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A participação da família no processo de ensino-aprendizagem: Estudo de caso na escola 1º de agosto na Baía Farta (Benguela, Angola)

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Dissertação de Mestrad

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A PARTICIPAÇÃO DA FA ESTUDO DE CASO NA ESCO

Dissertação apresentada na U do grau de Mestre em Ad Professor Doutor Paulo Rena

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João Baptista Tchimanda

FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO-A OLA 1º DE AGOSTO NA BAÍA FARTA (BEN

Universidade Portucalense Infante D. Henriqu dministração e Gestão da Educação , sob a nato Cardoso de Jesus

partamento de Psicologia e Educação Outubro, 2017

APRENDIZAGEM: NGUELA ANGOLA)

que para obtenção a orientação do

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PENSAMENTO

“A família é a melhor escola da vida, porque transmite, na intimidade do lar, por osmose, ensinamentos, virtudes e valores.” (Moreno, 2002, p. 252)

(4)

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação ao meu pai Francisco Tchimanda de feliz memória, mas espiritualmente sempre estará presente na minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, senhor da minha vida, pela força e perseverança.

À Universidade Portucalense e à Cespu de Angola, em particular de Benguela, pela formação dada;

Ao tutor do trabalho Doutor Paulo Renato Jesus, pela sua sábia orientação, e pela paciência a quanto das minhas dúvidas;

A todos professores, alunos, Encarregados de Educação e membros da direção da Escola em estudo que participaram nesta pesquisa científica;

À minha mãe que muita força me deu nas horas difíceis, à minha esposa e meus filhos (as), pela paciência e tolerância, pelas ausências no seio familiar;

A todos os parentes e colegas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho;

Aos meus irmãos por acreditarem em mim, pelo vosso encorajamento;

Aos meus colegas do sindicato da Educação por estarem sempre atentos e preocupados. Finalmente, quero dedicar este trabalho ao meu pai de feliz memória, com certeza de que sempre está comigo e está muito feliz por mim.

(6)

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: ESTUDO DE CASO NA ESCOLA 1º DE AGOSTO NA BAÍA FARTA (BENGUELA, ANGOLA)

RESUMO

O presente trabalho aborda a participação da família no processo de ensino-aprendizagem, sob o ponto de vista de alunos, encarregados de educação, professores e Direção da Escola do 1º ciclo 1º de Agosto do Município da Baía Farta (Benguela, Angola) para se verificar de facto a influência dos pais e encarregados de Educação. O problema de investigação concerne a necessidade de promover a participação da família no processo de ensino-aprendizagem. O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar a participação da família no processo de ensino-aprendizagem que envolve os docentes e os alunos da 7ª classe da referida escola. Quanto ao plano metodológico, trata-se de uma abordagem de investigação predominantemente qualitativa, com uma tipologia descritiva associada ao estudo de caso, não obstante alguns dados sejam analisados de forma estatística. O estudo empírico foi realizado através de entrevista (com 229 participantes no geral) e inquérito por questionários (com 196 participantes como amostra). Os resultados revelaram a passividade do funcionamento da Comissão de pais na escola, sendo que as condições sociais podem influenciar a família e a reduzida participação dos Encarregados de Educação na escola, repercutindo-se negativamente no processo de ensino-aprendizagem. Constatamos igualmente que existem perceções distorcidas sobre a relevância da participação dos pais e encarregados de educação na escola, dado que muitos professores não incentivam, não concedem espaço para a sua participação, e junta-se também o grave défice comunicacional entre professores e pais, que se converte inevitavelmente em estratégias desconexas e incoerentes. Verificamos que alguns destes obstáculos à aproximação entre a família e a escola mantêm os seus efeitos negativos, tais como: as convocatórias aos pais e familiares feitas com muito pouco tempo de antecedência, a incompatibilidade de horários para encontros com os pais e familiares. Portanto, juntamos a estas limitações a perceção de que as mesmas constituem pistas para melhoria da relação entre a família e escola, possibilitando uma aproximação profícua para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Participação parental; Relação família-escola; Processo docente

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THE PARTICIPATION OF THE FAMILY IN THE TEACHING/LEARNING PROCESS: A CASE STUDY IN THE SCHOOL 1º DE AGOSTO IN BAÍA-FARTA (BENGUELA, ANGOLA)

ABSTRACT

The present dissertation deals with the participation of the family in the teaching-learning process, from the point of view of students, teachers, and the School Direction of the 1st Cycle 1º de Agosto of the Municipality of Baía-Farta (Benguela, Angola) in order to examine the impact of the parents’ participation. The research problem concerns the need to promote family participation in the teaching-learning process. The general objective of the research is to analyze the participation of the family in the teaching-learning process that involves the teachers and students of the 7th grade. As for the methodological plan, it is a predominantly qualitative research approach, with a descriptive typology associated to the case study, although some data are analyzed in a statistical way. The empirical study was conducted through an interview (with 229 participants in general), and questionnaire survey (with 196 participants as a sample). The results revealed the passivity of the functioning of the parents' committee in the school, the social conditions that have a negative influence on the family and on their reduced participation in the school which has a detrimental effect on the teaching-learning process. We also found that there are distorted perceptions about the relevance of parental involvement in the school, as many teachers do not encourage, do not give space for their participation, and there is also a serious communication deficit between teachers and parents that converts inevitably into disconnected and incoherent strategies. We found that some of these obstacles to the collaborative relationship between school and familis remain very strong, such as: calls to parents and relatives made with very little time in advance, the incompatibility of schedules for meetings with parents and family. Therefore, we add to these limitations the perception that these are clues to improve the relationship between family and school, enabling a fruitful approach to the success of the teaching-learning process.

Keywords: Parental participation; Family-school relationship; Educational teaching

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 13

1.1. Educação: Múltiplos contextos e agentes ... 13

1.1.1. Perspetiva histórica da família ... 15

1.1.2. Funções da família ... 15

1.1.3. Fatores familiares do insucesso escolar ... 16

1.2. A Escola como espaço relacional ... 18

1.2.1. A relação pedagógica ... 18

1.2.2. Relação entre professor e aluno... 20

1.2.3. A relação entre alunos ... 22

1.2.4. A relação entre escola, família e comunidade ... 24

1.2.5. A família e a educação para os valores ... 25

1.2.6. A missão educativa dos pais ... 26

1.3. Educação para os valores: desenvolvimento moral e social ... 28

1.3.1. O educador na formação dos valores ... 32

1.3.2. Autoconceito e inserção social dos filhos ... 33

1.4. O papel dos pais no sucesso académico ... 34

1.4.1. Fatores do rendimento escolar dos alunos ... 34

1.4.2. A importância da relação família/escola na aprendizagem ... 37

1.4.3. Sucesso e insucesso escolar ... 39

CAPÍTULO II – METODOLOGIA ... 40

2.1. Problema e objetivos da investigação... 40

2.2. Plano de investigação ... 42

2.3. População e amostra ... 44

2.4. Caracterização da escola Secundária em estudo ... 47

2.5. Caracterização sociodemográfica dos Professores ... 47

2.6. Caraterização sociodemográfica dos encarregados de educação ... 49

2.7. Caraterização sociodemográfica dos alunos ... 49

(9)

2.8.1. Questionários ... 51

2.8.2. Entrevistas ... 53

2.9. Procedimentos ... 54

CAPÍTULO III – RESULTADOS ... 55

3.1. Relações escola-família ... 55

3.1.1. Entrevistas ao Director e Subdiretores da Escola ... 55

3.1.2. Questionários para professores(as) ... 60

3.1.3. Inquérito aos alunos ... 61

3.1.4. Inquérito aos encarregados de educação ... 62

3.2. Envolvimento dos pais e familiares na escola ... 63

3.3. Sucesso e insucesso escolar ... 68

CAPÍTULO IV. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 74

4.1. Avaliação das hipóteses e triangulação interpretativa ... 74

4.2. Propostas de reorganização escolar para promover a relação Escola-Família . 77 CONCLUSÕES ... 79

BIBLIOGRAFIA ... 83

ANEXOS... 86

Anexo 1 – Solicitações ... 86

Anexo 2 – Autorização da Direção Municipal da Educação ... 88

Anexo 3 – Inquéritos ... 89

(10)

ÍNDICE DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Ajuda dos Pais nos Deveres Escolares (Prof.) ... 69

GRÁFICO 2 – Participação dos Pais nas Reuniões Escolares (Prof.) ... 69

GRÁFICO 3 – Diálogo dos Pais com os Educandos sobre o Estudo (Prof.) ... 69

GRÁFICO 4 – Relação dos Pais com Professores e Direção da Escola (Prof.) ... 69

GRÁFICO 5 – Cumprimento dos Pais nas Obrigações da Escola (Pais.) ... 70

GRÁFICO 6 – Contribuição dos Pais para o bom Funcionamento da Escola (Pais) ….70 GRÁFICO 7 – Visita dos Pais na Escola dos Filhos (Pais) ... 70

GRÁFICO 9 – Tens boas Relações com os teus Professores ... 71

GRÁFICO 10 – Os Professores falam contigo sobre a tua Aprendizagem ... 71

GRÁFICO 11 – Os teus Encarregados falam contigo sobre a Escola ... 71

GRÁFICO 12 – Os Encarregados devem contribuir para o bom funcionamento da Escola ... 72

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1 – População Estudantil da Escola Secundária do Iº Ciclo Bg n.º 3001 1º de Agosto (Ano Letivo 2016) ... 44 TABELA 2 – Recursos Humanos da Escola ... 45 TABELA 3 – Distribuição dos Alunos Matriculados em 2016 (Por Tipo de Ensino, Sexo e Classe) ... 46 TABELA 4 – Distribuição das Turmas em 2016 (Classe, Tipo de Ensino e Número Médio de Alunos) ... 46 TABELA 5 – Caraterização Sociodemográfica dos Professores ... 48 TABELA 6 – Caraterização Sociodemográfica dos Pais e Encarregados de Educação 48 TABELA 7 – Caraterização Sociodemográfica dos Alunos ... 50 TABELA 8 – Envolvimento dos Pais na Escola: Comparação das Perceções dos Professores e Pais ... 65 TABELA 9 - Envolvimento dos Pais na Escola: A Perceção dos Alunos ... 67 TABELA 10 – Aproveitamento final por Classe ... 72

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INTRODUÇÃO

A realização de qualquer atividade que envolve os alunos ou educandos tem como instrumento auxiliador a família, cujo sentido repousa na participação ativa desta no processo de ensino-aprendizagem. A participação aqui aludida não se faz por ilusão, é deveras uma lei natural, análoga ao ato de dar à luz, atitude de consentir sacrifícios e conquistar oportunidades para a compreensão da aprendizagem do educando e das suas dificuldades.

Na sociedade angolana, onde impera a necessidade da reconstrução, sobretudo das metas, analisar a participação da família é desenvolver a consciência social, a responsabilidade correlativa ao papel da escola na vida de um educando e é, concomitantemente, uma forma de reposição da normalidade que, em alguns casos, há muito se esfumou. Ora, se “é praticando que se aprende”, conforme assegura Freire (1989, p. 27), “vamos praticar para aprender e aprender para praticar melhor.”

Durante a pesquisa exploratória por nós realizada, na escola do Iº ciclo, BG 3001, 1º de Agosto no Município da Baía Farta, constatamos uma fraca participação da família numa das reuniões ordinárias do primeiro trimestre do ano letivo 2014, cujo objetivo era de preparar os educandos para a prova do professor, onde a direção da escola procurava analisar, em conjunto com os encarregados de educação, questões relacionadas com o material escolar, troca de informações sobre o aproveitamento e comportamento dos educandos na escola, a higiene e limpeza do vestuário, pastas e batas e, de modo geral, a manutenção dos bens materiais da escola que exigem tanto cuidado, sobretudo por esta ter beneficiado do orçamento em 2013.

Embora aquela reunião tivesse tanta importância, poucos encarregados se fizeram presentes ao acto. No âmbito das consultas, aos professores, membros da direção da escola sobre o comportamento e o aproveitamento escolar dos educandos, a comparticipação dos encarregados de educação, com valores monetários em kuanzas, assinaturas das cadernetas dos alunos pelos encarregados de Educação, na receção e apreciação dos educandos, ou seja, no próprio acompanhamento dos pais notou-se, pouca atenção a essas obrigações. De acordo com o subdirector pedagógico, os encarregados de educação afluem em massa à escola apenas por ocasião de matrículas e

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12 no final do ano letivo, em que precisam de informações sobre a aprovação/reprovação de seus educandos, como se as suas responsabilidades estivessem limitadas exclusivamente a esse nível.

A essas dificuldades que a direção e o coletivo de professores vivem, junta-se a questão da localização da própria escola. Na verdade, os portões de acesso ao interior da escola estão junto de uma estrada muito estreita onde os moto-táxis e outros veículos circulam em grande número, pondo em perigo a segurança dos educandos principalmente. Neste caso, o acompanhamento dos encarregados de educação é fundamental, para poder incidir sobre essas irregularidades de modo a contribuir para o melhor. Diante desta realidade, torna-se pertinente investigar a participação da família no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que é a este nível que se podem materializar de forma ativa e concreta o envolvimento dos pais na vida escolar.

Nesta perspetiva, pensamos que a presente investigação se reveste de grande importância, devido ao facto de a relação família-escola ser pouco estudada. O objetivo principal deste trabalho consiste, portanto, em caracterizar e compreender os diferentes modos de participação dos encarregados de educação no processo de ensino-aprendizagem, identificando e avaliando os seus efeitos à luz dos resultados académicos. Outrossim é o fato da família ser a comunidade primordial, o espaço de comunicação mais íntimo e o primeiro núcleo de vida e de amor, constituindo, ao mesmo tempo, a primeira escola de saber e, especialmente, de viver, onde se transmitem os valores de civismo e de cidadania. É a primeira sociedade criada para educar as próximas gerações.

O trabalho divide-se em quatro capítulos: o capítulo I referente à fundamentação teórica; o capítulo II onde se apresenta a metodologia, incluindo a identificação do problema e das questões em estudo, o plano ou design metodológico, o processo de seleção da amostra, os instrumentos e procedimentos; o capítulo III onde se expõe a análise de dados; e o capítulo IV que procede à discussão dos resultados.

(14)

13

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Educação: Múltiplos contextos e agentes

O processo educativo compreende diversos agentes e contextos, com graus de formalidade e com objetivos diferentes, incluindo a ação da família, instituições escolares (escolas, universidades, etc.), igrejas, associações e clubes, entre outros. Dada a sua evolução histórica, o sistema educativo formal precisa de assumir a sua parcela de responsabilidade, pois tem entre seus objetivos, além da instrução científica, a formação do respeito pelos direitos e pelas liberdades fundamentais e o exercício da tolerância e da liberdade dentro dos princípios democráticos de convivência, bem como a formação para a paz, cooperação e solidariedade entre os povos. De entre todos estes agentes, a família constitui a fonte e o fundamento de toda a sociedade humana, o núcleo da sociedade, sendo a melhor instituição em termos de socialização e a base sólida de convivência social. A família sempre foi o crisol no qual se fundem as experiências mais originais, primeiras e decisiva da configuração da pessoa. No lar, forma-se e molda-se o primeiro substrato da personalidade. Existe no ser humano um segundo nascimento: quando o ser biológico chega à sua plenitude, assume o seu próprio papel em relação às outras pessoas e teoriza os comportamentos sociais e culturais. A família desempenha um papel primordial nesse segundo nascimento, pois as relações familiares são um componente essencial no processo de tornar-se pessoa.

As funções educativas da família encontram-se profundamente alteradas na sociedade contemporânea, na qual as leis de produção e de consumo exercem um domínio despótico sobre os processos de convivência e de relações humanas. Hoje, o processo educativo no ambiente familiar encontra-se comprometido, no entanto, a família ainda aparece, mesmo que um pouco dividida, como a tábua de salvação dos mais importantes valores humanos.

Queiroz (2003, p. 188) define família como “grupo social fundamental, que se caracteriza pela residência comum, pelos laços de parentesco, pela cooperação económica e pela relação efetiva”. É constituída pelos pais e pelos filhos, podendo fazer parte também os avós, tios, primos ou agregados.

(15)

14 Em educação, a família tem um papel fundamental, pois constituiu o contexto da sua socialização primária. É o meio onde o indivíduo vive e aprende a se relacionar em sociedade ao mesmo tempo em que constituiu a sua base de segurança física, económica e afetiva até que alcance a idade adulta. Baseando-se nesta ideia, pode-se dizer que a família tem um papel poderoso na educação dos filhos na medida em que prepara, informa, sensibiliza para o filho se integrar no mundo escolar de forma correta. Desta maneira, a participação dos pais na escola é importante para esta e para o filho. As famílias e a escola devem educar juntos (e não separados) para um bem melhor, formando assim uma equipa. É fundamental que ambos sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. A família tem a função de dialogar com o filho sobre o conteúdo das aprendizagens e das experiências que está vivenciando na escola, cumprir as regras estabelecidas pela escola de forma consciente e espontânea, deixar o filho resolver por si só determinados problemas que venham a surgir no ambiente escolar, em especial na questão de socialização, valorizar o contacto com a escola, principalmente nas reuniões e entrega de resultados, podendo-se informar das dificuldades apresentadas pelo seu filho bem como seu desempenho.

A família é a única plataforma educativa que pode garantir a formação integral da pessoa humana. São os pais que com seus testemunhos, com sua palavra e com o seu conselho oportuno e interessado influenciam os filhos. A missão dos pais é uma sublime vocação, tendo presente que dar vida não é apenas conceber os filhos; significa acompanhá-los no seu crescimento integral e nisso residem os títulos de pai e de mãe: companheiros de viagem de seus filhos (Moreno, 2002, p. 254).

A família e a escola constituem uma “ponte educativa” na medida em que lutam pelos mesmos objetivos. Sem a família, a escola deixa de existir. Daí que deva haver o estabelecimento de relações colaborativas para desenvolver melhor as suas ações educativas. A escola é o espaço social, que vem após a experiência familiar, e oferece o contexto e os meios de socialização secundária. Pode-se dizer que é o primeiro cenário em que a criança aprende a ser sujeito da vida social complexa. O ambiente escolar deve oferecer programas adaptados às situações concretas dos alunos.

(16)

15

1.1.1. Perspetiva histórica da família

Quando se utiliza o termo família, todos nós temos uma ideia ou definição cultural mais ou menos comum e consensual. Na opinião de Reis (2008, p. 49), “família é o conjunto de pessoas com que vivemos: o marido, a mulher e os filhos e os que têm o mesmo tipo de sangue.” A família é considerada a instituição social básica a partir da qual todas as outras se desenvolvem, a mais antiga e com um caráter universal, pois aparecem em todas as sociedades, as formas de vida familiar variam de sociedade para sociedade. A família é seguramente a primeira unidade social onde o indivíduo se insere e a instituição que contribui para o seu desenvolvimento, para a sua socialização e para a formação da sua personalidade.

Piletti (1986, cit. por Saquieto & Magalini, 2005, p. 12) considera dois tipos básicos de família: família nuclear e família extensa. A primeira é constituída pelo pai, a mãe e os filhos. Porém, com a separação do casal, a família nuclear poder-se-á resumir à mãe e filhos ou pai e filhos. Algumas vezes, devido à morte ou separação dos pais, os filhos continuam vivendo em família, mas morando com um irmão, geralmente o mais velho que normalmente assume todas as responsabilidades.

A família extensa compreende a família consanguínea formada pelo marido, sua esposa, os filhos casados e as respetivas mulheres, os filhos destes, os tios, sendo ainda possível outro tipo de parentesco a viver na mesma habitação. Nesta perspetiva, Reis (2008, p. 44), assegura que “a necessidade da força de trabalho na época e no período das colheitas faziam com que todos colaborassem nas atividades de subsistência familiar, independentemente da idade ou grau de parentesco.” Os criados, filhos de famílias que não possuem terra, viviam desde muito novos fora de casa de origem.

Mudavam todos os anos de patrão e constituíam a força de trabalho da família, passando de um mundo camponês patriarcal para a sociedade industrial. A família extensa, adequada à sociedade tradicional, transforma-se na Família nuclear, que melhor corresponde às características sócio-económicas e culturais da sociedade industrial e urbana. (Reis, 2008, p. 44)

1.1.2. Funções da família

A família, enquanto estrutura básica da existência da pessoa humana, cumpre várias funções. Assim, na opinião de Piletti (1986, cit. por Saquieto & Magalini, 2005, p. 13),

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16 “a regulação sexual, a reprodução, a socialização, o afeto e a proteção, são algumas funções da família”. O autor descreve-as da seguinte forma:

Regulação sexual – Algumas sociedades consideram absurdo um casamento sem

relação sexual prévia, outras acreditam que a relação sexual só poderá ocorrer depois do casamento. No entanto, ambas as sociedades consideram que o casamento oficial é a situação adequada para que aconteça a relação sexual.

Reprodução – a sociedade na qual vivemos considera a procriação como sendo função

da família. Por isso, a criança que nasce fora do seio familiar enfrenta algumas dificuldades para sobreviver de forma satisfatória.

Socialização – a família é considerada a primeira agência educadora da criança, pois é o

primeiro grupo de que ela faz parte. Sendo assim, a família é responsável por transmitir os padrões e os valores que orientarão a criança para se tornar uma pessoa adulta.

Afeto e Proteção – a família é responsável por ensinar à criança as relações amistosas e

de afeto. Para Gervilla (2001, cit. por Reis, 2008, p. 38), “as funções da família que mais força têm no mundo de hoje, mais que no passado, são a económica, a afetiva, a de apoio”.

1.1.3. Fatores familiares do insucesso escolar

Na opinião de Piletti (1988, cit. por Saquieto & Magalini, 2005, p. 28), a sociedade de que fazemos parte cria famílias que enfrentam dificuldades para sobreviver e estes problemas enfrentados prejudicam a aprendizagem da criança. O autor cita alguns problemas enfrentados pela família que criam na criança dificuldades em aprender, nomeadamente:

Estrutura familiar – nem todas as crianças fazem parte de famílias compostas por pai e

mãe e com condições satisfatórias para manterem uma vida digna, como é o caso de pais separados e a criança vive com um lar monoparental, o caso de órfãos, ou o caso de crianças que vivem num lar desunido ou moram com algum outro parente ou tutor. Muitas vezes, essas situações que ocorrem na estrutura familiar podem trazer obstáculos ao bem-estar psicológico, ao desenvolvimento saudável e às aprendizagens escolares da criança.

(18)

17

Posição da criança entre os irmãos – numa família em que o número de irmãos é

grande fica difícil dar atenção a cada um da maneira que necessita e isso pode prejudicar o rendimento escolar da criança. Por outro lado, quando o aluno é filho único e recebe toda a atenção da família, ao chegar a escola e não tiver nela uma atenção voltada só para si, pode acontecer que se crie bloqueios à aprendizagem.

Tipo de educação – alguns tipos de educação são inadequados e podem causar

consequências negativas à aprendizagem, pois é comum encontrar adultos ensinando uma coisa e fazendo totalmente o contrário. As crianças não aprendem o que os adultos querem ensinar e sim o que eles fazem.

Educação autoritária – quando a opressão é exercida por um dos pais, pode levar a

criança a ter incapacidade para o trabalho, provocar sentimentos divididos e afetar o entrosamento social. Porém, quando é apresentada por ambos, a criança pode apresentar agressividade, teimosia e falta de afetividade.

Criança mimada – a criança mimada se dedica à aprendizagem, somente quando a

atividade for para alcançar o mimo. Um dos meios de minimizar os efeitos negativos desta situação está nas mãos do educador, que deverá trabalhar com os pais, para que eles dêem uma educação mais equilibrada.

Educação desigual – está no facto de o pai ensinar uma coisa e a mãe outra. Tal

desigualdade ou inconsistência pode manifestar na criança os sentimentos de agressividade e nervosismo, prejudicando a aprendizagem.

Educação que valoriza ambição – os pais que esperam do filho um resultado fora do

normal, pode levar a criança a desenvolver falso sentimento de superioridade, tornando-se frustrada por não contornando-seguir o que os pais detornando-sejam.

Falta de amor – filhos rejeitados ou que não são amados pelos pais apresentam a

necessidade de reconhecimento de amor e de atenção. Estas crianças podem sentir-se satisfeitas quando maltratadas ou punidas, pois assim estão tendo atenção.

(19)

18 1.2. A Escola como espaço relacional

A escola é considerada por excelência um espaço relacional na medida em que intervém a comunidade e a família. Esta relação traduz uma unidade cultural, na qual se aglomeram saberes, crenças, valores, forma de fazer, de atuar e de resolução de problemas que orientam a sua ação. É encarada também como um sistema, pois, neste contexto, desenvolvem-se atividades sociais: gestores escolares, professores, alunos, pais, comunidade entre outros. Em consequência, a potencialidade educacional deste sistema institucional é medida pela qualidade das relações que este mantém com todas outras estruturas.

Assim sendo, e tendo em conta que a educação é, antes de tudo, uma atividade social, esta não se pode desenvolver à margem de algumas relações inter-pessoais estruturadas. A escola constitui a instituição, espaço pedagógico, onde todos devem participar e encontrar vias e procedimentos para a formação do ser humano. E, para que esta formação se consolide, é necessário que haja a colaboração, a cooperação ou a ligação entre todos (comunidade escolar e comunidade educativa).

1.2.1. A relação pedagógica

Estrela (2002, cit. por Pessanha et al., 2010, p. 239) refere que a relação pedagógica, num sentido lato, abrange os intervenientes diretos e indiretos do processo pedagógico (aluno-professor, professor-professor, professor-funcionários, alunos-funcionários, professores-pais) e, num sentido restrito, abrange a relação professor-aluno e aluno-aluno, em situações pedagógicas.

Postic (1984, cit. por Pessanha et al., 2010, p. 240) considera a escola o local privilegiado da relação pedagógica. Aquela, com as suas características, acaba por, de algum modo, condicionar o tipo de relações que se estabelecem. Contudo, mesmo dentro de uma mesma escola, podem encontrar-se relações com características muito variadas, sendo, portanto, mais adequado falar-se em relações educativas do que em relação educativa. Segundo o mesmo autor, a relação pedagógica é determinada por vários fatores, como os papéis e estatutos do docente e do aluno, a representação dos pares e o estilo educativo ou função do docente.

(20)

19 Na situação educativa, o estatuto refere-se à posição do aluno e do professor, relacionando-se com modos de hierarquização e distância introduzidas na comunicação e o papel relaciona-se com o tipo de atuação esperado do indivíduo que ocupa uma determinada posição no sistema de relações. Apesar das múltiplas transformações pelas quais a escola tem passado, continua a ser uma organização muito hierarquizada, sendo que o professor é encarado como ocupando uma posição superior. Mesmo entre alunos, verifica-se frequentemente uma hierarquização que pode depender, por exemplo, da idade, do nível de conhecimento e do comportamento. A noção de função, papel e estatuto referem-se ao conjunto de atividades pedagógicas, organizadas com vista a atingir um fim cujo valor é reconhecido por todos. A função de um docente depende das finalidades, valores e imagem da sociedade. O termo representação é utilizado para designar o modo de apreensão de um dado objeto social por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos, sendo a relação educativa influenciada pelas perceções que o professor tem do aluno e que o aluno tem do professor. Verifica-se que o docente privilegia, na sua representação acerca do aluno, os aspetos cognitivos a as suas atitudes face ao trabalho, enquanto o aluno valoriza mais as qualidades humanas e relacionais do docente.

A relação pedagógica inscreve-se num quadro complexo de relações mediatizadas pelo saber e pelas condições institucionais criadas para a sua transmissão e apropriação. O saber é, assim, condicionante da relação pedagógica, pois esta estabelece-se entre quem detém o saber e quem o deve adquirir (numa sala de aula, o professor e o aluno, respetivamente), aquele que detém o saber, detém igualmente o poder de controlar e mudar parcelas do real. Durante muito tempo, a relação pedagógica refletiu uma distância entre o professor e o aluno, visto como o recetor humilde e obediente. Esta situação assimétrica mereceu várias críticas, assumindo-se atualmente que o professor, além de ser o perito de uma disciplina, deve ser o organizador da aprendizagem e o moderador do trabalho do grupo.

A conceção “bancária” da educação como instrumento da opressão

Segundo Freire (1987, pp. 33-34), na visão “bancária” da educação, o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. O educador é o sujeito,

(21)

20 conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Na conceção “bancária”, a educação é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimento.

A conceção problematizadora e libertadora da educação.

De acordo com Freire, se os homens são estes seres da busca e se a sua vocação ontológica é humanizar-se, podem, cedo ou tarde, engajar-se na luta por sua libertação. Um educador humanista, revolucionário, não há-de esperar esta possibilidade. Sua ação, identificando-se, desde logo, com a dos educandos, deve orientar-se no sentido da humanização de ambos. Do pensar autêntico e não no sentido da doação, da entrega do saber. Sua ação deve estar infundida da profunda crença nos homens. Crença no seu poder criador. (Freire, 1987, p. 35)

A dialogicidade – essência da educação como prática da liberdade

Quando tentamos um adentramento no diálogo, como fenómeno humano, se nos revela algo que já poderemos dizer ser ele mesmo: a palavra. Mas, ao encontrarmos a palavra, na análise do diálogo, como algo mais que um meio para que ele se faça, se nos impõe buscar, também, seus elementos constitutivos.

Esta busca nos leva a surpreender, nela, duas dimensões; ação e reflexão, de tal forma solidárias, em uma interação tão radical que, sacrificada, ainda que em parte, uma delas, se ressente, imediatamente, a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí, que dizer a palavra verdadeira seja transformar o mundo. (Freire, 1987, p. 44)

Na visão do autor, a relação pedagógica é crucial na sala de aula, pois permite estabelecer o diálogo permanente entre o professor e o aluno com vista a desenvolver atitudes e valores. A relação pedagógica funciona como o impulso, onde cada um participa plenamente, sem se sentir marginalizado por inferioridade ou superioridade, em que todos têm a capacidade de trabalhar e de responder efetivamente.

1.2.2. Relação entre professor e aluno

Para Pessanha et al. (2010, p. 240), o processo de ensino-aprendizagem não reduz o ensino à receção e assimilação desses conhecimentos, em vez disso, postula que o aluno consulta o seu o próprio conhecimento, mediante um complexo processo interativo no

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21 qual intervêm três elementos chave: o próprio aluno, o conteúdo da aprendizagem e o professor, que atua como mediador entre ambos.

Este novo olhar enfatiza como fatores essenciais para a compreensão dos processos de interação professor-aluno os seguintes:

a) A importância dada à atividade construtiva dos estudantes na aprendizagem, sendo que a relação professor-aluno constitui uma premissa pedagógica importante na medida em que permite maior interação e traduz empatia e maior interesse no processo de ensino-aprendizagem.

b) A forma como se percebe o papel do professor no aparecimento, manutenção e orientação das atividades construtivas dos estudantes; revelando-se crucial a relação professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem, porque orienta melhor as atividades, já que o aluno se sente entregue no convívio da sala de aula.

c) A atenção dada à estrutura comunicacional, ao discurso educativo, na sala de aula. A relação professor-aluno reforça a comunicação, permitindo que o aluno na sala de aula esteja à vontade e satisfeito.

Relativamente à atividade construtiva do estudante, enfatiza-se a importância do que ele traz para o processo de ensino-aprendizagem em contexto de sala aula, isto é, os seus conhecimentos, as suas capacidades e competências prévias, os seus interesses, expetativas e as suas atitudes em relação ao ensino, à escola, ao professor.

Em relação ao papel do professor, é-lhe atribuída a função de intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva que os estudantes desenvolvem para os assimilar. Em suma, o professor guia, colabora e orienta o estudante no sentido de assimilar um conjunto de conteúdos, de se apropriar deles e de lhes atribuir significados contextualizados e personalizados.

Assim, na construção dos contextos de interação na sala de aula, são identificados dois elementos essenciais: a estrutura de participação ou social que diz respeito ao que se espera do professor e dos estudantes, aos seus direitos e deveres durante a atividade, e a estrutura do contexto ou estrutura académica que se refere ao conteúdo da atividade escolar e à sua organização. Professores e estudantes constroem conjuntamente estas

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22 duas estruturas, pois cada um deles traz para este contexto um conjunto de competências, experiências, expetativas, valores, atitudes, que constituem os denominadores e marcos pessoais de referência.

Além disso, também se chama atenção para os chamados marcos interpessoais de referência, construídos através da ação conjunta e dos intercâmbios comunicativos entre professores e alunos, pois são eles que estabelecem a forma que tomam as estruturas social e académicas e a sua evolução no decorrer da atividade. Entre os marcos pessoais e interpessoais de referência, encontram-se os marcos materiais de referência, ou seja, os que dizem respeito aos materiais e objetos de natureza diversa utilizados na atividade conjunta. É no cruzamento destes três elementos que se pode compreender a forma como o conhecimento é exposto, adquirido, partilhado, debatido, percebido (ou não percebido) pelo professor e pelos estudantes.

Em suma, o ensino-aprendizagem constitui um processo sucessivo de negociação dos significados, de partilha de experiências relacionadas com os conteúdos escolares, o que implica reflexão e pesquisa constantes por parte dos seus atores (professores e alunos). Logo, neste processo, as relações que se estabelecem devem contribuir para melhoria da cooperação, o que traduz a necessidade de uma relação “recíproca” entre professor e aluno. Desta forma, o professor deve promover relações de colaboração sociocognitiva e co-construção de conhecimento entre ele e os alunos, promover amizade, desenvolver a afetividade, ajudar a superar as dificuldades dos alunos e até mesmo viver com empatia e solidariedade os problemas particulares dos alunos.

Obviamente, o trabalho do professor consiste em desenvolver nos estudantes competências, conhecimentos, valores que garantam a sua inserção social, e para alcançar isto, implica promover uma participação ativa dos alunos em vez de o professor promover o ensino por transmissão, no qual se coloca como único detentor do conhecimento ignorando a experiência de vida e o pensamento reflexivo dos alunos.

1.2.3. A relação entre alunos

Pessanha et al. (2010, p. 242) consideram que esta é uma fonte principal no contexto escolar: a turma funciona como um sistema grupal e social. Em consequência, nestes grupos, verificam-se fenómenos relacionais, nomeadamente de partilha, de

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23 diferenciação de papéis e de expetativas. Instalam-se redes de comunicação e de dinâmica de grupo, a criação de sentimentos de solidariedade e de pertença. No interior do grupo-turma, forma-se, inevitavelmente, uma rede sociométrica (aspetos cognitivos e afetivos) de interação de cada aluno com os restantes pares. Segundo o modelo construtivista vygostkyano, os processos psicológicos superiores têm a sua origem na vida social, nas interações e na participação em atividades reguladas culturalmente, ou seja, todas as funções mentais superiores aparecem duas vezes no curso do desenvolvimento da criança: a primeira vez, aparece como função interpsíquica; e a segunda nas atividades individuais como propriedades internas do pensamento da criança, ou seja como função intrapsíquica. Assim, é possível inferir que os alunos, através da comunicação estabelecida entre iguais, vão apresentando os seus pontos de vista, formulando as suas hipóteses, envolvendo-se num autêntico processo de construção conjunta de metas. As situações de interação entre pares constituem um espaço privilegiado onde os alunos utilizam as suas potencialidades de comunicação como instrumentos da aprendizagem. Os elementos do grupo desenvolvem, resolvem e solucionam problemas e tarefas em colaboração, podendo aprender uns com os outros, incorporando novas estratégias e interiorizando conteúdos.

A relação estabelecida entre os estudantes traz benefícios a vários níveis, nomeadamente, o desenvolvimento de competências sociais, a adaptação às normas, a superação do egocentrismo, das expetativas e do rendimento escolar. Contudo, para que se produzam estes efeitos favoráveis à aprendizagem, é necessário que o professor organize as atividades em sala de aula, de modo a que estas relações sejam qualitativamente ricas e construtivas. Assim, o professor, quando prepara as tarefas em sala de aula, pode induzir diferentes estruturas de organização social das atividades, tendo em conta os objetivos que define para cada uma delas.

A relação professor-aluno é crucial no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que permite que o estudante seja aceite no convívio, que é a aula e possa de forma humana e espontânea exprimir suas ideias e opiniões, desenvolvendo assim a sua capacidade cognitiva. A relação na sala de aula é fundamental, pois traduz harmonia e empatia entre o professor e o aluno. Desta feita, contribui para o desenvolvimento eficaz das atividades de aprendizagem.

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1.2.4. A relação entre escola, família e comunidade

Refletir sobre a escola é pensá-la como comunidade educativa, sistema local de aprendizagem e formação (Macedo, 1995, cit. por Pessanha et al., 2010, p. 243); é pensá-la enquanto espaço aglutinador, formado por vários agentes que, partilhando um mesmo território e participando de uma herança cultural comum, constituem um todo, com características específicas e com uma dinâmica própria.

A escola, ao projetar-se como espaço de integração de diferentes parceiros, dá um duplo sentido à sua lógica de funcionamento. Por um lado, e a nível interno, a abertura da escola à comunidade permite a adequação da instituição escolar ao contexto social e cultural, à diversidade dos alunos, às suas experiências, saberes e interesses, fazendo com que as aprendizagens escolares e a escola passem a ter um sentido imediato. Por outro lado, e a nível externo, o estabelecimento de ensino assume-se como um parceiro na construção e implementação de um projeto educativo local, tornando complementar a sua ação educativa com a de outras instituições locais, igualmente com responsabilidade sociais e educativas.

Deste modo, a escola, o estudante, a família e a comunidade têm de constituir sistemas abertos, com permanentes trocas entre si e onde o seu sucesso depende inevitavelmente da relação dinâmica que estabelecem entre si.

A aprendizagem, o desenvolvimento e o sucesso dos estudantes são as principais razões para o estabelecimento de parcerias entre escola, família e comunidade. Neste sentido, não só aos professores e aos pais, são atribuídos e exigidos diferentes papéis e funções, mas também à comunidade se colocam tais desafios. Por isso, emerge um novo paradigma para o envolvimento, no qual educadores, alunos e comunidade trabalham em conjunto para alcançar a meta partilhada de sucesso para todos os estudantes.

Em síntese, no sentido de efetivar a democratização e a igualdade das condições do acesso e do sucesso em educação, é essencial, além de outras medidas, a promoção, por parte da escola, das relações entre a escola e a família, e entre a escola e a comunidade (Estrela, 1993, p. 2-3).

Pode inferir-se que a família é uma grande escola da vida. Desta feita, a escola deve colaborar com a família para enfrentar os desafios da própria comunidade onde está

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25 inserida a escola. A família e a comunidade devem colaborar juntos com a escola, uma vez que os problemas que acontecem nas instituições são resolvidos pelos mesmos.

1.2.5. A família e a educação para os valores

A consideração pedagógica dos valores deve estar presente no processo educativo como um todo. Na visão de Moreno (2002, p. 151), a pedagogia da intervenção requer um padrão de valores que oriente as atividades participativas dos indivíduos para a otimização humana, o que exige um melhor planeamento no campo familiar e no escolar. O valor como tal é um dos traços mais importantes aprendidos no seio da educação familiar. O processo da educação refere-se sempre a algum modelo axiológico, ao tentar reproduzir valores, atitudes, hábitos, técnicas e conhecimentos que predominam em determinada sociedade. As condições sociais e tecnológicas do nosso tempo exigem uma redefinição e provavelmente uma profunda revisão das funções tradicionalmente atribuídas à educação.

As instituições sociais, tais como a família, a escola e os meios de comunicação social, proporcionam normas de conduta harmonizadas com as exigências institucionais. As instituições, por sua vez, correspondem a um sistema de valores para cuja manutenção e reprodução contribuem as diversas práticas comunicativas e as formas de relação interior das mesmas. No entanto, além das instituições sociais, existem outras esferas de manutenção de valores.

Dada a transcendência dos valores no lar, a família não pode esquecer que é nela que o filho recebe os primeiros carinhos, os primeiros ensinamentos e percebe os comportamentos iniciais. É onde, praticamente, se estabelecem os fundamentos éticos que devem governar a pessoa. No seio da comunidade familiar, transcorre a primeira e fundamental parte do processo de socialização. A criança passa os primeiros anos de vida imersa na comunidade familiar e nesta são fincados os alicerces da sua personalidade, antes que venha a sofrer outras influências. A família pode educar por assimilação ou até pela rejeição, mas, de qualquer maneira, a sua influência é profunda e duradoura.

No seu sentido mais profundo, a família é comunidade, comunicação e o primeiro núcleo de vida e de amor, mas ao mesmo tempo é a primeira escola de saber, de civismo

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26 e de cidadania, e a primeira sociedade criada para educar as próximas gerações. A família é a melhor escola da vida, porque transmite, na intimidade do lar, por osmose, ensinamentos, virtudes e valores que permitem uma ótima inserção social do indivíduo.

1.2.6. A missão educativa dos pais

Os pais são por excelência os melhores educadores, uma vez que a melhor escola da vida é a família. Moreno (2002, p. 254) afirma que, no ambiente familiar, em especial, a educação para os valores não significa ensinar normas éticas, mas viver em plenitude os valores, não significa dar conselhos no âmbito do lar, mas em ser um testemunho vivo do que se diz, ser coerente na própria vida, trata-se de um processo que acompanha e permeia o conjunto de realidades que vão configurando o “tornar-se pessoa” de cada filho. É uma missão que exige que os pais vivenciem os valores eles próprios, nos seus ambientes, com liberdade e compromisso, e se disciplinem para mantê-los.

Os pais não são meros procriadores, também são os primeiros educadores dos filhos, aqueles que constroem os alicerces do futuro crescimento deles enquanto pessoas. A tarefa educativa tem as suas raízes na vocação primordial do casal, o pai e a mãe geram, no amor e por amor, uma nova pessoa, que tem em si vocação para o crescimento e para o desenvolvimento. Ser pai ou mãe não é imiscuir-se na brincadeira e na vida dos filhos, é respeitar a sua intimidade, animar a sua liberdade, potencializar os seus interesses, estar perto deles, dar-lhes a oportunidade de serem eles mesmos, de conhecerem a fundo a vida quotidiana dos seus pais, o seu trabalho, o modo como trabalham as pessoas, como realizam os seus projetos, como se comportam nos momentos de crise, as dificuldades que encontram para sustentar a família, as alegrias e as satisfações que a vida lhes proporciona.

Por conseguinte, os pais são tutores educativos que, passo a passo, orientam de forma positiva a vida dos seus filhos, favorecendo-lhes as regras de convivência social, as etiquetas da vida, para que no futuro tenham ou desenvolvam competências e habilidades para enfrentar os desafios da própria vida.

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27 Neste contexto, os pais têm o dever de:

Criar um clima de amor, porque o ambiente familiar é o ponto-chave para o desenvolvimento da personalidade e sem amor não existe educação, educar é, acima de tudo, amar;

Incentivar o diálogo, porque é a principal exigência da cultura moderna no plano familiar, dialogar em família, não é simplesmente falar, é dar uma resposta adequada às atitudes críticas dos filhos, é despertar a confiança suficiente para resolver problemas e conflitos, é também saber pedir a opinião dos filhos e valorizar as suas capacidades e comportamentos, sendo que os pais devem ter consciência da mudança de vida que hoje se experimenta;

Desenvolver virtudes essenciais para a vida, como a honradez e a consciência do dever, aflora nas palavras, nos desejos, nas atitudes, na própria maneira de viver no lar. A justiça estimula a dar a cada um aquilo que lhe corresponde: ser justo é cumprir o dever com equilíbrio, destreza, sentido de proporção e flexibilidade humana (viver a vida em família é preparar para a vida honrada e abrir importantes canais para a felicidade dos filhos). A sinceridade, que é uma das melhores formas de relacionamento entre os membros do lar, desenvolve nos filhos o hábito de respeitar a verdade, de não mentir, não dissimular, de respeitar a intimidade alheia e de evitar situações de intransigência;

Ser coerentes e sinceros com eles mesmos, não só no plano individual, mas também no de casal. Os pais devem aprender a aceitar-se e a aceitar os filhos tais como são. Precisam de se esforçar para compreender os próprios sentimentos e confiar neles. Assim, estimulam os filhos a percorrerem caminhos para escolher aquilo que os leva à plena realização pessoal.

Conhecer a pessoa do filho, seja observando, dialogando ou preocupando-se com seu mundo, é a forma de poder sempre valorizar as suas virtudes e proporcionar-lhes a descoberta de valores nos outros.

Procurar colocar-se na pele do filho, considerar sempre a ideia dele, a sua sensibilidade e a sua intimidade, não imaginar que os conselhos são a melhor maneira de educar uma pessoa, em vez da visão da vida que se reflete no próprio comportamento.

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28 Medir qualitativamente os próprios sucessos e fracassos, medir não pelos frutos que colhem, mas pela qualidade daquilo que semeiam, porque, afinal, estão a formar o filho para ser autor da própria vida.

Infere-se que o processo educativo é complexo na medida que cada um perceciona, age, sente, aprende, observa de maneira diferente. Entretanto, os pais para melhor guiar os seus filhos devem desenvolver virtudes na base da coerência, justiça, humanidade, sinceridade e tolerância. Estes valores desenvolvidos pelos pais fazem com que os filhos tenham e desenvolvam competências e atitudes positivas no seu modo de viver.

1.3. Educação para os valores: desenvolvimento moral e social

Na perspetiva de Moreno (2002, p. 131), os valores que permitem ao indivíduo ter um desenvolvimento moral e social na família e na sociedade são os seguintes:

Convivência: a convivência humana é, antes de tudo, viver com entrega,

solidariamente, ela constitui valores éticos e morais. O ser humano é pessoa, sendo assim ele possui um caráter essencialmente comunitário, ele é um ser sociável por natureza, por esta razão o instinto de sociabilidade o leva a unir-se aos seus semelhantes, para com eles alcançar o seu fim último, por meio de uma colaboração mútua e de uma convivência solidária e fraterna. A pessoa humana só pode realizar-se de forma plena em comunidade com os seus semelhantes, ao passo que a comunidade, por sua vez, depende da perfeição das pessoas que a integram. O homem, por sua própria natureza, é um ser social, que não pode viver nem desenvolver as suas qualidades sem entrar em relação com os outros, não pode encontrar a sua perfeição fechando-se em si mesmo, mas na comunhão com os demais, na sociedade humana, na comunhão entre homem, mulher, pais e filhos, na sociedade familiar, na comunhão de grupos étnicos, na nação, na humanidade.

Solidariedade: este termo vem do latim “solidus”, que designava uma moeda de ouro

sólida, consolidada, não variável. Daí, derivam os termos soldo, soldado, soldar, consolidar, solidez e solidário. O termo “solidariedade” alude a uma realidade firme, sólida, poderosa, valiosa, alcançada pela junção de seres diferentes. Tal junção constitui uma estrutura, que é fonte de solidez, dinamismo e leveza. Com efeito, uma multidão de

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29 pessoas devidamente organizadas é inexpugnável, devido à energia e à firmeza que possui (Costa, 2009).

É preciso dar início a uma pedagogia da solidariedade, que comece nos corações de cada ser humano e que continue nos lares, nas escolas e na rua. Os caminhos da solidariedade têm muitas direções, não levam só às pessoas que são mais simpáticas ou às que podem satisfazer os desejos, também chegam àquelas que mais precisam de ajuda: os pobres, os velhos, os doentes, os jovens, as crianças. Todo o indivíduo pode encontrar, bem perto dele, motivos mais do que suficientes para solidarizar-se com o sofrimento alheio.

Os bons educadores procuram oferecer aos jovens uma escola de valores que determinará boa parte das decisões do adulto de amanhã. No entanto, afirma-se com frequência que quando uma pessoa sabe viver simultaneamente os direitos que defende e os deveres que cumpre, está embelezando a sua vida e o ambiente social em que vive, está a contribuir para uma convivência harmoniosa, agradável, a todos os que compartilham de sua vida, e ser gerador de felicidade.

Diálogo: a educação é tão essencial para a vida quanto o amor ou a liberdade. O homem

vive em sociedade e necessita comunicar-se com os demais para trocar com eles todo o tipo de informações. A comunicação é um valor essencial e um meio pelo qual os indivíduos podem ser atores e autores do seu projeto pessoal. Se querem tornar-se independentes da família e da escola, necessitam exercitar a convivência em grupo, como forma de desenvolver o seu processo de socialização ou de realização pessoal por e com os demais (grupos ou amigos). Os jovens veem, com toda a clareza, que a comunicação interpessoal é o meio ou o veículo para tornar realidade os seus projetos e, quando não conseguem sintonizar-se com outras pessoas, a sua psicologia fica frustrada e traumatizada, conscientizam-se, cada vez mais, que não podem viver sem comunicar e que a comunicação é sinónimo de vida, pois morrerão se não se comunicarem.

A comunicação para o diálogo realiza-se simplesmente com conversas entre os esposos e com os filhos, sobretudo a respeito de assuntos que possam servir para o enriquecimento pessoal deles e para criar um clima de confiança total na comunicação entre pais e filhos.

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30

Consciência Moral: a consciência moral nada mais é que um caso particular da

consciência psicológica. A consciência deve ser o eixo central do comportamento da pessoa. O seu caminho, o seu guia, é o impulso motivador de fazer o bem. A tarefa de formar a consciência moral deve durar a vida toda, uma vez que sempre é possível aprimorar a delicadeza e o trato com os demais e que cada vez mais se deve refletir sobre o que se pode dar aos outros. Quando a consciência falha, a desorientação toma conta da vida pessoal e social, afetando o seu bom andamento. Ela é necessária para construir uma sociedade digna do ser humano. Manter viva a chama da consciência é a única forma de se conseguir uma sociedade digna do ser humano, na qual os valores fundamentais da ética (justiça, honra, verdade, solidariedade) sejam respeitados por todos.

Quando o homem não é capaz de distinguir, com clareza, o bem do mal, todo o sistema de valores éticos vem abaixo e corrupções de diversas espécies encontram o caminho livre.

Boas Maneiras: a boa educação, a urbanidade, a cortesia e as boas maneiras são

compatíveis com a sinceridade, com a coerência entre o que se é e o que se faz.

Hoje, vive-se numa sociedade acostumada a grandes avanços tecnológicos e espetaculares descobertas científicas que, com frequência, deslumbram muitas pessoas, chegando a fazê-las perder de vista o principal, o ser humano. Na vida, desenvolve-se lado a lado com outras pessoas: na família, no trabalho, na escola, na rua, no bairro, nas relações sociais, convive-se com pessoas de diferentes culturas, formação, temperamentos, posições sociais, credos políticos e aspirações, a convivência impõe-se por regras.

A convivência e as boas maneiras são tão necessárias quanto importantes. Por isso, as normas que ajudam a conviver com boa educação baseiam-se na consideração e no respeito com relação aos demais.

Bondade: a bondade é um valor importante e a sua cotação está sempre em alta, porque

não é difícil observar em muitos jovens de hoje um renascimento da generosidade, do prazer indescritível de dar e dividir, de viver humildemente e desfrutar das coisas simples da vida.

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31 Bondade é amabilidade, paciência, compreensão e concórdia. As pessoas que exercitam a bondade honrarão permanentemente essas qualidades e valores humanos de caráter superior que dão consciência à personalidade e demonstram um alto grau de maturidade mental, psíquica e afetiva. Refira-se o respeito, a amabilidade, a paciência, a tolerância, a compreensão e a concórdia, pois todas elas representam as bases da bondade. Dão-lhe consistência e entidade, dão sentido e coerência à conduta e afastam do egoísmo e da superficialidade.

Vontade: vontade é a faculdade de realizar o que se julga conveniente, sem ela não é

possível vencer. Com uma vontade fraca, um educador não consegue forjar a sua juventude, nem realizar esperança e ideias.

A vontade é a capacidade psicológica que leva o indivíduo a fazer uma coisa prevendo as suas consequências. Um estudante que estuda sem vontade aproveita o tempo com dificuldade, porque está pensando antecipadamente nas provas e no resultado final. A tarefa do ser humano é sempre aperfeiçoar, educar, completar e superar a si mesmo. A educação da vontade é a estratégia dessa conquista, porque ela consiste em estimular a formação, em proporcionar essa força e essa energia contra as dificuldades, de tal forma que constitui o caráter e pensamento. A vontade surge quando existe plena consciência e domínio das próprias ações.

Em suma, o homem é um ser eminentemente social, já que está, naturalmente, condenado a viver junto dos outros, partilhando as ideias, pensamentos, experiências, conhecimentos. Nesta natural convivência, ele deve regular os seus atos na base dos valores morais e éticos. Assim, o professor/educador na sua ação didática deve estabelecer valores fundamentais com os alunos com vista a poder fortalecer ou desenvolver nos alunos a consciência moral e social.

Os valores aflorados são ímpares no seio humano, pois são os alicerces e pilares para uma vida em comum.

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32

1.3.1. O educador na formação dos valores

Educar é ensinar a viver, o problema da sociedade atual é a ausência de valores e não de liberdade. Assim, segundo Moreno (2002, p. 266), o ingresso na escola representa para a criança uma abertura para a convivência e para a sociedade. O período que vai dos 3 anos à primeira juventude é um tempo fundamental na vida do ser humano. Cada sociedade, cada cultura, cada estrutura social, política ou económica, gera um tipo de escola e mantém um determinado conceito de educação.

O professor, definitivamente, tem de ensinar a viver, tem de preparar para a vida. Para realizar a tarefa educativa transmissora de valores vivenciados no processo educativo, precisa estar numa escola de vanguarda, que lhe possibilite ampliar a capacidade dos alunos, descobrir as suas potencialidades, ajudá-los a aceitar as suas limitações e a superar as dificuldades.

O professor pode obter resultados eficazes com as seguintes estratégias de trabalho: Favorecer o desenvolvimento pessoal do aluno;

Estimular hábitos de trabalho;

Cultivar a originalidade e a criatividade; Preparar o aluno para a vida;

Corresponder às exigências da sociedade; Incentivar o espírito criativo;

Impulsionar a solidariedade e o trabalho em equipa; Ensinar a tolerância;

Educar para a paz e a saúde;

Consolidar as capacidades de base para o trabalho; Possibilitar o crescimento interior do aluno como pessoa; Possibilitar o amadurecimento;

Conscientizar o aluno dos seus direitos e deveres.

O professor pela sua natureza é o segundo pai, cabendo-lhe transmitir e ampliar os conhecimentos sobre valores, atitudes e comportamentos que são as premissas fundamentais para uma boa convivência e ao mesmo tempo dar o essencial para que a criança tenha no futuro uma vida social condigna.

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33 O professor que educa para os valores tem uma grande implicação no ambiente escolar, já que os valores relacionam-se sobretudo com as atitudes que se formam por meio de uma lenta infiltração nas consciências, devido a mecanismos inconscientes que ocorrem na relação professor-aluno. O professor surge diante do aluno em sua realidade pessoal, é a pessoa dele que vai influenciar as demais, suas atitudes e critérios de valores estão quase que o tempo todo em evidência, pois partilha suas experiências e os significados e tem como marco de referência a própria vida.

Os professores e mestres de hoje muitas vezes têm receio de propor e exemplificar valores. No entanto, os valores morais não são opiniões pessoais. Essa é a lição que os educadores podem ministrar aos alunos, junto com a consciência da importância das decisões pessoais no campo da vida pública ou privada. Os valores são entendidos como realidade significativa, ou como aquilo que permite dar significado à existência humana, têm influência na educação porque dão a possibilidade de que a humanidade cresça em plenitude.

A opinião de Moreno (2002) é importante, uma vez que o professor favorece o desenvolvimento pessoal do aluno, prepara a vida do aluno para o futuro na base dos valores fundamentais. Obviamente, o professor tem a dupla função de ensinar e educar o indivíduo a ser uma pessoa com uma plenitude eficaz em termos de valores morais e éticos.

1.3.2. Autoconceito e inserção social dos filhos

Oliveira (2002, p. 150) defende que os pais calorosos e com uma disciplina firme geram nas crianças e nos adolescentes um elevado autoconceito, o mesmo acontece nos jovens adultos, os pais calorosos tendem a desenvolver nos filhos uma alta auto-estima. O nível de harmonia familiar tem influência direta no autoconceito dos filhos e o autoconceito dos filhos diminui à medida que os conflitos entre os pais aumenta.

As práticas educativas têm consequências a nível do caráter das crianças. Assim, os filhos educados em meios autoritários e dominadores têm tendência a ser conformistas, obedientes, tímidos e sem espírito de iniciativa. Por outro lado, o modo como o casal se relaciona entre si ou a interação entre marido e esposa medeia a influência que os pais exercem sobre os filhos. Uma boa atmosfera familiar e uma relação positiva dos pais

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34 com os filhos (tolerância, compreensão, ajuda e incentivo para vencer as dificuldades) são essenciais para a formação de um bom autoconceito.

Ainda a relação entre práticas educativas dos pais e o locus de controlo dos filhos tem influência sobre a externalidade e internalidade, isto é, “uma má atmosfera familiar e uma educação demasiado rigorosa pode produzir uma crença de controlo externo dos reforços”, enquanto uma boa atmosfera educativa favorece o controlo interno da situação (Serra & Matos 1987).

A influência das práticas parentais na personalidade dos filhos não é apenas direta mas também mediada por outras variáveis, como a perceção que os pais têm dos filhos e os filhos dos pais. Na mesma senda, os adolescentes com um nível elevado de autoestima percecionam os pais como mais aceitadores e menos controladores e exigentes. Os resultados (da inter-relação pais/filhos ou vice versa) permitem supor que o desenvolvimento de um bom autoconceito se processa numa atmosfera de aceitação por parte dos pais que permitem ao adolescente autonomia e oportunidade para aprender novas competências. A autonomia do adolescente relaciona-se com a perceção que o adolescente tem das práticas educativas parentais: o estilo educativo democrático/participativo é o que melhor facilita o acesso do adolescente à autonomia. Os estilos educativos dos pais não apenas têm repercussões no desenvolvimento da personalidade dos filhos, mas também no seu comportamento social (Fernandes, 2012). Os filhos são produto dos seus progenitores, na medida em que vão herdando os traços psicológicos e morais destes. Assim, ficaria bem que os pais partilhassem conhecimentos, experiências e desenvolvessem atitudes dignas que garantam a estabilidade moral e emocional dos seus filhos.

1.4. O papel dos pais no sucesso académico

1.4.1. Fatores do rendimento escolar dos alunos

Falar de rendimento escolar é muito mais amplo e complexo do que parece, exigindo esforço e dedicação não só dos pais e professores, mas do aluno que é agente ativo de todo o processo.

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35 Muitas vezes, o professor conhece as teorias e as técnicas de motivação da aprendizagem, mas ele não as aplica, porque ele próprio não está motivado. Situações como a insatisfação salarial, a falta de condições de trabalho e a saúde deficiente podem estar na base da desmotivação do professor, fazendo com que diminua a sua capacidade de trabalho e debilite a aprendizagem do aluno, pois, estes ao perceberem essa desmotivação do professor, apesar das técnicas e métodos de ensino, não demonstram grande entusiasmo pela matéria.

Gomes (2011) afirma que alguns fatores podem colaborar para o mau desenvolvimento metodológico do professor: má estrutura da sala de aula, a lotação de turma, excesso das atividades extras que geralmente são inúmeras, a carga de trabalho, os baixos salários dos professores, as tensões, a sobrecarga mental e cobranças da escola, assim podendo influenciar na desmotivação e na indisciplina do aluno. Desta forma, o mesmo autor considera que o rendimento escolar dos alunos se afigura assim, direta ou indiretamente, por essa desmotivação e, entre outros aspetos, pela interação dos seguintes fatores:

Fatores biológicos – Deficiências mentais ou mesmo sensoriais que não permitem a criança seguir o ritmo e os processos de escolaridade normais. Fatores socioculturais - Nesta abordagem, as investigações são centradas na

família da criança, na sua herança cultural ou orientação cultural. Verifica-se relação forte entre o nível de instrução dos pais, os seus rendimentos, o tamanho da família, o encorajamento recebido dos pais, a estrutura e a ordem do lar, assim como entre o sistema de valores próprios da família, as suas motivações e ambições, entre outros aspetos da “cultura”.

Dentre esses fatores e procedendo ao enquadramento com a temática em estudo, destacam-se aqui os fatores socioculturais, pelo facto de estarem centrados na família da criança, na sua herança cultural ou orientação cultural. Logo, torna-se imprescindível para os professores e para a escola em geral considerar o nível de instrução dos pais, os seus rendimentos, as dimensões familiares, os valores familiares, os seus interesses e motivações.

Não se pretende aqui, esgotar o assunto, mas apontar mais alguns aspetos que parecem ser relevantes para o enfrentamento das dificuldades encontradas no processo de relacionamento entre família e escola. Estas instituições, assim como toda e qualquer

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