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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Portela e no Hospital Privado de Alfena (Grupo Trofa Saúde)

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Academic year: 2021

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Maria Inês Afonso Silva i

Farmácia Portela

Maria Inês Afonso Silva

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Maria Inês Afonso Silva ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Portela

j

ulho de 2019 a outubro de 2019

Maria Inês Afonso Silva

Orientador: Dra. Maria da Graça Camarinha

Tutor FFUP: Prof. Doutora Helena Carmo

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Maria Inês Afonso Silva iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 7 de novembro de 2019

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Maria Inês Afonso Silva iv

Agradecimentos

Há cinco anos atrás quando entrei pelos portões desta faculdade, o momento de entrega do Relatório Final parecia tão distante que quase não parecia real. Terminar o meu estágio e entregar este relatório é o culminar de cinco anos de trabalho que não seriam possíveis se tivesse percorrido este caminho sozinha.

Antes de mais queria agradecer do fundo do coração à Dra. Maria da Graça Camarinha por me ter recebido de braços abertos na Farmácia Portela e por ter feito questão de me ensinar o máximo que podia em tão pouco tempo. Os seus ensinamentos foram fundamentais para o sucesso do meu estágio e a sua disponibilidade e simpatia fizeram-me sentir bem-vinda desde o primeiro momento.

Queria também deixar um agradecimento especial a toda a equipa da Farmácia Portela que tantas dúvidas me tiraram e tanto me fizeram rir. Sem vocês estes 4 meses não tinham passado a correr. Em especial queria agradecer à Dra. Natália e à Dra. Vânia, obrigada por estarem sempre disponíveis para me ensinar e ouvir as minhas mil e uma histórias.

Ao meu irmão de coração Bruno, posso com toda a certeza dizer que estes 5 anos não seriam nada sem ti. Ainda bem que acabamos por seguir este caminho juntos. Foi a melhor parte.

Ao meu namorado Pedro, obrigada por seres a calma na minha tempestade. Obrigada por seres o meu parceiro nesta aventura, na vida e em tudo. Sem ti ao meu lado, nada disto fazia sentido. Conseguimos!

Aos meus pais, vocês fizeram de mim o que sou e sem vocês não tinha sobrevivido a estes 5 anos. Obrigada por todo o apoio e paciência sem fim. Não existem palavras no universo para descrever o quão sortuda sou por ser vossa filha! Muito obrigada por tudo.

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Maria Inês Afonso Silva v

Resumo

Inserida no mestrado integrado em ciências farmacêuticas, a unidade curricular de Estágio permite aos seus estudantes terem um primeiro contacto com o mundo do trabalho e com a realidade fora da faculdade. Permite também aplicar os conhecimentos que foram adquiridos ao longo dos 5 anos do curso numa das áreas principais de intervenção farmacêutica, a Farmácia Comunitária. Nesta área, sendo uma das áreas mais práticas, é essencial que o trabalho seja experienciado, sendo o conhecimento teórico insuficiente para exercer de forma correta esta função do farmacêutico. O plano curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto não fornece todas as ferramentas para exercer todas as funções farmacêuticas, por isso a realização de um estágio é tão importante.

O presente relatório visa descrever as atividades que foram executadas nos 4 meses de estágio realizado na Farmácia Portela. Durante este período tive a oportunidade de conhecer melhor o funcionamento de uma farmácia e de ser integrada numa equipa, com um horário de trabalho e funções e responsabilidades próprias o que contribuiu para a minha formação académica e pessoal uma vez que tive que me ajustar a muitas situações o que é sempre enriquecedor.

Este relatório está divido em duas partes, numa primeira parte descrevo o dia a dia de trabalho na Farmácia Portela e de todas as atividades que nela são desenvolvidas diariamente como o aconselhamento farmacêutico, dispensa de medicamentos, métodos de organização internos e gestão da farmácia. Pretendeu-se também que detalhasse pormenores da minha experiência pessoal quer no atendimento ao balcão como no backoffice.

A segunda parte deste relatório descreve os dois projetos que foram realizados por mim durante o período do meu estágio. O primeiro projeto trata-se de uma formação interna sobre o autoteste VIH da Mylan. Considerou-se importante aprofundar os conhecimentos dos colaboradores sobre este tema uma vez que estes não tinham tido qualquer formação sobre o teste e tinham várias dúvidas sobre a sua utilização. O segundo projeto tratou-se de uma formação interna sobre suplementos alimentares. Nesta formação foram abordados temas como a sua introdução no mercado e a sua segurança. Foram também dados exemplos de produtos da farmácia que foram comparados para melhorar o aconselhamento farmacêutico em cada uma das áreas abordadas. No final das formações, os colaboradores preencheram um questionário que aferia sobre a sua qualidade e de que forma contribuíram para melhorar os seus conhecimentos. Em ambas as formações, a grande maioria dos colegas considerou que os assuntos abordados foram úteis e que serviram para a atualização e complemento dos seus conhecimentos.

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Maria Inês Afonso Silva vi

“Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses,

de nenhum fruto queiras só metade.”

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Maria Inês Afonso Silva vii

Índice

Parte 1 - Descrição das Atividades desenvolvidas durante o estágio em Farmácia Comunitária 1

1) Introdução ... 1

2) A Farmácia Portela ... 1

2.1 Localização e horário de funcionamento ... 2

2.2 Recursos Humanos ... 2

2.3 Perfil dos Utentes ... 2

2.4 Organização da Farmácia ... 2

2.4.1 Espaço exterior... 2

2.4.2 Espaço interior... 3

2.5 Sistema Informático e Robot ... 4

3) Gestão, armazenamento e aquisição de produtos de saúde ... 5

3.1 Gestão de stocks ... 5

3.1.1 Encomendas Diretas ... 5

3.1.2 Encomendas Diárias ... 5

3.1.3 Encomendas Instantâneas e Reservas ... 6

3.1.4 Encomendas telefónicas ... 7

3.2 Receção e verificação de encomendas ... 7

3.3 Devoluções de produtos ... 8

3.4 Armazenamento ... 9

3.5 Verificação dos prazos de validade... 9

4) Dispensa de medicamentos e produtos de saúde ...10

4.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ...10

4.2 Prescrição de medicamentos ...11

4.2.1 Prescrição eletrónica de medicamentos ...11

4.2.2 Prescrições manuais ...12

4.3 Dispensa e validação de receitas médicas...12

4.4 Regimes de comparticipação ...13

4.5 Psicotrópicos e estupefacientes ...14

4.6 Medicamentos Manipulados ...14

4.7 Dispositivos médicos ...15

4.8 Produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes Mellitus ...15

4.9 Conferência do Receituário ...15

5) Indicação e Aconselhamento Farmacêutico ...16

5.1 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ...16

5.2 Dermocosmética e Produtos de Higiene Corporal ...17

5.3 Suplementos Alimentares ...18

5.4 Medicamentos e Produtos de uso veterinário...19

5.5 Medicamentos Homeopáticos ...19

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7) Serviços prestados na Farmácia Portela ...21

7.1 Medição de parâmetros bioquímicos e pressão arterial ...21

7.2 Administração de injetáveis ...21

7.3 Valormed...21

7.4 Outros serviços ...22

8) Formações ...22

Parte 2 – Projetos Desenvolvidos durante o Estágio...22

Projeto 1 - Autoteste de diagnóstico para o VIH ...22

1) Introdução ...22

1.1 Formação interna na Farmácia Portela ...23

2) Enquadramento ...23

2.1 O que é o VIH? ...23

2.1.1 A infeção por VIH ...23

2.1.2 Síndrome da imunodeficiência humana (SIDA) ...24

2.1.3 Vias de transmissão ...24

2.1.4 Tratamento Antirretroviral ...25

2.2 Deteção e Diagnóstico Precoce ...26

2.2.1 A infeção aguda /Primária ...26

2.2.2 Janela imunológica e Testes de diagnóstico ...26

2.3 A infeção por VIH em Portugal e no mundo ...27

2.4 Metas e Estratégias para o controlo da infeção por VIH ...28

2.5 Autoteste VIH ...29

3) Métodos ...30

4) Resultados ...31

5) Conclusões ...31

Projeto 2 – Suplementos Alimentares na Farmácia Portela ...32

1) Introdução ...32

1.1 Formação na Farmácia ...32

2) Enquadramento ...33

2.1 Suplementos alimentares: O que são? ...33

2.1.1 Como são categorizados ...33

2.1.2 Introdução no mercado e Rotulagem ...34

2.1.3 Medicamento vs Suplemento Alimentar ...35

2.2 Suplementos Alimentares e a Diabetes ...35

2.2.1 Diabetes ...35 2.2.2 Suplementos de Zinco ...36 2.2.3 Suplementos de Crómio ...36 2.2.4 Suplementos de Magnésio...37 2.2.5 Suplementação de Vitamina D ...37 2.3 Suplementos e a hipercolesterolemia ...37

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2.3.1 Hipercolesterolemia ...37

2.3.2 Levedura de arroz vermelho ...37

2.4 Suplementos alimentares e insónias ...38

2.4.1 Insónias ...38

2.4.2 Suplementos de Melatonina ...38

2.4.3 Suplementos de Valeriana ...38

2.4.3 Suplementos de Passiflora ...39

2.5 Suplementos alimentares e Dores Articulares ...39

2.5.1 Dores nas articulações ...39

2.5.2 Suplementos de colagénio ...39 2.5.3 Suplementos de Glucosamina ...39 2.5.4 Suplementos de Condroitina ...40 3) Métodos ...40 4) Resultados ...40 5) Conclusões ...41 Considerações Finais ...41 Bibliografia ...42 Anexos ...47

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Índice de Anexos

Anexo nº 1: Cronograma das atividades realizadas na FP ...47

Anexo nº 2: Vista Exterior da Farmácia Portela ...47

Anexo nº 3: Zona do atendimento ao público ...48

Anexo nº 4: Zona de receção de encomendas ...48

Anexo nº 5: Sala do robot...49

Anexo nº 6: Sala de conferência de receitas...49

Anexo nº 7: Laboratório ...50

Anexo nº 8: Planta Geral da Farmácia. Elaboração própria ...50

Anexo nº 9: Esquema zona de atendimento. Elaboração própria ...51

Anexo nº 10: Esquema zona de atendimento secundária. Elaboração própria ...52

Anexo nº 11: Esquema da zona de encomendas e dos frigoríficos. Elaboração própria ...53

Anexo nº 12: Esquemas Gerais da Farmácia. Elaboração própria ...54

Anexo nº 13: Planta da Farmácia Portela ...55

Anexo nº 14: Legenda da planta da Farmácia Portela ...55

Anexo nº 15: Fichas de Preparação de Manipulados ...56

Anexo nº 16: Lista de Manipulados Elaborados ...57

Anexo nº 17: Lista das Formações Frequentadas ...57

Anexo nº 18: Apresentação Formação VIH...58

Anexo nº 19: Questionário Formação VIH ...68

Anexo nº 20: Resultados questionário formação VIH ...70

Anexo nº 21: Apresentação Suplementos Alimentares ...73

Anexo nº 22: Questionário formação Suplementos Alimentares ...74

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Lista de Abreviaturas

CNP- Código Nacional de Produto

CNPEM- Código Nacional para a prescrição eletrónica de medicamentos DCI- Dominativo Internacional Comum

FEFO- First expired first out FP- Farmácia Portela

MNSRM- Medicamento não sujeito a receita médica

MNSRM-EF- Medicamento não sujeito a receita médica venda exclusiva em farmácia MSRM- Medicamento sujeito a receita médica

PR- Preço de referência PV- Prazo de validade

PVF- Preço de venda à Farmácia PVP- Preço de venda ao Público SI- Sistema Informático

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Parte 1 - Descrição das Atividades desenvolvidas durante o

estágio em Farmácia Comunitária

1) Introdução

No âmbito do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, tive a oportunidade de realizar um estágio profissionalizante na farmácia Portela. A duração do meu estágio foi de 4 meses e abrangeu o período de 1 de julho a 31 de outubro.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de participar em todas as atividades da farmácia sendo que o objetivo principal da minha orientadora foi dar-me a conhecer todas as tarefas que estão implicadas no funcionamento de uma farmácia e garantir que estivesse apta a realizar qualquer uma de forma autónoma.

Neste sentido foi acordado logo na nossa primeira conversa que eu começaria por trabalhar no backoffice da farmácia onde estaria responsável pela receção de encomendas (diretas e de fornecedores), por atender os telefonemas e realizar as reservas e encomendas ao domicílio, pelo armazenamento e etiquetagem de produtos quer no armazém da farmácia quer no robot, pela reposição e organização de lineares e pela conferência de stocks e de validades dos produtos. Outra tarefa que me foi atribuída logo no início do estágio foi a inserção das localizações de todos os produtos da farmácia no sistema informático. Esta tarefa (que se revelou bastante trabalhosa) permitiu-me aprender rapidamente onde e como os produtos estavam dispostos tornando os atendimentos mais rápidos uma vez que já estava familiarizada com o modelo de organização da farmácia.

Nos últimos dois meses de estágio foi da minha responsabilidade o receituário e comecei também o atendimento ao balcão: numa primeira fase assisti a atendimentos, seguida de uma fase em que o atendimento foi realizado sempre com acompanhamento e por fim de forma autónoma. Nestes últimos meses continuei a realizar as tarefas de backoffice uma vez que a Farmácia Portela (FP) tem a política de que toda a equipa tem que estar apta a realizar as tarefas mais prementes em determinado momento. Assim, se precisavam de mim ao balcão era onde me encontravam, mas se a minha presença fosse mais necessária na receção de encomendas ou noutro departamento era para onde me dirigia. Desta forma as minha tarefas variavam de dia para dia dependendo das necessidades do trabalho o que ainda enriqueceu mais a minha experiência (Anexo 1).

O presente relatório tem como objetivo a descrição do funcionamento da FP bem como das atividades e tarefas realizadas nos quatro meses do meu estágio.

2) A Farmácia Portela

A história da FP começa no século XIX quando é fundada por José da Costa Portela. Nesta altura era uma farmácia tipicamente de oficina, mas bastante popular entre os utentes. Foi posteriormente comprada pela Dra. Maria da Graça Camarinha que é a atual diretora técnica e

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Maria Inês Afonso Silva 2 que se empenhou em modernizar a farmácia e torná-la numa referência entre as farmácias da zona de Vila Nova de Gaia.

2.1 Localização e horário de funcionamento

A FP está localizada no número 238 da rua Marquês Sá da Bandeira em Vila Nova de Gaia, desde a sua abertura no século XIX.

Hoje em dia, encontra-se bastante próxima da unidade II do Centro Hospitalar de Gaia e também dos centros de saúde de Soares dos Reis e de Barão do Corvo. É uma farmácia muito central com muitos transportes públicos nas proximidades e com muita afluência durante o dia e também de noite.

A FP funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano. Das 8h da manhã até as 24h da noite encontra-se aberta ao público sendo que após as 24 horas a farmácia fecha portas e a dispensa de medicamentos é realizada através de um postigo de acordo com o estabelecido na portaria no 277/2012 de 12 de setembro de 2012 1.

2.2 Recursos Humanos

A FP é uma farmácia de grandes dimensões e como tal necessita de uma equipa extensa que consiga fazer face às necessidades diárias da farmácia. A Direção Técnica está a cargo da Dra. Maria da Graça Camarinha que nomeou como farmacêutica adjunta a Dra. Natália Estevéns. No total a equipa é constituída por 13 farmacêuticos, 9 técnicos de farmácia, 3 auxiliares e 1 administrativo.

2.3 Perfil dos Utentes

Sendo uma farmácia central e de grande afluência, a FP conta com uma população muito heterogénea de utentes. Desde pessoas mais idosas que já são clientes da farmácia há muitos anos e que vão praticamente todos os meses à farmácia buscar a sua medicação habitual, a pessoas mais jovens que devido à centralidade da farmácia a visitam habitualmente quer para o aviamento de receitas quer para adquirir medicamentos não sujeitos a receita médica, também pessoas que procuram aconselhamento e produtos de dermocosmética e produtos de puericultura e ainda uma grande quantidade de utentes que está só de passagem ou seja que procuram a FP devido à proximidade às unidades de cuidados de saúde da área ou porque fica a caminho de onde se dirigiam. No horário noturno a maioria dos utentes que visitam a farmácia provém dos vários serviços de urgência da zona do Porto.

A proximidade com a Casa Museu Teixeira Lopes atrai ainda muitos utentes estrangeiros.

2.4 Organização da Farmácia 2.4.1 Espaço exterior

A fachada do edifício da FP é totalmente ocupada pela farmácia e pode ser vista no Anexo 2. O símbolo da “cruz verde” bem como a designação de “farmácia” são bem identificáveis e estão visíveis a uma distância bastante razoável. Estes símbolos estão permanentemente

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Maria Inês Afonso Silva 3 iluminados com uma luz verde o que está de acordo com a lei em vigor para as farmácias com serviço permanente.

A entrada na FP é feita pela porta principal que possui também uma rampa para facilitar o acesso de pessoas com mobilidade reduzida. Também na porta está afixado o horário de funcionamento e a identificação da diretora técnica2. O resto da fachada está preenchida por 5 montras cujos conteúdos variam de forma sazonal.

2.4.2 Espaço interior

A divisão da FP e das suas respetivas áreas cumpre com as obrigações previstas na legislação em vigor e atualmente é constituída por 3 pisos. No piso 0 estão localizados a zona de atendimento ao público, a zona de apoio ao atendimento e receção de encomendas, a sala do robot, a sala de conferência do receituário, o gabinete de cuidados farmacêuticos, o laboratório e o escritório da diretora técnica. No piso -1 está localizado o armazém da farmácia, a copa e a zona do vestiário e cacifos. No piso 1 existem gabinetes administrativos e também gabinetes de cuidados diferenciados incluindo um gabinete de enfermagem.

A Zona de atendimento ao público está localizada logo à entrada da farmácia. É constituída por 8 balcões de atendimento todos eles equipados com um computador, um leitor ótico, uma impressora de rolo e uma impressora de etiquetas. Existem também dois CashGuards um em cada extremidade da área dos balcões que são utilizados por todos uma vez que o pagamento é centralizado. Na parte de trás dos balcões encontram-se os medicamentos não sujeitos a receita médica para que estejam sempre inacessíveis aos clientes. Em redor dos balcões encontram-se expostos e organizados por marca a grande maioria dos produtos de dermocosmética, produtos de higiene oral, outros produtos de higiene, produtos de puericultura, produtos dietéticos, material elástico, produtos para uso capilar, produtos sazonais e ainda produtos de ortopedia como por exemplo cadeiras de rodas e andarilhos. Existem 3 gondolas que estão distribuídas pela zona de atendimento e que geralmente contêm os produtos que queremos que chamem mais atenção por diversas razões. Também nesta zona está localizada uma balança que determina automaticamente o peso, altura e índice de massa corporal e ainda um tensiómetro automático que mede a pressão arterial tendo um custo de cinquenta cêntimos. Logo na entrada desta zona existe um ecrã tátil que permite retirar as senhas que definem a ordem do atendimento e que se dividem em atendimento geral e atendimento prioritário. Existe também um outro ecrã que indica a ordem e o balcão de atendimento de cada senha que é chamada. (Anexo 3)

A Zona de apoio ao atendimento e receção de encomendas é constituída por 3 balcões com 3 computadores, 3 leitores óticos, uma impressora, 3 telefones e uma zona de armazenamento de medicamentos constituída por 8 estantes e 12 gavetas. Nesta zona são feitas as receções de encomendas e por isso existe uma entrada separada para que os diversos fornecedores possam entrar e sair sem perturbar o funcionamento da farmácia. Depois de rececionadas as encomendas são conferidas e posteriormente armazenadas. É também nesta zona que são feitas as devoluções, que se satisfazem e armazenam as reservas dos clientes e onde estão armazenados alguns medicamentos e dispositivos médicos que, devido à sua

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Maria Inês Afonso Silva 4 dimensão, não podem estar no robot. Existem também 2 frigoríficos onde se armazenam os medicamentos que necessitam de condições especiais de armazenamento (Anexo 4).

A sala do robot corresponde ao local onde se encontra a porta que dá acesso ao robot, quando existe algum problema em que temos que aceder ao seu interior, tem também um computador, um balcão e o tapete do robot através do qual é possível colocar os medicamentos no seu interior. É nesta sala onde muitas vezes se acumulam grandes quantidades de medicamentos que acabaram de ser rececionados e são aqui colocados para serem posteriormente armazenados e também de medicamentos que foram retirados do armazém para fazer a reposição de stock no robot (Anexo 5).

A sala de conferência de receituário possui duas secretárias com dois computadores e leitores óticos. Nesta sala são conferidas todas as receitas manuais e receitas eletrónicas materializadas. Estas receitas, depois de conferidas são colocadas em locais previamente identificados de acordo com a entidade a que pertencem sendo que são posteriormente guardados dentro de armários opacos e fechados. Também nesta sala estão guardados os registos dos estupefacientes, o manual de procedimentos da farmácia e outros documentos essenciais para o funcionamento da farmácia (Anexo 6).

O laboratório está destinado exclusivamente à preparação, acondicionamento e rotulagem de medicamentos manipulados. Neste espaço, em armários próprios, estão armazenadas todas as matérias primas necessárias para a manipulação bem como todos os manipulados produzidos enquanto não são levantados pelos utentes. Também aqui se encontram as fichas de preparação e outros registos relevantes assim como material de apoio à manipulação (Anexo 7).

O armazém destina-se ao armazenamento de todos os excedentes de medicamentos do robot e dos lineares incluindo os produtos de dermocosmética, puericultura, higiene oral, medicamentes não sujeitos a receita médica, suplementos alimentares e materiais ortopédicos e de penso.

No gabinete de cuidados farmacêuticos fazem-se atendimentos que requerem uma atenção especial e maior confidencialidade como é o caso de alguns pacientes ostomizados. É aqui que também auxiliamos a realização de alguns autotestes, como o teste de gravidez e o teste para determinar a presença de infeções urinárias, quando assim nos é requerido pelos utentes. Também neste gabinete se oferecem serviços como a administração de vacinas e de outros medicamentos injetáveis. É aqui que também é oferecido o serviço de furação de orelhas.

Durante o meu estágio foi-me pedido para realizar uma atualização das plantas da farmácia. A plantas elaboradas por mim encontram-se nos Anexo 8 até ao Anexo 14.

2.5 Sistema Informático e Robot

Na FP o sistema informático (SI) em vigor é o 4Digital disponibilizado pela 4DigitalCare – Sistemas de informação para a Saúde, Lda. Todos os funcionários da farmácia têm um nome de utilizador e uma palavra passe que lhes é atribuído e que é intransmissível uma vez que toda a atividade dos colaboradores pode ser rastreada a partir do seu nome de utilizador. Este SI está disponível em todos os computadores da farmácia permitindo o fácil acesso a todas as suas

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Maria Inês Afonso Silva 5 funcionalidades desde a realização de encomendas, à sua receção, à venda de produtos, alteração das suas fichas, realização de reservas, etc.

Este SI permite também a utilização do robot em todos os terminais da FP. Ou seja, basta chamar um determinado produto através do SI que o robot tratará de o fazer chegar ao respetivo posto de atendimento.

Sendo uma farmácia de grande dimensão que recebe todos os dias um grande volume de encomendas de medicamentos a necessidade da existência de um robot é máxima. Nele são armazenados a grande parte dos medicamentos da farmácia tanto medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) como medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) como medicamentos veterinários. A sua existência permite uma melhor organização e controlo dos

stocks e facilita também o trabalho dos colaboradores que têm a oportunidade de se focar mais

no aconselhamento farmacêutico, reduzindo os erros na dispensa de medicação. 3) Gestão, armazenamento e aquisição de produtos de saúde

3.1 Gestão de stocks

Um dos fatores determinantes para a saúde financeira das farmácias é sem dúvida alguma a correta gestão dos seus stocks. Esta gestão implica estar sempre atento a campanhas promocionais dos armazenistas e laboratórios, implica um conhecimento aprofundado sobre a sazonalidade de muitos produtos farmacêuticos, implica estar sempre atento às necessidades dos utentes e à rapidez com que estas mudam e implica acima de tudo prever os comportamentos dos clientes para que a farmácia possa sempre ir de encontro com o que procuram. Este fator é importante tanto porque contribui para um maior rendimento das farmácias, mas também porque uma farmácia que se mostre sempre capaz de responder às necessidades de um cliente vai ganhar a sua confiança acabando por o fidelizar.

3.1.1 Encomendas Diretas

São todas as encomendas negociadas diretamente com os laboratórios e estão muitas vezes associadas a campanhas promocionais. Por serem campanhas e terem por isso condições especiais, são muitas vezes encomendas de maiores dimensões com grande quantidade de produtos e de medicamentos (principalmente de genéricos). Este tipo de encomendas é de extrema importância para a farmácia uma vez que permite a compra de produtos a preços mais baixos que vão resultar em margens de lucro superiores. No entanto como muitas vezes é necessário que se invista muito dinheiro numa só encomenda, na FP estas são de exclusiva responsabilidade da diretora técnica.

3.1.2 Encomendas Diárias

O SI da farmácia gera diariamente uma proposta de encomenda com base nos stocks mínimos e máximos predefinidos para todos os produtos. Estes limites são estabelecidos de acordo com o volume de vendas do produto e da sua sazonalidade. Assim, quase sempre ao meio dia, um dos farmacêuticos fica responsável por analisar esta proposta e realizar uma

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Maria Inês Afonso Silva 6 encomenda que visa colmatar as necessidades imediatas da farmácia evitando ruturas de stock e suprimindo algumas falhas normais de produtos. O SI permite que esta encomenda seja realizada simultaneamente a vários fornecedores, ou seja, produtos da mesma encomenda podem ser pedidos a armazenistas diferentes dependendo das vantagens que estes oferecem para determinado produto. Para facilitar esta tarefa já consta no SI qual é o fornecedor habitual de determinado produto e aparece também a tabela de preços dos restantes fornecedores para que o farmacêutico possa avaliar qual a melhor opção. Os fornecedores que colaboram com a FP são a COOPROFAR, Alliance Healthcare, Empifarma e OCP.

Aquando da realização da encomenda diária é também verificada a lista dos produtos esgotados ou rateados para que assim que disponíveis seja possível encomendá-los evitando ruturas de stocks.

Durante o meu estágio presenciei muitas vezes a realização das encomendas diárias, no entanto nunca fiz nenhuma sem acompanhamento uma vez que esta tarefa é da responsabilidade de um grupo de farmacêuticos escolhidos pela diretora técnica. Fiz sim muitas verificações das listas de esgotados principalmente em períodos em que já tínhamos produtos esgotados há muitas semanas. São exemplos de produtos que desta forma consegui evitar que faltassem na farmácia o LASIX® 40mg (Sanofi) e o TROMALYT®

150mg (Mylan).

3.1.3 Encomendas Instantâneas e Reservas

As encomendas instantâneas são as encomendas mais frequentes no dia a dia da farmácia e são realizadas quase sempre aquando de um atendimento quer presencial quer telefónico. O utente precisa de um medicamento ou produto que não existe em stock e como tal há a necessidade de o encomendar. O SI permite que esta operação seja feita rapidamente e facilmente, uma vez que na ficha do produto conseguimos consultar em quais dos fornecedores habituais pode estar disponível na quantidade necessária para satisfazer as necessidades do utente, qual o preço de custo em cada armazenista e também o prazo previsto de entrega. Quando é feita uma encomenda instantânea podemos perguntar ao utente se quer fazer a reserva do produto para que, assim que o produto chegue, seja notificado através de uma SMS. A maioria dos produtos encomendados desta forma chega no próprio dia ou na manhã do dia seguinte. Nos casos em que os utentes concordam então inserimos o seu nome e contacto no sistema e imprimimos um talão de reserva que deve ser entregue pelo utente quando vier buscar a encomenda. Existe também a possibilidade desta reserva ficar paga o que significa que quando o cliente regressar à farmácia apenas terá que levantar o produto. Esta opção é muitas vezes importante quando se trata de receitas com prazos de validade curto em que pode ser necessário encomendar um produto que pode já chegar quando a receita estiver caducada. Desta forma, se o utente preferir, pode já deixar a encomenda paga e como a receita é faturada no momento pode posteriormente vir buscar o produto sem ter que se preocupar com o prazo de validade da mesma.

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Maria Inês Afonso Silva 7 Durante o meu estágio foram muitas as situações em que foi preciso realizar uma encomenda instantânea aquando de um atendimento e quase sempre esta encomenda esteve associada a uma reserva. Apercebi-me também que a maioria dos utentes prefere já deixar os produtos pagos para não se terem que preocupar mais tarde. Também foram muitos os casos em que os utentes precisavam de medicação que eu não conseguia encontrar em nenhum dos fornecedores por estarem esgotados. Infelizmente estas situações foram recorrentes em medicamentos como o XANAX® 1mg (Pfizer), o

CARVEJET® 20 mg (Pfizer) e a vacina NIMENRIX® (Pfizer) que estiveram esgotados

durante meses.

3.1.4 Encomendas telefónicas

Alguns produtos não dispõem de código nacional de produto (CNP) e como tal não é possível encomendá-los utilizando o SI. Encomendas de produtos ortopédicos, fitoterapêuticos, homeopáticos e materiais elásticos são então feitas telefonicamente e diretamente com os fornecedores.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de fazer várias encomendas telefónicas principalmente de meias elásticas que têm tamanhos específicos e que têm muitas vezes de ser encomendados para um determinado cliente. Fiz também bastantes encomendas de cadeiras de rodas e de andarilhos e de alguns produtos fitoterápicos que são encomendados diretamente à Ervanária Portuense.

3.2 Receção e verificação de encomendas

Tal como referido anteriormente o processo de receção de encomendas faz-se na zona escolhida para este efeito e os fornecedores entregam as encomendas, em contentores próprios ou em caixas de cartão, várias vezes ao longo do dia. Todas as encomendas que chegam à farmácia são acompanhadas de um documento de transporte, que contém sempre o nome e a morada da farmácia e o número de volumes da encomenda, e uma fatura ou guia de remessa nos casos em que as encomendas ainda não foram faturadas. Nas faturas tem que estar sempre discriminada a identificação da farmácia, do fornecedor, o número e a data do documento, os produtos enviados e o seu CNP, nome comercial, forma farmacêutica, dosagem e número de comprimidos, a quantidade pedida, a quantidade satisfeita, o preço de venda à farmácia (PVF), taxa de IVA e valor total da encomenda. As encomendas de psicotrópicos, fazem-se ainda acompanhar da respetiva requisição que é posteriormente guardada. No momento da entrega da encomenda verifica-se o destinatário e se o número de volumes entregues corresponde ao que consta na guia de transporte.

Todos os produtos com condições especificas de armazenamento, como é o caso de produtos de frio, necessitam de estar sinalizados e a sua receção deve ser prioritária. Os produtos de frio vêm sempre em caixas térmicas que devem ser abertas aquando da sua chegada à farmácia e colocados imediatamente nos frigoríficos de forma a não quebrar a cadeia

(19)

Maria Inês Afonso Silva 8 de frio. Também os contentores das encomendas de substâncias controladas, como os psicotrópicos, chegam habitualmente sinalizadas pelos fornecedores.

A receção da encomenda é realizada com o auxílio do SI que permite ler o CNP dos produtos e procurar no sistema a encomenda correspondente. Caso a encomenda não esteja em sistema é ainda possível fazer uma receção direta dos produtos. Tal é por vezes necessário quando existem produtos que estavam em falta em encomendas anteriores e que chegam posteriormente. Durante a receção da encomenda é necessário verificar o estado das embalagens e se for preciso atualizar os prazos de validade. É sempre necessário atualizar o PVF e estabelecer o preço de venda a público (PVP) em situações em que este não está atribuído e no caso dos produtos nett quando é necessário acertar as margens de lucro. O SI avisa também sempre que qualquer produto da encomenda tenha uma reserva associada.

No final confirma-se o valor total da encomenda e o número de unidades e introduz-se no SI o número correspondente à fatura da encomenda. De seguida é impresso um documento que é agrafado à fatura original e assinado pelo operador. Neste passo o SI permite também satisfazer as reservas associadas aos produtos da encomenda e envia a SMS ou EMAIL de notificação. É também impresso um talão que é colocado no produto reservado e guardado no respetivo local dependendo se se trata de uma reserva paga ou não paga (o que está discriminado no talão).

Ao longo do meu estágio foram muitas as encomendas que rececionei e foram várias as situações caricatas que aconteceram. Desde encomendas que na realidade eram de outras farmácias, a faturas que ficaram perdidas no caminho, produtos que vinham descritos nas faturas mas que não estavam nos caixotes e encomendas com artigos que vinham danificados, foram vários os exemplos em que este processo não correu da maneira mais indicada mas que serviram também para aprender a resolver as situações que não são tão esporádicas como se possa pensar.

3.3 Devoluções de produtos

O processo de realização de uma devolução é algo bastante comum no dia a dia farmacêutico sendo muito importante para o controlo do stock das farmácias. Geralmente são realizadas porque o produto está próximo do prazo de validade, ou porque o produto foi retirado do mercado por ordem do INFARMED ou do respetivo laboratório, produto danificados ou que não foram encomendados ou então porque sofreram uma alteração de preço.

O SI emite em triplicado uma nota de devolução numerada, onde tem que constar o nome do armazém ao qual se destina a devolução, data de devolução, nome do produto, CNP, quantidade a devolver, motivo da devolução e identificação do número da fatura de chegada do produto. O original e o duplicado são enviados juntamente com o produto para o fornecedor. O triplicado é assinado ou carimbado pelo fornecedor aquando da recolha do produto e é posteriormente arquivado na farmácia. É também obrigatório a comunicação dos documentos de transporte referentes à devolução de produtos à Autoridade Tributária e Aduaneira.

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Maria Inês Afonso Silva 9 Durante o meu estágio fui fazendo algumas devoluções principalmente de produtos com aproximação de prazo de validade. Foi também durante este período que a Ranitidina de alguns laboratórios foi retirada do mercado por ordem do INFARMED3 e

como tal ajudei com as várias devoluções que tiveram que ser realizadas.

3.4 Armazenamento

Após a receção de encomendas é necessário arrumar os produtos nos respetivos locais e assegurar que todos são armazenados nas condições devidas. Os produtos do robot são armazenados no robot, os produtos dos lineares são arrumados nos lineares e os excedentes são colocados no armazém da farmácia.

As encomendas diárias vão quase sempre na totalidade para o robot mas como este também tem uma capacidade limitada, no caso das encomendas maiores é necessário fazer a triagem e grande parte dos produtos acaba no armazém. Semanalmente é feita uma lista dos produtos em falta no robot e estes são levados do armazém para serem inseridos no robot. É importante referir que todas as transferências de produtos são feitas segundo o critério first

expired first out (FEFO). Quanto aos produtos de venda livre, de dermocosmética, dispositivos

médicos e das restantes categorias são etiquetados e colocados nos respetivos lineares quando o espaço assim o permite. Caso contrário são também colocados no armazém. Os produtos de frigorifico são todos armazenados nos 2 frigoríficos da farmácia onde se mantêm temperaturas entre os 2ºC e os 8ºC. Os medicamentos que não podem ser armazenados dentro do robot, por terem caixas demasiado volumosas ou frágeis são guardados na zona de receção de encomendas em prateleiras e ordenados alfabeticamente.

Independente de onde serão armazenados, durante o período de armazenamento dos medicamentos e dos outros produtos de saúde devem garantir-se as condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação por estes exigidas4. A FP possui um sistema de

termohigrómetros que registam a temperatura e a humidade desta forma garantindo o correto acondicionamento dos produtos na farmácia.

3.5 Verificação dos prazos de validade

A verificação e controlo dos prazos de validade (PV) é uma tarefa muito importante na farmácia e na FP existe um farmacêutico responsável por fazer esse controlo mensalmente. É fulcral que seja sempre garantido que todos os medicamentos dispensados e produtos de saúde vendidos na farmácia se encontram dentro do seu prazo de vida útil. A não conformidade deste critério leva à retirada do produto do stock e, sempre que possível, à sua devolução ao fornecedor.

O PV deve ser atualizado aquando da receção do produto na farmácia, no entanto o SI só pede a sua atualização quando não existe stock do produto ou quando o PV em sistema é inferior à presente data. Quando o produto não tem PV inscrito na embalagem, é-lhe atribuído um PV de um ano. Desta forma é muito importante verificar sempre as validades dos produtos mesmo que tenham sido rececionados recentemente.

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Maria Inês Afonso Silva 10 Neste aspeto o robot tem uma grande vantagem uma vez que antes de inserir qualquer produto é necessário introduzir também o seu PV. Esta característica permite que o SI crie listas onde estão discriminados os PV de todos os produtos inseridos no robot permitindo um maior controlo e de forma mais simples.

Todos os meses são elaboradas, com recurso ao SI, listas de todos os produtos cuja validade vence no espaço de 90 dias. Estes produtos são então retirados do stock e posteriormente devolvidos. Procede-se também à atualização do PV na ficha do produto, introduzindo-se o PV mais curto correspondente à referência.

Durante o meu estágio foram várias as oportunidades que tive para fazer verificação dos PV principalmente no mês de setembro quando foi essencial verificar todos os PV dos protetores solares que não tinham sido vendidos. Também durante o mês de agosto procedi à verificação dos PV dos medicamentos do armazém e ainda ajudei a colocá-los por ordem para que mais facilmente se cumprisse o critério FEFO.

4) Dispensa de medicamentos e produtos de saúde

Como farmacêuticos o ato da dispensa de medicamentos é provavelmente a tarefa que mais vezes é repetida ao longo do dia. No entanto o facto de tal se tornar rotineiro não significa que se possa considerar este ato como um simples levantamento de medicamentos. Como profissionais de saúde com capacidade e conhecimento científico para fazer a avaliação correta de determinada medicação, é vital que aquando da dispensa de qualquer medicamento se esteja alerta para possíveis problemas como interações medicamentosas, efeitos adversos que para além de prejudicarem o doente podem influenciar a adesão à terapêutica e ainda possíveis duplicações terapêuticas7.

O ato da dispensa de medicamentos faz dos farmacêuticos o elo de ligação entre os cuidados de saúde e o doente o que representa uma responsabilidade acrescida5.

Durante o meu estágio a diretora técnica fez sempre questão de me chamar a atenção para este facto e por isso só fui para o atendimento ao balcão nos últimos dois meses. Desta forma tive algum tempo para perceber que algumas dúvidas são tiradas pelo próprio SI mas que cada caso é um caso e como tal só com a prática é que se torna num processo mais confortável e natural. Assim, durante os meus dois primeiros meses fui colocada também a atender os telefones para começar a habituar-me a tirar dúvidas a utentes e começar a treinar aconselhamentos sem ter a pressão de ter alguém à minha frente.

4.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

A classificação de medicamento sujeitos a receita médica é atribuída a todos os medicamentos que, caso sejam utilizados sem vigilância médica, possam constituir um risco direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam; sejam frequentemente utilizados em quantidade considerável para fins diferentes daquele a que se destinam; contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade e

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Maria Inês Afonso Silva 11 ou efeitos secundários seja indispensável aprofundar e sejam prescritos pelo médico para serem administrados por via parentérica6.

Assim, torna-se obrigatório que estes medicamentos apenas sejam dispensados aquando da apresentação de receita médica ou em situações excecionais que possam ser devidamente justificadas7.

4.2 Prescrição de medicamentos

Independentemente do modelo de receita escolhido, a prescrição de medicamentos deve obrigatoriamente incluir a respetiva Denominação Internacional Comum (DCI) da substância ativa, a sua forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação, a quantidade e a posologia.9, 10

A prescrição utilizando o nome comercial é permitida apenas quando é prescrito um medicamento e não existe medicamento genérico comparticipado alternativo ou então perante uma das exceções admissíveis nestes casos:

Exceção A: Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito.

Exceção B: Intolerância ou reação adversa previamente reportada ao INFARMED. Exceção C: Medicamento destinado a tratamento de duração superior a vinte e oito

dias.11

4.2.1 Prescrição eletrónica de medicamentos

A prescrição de medicamentos, que inclui manipulados, estupefacientes e psicotrópicos e outros produtos de saúde, deve ser realizada eletronicamente de forma a aumentar a segurança deste processo e facilitá-lo, havendo menos problemas de comunicação entre as diferentes partes envolvidas 8.

Nas receitas eletrónicas é possível incluir produtos com e sem comparticipação pelo sistema nacional de saúde. Desta forma produtos de cosmética, produtos de ostomia, dispositivos médicos e suplementos alimentares são apenas alguns exemplos de produtos que também podem constar destas receitas. Atualmente coexistem dois modelos de receitas eletrónicas:

Receitas eletrónicas desmaterializadas: acessíveis e interpretáveis apenas por

equipamentos eletrónicos, em que o software valida e regista a receita médica na base de Dados Nacional de Prescrições ficando acessível ao utente através de um SMS.10 Estas receitas possuem linhas de prescrição distintas sendo que cada linha de prescrição só pode incluir um produto ou um medicamento, até um máximo de duas embalagens cada, ou seis tratando-se de um medicamento destinado a tratamento prolongado. Podem ter validades de 2 meses (tratamentos de curta e média duração) e de 6 meses (tratamentos prolongados).9

Receitas eletrónicas materializadas: a prescrição é registada online no sistema central

de prescrições e posteriormente é impressa e entregue ao utente.10 Nestas receitas podem ser prescritos até quatro medicamentos ou produtos de saúde diferentes não podendo, no entanto o número total de embalagens prescritas ultrapassar o limite de duas por medicamento nem o total de quatro embalagens. Podem ter validades de 30 dias até 6 meses.9

(23)

Maria Inês Afonso Silva 12 4.2.2 Prescrições manuais

Apesar da existência da obrigatoriedade de prescrição das receitas eletrónicas, em situações excecionais de falha informática, inadaptação fundamentada do prescritor (que deve ser previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem) prescrição ao domicílio e outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês, é ainda possível fazer a prescrição de forma manual 9.

Nestas receitas podem ser prescritos quatro medicamentos ou produtos de saúde não podendo nunca o número total de embalagens ultrapassar os 4 com um limite de 2 embalagens por cada produto.9

Durante o meu estágio recebi bastantes receitas manuais que resultavam a maior parte das vezes de falhas no sistema informático ou então de consultas ao domicílio. Geralmente eram atendimentos mais difíceis uma vez que é necessária uma atenção redobrada quer para conseguir interpretar a letra do prescritor sem erros como também porque é necessário verificar no momento se a receita está válida ou não para evitar erros no receituário.

4.3 Dispensa e validação de receitas médicas

No momento da dispensa, todas as farmácias devem ter disponíveis pelo menos três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem dos cinco medicamentos de preço mais baixo de cada grupo homogéneo.

O farmacêutico tem a obrigação de informar o utente daquele que apresente o preço mais baixo e embora deva dispensar o medicamento de menor preço pode, sempre que for vontade do utente, ser dispensado um medicamento mais caro desde que com o mesmo Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM) e desde que o utente aceite pagar a diferença.

É importante também lembrar que independentemente do modelo de prescrição, uma receita só pode ser dispensada se incluir os seguintes elementos: número de receita; local de prescrição ou respetivo código; identificação do médico prescritor, incluindo o número de cédula profissional e, se for o caso, a especialidade; nome e número de utente; entidade financeira responsável e número de beneficiário, acordo internacional e sigla do país (quando aplicável); e se aplicável, referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos.9

As receitas materializadas devem ainda incluir: a DCI da substância ativa; dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens; denominação comercial do medicamento, se aplicável; código nacional de prescrição eletrónica de medicamentos ou outro código oficial identificador do produto, se aplicável; data de prescrição; e a assinatura autógrafa do prescritor.No caso das receitas desmaterializadas deverão constar adicionalmente a hora da prescrição e as linhas de prescrição.9

As prescrições por via manual devem também conter: vinheta identificativa do local de prescrição e do médico prescritor; identificação da especialidade médica (se aplicável); e contacto telefónico do prescritor.

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Maria Inês Afonso Silva 13

4.4 Regimes de comparticipação

Os diferentes regimes de comparticipação estão previstos na legislação portuguesa e organizados por escalões dependendo do grupo ou subgrupo farmacoterapêutico a que pertencem. Assim, o escalão A tem uma comparticipação de 90% do PVP, no escalão B esta comparticipação é de 69% do PVP, no escalão C é de 37% do PVP e por fim a comparticipação do escalão D que é de 15% do PVP. 8, 13

Para medicamentos que estão inseridos em grupos homogéneos a comparticipação é feita sobre o preço de referência (PR) do grupo. Este PR refere-se á média dos PVP dos cinco medicamentos com preço mais baixo. Desta forma podem existir no mesmo grupo medicamentos que ficam praticamente gratuitos (se foram o mais barato por exemplo) e medicamentos em que a comparticipação quase não altera o seu preço (medicamentos de marca). Esta questão não é de conhecimento geral dos utentes e levanta muitas vezes dúvidas que os farmacêuticos devem saber justificar.12

Está também previsto na lei que pessoas com determinadas patologias ou utentes em situações consideradas especiais têm direito a um regime especial de comparticipação.

Assim, medicamentos utilizados no tratamento de determinadas patologias ou em determinados grupos de doentes são comparticipados de acordo com cada uma das portarias criadas propositadamente para este efeito, ficando muitos destes medicamentes a custo zero para os utentes. Estas receitas vêm geralmente assinaladas com a letra “O”. No entanto para que a comparticipação seja válida é necessário que o médico prescritor mencione na receita o diploma correspondente. São patologias abrangidas por este regime: a diabetes, doentes ostomizados, paramiloidose, lúpus, hemofilia, hemoglobinopatias, doença de Alzheimer, psicose maníaco-depressiva, doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide e espondilite anquilosante, dor oncológica moderada a forte, dor crónica não oncológica moderada a forte, procriação medicamente assistida, psoríase e ictiose.8

Também os pensionistas estão abrangidos pelo regime especial e beneficiam de uma comparticipação acrescida de 5% no preço dos medicamentos do escalão A e de 15% nos medicamentos dos escalões B, C e D.14 Estas receitas vêm assinaladas com a letra “R”. Sempre que o utente optar por um medicamento incluído em qualquer um dos escalões cujo PVP corresponda a um dos cinco mais baratos do mesmo grupo e seja igual ou inferior ao preço de referência desse grupo será dispensado de forma gratuita.

Existem também utentes com complemento à comparticipação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) proveniente de organismos privados como o SAMS® (Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários), a Multicare® e a EDP-Savida®. Para que seja feita a comparticipação por estes organismos é sempre necessário a apresentação de um cartão de beneficiário e também do cartão de identificação.

Durante o meu estágio desde muito cedo que tive a necessidade de aprender sobre os regimes de comparticipação uma vez que muitos utentes da farmácia são abrangidos por estes regimes principalmente pensionistas que até já sabem que devemos inserir as suas receitas com código 48. Também existem muitos utentes com organismos privados

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Maria Inês Afonso Silva 14 de comparticipação e esta foi sem dúvida uma das maiores dificuldades que tive: saber os códigos a que corresponde cada organismo.

4.5 Psicotrópicos e estupefacientes

A dispensa de medicamentos psicotrópicos requer sempre uma atenção especial por parte dos farmacêuticos uma vez que são sujeitos a um controlo muito rigoroso devido ao risco elevado de uma utilização abusiva e indevida. São medicamentos utilizados para o tratamento de várias patologias como doenças psicológicas e oncológicas. Estão contidos nas tabelas I e II do Decreto-Lei n.o 15/93, de 22 de janeiro, e n.o 1 do artigo 86.o do Decreto-Regulamentar n.o 61/94, de 12 de outubro.

As receitas materializadas e manuais de psicotrópicos e estupefacientes devem estar sempre sinalizadas com a sigla RE e aquando da sua prescrição é necessário que cada um destes produtos seja prescrito de forma isolada.10 Devem também ser sempre assinadas no verso pelo utente ou pelo seu representante. Nas receitas desmaterializadas as linhas de prescrição devem estar assinalas com a sigla LE. 15

Não se dispensam este grupo de medicamentos sem a apresentação de uma receita válida para o efeito. Na dispensa destes medicamentos é necessário registar o nome, morada, data de nascimento e número e validade do bilhete de entidade, cartão de cidadão, carta de condução ou passaporte do utente a quem foi prescrita e da também da pessoa que procede ao seu levantamento da farmácia. Também a identificação da prescrição, identificação da farmácia, identificação do medicamento e data da dispensa são necessárias ficar registadas.15

Durante o meu estágio tive a oportunidade de fazer várias vendas de estupefacientes e psicotrópicos entre os quais PALEXIA® (Grünenthal), PALEXIA

RETARD® (Grünenthal), Buprenorfina, Fentanilo, Sevredol® (Mundipharma) e Elvanse®

(Bial). Durante estes atendimentos era sempre necessária uma maior atenção aos pormenores como por exemplo a validade dos cartões de cidadão uma vez que me aconteceu por várias vezes aparecerem utentes com cartões caducados.

4.6 Medicamentos Manipulados

As prescrições de medicamentos manipulados podem ser: materializadas e manuais e nestes casos têm que ser do tipo MM ou desmaterializadas que serão do tipo LMM. Nestas últimas a prescrição é feita a partir de uma lista predefinida, cabendo ao prescritor indicar a dosagem e a quantidade pretendida. Em ambos os modelos de prescrição os manipulados têm que ser prescritos isoladamente não podendo estar abrangidos na prescrição outros produtos.

A comparticipação destes medicamentos é de 30% do seu PVP sendo para isso necessário que constem do anexo do Despacho n.o 18694/2010, 18 de novembro. 15

Durante o meu estágio tive a oportunidade de dispensar alguns medicamentos manipulados como Solução de Minoxidil a 5% uma vez que a FP possui um laboratório creditado para fazer manipulação.

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Maria Inês Afonso Silva 15

4.7 Dispositivos médicos

A prescrição de dispositivos médicos segue as mesmas regras das prescrições de medicamentos podendo também ser desmaterializadas, materializadas e manuais. No caso das receitas manuais e materializadas a prescrição destes produtos deve ser feita isoladamente à semelhança do que acontece também acontece com os manipulados.

Quanto à sua comparticipação, só os dispositivos médicos estabelecidos por portaria é que são comparticipados o que atualmente significa que apenas dispositivos médicos para apoio a doentes com incontinência urinária ou retenção urinária e doentes ostomizados é que são comparticipados, muitas vezes na totalidade, se estiver discriminado a marca e o modelo do dispositivo médico.16, 17

Durante o meu estágio fiz algumas dispensas de produtos de ostomia que ficaram quase sempre gratuitos para os utentes. O único caso em que tal não aconteceu foi numa prescrição onde o médico se enganou no modelo de um saco de ostomia e a utente acabou por ter que pagar o modelo que usualmente levava uma vez que ia de férias e não tinha oportunidade de pedir ao médico a alteração da receita.

4.8 Produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes Mellitus

A comparticipação dos produtos destinados a serem utilizados no autocontrolo da diabetes mellitus só é feita se se tratar de uma prescrição eletrónica18, apesar de também serem válidas para dispensa as receitas materializadas e manuais, desde que estes produtos sejam prescritos isoladamente. 15

Nos casos em que a comparticipação é válida são comparticipados 85% do PVP nas tiras-teste e sensores e 100% do PVP em agulhas, seringas e lancetas.18

4.9 Conferência do Receituário

Na FP a tarefa de conferência do receituário é atribuída mensalmente a um dos colaboradores que fica responsável por verificar e conferir a validade de todas as receitas manuais e materializadas dispensadas na farmácia durante esse mês.

Este processo é muito importante uma vez que numa farmácia bastante movimentada como a FP, o tempo disponível ao balcão aquando do atendimento não é suficiente para uma análise pormenorizada da receita que temos em mãos. Assim, esta segunda verificação evita que existam erros que possam impedir o pagamento das comparticipações dos medicamentos dispensados.

Para conferir as receitas manuais começa-se por dividir as receitas pelos códigos de comparticipação que lhes foram atribuídos: 01 para as receitas do SNS, 48 para as receitas do SNS Pensionistas e 47 para receitas de manipulados. Depois inicia-se a verificação que começa na frente das receitas. Logo no cabeçalho verificamos se o modelo de receitas é o que se encontra atualmente aceite e de seguida verifica-se o nome, número do utente e o organismo de comparticipação, verifica-se também se a justificação para a necessidade da receita manual foi

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Maria Inês Afonso Silva 16 devidamente assinalada e verifica-se também a vinheta do médico e a especialidade. As receitas manuais não podem ser rasuradas e têm também que ser sempre trancadas. Também a data da receita e a assinatura do médico têm que ser verificadas. No verso as receitas devem ser assinadas pelo utente e pelo farmacêutico e devem também ser carimbadas. A assinatura do farmacêutico deve também ser acompanhada da data que deve corresponder com a data da dispensa da receita. Se algum erro for encontrado a receita é separada e posteriormente procede-se à sua resolução.

Após a verificação as receitas são organizadas por organismo de comparticipação e em lotes de trinta receitas. O SI emite um verbete de identificação de lote para cada um dos lotes criados que identifica a farmácia e o organismo de comparticipação e inclui o valor da comparticipação. Estão assim fechados os lotes de receitas.

Se a comparticipação for da responsabilidade do SNS tanto as receitas como os verbetes seguem para a administração regional de saúde. Se foram responsabilidade de outras entidades então os lotes são enviados para o centro de conferência do receituário.

O pagamento do valor total das comparticipações à farmácia é feito posteriormente se as receitas estiverem em conformidade. Se alguma receita for devolvida é acompanhada de um documento com a devida justificação. A Farmácia pode depois corrigir o erro e reenviar a receita.

Durante o meu estágio estive dois meses a auxiliar o colaborador responsável pela conferência do receituário. A minha tarefa era realizar a recolha das receitas separá-las, verificar a existência de erros e assinalá-los. O responsável ficava depois encarregue de resolver todas as inconformidades assinaladas. Geralmente executava esta tarefa todos os dias logo de manhã uma vez que dada a dimensão da FP, e tendo em conta que a maioria das receitas já é eletrónica, o volume de receitas manuais ainda é considerável. Sinto que aprendi muito a executar esta atividade e que me deixou mais confortável quando comecei a fazer atendimentos autonomamente porque já estava bastante familiarizada com as receitas.

5) Indicação e Aconselhamento Farmacêutico

A indicação e aconselhamento farmacêutico são tarefas de grande responsabilidade e que desafiam os profissionais a aplicar o seu conhecimento científico e a sua experiência para benefício do utente realçando a necessidade de uma constante atualização de conhecimentos. Um aconselhamento farmacêutico personalizado ajuda a criar uma relação de confiança com os utentes que recebendo um serviço de qualidade vão sentir-se seguros em voltar à farmácia. De todas as responsabilidades esta é sem dúvida a que mais contribui para a valorização da profissão farmacêutica e é a lembrança que os utentes levam quando saem da farmácia.

5.1 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Para que um medicamento seja qualificado como medicamento não sujeito a receita médica (MNSRM) é necessário já estar há venda no mercado há vários anos e ter um perfil de segurança bem conhecido.

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Maria Inês Afonso Silva 17 São geralmente destinados ao tratamento de problemas de saúde considerados menores e são uma alternativa que pode ser válida quando o doente não possui uma prescrição médica. Estes medicamentos são muitas vezes publicitados junto dos utentes o que os torna bastante populares e a sua dispensa é bastante frequente numa farmácia. Contudo, o seu uso deve ser racionado e deve sempre que possível estar associado a uma indicação farmacêutica. Para além dos MNSRM que são vendidos em farmácias, parafarmácias e outros locais autorizados existe ainda uma outra classe: os medicamentos não sujeitos a receita médica de venda exclusiva em farmácias (MNSRM-EF). Estes medicamentos são a arma ideal do aconselhamento farmacêutico. Como profissionais de saúde sem a creditação para prescrição de receitas, a existência de MNSRM e de MNSRM-EF dá alguma autonomia aos farmacêuticos e reforça o seu papel junto dos utentes das farmácias.

Durante o meu estágio foram várias as oportunidades que tive de aconselhar MNSRM. Muitas vezes esta oportunidade surgia da falta de receita de um determinado medicamento. Num atendimento um utente chegou à FP e pediu-me “uma caixa daquele protetor do estômago, o Omeprazol”(sic). Eu perguntei-lhe se tinha receita e o senhor negou. Perguntei-lhe também se já o tomava regularmente ao que o senhor respondeu que “eu não tomo nada para o estômago, mas estou a tomar uns comprimidos para uma dor nas costas e tenho-me sentido muito maldisposto. Falei com o médico ao telefone e ele disse-me para tomar isto”(sic). Perante esta situação propus-lhe a venda do Proton®

(Medinfar) explicando que a substância ativa era o omeprazol. O senhor primeiro mostrou-se um pouco chateado por o nome do medicamento não ser mesmo “omeprazol” mas depois de muito explicar que o que era importante era o principio ativo ele acedeu e levou o Proton® (Medinfar) (se bem que um pouco desconfiado). Este é um exemplo de um

aconselhamento farmacêutico bem-sucedido porque o utente regressou à FP passado uns dias e contou-me que já se sentia bem melhor.

Contudo, a dispensa destes medicamentos nem sempre é tão linear uma vez que devido à grande quantidade de MNSRM disponíveis no mercado é bastante difícil ter conhecimento de todos. Por vezes, em produtos muito similares, era me perguntado qual a diferença entre um e outro e apesar de tentar sempre encontrar a resposta sozinha algumas vezes tive que recorrer a colegas para me auxiliarem.

Senti também muitas vezes dificuldade no aconselhamento quando os utentes já chegavam à farmácia com uma ideia do que pretendiam. Aprendi bastante facilmente que mudar a opinião das pessoas é difícil, mas que com paciência e muitas tentativas em alguns casos somos bem-sucedidos.

No período do meu estágio os MNSRM mais vendido foram os antigripais, antitússicos, antidiarreicos, medicamentos para dores, febres cefaleias e também para alergias.

5.2 Dermocosmética e Produtos de Higiene Corporal

A Dermocosmética engloba todos os produtos com substâncias que estão destinadas a serem colocadas em contacto com a superfície do corpo com a finalidade de limpar, melhorar o

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Maria Inês Afonso Silva 18 seu aspeto, proteger as suas superfícies e corrigir odores corporais19.Como tal é uma classe muito diversificada que inclui produtos como protetores solares, cremes de corpo e rosto, produtos de banho, produtos capilares, de puericultura e produtos de higiene oral.

Estes produtos são de grande interesse farmacêutico uma vez que a sua venda é uma fonte de rendimento importante para as farmácias que conseguem nestes produtos ter margens de lucro mais elevadas do que em muitos outros produtos de saúde. Assim, a FP incentiva os seus profissionais a fazer as formações de atualização de conhecimentos que são proporcionadas por muitas marcas e esforça-se por criar lineares apelativos que chamem a atenção de potenciais clientes.

A área da dermocosmética era uma área que me assustava bastante no início do meu estágio uma vez que não me sentia minimamente preparada para aconselhar produtos que praticamente não conhecia. A quantidade de alternativas disponíveis no mercado não fazia nada para acalmar este meu receio. No entanto, à medida que fui realizando algumas formações, ainda antes de começar no atendimento, fui-me sentindo cada vez mais confortável para aconselhar produtos nesta área. E a verdade é que muitos utentes procuram a farmácia e os farmacêuticos para tirar as suas dúvidas e muitas vezes para aconselhar os melhores produtos para vários problemas como queda de cabelo, acne, pele com rosácea, produtos para tratamentos de manchas, dermatites, etc. Fiquei também surpreendida pela quantidade de receitas com produtos de cosmética que chegam à farmácia.

O período do meu estágio englobou os meses de julho e agosto como tal os produtos mais vendidos nesta altura foram sem dúvida os protetores solares e também produtos para acalmar a pele depois da exposição solar.

5.3 Suplementos Alimentares

Os suplementos alimentares são definidos pelo Decreto-Lei n.º 136/2003 como “géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar o regime alimentar normal”. Este tipo de produtos tem vindo a crescer rapidamente nas farmácias com um aumento significativo dos utentes a procurar estas alternativas como coadjuvantes das suas medicações habituais.

Esta crescente procura por estes produtos é justificada com a necessidade dos utentes de encontrar alternativas mais naturais e que ajudem a melhorar a qualidade de vida20. No entanto é sempre importante que os farmacêuticos alertem para o potencial de reações adversas, contraindicações e interações medicamentosas. É por isso vital que este tipo de produtos sejam aconselhados por profissionais de saúde que devem esforçar-se por manter os seus conhecimentos o mais atualizados possível.

No decorrer do meu estágio em conversa com uma utente que se tinha dirigido à farmácia para comprar Magnesium-OK® (Angelini) percebi que a senhora para além deste

suplemento ainda tomava Centrum® (Pfizer) e Dipress® (Technilor). Quando lhe disse que

estes últimos suplementos também teriam magnésio a senhora mostrou-se contente porque assim “nunca lhe ia faltar magnésio”(sic). Em conjunto com a farmacêutica

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