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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Do Bonfim e no Centro Hospitalar do Porto-Hospital Geral de Santo António

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Do Bonfim

Maio de 2014 a Setembro de 2014

Marina Isabel Jesus de Sousa

Orientador: Dr.ª Maria Fernanda Pinto Oliveira

____________________________________

Tutor FFUP: Prof.ª Doutora Maria Irene de Oliveira Monteiro Jesus

____________________________________

(2)

Declaração de Integridade

Eu, Marina Isabel Jesus de Sousa, abaixo assinado, nº 200807510, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na elaboração deste documento. Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ________________ de _____

(3)

Agradecimentos

Gostaria de agradecer desde já:

À Dr.ª Maria Fernanda Pinto Oliveira e à Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto pela oportunidade de estagiar na Farmácia do Bonfim, que me permitiu o contato com a realidade profissional do farmacêutico.

À Prof.ª Doutora Maria Irene de Oliveira Monteiro Jesus pela disponibilidade e orientação ao longo do estágio.

A toda a equipa de trabalho da Farmácia do Bonfim que me ajudaram ao longo dos quatro meses de estágio, fornecendo-me todos os conhecimentos necessários, sempre com a maior disponibilidade, simpatia e paciência.

Ao João Pedro por toda a compreensão e apoio durante o estágio e durante a elaboração do relatório, apoiando-me nos momentos mais difíceis.

A todos os meus amigos e familiares por estarem sempre presentes e me mostrarem o seu apoio incondicional.

(4)

Resumo

O estágio em farmácia comunitária é parte integrante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, permitindo um contato com a realidade profissional da atividade farmacêutica. O meu estágio decorreu na Farmácia do Bonfim, no período de 5 maio a 5 de setembro de 2014, sob orientação da Dr.ª Maria Fernanda Pinto Oliveira.

Durante estes quatro meses, tive a oportunidade de realizar as várias atividades inerentes à farmácia, desde aquisição de medicamentos e outros produtos de saúde, à sua receção, armazenamento e dispensa.

Estas ações permitiram-me tomar contato com aspetos respeitantes à gestão da farmácia, nomeadamente dos critérios utilizados na seleção de fornecedores, na realização das encomendas e na organização e controlo dos produtos existentes.

Ao fim de dois meses fui para o atendimento ao balcão, onde tomei conhecimento de aspetos legais e técnicos aos quais está sujeita a dispensa de medicamentos, sendo dispensados estes apenas quando aqueles são respeitados. Isto envolve a apresentação de uma receita médica válida para a aquisição de medicamentos sujeitos a receita médica, a dispensa correta dos medicamentos prescritos, a realização de todos os registos obrigatórios, entre outros. Além de todos estes aspetos, temos o utente que requer a nossa atenção e aconselhamento, ao qual devem ser transmitidas todas as informações necessárias à correta utilização dos produtos e à promoção da sua saúde e bem-estar.

Tive também a oportunidade de desenvolver atividades mais direcionadas para o

marketing como a organização de montras, alteração da disposição dos produtos

expostos consoante a época do ano e campanhas de divulgação destes.

Ao longo do estágio fui elaborando trabalhos em resposta a situações que foram surgindo e que julguei serem benéficos para mim, para a farmácia e para os utentes.

(5)

Índice

Parte I ... 1

1. Introdução ... 1

2. Organização da farmácia ... 1

2.1. Localização e horário de funcionamento ... 1

2.2. Recursos humanos ... 2 2.3. Instalações e equipamentos ... 2 2.3.1. Espaço exterior ... 2 2.3.2. Espaço interior ... 2 2.4. Sistema informático ... 3 3. Encomendas e Aprovisionamento ... 4 3.1. Realização de encomendas ... 4

3.2. Receção e conferência de encomendas ... 5

3.3. Devoluções ... 6

3.4. Armazenamento ... 6

3.4.1. Prazo de validade ... 7

4. Dispensa de medicamentos ... 7

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 8

4.1.1. Prescrição médica ... 8

4.1.1.1. Regimes de comparticipação ... 9

4.1.2. Validação da prescrição médica ...10

4.1.3. Avaliação e interpretação da prescrição médica ...11

4.1.4. Dispensa de medicamentos ...11

4.1.5. Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ...12

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica ...12

4.2.1. Aconselhamento farmacêutico ...13

5. Dispensa de outros produtos ...13

5.1. Medicamentos de uso veterinário ...14

5.2. Medicamentos homeopáticos ...14

5.3. Suplementos alimentares ...14

5.4. Fitoterápicos ...15

5.5. Dispositivos médicos ...15

5.6. Produtos cosméticos e de higiene corporal ...16

(6)

6.1. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos...16

6.2. Espaço animal ...17

6.3. VALORMED ...17

6.4. Recolha de radiografias usadas...17

6.5. Angariação de fundos monetários ...17

7. Processamento do receituário e faturação ...17

8. Formações ...18

9. Experiência pessoal ...19

10. Conclusão ...20

Parte II ...21

Objetivos ...21

1. DESPARASITAÇÃO DE ANIMAIS DE COMPANHIA ...21

1.1. Os parasitas ...22

1.2. Prevenção e controlo de infestações ...22

1.2.1. Ectoparasitoses ...22

1.2.2. Endoparasitoses ...23

1.2.3. Desparasitantes ...24

1.2.3.1. Desparasitantes externos ...24

1.2.3.2. Desparasitantes internos ...27

1.2.3.3. Desparasitantes com dupla ação ...28

1.3. Resultados ...29

2. DIARREIA ...30

2.1. Definição ...30

2.2. Causas ...30

2.3. Tratamento ...31

2.3.1. Terapia de rehidratação oral ...31

2.3.2. Probióticos ...32 2.3.3. Antidiarreicos ...32 2.4. Dieta ...34 2.5. Consulta médica ...34 2.6. Resultados ...34 3. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ...36 3.1. Definição ...36 3.2. Sinais e Sintomas ...36 3.3. Fatores de risco ...36 3.4. Prevenção ...37

(7)

3.5. Diagnóstico ...37

3.6. Tratamento ...38

3.7. Despiste de uma vaginite de origem bacteriana e tricomoníase ...39

3.8. Resultados ...40

Bibliografia ...41

ANEXOS ...46

Lista de figuras

Figura 1: Etiqueta de sinalização de produtos com prazo de validade a expirar brevemente. ... 7

Lista de tabelas

Tabela 1: Esquema de prevenção e tratamento de ectoparasitoses. ...26

Tabela 2: Esquema de preveção e tratamento de endoparasitoses ...28

Tabela 3: Esquema de preveção e tratamento de endoparasitoses e ectoparasitoses. ...28

Tabela 4: Opções de tratamento no episódio de diarreia. ...35

Tabela 5: Cuidados alimentares no episódio de diarreia. ...35

Tabela 6: Situações de alerta, no episódio de diarreia, que requerem consulta médica. .35 Tabela 7: Medicamentos não sujeitos a receita médica utilizados no tratamento de Candidíase Vulvovaginal. ...39

Tabela 8: Sinais e sintomas de Vaginose bacteriana, Candidíase e Tricomoníase. ...40

Lista de anexos

Anexo I: Receita manual com exceção assinalada ...47

Anexo II: Receita médica eletrónica com apresentação de exceção para prescrição por denominação comercial, assinalada no campo destinado à prescrição do medicamento. ...47

Anexo III: Normas de dispensa de medicamentos prescritos por Denominação comum internacional. ...48

Anexo IV: Normas de dispensa de medicamentos prescritos por denominação comercial. ...49

(8)

Anexo VI: Cartaz publicitário da “Feira dos solares e cremes”, colocado na montra da farmácia. ...51 Anexo VII: Banca com exposição de amostras e testers. ...51 Anexo VIII: Tabela resumo com os desparasitantes existentes na farmácia, onde consta, para cada um deles a espécie alvo a que estes de destinam, esquema de tratamento, espetro de ação, frequência de tratamento e idade mínima requerida. ...52 Anexo IX: Folheto Informativo “Candidíase Vulvovaginal” ...55

Lista de abreviaturas/acrónimos

ADSE Direção-Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas AMI Assistência Médica Internacional

AMPc Adenina 3’, 5’-monofosfato cíclico ANF Associação Nacional de Farmácias

APDL Administração dos Portos do Douro e Leixões, S.A. BPF Boas Práticas Farmacêuticas para Farmácia Comunitária CATIM Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica CDC Centro de Controlo e Prevenção de Doenças

CNP Código Nacional do Produto

CNPEM Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

Cp Comprimido

CVV Candidíase vulvovaginal

DAPP Dermatite alérgica à picada de pulga DT Diretora Técnica

ESCCAP Conselho Científico Europeu para Controlo de Parasitoses em Animais de Companhia

FB Farmácia do Bonfim

FEFO First Expire First Out

HCG Hormona Gonadotrofina Coriónica Humana IEFP Instituto do Emprego e Formação profissional IGRs Reguladores de Crescimento de Insetos IMC Índice de massa corporal

(9)

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

MICF Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas MNSRM Medicamentos não sujeitos a receita médica MSRM Medicamentos sujeitos a receita médica OMS Organização Mundial de Saúde

PV Prazo de Validade

PVF Preço de Faturação

PVP Preço de Venda ao Público

RH Recursos Humanos

SAMS Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários SAVIDA EDP-Medicina Apoiada, S.A.

SI Sistema Informático

SNS Serviço Nacional de Saúde TRO Terapia de rehidratação oral VBDs “Vector-Borne Diseases”

(10)

Parte I

A primeira parte do relatório diz respeito à descrição das atividades desenvolvidas durante o estágio.

1. Introdução

“A farmácia comunitária, dada a sua acessibilidade à população, é uma das portas de entrada no Sistema de Saúde” [1]. Está vocacionada para a promoção da saúde, prevenção da doença e acompanhamento dos doentes crónicos de forma a evitar o surgimento de complicações e sequelas irreversíveis.

O estágio profissionalizante em farmácia comunitária surge como componente final no ensino dos estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), permitindo-lhes um contato com a realidade diária farmacêutica.

O meu estágio foi realizado na Farmácia do Bonfim (FB), no Porto, sob a orientação de Maria Fernanda Pinto Oliveira, Diretora Técnica (DT) e proprietária, e decorreu no perído de 5 de maio a 5 de setembro de 2014.

As atividades desenvolvidas e conhecimentos adquiridos neste período encontram-se descritos no preencontram-sente relatório.

2. Organização da farmácia

2.1. Localização e horário de funcionamento

A FB localiza-se na Rua do Bonfim nº 73, Porto. Situa-se entre a Igreja Paroquial do Bonfim e a estação de metro “Campo 24 de Agosto”, uma zona habitacional e de comércio, muito movimentada.

O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 19h30 e ao sábado das 9h às 13h e das 14h às 18h, garantido assim um período de funcionamento superior ao estabelecido por lei [2].

Nos turnos de serviço permanente, a farmácia mantem-se aberta desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte. No período entre as 22h e as 8h30 o atendimento é feito através do sistema de segurança existente na montra de rua da farmácia.

(11)

2.2. Recursos humanos

Segundo o Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de agosto, as farmácias devem dispor, pelo menos, de um diretor técnico e de outro farmacêutico [3].

Os Recursos Humanos (RH) da FB são contituídos por Maria Fernanda Pinto Oliveira, Diretora Técnica, Fernando Toca, farmacêutico adjunto, Henrique Fernandes e Vera Costa, técnicos de farmácia, Mª Conceição Pereira e Nilza Soares, técnicas de higiene e limpeza. Encontram-se a realizar estágio profissional, pelo Instituto do Emprego e Formação profissional, I.P. (IEFP), Filipe Oliveira e Filipa Dias, farmacêuticos, Raul Andrade, técnico de farmácia e Sara Saldanha, administrativa. A farmácia dispõe ainda de um acessor administrativo e de contabilidade.

2.3. Instalações e equipamentos

Segundo a legislação em vigor [4], a farmácia deve dispor de instalações adequadas a garantir a segurança, conservação e preparação dos medicamentos e a acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e RH.

2.3.1. Espaço exterior

A FB encontra-se devidamente identificada na parte exterior, com a presença do símbolo “cruz verde”, o nome e logótipo da farmácia existindo ainda uma placa exterior com o nome da farmácia e da DT. No símbolo “cruz verde” encontra-se, com letras LED, informação sobre o horário da farmácia e os serviços farmacêuticos prestados nesta. Na montra está exposto o horário de funcionamento da farmácia e as escalas de turnos de serviço permanente e o logótipo do “Espaço animal” indicando que a farmácia é aderente a este serviço. Está também incorporado nesta um sistema de segurança de atendimento noturno.

A farmácia cumpre as normas de acessibilidade estabelecidas pelas Boas Práticas Farmacêuticas para Farmácia Comunitária (BPF), encontrando-se perfeitamente instalada ao nível da rua, sem escadas nem desníveis na entrada.

2.3.2. Espaço interior

O espaço interior da FB é composto por uma sala de atendimento ao público; um gabinete de atendimento personalizado com WC próprio; uma zona de processamento de encomendas onde se encontram um frigorífico, armários para stockagem de

(12)

medicamentos e um armário onde existe material de laboratório e uma balança devidamente calibrada pelos serviços de metrologia da Câmara Municipal do Porto e pelo Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM); uma zona para conferência de receituário e realização de trabalho administrativo; um armazém para

stockagem de produtos de dermocosmética, higiene, dispositivos médicos, medicamentos veterinários, entre outros; o gabinete da DT onde se encontra uma biblioteca devidamente organizada, com livros e revistas de apoio ao trabalho do farmacêutico.

Na sala de atendimento existem quatro balcões fisicamente separados entre si, de modo a garantir a privacidade do utente, equipados com um computador e impressora de talões; cadeiras destinadas aos utentes e seus acompanhantes; um pequeno recreio para as crianças; uma balança eletrónica para determinação de peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e tensão arterial; o contentor do VALORMED e um ecrã plano para efeitos diversos. Esta zona apresenta música ambiente e iluminação em tons de branco e verde-claro para proporcionar um ambiente relaxante

O gabinete de atendimento personalizado é composto por uma secretária e duas cadeiras, uma destinada ao profissional de saúde e a outra ao utente. Contém um tensiómetro para determinação da tensão arterial, aparelhos e tiras para a determinação de colesterol total, triglicerídeos e glicemia, testes de gravidez e contentores selados para os desperdícios.

A zona de processamento de encomendas encontra-se equipada com um computador; leitor de código de barras e impressoras de documentos, etiquetas e talões de faturação, o que possibilita a realização de atendimentos também neste computador.

Em todas as áreas em que se encontram medicamentos é efetuado um controlo da temperatura e humidade com recurso a termohigrómetos.

2.4. Sistema informático

O Sistema Informático (SI) utilizado na FB é o Sifarma 2000. Este desempenha um papel essencial em todas as atividades realizadas na farmácia, desde realização de encomendas à sua receção, no controlo de stocks e prazos de validade, no atendimento, controlo de receituário e faturação. Durante o atendimento permite acesso a um grande número de informações que auxiliam a atividade, nomeadamente interações entre medicamentos, indicações terapêuticas, contraindicações, reações adversas, posologia, entre outros. É ainda possível a criação de fichas de utentes mantendo um registo do histórico dos produtos dispensados.

(13)

A DT aderiu ainda ao “Sifarma.Gest”, para assistência nas atividades de gestão, e à “ANFOnline”, para acesso a informação atualizada, respeitante ao setor, nomeadamente sobre formações que irão decorrer.

3. Encomendas e Aprovisionamento

O aprovisionamento engloba as atividades de aquisição, receção, stockagem e disponibilização dos produtos para dispensa na farmácia.

3.1. Realização de encomendas

Na FB são realizadas encomendas diárias e encomendas diretas.

No final de cada dia, o SI gera uma proposta de encomenda com base nos stocks mínimo e máximo estabelecidos na ficha do produto e fornece ainda, para cada um, a média de vendas dos últimos doze meses, o número de embalagens já vendidas no mês corrente, a quantidade em stock, o Preço de Faturação (PVF), o Preço de Venda ao Público (PVP) e o Prazo de Validade (PV). Com base nesses dados, a DT analisa a proposta e escolhe os produtos e as respetivas quantidades que pretende encomendar. Este tipo de encomendas é feita informaticamente, a distribuidores grossistas selecionados com base nas condições comerciais estabelecidas com cada um. A FB trabalha com dois grandes armazéns e três cooperativas de apoio diário com diferentes horários de entrega, estando assim assegurada a disponibilidade imediata ao utente de algum medicamento em falta. Esta encomenda diz respeito a uma encomenda diária e apresenta a vantagem de ter uma resposta rápida e de permitir um melhor controlo dos

stocks, evitando a ocorrência quer de acumulações quer de ruturas. A farmácia tem

permanentemente um stock total para um mês e meio.

Em casos de urgência é possível contatar os distribuidores grossistas por telefone ou e-mail, para verificar a disponibilidade de medicamentos ou outros produtos de saúde, para que quando forem encomendados tenhamos a certeza de que os vamos receber.

As encomendas diretas são realizadas aos laboratórios farmacêuticos, através de um delegado de vendas, com base no histórico de vendas, no PVF, no PVP e nos acordos comerciais estabelecidos. São realizadas quando há a necessidade de fazer a compra de grandes volumes.

Durante o estágio, com a supervisão da DT, tive a oportunidade de cooperar em todas estas atividades.

(14)

3.2. Receção e conferência de encomendas

As encomendas que chegam à farmácia vêm acompanhas da fatura, ou guia de remessa, emitida em duplicado, na qual constam: o número e a data do documento; a identificação do fornecedor; a identificação da farmácia com número de cliente e número de contribuinte; para cada produto vem indicado o Código Nacional do Produto (CNP), a descrição, a quantidade pedida, a quantidade enviada, o bónus, o PVF, o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e o desconto comercial. Nos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) o PVP, determinado pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (INFARMED), vem marcado na embalagem e referenciado na fatura. Para os outros produtos, como medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), o PVP é determinado na farmácia de acordo com as magens de lucro e, por vezes, com promoções sazonais, sendo referenciado na fatura apenas o PVF. Este PVP é impresso numa etiqueta autocolante, acompanhado pela designação do produto, código de barras e respetivo IVA, que é posteriormente colada na embalagem, sem prejuízo da informação nela contida. No final do documento vem ainda indicado o valor faturado total.

Na receção, os produtos são passados um a um pelo leitor de código de barras sendo necessário ter atenção, nesta fase, ao PV. Quando este é inferior ao dos produtos existentes na farmácia ou quando o stock desse produto é nulo, este é introduzido no SI de forma a que, na ficha do produto, seja sempre visualizado o PV mais curto. Após serem introduzidos todos os produtos é confirmado se as quantidades, os PVF, os PVP e o valor total faturados coincidem com o que está no SI, e caso exista alguma diferença esta é corrigida.

Se existir alguma discrepância entre os produtos rececionados e os produtos encomendados, ou se não for respeitado algum acordo comercial pré-estabelecido, procede-se à reclamação via telefónica ao armazém de envio, que poderá resultar depois numa devolução.

Caso existam produtos esgotados, essa lista é enviada informaticamente para a INFARMED, a fim de alertar uma situação lesiva para a saúde pública.

Se a encomenda contiver benzodiazepinas ou medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, o SI pede a confirmação do número do documento para registo de entrada destes medicamentos, sendo posteriormente também esta lista enviada ao INFARMED.

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3.3. Devoluções

Durante a receção de encomendas, pode surgir a necessidade de realizar uma devolução devido à ocorrência de problemas tais como: produtos fora do PV ou que este termine brevemente, produtos danificados, não encomendados ou lotes de medicamentos cuja recolha foi ordenada pelo INFARMED ou laboratório fornecedor. Nestes casos, é necessario a emissão de uma nota de devolução com indicação dos produtos a devolver e o motivo da mesma. Esta é impressa em triplicado, sendo o original e duplicado, devidamente rubricados e carimbados, enviados ao fornecedor apensados aos produtos a devolver, e ficando o triplicado arquivado na farmácia. Os produtos que aguardam devolução devem estar separados dos demais e devidamente identificados para tal. A devolução é depois regularizada pela emissão de uma nota de crédito.

3.4. Armazenamento

Todos os produtos que dão entrada na farmácia possuem um lugar específico para a sua arrumação, que cumpre todas as condições para uma correcta conservação, possibilitando um rápido acesso a estes.

Os medicamentos são armazenados segundo a sua forma farmacêutica. Dentro de cada uma delas, são organizados por ordem alfabética, da dosagem mais baixa para a mais alta, e da quantidade de unidades por embalagem mais pequena para a maior. Os medicamentos originais, de marca, seguem a ordem alfabética do nome comercial, enquanto os medicamentos genéricos seguem a ordem alfabética do nome de substância ativa.

Os restantes produtos estão organizados por laboratório fornecedor, também respeitando a ordem alfabética, dosagem e quantidade de produto.

Os dispositivos médicos estão guardados segundo o fim específico a que se destinam.

Os MNSRM de maior rotatividade encontram-se expostos na sala de atendimento assim como suplementos vitamínicos, produtos dietéticos, de veterinária, para higiene oral, dermocosmética e puericultura. Ainda nesta sala é possível encontrar, embora armazenados em gavetas, os contracetivos orais, testes de gravidez e anti-inflamatórios não esteróides.

Os produtos de frio encontram-se armazenados no frigorífico a uma temperatura entre 2-8ºC, controlada por termómetro calibrado, sendo os seus valores registados diariamente num folheto próprio, com anotação das horas e do RH qualificado que fez a leitura.

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Os psicotrópicos e estupefacientes encontram-se num armário próprio, separados dos restantes medicamentos e longe do alcance e vista dos utentes.

3.4.1. Prazo de validade

Além dos critérios mencionados acima, todos os produtos existentes na farmácia devem ser organizados segundo o princípio First Expire First Out (FEFO), ou seja, a arrumação deve garantir que produtos com validade mais curta sejam vendidos em primeiro lugar. Desta forma, estes devem ficar sempre colocados à frente dos produtos com prazo de validade mais longo.

Na FB, mensalmente, são emitidas listas, atráves do SI, dos produtos com PV a expirar nos próximos seis meses. De acordo com determinados laboratórios, os produtos terão de ser devolvidos dois meses antes de findo o seu PV. Os que não se encontram nestes parâmetros, são devidamente assinalados por etiqueta específica (Figura 1) a fim de serem dispensados primeiramente. Por vezes é ainda realizado um abaixamento de PVP por uma promoção, como acontece nos produtos de dermocosmética, puericultura, suplementos alimentares, entre outros, com o objetivo de vender rapidamente estes produtos.

Figura 1: Etiqueta de sinalização de produtos com prazo de validade a expirar brevemente.

4. Dispensa de medicamentos

Segundo as BPF [1], a dispensa de medicamentos é o acto profissional em que o farmacêutico cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica, em regime de automedicação ou indicação farmacêutica, acompanhados de toda a informação indispensável para o seu correcto uso.

(17)

Os medicamentos são classificados, quanto à dispensa ao público, em medicamentos sujeitos a receita médica e medicamentos não sujeitos a receita médica [5].

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

Estão sujeitos a receita médica todos os medicamentos que cumpram uma das seguintes condições: possam constituir um risco para a saúde do doente, directa ou indirectamente, quando utilizados sem vigilância médica ou para fins diferentes daquele a que se destinam; que contenham substâncias cuja actividade ou reacções adversas seja indispensável aprofundar; ou que se destinem a ser administrados por via parentérica.

De acordo com os critérios de prescrição, estes medicamentos podem ser divididos em quatro tipos: medicamentos de receita médica não renovável (medicamentos utilizados em tratamentos pontuais), medicamentos de receita médica renovável (medicamentos que se destinam a determinadas doenças ou tratamentos prolongados sendo prescritos numa receita constituída por três vias), medicamentos de receita médica especial (estupefacientes ou psicotrópicos e medicamentos que possam causar dependência ou ser utilizados para fins ilegais) e medicamentos de receita médica restrita (destinados à utilização reservada a certos meios especializados) [5].

4.1.1. Prescrição médica

A prescrição médica é feita por via eletrónica podendo, em situações excecionais ser feita via manual. Essas exceções são [6]:

a) A falência do sistema informático;

b) A inadaptação fundamentada do prescritor; c) A prescrição ao domicílio;

d) Outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês.

Estas devem vir assinaladas em espaço próprio na receita médica, no canto superior direito, abaixo do número da receita médica e acima da vinheta do local de prescrição (anexo I).

Nos termos da lei atual [7], a prescrição de medicamentos é feita obrigatoriamente pela Denominação Comum Internacional da substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e apresentação. A legislação prevê, no entanto, três exceções, em que a prescrição pode incluir a denominação comercial do medicamento. Estas devem ser referidas pelo médico no campo destinado à prescrição do medicamento (anexo II) e são as seguintes:

(18)

 Exceção a) Prescrição de medicamento com margem ou índice terapêutico estreito;

 Exceção b) Suspeita de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial;

 Exceção c) Prescrição de medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias.

Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, Medicamentos Manipulados, produtos dietéticos com caráter terapêutico e dispositivos destinados ao autocontrolo de diabetes mellitus (tiras-teste para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria, agulhas, seringas e lancetas) devem ser prescritos isoladamente, ou seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos.

Em cada receita podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos, com um limite máximo de duas embalagens por medicamento, e de quatro embalagens por receita médica. O número de embalagens por medicamento pode ser aumentado para quatro no caso de medicamentos vendidos em dose unitária [6].

4.1.1.1. Regimes de comparticipação

A comparticipação do Estado no preço dos medicamentos de venda ao público é feita segundo dois regimes: o regime geral e o regime especial.

O regime geral abrange todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), benediciários da Direção-Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas (ADSE), agentes de Guarda Nacional Republicana e agentes da Polícia de Segurança Pública, e os medicamentos são comparticipados de acordo com quatro escalões: A, B, C e D, que correspondem a comparticipações de 90%, 69%, 37% e 15%, respetivamente.

O regime especial garante uma maior comparticipação no preço dos medicamentos e abrange os pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato, e medicamentos destinados patologias especiais, defenidas por despacho [8]. A listagem destas patologias e respetivos despachos encontram-se disponíveis no sítio do INFARMED [9].

Medicamentos manipulados, dispositivos destinados ao autocontrolo de diabetes

mellitus e produtos dietéticos com caráter terapêutico (listagem fornecida pela Direção

(19)

É importante salientar que, de outubro a fevereiro do ano seguinte, a vacinação contra a gripe também é sujeita a comparticipação, mediante apresentação de receita médica.

Existem ainda outras entidades que realizam comparticipação complementar ao SNS, como o Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários (SAMS), EDP-Medicina Apoiada, S.A. (SAVIDA), Administração dos Portos do Douro e Leixões, S.A. (APDL), entre outros.

4.1.2. Validação da prescrição médica

O medicamento prescrito só poderá ser dispensado ao doente se a receita médica se encontrar válida. A validação da receita implica a presença, de forma legível, dos seguintes elementos [12]:

 O número da receita;

 Identificação do médico prescritor;  Local de prescrição;

 Dados do utente;

o Nome e número de utente;

o Entidade financeira responsável pela comparticipação;

o Regime especial de comparticipação, se aplicável (A letra “R” aplica-se aos utentes pensionistas e a letra “O” aplica-se aos utentes abrangidos por outro regime especial de comparticipação identificado por menção ao respetivo diploma legal);

 Identificação do medicamento (ver ponto 4.1.1). Deve ainda incluir o Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM) que agrupa todos os medicamentos que respeitam a prescrição;

 A exceção que justifica a prescrição por nome comercial do medicamento e o despacho que estabelece o regime especial de comparticipação, se aplicável, têm de constar junto ao medicamento;

 Número de embalagens;

 Data de prescrição, necessária para determinar a validade da receita; o Receita não renovável – válida pelo prazo de 30 dias seguidos, contados a partir da data da sua emissão.

o Receita renovável – cada via tem uma validade de seis meses, contados a partir da data de emissão.

(20)

A prescrição de medicamentos por via manual implica a aposição de vinhetas na receita médica referentes à identificação do prescritor e do local de prescrição, assim como a indicação da exceção que justifique a prescrição manual [6].

4.1.3. Avaliação e interpretação da prescrição médica

Segundo as BPF [1], cada prescrição deve ser avaliada e interpretada em relação à necessidade do medicamento, sua adequação ao doente, contraindicações, interações, situações de alergias, intolerâncias, posologia e condições do doente/sistema para administrar o medicamento.

Para isso, o farmacêutico deve estar atento, realizando perguntas discretas, mas configurativas. Por vezes surgem erros como a troca de medicação entre utentes, por parte do médico do Centro de Saúde, visto que, como se trata de medicação habitual, pode ser pedida sem consulta médica; já foram detetados também casos em que medicamentos para adultos foram prescritos em serviços de pediatria;

4.1.4. Dispensa de medicamentos

Durante a dispensa, o utente tem o direito de opção entre os medicamentos que cumpram a prescrição médica, devendo o farmacêutico informá-lo da existência de medicamentos genéricos similares, comparticipados pelo SNS, e qual o mais barato; caso não existam medicamentos genéricos, deve ser-lhe dito qual o medicamento comercializado mais barato. A opção de escolha está, no entanto, limitada pelas exceções a) e b) referidas no ponto 4.1.1. No caso da exepção c), o utente poderá optar por um medicamento similar ao prescrito, com preço igual ou inferior a este. Assim, as farmácias devem ter disponíveis para venda três medicamentos de cada grupo homogéneo de entre os cinco medicamentos com preço mais baixo [7]. As normas de dispensa de medicamentos [12] encontram-se esquematizadas nos anexos III e IV.

Quando existe discrepância entre a dimensão da embalagem prescrita e as embalagens disponíveis, o farmacêutico pode dispensar uma embalagem de tamanho equivalente, ou seja, embalagens que embora de tamanho diferente apresentem o mesmo CNPEM. Se a receita não referir o tamanho da embalagem, é dispensada a de menor dimensão disponível no mercado [12].

Na finalização da dispensa, o SI pede para que a receita seja colocada na impressora e é impresso no verso: a identificação da farmácia com nº de contribuinte e identificação da DT; documento de faturação com indicação do regime de comparticipação, o lote e número da receita, os medicamentos aviados, o valor total da

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receita, os encargos para o utente e o valor da comparticipação e ainda a declaração de dispensa ao utente dos medicamentos constantes na receita. Após esta impressão, o utente terá de validar a mesma com a sua assinatura, sendo da responsabilidade do farmacêutico colocar o carimbo da farmácia, a data da dispensa e assinar.

Antes da dispensa da medicação, o farmacêutico deve garantir que o utente recebe toda a informação necessária para um uso correcto, seguro e eficaz dos medicamentos, assegurando-se de que não restem dúvidas sobre a forma como devem ser tomados, a duração do tratamento e eventuais precauções especiais.

Durante o estágio, a avaliação da prescrição, a dispensa de medicamentos e a indicação da posologia foram questões profissionais em que tive a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos durante o curso. Procurei sempre transmitir as informações da forma mais clara possível, garantindo que os utentes tinham conhecimento da finalidade dos medicamentos que estavam a ser dispensados, questionando sempre sobre da toma de outros medicamentos além destes, com o objetivo de evitar uma toma errada ou a ocorrência de uma terapia duplicada.

4.1.5. Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ao atuarem diretamente sobre o sistema nervoso central podem causar dependência ou habituação, estando por isso a dispensa destes sujeita a um controlo mais rigoroso. A sua prescrição é feita em receita médica especial com a designação “RE”. No ato da dispensa, o SI apresenta uma janela para preenchimento com o nome do adquirente, número e data do documento de identificação, número da receita e a data da dispensa.

A receita original é fotocopiada, sendo esta arquivada na farmácia durante um período de três anos, e aquela segue o procedimento normal de faturação descrito no ponto anterior.

É ainda necessário enviar ao INFARMED uma listagem, gerada informaticamente e validada com o carimbo da farmácia, data e assinatura do farmacêutico, das receitas aviadas da qual constem os dados do adquirente [6, 12].

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os medicamentos não sujeitos a receita são medicamentos que atendendo ao seu perfil de segurança e indicações farmacoterapêuticas não necessitam de prescrição médica, podendo ser fornecidos mediante aconselhamento farmacêutico.

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4.2.1. Aconselhamento farmacêutico

Quando um doente se dirige à farmácia para aquisição de MNSRM ou outros produtos de saúde, há três situações principais que se podem apresentar ao farmacêutico:

A. O doente apresenta uma condição que o farmacêutico considera necessitar de atendimento médico imediato, reencaminhando-o para esse serviço;

B. O doente já vem à farmácia com uma ideia pré-formada do medicamento que pretende adquirir. Neste caso, o farmacêutico deve questioná-lo sobre a sua patologia, os sintomas que apresenta, qual a razão para a escolha desse medicamento e se está bem informado acerca do mesmo. Se não for verificada nenhuma inconformidade, o medicamento é-lhe fornecido. Caso contrário, o farmacêutico, com o seu aconselhamento e esclarecimento, sugere um tratamento alternativo que considere mais adequado;

C. O doente dirige-se à farmácia e solicita o aconselhamento do farmacêutico para a promoção da sua saúde e bem estar. Este avalia a situação do doente através da observação do seu estado e de questões pertinentes, responsabilizando-se pela seleção de um MNSRM ou de um tratamento não farmacológico, com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde de caráter não grave, autolimitante, de curta duração, que não apresente relação com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente [1].

O aconselhamento farmacêutico é o pilar central da atividade farmacêutica. O farmacêutico tem por obrigação ética e legal, a promoção do uso racional dos medicamentos, dispensando-os de forma adequada à patologia e caraterísticas do doente. Durante o estágio tive oportunidade de prestar aconselhamento em diversas situações, sendo as mais assíduas na farmácia problemas do foro digestivo ligeiros, gripes e constipações, estados febris em crianças, dores musculares, queixas ortodentárias, problemas ginecológicos e, tendo eu realizado estágio durante o verão, queimaduras solares.

5. Dispensa de outros produtos

Além dos medicamentos, existem outros produtos de venda em farmácia, nomeadamente: medicamentos de uso veterinário, medicamentos homeopáticos, suplementos alimentares, produtos fitoterapêuticos, dispositivos médicos e produtos cosméticos e de higiene corporal.

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O farmacêutico deve ter conhecimento dos diferentes produtos e das suas particularidades, de forma a providenciar um aconselhamento adequado.

5.1. Medicamentos de uso veterinário

Define-se como medicamento de uso veterinário “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuíndo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma acção farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [13].

Na FB, a maioria dos medicamentos dispensados são desparasitantes internos e externos, destinados a animais de companhia, nomeadamente cão e gato.

Tal como acontece com outros medicamentos, o farmacêutico deve fazer a seleção mais adequada à espécie animal, ao porte e à sua idade, fornecendo todas as informações necessárias ao utente, para o seu correto uso.

5.2. Medicamentos homeopáticos

Os medicamentos homeopáticos são abrangidos pelo Estatuto do Medicamento, que os define como: “medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode ter vários princípios” [5].

São destinados a ser utilizados sem vigilância médica devido ao seu perfil de segurança. É necessária a indicação de “medicamento homeopático” no acondicionamento primário, secundário e folheto informativo.

A FB dispõe de uma vasta gama destes medicamentos, utilizados no tratamento de estados gripais, rinite, tosse, dores de garganta, problemas digestivos, contusões e estados ansiosos e emotivos ligeiros. Esta é uma área de grande aposta pela farmácia, sendo muitas vezes os medicamentos de primeira escolha.

5.3. Suplementos alimentares

Um regime alimentar adequado e variado, em circunstâncias normais, fornece todos os nutrientes necessários ao bom desenvolvimento e à manutenção de um bom estado de saúde. No entanto, devido ao estilo de vida, isso nem sempre é possível. Os

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suplementos alimentares constituem fontes concentradas de nutrientes, comercializados de forma doseada, e surgem como um complemento ao regime alimentar normal [14].

A FB dispõe de produtos destinados ao cansaço físico e mental, proteção do sistema imunitário, emagrecimento e de ação geral para promoção de um estilo de vida mais saudável. Durante o estágio tive a oportunidade de dispensar vários destes produtos, principalmente para emagrecimento. Os novos produtos Adiprox® (Aboca) e Libramed® (Aboca) foram os mais aconselhados por possuirem uma ação dupla no combate ao excesso de peso. O Adiprox® (Aboca) favorece a microcirculação sanguínea e diminuição da produção de radicais livres a nível do tecido adiposo, potenciando a lipólise e perda de peso. O Libramed® (Aboca) por sua vez diminui a absorção de açúcares ajudando a prevenir o pico glicémico e reduzindo o perímetro abdominal. Este último apesar de se tratar de um dispositivo médico, encontra-se aqui referido pela sua ação conjunta com o Adiprox® (Aboca).

5.4. Fitoterápicos

Os medicamentos fitoterápicos são medicamentos à base de plantas, tendo como substâncias ativas, partes de plantas ou preparações obtidas destas como pós, tinturas, extractos, óleos essenciais, sucos espremidos, exsudados transformados [5].

A FB dispõe de produtos fitoterápicos com ação laxante, distúrbios digestivos, perturbações do sono e tosse.

5.5. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos são produtos (instrumentos, aparelhos, equipamentos,

software, material ou artigo) destinados a serem utilizados para fins comuns aos dos

medicamentos, como prevenir, diagnosticar e tratar, destinguindo-se destes por atingirem os seus fins através de mecanismos que não se traduzem em ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas.

São utilizados no controlo, diagnóstico, atenuação e tratamento de doenças, lesões e deficiências; no estudo e alteração de processos fisiológicos e ainda no controlo da concepção [15]

Durante o meu estágio a DT adquiriu um novo produto, o Grintuss® (Aboca), que obteve grande recetividade por parte dos utentes. Este é um xarope pra a tosse seca e irritativa ou com expetoração e atua por formação de uma película protetora com efeito barreira, que acalma a tosse e protege as vias respiratórias superiores. Este produto está

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também indicado para fumadores, aconselhando-se a toma de uma colher diária, de manhã.

5.6. Produtos cosméticos e de higiene corporal

Entende-se por Produto Cosmético qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou de corrigir os odores corporais [16].

Estes foram objeto de grande procura durante o estágio, nomeadamente protetores solares, para adulto e infantis, e cremes de rosto e corpo hidratantes e nutritivos. Na indicação destes produtos é necessário ter em atenção o tipo de pele, a idade, a existência de patologias (pele atópica, psoríase) e as preferências particulares do utente.

6. Outros serviços prestados na farmácia

As farmácias foram evoluindo desde meros locais de venda de medicamentos para entidades prestadoras cuidados de saúde, possibilitando a promoção da saúde e uma melhoria na qualidade de vida dos utentes.

6.1. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos

A FB dispõe de uma balança digital que permite a determinação do peso, altura, IMC e tensão arterial. A tensão arterial pode também ser avaliada por um tensiómetro existente no gabinete de atendimento personalizado. Também são realizadas determinações de colesterol total, triglicerídeos e glicemia, em sangue capilar periférico através de tiras reativas e respetivo equipamento, anualmente calibrado. Estas determinações são registadas em impresso próprio (anexo V) que ficará na posse do utente para que este, o seu farmacêutico e o seu médico possam manter um controlo das determinações que vai realizando. Quando são verificados valores fora do normal, os utentes são encaminhados para uma consulta médica. A farmácia também realiza testes de gravidez, pela determinação da hormona Gonadotrofina Coriónica Humana (HCG) na urina.

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6.2. Espaço animal

A FB é aderente ao Espaço animal, um serviço desenvolvido pela Associação Nacional de Farmácias (ANF), que garante formação adequada e permanente às equipas das farmácias tornando-as especializadas no segmento veterinário. Além disso, permite às farmácias disponibilizar uma maior variedade de medicamentos e produtos para animais, além de fornecer folhetos e posters de auxílio ao aconselhamento farmacêutico [17].

6.3. VALORMED

A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que tem a responsabilidade da gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso [18]. A farmácia dispõe de um contentor onde vão sendo colocados os produtos a ele destinados e uma vez cheio, é selado e pesado. Este valor é anotado no contentor em espaço próprio, juntamente com a identificação da farmácia. O contentor é levado por um distribuidor para as suas instalações e depois enviado para o Centro de Triagem para poderem ser eliminados.

6.4. Recolha de radiografias usadas

A recolha de radiografias usadas é uma campanha realizada pela Assistência Médica Internacional (AMI), para a angariação de fundos pela venda da prata nelas contida, e para uma reciclagem dos restantes materiais [19]

6.5. Angariação de fundos monetários

A FB dispõe, em certos períodos do ano, de mealheiros destinados à angariação de fundos monetários, destinados a diversas associações nomeadamente para rastreio do cancro do cólon, de apoio a crianças portadoras de deficiência física e mental, entre outras.

7. Processamento do receituário e faturação

O reembolso do valor comparticipado dos medicamentos requer o envio mensal do receituário e respetiva faturação à entidade responsável. Todos os processamentos

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realizados no ato da dispensa são novamente conferidos por um farmacêutico designado pela DT, sendo esta a última pessoa a realizar a conferência do receituário de todos os organismos comparticipantes.

Após a conferência, as receitas são compiladas por organismo comparticipante e por ordem númerica, em lotes de 30 receitas. Quando um lote se encontra completo, é fechado informaticamente e é impresso o verbete de identificação do mesmo, no qual consta o nome da farmácia e respetivo código atribuido pelo INFARMED; indicação do organismo comparticipante; mês e ano de faturação; valor em PVP total e a parcela correspondente à regularização pelo utente e pela entidade comparticipante. O verbete é carimbado e anexado ao respetivo lote.

No dia 30 de cada mês, os lotes das receitas comparticipadas pelo SNS são enviados para o Centro de Conferência de Faturas do mesmo e os restantes são enviados a um departamento específico da ANF, que é um intermediário entre a farmácia e os organismos comparticipantes. As receitas vão acompanhadas da relação resumo de lotes e da fatura global, com indicação do valor total do PVP dos medicamentos e a parcela corresponte ao valor pago pelo utente e o valor da comparticipação.

Quando o Centro de Conferência dos oganismos comparticipantes deteta um erro na receita, não é pago o valor da comparticipação, e a receita é devolvida à farmácia com um documento indicando qual o motivo da devolução. Sempre que esta possa ser corrigida, é novamente integrada na faturação do mês seguinte.

8. Formações

A área científica encontra-se em constante evolução, surgindo novas moléculas, novas formulações e novos produtos, sendo fundamental o farmacêutico manter atualizados os seus conhecimentos. Desta forma, “a formação contínua é uma obrigação profissional” [1]. Ao longo do estágio tive oportunidade de assistir ao evento “Summer Challenge” da Johnson & Johnson, à formação realizada pela ISDIN sobre Fotoproteção e à formação realizada pelo laboratório Sanofi Pasteur MS, S.A. sobre a nova vacina Zostavax®.

O “Summer Challenge” foi um evento que teve como alvo o marketing. Neste, foram apresentadas estatísticas de vendas dos produtos Johnson & Johnson, nas quais a Piz Buin® e a Neutrogena® apresentaram ser as marcas mais vendidas em farmácia, no que diz respeito a marcas de protetores solares e cremes de mãos hidratantes, respetivamente. Foram-nos também apresentadas as campanhas de marketing que iriam ser implementadas nos meses de verão, quer nas farmácias quer a nível dos meios de comunicação social.

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Na formação ISDIN, foram demonstrados e apresentados todos os produtos da gama de fotoproteção. Esta gama é composta por protetores solares de rosto e corpo, com diferentes texturas, adequadas à zona do corpo e tipo de pele a que se destinam, apresentando produtos quer pediátricos quer para adultos.

O laboratório Sanofi Pasteur MS, S.A. apresentou a nova vacina Zostavax®. Esta provém do vírus vivo atenuado do Herpes Varicela-Zoster 1, estirpe Oka/Merck, estando indicada para a imunização de indivíduos com mais de 50 anos de idade, para a prevenção da Zona e da Nevralgia Pós-Herpética. Esta vacina é a primeira existente para este fim no mercado mundial de saúde pública.

9. Experiência pessoal

No primeiro dia de estágio na FB foram-me apresentados os RH da farmácia e feita uma drescrição geral do funcionamento e organização da mesma.

As primeiras atividades realizadas envolveram a organização e arrumação dos produtos da farmácia, o que permitiu familiarizar-me com todos eles.

Posteriormente, passei a realizar a receção de encomendas, sempre com supervisão, onde tomei contato com o SI, os modelos de faturas e aspetos legais inerentes. Como todos os dias chegam encomendas à farmácia, foi algo que fui realizando ao longo de todo o estágio, acabando por adquirir grande autonomia. Esta é uma área muito importante, na medida em que a ocorrência de erros pode levar à existência de stocks incorretos.

Embora pouco frequentemente, foi necessário realizar devoluções, devido à existência de produtos com prazo de validade a expirar e diferenças verificadas entre os produtos encomendados e os rececionados. Nestes casos, a FB contata sempre o fornecedor, alertando-o para a ocorrência da devolução e informando-o do motivo.

Recebi ainda formação sobre a determinação de colesterol total, triglicerídeos e glicemia em tiras reativas, realização de testes de gravidez e determinação de peso, altura, IMC e pressão arterial com recurso a balança eletrónica e tensiómetro. Sempre que realizava estas determinações, avaliava os parâmetros obtidos, alertando os utentes sempre que estes se encontravam fora dos intervalos de referência e aconselhando uma consulta médica quando pertinente.

Ao fim de dois meses fui para o atendimento ao utente onde tive formação acerca da validação das receitas médicas, do funcionamento do SI e das normas relativas à dispensa de medicamentos. No atendimento tinha a supervisão de um farmacêutico, que me auxiliava sempre que necessário. Esta foi uma área de aprendizagem constante, principalmente no que diz respeito ao aconselhamento farmacêutico, sentindo muitas

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vezes a necessidade de consultar fontes de informação, nomeadamente o prontuário terapêutico, o resumo das caraterísticas do medicamento, e até mesmo de rever matérias lecionadas no MICF, principalmente na unidade curricular de Fisiopatologia e Farmacoterapia. Neste sentido, as formações que tive oportunidade de assistir foram também uma mais-valia. Procurei sempre divulgar o cartão “Farmácias Portuguesas” e o seguro de saúde “Plano+Saúde”, pelos benefícios que apresentam para os utentes.

No final de cada dia auxiliava no fecho de caixa, com conferência do apuro, e impressão do Diário de gestão e Talão recapitulativo diário, que fornecem um resumo acerca das vendas realizadas, créditos, valor das comparticipações, etc. No final, realizavam-se as cópias de segurança do sistema informático, de forma a evitar a perda de informação em caso de avaria ou acidente.

Outras funções em que tive oportunidade de participar foram a conferência de receituário, o processamento do mesmo e faturação no final do mês, a preparação do contentor do VALORMED, para ser entregue ao distribuidor, e o controlo mensal de PV. Em relação a este último, elaborei ainda as etiquetas (apresentadas na figura 1) para sinalização dos produtos com PV a terminar.

Em relação à exposição dos produtos, auxiliei a DT na elaboração de pequenas montras existentes na farmácia, onde são colocados produtos para destaque de acordo com a época do ano onde nos encontramos. Nos meses de verão eram compostos principalmente por protetores solares, produtos para o alívio e tratamento de queimaduras, picadas de insetos e produtos para emagrecimentos.

Foi realizada também a “Feira dos Solares e Cremes”. Esta iniciativa teve como objetivo promover a venda dos protetores solares, pós-solares e cremes hidratantes através de promoções em todos estes artigos e realização de uma pequena banca onde estavam expostas amostras e testers para utilização por parte dos utentes. (anexo VI e anexo VII) Nesta atividade realizei o cartaz publicitário para colocar na montra e permaneci junto à banca aconselhando os utentes na escolha do produto mais indicado.

10. Conclusão

O estágio profissionalizante é uma parte fundamenal do MICF permitindo aos estudantes um contato direto com a realidade profissional do farmacêutico. Permite uma aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso e consolidação dos mesmos, mas também a obtenção de novas competências com uma valência mais prática, que de outra forma não seriam conseguidas.

Esta foi uma atividade desafiante, mas ao mesmo tempo muito gratificante e enriquecedora, tendo sido uma mais-valia para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

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Parte II

A segunda parte do relatório diz respeito aos temas desenvolvidos ao longo do estágio.

Objetivos

A farmácia de oficina, como espaço de promoção de saúde e bem-estar, deve sempre procurar responder às necessidades do utente da melhor forma possível. Para isso, a inovação e adaptação devem estar sempre presentes nos profissionais que desenvolvem estar atividade.

A Parte II do presente relatório teve como objetivo o desenvolvimento de temas e elaboração de trabalhos que se mostrassem benéficos para a farmácia, utentes e estagiário. Para isso, mantive sempre uma posição ativa na farmácia, de forma a poder perceber o que seria mais vantajoso para todos os elementos.

Durante o estágio decidi desenvolver três temas: Desparasitação de animais de companhia; Diarreia; Candidíase Vulvovaginal.

O desenvolvimento dos temas “Desparasitação de animais de companhia” e “Diarreia” será mais direcionado para a farmácia, com sistematização dos produtos existentes nesta e suas indicações, com o objetivo de auxiliar no aconselhamento farmacêutico. A “Candidíase Vulvovaginal” tem com objetivo fornecer informação aos utentes sobre a patologia, alertando-os sobre as causas, sinais, sintomas, fatores de risco, prevenção e tratamento.

1. DESPARASITAÇÃO DE ANIMAIS DE COMPANHIA

Os cães e gatos são os principais animais de companhia em todo o mundo. Eles têm-se tornado parte das familias que os acolhem e os benefícios da sua presença são indiscutíveis. No entanto, estes animais podem albergar parasitas potencialmente perigosos para estes e para os humanos.

A prevenção e tratamento de parasitoses em animais de companhia assume assim uma importância fundamental a nível da Saúde Animal, mas também no que respeita à Saúde Públida e Ambiental.

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Desta forma, o conhecimento dos produtos destinados a este fim torna-se essencial para o farmacêutico. Com isso em conta e devido ao fato de esta ser uma área pouco abordada no MICF, desenvolvi o tema “Desparasitação de animais de companhia”.

1.1. Os parasitas

Um parasita é um organismo que sobrevive e se reproduz dentro de outro organismo, geralmente maior, designado hospedeiro. De acordo com a sua localização neste, os parasitas podem ser divididos em ectoparasitas (parasitas externos) e endoparasitas (parasitas internos) [20]. Os ectoparasitas, que infestam cães e gatos, abrangem vários artrópodes, pertencentes taxonomicamente à subclasse Acari, como carraças e ácaros, e à classe Insecta, como pulgas, piolhos mastigadores e sugadores, mosquitos, moscas e flebótomes [21]. Os endoparasitas incluem maioritariamente helmintas intestinais e protozoários (representados principalmente por Giardia spp.) [22].

O controlo de ectoparasitas é importante na medida em que podem originar [21]:  Lesões cutâneas, que podem complicar-se por infeções bacterianas e fúngicas

secundárias e dermatites;

 Respostas imunopatológicas, principalmente pela saliva do ectoparasita, que podem levar a reações alérgicas, sendo a mais importante a dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP);

 Transmissão de agente patogénicos, capazes de originar doenças conhecidas como “vector-borne diseases” (VBDs), que habitualmente têm maior importância clínica do que a infestação em si;

 Ocorrência de Zoonoses;

 Interferência na qualidade da relação animal-humano. O animal como fonte de infestação pode causar sério desconforto no seio da família.

Os endoparasitas assumem especial atenção devido ao seu caráter zoonótico [20].

1.2. Prevenção e controlo de infestações

1.2.1. Ectoparasitoses

As ectoparasitoses são das doenças mais frequentes em carnívoros, sendo a pulga e a carraça os principais organismos responsáveis. A carraça apresenta, no entanto, uma maior importância na medida em que é o principal vetor de doenças zoonóticas [23].

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Segundo as diretrizes do Conselho Científico Europeu para Controlo de Parasitoses em Animais de Companhia (ESCCAP), a probabilidade de ocorrência de infestações por ectoparasitas varia conforme o estilo de vida do animal [21].

Animais com pouco acesso ao exterior apresentam um risco mínimo de infestação. Nestes casos, os cuidados de higiene habituais com realização de uma inspeção visual são medidas suficientes para o seu controlo. Na eventualidade de ocorrência de infestação, deve proceder-se à remoção do parasita e administração de um ectoparasiticida.

Em animais com acesso regular ao exterior e com contato frequente com outros animais, o risco de infestação é considerado elevado. Nestas situações é recomendado o uso profilático de ectoparasiticidas conjuntamente com a limpeza diária da casa e de qualquer outro local com que o animal tome contato, designadamente o carro. É ainda importante o uso de produtos específicos para o tratamento ambiental. A frequência de tratamentos é habitualmente de 4 em 4 semanas, podendo no entanto variar conforme o medicamento veterinário utilizado, que poderá ter uma duração de ação superior ou inferior.

Na presença de animais com DAPP, o controlo inseticida deve manter níveis sempre muito baixos ou inexistentes de pulgas. Isto pode ser conseguido com aplicação regular de inseticidas e controlo adequado do ambiente. O mesmo acontece com animais expostos a um risco elevado de doenças transmitidas por carraças. O uso de acaricidas com atividade repelente tem um efeito imediato no controlo da picada da carraça, diminuindo a probabilidade de transmissão dessas doenças.

É importante salientar a ideia de que não basta tratar o animal infestado, mas todos os animais de companhia que frequentam o mesmo espaço.

Embora a infestação por ectoparasitas ocorra principalmente nos meses mais quentes do ano, em especial pulgas, carraças e mosquitos, está demonstrado que as infestações podem ocorrer ao longo de todo o ano, não se podendo descurar o tratamento nos meses mais frios.

1.2.2. Endoparasitoses

Ascarídeos e Ancilostomídeos são os principais parasitas causadores de endoparasitoses em animais de companhia por todo o mundo, tendo ambos potencial zoonótico [24].

A presença dos endoparasitas Toxocara canis, Toxocara cati e Ancylostoma

caninum está bem documentada em animais ainda no seu início de vida. Segundo

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cachorros deve ser feito às 2, 4, 6 e 8 semanas de idade e em gatinhos às 3, 5, 7 e 9 semanas, para prevenção da infeção [25].

As diretrizes do ESCCAP recomendam a mesma data de início e intervalos de tratamento, mas acrescentam que o tratamento se deve prolongar até duas semanas após o desmame, passando depois a ser mensal até aos 6 meses de idade. Esta entidade recomenda ainda o tratamento da progenitora a cada 15 dias durante oito semanas após o parto devido à possibilidade de existência de infeções latentes.

Na fase adulta, a desparasitação deve ser feita, regra geral, a cada três meses, estando demonstrado que o tratamento mensal reduz significativamente a incidência de infeção. O tratamento mensal assume especial importância quando crianças têm contato com os animais, sofrendo o risco de infeção [24]. Além disso, é recomendada a realização de exames fecais duas a quatro vezes durante o primeiro ano de vida, e uma a duas vezes por ano durante a idade adulta, dependendo do estilo de vida do animal [26].

Outras medidas devem ser realizadas para diminuição do risco de infeção atendendo à forma de transmissão, nomeadamente medidas de higiene como a lavagem de mãos e pés, eliminação das fezes, usar sempre calçado e evitar permanecer em áreas de risco, como a zona onde o animal defeca [24].

Uma vez que os endoparasitas sobrevivem e desenvolvem-se mais facilmente num ambiente exterior quente e húmido, as infeções por estes organismos ocorrem predominantemente nos meses mais quentes do ano [27].

1.2.3. Desparasitantes

1.2.3.1. Desparasitantes externos

O termo “desparasitante externo” diz respeito a todos os produtos capazes de eliminarem ectoparasitas.

Os desparasitantes externos usados em gatos e cães têm evoluido não apenas em relação à descoberta de novas moléculas, como também no que diz respeito às formulações. Compostos químicos antigos, como organofosforados e carbamatos, têm sido substituídos por novas moléculas como fenilpirazóis, neonicotinóides, oaxadiazinas e espinosinas. Estes compostos possuem atividade inseticida-acaricida e atuam por interferência com o sistema nervoso do artrópode.

Em adição aos inseticidas-acaricidas, surgiram os Reguladores de Crescimento de Insetos (IGRs) que interferem com hormonas e enzimas do organismo, impedindo o desenvolvimento do parasita. Estes compreendem os análogos da hormona juvenil e os inibidores da síntese de quitina. Os análogos da hormona juvenil impedem a oclusão dos

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ovos e o desenvolvimento das formas larvares. Estas moléculas possuem uma ação de 1 a 3 meses, conforme a formulação. Os inibidores da síntese de quitina além de inibirem a oclusão dos ovos e o desenvolvimento das formas larvares, exercem efeito sobre a capacidade de fecundação nas fêmeas [23].

O desenvolvimento da noção de prevenção e não apenas de tratamento levou ao desenvolvimento de formulações com uma duração de ação mais longa, o que concomitantemente com a necessidade de comodidade de aplicação culminou no surgimento das formulações para unção punctiforme “spot-on”, que apresentam eficácia superior às formulações previamente existentes [23].

Em termos de desparasitantes externos “spot – on”, a FB dispõe de Advantage® (Bayer Portugal), Advantix® (Bayer Portugal), FrontlineCombo® (MERIAL Laboratories, S.A), Flevox® (Vétoquinol) e Pulvex®Spot (MSD Portugal).

O Advantage® (Bayer Portugal) contém na sua composição imidaclopride, um composto com atividade inseticida, com ação em pulgas adultas e em formas larvares, presentes no ambiente, que morrem após contato com o animal tratado, e em piolhos mastigadores [28]. Este produto dispõe de diversas apresentações para aplicação em cães e gatos constituídas por pipetas de diferentes volumes destinadas a diferentes intervalos de peso.

O Advantix® (Bayer Portugal) é composto por imidaclopride na mesma concentração que a verificada no Advantage® (Bayer Portugal) e, portanto, possui a mesma ação no controlo de pulgas e piolhos. Além disso, possui permetrina, detentora de ação inseticida contra pulgas, acaricida e repelente contra carraças, mosquitos, flebótomos e moscas, prevenindo a fixação e picada destes artrópodes e reduzindo o risco de transmissão de doenças. Na associação destas substâncias ativas foi demonstrado que o imidaclopride atua ainda como um ativador dos ganglios nervosos nos artrópodes, aumentando a atividade da permetrina que atua por bloqueio dos canais de sódio abertos, conduzindo a uma hiperexcitabilidade e morte do parasita.

Devido à fisiologia particular do gato, ele é incapaz de metabolizar a permetrina. Desta forma, o Advantix® (Bayer Portgugal) está apenas indicado para o cão, pela toxicidade que apresenta para o gato [29].

O FRONTLINECombo® (Merial Laloratories, S.A) contém uma associação de Fipronil, com ação contra pulgas, carraças e piolhos mordedores, e (S) – Metropeno, um regulador do crescimento de insetos análogo da hormona juvenil, com ação ovicida e larvicida [30]. Possui uma gama de apresentações destinadas a cães e gatos de diferentes intervalos de peso.

O Flevox® (Vétoquinol) possui como substância ativa o Fipronil, estando indicado apenas para a eliminação de pulgas e carraças [31].

Referências

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