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A INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS CRIMES AMBIENTAIS | Anais do Congresso Acadêmico de Direito Constitucional - ISSN 2594-7710

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Anais do I Congresso Acadêmico de Direito Constitucional Porto Velho/RO 23 de junho de 2017 P. 124 a 148

A INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS CRIMES AMBIENTAIS

Natália de Oliveira Baptista1 Marta Luiza Leszczynski Salib2

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo a ponderação acerca da impossibilidade de ser aplicado o princípio da insignificância às condutas criminosas mencionadas na Lei nº 9.605/98, que atentam contra o meio ambiente, apontando os motivos essenciais da vertente defensora da inaplicabilidade, utilizando-se da análise de princípios e leis do ordenamento jurídico, destacando-se a Constituição Federal de 1988, bem como de doutrinas e jurisprudências que indicam a necessidade da proteção ambiental, além de Artigos científicos e Conferências Internacionais, para que, por meio do método hipotético dedutivo, possa-se fundamentar o equívoco encontrado na aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, concluindo que inexistem condutas danosas ao meio ambiente que, estando tipificadas, possam ser caracterizadas como insignificantes.

Palavras-chaves: Princípio. Insignificância. Crimes. Inaplicabilidade. Meio ambiente.

ABSTRACT

The purpose of this article is to consider the impossibility of applying the insignificance’s principle to the criminal provided conducts mentioned in the Law 9605/98, which attacks the environment, indicating the essential reasons for the inapplicability on the defender part, using analysis of principles and laws of the legal order, with emphasis on the Federal Constitution of 1988, as well as doctrines and jurisprudence that indicate the environmental’s protection need, futhermore the Scientific Articles and International Conferences, in other that, through the hypothetical deductive method, might be based on the misunderstanding which was found in the application of the the insignificance’s principle to environmental crimes, concluding that there are no harmful actions to the environment that, being typified, would be characterized as insignificant.

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Acadêmica do curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia – FCR. E-mail: nataliaobaptista@gmail.com

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Mestre e Docente da disciplina de Direito Ambiental do Curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia. E-mail: martaluiza.adv@hotmail.com

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Keyword: Principle. Insignificance. Crime. Inapplicability. Environment.

INTRODUÇÃO

O meio ambiente natural atravessou grande lapso temporal sem receber a devida atenção e cuidado, entretanto, a preocupação com a preservação do ecossistema passou a evoluir, sendo alvo de Conferências e Pactos Internacionais, que inseriram na sociedade a urgência da preocupação com a natureza e a relação bem estar ambiental com a qualidade de vida do homem.

A população mundial vivenciou e vivencia até hoje séries de catástrofes ambientais que poderiam ter sido evitadas ou atenuadas se a sociedade tivesse despertado mais cedo para temas como o Desenvolvimento Sustentável e a garantia de um meio ambiente sadio e equilibrado para as presentes e futuras gerações.

Em meio a essa proteção, deve-se falar em condutas que causam danos ao meio ambiente, as quais estão previstas na Lei 9.605/98, juntamente com as sanções aplicáveis a cada uma delas. Nesse cenário de crimes ambientais, tendo em vista que o Direito Ambiental possui um caráter multifacetário que engloba institutos de todas as áreas do Direito, passou-se a questionar a utilização do princípio da insignificância, advindo do Direito Penal, na esfera ambiental.

No entanto, o ordenamento jurídico brasileiro não conseguiu alcançar um entendimento sedimentado sobre o tema, existindo, portanto, vasta divergência, principalmente, dentro da doutrina e da jurisprudência, entretanto, em que pese haver posicionamentos de alguns juristas, o assunto proposto carece de maiores discussões, análises e ponderações, tendo sido desprezado por muitos, que esquecem que o que está em risco é, indiretamente, a saúde da humanidade, e, principalmente, a proteção ambiental.

Dessa forma, o debate acerca do presente tema do presente tema tem se tornado cada dia mais inescusável, haja vista que, embora a tendência atual esteja avançando no sentido de permitir a aplicação do princípio, na prática, o seu exercício tende a ferir a biogeocenose, pois o meio ambiente possui interligação, não podendo se mensurar o quanto uma conduta afetará o equilíbrio do ecossistema.

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O princípio da insignificância possui grande aplicabilidade dentro do Direito Penal, onde a ação do agente é considerada atípica, por excluir a tipicidade material do fato, entretanto, ao se falar em crimes ambientais, sua aplicação é errônea, tendo em vista o bem tutelado, o Meio Ambiente.

Além da natureza jurídica do bem e de outros fatores que serão ponderados, a inaplicabilidade se justifica em razão de a Lei nº 9.605/98 trazer em seu texto a previsão de penas mais brandas, que se encaixam em condutas menos gravosas, bem como penas alternativas à prisão, circunstâncias atenuantes, possibilidade de transação (condicionada a previa composição do dano ambiental) e suspensão condicional do processo, tornando desnecessária a aplicação do princípio em debate.

Considerando que o princípio da insignificância não possui previsão legal, tratando-se de um instituto adotado pela jurisprudência, o artigo consistirá em análises dos dispositivos legais, expressos ou implícitos, considerando-se as previsões constitucionais que tratam do Meio Ambiente, bem como a norma específica acerca do assunto, qual seja a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98).

Portanto, a temática apresentada almeja revelar os motivos basilares da vertente defensora da inaplicação do princípio da bagatela frente a crimes ambientais, demonstrando que os danos cometidos contra o Meio Ambiente, que possuem previsão que os tipifiquem como condutas criminosas, não podem ser considerados como insignificantes, mesmo que assim aparentem ser, tornando incorreta a aplicação do princípio da insignificância, pois todas essas condutas devem ser punidas, também, na esfera penal, obedecendo ao disposto na Lei nº 9.605/98, em consonância com a Constituição Federal.

O método científico utilizado na presente pesquisa é o hipotético-dedutivo, o qual se utiliza dos conhecimentos deduzidos dos debates acerca da temática trazida para testar as proposições, refutando ou aceitando hipóteses. Será feito um estudo a partir do arcabouço jurídico normativo que envolve o Direito Ambiental no que se refere ao objeto da presente pesquisa.

1. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU DA “BAGATELA”

O princípio da insignificância – ou princípio da bagatela - está inserido na legislação referente ao Direito Penal, onde sua aplicabilidade não está mais sob

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profundas discussões; entretanto, ao direcionar o instituto para a esfera do Direito Ambiental, nota-se que não há, no ordenamento jurídico brasileiro, um posicionamento estável, tendo em vista as divergências encontradas dentro da doutrina e jurisprudência, bem como a ausência de debate concreto e aprofundado acerca do assunto.

Portanto, a aplicação do princípio da bagatela em crimes de natureza ambiental configura uma abordagem complexa, pois carece de análises de dispositivos legais, expressos ou implícitos, das previsões constitucionais que tratam do Meio Ambiente, bem como da norma específica acerca do assunto, qual seja a Lei de Crimes Ambientais nº. 9.605/98, utilizando-se, por fim, da hermenêutica jurídica para embasar qualquer posicionamento.

Por conseguinte, intentando-se o adequado desenvolvimento da temática exposta, é imprescindível a conceituação detalhada dos aspectos que a envolvem, partindo-se do princípio em foco, observando-o no âmbito penal.

O princípio da insignificância é regido, no Brasil, através de jurisprudências e doutrinas, tendo como marco consolidador a decisão do Habeas Corpus nº. 84.412/SP, na qual o Supremo Tribunal Federal definiu posicionamento acerca do tema, estabelecendo alguns requisitos básicos para que se realize a aplicação principiológica, a qual deverá ser feita de forma concreta, analisando-se caso a caso. A partir da decisão do STF, o princípio da insignificância foi compatibilizado com os demais princípios do Direito Penal, tendo sido acolhido pelo ordenamento jurídico mesmo não possuindo previsão expressa no arcabouço legislativo. O acórdão delimitou requisitos para nortear a configuração da “bagatela” no caso concreto, quais sejam o nível de ofensividade e periculosidade social da conduta praticada, a reprovabilidade dela, bem como a extensão da lesão causada. O STF assim o define:

Princípio que consiste em afastar a própria tipicidade penal da conduta, ou seja, o ato praticado não é considerado crime, o que resulta na absolvição do réu. É também denominado "princípio da bagatela" ou "preceito bagatelar". Segundo a jurisprudência do STF, para sua aplicação devem ser preenchidos os seguintes critérios: i. a mínima ofensividade da conduta do agente; ii. a nenhuma periculosidade social da ação; iii. o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e iv. a inexpressividade da lesão jurídica provocada. (BRASIL).

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Ao analisar a concepção dada pelo STF, extrai-se que a insignificância gera a atipicidade da conduta, entretanto, o Supremo não faz referência expressa à modalidade de atipicidade a qual alude, dessa forma, para que se chegue a uma completa definição do princípio, importa trazer à mesa os ensinamentos de Rogério Greco (2016, pag. 113), in verbis:

O estudo do princípio da insignificância reside nesta segunda vertente da tipicidade conglobante, ou seja, na chamada tipicidade material.

Além da necessidade de existir um modelo abstrato que preveja com perfeição a conduta praticada pelo agente, é preciso que, para que ocorra essa adequação, isto é, para que a conduta do agente se amolde com perfeição ao tipo penal, seja levada em consideração a relevância do bem que está sendo objeto de proteção. Quando o legislador penal chamou para si a responsabilidade de tutelar determinados bens – por exemplo, a integridade corporal e o patrimônio -, não quis abarcar toda e qualquer lesão corporal sofrida pela vítima ou mesmo todo e qualquer tipo de patrimônio, não importando seu valor. (grifo nosso).

Em sintonia com o explanado por Greco, encontra-se o julgamento do Habeas

Corpus n. 86.913/PR, do Superior Tribunal de Justiça, como se vê:

HABEAS CORPUS. PENAL. CRIME AMBIENTAL. ART. 34 DA LEI 9.605/98. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL. TEORIA CONSTITUCIONALISTA DO DELITO. INEXPRESSIVA LESÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. O princípio da insignificância surge como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal que, de acordo com a dogmática moderna, não deve ser considerado apenas em seu aspecto formal, de subsunção do fato à norma, mas, primordialmente, em seu conteúdo material, de cunho valorativo, no sentido da sua efetiva lesividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal, consagrando os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima. (grifo nosso). (BRASIL, 2008).

Com isso, compreende-se que a insignificância penal se dá quando uma ação ou omissão praticada, apesar de prevista como crime, não se amolda ao caráter criminoso, por inexistir lesividade ao bem, ou essa ser ínfima, resultando na atipicidade material.

Sendo assim, extrai-se que o princípio da bagatela abarca em seu cerne alguns princípios merecedores de destaque, tais como o princípio da intervenção mínima, da ofensividade (ou lesividade), e da fragmentariedade.

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A intervenção mínima do Direito Penal baseia-se na concepção de ultima

ratio, indicando que o poder punitivo estatal deve ser direcionado às condutas que

causem maior ofensa aos bens jurídicos, utilizando-se das demais esferas do direito para reparar resultados menos gravosos. A utilização desse princípio gera descriminalização de perturbações mais leves, considerando-se a agressão aos bens tutelados, além disso, gera, também à mudança legislativa, tendo em vista que o Legislador perceberá, dessa forma, as condutas tipificadas como criminosas que deixaram de ter extrema relevância para o Direito Penal (GRECO, 2013).

O princípio da ofensividade, ou lesividade, pode ser considerado um resultante do princípio da intervenção mínima, e tem por fundamentação a limitação da aplicação da lei penalista, aduzindo que determinadas espécies de condutas não devem ser sujeitadas a ela. No que cerne à aplicação da insignificância penal, trata-se das ações ou omissões praticadas, mas que não provocam lesão ao bem jurídico protegido, nessa seara aplica-se o princípio da insignificância. A partir desse princípio forma-se um sistema punitivo cujo objetivo é a punição de condutas autenticamente lesivas aos bens jurídicos tutelados que despertem a necessidade da intervenção penal (NUCCI, 2013).

Enfim, o princípio da fragmentariedade, em sintonia com os citados anteriormente, declara que a tutela e punição do Direito Penal não devem ser designadas a todas as lesões causadas a bens jurídicos protegidos, haja vista que esse ramo do Direito constitui tão somente um fragmento do ordenamento jurídico, devendo ser visto, portanto, como um direito fragmentário, o qual se preocupa com condutas que causam ou podem causar malefícios graves à sociedade, incluindo-se a segurança pública e a liberdade individual (NUCCI, 2013).

2. O MEIO AMBIENTE 2.1. BEM JURÍDICO TUTELADO

Em se tratando de crimes ambientais, é imprescindível ter em mente que o Meio Ambiente é o bem jurídico ofendido, e que possui peculiaridades que o diferenciam daqueles bens tutelados pelo Direito Penal, portanto, em que pese o Direito Ambiental possuir um caráter multifacetário, que abarca diversas vertentes do direito, não há como trazer para sua seara todos os mecanismos existentes nas

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130 demais esferas, a incluir os princípios.

Em se tratando de um instituto diferenciado em sua tutela, necessita-se apontar as causas dessa divergência, iniciando a partir da conceituação de Meio Ambiente, a qual está prevista na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente nº. 6.938/81, em seu artigo 3º, inciso I, como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. A Resolução do CONAMA 306/2002 apresenta um conceito mais completo, inserindo as interações de ordem social, cultural e urbanística, além daquelas previstas na Lei nº 6.938/91.

Entretanto, vislumbra-se que os conceitos apresentados envolvem todas as relações que permeiam a vida, inclusive, as humanas, aduzindo a doutrina que a definição descrita detém a classificação de meio ambiente natural, cultural, artificial e do trabalho, classificação essa que foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 3.540-MC. Contudo, os crimes ambientais aqui tratados estão relacionados a danos ao ecossistema, isto é, ao meio ambiente natural, englobando o espaço físico, o qual corresponde à água, flora, fauna, ao ar e solo.

Nesse segmento, importa conceituar o dano ambiental, que, segundo José Rubens Morato Leite e Patryck de Araújo Ayala (2012, p. 92), “constitui uma expressão ambivalente, que designa, certas vezes, alterações nocivas ao meio ambiente e outras, ainda, os efeitos que tal alteração provoca na saúde das pessoas e em seus interesses.”. Logo, a conceituação exposta aponta, novamente, a existência e a dependência da relação entre o meio ambiente e a vida humana.

Entretanto, em que pese o meio ambiente natural ser o âmago do estudo acerca do princípio da insignificância, conforme exposto anteriormente, a definição de dano ambiental é realizada considerando o meio ambiente lato sensu, pois a lesão praticada contra um bem difuso fere as relações dos titulares desse bem, significa dizer que todo ser humano é alvo do dano ambiental, mesmo que ele ocorra somente no aspecto ecológico/natural do ambiente.

Esse conjunto natural atravessou considerável lapso temporal sem receber a devida atenção, momentos em que a humanidade não havia constatado a importância de se manter o meio ambiente de forma saudável, nem mesmo sua fragilidade ante condutas degenerativas praticadas em nome do “desenvolvimento” social.

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A discussão marcante acerca da preservação do meio ambiente foi inserida mundialmente com a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, a qual gerou grandes mudanças na forma de ver o Meio Ambiente natural, firmando a Declaração sobre o Meio Ambiente, que se deu em observância a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em suma, Estocolmo mostrou que os direitos do meio ambiente devem estar em harmonia com os direitos humanos, uma vez que a degradação ambiental acarreta em desestabilidade da vida humana, passando a ser base para o avanço do tema da proteção do ecossistema, demonstrando que a sociedade só conseguiria garantir sua saúde e qualidade de vida se houvesse preservação ambiental. Assim sendo, o cuidado com o meio ambiente natural progrediu gradativamente, alçando conceitos como o de Desenvolvimento Sustentável.

Os movimentos de sensibilização ambientalista passaram a ganhar forma após a conferência de 72, assim como após ocorrerem grandes catástrofes ambientais, como o Desastre de Minamata, de Chernobyl, dentre outros. E, assim, a proteção ambiental passou a ser assunto de urgência.

A progressão acerca da preocupação com Meio Ambiente é constatada a partir do patamar em que se encontra atualmente, momento em que passou a ter proteção constitucional, prevista no artigo 225, caput, sendo obrigação de todos a sua preservação e o seu cuidado, garantindo um desenvolvimento sustentável da vida humana, isso é, resguardando o Meio Ambiente sadio e equilibrado para as presentes e futuras gerações.

A nível nacional, a Conferência de 72 influenciou na elaboração da Constituição República Federativa do Brasil de 1988, existindo em seu texto um capítulo tratando exclusivamente da proteção e preservação do meio ambiente. São dois os artigos que merecem destaque:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

[...]

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

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equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

A Constituição Federal retira margem para qualquer perspectiva que não reconheça a importância e relevância de um ambiente ecologicamente equilibrado (LEAL JÚNIOR, 2007), passando ao Poder Público, bem como à coletividade, a função de preservar e manter esse quadro, bem como restaurá-lo, quando possível, ao estado em que se encontrava em caso de impacto ou degradação ao ecossistema.

O artigo 225, ao prever que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos, indistintamente, eleva-o ao nível de direito difuso, significando dizer inexiste a determinação dos titulares desse direito, é diretamente ligado ao direito à vida. O Código de Defesa do Consumidor define, resumidamente, o que vem a ser direito difuso.

Art. 81. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I – Interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. (BRASIL, Lei nº 8.078 de 1990).

Os interesses transindividuais são aqueles em que há mais de um indivíduo na titularidade do direito, entretanto, não se pode confundir interesses difusos com coletivos, tendo em vista que esses possuem um grupo determinado para qual o direito é direcionado, o que não ocorre quando se trata do meio ambiente ecologicamente equilibrado e saudável apontado na Constituição Federal.

Outrossim, o constitucionalismo atual divide os direitos em gerações, pertencendo à terceira geração aqueles dotados de humanismo e universalidade, não sendo destinados a indivíduo ou grupo determinado, mas sim ao gênero humano (THOMÉ, 2016).

A partir da previsão constitucional, extrai-se, ainda, a característica intergeracional do meio ambiente, ao garantir que o ecossistema saudável é direito das presentes e futuras gerações, sendo assim, a proteção ambiental deve ser considerada não somente de maneira instantânea, mas de forma que garanta um meio ambiente sadio e equilibrado a longo prazo, para que as futuras gerações não

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sejam prejudicadas pelos danos causados atualmente ao ecossistema, haja vista que a reparação total desses danos é, majoritariamente, impossível.

2.2. PRINCÍPIOS QUE VISAM À PROTEÇÃO AMBIENTAL

Em se tratando da universalidade do meio ambiente, o princípio da cooperação entre os povos, previsto como princípio da República Federativa do Brasil em relações internacionais, baseia-se no princípio da ubiquidade, que reflete a onipresença dos impactos ambientais, isto é, a degradação ao meio ambiente ultrapassa o limite territorial de um país, dessa forma, a cooperação entre os povos garante que é necessário que a preservação seja feita em conjunto, oportunidade em que as nações mais desenvolvidas dividem conhecimentos e tecnologia para que aquelas subdesenvolvidas ou em desenvolvimento possam avançar (LEITE, José; AYALA, Patryck, 2012).

A cooperação entre os povos possui previsão, em âmbito nacional, no art. 4º, IX, Constituição Federal, mas teve seu marco inicial a partir de um laudo proferido pelo Tribunal Arbitral, na análise de um caso entre Canadá e Estados Unidos da América, no qual havia emissão de gases provenientes do território canadense que causavam incômodos aos moradores do país vizinho, e os países concordaram em submeter a lide ao tribunal arbitral, tendo ele proferido laudo que veio a prever dois importantes princípios do Direito Internacional do Meio Ambiente, sendo eles o da responsabilidade do Estado por danos causados a Estados vizinhos e o da cooperação entre os Estado para resolver problemas de poluição (NETO, 2012). Em que pese se tratar de caso específico de combate à poluição, o princípio da cooperação entre os Estados foi abarcado pelo Direito Ambiental, sendo fundamentado na ideia de que o meio ambiente não possui fronteiras.

A Conferência de Estocolmo representou o marco inicial, também, das discussões sustentáveis de caráter internacional. Em 1992, ocorreu no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO 92), apontando inovações para a proteção ambiental, dentre as quais se encontra a consagração do termo “Desenvolvimento Sustentável”, bem como a previsão do princípio da cooperação entre os povos, elencado como o Princípio 7 Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), que

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Os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global, para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre. Considerando as diversas contribuições para a degradação do meio ambiente global, os Estados têm responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do desenvolvimento sustentável, tendo em vista as pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente global e as tecnologias e recursos financeiros que controlam.

A ECO 92 trouxe para o Direito Ambiental grandes avanços, apresentando diversos princípios que regem, durante todo esse lapso temporal, as normas ambientais. Nesse diapasão, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento dissertou, também, acerca do Princípio da Precaução, listando-o como o Princípio 15:

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. (DECLARAÇÃO DO RIO SOBRE MEIO AMBIENTE E POVOS, 1992).

A Declaração revelou exatamente o padrão de proteção que se deve ter com o meio natural, pois destaca o ponto central, qual seja o dever de se represar qualquer degradação ambiental antes que aconteça, posto que os danos ambientais são, predominantemente, irreversíveis.

O princípio da precaução é constantemente confundido com o princípio da prevenção, no entanto, muitos doutrinadores apontam diferenças entre eles. A prevenção carrega consigo a certeza científica da ocorrência do impacto ambiental, não sendo aplicada, portanto, em qualquer conjuntura que apresente perigo de dano, o que não ocorre quando utilizada a precaução, pois esse princípio não carece de certeza científica do dano para que seja aplicado, corresponde-se a um perigo abstrato, por isso é base fundamental para os Estudos de Impacto Ambiental, previstos no artigo 225, § 1º, IV, Constituição Federal (THOMÉ, 2016).

Assim sendo, o princípio da precaução não veda a prática de determinadas atividades, mas tão somente garante que elas serão realizadas com a cautela

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necessária para que não haja prejuízos à natureza (GUERRA, Sidney; GUERRA, Sérgio, 2014).

Consoante ao resguardo com condutas passíveis de lesionar o bem tutelado, o princípio do poluidor-pagador descreve a figura do responsável pelo dano, consubstanciando o pensamento de que o dever de arcar com os custos de prevenção ou reparação do dano recai sobre o causador dele.

No entanto, não se pode concluir que o princípio do poluidor-pagador abarca tão somente um cenário posterior à conduta, tendo em vista que a repressão realizada, isso é, a responsabilidade de reparar o dano, reflete diretamente na prevenção de condutas degenerativas.

Conforme explanação dada por Sidney Guerra e Sérgio Guerra (2014, p. 117 e 118):

princ pio do poluidor-pagador imp e o dever de arcar com as despesas de prevenção, reparação e repressão da poluição, ou seja, estabelece que o causador da poluição e da degradação dos recursos naturais deve ser o responsável principal pelas consequ ncias de sua ação ou omissão. (GUERRA, Sidney; GUERRA, Sérgio, 2014).

videncia-se, pois, que este princ pio parte da rbita preventiva (busca evitar a ocorr ncia de danos ambientais), adotando o vi s repressivo (ocorrido o dano, visa a sua reparação), onde compete ao Poder Público aplicar as sanç es previstas nas normas protetivas ao meio ambiente.

Nesse óbice, o princípio do poluidor-pagador encontra relação com o princípio do controle do poluidor pelo Poder Público, pois esse dá ao Estado o ônus de fiscalizar e sancionar o autor da conduta, com a finalidade de evitar que ocorra, mas, não sendo possível, responsabilizar o agente, prevenindo a reiteração do dano. Trata-se de intervenção necessária do poder público para garantir a estabilidade do meio ambiente.

De acordo com Romeu Thomé (2016, p. 83 e 84):

Cabe ao Estado, através do exercício do seu poder de polícia, fiscalizar e orientar os particulares quanto aos limites em usufruir o meio ambiente, conscientizando-os sobre a importância de observar sempre o bem estar da coletividade, como também promover termos de ajustamento de conduta, visando pôr termo às atividades nocivas.

O poder concedido ao Estado advém de previsão constitucional que impõe a ele, em seu artigo 225, § 1º, V, “controlar a produção, a comercialização e o

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emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”, concedendo um caráter obrigat rio à atuação estatal para efetivar os direitos previstos no caput do artigo.

2.3. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS

Em consonância com a tutela constitucional da preservação ambiental, bem como a mudança de mentalidade social acerca do desenvolvimento sustentável, fez-se necessária, em 1998, a edição da Lei nº 9.605, que trata dassanções penais e administrativas aplicadas às atividades que lesionam o meio ambiente.

A Lei dos Crimes Ambientais, como é conhecida, traz em seu texto a previsão das condutas caracterizadas como crimes, e sua devida penalidade. Todavia, tendo como motivação o princípio da precaução, o arcabouço normativo aponta, também, como crime atitudes que não causam efetivo dano ao meio ambiente, isto é, em alguns casos, a mera possibilidade danosa, o perigo que a ação causa, é suficiente para punição na esfera penal.

Assim, o dispositivo cuidou de tipificar as pequenas infrações à legislação ambiental, de maneira distinta do Código Penal, em que são previstas condutas consideravelmente amplas, restando ao julgador a responsabilidade de aplicar o juízo de valor e ponderar se as consequências provocadas no caso concreto podem ser consideradas insignificantes. O legislador ambiental não deixou brechas para ponderações, prevendo, inclusive, aquilo que poderia ser considerado como insignificante, mas não é.

No entanto, embora a Lei nº 9.605 pareça desproporcional e severa, importa afirmar que as penas previstas são, em sua maioria, brandas, algumas tendo sua pena base contada em meses, excluindo-se desse cenário a sanção aplicada aos crimes mais graves e os casos em que há incidência de uma das causas de aumento da pena.

Portanto, resta claro que as ações tipificadas na Lei nº 9.605/98 não podem ser desconsideradas, pois para aquelas com menor lesividade ou periculosidade, há leveza na aplicação da pena, bem como, a possibilidade de acordo (art. 27) e suspensão condicional do processo (art. 28), nos termos dos artigos, 76 e 89, respectivamente, da lei 9.099/95, bem como de penas alternativas à privativa de liberdade, para os crimes de menor potencial ofensivo:

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Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

[...]

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. (grifo nosso).

Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

[...]

(grifo nosso). (BRASIL, Lei nº 9.605 de 1998).

Há correntes doutrinárias que defendem a aplicação do princípio da bagatela aos crimes ambientais sob o argumento de que a Lei dos Crimes ambientais é severa e, por muitas vezes, desproporcional, fundamentando-se nas situações em que a conduta típica é praticada para consumo familiar, necessidade ou mesmo perigo.

Porém, esses casos não foram esquecidos pelo legislador, conforme se vê:

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

III – VETADO

IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente:

[...]

§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. (BRASIL, Lei nº 9.605 de 1998).

Esses dispositivos são relevantes para o estudo da aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes ambientais, pois, como já visto, o princípio entra em cena quando existem condutas que não causam ou pouco causam ofensa ao bem jurídico tutelado e é nessa seara que se desenvolve a divergência, isto é, na existência ou não de condutas insignificantes quando se trata de ofensa ao meio ambiente natural.

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importância significante do resultado não diz respeito ao ser humano, mas à cadeia ecológica, que se mantém independentemente de influencia externa, pois essa cadeia possui inúmeras relações desconhecidas pela raça humana. O meio ambiente não tem seu foco voltado ao homem, pois não tem ele poder de comandar a natureza, mas sim ao equilíbrio e manutenção do ecossistema (LEAL JÚNIOR, 2007).

Dessa forma, não restam dúvidas acerca do alvo da Lei de Crimes Ambientais, que busca prevenir a ocorrência de danos ao meio ambiente, mas sem punir de forma excessiva o agressor, tipificando desde condutas mais graves até mais leves, nas quais reside, erroneamente, a controvérsia acerca da aplicação do princípio da insignificância, pois é de fácil compreensão que a Lei não deixa espaços para que as condutas lá previstas sejam interpretadas como insignificantes.

3. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS CRIMES AMBIENTAIS

3.1. POSICIONAMENTO DOUTRINÁRIO E JURISPRUDENCIAL

O debate acerca da aplicação do princípio da insignificância às condutas tipificadas na Lei nº 9.605/98 possui, atualmente, uma tendência para o entendimento de que existem condutas que geram pouca ou nenhuma lesão ao bem jurídico tutelado, qual seja o meio ambiente; entretanto, ainda não há um consenso sobre o tema, porquanto a divergência existente na doutrina e na jurisprudência é de grande porte, havendo, inclusive, omissão de posicionamento por parte de juristas e doutrinadores.

A tendência atual é afirmada porque o Supremo Tribunal Federal, bem como o Superior Tribunal de Justiça, possuem julgados nos quais entendem ser possível utilizar-se do princípio em crimes que afetam o Meio Ambiente natural, desde que observados alguns fatores, determinados pelo STF (Habeas Corpus n. 84.412/SP), quais sejam o nível de ofensividade e periculosidade social da conduta praticada, a reprobabilidade dela, bem como a extensão da lesão causada.

Por conseguinte, parte da doutrina acompanha essa percepção da caracterização de condutas que, por mais que estejam tipificadas como crime, não devem ser objeto de tutela penal, sob o fundamento de que a tutela penal deve ser

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ultima ratio, invocada tão somente quando as instâncias civis e administrativas não forem suficientes para sustar a agressão, dessa maneira, não deveria se utilizar dela para punir condutas insignificantes, que causam pouca ou nenhuma ofensa à natureza (THOMÉ, 2015).

Deste modo, argumenta-se que um processo penal é custoso para o Estado e a não aplicação do princípio gera superlotação e trabalho excessivo ao Poder Judiciário, que disporá de tempo e pessoal para resolução de demandas com consequências irrelevantes. Não obstante, afirmam que o princípio deve ser invocado somente em situações extremas. Assim entendem Vladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de Freitas (2012, pag. 44):

Por exemplo, em crime contra a fauna não basta dizer que é insignificante o abate de um animal. Precisa deixar claro, entre outras coisas, que este mesmo abate não teve influência no ecossistema local, na cadeia alimentar, analisar a quantidade de espécimes na região e investigar se não está relacionado entre os que se acham ameaçados de extinção.

Portanto, denota-se que a fundamentação para que o princípio seja aplicado na esfera ambiental se encontra na configuração dos requisitos apontados pelo STF, ou seja, algumas ações, por mais que estejam previstas na Lei nº 9.605/98, não apresentam ofensa ou perigo à sociedade, de forma que esta não reprova tais ações, e o resultado material dessa conduta pode ser inexistente ou ínfimo, não justificando o desgaste de ser submetido ao processo penal, tendo em vista que gera custos ao Estado, e a responsabilização criminal do agente é medida desproporcional.

Em contrapartida, os defensores da inaplicabilidade do princípio da bagatela na seara ambiental entendem que inexiste conduta insignificante ao meio ambiente, haja vista que não deve ser considerado o resultado imediato, mas a influência que essa ação geraria ao ecossistema como um todo, e a consequência desse ato não há como ser dimensionada, sendo ela, em alguns casos, invisível momentaneamente.

Nesse viés encontra-se o ensinamento de Romeu Thomé (2015, p. 717), que embasa a inaplicabilidade com a justificativa de que “toda lesão, por menor que seja, é significante por desequilibrar o meio ambiente e provocar o desencadeamento de uma série de outros danos ambientais.”.

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Ademais, é importante ressaltar que o objeto de tutela das normas ambientais é a preservação do meio ambiente sadio, e não o possível dano econômico resultante, conforme afirma Cândido Alfredo Silva Leal Júnior (2007), “o bem jurídico tutelado pela Lei nº 9.605/98 é o equilíbrio ecológico do meio ambiente, consideradas as repercussões para as gerações presentes e também para as geraç es futuras.”.

Nesse mesmo raciocínio se deu o voto do Ministro Ricardo Lewandowski no

Habeas Corpus n. 112.563/SC:

Nesse contexto, o tipo penal acima descrito não tem como pressuposto a ocorrência de um prejuízo econômico objetivamente quantificável, mas a proteção de um bem intangível, que corresponde, exatamente, à proteção do meio ambiente.

[...]

O crime praticado pelo paciente, conquanto não tenha resultado em prejuízo de monta, lesou o meio ambiente, colocando em risco o direito constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o que impede o reconhecimento da atipicidade da conduta. (grifo nosso). (BRASIL, 2012).

No tocante à divergência jurisprudencial, alguns Tribunais Regionais Federais, como o TRF3 e o TRF4, posicionaram-se em sentido contrário ao STF e ao STJ, afirmando ser incoerente a utilização principiológica nos crimes ambientais, entendendo pela impossibilidade de ser considerado insignificante um dano causado ao meio ambiente:

TRF3. PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMEAMBIENTAL. ART. 34, LEI 9.605 /98. AUTORIA E MATERIALIDADE. ATIPICIDADE DO ATO PRATICADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE AOS CRIMES AMBIENTAIS. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA MANTIDA POR FUNDAMENTO DIVERSO. 1. A autoria está demonstrada pelas declarações do próprio acusado, pela apreensão de 300 gramas de peixe e pelos depoimentos prestados pelos policiais florestais. 2. A materialidade está comprovada pelo Boletim de Ocorrência e pelo Auto de Infração Ambiental lavrado que demonstram que o acusado estava praticando atos de pesca na margem do Rio Paranapanema. 3. O ato praticado pelo acusado é atípico, tendo em vista que o período defeso para pesca na bacia do Rio Paraná encerrara em 16 de março de 2001, conforme demonstra a Portaria nº 07/2001, do IBAMA e os fatos foram praticado em 1º de março de 2002. 4. A aplicação do princípio da insignificância não é pertinente aos crimes ambientais, tendo em vista o bem jurídico tutelado e os princípios da prevenção e precaução que regem o direito ambiental. Ademais, seu emprego está vinculado à

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possibilidade de mensuração do bem jurídico tutelado, o que não ocorre quando se trata de meio ambiente. 5. Recurso improvido. (grifo nosso). (BRASIL, 2006).

TRF4. PENAL. CRIME AMBIENTAL. PESCA. PERÍODO PROIBIDO. ARTIGO 34 DA LEI Nº 9.605/98. INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. 1. Não se aplica o princípio da insignificância em delitos ambientais quando é destinada especial proteção legal ao bem jurídico tutelado pelo tipo penal, cuja violação reveste-se de maior gravidade, como a pesca em local proibido (v.g., Reservas Ecológicas) ou em período proibido, ou a captura de espécimes ameaçados de extinção. 2. A pesca em período proibido, com a ciência da ilicitude da conduta, configura o crime previsto no artigo 34, caput, da Lei nº 9.605/1998. (grifo nosso). (BRASIL, 2015).

No entanto, malgrado existam precedentes do STF e do STJ favoráveis à aplicação, a Jurisprudência dos próprios Tribunais Superiores ainda não alcançou a estabilidade, pois observa-se que em situações semelhantes houve diversidade de entendimento, tendo sido utilizado o princípio em alguns casos, mas em outros, não, conforme se vê no julgamento do Habeas Corpus n. 192.696/SC:

PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. PESCA PREDATÓRIA. PEQUENA QUANTIDADE DE PESCADO DEVOLVIDO AO HABITAT NATURAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. PARTICULARIDADES DO

CASO CONCRETO. RELEVÂNCIA PENAL DA

CONDUTA. CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE. ESPECIAL RELEVO. ORDEM DENEGADA. [...] V. A Constituição Federal de 1988, consolidando uma tendência mundial de atribuir maior atenção aos interesses difusos, conferiu especial relevo à questão ambiental, ao elevar o meio-ambiente à categoria de bem jurídico tutelado autonomamente, destinando um capítulo inteiro à sua proteção. VI. Interesse estatal na repreensão da conduta, em se tratando de delito contra o meio-ambiente, dada a sua relevância penal. VII. Ordem denegada. (grifo nosso). (BRASIL, 2011).

Tal instabilidade justifica-se pelo fato de que o cumprimento dos requisitos estipulados pelo Supremo Tribunal Federal para a caracterização do princípio da insignificância carece de interpretação do julgador, existindo uma inegável subjetividade carregada pelo princípio em tela.

Nesse viés consistiu o julgamento da pesca de 12 camarões, ocorrida em Santa Catarina, na qual o agente praticou a conduta em período de defeso e utilizando equipamentos fora dos padrões estipulados pelo IBAMA na Portaria nº 84/02. No caso, a juíza substituta da 1ª vara federal de Joinville indeferiu o pedido de

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aplicação do princípio da insignificância, por ser a conduta plenamente capaz de produzir o resultado indesejado pela Lei dos Crimes ambientais, qual seja o impedimento de reprodução das espécies, além de entender que não há como mensurar economicamente o bem protegido pelo dispositivo, restando por condenar o acusado, substituindo a pena privativa de liberdade por restritivas de direito.

Em sede de apelação, a 8ª Turma do Tribunal confirmou a sentença, alterando somente o número de penas restritivas de direito, passando-se de 2 (duas) para 1 (uma), oportunidade em que o réu interpôs Recurso Especial ao Superior Tribunal de Justiça, julgado pelo Ministro Vasco Della Giustina (Resp. 1.26.351), que afirmou a tese de que há tipicidade da conduta praticada, e “a quantidade de pescado não desnatura o delito.”.

Tendo sido apresentado Habeas Corpus ao STF n. 112.563, o Ministro Relator, Ricardo Lewandowski, compreendeu que a pesca dos 12 camarões violou as normas ambientais, sem preencher os requisitos para a aplicação do princípio da bagatela, afirmando que:

Assim, embora tenha sido pequena a quantidade de camarões apreendida em poder do paciente no momento em que foi detido, é notório que a pesca em período proibido e por meio da utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos, como no caso dos autos, pode levar a um prejuízo muito mais elevado ao meio ambiente, tendo em vista os graves riscos a que se expõem os ecossistemas, as espécies, além de se observar a necessidade de manutenção do equilíbrio ecológico, da preservação da biodiversidade e do uso sustentável dos recursos naturais. O crime praticado pelo paciente, conquanto não tenha resultado em prejuízo de monta, lesou o meio ambiente, colocando em risco o direito constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o que impede o reconhecimento da atipicidade da conduta. (BRASIL, 2012).

No entanto, o voto do Relator restou vencido, prevalecendo a divergência do Ministro Cezar Peluso, acompanhado pelo Ministro Gilmar Mendes, concluindo pelo preenchimento dos requisitos, e, consequentemente, pela aplicabilidade do princípio, demonstrando, novamente, a existência de subjetividade na analise dos requisitos, ocasionando extrema insegurança jurídica, pois, mesmo tendo sido rejeitada em todas as instâncias a alegação de insignificância da conduta, inclusive pela Suprema Corte com o voto do Relator originário, a divergência modificou todas as decisões inferiores.

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3.2. A INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS CRIMES AMBIENTAIS

Destarte, a aplicabilidade do princípio da insignificância precisa ser estudada e debatida com maior diligência e cuidado, pois pode violar a preservação ambiental, atentando-se para o fato de que as condutas que afrontam o ecossistema causam um resultado diferente daqueles ocorridos nas demais áreas do Direito, haja vista que o impacto nem sempre será perceptível imediatamente, e, assim sendo, a aplicação do princípio dará margem para a impunidade exacerbada, acarretando na reiteração das condutas.

Dessa maneira afirmou o Ministro Ricardo Lewandowski, no julgamento do

Habeas Corpus n. 112.563, que o agente que praticou a conduta já havia realizado-a

em outras oportunidades, explanando acerca da propensão do agente para a prática desse delito, que poderia ser agravada com a aplicação do princípio da bagatela. Nestes termos:

Ademais, a aplicação do referido instituto, na espécie, poderia significar um verdadeiro incentivo à prática de delitos ambientais pelo paciente e outros pescadores, ante a certeza da impunidade de tais condutas, que estarão acobertadas pelo princípio da insignificância, levando ao esvaziamento do tipo penal previsto no art. 34 da Lei 9.605/1998. (BRASIL, 2012).

De outro norte, no tocante à instabilidade do tema exposta anteriormente, observa-se que a não incidência do princípio da bagatela no âmbito ambiental é a medida correta a ser tomada, pois não se pode deixar o meio ambiente à mercê da incógnita que permeia cada caso concreto em que é posta a discussão acerca da aplicação principiológica, tendo em vista que essa atitude permite que sujeitos violem as normas de proteção ambiental se utilizando da insegurança jurídica gerada.

Essa linha de raciocínio também é defendida por Frederico Augusto Trindade Amado (2011, p.65), in verbis:

Ademais, em regra, o dano ambiental irreparável in natura, devendo ser aplicada uma pena proporcional ao il cito penal, mesmo que m nima, sendo que o manejo desse princ pio poderá retirar a função de prevenção geral da lei penal, pois as pessoas poderão

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praticar pequenos crimes ambientais sabedoras da irrelevância penal da sua conduta.

Por existir um sistema extremamente instável para a constatação da bagatela, deve-se aplicar o princípio do in dúbio pro natura, considerando que, as normas do ordenamento jurídico devem ser interpretadas de maneira favorável ao ecossistema, e, partindo-se dos princípios protetores do Direito Ambiental, bem como do cuidado depositado na elaboração da Lei nº 9.605/98, e de todo o arcabouço protetor do meio ambiente previsto na Constituição Federal, torna-se de fácil percepção a incompatibilidade do instituto da bagatela com os crimes ambientais, haja vista que a primazia é a proteção e o equilíbrio do ecossistema.

O princípio do in dúbio pro natura busca, portanto, a promoção da dignidade da pessoa humana, garantida pela preservação ambiental, tornando-se uma relação de causa e consequência, na qual a saúde do meio ambiente está diretamente ligada à preservação da qualidade de vida humana.

Nesse sentido (AMADO, 2011, p.65):

Em que pese o posicionamento do STF e do STJ, entende-se que não poss vel admitir a incid ncia do Princ pio da agatela aos delitos contra o meio ambiente, pois o bem protegido pela norma penal imaterial e objetiva realizar o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Outrossim, a Constituição Federal, em seu artigo 225, § 3º, dispõe que:

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, 1998).

As condutas lesivas ao meio ambiente de que trata o inciso estão previstas na Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), portanto, em obediência ao disposto na Carta Magna, um sujeito que pratica as ações ou omissões tipificadas formalmente no texto da Lei, precisa se sujeitar às sanções dispostas, salvo situações em que o próprio Legislador cuidou de retirar a penalidade, ou mesmo o caráter criminoso da conduta, como ocorre em casos em que o comportamento se dá para saciar necessidades básicas do agente ou de sua família.

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145 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente artigo foi analisar a aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes ambientais, utilizando-se do método hipotético dedutivo, a partir da análise de princípios e normas que regem o Direito Ambiental, tratados e convenções de caráter internacional, bem como dos dispositivos constitucionais que tratam do tema e da Lei específica, qual seja a 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais.

Nesse cenário, abordou-se o conceito de insignificância, sua aplicação no Direito Penal, e, posteriormente, algumas características do meio ambiente, incluindo-se a conceituação do mesmo, além da explanação acerca do desenvolvimento histórico da preservação do ecossistema, atravessando momentos da história nos quais foram estipulados marcos, como a definição de Desenvolvimento Sustentável, e do princípio da precaução, o qual serve de base para a proteção do meio ambiente natural.

Ademais, o estudo acerca da aplicação do princípio foi feito, também, por meio de exame de jurisprudências e entendimentos doutrinários, nos quais se encontra grande instabilidade e divergência, principalmente no tocante à existência, ou não, de danos contra a natureza que possam ser considerados insignificantes, e, consequentemente, à utilização do processo penal para punir condutas que, supostamente, não atingiram o bem jurídico tutelado.

Todavia, em que pese haver corrente em sentido contrário, a presente pesquisa encaminhou-se no sentido de não ser correta a aplicação do princípio da insignificância na esfera do Direito Ambiental. Após esgotar o estudo sobre o bem jurídico debatido, e o arcabouço jurídico que o protege, não há como se falar em condutas insignificantes ao meio ambiente, salvo aquelas já previstas na Lei de Crimes Ambientais. Dessa forma, as demais condutas que estão tipificadas como danosas ao ecossistema, devem ser punidas nos termos da Lei 9.605/98, em consonância com a Constituição Federal.

Então, a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais é incompatível com o bem jurídico tutelado, fere diversos princípios nacionais e

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internacionais que versam sobre a tutela do meio ambiente, viola diretamente dispositivos da Constituição Federal, além de ser evidentemente desnecessária, haja vista que a Lei nº 9.605/98, a Constituição Federal e a Lei nº 9.099/95, são suficientemente competentes para, de forma proporcional, defender o equilíbrio do ecossistema e sancionar o agente, sem excesso ou violação dos direitos do indivíduo.

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