3 horas de caminho. Algumas subidas valentes para fazer o que significava frio e mais frio, encharcados com chuvadas permanentes; a situação ficou muito difícil de gerir; ainda fomos brindados por uma tempestade de granizo para agravar a situação, a carrinha do Sr. Lan foi dando a assistência possível ao grupo.
Mogarraz conquistada, no limite da capacidade de resistência física e mental, houve
momentos de dúvida se seriamos capazes de cumprir com o traçado original com as condições que estavam, mas foi uma questão de manter a calma e saber resistir às adversidades.
Mogarraz e o santo Vitor improvisado
3ª Etapa Mogarraz – Penamacor (a chegada a Portugal)
A saída de Mogarraz é fenomenal, ambiente de montanha, estradas com grandes paisagens. Mas o frio continuava,
voltámos a 1 grau o que obriga nas primeiras 2 horas de caminho a manter um ritmo cuidado e constante; ainda antes de entrar em Portugal paramos para comer e aquecermos um pouco.
A temperatura começa a subir, a confiança começa a melhorar e até os ritmos subiram; rapidamente chegámos a Portugal, entrada por Alfaiates para chegar ao Sabugal - um momento emblemático.
Em Portugal conseguimos finalmente comer uma refeição decente depois de 4 dias em Espanha; as saudades da comida Portuguesa eram enormes e com estas etapas e o desgaste o alimento tem um papel importante. No restaurante, em Sabugal, vi duas cestas de pão desaparecerem em segundos.
Até Penamacor ainda tínhamos 1H30 de caminho; com a bonita Serra da Malcata do nosso lado esquerdo fomo-nos a deliciar pela sua paisagem, uma serra muito verde ainda intacta e que passou ao lado dos fogos; a estrada N233 recomenda-se; chegados ao Hotel Termas S. Tiago foi altura de tomar e banho e como estava tudo fresco ainda deu para fazer turismo pela vila. O Sr. Lan foi buscar as minhas 2 princesas ao comboio do Fundão, juntaram-se à comitiva e assim reforçaram o apoio para os 2 dias que faltavam.
4ª Etapa Penamacor – Belver (a mais bonita de todas)
Depois de mais um grandioso pequeno-almoço arrancámos com assistência reforçada e ainda antes de passar por Idanha-a-Nova fomos à aldeia mais portuguesa de Portugal – Monsanto; uma subida bonita que vale bem a pena fazer, o prémio da paisagem é soberbo.
Percurso até Idanha-a-Nova; o grupo vai bem animado, continuamos por estradas imaculadas, descemos até à Igreja da Sra. da Graça.
Passagem pelo Rio Ponsul Dia especial com o aniversário do Tó Zé Até Monforte da Beira fizemos a estrada M351, a estrada mais bonita de todo o percurso
desde Madrid; cenários idílicos com natureza selvagem incrível, foram 15 Km sem ver um automóvel; esta estrada estava por nossa conta até chegar a Malpica do Tejo.
O mestre Silva deslumbrado com a paisaigem que se descobre pelo interior de Portugal
A Gabi estava bem disposta, talvez a etapa que se sentiu mais confiante
5ª Etapa Belver – Lisboa (a consagração)
A saída do Hotel na praia do Alamal começa por uma valente subida logo a frio. Era o último dia e no arranque era um misto de sentimentos entre querer terminar esta aventura e por outro lado a saudade de um feito difícil de repetir nas nossas vidas.
Ainda antes da barragem fomos ao Castelo de Belver, era o último empeno desta aventura.
Barragem de Belver Ainda deu tempo para pegar na Bike do senhor dos Correios e entregar umas cartas
Finalmente almoço em Almeirim e sopa, muita sopa do Silva. Já faltava pouco, agora era só concluir a terrível N10 cheia de camiões; aqui a carrinha do Sr. Lan ia fazendo os possíveis para nos proteger e claro toda a comitiva sempre que podia lá nos ia animando.
CHEGADA
Chegámos frescos a Lisboa, depois de 850 Km a pedalar. Parecia que tínhamos começado há pouco. Passámos por momentos difíceis mas isso só veio engrandecer esta aventura. O grupo esteve sempre animado e com o passar dos dias ficou cada vez mais coeso. Um agradecimento à amizade da Gabi, Nelson, Nevil, Pedro, Vitor e ao Edu e Tó Zé que se dedicaram ao desenho e acertos da rota, pois sem isso teria sido impossível cumprir em tempo útil todo o percurso. Um agradecimento especial ao Lanzinha que esteve sempre connosco a apoiar-nos, aliás seria impossível fazer isto sem ele e claro à minha Carla e Maria que se juntaram ao grupo.