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Perfil de pacientes com Traumatismo Raquimedular e Visita Pré-operatória de Enfermagem / Profile of patients with Spinal Trauma and Preoperative Nursing Visit

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.37923-37935 jun. 2020. ISSN 2525-8761

Perfil de pacientes com Traumatismo Raquimedular e Visita

Pré-operatória de Enfermagem

Profile of patients with Spinal Trauma and Preoperative Nursing Visit

DOI:10.34117/bjdv6n6-366

Recebimento dos originais:08/05/2020 Aceitação para publicação:16/06/2020

Francisca Mariza Batista Maia

Graduada em Enfermagem pela Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará – FAECE Instituição: Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará – FAECE.

Endereço: Rua Caetano Ximenes Aragão, 110, Eng. Luciano Cavalcante, Fortaleza-CE, Brasil.

E-mail: marizabatista@hotmail.com

Maria Helane Rocha Batista Gonçalves

Doutora em Ciências Médico-Cirúrgicas - Universidade Federal do Ceará Instituição: Universidade Estadual do Ceará

Endereço: Av. Dr. Silas Munguba, 1700, Campus do Itaperi, Fortaleza-CE, Brasil. E-mail: helanerocha@hotmail.com

Meyssa Quezado de Figueiredo Cavalcante Casadevall

Doutora em Ciências Médico-Cirúrgicas - Universidade Federal do Ceará Instituição: Universidade Federal do Ceará

Endereço: Rua Prof. Costa Mendes, 1608 - Rodolfo Teófilo, Fortaleza – CE, Brasil. E-mail: mequezado@gmail.com

Eysler Gonçalves Maia Brasil

Doutora em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde - UECE

Instituição: Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Brasileira (UNILAB) Endereço: Rua José Franco de Oliveira, s/n, Redenção-CE, Brasil.

E-mail: eyslerbrasil@unilab.edu.br

Milena Gomes Pereira

Graduanda do curso de Enfermagem - UNILAB

Instituição: Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Brasileira (UNILAB) Endereço: Rua José Franco de Oliveira, s/n, Redenção-CE, Brasil.

E-mail: milenagomespereira@gmail.com

Jailson de Castro Freitas

Doutor em Ciências da Saúde-Faculdade de Ciências Médica da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.37923-37935 jun. 2020. ISSN 2525-8761 Instituição: Centro Universitário Mauricio de Nassau – UNINASSAU Endereço: Av. Aguanambi, 251, José Bonifácio, Fortaleza-CE, Brasil.

E-mail: jailsonpucsp@gmail.com

RESUMO

Objetivo: Caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico, avaliar os pacientes no pré e

pós-operatório, vítimas de traumatismo raquimedular, através da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória. Método: Trata-se de um estudo descritivo, de natureza quantitativa, realizado com oito pacientes internados em um Hospital Público, em Fortaleza (CE), no mês de novembro de 2016. Resultados: Todos os pacientes eram do gênero masculino e faixa etária de 22 e 54 anos, sendo quatro entre 40-49, três entre as idades 22-29 e um entre 30-39. Como causa dos traumas, foi evidenciado os acidentes de trânsito (75%), mergulho em águas rasas (12,5%) e queda (12,5%). Na amostra, sete apresentaram lesão de nível incompleta e um lesão completa. Foram observados três casos de traumatismo torácico, três cervicais, um traumatismo toracolombar e um lombar. Ademais, cinco não tiveram nenhuma sequela, frente a duas paraplegias e uma tetraplegia. A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória configura-se uma ferramenta imprescindível para avaliação do paciente, ao passo que orienta e individualiza a assistência. Conclusão: Cabe ao enfermeiro dar orientações adequadas ao paciente, devendo observar o nível de compreensão destas, com vistas a reduzir as complicações pós-operatórias e contemplar as necessidades humanas básicas. Compete ainda ao enfermeiro gerenciar e promover este atendimento, trabalhando na perspectiva da interdisciplinaridade.

Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem; Enfermagem perioperatória; Neurocirurgia. ABSTRACT

Objective: Characterize the sociodemographic and clinical profile, to evaluate patients in the pre and postoperative period, victims of spinal trauma, through the Systematization of Perioperative Nursing Assistance and identifying the needs, tracing the nursing diagnoses and planning the nursing care, providing adequate conditions to the recovery process. Method: This is a descriptive study, of a quantitative nature, carried out with eight patients admitted to a Public Hospital, in Fortaleza (CE), in the month of November 2016. Results: All patients were male and aged between 22 and 54 years old, four between 40-49, three between 22-29 and one between 30-39. As a cause of trauma, traffic accidents (75%), diving in shallow water (12.5%) and falls (12.5%) were evidenced. In the sample, seven presented an incomplete injury and a complete injury. Three cases of thoracic trauma, three cervical, one thoracolumbar and one lumbar trauma were observed. In addition, five had no sequela, compared to two paraplegias and one quadriplegia. The Systematization of Perioperative Nursing Care is an essential tool for patient assessment, while guiding and individualizing care. Conclusion: It is up to the nurse to provide appropriate guidance to the patient, observing the level of understanding of these, with a view to reducing postoperative complications and addressing basic human needs. It is also the nurse's responsibility to manage and promote this service, working from the perspective of interdisciplinarity.

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1 INTRODUÇÃO

A Lesão da Medula Espinal (LME) é uma síndrome neurológica grave caracterizada pelo comprometimento da motricidade, sensibilidade superficial e profunda, aliado a distúrbios neurovegetativos dos segmentos do corpo localizados abaixo do nível da lesão, podendo gerar enormes repercussões físicas, psíquicas e sociais aos acometidos1,2.

A LME tem como principal etiologia o Traumatismo Raquimedular (TRM), definido como uma agressão traumática da coluna vertebral e dos seus componentes, sendo este uma das principais causas de morbidade mundial, configurando-se como um importante problema de saúde que acomete com frequência quase quatro vezes maior os homens, sendo a principal causa os acidentes por veículo automotor 2,3.

Atualmente a incidência TRM é de 30 a 40 casos em um milhão de indivíduos e prevalência da doença é de 900 a 950 casos em um milhão de indivíduo. Estima-se que cerca de 48% dos pacientes irão evoluir a óbito, sendo 80% no local do acidente e 4 a 15% após a admissão hospitalar. No Brasil, estima-se a ocorrência de cerca de 40 novos casos por milhão de habitantes, somando de 6 a 8 mil casos por ano, inferindo altos custos ao sistema de Saúde

4.

Em consequência disso, a possibilidade da realização de um procedimento cirúrgico gera nos pacientes sentimento de angústia frente a alteração de imagem corporal, desconhecimento da técnica e dúvidas quanto ao pós-operatório, podendo ocasionar vulnerabilidade emocional, prejudicando a recuperação pós-operatória. Dessa forma, o ato cirúrgico requer preparo prévio, tanto no âmbito pessoal, quanto familiar, social e profissional, de modo a evitar o surgimento de sentimentos negativos5,6.

Com esse intuito, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do Processo de Enfermagem, de forma que direciona a prática e favorece a toma de decisões, proporcionando um cuidado individualizado, humanizado e integral para os clientes7,8.

De modo complementar, a Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) pode ser entendido como um instrumento metodológico desenvolvido pelo enfermeiro, que objetiva a promoção, manutenção, e recuperação da saúde do cliente pré, intra e pós-operatório, visando a assistência integralizada, contínua e humanizada, além de proporcionar de forma complementar a percepção, interpretação e antecipação das respostas individuais às alterações de saúde9,10.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.37923-37935 jun. 2020. ISSN 2525-8761 O centro cirúrgico (CC) é uma das unidades mais complexas do hospital, constituído de recursos humanos, materiais, equipamentos e tecnologias de alta complexidade, destinados a atender o paciente cirúrgico no período perioperatório11. Os enfermeiros que atuam nessa área podem utilizar a sistematização da assistência de enfermagem perioperatória (SAEP), com o propósito de promover assistência de qualidade ao paciente cirúrgico de forma continuada, participativa, individualizada e documentada12. A SAEP é constituído por cinco

fases, a seguir: visita pré-operatória de enfermagem, planejamento da assistência perioperatória, implementação da assistência, avaliação da assistência (por meio da visita pós-operatória de enfermagem) e reformulação da assistência a ser planejada (segundo resultados obtidos)9.

Neste contexto, com relação a qualidade dos serviços e a realização da cirurgia segura, vale destacar que em 2004, foi lançada a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), buscando a melhoria da segurança do paciente13. A Joint Commission International (JCI)14 promoveu as metas internacionais para segurança do paciente: identificar os pacientes; melhorar a comunicação efetiva; melhorar a segurança de medicamentos de alta vigilância; assegurar cirurgias com local de intervenção correto, procedimento correto e paciente correto; reduzir o risco de infecções associadas aos cuidados de saúde; e reduzir o risco de lesões ao paciente, decorrentes de quedas.

O enfermeiro precisa estar capacitado para exercer atividades de maior complexidade para as quais é necessária a autoconfiança respaldada no conhecimento cientifico. Atualmente, a busca pela excelência na qualidade da assistência tem sido realizada não só pela competência cientifica do profissional, mas também pelas acreditações realizadas em instituições de saúde, que indiretamente tem provocado à implantação de protocolos que objetivam o melhor desempenho dos profissionais de saúde, reduzindo a incidência do erro e das complicações e, consequentemente, diminuído os custos hospitalares9.

Em vista disso, o sucesso do tratamento cirúrgico depende da assistência prestada de maneira integral e individualizada em todos os momentos do período perioperatório. Neste contexto, a fim de propiciar ao paciente uma recuperação mais eficaz e rápida, culminando em uma assistência de qualidade15.

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2 OBJETIVO

Caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes vítimas de traumatismo raquimedular (TRM) e identificar os principais diagnósticos, intervenções e resultados esperados de enfermagem durante o pré e pós-operatório.

3 METODOLOGIA

Estudo exploratório-descritivo, transversal, quantitativo, realizado em novembro de 2016, em um Hospital Terciário de Urgência e Emergência do Ceará, referência em traumatologia. Neste estudo pretendemos perceber, contar e descrever o fenômeno em estudo. Com a pesquisa exploratória temos como objetivo desvendar as várias maneiras pelas quais o fenômeno se manifesta, assim como os processos subjacentes16.

A população foi composta de pacientes internados por Traumatismo Raquimedular para realização de procedimentos cirúrgicos ou conservadores em um Hospital público de referência em Fortaleza, durante o mês de novembro de 2016. Os pacientes são portadores de distúrbios neurológicos e traumatológicos devido às sequelas dos danos que foram expostos. Entre estes podemos destacar: acidente de trânsito, queda de altura, acidentes por mergulhos em águas rasas sendo as principais causas de traumatismo raquimedular (TRM). São pacientes acamados, ansiosos pelo resultado do tratamento seja conservador ou cirúrgico. Devido a rotatividade dos leitos das enfermarias, a amostra foi constituída por 08 pacientes, que aceitaram participar da pesquisa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

Os dados foram coletados através de um instrumento de entrevista realizado com os pacientes e com ajuda dos familiares dentro da própria enfermaria, pesquisados nos prontuários os.

A coleta de dados deu-se através de entrevistas e dados dos prontuários dos pacientes com relação aos dados sócios demográficos dos pacientes e o histórico relacionado ao diagnóstico de TRM. Foi necessária toda avaliação da sistematização da assistência da enfermagem relacionada ao preparo adequado do paciente no pré-operatório e o planejamento das intervenções para uma recuperação satisfatória.

Os dados foram analisados e categorizados, por período pré e pós-operatório, utilizando o software Excel, versão 2010 e em seguida realizada análise dos dados com base na literatura pertinente.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.37923-37935 jun. 2020. ISSN 2525-8761 O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da referida instituição, campo da pesquisa, com número de parecer: 1.802.774 e CAAE: 56505916.7.0000.5047 e desenvolvido em obediência as normas, princípios e diretrizes éticas preconizadas para pesquisas que envolvem seres humanos conforme a Resolução no 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012).

4 RESULTADOS

O perfil dos participantes do estudo foram pacientes acometidos com traumatismo raquimedular, em internação hospitalar devido a procedimento cirúrgico ou conservador, acamados, em condição clínica grave, provenientes da emergência, UTI, sala de recuperação, e de outras unidades de internamentos, portadores de traqueostomia, com ou sem colar cervical, em oxigenoterapia (máscara de venturi), quando necessário.

A amostra foi composta por oito pacientes, todos (100%) correspondiam ao gênero masculino e faixa etária de 22 e 54 anos, sendo quatro entre 40-49 (50%), três entre as idades 22-29 (37,5%) e um entre 30-39 (12,5%). Como causa dos traumas, foi evidenciado os acidentes de trânsito (75%), mergulho em águas rasas (12,5%) e queda (12,5%).

Na amostra, sete (87,5%) apresentaram lesão de nível incompleta e um (12,5%) lesão completa. Aliado a isso, foram observados três casos (37,5%) de traumatismo torácico, três (37,5%) cervicais, um (12,5%) traumatismo toracolombar e um (12,5%) lombar. Ademais, cinco (62,5%) não tiveram nenhuma sequela, frente a duas (25%) paraplegias e uma (12,5%) tetraplegia (conforme a tabela 1).

Tabela 1. Caracterização dos pacientes acometidos por TRM. Fortaleza, CE, Brasil, 2016.

Idade Etiologia Classificação Diagnóstico Incapacidade

22 Acidente de trânsito Incompleta TRM torácico Nenhuma 26 Acidente de trânsito Completa TRM cervical Tetraplégico

27 Acidente de trânsito Incompleta TRM

toracolombar Paraplégico 30 Mergulho em águas rasas Incompleta TRM cervical Paraplégico 41 Queda Incompleta TRM lombar Nenhuma 50 Acidente de trânsito Incompleta TRM cervical Nenhuma 53 Acidente de trânsito Incompleta TRM torácico Nenhuma 54 Acidente de trânsito Incompleta TRM torácico Nenhuma

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.37923-37935 jun. 2020. ISSN 2525-8761 Observou-se ainda a distribuição da amostra por tratamentos e complicações, dois pacientes (25%) não necessitaram de cirurgia e estão em tratamento conservador. Os demais, 06 pacientes (75%), passaram por processos cirúrgicos e receberam orientações no pré-operatório e no pós-pré-operatório.

Ademais, dos oito dos pacientes participantes, quatro (50%) apresentaram complicações, todos foram submetidos a tratamento cirúrgico, destes, três apresentaram lesão por pressão (75%), dois (50%) distúrbios do humor e autoestima e dois (50%) infecção urinária sintomática.

De acordo com os dados, são pacientes que passam por um período longo no ambiente hospitalar, aguardando a realização dos procedimentos cirúrgicos ou não e que acabam adquirindo algumas complicações que são frequentes como: lesão por pressão, por ser pacientes acamados e debilitados; distúrbios de humor e autoestima; espasmos e infecção urinária. A equipe de enfermagem tem papel relevante no tratamento do lesado medular. Essa equipe atua minimizando possíveis complicações decorrentes da sua nova condição de vida.

Com base nos dados da pesquisa e na literatura, elencou-se as principais ações de Enfermagem na Visita Pré-operatória (Quadro 1):

Quadro 1: Visita de Enfermagem no pré-operatório para a redução dos riscos cirúrgicos. Fortaleza-CE, Brasil, 2016.

1) Avaliação rigorosa do paciente (anamnese e exame físico);

Anamnese: verificar alergias, patologias associadas, medicamentos em uso, cirurgias prévias, fumo, álcool, drogas, uso de órteses e próteses, marca-passo, estado civil, religião, nível de instrução, profissão;

Exame Físico: identificar os problemas, formular os diagnósticos de Enfermagem, fazer as prescrições necessárias para o preparo adequado do paciente e intervenções necessárias para

o transoperatório, estimular o paciente para o autocuidado. 2) Iniciar preenchimento da SAEP;

3) Verificar e checar os exames pré-operatórios solicitados e se constam no prontuário; 4) Orientar o paciente quanto à realização do procedimento cirúrgico, minimizando a ansiedade, jejum, higiene corporal, remoção de adornos metálicos, higiene oral, esvaziamento vesical e intestinal, antes do encaminhamento para o Centro Cirúrgico; 5) Dar apoio ao paciente, encorajando-o e dirimindo dúvidas.

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5 DISCUSSÃO

No tocante ao sexo, o achado foi semelhante ao de outros autores3,17, reforçando a maior prevalência do acometimento no sexo masculino. Podendo ser explicada pelo comportamento social, cultural, de forma que os homens tendem a ser mais agressivos no trânsito, sendo por vezes influenciados por características inerentes à própria idade tais como imaturidade, a busca de sensações intensas, pouca experiência para dirigir, motivação e influência dos amigos, assim como, a associação com o álcool18.

Conforme a American Spinal Injury Association (ASIA), a LME pode ser classificada em completa quando atinge todas as vias motoras e sensitivas, e incompleta quando compromete somente algumas destas. Além disso, as sequelas são diretamente relacionadas ao segmento torácico acometido, de modo que quando no lombar ou sacral, desencadeia quadros de paraplegias ou paraparesias, levando a comprometimentos motores e/ou sensitivos em tronco e membros inferiores ou apenas nos membros inferiores, e as lesões nos segmentos medulares cervicais acarretam casos de tetraplegias ou tetraparesias, com repercussões no tronco e membros superiores e inferiores, comprometendo a integridade física de forma geral19.

Em vista disso, a assistência de enfermagem deve ser voltada para a prevenção de complicações e minimização das sequelas, visando diminuir o tempo de hospitalização, melhorar a autoconfiança e adesão ao tratamento, uma vez que pessoas vítimas de TRM, passam por um longo processo de reabilitação, visto que esta atua diretamente no atendimento paciente pré e intra-hospitalar vítima de TRM, além da assistência pré, intra e pós cirúrgica20.

De forma complementar, foram elencadas como ações de enfermagem fundamentais no período pré-operatório (visita), para a redução de riscos cirúrgicos, tais como a avaliação rigorosa do paciente, constituída de anamnese e exame físico, o preenchimento do SAEP, verificação dos exames solicitados, fornecimento de orientações ao paciente quanto a realização do procedimento e elucidando possíveis dúvidas.

Nesse ínterim, a visita de enfermagem pré-operatória faz parte da sistematização da assistência de enfermagem perioperatória (SAEP), constituindo a primeira fase desse sistema. Constitui-se como uma estratégia realizada pelo enfermeiro para levantar dados do paciente cirúrgico acerca do estado físico e patologias, esclarecimento e orientações sobre a cirurgia, além da caracterização sociodemográfica, além disso, ressalta-se a oportunidade ao desenvolvimento de estratégias para redução de ansiedade, através de intervenções como a escuta terapêutico e a solução das dúvidas21,22.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.6, p.37923-37935 jun. 2020. ISSN 2525-8761 Durante a visita de enfermagem, o enfermeiro deve transmitir as informações ao paciente de modo individualizado e com foco nas necessidades, mantendo uma sequência lógica das orientações acerca do procedimento cirúrgico e dirimindo as dúvidas23. Sabe-se que se uma orientação for fornecida ao paciente e suas dúvidas forem esclarecidas, as complicações no período pós-operatório poderão ser prevenidas24.

Acerca do tema, outros autores25 reforçam as dificuldades e resistência ainda presentes

quanto a utilização da SAEP por parte dos enfermeiros, principalmente devido à grande demanda de pacientes e não implementação da mesma na instituição. Em consequência disso, reforça-se a importância da sensibilização dos profissionais para a familiarização e utilização desse recurso comprovadamente benéfico e eficaz ao cuidado do paciente em todo o perioperatório, de forma que possibilita a individualização e direcionamento da assistência às demandas biopsicossociais.

Estudo de revisão integrativa acerca da SAE com pacientes oncológicos (2020) descreve que a sistematização da assistência promoveu avanços ao longo da história, mas para que se torne uma ferramenta efetivamente capaz de promover impacto positivo ao paciente, faz-se necessário, primeiro, reconhecer os seus grandes obstáculos (perfil organizacional; especialidade em oncologia; formação profissional) a fim de se encontrar as vias de superação26.

6 CONCLUSÃO

Com base no estudo, observou-se a totalidade de pacientes do sexo masculino vítimas de TRM, em sua maioria causados por acidentes de trânsito, ocasionando em lesões medulares incompletas, não evoluindo, na maioria das vezes, para incapacidade.

Além disso, percebeu-se a importância da utilização de instrumentos como a SAEP para o auxílio no planejamento e implementação da assistência a pacientes vítimas de TRM, aliada a realização da consulta de enfermagem pré e pós-operatória, sendo-lhes incumbido a realização das orientações adequadas, com vistas a redução da ansiedade e sentimentos negativos. Dessa forma, por meio de uma assistência de qualidade, contemplam-se as necessidades humanas básicas, além de contribuir para a redução das complicações pós-operatórias, juntamente a desospitalização precoce.

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Tabela 1. Caracterização dos pacientes acometidos por TRM. Fortaleza, CE, Brasil, 2016

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