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TRABALHO INTERDISCIPLINAR: PROMOVER O PENSAMENTO CRIATIVO

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Academic year: 2021

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TRABALHO INTERDISCIPLINAR: PROMOVER O

PENSAMENTO CRIATIVO

INTERDISCIPLINARY WORK: PROMOTING CREATIVE THINKING

TRABAJO INTERDISCIPLINAR: PROMOVER EL PENSAMIENTO

CREATIVO

María del Carmen Arau Ribeiro (maricarmen@ipg.pt)1,2

Noel Lopes (noel@ipg.pt)2,3

Natália Gomes (ngomes@ipg.pt)2,3

Pedro M.S.M. Rodrigues (prodrigues@ipg.pt)2,3

RESUMO

Numa primeira fase e integrada no Projeto Erasmus+ DT.Uni – Abordagem do Design Thinking para uma Universidade Interdisciplinar [DT.Uni – Design Thinking Approach for an Interdisciplinary University], a equipa portuguesa, do Instituto Politécnico da Guarda, tem definido como objetivos construir um modelo didático que promova o pensamento criativo entre estudantes e professores e que permita em simultâneo melhorar um conjunto de competências interpessoais (soft skills) como, por exemplo, saber comunicar, ser autónomo, ou colaborar em trabalhos de equipa, de modo a facilitar a sua posterior integração no mercado de trabalho. O modelo didático desenvolvido pretende ser um modelo híbrido, no sentido em que não se confina às estratégias do design thinking (DT), mas, pelo contrário, inclui todos os aspetos que permitam melhorar a aquisição e o desenvolvimento de competências previamente definidas. A abordagem do DT facilita a aplicação de novas técnicas (persona, kill your idea, prototipagem, entre outras) nos processos de ensino e de aprendizagem, apelando à criatividade e à descoberta de soluções inovadoras que estimulem e valorizem o papel central do pensamento (thinking) em termos de atividade e de motivação. A aplicação dessas técnicas aos processos educativos sugere algumas questões de base – relativas à interdisciplinaridade, ao pensamento, e ao design. As respostas envolvem uma melhor compreensão da necessidade de criar empatia, de valorizar a exploração de outras ideias, bem como de respeitar e promover a aprendizagem através da cultura do erro – um aspeto em muitos casos completamente esquecido pelos modelos convencionais de aquisição de conhecimento. Com base numa revisão da literatura e sustentado por resultados recolhidos em formações internacionais e nacionais, confrontam-se realidades que permitem aprofundar o entendimento sobre as possibilidades que nos oferece o DT no ensino interdisciplinar e que vão seguramente permitir a criação de um modelo didático mais adequado às necessidades dos estudantes.

Palavras Chave: design thinking, interdisciplinaridade, pensamento crítico, cultura do erro, empatia.

ABSTRACT

In its initial stages, the Portuguese team from the Polytechnic of Guarda of the Erasmus+ DT.Uni Project – Design Thinking Approach for an Interdisciplinary University has defined its objectives to build a teaching model that promotes creative thinking among students and teachers while, simultaneously, improving their soft skills to facilitate their integration into the

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labour market, including how to communicate, be autonomous and collaborate in teamwork. The didactic model to be developed should be a hybrid, in the sense that it is not confined to the strategies of design thinking (DT); on the contrary, the model will include all the aspects that might improve the acquisition and development of given competences. The DT approach facilitates the application of new techniques (persona, kill your idea and prototyping, among others) in the dual processes of teaching and learning, appealing to creativity and the discovery of innovative solutions that stimulate and value the central role of thinking itself as both an activity and a motivating factor. The application of DT techniques in education brings about some basic questions about interdisciplinarity, thinking and design. The answers involve a better understanding of the need to build empathy, to value the exploration of other ideas and to respect and promote iteration, as celebrated in the culture of error, an aspect often forgotten by conventional knowledge acquisition models. Based on a review of the literature and supported by results gathered in international and national teacher training seminars, we confront realities that allow us to deepen the understanding of the possibilities offered by DT in interdisciplinary teaching that will pave the way for the creation of a more adequate didactic model based on the needs of the students.

Keywords: design thinking, interdisciplinarity, critical thinking, error culture, empathy.

RESUMEN

En una primera fase e integrado en el proyecto Erasmus+ DT.Uni – Abordaje del Design Thinking para una Universidad Interdisciplinaria [DT.Uni – Design Thinking Approach for an Interdisciplinary University], el equipo portugués, del Instituto Politécnico de Guarda, ha establecido como objetivo principal construir un modelo didáctico que promueva el pensamiento creativo entre estudiantes y profesores y que permita mejorar, simultáneamente, un conjunto de competencias interpersonales (soft skills) como son ejemplo: saber comunicar, ser autónomo, o trabajar en equipo, con el fin de facilitar su integración en el mercado de trabajo. El modelo didáctico a desarrollar tiene como principio ser un modelo híbrido, una vez que no se limita apenas al uso de estrategias del design thinking (DT), permitiendo incluir aspectos que posibiliten mejorar la adquisición y el desarrollo de competencias previamente establecidas. El abordaje del DT facilita la aplicación de nuevas técnicas (persona, kill your idea, prototyping, entre otras) en los procesos de enseñanza y aprendizaje, apelando a la creatividad y al descubrimiento de soluciones innovadoras que estimulen y valoren el papel central del pensamiento (thinking) en términos de actividad y de motivación. La aplicación de estas técnicas en los procesos educativos sugiere algunas cuestiones de base – relativas a la interdisciplinariedad, al pensamiento y al diseño. Las respuestas implican un mejor conocimiento de la necesidad de crear empatía, de valorar la explotación de otras ideas, así como respetar y promover la reiteración celebrada por la cultura del error – un aspecto en muchos casos olvidado por los modelos convencionales de adquisición de conocimiento. Con base en una revisión de la literatura y sostenida por resultados recogidos en formaciones internacionales y nacionales, ha sido posible comprender las posibilidades que nos ofrece el DT en la enseñanza interdisciplinaria y que seguramente permitirán la creación de un modelo didáctico más adecuado a las necesidades de los estudiantes, del proceso enseñanza y aprendizaje.

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1 TEALS/CETAPS – Center for English, Translation, and Portuguese Studies/Center for English, Translation, and Anglo-Portuguese Studies

2 Unidade de Investigação para o Desenvolvimento do Interior do Instituto Politécnico da Guarda

3 Instituto Politécnico da Guarda

Submitted: 14th February 2019 Accepted: 29th October 2019

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INTRODUÇÃO

O projeto Erasmus+ DT.Uni – Abordagem do Design Thinking para uma Universidade Interdisciplinar (DT.Uni – Design Thinking Approach for an Interdisciplinary University) reúne um consórcio de oito países europeus na promoção da interdisciplinaridade e inovação no ensino superior, numa parceria que engloba as seguintes instituições: Uniwersytet Marii Curie-Skłodowskiej (Polónia), Birmingham City University (Inglaterra), Universita degli Studi di Roma La Sapienza (Itália), Universiteit van Amsterdam (Países Baixos), Ekonomicka Univerzita v Bratislave (Eslováquia), Háskólinn á Bifröst (Islândia), Technische Universitaet Dresden (Alemanha) e o Instituto Politécnico da Guarda (Portugal). De acordo com os objetivos do projeto, foram definidos e realizados, por cada um dos parceiros, vários seminários (englobados em multiplier events, de acordo com a prática dos projetos Erasmus+) sobre design thinking (DT), tendo como matriz a formação realizada na Universidade Técnica de Dresden, Alemanha. De acordo com a estratégia delineada e os objetivos definidos, a equipa DT.Uni do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) planeou e realizou três seminários, em julho, outubro e dezembro de 2018, que permitiram a docentes e investigadores do ensino superior terem um primeiro contacto com o DT como abordagem para um ensino inovador.

O projeto – Abordagem do Design Thinking para uma Universidade Interdisciplinar – visa explorar a utilização do DT e de outras ferramentas e estratégias no ensino superior, com o objetivo de promover o pensamento tanto critico, como criativo e divergente, competências por vezes interlaçadas e decisivas para o mercado de trabalho. Pretendem-se aplicar técnicas e estratégias comuns aos processos de ensino e de aprendizagem na área de design, criando desta forma novas estratégias para motivar e desenvolver o raciocínio criativo dos estudantes, entre outras competências, nomeadamente as competências transversais (soft skills). O presente artigo encontra-se estruturado da seguinte forma: No Enquadramento Teórico apresenta-se o DT enquanto abordagem passível de ser aplicada aos processos de ensino-aprendizagem para promover a aquisição de novas competências. Na seção dedicada à Metodologia apresentam-se os objetivos e métodos utilizados nos seminários realizados. Posteriormente nos Resultados e Discussão são efetuadas algumas considerações sobre os resultados, quantitativos e qualitativos, obtidos a partir dos seminários realizados em Portugal. Finalmente, nas Conclusões e Trabalho Futuro, são elencados os aspetos positivos da utilização do DT, bem como a definição de trabalhos a realizar posteriormente, deixando algumas questões em aberto.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

A investigação sobre o processo criativo leva diretamente ao modelo de aprendizagem denominada de Modelo de Resolução Criativa de Problemas (Creative Problem Solving (CPS) process ou CPS Learner’s Model) desenvolvido por Osborn et al. (1984). Na Europa, o processo CPS está em fase de implementação no ensino vocacional (Vocational and Educational Training for adults) através da criação de um consórcio – Alemanha, Itália, Irlanda, Finlândia e Países Baixos – cofinanciado pelo programa Erasmus+ (IV4J.eu, 2017).

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A Creative Education Foundation (Fundação para Educação Criativa) albergou os estudos dos académicos Alex Osborn, nos anos 40, e Sid Parnes, nos anos 50 do século passado (cf. Noller, 1979; Puccio et al., 2011), estabelecendo uma diferença essencial entre duas formas básicas de pensar (Osborn, 1942): a divergente, a qual equaciona múltiplas opções, e a convergente, que procura avaliar o próprio pensamento e a toma de decisões. A aplicação do processo CPS passa por quatro fases:

 esclarecer o problema ao apreender a visão, a recolha de dados e formulação de uma variedade de perguntas num processo divergente (clarify);

 explorar ideias num processo convergente (ideate);

 desenvolver soluções, de novo num processo divergente (develop); e

 implementar a solução num processo convergente (implement) (CEF, 2015a, 2015b).

Relativamente ao CPS e de acordo com o DT proposto pela d.school da Stanford University, este último apresenta duas fases adicionais, sendo estas a fase inicial, que procura entender da melhor formar o utilizador (user) do processo/desafio/problema em questão (empathize), e a penúltima fase avaliativa (test) (Figura 1). Esta estrutura de processos é frequentemente descrita como uma sequência de atividades que podem ser interpretadas como lineares. A introdução de duas novas fases no DT permite a subdivisão das seis fases em três objetivos macro: compreender – explorar – materializar (understand – explore – materialize) tal como realça o investimento na empatia para sustentar a posição desta abordagem de inovação centrada no ser humano. De notar ainda que a introdução da penúltima fase (avaliar) permite que o protótipo seja testado, o que possibilita uma solução mais otimizada do problema.

Figura 1: Contraste das fases dos processos CPS e DT

Para além dos grandes eixos da empatia e compreensão humana, bem como a visualização de conceitos propostos pela d.school, a Joseph L. Rotman School of Management (University of Toronto, Canada) propôs ainda um eixo centrado no design estratégico de negócios (Fraser, 2006, 2007). No entanto, como afirma Liedtka (2015), embora existam diferenças, todos estes modelos descrevem durante o processo de DT, três estágios comuns (recolha de dados, geração de ideias e realização de testes).

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Oriunda da área do Design e de alguma forma da Engenharia Informática, a aplicação do DT passou a ser aplicado no mundo empresarial através do conjunto de ferramentas e técnicas organizadas para orientar o pensamento criativo e, assim, alicerçar novas soluções (Hatchuel e Weil, 2005; Verganti, 2008; Jahnke, 2012; Agogué e Kazakçı, 2014). Na procura da justificação para o investimento no produto “certo”, inspirado nas perguntas que advém do processo criativo, o DT resulta numa reconhecida vantagem na indústria, evidenciado pela certificação em DT que se pode obter através do IDEO U e os projetos do The Nielson Norman Group (Nussbaum, 2011; Waters, 2011). Ao promover o desenvolvimento de competências de ensino e de aprendizagem no ensino superior, através do DT, fomenta-se a aprendizagem pela ação. Desta forma, a descoberta e resolução de problemas é realizada pelo próprio aluno (learning by doing) em detrimento do ensino convencional. A resolução de problemas com base no DT, envolvendo os vários intervenientes das comunidades de aprendizagem, sejam estes estudantes, professores, administradores e técnicos, possibilita um incremento da qualidade do ensino e da aprendizagem.

A introdução do DT no ensino superior na Europa ainda está no início. Os exemplos recentes do empenho na disseminação e aplicação são escassos, mas bons. Por exemplo, na School of Design Thinking do Instituto Hasso-Plattner (cf. https://hpi.de/en/school-of-design-thinking.html), aplicando o modelo da d.school na Europa, foi lançado o desafio Global Design Thinking Week: Designing for Global Impact, numa parceria transatlântica entre a Alemanha e o México, com o foco numa educação inclusiva e sustentável que conta com os respetivos representantes governamentais e equipas interdisciplinares de 16 países. Outro bom exemplo consistiu na inclusão do DT numa licenciatura em Tecnologia e Design de Produtos, através dos processos iterativos da abordagem e de, por exemplo, um learning journal para estimular a reflexão metacognitiva em cada estudante (Clemente, 2016), com vista à promoção do pensamento crítico, divergente e criativo. Outro exemplo, consistiu na criação de um centro criativo STEAMhouse, na Birmingham City University, onde se procura fomentar uma colaboração entre as áreas associadas às artes com as ciências, tecnologias, engenharia e matemática (STEAM – Science, Technology, Arts, Engineering and Mathematics, numa provocação aproveitando a sigla conhecida, STEM), procurando desenvolver novas tendências culturais, sociais, tecnológicas, políticas e económicas, envolvendo regularmente, tal como no evento semanal MakerMonday, a comunidade académica e empresarial na inovação.

Ao promover o pensamento crítico, o DT adequa-se aos contextos dos processos de ensino e de aprendizagem do ensino superior, podendo aplicar-se nas mais diversas áreas com a finalidade de compreender e resolver problemas complexos (Kelly, 2016; Spencer e Juliani, 2016; Gallagher e Thordarson, 2018). Neste sentido, esta abordagem pode ser utilizada para melhorar tanto o processo de ensino como os processos de aprendizagem, de modo a encontrar soluções para os problemas propostos e estimular a motivação por fases e processos iterativos que variam de acordo com o contexto.

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Na primeira fase do DT (empatizar), os participantes colaboram entre si e juntos desenvolvem conhecimento e compreensão acerca do problema para que a solução se adeque às necessidades reais. A utilização de técnicas de empatia no contacto inicial com o problema, permite compreender e partilhar ideias (e.g., explorar o problema contando histórias), num processo de cocriação, e questionar de forma contínua o porquê. Para tal, podem-se utilizar ferramentas conceptuais e digitais, tais como o Mind Map®, criado por Buzan

(http://www.tonybuzan.com) e que fomentam o pensamento divergente (Elmansy, 2015; Morgado et al., 2015).

Na segunda fase (compreender o problema), procuram-se analogias e investiga-se a realidade com o objetivo de delimitar o problema (e.g. recorrendo a entrevistas). Na terceira fase (idealizar), idealizam-se possíveis soluções, utilizando técnicas de pensamento divergente, sem o receio de errar ou de ser criticado, uma vez que todas as ideias podem ser válidas. Nesta fase, ainda se aplicam técnicas de pensamento convergente (e.g., kill your idea, matrix scale) para selecionar/filtrar as melhores ideias de modo a resolver o problema da melhor forma (Figura 2).

Figura 2: Seleção e filtro de ideias

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Figura 3: Protótipo desenvolvido por uma equipa na formação DT para professores

Na penúltima fase (avaliar), antes da implementação, o protótipo é testado e avaliado pelo utilizador final de forma a validar, num processo rápido e com custos reduzidos, antes de este ser implementado em contexto real. Caso o protótipo proposto não seja adequado, pode-se sempre voltar atrás e repetir algumas das fases numa dinâmica iterativa e fluída (fail fast) antes da última fase de implementação.

Estas fases iterativas e motivacionais (Tabela 1) enfatizam uma abordagem ativa e potenciam a atratividade do DT tanto para estudantes como para professores. Por outro lado, facilitam a compreensão do problema, focando-se nas reais necessidades dos utilizadores finais. Ao longo de todo o processo os intervenientes descobrem e reinventam novas ideias (learning by doing), ficando com uma maior compreensão do problema e das suas possíveis soluções.

Tabela 1 – Procedimentos e objetivos das fases do DT para aplicação no ensino (adaptado de Tu et al., 2018)

Fase FaseFase

Fase Conteúdos do EnsinoConteúdos do EnsinoConteúdos do EnsinoConteúdos do Ensino

Empatizar

Os participantes estabelecem entre si um conhecimento mais profundo que permite desenvolver um melhor conhecimento e entendimento acerca dos problemas.

Podem ser usados procedimento de gravação, entrevistas com notas que permitam obter informação sobre as necessidades dos utilizadores. Definir e compreender o problema Procura-se delimitar o problema através de analogias como, por exemplo, criação de frases centrais: “Alguém precisa de ____, porque no

mundo dela, ____ é importante”. Idealizar

Procuram-se soluções para o problema anteriormente definido através da dinamização de debate de ideias e aceleração de processos de

criatividade (Brainstorming). Selecionar a melhor ideia através de

métodos de pensamento convergente (por exemplo, Kill your idea, matrix

scale).

Prototipar Coloca-se a criatividade em ação de modo a tornar a melhor ideia num protótipo rápido que permita resolver o problema anteriormente definido. Avaliar para implementar O protótipo é testado e avaliado e, caso necessário, o modelo é aprimorado até responder de forma adequada à realidade, de modo gerar

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O ensino convencional, , , , caracterizado pela disseminação do conhecimento num único sentido, dominado pelo professor, decorre num ambiente de aprendizagem padronizado e basicamente imutável, onde os objetivos são fundamentalmente os ditados pelos manuais técnicos. Pelo contrário, o modelo de ensino inspirado em preceitos do DT pode implicar uma aprendizagem centrada no desenvolvimento do pensamento dos estudantes e do espirito de entreajuda e abertura para a criatividade, onde a interação professor-estudante seja mais intensa. De acordo com Yu (2009) e Tu et al. (2018), a chave do DT pode residir no facto de que o pensamento gera criatividade e o pensamento criativo procura a melhor solução para a resolução dos problemas. Por isso, a prática regular do pensamento criativo será a melhor forma de se preparar para gerar soluções adequadas (Baer, 2013; Faste et al., 2013). A comparação entre o ensino convencional e a abordagem pelo DT é exposta na Tabela 2.

Tabela 2 – Comparação entre o ensino convencional e a abordagem DT (adaptado de Tu et al., 2018)

Item Item Item

Item Ensino convencionalEnsino convencionalEnsino convencionalEnsino convencional Abordagem DTAbordagem DT Abordagem DTAbordagem DT

Filosofia de ensino O professor incentiva os alunos a lidar com os manuais e livros técnicos Foco no desenvolvimento do espírito crítico e criativo

Objetivos do ensino Realização dos objetivos inscritos nos manuais Dotar os estudantes com capacidade de pensamento crítico e criativo

Modo de ensino Modelo desempenham um papel fundamental imutável, as instruções Flexibilidade na adoção de diversas estratégias criativas (pensamento criativo) Papel do professor e do

aluno Principalmente num único sentido dominado pelo professor Inspirador e com entreajuda, centrado na interação professor-aluno

Recurso e ferramentas Livros didáticos, quadros e marcadores Materiais didáticos diversificados

Avaliação Avaliação por trabalhos e/ou exame escrito Avaliações diversificadas e criação de protótipos adaptados aos problemas

A abordagem DT valoriza a empatia e a exploração de ideias sem preconceitos tal como respeita e promove a cultura do erro. Sendo um bom ponto de partida para promover o pensamento criativo, não impede e pode ser mesmo complementada por outros paradigmas.

Metodologia

O presente estudo procura estabelecer linhas orientadoras baseadas em práticas interdisciplinares comprovadas e na criação de um modelo didático para o ensino de DT especialmente aplicado ao ensino superior. O objetivo inicial consistiu em formar um núcleo internacional de docentes e investigadores dos oito países/IES participantes, de modo a que cada um dos grupos adquira as competências necessárias para implementar uma versão local da formação em DT nas IES dos países participantes, num contexto culturalmente diferente, embora preservando a sua natureza interdisciplinar.

O pensamento criativo enquanto atividade pode ser uma excelente fonte de motivação (Nielsen e Thurber, 2016; Rustler, 2018), quer para estudantes quer para professores. Neste contexto, pretende-se utilizar o DT como pedra angular para a criação de um modelo didático que promova o pensamento criativo no ensino superior e que permita, em simultâneo, melhorar as competências transversais dos estudantes. Para atingir este objetivo, o planeamento envolveu, em primeiro lugar, compreender qual a melhor abordagem para aplicar o DT de forma eficiente no ensino superior. Assim, e no âmbito do Projeto Erasmus+ DT.Uni – Abordagem do DT para uma Universidade Interdisciplinar, foram realizados uma série de seminários, com o intuito de disseminar o DT enquanto ferramenta com aplicabilidade no ensino, transformando a formação numa comunidade de prática e aprendizagem repleta de momentos lúdicos (Wenger-Traynor et al., 2014). A tarefa empreendida permitiu ainda recolher dados que se

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espera que venham a permitir a melhoria e adaptação das técnicas de DT à realidade das salas de aula no ensino superior.

O primeiro seminário teve lugar na Technische Universitaet Dresden e permitiu aos 32 académicos e investigadores do ensino superior englobados no projeto um primeiro contato com as ferramentas de DT num ambiente interdisciplinar. Este seminário, focado especialmente na aplicação do DT ao ensino superior, teve uma duração de 35 horas distribuídas ao longo de uma semana, durante as quais os participantes interagiram em equipas/comunidades de aprendizagem com estudantes, docentes, investigadores e funcionários da instituição anfitriã. A formação ministrada aos académicos e investigadores foi semelhante à usualmente proporcionada em ambiente empresarial, por isso levantou questões aos formandos sobre a aplicação posterior dos conceitos apreendidos em contexto de sala de aula. Por exemplo, sob o ponto de vista didático, torna-se necessário criar instruções claras, diretas e especificas para demonstrar como utilizar as ferramentas de DT no ensino para melhor desenvolver a aprendizagem.

Na sequência da formação em Dresden, procurámos estudar a recetividade destes conceitos, bem como a adaptabilidade e aplicação do material didático original, a um conjunto local de docentes e alunos voluntários do IPG. Criou-se assim uma versão experimental (formação piloto) do seminário em inglês, adaptado à realidade portuguesa. Esta versão ocorreu dois meses depois da formação inicial, em junho de 2018, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do IPG. O seminário foi dirigido a professores do IPG, oriundos da Escola Superior de Saúde (ESS), da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD) e da ESTG, abrangendo o corpo docente de três das quatro Escolas que integram o IPG, numa comunidade diversa e interdisciplinar. Para além dos docentes, foram ainda incluídos estudantes do 1º ano do Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP) em Desenvolvimento de Aplicações Informáticas que aceitaram o convite para participar neste projeto inovador. Os estudantes foram incentivados a desafiar a hierarquia tradicional, que tende a separar professores e estudantes, em consonância com o que já era pratica nas unidades curriculares de Inglês Aplicado, ministradas em dois semestres consecutivas por um dos autores, com vista a melhorar as suas competências comunicativas interculturais.

A primeira edição nacional do seminário em DT, baseada na versão experimental referida anteriormente, realizou-se em outubro e teve a duração de doze horas distribuídas ao longo de dois dias. Para além dos estudantes que haviam participado no seminário piloto, participaram ainda outros estudantes inseridos no programa Erasmus+ e professores e investigadores do Instituto Politécnico de Setúbal, da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, do Instituto Politécnico de Castelo Branco, da Escola Superior de Educação de Bragança e das quatro Escolas do IPG, incluindo nesta ocasião docentes da Escola Superior de Turismo e Hotelaria (ESTH). De salientar, que este seminário contou com o apoio de alguns docentes do IPG que tinham recebido a formação piloto e se disponibilizaram para o papel de facilitadores.

A segunda edição do seminário nacional decorreu em dezembro no Instituto Politécnico de Viseu, com a duração de oito horas concentradas num único dia. Neste seminário participaram mais uma vez os estudantes da ESTG/IPG e ainda uma estudante convidada da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. A formação contou ainda com professores e investigadores do Instituto Politécnico de Viseu e foi mais uma vez facilitada por professores do IPG já formados em DT (da ESTG e da ESS) e ainda com dois membros da equipa DT.Uni do Gabinete de Mobilidade e Cooperação do IPG.

Em todos os seminários, os participantes foram divididos em grupos de modo a constituir comunidades de aprendizagem interdisciplinares, compostas por um estudante e por três ou

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quatro professores. Os grupos tiveram a oportunidade de utilizar a abordagem DT para enfrentar os desafios atuais e futuros do ensino superior, dando ênfase ao pensamento divergente e criativo. Nestas comunidades de aprendizagem, foi dado destaque à interdisciplinaridade e ao processo de desenvolvimento de novos modelos e conteúdos para a inovação pedagógica.

A visão, preparação e desenvolvimento do projeto DT.Uni incluí a recolha de dados e o desenvolvimento de novos modelos, projetados de forma colaborativa e por sua vez testados como uma estratégia envolvendo estudantes e professores do ensino superior de diversas áreas disciplinares. A recolha de dados foi efetuada através da elaboração de dois questionários: pré-teste e pós-teste, que foram respondidos pelos participantes respetivamente antes e depois de cada seminário. De salientar que as questões colocadas no pré teste e no pós teste são as mesmas. A modalidade de preenchimento foi de administração direta, isto é, o preenchimento ficou a cargo do próprio participante que o entregou via e-mail. De salientar que, no domínio da investigação em Ciências Sociais e Humanas, o inquérito é uma das opções de uso mais frequente (Quivy e Campenhoudt, 1998; Ferreira e Campos, 2009). A conceção e implementação do inquérito teve por objetivo a recolha de informação, obtida a partir de respostas individuais sobre as suas características pessoais (idade, género, área de estudo, nível de conhecimento em inglês) e sobre a sua experiência e conhecimento prévio de DT e ainda, caso possível, da identificação e descrição de algumas ferramentas de DT. De forma mais específica, o questionário, pré teste e pós teste, pretende identificar:

 Características pessoais (Idade, Área de estudo, Conhecimentos da língua inglesa, Motivação em participar no seminário, Conhecimento e experiência com DT)

 Conhecimentos sobre as ferramentas de Design Thinking (Conhece algumas das ferramentas de DT, Identifique os termos que não descrevem o processo DT, Assinale, numa escala de 1 a 5, as suas características pessoais de trabalho em grupo, empatia, respeito pelos outros e pelas suas opiniões, criatividade, sentimentos, capacidade de adaptação, interdisciplinaridade).

Todos os participantes nos seminários foram considerados na amostragem, o que totalizou 36 inquéritos realizados. O processo de recolha e análise de dados foi realizado de forma manual e recorrendo a um software de análise estatística descritiva, folha de cálculo (Excel®), de modo

a se poderem apresentar e descrever os dados recolhidos e assim avançar para a interpretação dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uma das principais preocupações dos seminários foi a construção de novos espaços de aprendizagem ativa para todos os formandos (professores e estudantes). De salientar que os estudantes voluntários aceitaram o desafio de participar como uma oportunidade para aprender novas ferramentas de ensino para promover a aprendizagem (DT) e, simultaneamente, participar numa experiência única e invulgar com o corpo docente. Confirmámos que a criação de espaços de aprendizagem ativos deve incluir a promoção consistente de uma cultura de respeito e apreciação construtiva do erro – um aspeto em muitos casos completamente esquecido pelos modelos convencionais de aquisição de conhecimento – juntamente com uma noção clara da centralidade da empatia na compreensão dos outros e, subsequentemente, na exploração de ideias para resolver os problemas da melhor maneira possível.

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Com base numa revisão da literatura e sustentado por resultados recolhidos em formações internacionais e nacionais, confrontaram-se realidades que permitem aprofundar o entendimento sobre as possibilidades que nos oferece o DT no ensino interdisciplinar. O objetivo é criar um modelo didático mais adequado e direcionado às necessidades dos estudantes, tirando proveito das potencialidades do DT, que terá que ter em conta as especificidades inerentes ao uso das suas técnicas. Por exemplo, a empatia requer um desvio da abordagem convencional, que em princípio culmina mais rapidamente numa solução, mas que nem sempre oferece os melhores resultados nos processos de aprendizagem.

Uma análise dos resultados nacionais mostra que entre os conceitos mais difíceis de adquirir estão a cultura do erro (error culture), a quebra das hierarquias e a necessidade de numa fase inicial refletir menos sobre a solução em si e produzir mais (less thinking more doing) ideias potencialmente inovadoras (thinking out of the box), indo de encontro à ideia de falhar depressa e com menos custos (fail fast).

Regra geral, numa escala de 1 a 5, os participantes ficaram muito satisfeitos (>4,5) na partilha e incorporação de ideias e conceitos, bem como no aumento do seu léxico específico em DT e ainda na formulação de perguntas em inglês. A resposta média de 4, variando entre 3,3 e 4,4, indica um nível de apreciação entre os 66% e os 88%.

Apesar da avaliação muito positiva da experiência interdisciplinar, houve alguma dificuldade e desconforto com o processo de aprender fazendo (learning by doing). Também a apreciação de outras perspetivas, tal como o uso de materiais hápticos, a aquisição de terminologia de uma área disciplinar específica e a aplicação final de um procedimento iterativo na busca de novas soluções, são suscetíveis de contribuir para um processo mais trabalhoso.

Os pós-testes também revelaram dados qualitativos, focados na identificação de características atrativas do trabalho interdisciplinar e das ferramentas de DT. As respostas destacaram, entre outros aspetos, (i) a sistematização da criatividade e a promoção da ideia de que qualquer um pode aprender a ser criativo; (ii) o reforço de espaços abertos e colaboração com outras áreas de estudo; (iii) a prática de competências comunicativas em inglês (falar + escutar + ler + escrever + terminologia) acresce ainda (iv) como fazer perguntas e não complicar a comunicação, focando desta forma a mensagem em vez da forma da língua estrangeira (inglês); (v) a relevância de utilizar a empatia para analisar todas as vertentes do problema em causa; (vi) a descrição dos problemas utilizando diversas perspetivas e (vii) considerar potenciais soluções só após agrupar e organizar as ideias, alternando entre o pensamento divergente e pensamento convergente.

Tendo em conta que os seminários organizados integraram estudantes, professores e investigadores do ensino superior, os desafios abordados e as soluções encontradas são passíveis de aplicação junto dos estudantes. Entre as soluções apresentadas (protótipos), foi criado um jogo de origami (fortune teller) para designar diferentes tipos de questões em diferentes níveis do processo de aprendizagem, as quais indicavam ao estudante os exercícios adequados ao seu nível e ainda a sugestão de utilizar o horário de atendimento dos professores. Cada atividade tem uma avaliação contínua consistindo na apresentação dos resultados positivos dos exercícios, bem como na indicação de um próximo origami de ação que, de acordo com a diferenciação dos níveis, leva o estudante sempre a novas aprendizagens e a uma consciência do seu progresso.

Num contexto de aprender a falar em público, foi criado um protótipo com o objetivo de promover a autoconfiança dos alunos. O protótipo executado em origami continha caixas representativas dos públicos a abordar, com o estudante a passar progressivamente de grupos com público reduzido para grupos de maior audiência. Este progresso seria sempre avaliado

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pelo professor, pelo próprio estudante e ainda pelos seus pares, de acordo com uma ou mais matrizes, utilizando críticas construtivas.

O recurso a ferramentas hápticas, como o origami, envolve de forma física os estudantes ao mesmo tempo que reforça os seus progressos cognitivos, enquanto estes progridem nas suas aprendizagens. A criação do protótipo da solução pretende ilustrar a importância de aprender fazendo (learning by doing).

Outra abordagem de ensino desenvolvida nos seminários teve como foco a desconstrução dos objetivos finais da aprendizagem de modo a promover uma aprendizagem gradual dos conceitos, assim como a delegação e/ou rotatividade na responsabilidade de liderança dos grupos de trabalho com composição heterogénea para encorajar o pensamento tanto divergente como convergente. Os grupos de estudantes tinham ainda acesso a ferramentas de investigação para promover a procura e a descoberta do saber, do saber fazer e do saber aprender, de conceitos, de definições e de fórmulas e aplicações diversas. Adicionalmente, para promover uma postura crítica em vez de simplesmente seguir as regras impostas, a avaliação implicava ainda a apreciação pelas ferramentas em causa e os resultados da sua aplicação.

Outros estudos internacionais, sobre o DT, evidenciam resultados positivos no uso desta metodologia no campo da educação. Salienta-se o estudo realizado por Tu et al. (2018) que concluiu que o DT é uma abordagem que pode melhorar a participação dos alunos, criar uma atmosfera favorável à interação e comunicação entre os estudantes e os professores. O estudo revelou ainda que os estudantes estão dispostos a passar mais tempo a pensar no problema, o que contribui para uma melhoria do desempenho da aprendizagem. Um outro estudo, realizado por Carroll (2014), demonstrou que o DT proporciona novas capacidades para gerir equipas (mentores), cria experiências de aprendizagem e partilha centradas no estudante.

CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO

Os seminários tiveram um impacto positivo quer para os estudantes quer para o corpo docente e investigadores, aumentando a sua motivação. Todos os participantes afirmaram ter aprendido novas técnicas passiveis de ser aplicadas em sala de aula. Para além disso os participantes apresentaram novas ideias para implementar nas suas próprias unidades curriculares.

Como trabalho futuro, uma melhor compreensão das perceções dos professores nas diferentes áreas disciplinares poderá contribuir para uma análise mais aprofundada da realidade do ensino. Para tal, e para que o número reduzido de participantes não seja uma limitação para o estudo, prevê-se a organização de novos seminários para recolher dados adicionais.

No projeto DT.Uni, pretende-se também procurar respostas para as seguintes questões:

 Quais as atuais manifestações de interdisciplinaridade na educação portuguesa?  Como melhorar o ensino interdisciplinar de forma a contribuir para a aprendizagem ativa?  Como reconsiderar o pensar como uma atividade para integrar diferentes áreas de

aprendizagem?

 Podem as atividades de raciocínio ajudar os jovens a adaptar-se melhor ao ensino superior?

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 Qual o papel da empatia nas diferentes atividades de pensamento a serem aplicadas no ensino superior?

Ainda por definir estão os contornos da abordagem didática a emergir no final do projeto. No momento desta publicação, estão em fase de conclusão três dos cinco resultados (intellectual outputs) previstos. Apesar de ser cedo para tirar conclusões definitivas os resultados obtidos sugerem que as quatro competências (4C) propostas pelo World Economic Forum (WEF, 2015, p. 4) estão já presentes na formulação dos learning outcomes (objetivos de aprendizagem). Assim, tal como vislumbram as palavras chave do presente artigo, ambicionamos promover neste modelo didático o pensamento crítico adequado ao ensino superior bem como o pensamento divergente e criativo para enaltecer a criatividade, a colaboração e a comunicação. De notar a ambição e competências comunicativas e culturais dos participantes nos seminários promovidos em Portugal, onde tem sido sempre utilizada a língua inglesa.

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer ao Politécnico da Guarda (IPG) e à Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPG por apoiarem todas as iniciativas para melhorar os processos de ensino e da aprendizagem no ensino superior, no âmbito do projeto Erasmus+ DT.Uni – Design Thinking para uma Universidade Interdisciplinar [DT.Uni – Design Thinking for an Interdisciplinary University], nº. 2017-1-PL01-KA203-038527, coordenado pela Universidade de Maria Curie-Skłodowska (UMCS).

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Figura 1: Contraste das fases dos processos CPS e DT
Figura 2: Seleção e filtro de ideias
Figura 3: Protótipo desenvolvido por uma equipa na formação DT para professores
Tabela 2 – Comparação entre o ensino convencional e a abordagem DT (adaptado de Tu et al., 2018)  Item Item

Referências

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