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ADENDA A Injunção e as Conexas Acção e Execução

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SALVADOR DA COSTA

Juiz Conselheiro

Janeiro de 2009

I – INTRODUÇÃO

Esta adenda é motivada, principalmente. pela alteração dos arti-gos 10.°, 11.°, 13.° e 14.° do Anexo ao Decreto-Lei n.° 269/98, de 1 de Setembro, pelo Decreto-Lei n.° 226/2008, de 20 de Novembro, e, secun-dariamente, por virtude do novo regime da acção executiva decorrente daquele último diploma.

Por via dela, reformular-se-á o texto do livro relativo aos referi-dos artigos e ao regime geral de execução de sentença e da baseada na injunção, mantendo o restante, na medida em que não seja afectado pelas referidas alterações.

Manter-se-ão os números e as designações das epígrafes utilizadas a propósito de cada um dos artigos cujas normas foram objecto de alteração, e, no que concerne à acção executiva, na epígrafe do ponto 3.7., eliminar--se-á a referência à secretaria.

Tem-se presente ter cessado, com efeitos desde 29 de Novembro de 2008, a situação de liquidatária da Secretaria-Geral de Injunção de Lisboa, e que os processos nela pendentes transitaram para o Balcão Nacional de Injunções (artigos 1.° e 2.° da Portaria n.° 1314/2008, de 13 de Novembro).

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II – NOVO TEXTO DAS NORMAS DO DECRETO-LEI N.° 269/98 RESULTANTE DA ALTERAÇÃO

A) ARTIGO 10.° – FORMA E CONTEÚDO DO REQUERIMENTO DE INJUNÇÃO ( 2.4.) “1 – .……… 2 – .……… 3 – ……… 4 – ……… 5 – ……… 6 – ……… 7 – O disposto na alínea n) do n.° 2 não é aplicável quando o requerimento de injunção for apresentado por meios electrónicos, assegurando o sistema informático a identificação do requerente ou mandatário que procede à apresentação do requerimento”.

O n.° 7 deste artigo foi inserido por via do artigo 10.° do Decreto--Lei n.° 226/2008, de 20 de Novembro, e implicou, por seu turno, a altera-ção do disposto na alínea c) do n.° 1 do artigo seguinte, nos termos abaixo referidos.

É aplicável a todos os procedimentos de injunção, incluindo aqueles em que o requerimento de injunção foi apresentado antes da sua entrada em vigor, no dia 31 de Março de 2009 (artigos 22.°, n.° 1, e 23.°, alí-nea a)).

Prevê o disposto na alínea n) do seu n.° 2, e estatui, por um lado, não ser este aplicável no caso de o procedimento de injunção ser apresentado por meios electrónicos, e, por outro, assegurar o sistema informático a identificação do requerente ou mandatário que procede à apresentação do requerimento.

Trata-se de uma excepção à exigência da assinatura do requerimento de injunção pelo requerente ou pelo seu mandatário.

O respectivo pressuposto consubstancia-se, pois, na remessa do requerimento de injunção por meios electrónicos, caso em que o sistema informático assegura a identificação do requerente ou do mandatário, con-forme seja um ou outro a apresentar o requerimento.

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B) ARTIGO 11.° – RECUSA DO REQUERIMENTO DE INJUNÇÃO E RECLAMAÇÃO JUDICIAL (2.5.)

Aos fundamentos de recusa do requerimento de injunção e à res-pectiva reclamação para o juiz, sob a epígrafe recusa do requerimento, reporta-se o artigo 11.°, do seguinte teor:

“1 – ………..

a) ………. b) ………... c) Não estiver assinado, excepto nos casos previstos no n.° 7 do

artigo anterior.

d) ………. e) ……… f) ……… g) O valor ultrapassar o referido no artigo 1.° do diploma

pream-bular, sem que dele conste a indicação prevista na alínea g) do n.° 2 do artigo anterior.

2 – ……….... 1. A alteração das alíneas c) e g) do n.° 1 deste artigo resultou do artigo 10.° do Decreto-Lei n.° 226/2008, de 20 de Novembro. Não obstante tal alteração só entrar em vigor no dia 31 de Março de 2009, aplica-se aos procedimentos de injunção apresentados antes dessa data. Assim, na prática, o referido diploma entra em vigor, para o referido efeito, antes da data por ele definida para o efeito.

3. O terceiro fundamento de recusa do recebimento do requerimento de injunção, a que se reporta a alínea c) do n.° 1 deste artigo, deriva, con-forme já se referiu, da omissão da assinatura do requerente, a qual perso-naliza a sua autoria. Mas agora, por virtude da alteração da lei, excep-cionam-se os casos previstos no n.° 7 do artigo anterior.

O n.° 7 do artigo anterior reporta-se à apresentação do requerimento de injunção por meios electrónicos, caso em que o sistema informático assegura a identificação do requerente do procedimento de injunção ou do respectivo mandatário, conforme os casos.

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8. O sétimo fundamento de rejeição pelo secretário de justiça do requerimento de injunção consubstancia-se em o valor do requerimento de injunção ultrapassar o referido no artigo 1.° do diploma preambular sem que dele conste a indicação prevista na alínea g) do n.° 2 do artigo 10.°, ou seja, de que se trata de transacção comercial.

Quanto à referência à transacção comercial nada mudou, certo que a alteração da lei incidiu sobre o valor, uma vez que se substituiu o segmento normativo relativo à alçada da Relação pelo valor referido no artigo 1.° do diploma preambular, ou seja, pelo valor de € 15 000.

Esta solução legal já a tínhamos inferido, por via interpretativa, ante-riormente à alteração da lei que a implicou, conforme se deixou expresso no lugar próprio.

C) ARTIGO 13.° – CONTEÚDO DA NOTIFICAÇÃO DO REQUE-RIDO (2.8.)

“1. A notificação deve conter:

a) Os elementos referidos nas alíneas a) a i) do n.° 2 do

ar-tigo 10.°;

b) A indicação do prazo para a oposição e a respectiva forma

de contagem;

c) A indicação de que, na falta de pagamento ou de oposição

dentro do prazo legal, será aposta fórmula executória no requerimento, facultando-se ao requerente a possibilidade de intentar acção executiva.

d) A indicação de que, na falta de pagamento da quantia pedida

e da taxa de justiça paga pelo requerente, são ainda devidos juros de mora desde a data da apresentação do requerimento e juros à taxa de 5% ao ano a contar da data da aposição da fórmula executória.

e) A indicação de que a dedução de oposição cuja falta de

fun-damento o requerido não deva ignorar determina a conde-nação em multa de valor igual a duas vezes a taxa de justiça devida na acção declarativa.

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2. As notificações efectuadas nos termos do número e dos artigos anteriores interrompem a prescrição nos termos do artigo 323.° do Código Civil.”

1. Este artigo foi alterado pelo artigo 10.° do Decreto-Lei n.° 226/2008, de 20 de Novembro, por via da passagem das alíneas inte-grantes do corpo do artigo a n.° 1 e da inserção do normativo do n.° 2. Quanto à alteração do n.° 1 do artigo, mantêm-se o que consta do texto, agora, todavia, por referência a cada uma das alíneas do n.° 1. No que concerne ao n.° 2, remete-se para o conteúdo da análise que se segue. 2. Prevê o n.° 2 deste artigo as notificações a que se reportam o n.° 1, por um lado, e os artigos 12.° e 12.°-A, por outro, isto é, a normal ou geral e a que deve ocorrer no domicílio convencionado do requerido. A estatuição deste normativo é no sentido de que as referidas notifi-cações interrompem a prescrição nos termos do artigo 323.° do Código Civil.

Todavia, o n.° 1 deste artigo não se reporta à notificação propria-mente dita, que consta dos artigos 12.° e 12.°-A, mas apenas ao seu con-teúdo, em paralelismo com o que o artigo 235.° do Código de Processo Civil estabelece para a citação em geral.

Mas a letra da lei aponta no sentido de que a aludida interrupção da prescrição depende da verificação, no acto de notificação, dos requisitos informativos previstos no n.° 1 deste artigo. Todavia, só faz sentido con-siderar para o efeito os elementos constantes das alíneas a) a c) do n.° 1, e já não as restantes alíneas deste número, por manifesta falta de perti-nência.

O artigo 323.° do Código Civil expressa, por um lado, que a pre-scrição se interrompe pela citação ou notificação judicial de qualquer acto que exprima, directa ou indirectamente, a intenção de exercer o direito, seja qual for o processo a que o acto pertence, ainda que o tribunal seja incompetente (n.° 1).

E, por outro, que se a citação ou a notificação se não fizer dentro de cinco dias depois de ter sido requerida, por causa não imputável ao reque-rente, tem-se a prescrição por interrompida logo que decorram cinco dias (n.° 2).

Acresce, por um lado, que a anulação da citação ou da notificação não impede o efeito interruptivo previsto nos números anteriores, e, por

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outro, ser equiparado à citação ou à notificação, para efeitos deste artigo, qualquer outro meio judicial pelo qual se dê conhecimento do acto àquele contra quem o direito pode ser exercido (n.os3 e 4).

Resulta, assim, do normativo em análise, dada a remissão para o artigo 323.° do Código Civil, que a notificação do requerido a que se reportam os artigos 12.° e 12.°-A do Anexo interrompe o prazo de pre-scrição do direito de crédito do requerente.

E se a notificação do requerido se não fizer no prazo de cinco dias após a apresentação do requerimento de injunção, por via informática, no Balcão Nacional de Injunções, ou em suporte de papel nas secretarias judi-ciais, por circunstâncias não imputáveis ao requerente, a prescrição é tida por interrompida logo que decorra o referido prazo.

Assim, no caso de a notificação ocorrer até cinco dias após a apre-sentação do requerimento de injunção, a interrupção da prescrição ocorre na data da mesma. Tendo a notificação lugar depois disso, sem que o atraso seja imputável ao requerente, a interrupção considera-se operada no termo do referido quinquídeo.

É imputável ao requerente a não notificação no aludido prazo, por exemplo, quando as deficiências formais do requerimento de injunção, designadamente o não cumprimento do disposto no artigo 10.° do Anexo, obstem à notificação do requerido, seja ou não fundamento de recusa do requerimento de injução a que alude o seu artigo 11.°.

D) ARTIGO 14.° – APOSIÇÃO OU RECUSA DA FÓRMULA EXE-CUTÓRIA E RECLAMAÇÃO (2.10.)

“1 – .………. 2 – .………... 3 – ………... 4 – .………... 5 – Aposta a fórmula executória, a secretaria disponibiliza ao requerente, preferencialmente por meios electrónicos, em termos a definir por portaria do Ministro da Justiça, o requerimento de in-junção no qual tenha sido aposta a fórmula executória”.

O n.° 5 deste artigo foi alterado pelo artigo 10.° do Decreto-Lei n.° 226/2008, de 20 de Novembro, alteração que entrou em vigor no dia

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21 de Novembro de 2008, aplicável aos procedimentos de injunção pen-dentes na referida data (artigos 22.°, n.° 1, e 23.°, alínea b)).

Expressava outrora que, aposta a fórmula executória, a secretaria devolvia ao requerente todo o expediente respeitante à injunção ou lhe disponibilizava, por meios electrónicos, em termos a definir por portaria do Ministro da Justiça, o requerimento de injunção no qual tivesse sido aposta a fórmula executória.

E agora expressa que a secretaria disponibilizará ao requerente, preferencialmente por meios electrónicos, em termos a definir por portaria ministerial, apenas o requerimento de injunção em que tenha sido aposta a fórmula executória.

Assim, o próprio requerimento de injunção com a fórmula executória apenas é disponibilizado ao requerente, preferencialmente por meios elec-trónicos, em termos a definir, o que não exclui, como é natural, a disponi-bilização em termos materiais de entrega.

Ficou agora expresso na lei ter deixado de incumbir à secretaria a devolução ao requerente de todo o expediente relativo à injunção em alter-nativa à disponibilização àquele, por meios electrónicos a definir, do requerimento de injunção com a fórmula executória aposta, solução a que já tínhamos chegado por via da interpretação da própria lei.

Afora este apontamento resultante da alteração do normativo em análise, mantém-se tudo o que se escreveu em anotação a este artigo.

Importa, porém, ter em linha de conta que, relativamente às exe-cuções baseadas em requerimentos de injunção, nos quais tenha sido aposta a fórmula executória, o expediente respeitante à injunção é enviado oficiosa e exclusivamente por via electrónica ao tribunal competente para a execução (artigo 814.°, n.° 3, do Código de Processo Civil).

É claro que do n.° 3 do artigo 814.° do Código de Processo Civil, dado o princípio do dispositivo, não pode resultar o sentido da instauração oficiosa da acção executiva (artigo 9.°, n.° 3, do Código Civil).

O que parece resultar da lei, com efeito, é que o Banco Nacional de Injunções disponibiliza ao tribunal competente para a acção executiva, em identificado sítio da rede informática, o procedimento de injunção em que foi aposta a fórmula executória.

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III – ALTERAÇÃO DO REGIME DA ACÇÃO EXECUTIVA

3. Regime geral de execução de sentença e da baseada na injunção 3.1. Generalidades

O regime do processo de execução para pagamento de quantia certa, decorrente do Decreto-Lei n.° 226/2008, de 20 de Novembro, acentua a desjurisdicionalização dos actos processuais, reforça o papel do agente de execução, agora também acessível a advogados, que o exequente pode destituir livremente.

O requerimento executivo pode ser enviado por via electrónica e distribuído automaticamente ao agente de execução, sem necessidade de remessa de qualquer suporte de papel.

As funções ditas administrativas concernentes aos processos de exe-cução, incluindo as citações e notificações, são exercidas por um agente de execução, sob controlo do juiz (artigo 808.°, n.° 1, do Código de Processo Civil).

Ele pode aceder ao registo de execuções e realizar todas as diligên-cias tendentes à extinção da execução, arquivando-as através da mera informação via electrónica ao tribunal, sem intervenção judicial ou da secretaria.

A função do juiz limita-se à resolução de situações de conflito relevante e ao poder geral de controlo do processo e de específicas inter-venções, competindo-lhe julgar a oposição à execução e à penhora, veri-ficar e graduar os créditos, julgar a reclamação de actos do agente de execução ou outras questões suscitadas por este ou pelas partes ou por ter-ceiros intervenientes (artigo 809.°, n.° 1, alíneas b) a d), do Código de Processo Civil).

Não é aplicável às execuções derivadas da aposição da fórmula executória nos procedimentos de injunção o inovador regime geral de as execuções poderem iniciar-se após o trânsito em julgado das sentenças condenatórias.

Mas passa a ser nelas possível a arbitragem institucionalizada, não só quanto a actos materiais como também relativamente a actos jurisdi-cionais, ou seja, também nesta área se prevê um meio de resolução alter-nativa de litígios.

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3.2. Competência jurisdicional para a execução Neste ponto mantém-se pertinente o que consta do livro.

Com efeito, por um lado, ainda não vigoram as alterações aos arti-gos 65.°-A e 90.°, n.° 3, do Código de Processo Civil introduzidas pelo ar-tigo 160.° da Lei n.° 52/2008, de 28 de Agosto, nem o arar-tigos 126.°, 128.°, n.° 1, alínea b), e 129.°, n.° 1, da Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais, aprovada por aquela Lei.

E, por outro, o seu conteúdo não implica alterações estruturais às regras sobre competência jurisdicional para a execução.

3.3. Estrutura do título executivo

Quanto à estrutura do título executivo também o novo regime da acção executiva em geral não afecta o que, quanto a este ponto, consta do livro.

3.4. O requerimento executivo e o início da instância executiva No requerimento executivo, dirigido ao tribunal da execução, deve o exequente identificar as partes, indicando os seus nomes, domicílios ou sedes, e, sempre que possível, as profissões e os locais de trabalho, a filia-ção, os números de identificação civil e fiscal, o domicílio profissional do mandatário judicial, o agente de execução, o fim da execução, os factos fun-damento do pedido não constantes do título executivo, o pedido e o valor da causa (artigo 810.°, n.° 1, alíneas a) a g), do Código de Processo Civil).

Ele deve, ademais, liquidar a obrigação e escolher a prestação cuja escolha lhe incumba, indicar, sempre que possível, o empregador do exe-cutado, as contas e os bens deste, bem como os ónus e encargos que sobre eles incidam, e requerer a citação prévia ou a sua dispensa nos casos em que tal seja admissível (artigo 810.°, n.° 1, alíneas h) a j), do Código de Processo Civil).

O requerimento executivo deve ser acompanhado da cópia ou do original do título executivo, conforme seja apresentado por via electrónica ou em papel, respectivamente, do código de acesso a certidões disponibi-lizadas electronicamente relativas a bens penhoráveis indicados que tenha sido possível obter, designadamente as relativas ao registo predial,

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comer-cial e automóvel, da cópia ou dos originais dos documentos ou títulos que tenha sido possível obter relativamente aos bens penhoráveis indicados, quando não existam as referidas certidões, bem como do comprovativo do pagamento da taxa de justiça ou da concessão do apoio judiciário na modalidade de dispensa do mesmo, nos termos do artigo 150.°-A (ar-tigo 810.°, n.° 6, do Código de Processo Civil).

Face à remissão da lei para o artigo 150.°-A, e, consequentemente, para os seus n.os 1, 4 e 6, quando a apresentação do requerimento exe-cutivo ocorrer por via de transmissão electrónica de dados, o prévio paga-mento da taxa de justiça ou a concessão do apoio judiciário devem ser comprovados nos termos do artigo 8.° da Portaria n.° 114/2008, de 6 de Fevereiro, e a citação só é efectuada depois de comprovado o pagamento da aludida taxa de justiça.

O requerimento executivo e os documentos que o acompanhem são apresentados em tribunal preferencialmente por via electrónica e enviados pelo mesmo meio ao agente de execução designado, nos termos da Por-taria n.° 114/ 2008, de 6 de Fevereiro, sem que haja lugar à sua autuação (artigo 810.°, n.° 7, do Código de Processo Civil).

Foi superada a necessidade de autuação do requerimento executivo, o que se revela inédito nos tribunais. Ela foi instrumentalizada por via do sistema informático que assegura, automática e oficiosamente, a criação, com a apresentação daquele requerimento, de um número único do processo de execução e a sua distribuição, e o envio electrónico imediato do mesmo e demais documentos ao agente de execução, com identificação daquele número (artigo 810.°, n.° 8, do Código de Processo Civil).

As partes que constituam mandatário têm que entregar o requeri-mento executivo por via electrónica e, se assim não procederem, ficam obrigadas ao pagamento imediato de uma multa correspondente a meia unidade de conta, salvo alegação e prova do justo impedimento, nos ter-mos do artigo 146.° do Código de Processo Civil (artigo 810.°, n.os 10 e 11, do Código de Processo Civil).

A designação do agente de execução fica sem efeito se este declarar que a não aceita por meios electrónicos (artigo 810.°, n.° 12, do Código de Processo Civil).1

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1 O Decreto-Lei n.° 200/2003, de 10 de Setembro, foi revogado pelo artigo 21.°, alínea d), do Decreto-Lei n.° 226/2008, de 20 de Novembro.

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Na hipótese de o exequente remeter o requerimento executivo por via electrónica, a instância inicia-se na data da respectiva expedição (arti-gos 150.°, n.° 1, do Código de Processo Civil).

3.5. Indicação dos bens a penhorar

O exequente deve indicar os bens para penhora, e o executado pode pedir a substituição de uns bens penhorados por outros, mas nenhum deles tem o direito de nomear bens em termos de a penhora ter de incidir sobre eles (artigos 810.°, n.° 1, alínea 1), 827.°, n.° 2, 828.°, n.° 6, e 833.°, n.os4 e 5, e 834.°, n.° 3, alínea a), do Código de Processo Civil).2

O exequente deve indicar, sempre que possível, o empregador do executado, as contas bancárias de que o último seja titular, os seus bens, os ónus e encargos que incidam sobre eles, bem como os documentos ou títulos que lhe tenha sido possível obter relativamente aos bens penho-ráveis indicados (artigo 810.°, n.°. 3, alínea i), do Código de Processo Civil).

Na indicação dos bens a penhorar, figura próxima da antiga nomeação de bens à penhora, deve o exequente, tanto quanto possível, ou seja, sem carácter de imperatividade ou vinculação, proceder à sua indi-vidualização e localização.

No que concerne aos prédios, deve o exequente indicar a sua deno-minação ou número de polícia ou a sua situação e confrontações, os arti-gos matriciais, e os números de descrição no registo predial que haja ou a sua natureza e concelho (artigo 810.°, n.° 5, alínea a), do Código de Processo Civil).

Relativamente aos bens móveis, deve o exequente especificá-los, designar o lugar onde se encontrem, e, se sujeitos a registo, a respectiva matrícula e os ónus e encargos que sobre eles incidam (artigo 810.°, n.os1, alínea i), e 5, alínea b), do Código de Processo Civil).

Quanto aos direitos de crédito, deve o exequente indicar a identi-dade do devedor, o montante, a natureza e a origem da dívida, o título de que constam, as garantias que os envolvam e a data do vencimento (ar-tigo 810.°, n.° 5, alínea c), do Código de Processo Civil).

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2 O Regulamento do Depósito Público consta actualmente da Portaria n.° 512/2006, de 5 de Junho.

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Relativamente aos direitos a bens indivisos, deve o exequente indicar o administrador e os comproprietários, bem como a quota-parte da titula-ridade do executado (artigo 810.°, n.° 5, alínea d), do Código de Processo Civil).

Se o exequente não indicar bens para penhora, ou se indicar os pre-vistos nas alíneas a) a d) do n.° 1 do artigo 834.° do Código de Processo Civil de valor presumivelmente superior ao do crédito exequendo e das custas previsíveis da execução, não há diligências prévias à penhora para identificação ou localização de bens penhoráveis (artigo 83.°-A, n.° 1, do Código de Processo Civil).

Fora dessa situação, deve o agente de execução, sem necessidade de autorização judicial, realizar as diligências necessárias, designadamente por via de consulta nas bases de dados da administração tributária, da segu-rança social, das conservatórias do registo e de outros registos ou arquivos semelhantes, para a identificação do executado e dos seus bens penhoráveis e a sua localização (artigo 833.°-A, n.° 2, do Código de Processo Civil). Não sendo possível o acesso electrónico do agente de execução às referidas informações sobre os elementos de identificação e localiza-ção dos bens do executado, os referidos serviços devem fornecer-lhas, no prazo de dez dias, pelo meio mais célere (artigo 833.°, n.° 2, do Código de Processo Civil).

A consulta de declarações e de outros elementos protegidos pelo segredo fiscal, bem como de outros dados sujeitos a regime de confi-dencialidade, depende de despacho de autorização do juiz da execução, aplicando-se, com as necessárias adaptações, o disposto no n.° 2 do ar-tigo 519.°-A do Código de Processo Civil (arar-tigo 833.°-A, n.° 7, do Código de Processo Civil).

O agente de execução notifica o exequente, preferencialmente por via electrónica, do resultado da referida consulta no registo informático das execuções e dos bens penhoráveis identificados ou da sua não identi-ficação, conforme os casos.

Identificados bens penhoráveis, a execução prossegue, sem prejuízo do disposto no n.° 1 do artigo 834.°, com a respectiva penhora, salvo se o exequente, em cinco dias, a contar da referida notificação, declarar que não o pretende ou que desiste da execução (artigo 833.°-B, n.os1 e 2, do Código de Processo Civil).

No caso de não serem encontrados bens penhoráveis, o exequente é notificado para, em dez dias, se pronunciar sobre essa situação, e serão

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penhorados os bens que ele indique (artigo 833.°-B, n.° 3, do Código de Processo Civil).

Não indicando o exequente bens penhoráveis, é o executado citado, ou notificado se tiver havido citação prévia, para, ainda que se oponha à execução, pagar ou indicar bens para penhora no prazo de dez dias, com a advertência das consequências da declaração falsa ou da falta de decla-ração, e a indicação de que pode, no mesmo prazo, opor-se à execução (artigo 833.°-B, n.os4 e 5, do Código de Processo Civil).

Na hipótese de o executado não pagar nem indicar bens para penhora, extingue-se a execução (artigo 833.°-B, n.° 6, do Código de Processo Civil).

Quando, após a extinção da execução, ela se renove nos termos do artigo 920.°, n.° 5, do Código de Processo Civil, e se verifique que o executado tinha bens penhoráveis, fica sujeito a sanção pecuniária compulsória mensal de 5% da dívida, com o limite mínimo global de € 1000, desde a data da omissão até à descoberta dos bens, no caso de não ter feito qualquer declaração, ou de a ter feito falsamente e de que tenha resultado o não apuramento de bens suficientes para a satisfação da obri-gação (artigo 833.°-B, n.° 7, do Código de Processo Civil).

A aplicação da referida sanção pecuniária compulsória, naturalmente a requerer pelo exequente, depende de a satisfação da quantia exequenda não ter ocorrido por virtude da omissão de declaração pelo executado ou da sua falsa declaração.

Em consequência, havendo satisfação parcial da quantia exequenda, a sanção pecuniária compulsória só deve incidir sobre a parte excedente.3

3.6. Pagamento da taxa de justiça

O exequente deve juntar ao requerimento executivo o documento comprovativo do pagamento da respectiva taxa de justiça ou da concessão do apoio judiciário na modalidade de dispensa de pagamento de taxa de justiça (artigos 467.°, n.° 3, e 810.°, n.° 6, alínea d), do Código de Processo Civil).

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3 JOSÉ LEBRE DE FREITAS e ARMINDO RIBEIRO MENDES, “Código de Processo Civil Anotado”, vol. 3.°, Coimbra, 2003, página 392.

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A taxa de justiça inicial relativa à acção executiva em causa corres-ponde ao montante devido pelo impulso processual do exequente, fixada em função do valor da causa, de harmonia com o disposto na Tabela I anexa ao Regulamento das Custas Processuais, a auto-liquidar (artigo 6.°, n.° 1, deste Regulamento).

A referência na alínea d) do n.° 6 do artigo 810.° à taxa de justiça ini-cial e à dispensa parini-cial do pagamento resulta de lapso, porque foi elimi-nada a taxa de justiça inicial e o apoio judiciário não abrange a modalidade de dispensa parcial do pagamento de taxa de justiça.

Quando o requerimento executivo seja apresentado por transmissão electrónica de dados, o prévio pagamento da taxa de justiça ou a concessão do apoio judiciário são comprovados através da apresentação do respec-tivo documento comprovarespec-tivo por via dessa transmissão (artigo 8.° da Portaria n.° 114/2008, de 6 de Fevereiro).

No caso de o exequente não juntar ao requerimento executivo algum dos mencionados documentos comprovativos, deve o agente de execução recusá-lo em despacho minimamente fundamentado (artigos 474.°, alí-nea f), e 811.°, n.° 1, alíalí-nea c), do Código de Processo Civil).

3.7. Recusa do requerimento executivo e despacho judicial liminar No âmbito da acção executiva em análise não há, em regra, lugar a despacho liminar judicial, seja de indeferimento ou de aperfeiçoamento, ou de citação, e a penhora é efectuada sem prévia citação do executado. Assim, em regra, o requerimento executivo é susceptível de recusa pelo agente de execução, mas não é objecto de despacho judicial liminar, seja o título executivo uma sentença judicial ou decisão equiparada, seja ele um requerimento de injunção com fórmula executória aposta (ar-tigo 811.°, n.° 1, alínea c), do Código de Processo Civil).

Com efeito, só nos casos a que se reporta o artigo 812.°-D é que o agente de execução deve remeter electronicamente o processo ao juiz para o despacho liminar a que alude o artigo 812.°-E, nos termos do artigo 234.°, n.° 4, alínea e), todos do Código de Processo Civil.

É que só se configura a prolação de despacho liminar pelo juiz, tendo em conta a especificidade da acção executiva em causa e o título exe-cutivo em que se baseia, quando o agente de execução duvidar da sufi-ciência do título executivo e se configurar a existência de excepções

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dilatórias não supríveis, de oficioso conhecimento (artigos 812.°-D, alí-nea e), e 812.°-E, n.° 1, alíalí-nea b), do Código de Processo Civil).

Deve ser uma tarefa algo difícil para o agente de execução, pelo que é previsível, considerando o que a experiência revelou até agora, que ele não proceda, em regra, ao referido controlo do requerimento exe-cutivo.

Procedendo o agente de execução a esse controlo efectivo, pode ocorrer uma situação de despacho liminar de convite ao suprimento de irregularidades e ou de sanação da falta de pressupostos processuais, ou de indeferimento liminar total ou parcial (artigo 812.°-E, n.os 2 a 4, do Código de Processo Civil).

O agente de execução deve recusar o recebimento do requerimento executivo se este não obedecer ao modelo aprovado, não for redigido em língua portuguesa, não estiver assinado, não for acompanhado do docu-mento comprovativo do pagadocu-mento da taxa de justiça, omitir algum dos requisitos previstos no n.° 1 do artigo 810.°, não tiver sido apresentada a cópia do título executivo ou a sua cópia ou se for manifesta a sua insufi-ciência (artigo 811.°, n.° 1, do Código de Processo Civil).

Do referido acto de recusa pode o exequente reclamar para o juiz, no prazo de 10 dias, cuja decisão é irrecorrível, salvo se for fundada na insu-ficiência do título executivo ou na falta de exposição dos factos (arti-gos 153.°, n.° 1, 811.°, n.° 2, do Código de Processo Civil).

Pode o exequente apresentar outro requerimento executivo nos dez dias subsequentes à recusa de recebimento ou à notificação da decisão judicial que a confirme, considerando-se o novo requerimento apresentado na data em que o primeiro tenha sido apresentado em juízo (artigo 811.°, n.° 3, do Código de Processo Civil).

3.8. Oposição à execução

No que concerne a este ponto da aposição à execução, a alteração da lei não afectou essencialmente o que a propósito se escreveu.

Todavia, quanto à questão de saber se o executado em acção exe-cutiva baseada na fórmula executória aposta no requerimento de injunção podia ou não fundar a sua oposição em factos por ele susceptíveis de invo-cação na oposição àquele requerimento, ocorreu modifiinvo-cação em relação à qual importa acrescentar algo.

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É que, por força do n.° 2 do artigo 814.° do Código de Processo Civil, o disposto quanto aos fundamentos da oposição à execução baseada em sentença é aplicável à execução baseada em requerimento de injunção no qual tenha sido aposta a fórmula executória, desde que o procedimento de formação desse título admita oposição pelo requerido.

Ora como o procedimento de injunção admite a dedução de oposição pelo recorrido, a oposição à execução só pode basear-se nos fundamentos previstos no n.° 1 do artigo 814.°, com as necessárias adaptações, e não em quaisquer factos que podiam ser deduzidos como defesa no processo de declaração, a que alude o artigo 816.°, ambos do Código de Processo Civil.

Acresce que, por virtude do disposto no n.° 3 do artigo 814.° do Código de Processo Civil, nas execuções baseadas em requerimento de injunção a que tenha sido aposta a fórmula executória, o expediente respeitante à injunção é enviado oficiosamente e exclusivamente por via electrónica ao tribunal competente para a execução.

Conforme já se referiu, do n.° 3 do artigo 814.° do Código de Processo Civil, dado o princípio do dispositivo, não pode resultar o sen-tido da instauração oficiosa da acção executiva (artigo 9.°, n.° 3, do Código Civil).

O que parece resultar da lei é que o Banco Nacional de Injunções disponibiliza ao tribunal competente para a acção executiva, em identifi-cado sítio da rede informática, o procedimento de injunção em que foi aposta a fórmula executória.

Referências

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