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Cama e café: hospitalidade e capital social na preservação do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.

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Academic year: 2021

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Cama  e  café:  hospitalidade  e  capital  social  na  preservação  do  bairro  de  Santa Teresa, no Rio de Janeiro.  Marcelo Augusto Mascarenhas  Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Núcleo de Pesquisas e Estudos  Avançados em Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto – NUPETUR/UFOP  Angela Cabral Flecha  Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP; Núcleo de Pesquisas e Estudos Avançados em  Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto – NUPETUR/UFOP 

É  comum  que  em  grandes  cidades  brasileiras,  como  São  Paulo  e  Rio  de  Janeiro,  parte  das  áreas  centrais  assim  como  o  seu  entorno  (principalmente  bairros  residenciais),  sejam  espaços  desvalorizados  e  degradados,  tanto  fisicamente quanto socialmente. A tendência ao isolamento periférico das elites  e  das  camadas  mais  pobres,  normalmente  torna  parte  dos  espaços  centrais  e  algumas  áreas  próximas,  objetos  pouco  lembrados  em  ações  públicas  de  revitalização,  ações  estas  que  já  não  são  muito  comuns  dentro  da  esfera  pública.  Através  de  iniciativas  coletivas  do  poder  social  local  juntamente  com  parcerias,  é  muito  provável  que  se  possa  reverter  tal  situação  de  descaso.  Como um possível exemplo deste tipo de atitude, o presente trabalho apresenta  o  caso  do  bairro  de  Santa  Teresa,  no  Rio  de  Janeiro,  onde  se  desenvolveu  a  primeira  rede  de  Bed  and  Breakfast  (Cama  e  Café)  do  Brasil.  Trata­se  de  um  projeto  onde  as  casas  do  bairro  e  seus  moradores  são  “vendidos”,  respectivamente,  como  hospedagem  e  anfitriões  para  turistas  e/ou  viajantes  que buscam um lugar para se alojar. Mais que unidades habitacionais, “vende­  se”  espaços,  ambiências,  hospitalidade  domiciliar.  Neste  contexto,  o  problema  do  estudo  aqui  realizado  se  concentra  na  seguinte  questão:  como  se  estabeleceu a sinergia entre o capital social do bairro de Santa Teresa e o seu  território, e quais são os resultados alcançados com este jogo de relações? Do  conjunto de relações que dão sustentação à sinergia mencionada, destacar­se­  á  no  presente  trabalho  o  estudo  das  interações  na  esfera  da  hospitalidade,  e  das ações cooperativas do capital social. Sobre a relevância do presente estudo  pode­se dizer que a mesma está centrada na busca do entendimento sobre as  interações que estruturam as trocas entre, o capital social local, o capital social  visitante, e o território deste encontro. A pesquisa de tal cenário visa contribuir  não  só  com  a  análise  das  relações  sociais  frente  o  uso  do  território,  mas  também  com  os  estudos  sobre  a  preservação  do  espaço  urbano.  Para  melhor  compreender os objetos/processos aqui observados, assim como os resultados  obtidos  no  trabalho,  faz­se  uso  também  das  teorias  da  hospitalidade.  É  por  meio  da  prática  desta  última,  que  os  atores  sociais  interagem  e  dão  um  novo  significado  para  o  espaço  das  habitações  de  Santa  Teresa.  A  estruturação  deste  estudo  foi  iniciada  com  base  em  uma  pesquisa  realizada  junto  a  moradores  do  bairro,  visitantes,  e  os  responsáveis  pela  rede  de  Cama  e  Café  na  localidade.  Dentre  as  considerações  finais  apresentadas,  destaca­se  a  alta  contribuição  que  o  fator  ‘identidade  com  o  espaço’  (bairro)  exerce  sobre  os  atores sociais locais, e suas respectivas ações. Também vale ressaltar o quão  elevado  é  o  conjunto  de  ações,  inter­relações,  e  comunicação  do  bairro,  não  apenas  entre  si  como  também  com  outros  bairros,  com  a  cidade  do  Rio  de  Janeiro, e até com o cenário internacional.

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Introdução 

Muitas  são  as  formas  de  organização  e  ação  coletiva  em  prol  do  desenvolvimento  social,  e  dos  espaços  que  a  sociedade  utiliza  em  seu  benefício.  O  estudo  aqui  desenvolvido  apresentará  um  olhar  sobre  a  organização coletiva e a preservação sócio­cultural observada na realidade do  bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro. Teremos na hospitalidade  do bairro, o ponto central da análise aqui realizada. Espera­se com este estudo,  compreender  um  pouco  mais  sobre  as  formas  de  organização  e  ação  coletiva  do  capital  social,  inserido  em  localidades  demarcadas  (aqui  representadas  pelos  limites  espaciais  do  bairro  em  questão)  de  maneira  formal  ou  não,  e  integrantes de pequenos universos populacionais. 

A escolha do tema em questão se justifica por inúmeros motivos, dentre  os  quais  destacam­se:  a  representatividade  do  bairro  de  Santa  Teresa  para  a  cidade do Rio de Janeiro, seja por sua riqueza histórica, arquitetônica, cultural,  social,  ou  mesmo  por  sua  atratividade  turística  (que  hoje  é  muito  relevante).  Ainda como justificativa para a escolha de tal recorte espacial, destaca­se o fato  deste  bairro  ser  a  sede  da  primeira  rede  de  Cama  e  Café  (ou  em  Bed  and  Breakfast,  do  termo  original)  do  Brasil;  um  grupo  com  mais  de  cinqüenta  domicílios  do  bairro  (e  seus  moradores),  cadastrados  e  aptos  a  fornecerem  hospedagem para turistas, visitantes, curiosos, etc. 

Temos  que  o  problema  do  estudo  aqui  desenvolvido  perpassa  a  compreensão  sobre  qual  o  papel  do  capital  social  para  a  preservação  e  o  desenvolvimento  do  bairro  de  Santa  Teresa,  no  Rio  de  Janeiro.  Dentro  deste  campo de incertezas, buscar­se­á entender melhor duas questões: como se dá  a  interação  entre  capital  social  local  e  seus  espaços  sociais  (privados  e  públicos); e como é a entrada do forasteiro (hóspede) no cotidiano, na realidade  sócio­espacial de Santa Teresa. 

A  metodologia  utilizada  para  a  construção  deste  estudo  foi,  revisão  bibliográfica  para  a  sustentação  teórica  do  trabalho;  informações  estatísticas  sobre a realidade do bairro, estas retiradas da Contagem Populacional de 1996  (IBGE,  1996)  e  do  Censo  Populacional  de 2000  (IBGE, 2000);  e levantamento  qualitativo  de  informações  para  verificação  empírica  dos  fatos.  Nesta  terceira  fase foram realizadas entrevistas com moradores do bairro, visitantes/turistas, e  os responsáveis pelo projeto Cama e Café em Santa Teresa. Estas entrevistas

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foram  inicialmente  gravadas  e  posteriormente  transcritas.  Apesar  de  usar  alguns  dados  estatísticos,  não  é  objetivo  do  presente  estudo  inferir  os  resultados observados para realidades diferentes do contexto aqui observado. 

Hospitalidade e processos sociais 

Para  melhor  compreendermos  a  dinâmica  do  capital  social  de  Santa  Teresa (especialmente do grupo inserido no projeto Cama & Café) com os seus  espaços,  faz­se  indispensável  analisarmos  alguns  aspectos  teóricos  que  dialogam  com  a  realidade  observada  no  bairro.  Dentre  os  pontos  mais  relevantes,  destacamos  o  olhar  sobre  a  hospitalidade  e  os  processos  sociais  decorrentes desta. 

Pontualmente  sobre  o  tema  hospitalidade  temos,  grosso  modo,  duas  linhas  gerais  de  discussão:  a  corrente  anglo­saxã,  e  a  corrente  francesa.  A  primeira  trata  essencialmente  a  hospitalidade  como  um  produto,  uma  questão  paralela  à  gestão  mercadológica  dos  meios  de  hospedagem.  Quanto  à  linha  francesa, foco maior do estudo aqui desenvolvido, temos uma ótica que analisa  a hospitalidade como processo social, resultado de interações, trocas entre os  indivíduos envolvidos no processo de busca e oferta de abrigo. 

Ao contrário das relações de hospitalidade vistas em Derrida (2003),  no  caso de Santa Teresa não temos dois obstáculos que o autor menciona como  fundamentais  no  encontro  entre  o  anfitrião  e  o  possível  hóspede.  De  acordo  com Derrida (2003), o encontro em busca da hospitalidade envolve problemas  de linguagem, comunicação, assim como incertezas, inseguranças vivenciadas  por  ambas  as  partes,  aquele  que  oferta  e  aquele  que  busca  o  acolhimento.  Sobre  o  conflito  de  comunicação,  o  autor  coloca  este  como  fruto  da  diferença  de  língua  entre  o  dono  da  casa,  o  rei,  o  senhor,  o  Estado,  e  o  “estrangeiro 1 ”.  Segundo Derrida (2003), este último é quem deve se submeter à linguagem do  anfitrião,  e  não  o  contrário.  Para  ele,  a  hospitalidade  deve  ser  pedida  na  linguagem  da  casa,  e  não  na língua da  rua, do  exterior  (DA  MATTA,  1991).  A  “violência”  de  impor  a  tradução  da  sua  linguagem  (DERRIDA,  2003,  p.  15)  é  amenizada  no  caso  de  Santa  Teresa,  isto  porque  entre  o  anfitrião  e  o 

Estrangeiro aqui é o sujeito que não é de casa, não é o senhor, o poder do lar. Por tal motivo,  é praticamente desprezível a familiaridade que este tenha com o hospedeiro, ou até sua origem  (se da mesma cidade ou não).

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estrangeiro,  existe  um  elo  de  ligação  que  ameniza  em  muito  este  tipo  de  “confronto” social. Para que se efetive uma relação entre hospedeiro e hóspede  no  projeto  Cama  &  Café,  este  último  entra  em  contato  inicialmente  com  uma  central  de  reservas.  Neste  intermediário  de  relações,  são  checados  os  perfis  dos  estrangeiro,  e  a  partir  daí  estes  são  encaminhados(ou  indicados)  para  os  anfitriões  com  uma  provável  afinidade  de  interesses.  Com  base  no  processo  acima,  podemos  observar  que  pelo  menos  um  dos  embates  entre  hóspede  e  hospedeiro  descritos  por  Derrida  (2003)  é  praticamente  anulado,  ou  em  muito  minimizado, graças à intermediação realizada pela central de reservas do Cama  & Café. 

Um segundo problema descrito por Derrida (2003) são as incertezas que  o  estrangeiro  traz  para  a  casa  que  o  acolhe,  e  vice­versa.  Para  o  autor,  o  estrangeiro  por  vezes  assume  o  papel  do  homem  questionador,  aquele  que  perturba  a  realidade  e/ou  a  estrutura  local.    Por  parte  do  estrangeiro,  as  interrogações  pairam  sobre  os  deveres  que  este  assume  ao  buscar  a  hospitalidade (DERRIDA, 2003). A intensidade de tais deveres, assim como os  conflitos culturais que estas obrigações podem ocasionar, são um grande foco  de  interrogações  e  temores  para  aquele  que  deseja  ser  acolhido.  Mesmo  no  caso  do  Cama  &  Café  em  Santa  Teresa,  onde  existe  um  ponto  intermediário  entre  as  partes  extremas  do  processo,  e  um  relacionamento  a  princípio  comercial, podemos dizer que dificilmente tais incertezas são anuladas. Tal fato  pôde  ser  verificado  nos  depoimentos  colhidos  tanto  com  anfitriões  do  projeto,  quanto  com  hóspedes  que  estiveram  alojados  em  casas  ou  apartamentos  do  mesmo.  Nota­se  que  é  comum  no  discurso dos  entrevistados,  mencionar  uma  certa  ansiedade,  expectativa  em  saber  quem  serão  seus  visitantes  ou  hospedeiros.  Percebe­se  que,  apesar  do  vínculo  comercial  entre  as  partes,  o  relacionamento entre as partes acaba por superar os limites mercadológicos do  processo. Tal observação também foi notada em estudo feito por Paço Cunha,  Ferreira  e  Fois  Braga  (2004),  onde  buscou­se  entender  as  racionalidades  que  sustentavam  o  processo  de hospitalidade  trabalhado  pelos  anfitriões  do  Cama  & Café. 

Pode­se  dizer  que  a  hospitalidade  praticada  comercialmente  no  próprio  lar, acaba por exercer uma significativa pressão sobre o hospedeiro. Por ser um  relacionamento  comercial,  este  tem  menos  oportunidades  para  recusá­lo.  O

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contrato que, na hospitalidade pura e simples, é meramente social, estabelece  maiores  compromissos  ao  tornar­se  também  um  elo  mercadológico  entre  o  anfitrião  e  o  estrangeiro.  O  sacrifício  da  dádiva  mencionado  por  Camargo  (2004),  torna­se  maior  quando  o  hóspede  aumenta  seu  poder  diante  daquele  que o recebe. A partir do momento que se paga pela hospitalidade, maiores são  os  direitos  de  cobrar  aquilo  que  se  deseja  “consumir”.  Destes  “aluguéis”  de  espaços  em  algumas  residências  de  Santa  Teresa,  pode­se  imaginar  que  surjam  pressões indiretas  pela  preservação do  território  de  Santa  Teresa.  Não  queremos  dizer  que  a  preservação  deste  bairro  seja  decorrente  da  hospitalidade  praticada  dentro  dos  seus  limites,  mas  sim  que  a  hospitalidade  possa  realmente  ser  um  dos  vetores  que  incidem  sobre  o  processo  de  preservação desta localidade. 

Visto  que  a  hospitalidade  é  inevitavelmente  um  processo  de  transformações, de trocas socioculturais entre os indivíduos e espaços que dela  participam  (GRINOVER,  2002),  poderíamos  ter  o  seguinte  paradoxo  para  a  realidade  de  Santa  Teresa:  como  manter  em  seu  próprio  ritmo,  o  máximo  possível,  a  cultura  e  os  processos  sociais  locais,  uma  vez  que  este  espaço  é  ponto  de  encontro  e  convivência  para  diferentes  culturas?  Uma  provável  explicação para que este fato tenha se tornado efetivamente um problema é a  presença  de  uma  identidade  muito  bem  demarcada  ante  a  cultura  e  parte  da  população residente do bairro, assim como o vínculo destes com o espaço em  que habitam. A solidez da subjetividade que habita o território de Santa Teresa,  é provavelmente um dos maiores sustentáculos de atual contexto.  Diante de tais reflexões teóricas, torna­se interessante ir em busca de um  entendimento mais empírico sobre a realidade do território aqui e da população  aqui pesquisada.  Análise das informações coletadas 

Antes  de  avançarmos  especificamente  sobre  as  informações  referentes  às entrevistas feitas, é conveniente apresentar um pouco do contexto histórico,  cultural e social que prevalece sobre Santa Teresa. 

Surgido  no  século  XVIII,  o  bairro  foi  durante  certo  período,  moradia  destinada às classes mais altas do Rio de Janeiro, fruto de uma das primeiras  frentes  de  expansão  para  além  do  núcleo  inicialmente  estabelecido  como

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espaço  para  povoamento  (WIKIPEDIA,  2006).  Repleto  de  grandes  casarões  e  inclusive  uma  linha  de  transporte  por  meio  de  bonde,  que liga  o  Santa Teresa  até  a  região  mais  central  da  cidade,  a  localidade  conserva  até  hoje  muito  de  suas  características  passadas.  Geograficamente,  pode­se  dizer  que  o  mesmo  se  encontra  em  uma  pequena  colina  ao  lado  do  bairro  da  Lapa.  Inserido  em  uma região bem central do Rio de Janeiro, Santa Tereza é repleto de ladeiras, e  possui algumas favelas em sua parte mais alta (WIKIPEDIA, 2006). 

Segundo  o  Censo  Demográfico  de  2000,  o  bairro  possuía  naquele  ano  cerca  de  13703  domicílios  particulares  e  permanentes  (IBGE,  2000).  Com  relação  aos  domicílios,  segundo  o  número  de  moradores  residentes  nestes,  tínhamos em 2000 a seguinte distribuição: 

Tabela 1 ­ Distribuição dos domicílios segundo o número de  moradores 

Nº de morados por domicílio  Nº absoluto  % do total populacional 

1 morador  2.578  0,1881  2 moradores  3.601  0,2628  3 moradores  3.086  0,2252  4 moradores  2.349  0,1714  5 moradores  1.157  0,0844  6 moradores  491  0,0358  7 moradores  213  0,0155  8 moradores  108  0,0079  9 moradores  58  0,0042  10 moradores  26  0,0019  11 moradores  14  0,0010  12 moradores  10  0,0007  13 moradores  6  0,0004  14 moradores  3  0,0002  15 moradores ou mais  3  0,0002  Número total de domicílios  13.703  1,0000  Fonte: Censo 2000, IBGE. 

Com  base  na  tabela  acima,  vemos  que  os  domicílios  com  até  2  moradores  residentes  equivalem  a  aproximadamente  45,09%  do  total  de  domicílios  particulares  e  permanentes.  Se  observarmos  os  domicílios  com  até  3  residentes,  este  percentual  sobe  para  61%.  Isto  nos  mostra  que  os  domicílios  de Santa Teresa têm em sua maioria, muito poucos moradores permanentes. 

Quanto  à  população  residente  do  bairro,  podemos  observar  com  base  nos  dados  da  Contagem  Populacional  (IBGE,  1996)  e  do último  Censo  (IBGE,  2000),  que  houve  um  decréscimo  no  número  de  residentes  de  Santa  Teresa

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com o avanço do tempo. O valor desta queda foi de aproximadamente 5,2% do  total  de  residentes  contabilizado  em  1996.  Apesar  da  diminuição  absoluta,  podemos  ver  na  tabela  2  que  a  distribuição  por  sexo  em  termos  percentuais,  praticamente  não  sofreu  alteração  entre  a  Contagem  Populacional  e  o  Censo  de 2000.  A maioria feminina se manteve entre os residentes do bairro.  Tabela 2 ­ População residente distribuída por  sexo  População residente  (Habitante)  População residente  (Percentual)  Ano  1996  2000  1996  2000  Homens  20.299  19.231  46,77  46,74  Mulheres  23.107  21.914  53,23  53,26  Total  43.406  41.145  100  100  Fonte: Contagem Populacional 1996 e Censo 2000, IBGE. 

Segundo  informações  obtidas  no  Censo  de  2000  (IBGE,  2000),  a  distribuição etária dos moradores de Santa Teresa se dava da seguinte forma:  Tabela 3 ­ Distribuição etária e por sexo, em % para o ano de 2000, dos residentes do  bairro de Santa Teresa; dos residentes no município do Rio de Janeiro; e razão entre as %  de Santa Teresa e do Rio de Janeiro.  Santa Teresa  Rio de Janeiro  Razão entre as % de  Santa Teresa e do  Rio de Janeiro  Grupo etário  H  M  T  H  M  T  H  M  T  0 a 9 anos  7,19  7,06  14,25  7,65  7,39  15,05  0,94  0,96  0,95  10 a 19 anos  7,43  7,53  14,96  8,08  8,09  16,18  0,92  0,93  0,92  20 a 29 anos  8,62  8,96  17,58  8,25  8,66  16,91  1,04  1,03  1,04  30 a 39 anos  7,86  8,62  16,48  7,26  8,16  15,43  1,08  1,06  1,07  40 a 49 anos  6,44  8,1  14,54  6,35  7,64  13,99  1,01  1,06  1,04  50 a 59 anos  4,16  5,29  9,46  4,27  5,34  9,61  0,97  0,99  0,98  60 a 69 anos  2,89  3,86  6,74  2,89  4,02  6,89  1,00  0,96  0,98  70 a 79 anos  1,62  2,6  4,22  1,65  2,66  4,31  0,98  0,98  0,98  80 a 89 anos  0,47  1,07  1,53  0,44  0,97  1,42  1,07  1,10  1,08  90 a 99 anos  0,06  0,17  0,23  0,05  0,15  0,19  1,20  1,13  1,21  100 anos ou mais  0,00  0,01  0,01  0,00  0,01  0,02  0,00  1,00  0,50  Total  46,74  53,27  100,00  46,89  53,09  100  1,00  1,00  1,00  Fonte: Censo 2000, IBGE. 

Podemos  observar  que  o  grupo  mais  freqüente  em  Santa  Teresa,  é  aquele  entre  20  e  39  anos.  Só  neste  estrato,  temos  mais  de  34%  dos  residentes.  Se  compararmos os totais deste subgrupo, pode­se ver que em Santa Teresa ele é  mais  representativo  que  no  Rio  de  Janeiro  (34,06  do  bairro  contra  32,24  do  município).  Se  analisarmos  a  população  com  idade  até  39  anos,  esta

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porcentagem  sobe  para  mais  de  63%  dos  residentes  do  bairro.  Para  este  segmento  o  percentual  é  muito  similar  ao  observado  no  município  (63,27  de  Santa  Teresa,  contra  63,57  do  Rio  de  Janeiro).  Apesar  do  estilo  de  moradias  observados  em  Santa  Teresa,  pode­se  dizer  que  a  população  residente  no  bairro é relativamente jovem. A população entre 40 e 69 anos, representa cerca  de  30,74%  do  total  de  residentes,  um  número  também  bastante  expressivo  e  em  muito  similar  com  o  percentual  observado  no  município  do  Rio  de  Janeiro.  Grosso  modo,  sobre  as  porcentagens  totais  analisadas,  podemos  dizer  que  a  distribuição  etária  do  Bairro  de  Santa  Teresa,  é  bastante  similar  à  verificada  para o município aqui analisado. 

Sobre  a  distribuição  etária  de  acordo  com  o  sexo  dos  residentes,  podemos notar que as maiores diferenças do bairro, são observadas no grupo  de  40  e  49  anos,  em  diante  (neste  segmento,  as  mulheres  eram  aproximadamente  25%  mais  numerosas  que  os  homens.  Para  os  grupos  com  idades  superiores  a  este  último,  estas  diferenças  aumentam  respectivamente  para 27,16%; 33,56%; 60,49%; 127,65% e 183,33% para os residentes entre 90  e 99 anos). Tais diferenças entre homens e mulheres, para a esfera municipal,  também apresentam­se  muito similares aos valores encontrados para o bairro.  Para  o  grupo  entre  40  e  49  anos,  no  Rio  de  Janeiro,  as  mulheres  eram  20%  mais numerosas que os homens. Nos grupos com idade superior a este último,  as mulheres eram mais representativas em aproximadamente 25%; 39%; 61%;  120%, e 200% para o grupo de 90 a 99 anos. 

Ao  direcionarmos  nossa  analise para  as  classes  de rendimento  nominal  mensal,  isto  para  as  pessoas  consideradas  responsáveis  pelos  domicílios,  podemos  verificar  que  a  realidade  de  Santa  Teresa  não  se  apresenta  muito  distinta  daquela  observada  para  o  município  do  Rio  de  Janeiro.  Na  tabela  quatro,  podemos  ver  os  grupos  com  renda  nominal  mensal  até  3/4  de  salário  mínimo,  que  em  Santa  Teresa,  representam  0,56  do  mesmo  segmento  observado  na  esfera  municipal.  Para  os  grupos  com  renda  nominal  mensal  entre Mais de 1 1/2 a 2 salários mínimos, e Mais de 10 a 15 salários mínimos,  temos uma maior representatividade observada em Santa Teresa do que no Rio  de  Janeiro,  já  que  a  razão  do  bairro  para  o  município  é  equivalente  a  1,05.  Neste segmento de renda, temos aproximadamente 67,02% do grupo de Santa  Teresa,  e  63,96  dos  grupos  do  Rio  de  Janeiro.  Para  os  grupos  onde  o

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responsável  pelo  domicílio  tem  renda  nominal  mensal  acima  de  20  salários  mínimos,  o  bairro  se  mostra  menos  representativo  que  o  município,  já  que  a  razão entre o primeiro e o segundo gira em torno de 0,72.  Tabela 4 ­ Classes de rendimento nominal mensal da pessoa responsável pelo domicílio;  % para o bairro de Santa Teresa, o município do Rio de Janeiro, e razão entre o 1º e o 2º  %.  Classes de rendimento nominal  mensal da pessoa responsável pelo  domicílio  % por domicílios  particulares  permanentes, em  Santa Teresa  % por domicílios  particulares  permanentes, no  município do Rio  de Janeiro  Razão entre as %  observados em  Santa Teresa e no  Rio de Janeiro  Até 1/4 de salários minimos  0,04  0,08  0,5  Mais de 1/4 a 1/2 salários mínimos  0,14  0,26  0,54  Mais de 1/2 a 3/4 de salários mínimos  0,31  0,54  0,57  Mais de 3/4 a 1 salário mínimo  7,84  8,35  0,94  Mais de 1 a 1 1/4 de salário mínimo  1,17  1,27  0,92  Mais de 1 1/4 a 1 1/2 salário mínimo  3,12  3,32  0,94  Mais de 1 1/2 a 2 salários mínimos  9,81  9,45  1,04  Mais de 2 a 3 salários mínimos  11,57  11,14  1,04  Mais de 3 a 5 salários mínimos  16,90  15,59  1,08  Mais de 5 a 10 salários mínimos  21,73  20,81  1,04  Mais de 10 a 15 salários mínimos  7,01  6,97  1,01  Mais de 15 a 20 salários mínimos  5,46  5,44  1,00  Mais de 20 a 30 salários mínimos  3,15  3,72  0,85  Mais de 30 salários mínimos  3,15  5,09  0,62  Sem rendimento  8,61  7,96  1,08  Total  100,00  100,00  1  Notas:  1­ Salário mínimo utilizado: R$151,00  2­ A categoria sem rendimento inclui as pessoas que receberam somente benefícios.  Fonte: Censo 2000, IBGE.  Por fim, com relação às informações sobre a escolaridade dos residentes  permanentes  de  Santa  Teresa,  assim  como  do  município  do  Rio  de  Janeiro,  podemos avaliar os seguintes dados. Na tabela 5, vemos que, de acordo último  Censo (IBGE, 2000), aproximadamente 51,34% dos domicílios de Santa Teresa  tinham  seu  responsável  com  até  8  anos  de  estudo.  Para  a  esfera  municipal,  este percentual era de 53,46%. A razão entre o primeiro e o segundo valores é  de 0,96. Se analisarmos os percentuais de domicílios, onde seus responsáveis  tivessem entre 9 e 11 anos de estudo, vemos que para o bairro estes são 23,01  do total. Para o nível municipal, a porcentagem em questão é 24,43% do todo.  A razão entre a primeira e a segunda esfera é de 0,94.  Sobre os grupos entre  12 e 15 anos de estudo, vemos que Santa Teresa assume percentual maior que  aquele  observado  para  o  Rio  de  Janeiro.  Temos  15,94%  para  o  primeiro  e

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14,07%  para  o  segundo  (porcentagens  em  relação  aos  respectivos  totais).  A  razão entre os valores observados para o bairro e para o município é de 1,13.  Em  continuidade  à  mudança  de  padrão  observada  acima,  vemos  que  os  o  percentual  referente  a  16  anos  de  estudo  ou  mais,  é  bem  maior  para  a  realidade de  Santa Teresa  do  que  para o  Rio  de  Janeiro.  Responsáveis  pelos  domicílios,  com  mais  de  16  anos  ou  mais  de  estudo,  são  aproximadamente  9,8%  para o  bairro,  e 7,85%  para  o  município.  Isto  nos  dá  uma  razão de  1,25  entre Santa Tereza e o Rio de Janeiro.  Tabela 5 ­ Anos de estudo da pessoa responsável pelo domicílio; % para o bairro  de Santa Teresa, o município do Rio de Janeiro, e razão entre o 1º e o 2º %.  Anos de estudo da pessoa  responsável pelo domicílio  % por domicílios  particulares  permanentes, em  Santa Teresa  % por domicílios  particulares  permanentes, no  município do Rio  de Janeiro  Razão entre as %  observadas em  Santa Teresa e no  Rio de Janeiro  Sem instrução e menos de 1 ano  4,90  5,17  0,95  1 ano  3,01  2,55  1,18  2 anos  3,11  2,94  1,06  3 anos  4,63  4,51  1,03  4 anos  13,71  15,36  0,89  5 anos  4,65  4,41  1,05  6 anos  2,74  2,69  1,02  7 anos  2,82  3,63  0,78  8 anos  11,57  12,20  0,95  9 anos  1,90  1,81  1,05  10 anos  2,92  2,81  1,04  11 anos  18,19  19,81  0,92  12 anos  1,45  1,37  1,06  13 anos  1,96  1,62  1,21  14 anos  2,47  1,92  1,29  15 anos  10,06  9,16  1,10  16 anos  5,36  4,88  1,10  17 anos ou mais  4,44  2,97  1,49  Não determinados  0,10  0,19  0,53  Total  100,00  100,00  1,00  Fonte: Censo 2000, IBGE.  Como fechamento deste resumido olhar estatístico sobre a população do  bairro  de  Santa  Teresa,  podemos  dizer  que,  grosso  modo,  a  realidade  deste  primeiro espaço é em muito semelhante à realidade observada na população do  município do Rio de Janeiro. 

Na  distribuição  por  idade  e  sexo,  poucas  são  as  diferenças  relevantes.  Somente  para  o  bairro,  vale  destacar  que  as  mulheres  são  aproximadamente  53,27%, que entre os 20 e 69 anos o grupo feminino tem 34,83%, enquanto o

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masculino tem 29,97% (diferença de 4,86 pontos percentuais), e entre os 20 e  79, este percentual sobe para 37,43 para as mulheres e 31,59 para os homens  (com  diferença  de  5,84  entre  ambas  porcentagens).    Com  relação  à  renda  nominal  mensal  do  responsável  pelo  domicílio,  isto  para  o  bairro  de  Santa  Teresa, destacamos 67,02% entre mais de 1½ e 20 salários mínimos. Aqueles  que recebem acima de 2 até 10 salários mínimos, representam cerca de 50,2%  do total. Entre os com mais de 5 e 20 salários mínimos mensais, temos 32,2%  dos  responsáveis  pelos  domicílios.  Finalmente,  12,47%  aqueles  que  recebem  mais de 10 até 20 salários mínimos por mês. Com relação aos anos de estudo  dos responsáveis pelos domicílios do bairro analisado, destacamos que mais de  51% têm até 8 anos de estudo, cerca de 11,57% têm de fato 8 anos de estudo,  38,95%  têm  entre  9  e  15  anos  de  estudo,  e  25,74%  têm  11  ou  mais  anos  de  estudo. 

Especificamente  sobre  o  projeto  Cama  e  café,  temos  que  segundo  informações do site, das 18 casas apresentadas como opções de hospedagem,  12 destas apresentavam  mulheres como o anfitrião do estabelecimento. Isto já  nos  coloca  em  uma  realidade  diferente  da  observada  na  população  do  bairro.  Apesar das mulheres serem realmente maioria, o percentual apresentado entre  os anfitriões do Cama & Café é bastante superior ao do bairro. Enquanto neste  último  elas  são  em  torno  de  53,27%,  nas  opções  de  hospedagem  do  projeto  elas  são  aproximadamente  66%.  Na  entrevista  com  Carlos  Magno,  um  dos  responsáveis  pelo  projeto,  o  mesmo  disse  não  perceber  diferença  entre  o  número  de  mulheres  e  homens,  assim  como  não  percebia  diferença  no  relacionamento entre mulheres e homens enquanto anfitriões do projeto Cama  & Café. Encontramos nos estudo de Lynch e MacWhannell (2004), um provável  apoio para a compreensão desta predominância feminina. Os autores abordam  em seu trabalho alguns aspectos do espírito empreendedor feminino, dentre os  quais destaca­se a propensão ao exercício da hospitalidade, principalmente na  esfera  doméstica  (LYNCH;  MACWHANNELL  2004).  Das  variadas  motivações  que  podem  levar  a  mulher  à  hospitalidade  comercial  em  seu  lar,  poderíamos  destacar o desejo de status, e a necessidade de desenvolver tarefas criativas e  sociais.  Eis,  nestes  dois  últimos  pontos,  mais  um  provável  vetor  que  incide  sobre  o  processo  de  conservação  dos  espaços  “vendidos”  pelo  Cama  &  Café  (ou  indiretamente  por  Santa  Teresa).  Algumas  outras  questões  que  também

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devem  exercer  força  sobre  a  idéia  e  o  trabalho  de  conservação  do  bairro  são  possíveis  maior  escolaridade  e  maior  renda  da  população  residente,  em  comparação à população do município do Rio de Janeiro. 

Muitos  são  os  resultados  que  podem  ainda  ser  extraídos  do  presente  trabalho  campo,  entretanto,  pelo  seu  atual  desenvolvimento,  optou­se  por  divulgar apenas o estrato aqui apresentado. 

Considerações finais 

Com  base  nas  informações  apresentadas  ao  longo  do  estudo  aqui  desenvolvido, algumas idéias podem ser levantadas para debate e/ou avaliação  em  futuros  trabalhos  que  objetivem  continuar  tal  linha  de  discussão,  seja  no  mesmo território analisado, ou até em espaços diferentes deste. 

Dentre as considerações finais do trabalho, podemos destacar o quanto  o  fator  “identidade  com  o  local”  foi  presente  nos  depoimentos  das  pessoas  envolvidas  no  projeto  Cama  &  Café.  Verificamos  que  o  vínculo  com  o  bairro  analisado perpassa por questões referentes à cultura da região onde o bairro se  localiza, e idéias sobre o estilo de vida que os anfitriões se propõem a levar. Tal  sensação  de  pertencimento  que  os  residentes  demonstraram  ter  com  a  localidade,  contribui  em  muito  para  o  trabalho  de  preservação  desta.  Vale  salientar  que  o  trabalho  de  conservação  do  bairro  e  sua  cultura,  é  fruto  de  variados  vetores  que  incidem  sobre  este  ponto.  Observa­se  desde  ações  individuais de pouca racionalidade, até grupos coletivos de trabalho diretamente  focados na manutenção e valorização de Santa Teresa e sua cultura. 

Ainda  sobre  os  pontos  de  maior  destaque  neste  estudo,  é  interessante  observar  o  quão  articulado  e “comunicativo”   tende  a  ser  o bairro em questão.  Tanto  o  projeto  Cama  &  Café  quanto  Santa  Teresa  possuem  seus  próprios  sites.  Nestes,  os  estrangeiros  interessados  em  sua  visualização  podem  encontrar  algumas  facilidades,  haja  vista  que  o  primeiro  permite  visualização  em português ou inglês, e o segundo permite visualização em português, inglês  ou  francês.  Ainda  sobre  a  comunicabilidade  do  projeto  Cama  &  Café,  e  em  parte de Santa Teresa, temos que, de acordo com as entrevistas realizadas e o  material  analisado,  observamos  que  alguns  grupos  e  entidades  de  representação coletiva localizados no bairro, desenvolvem grande comunicação  com  outros  pares  localizados  não  só  na  cidade,  como  também  fora  desta,

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inclusive  com  alguns  destes  situados  fora  do  país.  Sobre  este  diálogo  com  o  grupos  estrangeiros,  pôde­se  verificar  neste  trabalho  que  a  divulgação  e  a  aceitação  tanto  do  projeto  quanto  do  bairro  e  sua  cultura,  têm  sido  maiores  perante o público estrangeiro, que em relação aos originários de outras cidades  do  Brasil.    É  notório  que,  pela  cidade  do  Rio  de  Janeiro  ser  um  reduto  de  grande  circulação  de  estrangeiros,  este  aspecto  referente  ao  número  de  visitantes  internacionais  já  era  de  certa  maneira  esperado.  Com  relação  ao  processo de  comunicação  averiguado  não  somente  entre  parte dos  residentes  do bairro, mas também destes com o público externo (seja apenas do bairro, da  cidade,  ou  do  país),  podemos    destacar  que  existem  indícios  relativamente  consistentes  sobre a  consolidação  de  redes   (racionalizadas  ou  não),  entre  as  partes  envolvidas  neste  processo  de  trocas  sociais  e  comerciais.  Sugere­se  o  entendimento de tais redes como proposta para estudos posteriores. 

Por  fim,  do  material  coletado,  observado  e  analisado,  podemos  considerar  que  Santa  Teresa,  apesar  de  ter  estatísticas  populacionais  muito  similares  às  do  município  do  Rio  de  Janeiro,  é  um  bairro  que  se  destaca  de  outros  em  muitos  aspectos.  O  grau  de  identidade  que  certos  grupos  de  moradores  e  admiradores  nutrem  pela  localidade,  contribui  significativamente  para o trabalho de preservação deste espaço. O projeto Cama & Café, de forma  racional  ou  não,  inseriu­se  neste  contexto  que  inegavelmente  proporcionou,  tanto  para  si  quanto  para  a  localidade  (espaços  e  população),  variados  benefícios.  O  fato  é  que  Santa  Teresa  apresenta  uma  realidade  bastante  particular, formada por um conjunto de aspecto que não comumente se observa  em  outras  localidades.  De  uma  identidade  bem  definida,  até  sua  riqueza  histórica  e  patrimonial,  o  bairro  é  um  ponto  privilegiado  para  a  ebulição  do  desenvolvimento de movimentos sociais vinculados ao seu contexto. 

Referências bibliográficas 

CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. Hospitalidade. São Paulo : Aleph, 2004.  DA  MATTA,  Roberto.  A  casa  e  a  rua.  Rio  de  Janeiro  :  Guanabara  Koogan,  1991. 

DERRIDA,  Jacques.  Anne  Dufourmantelle  convida  Jacques  Derrida  a  falar  Da Hospitalidade. Tradução de Antônio Romane. São Paulo : Escuta, 2003.

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GINOVER,  Lúcio.  Hospitalidade:  um  tema  a  ser  reestudado  e  pesquisado.  In:  DIAS,  Célia  Maria  de  Moraes.  Hospitalidade:  reflexões  e  perspectivas.  Baruerí, SP : Manole, 2002. 

IBGE. Censo Demográfico 2000. Rio de Janeiro : IBGE. 2002. 

_______. Contagem Populacional de 1996. Rio de Janeiro : IBGE, 1998 

LYNCH,  Paul;  MACWHANNELL,  Doreen.  Hospitalidade  doméstica  e  comercial.  In  LASHLEY,  Conrad;  MORRISON,  Alison  (orgs).  Em  busca  da  hospitalidade:  perspectivas  para  um  mundo  globalizado.  Tradução  de  Carlos  David Szlak. Barueri, SP : Manole, 2004. 

PAÇO  CUNHA,  Elcemir;  FERREIRA,  Rafeal;  FOIS  BRAGA,  Humberto.  Racionalidade  e  Hospitalidade:  uma  discussão  promissora  para  os  estudos  em  organização turísticas  –  anfitriãs.  In  Anais  do  XXIV  Congresso  Brasileiro de Turismo. Hospitalidade: turismo e humanização. (CD­ROM). Itajaí :  Editora e Grágica Berguer, 2004. 

WIKIPEDIA.  Santa  Teresa  (Rio  de  Janeiro).  Retirado  de: 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Teresa_(Rio_de_Janeiro)#Hist.C3.B3ria 

Referências

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