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Projeto 2 – Suplementos Alimentares na Farmácia Portela

2.1 Suplementos alimentares: O que são?

Os suplementos alimentares são definidos pela alínea A do artigo 3º do Decreto- Lei nº 118/2015 como “Géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar o regime alimentar normal”. Estes são uma fonte concentrada de nutrientes, mas nunca devem ser utilizados em substituição de uma dieta variada devendo ser tomados para suprimir necessidades especiais e especificas de cada individuo. 54

Um regime alimentar equilibrado e variado é a fonte de todos os nutrientes essenciais nas quantidades necessárias para o desenvolvimento e manutenção do estado de saúde.55 No entanto, devido aos estilos de vida frenéticos em que a alimentação passa para segundo plano, a ingestão destas quantidades de nutrientes está muitas vezes comprometida. Assim os suplementos alimentares são de extrema importância e podem ser potenciadores do estado de saúde.55,57

Podem estar disponíveis sobre a forma de cápsulas, pastilhas, comprimidos, pílulas, saquetas de pó, ampolas de líquido, frascos em conta-gotas e outras formas similares de líquidos ou pós. Qualquer que seja a forma de apresentação do suplemento, o importante é que seja sempre comercializado de forma doseada e em unidades medidas de quantidade reduzidas.55

2.1.1 Como são categorizados

Os suplementos alimentares podem ser constituídos por várias substâncias incluindo vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais, fibras e várias plantas e extratos de ervas. A divisão destes produtos em grupos é então uma tarefa difícil uma vez que podem facilmente existir sobreposições.

Maria Inês Afonso Silva 34 Contudo, criaram-se essencialmente 3 grupos diferentes de suplementos alimentares: o grupo das vitaminas e minerais como por exemplo vitamina A, vitamina D e cálcio que representa 23% do mercado de suplementos alimentares em Portugal56; o grupo das plantas e extratos botânicos que inclui produtos com Aloe vera, Gingko biloba e Panax ginseng e que representa uma porção de 56% do mercado português56. Existe ainda um grupo muito mais heterogéneo que é definido como outras substâncias e que inclui: fibras e probióticos, como Inulina,

Lactobacillus acidophilus e outras leveduras; ácidos gordos essências como ácido

eicosapentaenóico (EPA), ácido docosa-hexaenóico (DHA) e ácido gama-linoleico; e ainda aminoácidos e enzimas como a L-arginina, taurina, coenzima Q10.56,57

Para além das substâncias que constituem estes grupos, existe ainda uma outra categoria que é denominada de produtos fronteira. A legislação portuguesa permite que substâncias com ação farmacológica sejam incluídas em suplementos alimentares. Assim, as mesmas substâncias existem no mercado em produtos que são considerados medicamentos e noutros que são considerados suplementos alimentares. Estes são chamados produtos fronteira e não se encontram enquadrados legalmente uma vez que contêm substâncias com atividade farmacológica que não são contempladas pela lei. A escolha da forma destes produtos aquando da sua entrada no mercado é deixada ao critério da empresa responsável pelo produto. 58

Exemplos de substâncias presentes em produtos fronteira são a glucosamina/condroitina, melatonina, valeriana, Ginkgo biloba e Serenoa repens.56

2.1.2 Introdução no mercado e Rotulagem

A regulamentação dos suplementos alimentares está a cargo da direção geral de alimentação e veterinária (DGAV). Na diretiva L183 de 10 de junho de 2002 do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia, estão descritos todos os ingredientes autorizados nos suplementos alimentares e descreve também as condições para a sua rotulagem, apresentação e publicidade.59

A rotulagem de um suplemento alimentar deve conter sempre a descrição das substâncias que contém, a sua posologia recomendada e também a quantidade de cada ingrediente que deve ser apresentada de forma numérica e percentual. Todos os rótulos de suplementos têm que ter bem explicito que não devem ser utilizados como substituto de um regime alimentar variado e que a posologia indicada não deve ser excedida. A designação de suplemento alimentar também é obrigatória.60

Na rotulagem, apresentação e publicidade de suplementos alimentares não podem estar incluídas menções que lhes atribuam propriedades profiláticas, de tratamento ou curativas de doenças.56

A escolha do canal de entrada no mercado (medicamento ou suplemento) é da responsabilidade exclusiva dos operadores económicos. Para procederem à introdução no mercado de um suplemento alimentar, é necessário comunicar esta intenção e proceder ao envio do rótulo à autoridade competente, neste caso a DGAV, que se vai certificar que a lista de

Maria Inês Afonso Silva 35 ingredientes é totalmente constituída por ingredientes autorizados na diretiva mencionada em cima, e que todas as alegações feitas são permitidas. 60

Como são considerados géneros alimentícios, a sua autorização de entrada no mercado não depende da realização de estudos de segurança e de demonstração de qualidade. A segurança dos produtos fica então garantida pelos operadores económicos aquando da sua proposta de introdução no mercado. A autoridade de segurança alimentar e económica (ASAE) é o organismo responsável pela fiscalização do cumprimento das normas aplicadas a suplementos alimentares nomeadamente o cumprimento das regras comunitárias de segurança alimentar vigentes em toda a união europeia.61

Como não existe grande fiscalização nesta área, é frequente o aparecimento de suplementos no mercado com composições diferentes do que consta no rótulo havendo muitas contaminações com outras substâncias que não estão descritas e ainda muitas quantidades diferentes das anunciadas.62

2.1.3 Medicamento vs Suplemento Alimentar

A grande diferença entre os medicamentos e os suplementos alimentares é a sua ação. Segundo o modelo da homeostasia, esta representa um estado em que os parâmetros e funções biológicas estão dentro dos limites normais. Este modelo é um guia para ajudar a distinguir um medicamento de um suplemento alimentar e tem apenas dois critérios: a utilização prevista e a natureza do efeito.63

Assim, todos os produtos que são consumidos com a finalidade de manter, apoiar ou otimizar os processos normais dos organismos sem bloquear ou alterar as suas funções, podem ser considerados suplementos alimentares. São utilizados com o objetivo de manter a homeostasia do organismo. Os produtos que devem ser utilizados em situações de patologia, quando as funções biológicas não estão normais são considerados medicamentos. Estes devem ser utilizados para restaurar a homeostasia. A sua função é recuperar e corrigir as funções biológicas e também prevenir estados patológicos defendo a homeostasia. Também são considerados medicamentos todos os produtos com a capacidade de modificar os processos biológicos afastando-os da normalidade como é o caso dos contracetivos.63

Concluindo, os medicamentos estão destinados a modificar, corrigir e restaurar as funções fisiológicas e os suplementos alimentares estão destinados a apoiar, otimizar e fazer manutenção dos efeitos fisiológicos.Cabe assim aos operados económicos provar através de literatura ou estudos que o seu produto cumpre o modelo da homeostasia, agindo dentro dos limites fisiológicos que nele estão estipulados como normais.63

2.2 Suplementos Alimentares e a Diabetes

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