EDUARDO
CORDEIRO DOS
SANTOS
DIAGNÓSTICOS
TEMERGENCIAIS
EM
oFTALMoLoG1A
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para
conclusão do curso de graduação
em
Medicina.
F
LORIAN
ÓPOLIS
-
SANTA CATARINA
~
DIAGNÓSTICOS
EMERGENCIAIS
EM
OFTALMOLOGIA
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para conclusao do curso de graduação
em
Medicina.
Coordenador do curso: Prof. Dr.Edson José Cardoso
Orientador: Prof. Dr. Augusto
Adam
NettoA
FLORIANÓPOLIS
-
SANTA CATARINA
Ao meu
orientador, Prof. Dr.Augusto
Adam
Netto,minha
gratidão pelapaciência, dedicação e
boa
vontade
sempre
presentes.Sua
capacidadede
transmitir
conhecimento
foi-me apresentada durante o quartoano
do
cursode
graduação
em
Medicina,despertando-me o
interesse pela Oftalmologia.Sem
seu sensode
responsabilidade, organização e seuconhecimento
científiconão
seriapossível a confecção deste trabalho.
Aos
demais
oftahnologistasdo
serviçode
oftalmologiado
HospitalUniversitário
da
Universidade Federalde
Santa Catarina(UFSC)
agradeço pela colaboraçãona
coletade dados
para este estudo.Ao
Prof. Paulo Fontoura Freitas, epidemiologistado
Serviçode
Saúde
Pública
da
UFSC,
por
sua colaboração imprescindível, possibilitando a análiseestatística deste trabalho.
Sem
sua ajuda, a estatística aplicada à prática clínicapermaneceria
distantede
meus
domínios._,__,_Aos,_, ,funcionários
do
Serviço de Prontuário dos Pacientes(SPP)
do
Hospital Universitário
da
UFSC,
sempre
prestativos e conscientesda
importância e necessidade
de
trabalhos científicos. *.z 1,'
À* Filipa -.Maria
da
.~Silva, colegade
cursoenamorada,
agradeço pelaimensa
.\'.. -~‹^ ajuda prestadana
edição deste trabalho;mas
principalmente pela.,.
.-* Vpaciência e
compreensão
da
necessidade Ade minha
ausência
em
muitos
momentos
importantes., z _ __ . , ' AE, principalmente, agradeço
de
forma
especial ameus
pais,Eduardo
Cordeiro
dos
SantosNeto
e Zelita EliMaciel
Cordeirodos
Santos,que sempre
incentivaram e
apoiaram
meu
trabalho e relevaramminha
ausênciaem
tantasocasiões especiais de nossa família.
` "
' ` * '
~ '
Agradecimentos
Introdução . . . . Objetivo . . . . _ .Método
. . . _ . Resultados . . . . Discussão. . . . . Conclusões. . . . Referências . . . . _Normatização
Resumo
Summary
ø - . z ú ¢ » - . . » z . z z ¢ z . . « . z « - ú « ¢ . ‹ . ‹ . z z ‹ . ‹ ¢ . . . z . . ú ¢ . ¢ ¢ ‹ ¢ ‹ ‹ . . « ¢ . . « - . . ‹ ¢ . › - ¢ . z › . . › - z . ‹ - . - ‹ - ‹ › . . z . z z z › - ¢ › oz . . . . . .- . . ¢ ‹ n . . z . z . ¢ z z . ¢ ¢ z - . . . z . . ¢ à ~ . . « . . . . . - . - . z . . Q âO
Hospital Universitário Prof. PolidoroEmani
de São Thiago há
20
anos
vem
prestando serviços gratuitos àpopulação
florianopolitana,bem como
formando
profissionaisda
áreada
saúde,em
seusmais
diversos setores: medicina,enfermagem,
nutrição, psicologia, entre outros.O
atendimento multidisciplinartomou
o Hospital Universitárioda
Universidade Federal
de
Santa Catarinacapaz de
atender às necessidadesda
população que
dele utiliza.Neste
contestonão
poderia estar ausente o serviçode
oftalmologia, responsável
por
uma
parte das consultas ambulatoriais e emergenciais,como
veremos
neste trabalho.O
serviçode
oftalmologiado
Hospital Universitário Prof. PolidoroEmani
deSão
Thiago» presta atendimento ambulatorial diariamente, nos períodos matutino e vespertino, a pacientescom
queixas oculares,da
regiãometropolitana
de
Florianópolis ede
outras localidadesde
Santa Catarina.O
serviço funcionano regime
de ambulatório geral de oftalmologia,onde
cinco oftahnologistasrevezam-se
no
atendimento, das 8:00h às 12:00 e das 13:00 às 17:00. Cirurgias oftalmológicasde
pequeno
porte são realizadasno
centro cirúrgico
do
Hospital Universitário,nos
períodos matutino e vespertino as segundas, quartas, quintas e sextas-feiras.Os
pacientesprocuram
0 serviçode
oftahnologiaapós
encaminhamento
de
médicos
clínicosdos
Centrosde
Saúde da
Grande
Florianópolis,ou
diretamente
nos
casosde
emergência.Os
pacientescom
queixas emergenciaissão então atendidos pelo oftalmologista presente
no
ambulatório.Casos de
emergência
serão os de relevância neste trabalho.As
emergências oftahnológicas geralmentelevam
os pacientes aos hospitais,por
envolverum
dos
mais
nobres sentidos: a visão.O
receiode ficar
cego
leva àemergência
a grande maioriados
pacientescom
queixas oculares.A
cegueira,por
definição, é a acuidade visualde 20/200
ou
menos
no
melhor
olhocom
amelhor
correção,ou
um
campo
visualcom
ângulonão
maior
que 20
grausm.Uma
altemativa de definição funcional é a perdada
visãosuficiente para privar-se
de
suas próprias necessidadesem uma
função,fazendo
com
que
o indivíduo sejadependente
de
outras pessoas, agênciasou
aparelhos,para
que
possa viverm.Várias emergências oculares
podem
levar à cegueira. Entre as principaiscitamos os traumatismos oculares.
Trauma
ocular é omotivo mais
freqüentena
procurade
atendimentono
setor
de
oftalmologiaem
um
serviçode
emergênciae) e a causamais
comum
de
perda
visualmonocularm.
Entre os traumas oculares, omais
comum
é ocorpo
estranho extra-ocular(3`l°). .
Os
corpos estranhos, os quais são geralmentepequenos
-
partículasde
poeira, carvão, aço, etc
-
podem
ser lançados sobre a conjuntivaou
sobre a córneam).A
princípiocausam
um
desconforto súbitoea
exacerbaçãodo reflexo
de
piscar.O
corpo estranho aderido à conjuntiva tarsal pode,com
o piscardos
olhos, gerar escoriações
na
córnea.Os
corpos estranhosque
atingem diretamente a córneapodem
penetrarem
seu interiornos
mais
diversos níveisde
profundidade, desde apenas o epitélio comeal, até sua transfixação completa.
A
contusão é outramodalidade de
traumatismo ocular e variaem
sua gravidade desdeuma
discreta abrasãocomeal
atéuma
rupturado
globo ocular.Isto
pode
resultarem
um
número
diversode
lesões e praticamente qualquerFazendo
parte dos traumatismos ocularestemos
ainda ahemorragia
sub- conjuntival.Conseqüente
a ruptura depequenos
vasos,pode
ser resultadode
um
pequeno
trauma,ou
ocorrerespontaneamentem).
Outras
doenças
também
são responsáveispor
um
número
significativo dasconsultas emergenciais
em
oftalmologia,como
asdoenças da
conjuntiva eda
pálpebra.
A
conjuntivite é oproblema
ocularmais
comLun(6). Estásempre
acompanhada
de
hiperemia conjuntival eaumento
de secreção(“_).A
hiperemia
varia
em
grau e distribuição, a secreção variana
natureza e quantidade.A
naturezada
secreção éde
importância diagnóstica,podendo
sermucosa,
muco-
purulenta
ou
purulenta. Secreçãomucosa
sugere infecção viral; secreçãomuco-
purulentaou
purulenta sugere infecção bacteriana.A
causanonnalmente
éexógena,
porém
pode
serendógenam.
Conjuntivite bacteriana éuma
condiçãomuito
comum
e auto-limitadam). Entre as conjuntivites, a viral é a etiologiamais
freqüente,
segundo Lima,
ALH;
Dantas,MCN
et aim). ParaTasman,
W;
Jaeger,EAU4)
a conjuntivite bacteriana é aforma mais
comum
de
infecção ocular.Pinguécula é
uma
doença da
conjuntivana
qualhá
uma
região-conjuntival triangular,
próximo
ao limbo,com
a basedo
triângulo voltada parao
mesmo,
afetando primeiramente a região nasal e, posteriormente, a regiãotemporal
da
conjuntiva. Está associadacom
idade elevada e exposiçãoao
sol,pó
e vento.
Sua
inflamação
leva à pingueculite“°).Pterígio é
uma
condição degenerativado
tecido subconjuntival, o qual prolifera-secom
tecidode
granulação vascularizado, invadindo a córnea, lesando o epitélio e amembrana
de
Bowman.
A
lesão é identificadacomo
tunainvasão triangular
de
conjuntiva sobre acómeam).
Entre as
doenças da
pálpebra, asmais
comuns
são o hordéolo,o
calázio e a blefarite; 'causastambém
comuns
de
procura ao serviçode
emergência
Hordéolo
éuma
infecçãoaguda
das glândulas sebáceasda
pálpebra. Dor, hiperemia eedema
são os principais sintomas.A
intensidadeda
dor variaem
função
da
quantidadedo
edema
palpebral.Podem
ser classificadosem
intemos
eextemos
e sua etiologia é, geralmente,por
infecção estafilocóccicam.Calázio é
uma
inflamação
granulomatosa, crônica, estéril e idiopáticada
glândula
meibomiana, normalmente
caracterizado peloedema
indolor localizadoque
se desenvolveno
períodode semanasm.
Pode
iniciarcom
uma
ligeirainflamação
epequena semelhança
ao hordéolo,sendo
diferenciado deste último, pela ausênciade
sinais inflamatóriosagudosm).
Blefarite é
uma
inflamação
crônica bilateral dasmargens
das pálpebras.Existem
dois tipos principais: estafilocóccica e seborréica.Os
principaissintomas são irritação, ardor e prurido nas
margens
palpebrais.Ocorre
hiperemiaconjuntival e crostas
podem
ser vistas aderidas aos cílios palpebraisa).- Vícios
de
refração éum
grupo de
alterações ocularesque
abrange amiopia, a hipennetropia,
o
astigmatismo e a presbiopia.Miopia
é a condição dióptricado
olhona
qual,com
aacomodação
em
repouso, os raios paralelos incidentes
formam
um
foco anteriormente à retina,ou
mais
precisamente, anterior à suacamada
sensível à luzm).Hipennetropia é a condição dióptrica
do
olhona
qual,com
aacomodação
em
repouso, os raios paralelos incidentesformam
um
foco posteriormente àcamada
sensível à luzda
retinam).i
Astigmatismo
é a condição de refraçãona
qualum
ponto de
luznão
pode
serfonnado
para produziruma
imagem
sobre a retinam).Presbiopia é
uma
falência fisiológicada
capacidade deacomodação do
cristalino, devido ao enrijecimentodo mesmo.
Está relacionadocom
a idadedo
paciente, sendo
que
os sintomasaparecem
em
tomo
dos45
anosde
idadem).A
ausênciade
estudosabordando
os diagnósticos emergenciaisem
oftalmologiaem
nosso meio, levou-nos a realizar a presente pesquisa.OBJETIVO
Descrever os diagnósticos
mais
freqüentesno
atendimento emergencialdo
serviço de oftalmologia
do
Hospital Universitárioda
Universidade Federalde
MÉTODO
Trata-se
de
um
estudo transversal,de
caráter descritivo, retrospectivo,não
intervencionistafls).Foram
analisadosdados
referentes a380
consultasofiahnológicas
na
condição emergencial, realizadas
no
serviço de oftahnologiado
HospitalUniversitário
da
Universidade Federalde
Santa Catarina, duranteo
períodocompreendido
entre osmeses
dedezembro
de
1999
enovembro
de
2000.Estão incluídos neste levantamento pacientes
que procuraram
o serviçode
emergência
geral-do
Hospital Universitário eque foram prontamente
encaminhados
ao ambulatórioda
referida especialidade.Obteve-se os
dados
atravésda
análisede
agendas referentes aos atendimentos emergenciais diários, os quaiseram
obtidosmensahnente
no
Serviço
de
Prontuáriodo
Pacientedo
Hospital Universitárioda
UniversidadeFederal de Santa Catarina. ~
Estabeleceu-se protocolo contendo: diagnóstico único, sexo e idade,
sendo
esta dividida
em
grupos etários da-seguinte forma: 0-20; 21-'40;41-60
eacima
de
60
anos.As
doenças
ocularesforam
classificadasconforme afinidade anatômica
ou
funcional
em
doenças da
conjuntiva,doenças da
pálpebra, traumatismosoculares e vícios
de
refração. _i
De
possedos
dados
partiu-se para a ediçãode
um
banco
dedados
atravésdo
programa
Epi-Info6®
para a análise estatística.As
tabelas egráficos
foram
confeccionadas através
do
programa
Windows
Excel®
paramelhor
exposiçãono
RESULTADOS
Os
atendimentos emergenciaisdo
Serviçode
Oftahnologiado
HospitalUniversitário
da
Universidade Federal de Santa Catarinaforam
responsáveispor
0,6%
dos
atendimentos emergenciais totaisdo
referido hospital, entre osmeses
de
dezembro
de 1999
enovembro
de
2000.A
distribuiçãodos
pacientessegundo
omês
de
atendimento apresentoudisparidades significativas
(Gráfico
1).O
mês
com
menor número
de
atendimentos foi setembro
de
2000
-20
consultas; omês
com
maior
número
de
atendimentos foi
novembro
de2000
-58
consultas.A
média
mensal
foide
31,6 atendimentos.Gráfico 1: Distribuição dos pacientes quanto ao mês de atendimento
70 az 58 60 50 42 39 40 32 34 2a 3° 30 24 25 25 23 20 20 10 0
dez/99 ian/00 fev/00 mar/00 abr/O0 mai/00 junl00 jul/00 ago/00 setJ0O out/O0 nov/00
Fonte: SPP HU-UFSC no período de dezembro de 1999 a novembro de 2000.
A
distribuição dos pacientessegundo
o sexo mostrou-se relativamentehomogênea, sendo
206
(54,2%) do
sexo masculino e174 (45,8%)
do
sexo feminino (Gráfico 2).Gráfico 2- Distribuição dos pacientes quanto ao sexo
I
masculino 45,8%I
f€II1Íl'lÍI1054,2%
Fome: SPP HU-UFSC no período de dezembro de I999 a novembro de 2000.
Verificamos
que
a faixa etária preponderante foi entre 21 e40
anosde
idade,
com
188(49,4%)
pacientes.As
demais
faixas etárias apresentaram aseguinte distribuição:
de
0 a20
anos,72 (19,0%)
pacientes;de
41 a60
anos,96
(25,3%)
pacientes eacima de 60
anos,24 (6,3%)
pacientes(Gráfico
3).Gráfico 3 - Distribuição dos pacientes quanto à idade
200 188 9 iso ióo 140 120 100
i
aoi
i
96 óoi
i
40i
i
20i
i
0 _'*_-1'-"_í' í'í|*___" 0-20 21-40 41-60 >60Quanto
aos diagnósticos encontrados (Gráfico 4), asdoenças da
conjuntiva
foram
asmais
comuns
com
155(40,8%)
casos.Em
segundo
lugarencontramos
os traumatismos ocularescom
114 (30,0%) dos
casos.As
doenças
da
pálpebraforam
diagnosticadasem
74 (19,5%) dos
pacientes.Os
víciosde
refração representaram 13
(3,4%) dos
atendimentos realizados.Demais
diagnósticos, por apresentarem freqüência reduzida,
24 (6,3%)
casos,foram
enquadrados
com
adenominação
outros diagnósticos.Gráfico 4 - Diagnósticos emergenciais
em
oñalmologia6,3%¬ 3,4%
I
Doenças da conjuntiva 19,5% 408%
I
Traumatismo ocular i EI Doenças da pálpebraI
Vícios de refraçãoI
Outros 30,0%Fome: SPP HU-UFSC no período de dezembro de 1999 a novembro de 2000.
O
grupo
denominado
outros diagnósticos foifonnado
pelas seguintesdoenças: uveíte posterior, iridociclite,
glaucoma,
catarata, celulite orbitária,midríase
medicamentosa
e estrabismo.Observando
a distribuiçãodos
pacientes quanto ao sexo (Tabela I),58,7%
dos casos. Foi verificadoum
excessode
risco paradoenças da
conjuntiva de 2,4 vezesno
sexo femininoem
relação ao masculino.Em
contrapartidano grupo
traumatismo ocularhouve
nítidapredominância do
sexo masculino,com
73,7%
dos
casos. Foi verificadomn
excessode
risco para traumatismo ocularde
3,3 vezesno
sexo masculinoem
relação ao feminino.
Nos
demais
grupos as diferenças encontradasnão foram
estatisticamentesignificantes.
O
grupo doenças da
pálpebra apresentouuma
discretapredominância
do
sexo femininocom
52,7%
dos
pacientes.Os
grupos víciosde
refração e outros apresentaram
uma
discretapredominância
do
sexo masculino,53,8%
e66,7%,
respectivamente.Ainda
na
tabela I a colunaOR
(Odds
Ratio) representa o risco relativomedido
peloodds de
prevalência-
com
o respectivo indice deconfiança
-
em
relação aos grupos ao compará-los
com
o sexo dos pacientes.Nesta
colunatambém
édemonstrado
em
relação a qual sexo ocorre o excesso de risco.Tabela I - Diagnósticos
segundo
o sexoSEXO
Diagnósticos
masa
fem
totalOR
(IC)n
%
n%
Doenças da conjuntiva 64 41,3% 91 58,7% 155 S2 2,4 (1 ,6 - 3,8) Traumatismo ocular 84 73,7% 30 26,3% 114 6 3,3 (1,9 - 5,5) Doenças de pálpebra 35 47,3% 39 52,7% 74 Q 1,4 (0,8 - 2,4) Vícios de refração 7 53,8% 6 46,2% 13 S2 1,0 (0,3 - 3,4) Outros 16 66,7% 8 33,3% 24 6 1,7 (0,7 - 4,6) Total 206 54,2% 174 45,8% 380Fonte: SPP HU-UFSC no periodo de dezembro d'ëT9'§9 a novembro de ZUUO.
oRz odds Rafio. icz índice de confiznça
Ao
associarmos a idade dos pacientes aos seus diagnósticos (TabelaH)
verificamos
que, proporcionalmente, asdoenças
de conjuntivaforam mais
encontradas nas faixas etárias
de
0-20 e21-40
anoscom
44,4%
e43,7%
dos
diagnósticos, respectivamente.
Os
traumatismos oculares,por
sua vez,foram
encontrados principalmente nas faixas etárias
de 21-40
e41-60
anoscom
32,4%
e
33,3%,
respectivamente.As
doenças da
pálpebraforam
encontradas proporcionalmenteem
maior
número
na
faixa etáriade
0-20 anos,com
26,4%
dos diagnósticos. Entretanto os vícios de
refiação
apresentaram nítidapredominância na
faixa etária dos41-60
anos, representando10,4%
dos
diagnósticos encontrados.
Tabela ll - Diagnósticos
segundo
a faixa etáriaFaixa Etária (em anos)
Diagnósticos O _ 20 21 _ 40 41 _ 60 > 60 Total n
%
n%
n%
n%
Doenças da conjuntiva 32 44,4% 82 43,7% 32 33,3% 9 37,5% 155 Traumatismo ocular 16 22,2% 61 32,4% 32 33,3% 5 20,8% 114 Doenças de pálpebra 19 26,4% 35 18,6% 15 15,7% 5 20,8% 74 Vícios de refração 1 1,4% 1 0,5% 10 10,4% 1 4,2% 13 Outros 4 5,6% 9 4,8% 7 7,3% 4 16,7% 24 T0181 72 100,0% 188 100,0% 96 100,0% 24 100,0% 380Fonte: SPP Fill-IUFSÍÍ no periodo de dezembro d'€T§99 a novembro de 2`0`0`0.
Analisando os grupos separadamente, constatamos
que
algunsdiagnósticos apresentaram-se
com
freqüênciamuito
diferentede
outros.O
grupo
denominado
doenças da
conjuntiva, apresentou as conjuntivitescomo
diagnóstico principalcom
133 casos. Pterígio representou 14 casos e aGráfico 5 - Doenças da conjuntiva
8
I
Conj untivitesI
Pterígio El PinguecnliteFonte: SPP HU-UFSC no período de dezembro de 1999 a novembro de 2000.
As
conjuntivitesforam
a grande causada
procura emergencialdos
pacientes
com
queixas oculares. Isoladamente representaram35,0%
dos
diagnósticos encontrados.
As
conjuntivitesforam
então subdivididasconforme
sua etiologia.
Dos
133 casosde
conjuntivite,65
eram
de etiologia bacteriana;48
de
etiologia alérgica e20 de
etiologia viral(Gráfico
6).Gráfico 6 - Conjuntivites
I
Conj untivites BacterianasI
Conj untivites Alérgicas El Conj untivites ViraisAo
abordarmos
os traumatismos ocularespercebemos
apredominância
absoluta
dos
corpos estranhos comeais,com
80
ocorrências representaram21,0%
dos todos os diagnósticos encontrados e70,2%
dos traumatismos
oculares.
Hiposfagma,
com
17 casos, foio segundo
diagnósticomais
encontradoem
seu sub-grupo. Ceratites,foram
diagnosticadasem
15 ocasiões.Contusão
ocular foi o diagnóstico
em
2 casos(Gráfico
7).Gráfico 7 - Traumatismos oculares
2
I
Corpo estranho cornealI
HiposfagmaE] Ceratites
I
Contusão ocularFome: SPP HU-UFSC no período de dezembro de 1999 a novembro de 2000.
Com
relação aogrupo
doenças da
pálpebra,encontramos
como
diagnóstico
mais
freqüente a blefarite,com
30
casos (Gráfico 8).Em
segundo
lugar
apareceram
duasdoenças
com
19 pacientes cada: calázio e hordéolo.Fazem
parte ainda destegrupo
a triquíasecom
3 casos, ogranuloma
palpebralI
BlefariteI
Hordéolo El CalázioI
TriquíaseI
Granuloma palpebralI
Ptose palpebralFonte: SPP HU-UFSC no período de dezembro de 1999 a novembro de 2000.
O
grupo dos
vícios de refração,com
suapequena
freqüênciade
casos, apresentoupredominância
de presbiopiacom
8 casos.Astigmatismo
emiopia
cada
um
com
2 casosapareceram
em
segundo
lugar.Apenas
em
um
pacientefoi diagnosticada hipermetropia (Gráfico 9).
Gráfico 9 - Vícios de refração
l
I
PresbiopiaI
MiopiaEl Astigmatismo
I
HipermetropiaDISCUSSÃO
A
oftalmologia é responsávelpor
0,6%
dos
atendimentos emergenciaisrealizados
no
Hospital Universitárioda
UFSC.
Schellini et als relatam6,0%
dos
pacientes
com
queixas oculares.Edwards3
relatouque
6,1%
dos
pacientesque
procuraram
o hospital ofizeram
por
queixa ocular.A
ausênciade
um
serviço emergencialde
oftahnologia atuante vinte e quatro horaspor
dia,bem como
anão
realizaçãode
cirurgias demédio
egrande
porte e a ausência
de
leitos hospitalares destinados à especialidade,provavelmente
são os fatores responsáveis pela baixapercentagem de
atendimentos oftalmológicos emergenciais,
em
comparação
com
a literatura.A
distribuição quantoao
sexo apresentou discretapredominância
do
sexo masculino. Istopode
ser explicado analisando os traumatismos ocularesque
apresentaram
84
pacientes masculinos e apenas30
femininos. Esta diferença-
de
54
casos-
poderia explicar a diferença total,que
foide
32
pacientes amais
do
sexo masculino. Tal diferençapode
ser,também,
conseqüênciado mero
acaso.
Quanto
à faixa etária, a nítidapredominância
das ocorrências entre20
e40
anos de
idadepode
estar relacionada àmaior
exposição a fatoresde
risco paradoenças
oculares. Isto émais
evidentenos
traumatismos ocularescomo
será discutido adiante.As
doenças da
conjuntivaforam
responsáveispor
40,8%
dos
atendimentos. Schellini et als encontraram
47,4%
de doenças da
conjuntiva,sendo
também
a principal causade
atendimentoem
seu estudo.Entre as
doenças
da
conjuntiva a conjuntivite foi o diagnósticomais
também
em
primeiro lugar as conjuntivites (48,8%),bem como
Schellini et alscom
26,9%
do
totalde
casos.Os
traumatismos oculares representaram30,0%
dos
diagnósticos encontrados. Schellini et als encontraram8,25%
de
traumatismos oculares.O
traumatismo
ocularmais
freqüente foio
corpo estranhocomeal
com
21,0%
do
totaldos
casos e70,2%
do
seu grupo.Layaun
et al9 encontraram corpo estranhocomeal
em
30,7%
dos
casos. Schellini et alsdescreveram
entre os traumatismosoculares
70,6%
de
corpos estranhos comeais.Também
outros autores(3”6`8”l°)encontraram os traumatismos
com
o
corpo estranhocomeal
como
osmais
freqüentes.
Com
predominância
masculina estatisticamente significativa, os traumatismos oculares estão relacionados às atividadesque
exijamalguma
forçamuscular,
como
oque
ocorreem
algumas
profissões (mecânico, pedreiro, metalúrgico, serralheiro, motorista,por
exemplo).Segundo
Karson
&
Kleing, esportes e atividades físicascomumente
causam
traumatismos oculares,além
dos
acidentesde
trânsito. Este fato certamente fazcom
que aumente
a incidênciade
traumas ocularesem
jovens, principalmentedo
sexo masculino,uma
vez
que
são estes
que
com
maior
freqüência praticam esportes ecom
seus veículos seexpõem
com
maior
perigono
trânsito.Segundo
Bemucci
et al4 eLayaun
et al9grande parte dos traumatismos
têm
caracteristicas profissionais, principahnente nos casosde
corpo estranho comeal. .Além
disso,na
maioria das vezes, osprotetores oculares
não
são utilizados, portanto, muitosdos
acidentesde
trabalhopoderiam
ser evitados. Outros autores(3'6'7)também
encontrarammaior
incidência
de
traumas ocularesem
indivíduos jovens edo
sexo masculino.Este fato
merece
atenção especial, pois indica a falta de proteção contraacidentes
de
trabalho, querpor omissão de empregadores
ou
autoridades,quer
por
faltade
uso pelo trabalhador.A
necessidadede
campanhas
educativas nesta área é inquestionável.As
doenças da
pálpebra representaram19,5%
dos diagnósticos encontrados. Schellini et als encontraramdados
semelhantes,com
21,8%
de
doenças da
pálpebra. _Os
víciosde
refração, alterações _ocularesque
geralmentenão
seenquadram
na
categoria “emergências oculares”, representaram3,4%
dos
diagnósticos encontrados.
Foram
casos específicosonde
0 extravioou
quebra de
lentes corretivas
de
graus diversos impossibilitaram seus usuáriosde
enxergar,levando-os à emergência.
A
maioriados
pacientescom
o diagnósticode
víciosde refraçao tinha entre 41 e
60
anosde
idade;não
sendo surpresa, então, a grandepredominância de
presbiopia neste grupo.coNcLUsÕEs
A
oftalmologia é responsávelpor
0,6%
dos
atendimentos emergenciaisdo
Hospital Universitário
da
Universidade Federalde
Santa Catarina `A
distribuiçãodos
pacientesquanto
ao
sexo apresentou diferenças significativasnos
grupos dos traumatismos oculares,onde
houve
excessode
risco de 3,3 vezes
do
sexomasculino
em
relação ao sexo feminino;bem
como
nasdoenças da
conjuntiva,onde
houve
excessode
riscode
2,4 vezesdo
sexo femininoem
relação ao sexo masculino.A
faixa etáriamais
atingida foide
21 a40
anos,com
49,4%
dos
casos. _As
doenças da
conjuntivaforam
os diagnósticosmais
encontrados (40,8%),com
predominância
das conjuntivites (35,0%). Entre as conjuntivites ade
etiologia bacteriana foi a
mais
encontrada (48,9%).Os
traumatismos ocularesforam
asegunda
principal causa de atendimento emergencial(30,0%
dos
casos),com
predominância dos
corpos estranhoscomeais
(21%).O
paciente característicodo
traumatismo ocular éjovem
edo
sexo masculino.
2
-
As
doenças da
pálpebraapareceram
em
terceiro lugar entre os diagnósticosencontrados
(l9,5%
dos casos), destacando-se nestegrupo
as blefarites(7,9%).
Os
vícios de refração significaramuma
pequena
partedos
diagnósticosencontrados (3,4%), destacando-se a presbiopia (2,l%), estando relacionada à quebra
ou
perdada
correção óptica (óculos).REFERÊNCIAS
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Epidemiologia
Clínica:~ ~
NORMATIZAÇAO
PARA
OS
TRABALHOS
DE CONCLUSAO
DO
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
MEDICINA.
Resolução
n°001/99
do
colegiado
do
cursode graduação
em
Medicina da
Universidade Federalde
SantaEste
estudotem por
objetivo descrever os diagnósticosmais
freqüentesno
atendimento emergencial
do
serviçode
oftalmologiado
Hospital Universitárioda
Universidade Federalde
Santa Catarina,bem como
analisá-losem
relação a sexo e idade.Foram
estudados retrospectivamente380
pacientes emergenciaisno
período
de
dezembro
de 1999
anovembro
de
2000.A
faixa etáriamais
atingida foi ade
21 a40
anoscom
49.4%
dos
casos.Houve
uma
discretapredominância
do
sexo masculino(54,2%)
sobreo
feminino (45,8%).
Os
diagnósticosmais
freqüentesforam
asdoenças da
conjuntiva(40,8%)
e entre elas destacaram-se as conjuntivites (35,0%). Entre as conjuntivites a
de
etiologia bacteriana foi a
mais
encontrada (48,9%).Em
segundo
lugarficaram
os traumatismos oculares (3 0,0%), destacando-se os corpos estranhos
comeais
(2l,0%).O
paciente característicodos
traumatismos oculares éjovem
edo
sexo masculino. 'As
doenças
de pálpebra representaram19,5%
dos casoscom
destaque para as blefarites (7,9%).Os
víciosde
refração representaram apenas3,4%
dos diagnósticos,This study
was
proposed
to describe themost
usual diagnoses inemergency
careof
the Federal Universityof
Santa Catarina University HospitalOphthalmology
Department,and
analyzethem
considering sexand
age.The
author studied retrospectively380
patientsfrom emergency
carefrom
December
1999
toNovember
2000.Considering the age
of
the patients, thereWas
predominance
between
21and
40
years old corresponding to49,4%
of
total diagnosis.There
was
a slightlypredominance of male
sex(54,2%)
thanfemale
(45,25%).
9
The most
usual diagnoseswere
conjunctival diseases(40,8%).and,among
them
themost
Aimportantwas
conjunctivitis (35,0%). Bacterialwas
thepredominant
etiologyof
conjunctivitis (48,9%).In
second
placewere
the ocular traumas (30,0%),among
them
themost
important
Was
comeal
foreignbody
(2l,0%). Typical patientof
oculartraumas
is
young
and
male.'
The
diseasesof
lids represented19,5%
of
all cases, themain
diagnosiswas
blepharitis (7,9%).The
errorsof
refraction represented only3,4%
of
all diagnoses, themain
0286
Ex.l 972810972 Acf 253108
E×.1 UFSC BsCcsM A