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Quem era Jó? Esmiuçemos, pois, cada uma dessas qualidades explicitadas no texto em comento:

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Academic year: 2021

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Quem era Jó? Texto Bíblico: Jó 1.8

“Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.”.

1) Quem Era Jó?

Quando fazemos essa pergunta, talvez sejamos tentados a respondê-la segundo a definição popular: “Jó era um homem paciente”. Tanto que se disseminou o brocardo: “paciência de Jó” para definir as pessoas que reagem com resignação diante de circunstância difíceis, ou, têm um temperamento fleumático.

No entanto, segundo o relato bíblico constante no texto que acabamos de ler (Jó 1.8), Jó era um homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal.

Esmiuçemos, pois, cada uma dessas qualidades explicitadas no texto em comento:

1.1. Um homem íntegro

A palavra “íntegro” deriva do Latim integer, que significa “inteiro”, “completo”. Jó, portanto, era um homem completo em suas atitudes; um homem cujo caráter era ilibado e não precisava de consertos.

Aliás, o termo hebraico usado originalmente significa, literalmente, “completo”.

Essa integridade pode ser constatada, por exemplo, no Capítulo 31, quando ele – Jó – afirma ter feito aliança com os seus olhos para não fixa-los sobre outras jovens virgens (31.1), relatando, nos versículos seguintes, como ele se conduzia: sem andar com falsidade (v. 5); sem se desviar do caminho (v. 7); sem se deixar seduzir por causa de mulher (v. 9) – inclusive, afirmando que isso seria crime hediondo (v. 11) –; sem desprezar o direito do seu servo (v. 13); sem reter o que os pobres desejavam ou desfalecer os olhos das viúvas (v. 16); socorrendo os que estavam a perecer por falta de roupas (v. 19-20); sem levantar a mão contra órfãos (v. 21); sem pôr sua esperança no ouro (v. 24); sem

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considerar o sol ou a lua como deuses (v. 26-27); sem se alegrar com a desgraça dos seus inimigos, nem desejar-lhes o mal (v. 29-30); sem permitir que os estrangeiros pernoitassem na rua (v. 32); e sem encobrir suas transgressões, como fez Adão (v. 33).

Tamanha era a sua integridade, que após perder todos os seus bens materiais, seus filhos e a saúde, foi instigado por sua esposa a amaldiçoar Deus, com as seguintes palavras: “Ainda conservas a tua integridade?” (1.9).

Vê-se que essa integridade era reconhecida por alguém que convivia diuturnamente com Jó – sua esposa – e que, mesmo nos momentos de extrema dor, não foi perdida, pois, após o relato de como rechaçou os conselhos de sua mulher, o texto Santo afirma que “Em tudo isto, não pecou Jó com os seus lábios” (1.10).

De fato, Jó era um homem íntegro! 1.2. Um homem reto

A palavra “reto” deriva do termo latino rectus, que significa literalmente “reto” ou “direito”. Atualmente, o termo “reto” pode ser utilizado como sendo “um sentido direito”, ou seja, que não tem curvas ou desvios.

O termo hebraico original também significa “direito”.

Assim, temos que, quando o texto em disceptação define Jó como um homem de caráter reto, está a defini-lo como alguém que não se desviava dos seus princípios, que era direito, no sentido de não fazer coisas erradas, sobretudo, à luz dos princípios divinos.

O capítulo 31, já referido, demonstra que Jó era um homem que buscava não se desviar de tais princípios.

1.3. Temente a Deus

Como foi dito alhures, Jó foi aconselhado por sua esposa a amaldiçoar Deus. No entanto, ele respondeu a tal conselho dizendo que a sua mulher estava falando como doida, e que, tendo recebido o bem de Deus, também poderia

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receber o mal (1.10), o que demonstra que Jó tinha respeito pelo Senhor dos senhores.

Aliás, é isso que significa a palavra “temor”: “Sentimento de profundo respeito ou de reverência”1

O termo usado no original (Yir’â) significa “reverência”. Segundo o Novo Dicionário da Bíblia2, esse “temor santo” é “proporcionado por Deus, o que capacita os homens a reverenciarem os Seus mandamentos, e aborrecerem e evitarem toda forma de mal”.

Em outras palavras, Jó não tinha medo de Deus, mas o amava e o respeitava, inclusive, tendo demonstrado isso quando não entendeu a razão pela qual o Senhor permitiu que ele – Jó – fosse provado da forma que o foi.

Nós, leitores do livro, sabemos a razão pela qual Deus permitiu que ele fosse provado. Jó, no entanto, não tinha conhecimento das razões de Deus. Entretanto, ainda, assim, não permitiu que a situação pela qual passava lhe levasse a amaldiçoar o Eterno em detrimento do respeito que lhe tinha.

1.4. Um homem que se desviava do mal

Jó era um homem que, além de se deixar guiar pelos princípios divinos, também tinha princípios morais. Nas palavras de ANDERSEN3, ele “rejeitava o que era errado; não meramente o evitava.”.

Segundo o supracitado autor, Jó “era irrepreensível diante dos homens ou de Deus.”.

Que ele era irrepreensível diante dos homens fica claro quando lemos o relato de um de seus amigos – Elifaz – que, assim se pronunciou:

“Eis que tens ensinado a muitos e tens fortalecido mãos fracas. As tuas palavras têm sustentado aos

1 http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=temor

2 J. D. Douglas (Org.). O Novo dicionário da Bíblia. 2 ed., São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 1.567. 3 ANDERSEN, Francis I. Jó: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2006, p. 76.

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que tropeçavam, e os joelhos vacilantes tens fortificado. (Jó 4:3-4)

Jó era um homem admirado pelos seus pares. Ele os ajudava quando necessitavam, pois a sua vida de retidão e suas palavras – que identificavam um caráter íntegro – serviam de inspiração para aqueles que tropeçavam na caminhada da vida.

Destarte, era irrepreensível perante os homens.

2) Quem identificou tais características em Jó?

Diante de Deus, fica claro que ele – Jó – era irrepreensível, em primeiro lugar, porque chama a atenção o fato de que essas qualidades não foram identificadas por teólogos ou pelos amigos dele – embora o versículo primeiro do seu livro também o apresente dessa forma. Mas, no versículo em comento, essa constatação – de que Jó era íntegro, reto, temia a Deus e se apartava do mal” – foi feita pelo próprio Deus.

O Deus Eterno, perfeito, maravilhoso e inigualável identificou em Jó um homem sem igual, ao ponto de dizer que, na terra, não havia ninguém semelhante a ele.

Aliás, Deus, ao perguntar a Satanás sobre Jó, identifica este como seu “servo” (“Observaste o meu servo Jó?”). O já citado ANDERSEN4 anota que “Embora a palavra traduzida servo possa significar ‘escravo’, é frequentemente usada no Antigo Testamento como título de honra, e somente poucos privilegiados têm sido chamados ‘o Servo do Senhor.’.”

Depois, já no final do livro, quando Deus se dirigiu aos amigos de Jó, repreendendo-os por não terem falado o que era reto sobre Ele – Deus –, assim se pronunciou:

“Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós. O meu servo Jó orará por vós; porque dele aceitarei a intercessão, para que eu não vos trate segundo a vossa loucura; porque vós não

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dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó.”. – Jó 42.8

Apesar de ter questionado Deus, por causa de seu sofrimento, e ter sido incisivo em seus argumentos, Jó continuou sendo irrepreensível diante do Senhor, de forma que Este continuou a chamá-lo de “servo” e somente dele aceitou a intercessão pelos amigos que, embora tivessem repreendido Jó o tempo inteiro, não foram capazes de identificar o caráter Santo e Imaculado do Senhor. Somente Jó entendeu isto e, por tal razão, disse:

“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” – Jó 42.5-6

Obviamente isto não quer dizer que Jó fosse infalível. Ele tinha uma natureza pecaminosa como qualquer homem. Aliás, ele próprio reconhecia a pecaminosidade dos homens, tanto que oferecia holocaustos segundo o número de todos os seus filhos, após os banquetes que estes realizavam, dizendo talvez eles tivessem pecado e blasfemado contra Deus em seus corações.

Também reconhecia a sua pecaminosidade, pois, mesmo quando defendeu a sua integridade perante o Senhor, disse: “por que não perdoas a minha transgressão e não tiras a minha iniquidade?” (7.21).

Isto o torna ainda mais fascinante. Um homem pecador, sujeito às mesmas paixões que todos os demais, mas que foi reconhecido pelo Eterno como íntegro, reto, temente e que se desviava do mal.

3) As lições deixadas por Jó

Jó nos traz lições de como é possível ter uma natureza pecadora, mantendo-se íntegro e reverente a Deus.

3.1. Dentre essas lições, podemos concluir que a primeira coisa a fazer é manter-se como adorador do Senhor, mesmo que as circunstâncias sejam contrárias. Essa lição fica clara no momento em que Jó, após ouvir as notícias desesperadoras de que os seus bens haviam sido perdidos e de que os seus filhos haviam morrido, adorou a Deus, dizendo: “nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!”

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(1.20). O texto acrescenta que “em tudo isto Jó não pecou nem atribuiu a Deus falha alguma.”.

Jó mostrou-se grato a Deus, mesmo em meio às dores, e, por tal razão, não poderia deixar de ser um adorador. Ele nos ensina que Deus deve ser adorado em todos os momentos, e não apenas “quando tudo vai bem”, pois Deus não é obrigado a nos dar qualquer coisa e nem temos méritos para isto. Tudo ocorre por causa da Sua maravilhosa graça e misericórdia.

Para VASSÃO, “Jó era agradecido pelos bens que Deus lhe permitira possuir. Ele não achava que Deus era obrigado a lhe dar todas as coisas boas por ele ser um homem bom. Sabia que tudo que recebia era pelo amor e pela graça de Deus, não por seus méritos pessoais.”.5

3.2. A segunda lição é que Jó olhou para dentro de si, a fim de descobrir o que precisava ser consertado nele próprio. Ao conversar com seus amigos, ele disse: “Ensinai-me, e eu me calarei; dai-me a entender em que tenho errado” (6.24).

Não se tratava de um homem que era fechado para correções; que, por ser íntegro, achava que não havia espaço para aperfeiçoamento. Os seus amigos falaram em não conseguir apontar as causas da aflição de Jó – que ele tanto buscava – e deram ocasião para que ele relatasse as suas atitudes de retidão. No entanto, isso não quer dizer que Jó não estivesse aberto para ouvir o que precisava ser mudado em sua vida, nem que não estivesse disposto a fazer as mudanças que fossem necessárias.

Também fica claro que ele não atribuiu a causa dos seus infortúnios a Deus. Ele questionou Este, mas não lhe atribuiu responsabilidade. Não pousou de vítima. Os seus questionamentos eram naturais, para alguém que estava desesperado. Entretanto, não houve qualquer transferência de responsabilidade para o Senhor, o que nos faz entender porque Deus identificou nele as características explicitadas acima.

3.3. Por fim, Jó, como já frisado, mesmo sendo incisivo na sua defesa, e mesmo não identificando atitudes suas que justificassem a situação pela qual

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estava passando, não deixou de reconhecer que ele próprio poderia ser a causa de seus problemas, pois reconheceu que era pecador.

Entendeu que, apesar de ter um caráter íntegro, tinha uma natureza pecadora e, ainda que não identificasse ações de pecado, permanecia sendo um pecador. Por isso disse: “Por que não perdoas a minha transgressão e não tiras a minha iniquidade?” (7.21).

Ou seja, pelo simples fato de existir, Jó era a causa de todas as suas aflições e Deus não tinha qualquer responsabilidade sobre elas.

Observar a personalidade de Jó é um bom exercício para entendermos que é possível ter uma natureza pecaminosa – como todos a têm – e, ainda assim, mantermo-nos íntegros e fieis ao Senhor, amando-o e adorando-o, independentemente das circunstâncias que se abatam sobre nós.

Entretanto, apesar de ser reconhecido por Deus como um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal, Jó não foi poupado das tragédias que se abateram sobre ele. Por que Deus permitiu que tais tragédias ocorressem na vida de um homem justo?

Essa resposta buscaremos na próxima mensagem.

Sejam abençoados.

Referências

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