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Política de meio ambiente e sustentabilidade social no Brasil

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A subjetividade e arrastada para 0 aprendi­ de proliferar e nao se fechar, nao endurecer e

na subjetividade tern tudo a yer com 0 lugar nos faz habitar.

urn pouco sobre i5S0, quando mostra sua e atrait os devires; quando acolhe a diversi­ p:>~liUWlua,,,,,~ e torna-se potente para aglr; quan­ as fon;as sonoras do tempo e arranca delas

dessas estrategias, criaria zonas de vi'{j­ campo e comporia com ele. 0 resultado dessa ....sl){)r'drurlte que vern da cria<;:ao e da movimen­

as

vibra~6es. Uma subjetividade criadora diferentes possibilidades ritmicas, viva, astuta

experimentar, tatear no invisivel, pois nao se pelnrtlenta<;ao. Nesse processo, tanto 0 sujeito inven<;ao nao passa pela exclusividade de uma EJa

e

vivida por tateio, por sensibilidade, no a set inventada deve passar, tambem, pot pois 0 avesso tern 0 seu char me. Ele tern a

e das aparencias, coisas tao apreciadas no o virtual, campo da problematica, que for<;a de tornar-se outro, nao

e

fkil.

E

correr ensaios e, talvez, oem final feliz. Mas quem

de

exi.stir no fmal do milenio.

DitilDgos. Sao Paulo: Escuta, 1998.

Paulo: Ed. 34, 1996.

de subjetividade amorosa 0 amor malal1dro

tdIs~rssossego. V.1,Campinas: Ed. da UNICAMP,

de auto-qjuda eindividualismo. Porto Alegre:

Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

OPSIS - Revista do Niese, V.1, Maio de 2001

POLITICA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENT ABIUDADE

SOCIAL NO BRASIL.*

ManoelRodrigues Chaves**

Resumo: Abstract

o

presente artigo analisa as dificuldades This article makes an analyse of the difficulties em se estabelecer uma politica de meio to establish an environment politics that is ambiente que seia representativa das com- representative of the complexities of the plexidades inerentes ao territorio brasilei- brazilian territory. This demonstrates that the roo Demonstra que 0 conceito de "Desen- 'self-support development', as a global volvimento Sustentave!" ,como estrate- strategy of developement, need to overcome gia global de desenvoh'imento, necessita the historic vision of the nature with market superar a visao historica da natureza as hayes and seek for social support to the leis de mercado e buscar uma human future in the planet.

sustentabilidade social para 0 futuro do homem no planeta.

A partir da segunda metade do seculo XX, a questiio ambiental passa a compor com as varias fOfmas de manifesta<;6es e movimentos organiza­ dos, que reivindicam mudan<;as concretas no nivel de organiza<;ao social em qualquer escala de abrangencia. Ao insurgir tam bern como resposta

a

crise economica e social contemporanea, a questao ambiental aponta para a possi­ bilidade de novas formas de participa<,:iio. Estimula 0 debate politico e reacende

a cidadania do "lugar social", alem de colaborar para promover a discussao de quest6es como a etica, a polftica, a cultura, a cidadania, etc.

Ha

uma profunda crise contemporanea que reRete, objetivamente, a esgotabilidade de urn processo produtivo que, ao tornat-se global, escancara sua face perversa atraves de varias formas de degrada<;ao socio-ambiental. Duas quest6es, que estao longe de serem equacionadas, sao atualmente colo­ cadas como os grandes desafios para a sociedade do seculo XXl: produzir de

'Texto baseado em trabalho apresentado na mesa-redonda "Lazer e Polfticas Ambientais" por ocasiao do Simp6sio Cullum e Fim de Milenio, promovido pete NlESC·UFG/CAC

em Maio de 2000.

"Professor Assistente do Curso de Geografia do Campus de Cataliio-UFG e doutorando em Geografia pete IGCE-UNESP . Campus de Rio Claro.

(2)

OPSIS - Re~

forma sustentada, ou seja garantir 0 abastecimento para as futuras gera<;6es e

distribuir de forma mais eqiiitativa a produ<;ao. No primeiro caso trata-se de redirecionar os investimentos em pesquisas e novas tecnologias, colocando-as a servi<;o da conserva<;ao, recupera<;ao e preserva<;ao dos recursos naturais e, no segundo ca'so, trata-se de desenvolver mecanismos ef-lcientes para acabar com a fome e a miseria absoluta de cerca de 20% da popula<;ao do mundo. Em outras palavras, hi um problema de ordem tecnica e outra questao que depende basicamente da politica global.

as principais problemas apontados por ocasiao da I Con­ ferenda das Na<;6es Unidas para 0 Meio Ambiente, realizada em Escocoimo

em 1972, tais como 0 efeito estufa, 0 buraco na camada de ozonio, polui<;ao

generaliza, acrescimo de gas carbonico na atmosfera, amea<;a de superaqueci­ mento da terra, queimadas, erosao dos solos, etc., estao longe de serem solu­ cionados. Isto porque os protocolos de inten<;5es exigem mudan<;as substan­ ciais nas polfticas internas e externas, principal mente dos paises ricos. Deve-se levar em considera<;ao, entretanto, que ha urn esfor<;o de governantes e da sociedade civil na busca de solu<;6es, a partir de novas tecnologias e mecanis­ mos de controle, gestao, planejamento e para 0 estabelecimento de politicas

para 0 meio ambiente em todas as partes do mundo. Af-Inal de contas, nao era

somente 0 futuro da humanidade que estava sendo colocado em risco, mas

tambem a continuidade do modelo economico vigente.

Na realidade, as varias formas de manifesta<;ao da degrada­ <;ao ambiental em todo 0 mundo materializam uma serie de conflitos a esfera da produ<;ao social, na medida que toda reIa<;ao de produ<;ao, mediada peIo trabalho, esta vinculada a uma forma de reIa<;iio do homem - enquanto ser social e a natureza enquanto base da produ<;ao material da sociedade. Portanto, qualquer reIa<;ao de trabalho signif-lca uma forma de apropria<;iio da natureza peIo homem. A degrada<;ao ambiental assume propor<;6es gigantes­ cas em nosso tempo, em face de que hi uma explora<;ao, uma apropria<;ao e uma distribui<;ao desigual do produro f-Inal dessa rela<;ao estabelecida.

A questao ambiental no Brasil

Apesar do enorme potencial em biodiversidade - apontada como a riqueza estrategica para 0 futuro -0 Brasil mantem seu secular mode­

10

de desenvolvimento economico, baseado na explora<;ao indiscriminada dos recursos naturais e sem uma preocupa<;ao conservacionista. Mesmo 0 recente estabelecimento de uma politica de meio ambiente no Brasil, se assenta, ainda, no mito desenvolvimentista do p6s-guerra. De alguma forma, 0 argumento da necessidade do progresso tern sobrepujado os "Iimites ecossistemicos", dissociando as pdticas produtivas do potencial ecologico e das quest6es soci­

ais e culturais.

Casseti (1991), aponta 0 fa1 ambiental assenta-se na historica sujei<;ao d, das reIa<;5es capitalistas internacionais. Tame a<;as apresentadas ao mundo durante a Con

em 1972, 0 Brasil continuou dissociando a

economica e social, atraves da ideologia do l <;0.

Ferreira (1992), tambem as palS realizava-se no mito desenvolvirnentista sob as perspectivas de valores predat6rios, ( senvolvimento nacional.

Em termos de analise gle

(1991), que a politica adotada a partir de 19

aceIerou 0 processo de degrada<;iio dos esp; substancial da qualidade ambiental das areas mo entre infra-estrutura de servi<;os e arnbi pela imporrancia gerencial dos munidpios .. de deteriora<;ao do nivel social, onde 0 proe por<;6es sem precedentes.

a Brasil, como urn dos p dos palses em desenvolvimento, durante a , uma enorme resistencia ao reconhecimento ambiental. A reconhecida potencialidade ern menw

a

necessidade e possibilidade do inc que garantissem a continuidade do progress

o

Estado brasileiro t

contmle

cia

poluirlio

ecossistemas rulturais do Brasilsiio quasf rrwdo conservacionistt

internacional), deVI

intenso possivel parc,

nomico. (Viola, 199

as representantes do Brasi de ram posi<;6es bastante claras com rela<;ao meiro lugar, os delegados defenderam qm deveria ser sacrif-lcado em nome de urn at ainda, uma situa<;ao conmiria

as

medidas ultimo, uma defesa intransigente da tese da s

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. global.

base da

0 abastecimento para as futuras gera<;:6es e

a prodwrao. No primeiro caso trata-se de pesquisas e novas tecnologias, colocando-as e preservas:ao dos recursos naturais e,

""n\Tnl'v"r mecanismos eficientes para acabar

de cerca de 20% da popula<;:ao do mundo. de ordem tecnica e outra questao que apontados por ocasiao da I Con-o MeiCon-o Ambiente, realizada em ES(QcCon-olmCon-o

o buraco na camada de ozonio, polui<;:ao na atmosfera, amea<;:a de superaqueci­ dos solos, etc., estao longe de serem solu­ de inten<;:6es exigem mudan<;:as substan­ principalmente dos paises ricos. Deve-se que

ha

urn esfor<;:o de governantes e da a partir de novas tecnologias e mecanis­

e para 0 estabelecimento de politicas partes do mundo. Afinal de contas, nao era . que estava sendo colocado em risco, mas

economico vigente.

varias formas de manifesta<;:ao da degrada­ materializam uma serie de conflitos a esfera

toda reias:ao de produ<;:ao, mediada pelo de relas:ao do homem - enquanto ser produ<;:ao material da sociedade. significa uma forma de apropria<;:ao da ambiental assume propor<;:6es gigantes­ que

ha

uma explora<;:ao, uma apropria<;:ao e

final dessa rela<;:ao estabelecida.

potencial em biodiversidade apontada futuro -0 Brasil mantem seu secular mode­

baseado na explora<;:ao indiscriminada dos I:Oc:upa<;aLo conservacionista. Mesmo 0 recente

de rodo ambiente no Brasil, se assenta, ainda,

p6s-guerra. De alguma forma, 0 argumento

sobrepujado os "limites ecossistemicos", do potencial ecol6gico e das questoes soci­

OPSIS - Revista do Niese, V.I, Maio de ZOOI

ais e culturais.

Casseti (1991), aponta 0 fato de que a "essen cia" da questao ambiental assenta-se na hist6rica sujei<;:ao do Estado brasileiro aos interesses das rela<;:oes capitalistas internacionais. Tanto, que mesmo com as graves arne­ a<;:as apresentadas ao mundo durante a Conferencia de Estocolmo, realizada em 1972, 0 Brasil continuou dissociando a questao ambiental da realidade

economica e social, atraves da ideologia do desenvolvimento a qualquer pre­ <;:0.

Ferreira (1992), tambem assinala que ate a decada de 70, 0 pais realizava-se no mito desenvolvimentista e, portanto, a questao ambiental, sob as perspectivas de valores predat6rios, era tratada como antitese do de­ senvolvimento nacional.

Em termos de analise global, no entanto, afirma Casseti (199]), que a polftica adotada a partir de 1964 e, sobretudo a partir de 1974, acelerou 0 processo de degrada<;:ao dos espa<;:os rurais e provocou altera<;:ao

substancial da qualidade ambiental das areas urbanas, gerando urn antagonis­ mo entre infra-esrrutura de servis:os e ambiente ecologico, 0 que respondeu

pela importancia gerencial dos munidpios. Tudo isso sem considerar 0 grau

de deteriora<;:ao do nivel social, onde 0 processo de faveliza<;:ao assumiu pro­ por<;:oes sem precedentes.

o

Brasil, como urn dos principais organizadores do bloco dos paises em desenvolvimento, durante a conferencia de Estocolmo, tinha uma enorme resistencia ao reconhecimento da importancia da problematica ambiental. A reconhecida potencialidade em recursos naturais servia de argu­ mento a necessidade e possibilidade do incremento de espa<;:os produtivos, que garantissem a continuidade do progresso economico.

o

Estado

brasilciro define aproblemdtica ambientalcomo

controle

ria

poluirao epreservarao de algumas amostras de

ecossistemas naturais. Considera-se que os recursos naturais do Brasilsao quase infinitos e que, ao inves de usd-los de

modo conservackmista (comopropoe0 programa ambientalista

internacional), deve se explord-los de modo mais rdpida e intmso possivel para atingiraltas taxas de crescimento eco­

'lamico. (Viola, 1992:83-84).

Os representantes do Brasil na referida Conferencia defen­ deram posi<;:oes bastante claras com relas:ao as questoes ambientais. Em pri­ mdro lugar, os delegados defenderam que 0 crescimento economico nao deveria ser sacrificado em nome de urn ambiente mais puro; defenderam ainda, uma situa<;:ao contraria as medidas de controle populacional e, por ultimo, uma defesa intransigente da tese da soberania nacional. Esses foram os

(4)

' elementos basicos da politica externa brasileira que sairam vitoriosos de Esto­

colmo e assim modelaram as polfticas ambientais internamente. Ferreira (1996).

o

Brasil, no inicio da decada de 70, vivia intensamente a ditadura militar e realizava-se no mito desenvolvimentista. Com isso a ques­ tao ambiental era tratada como antitese do crescimento economico e social. A primazia do desenvolvimento economico, os preceitos da soberania e da se­ guran<;:a nacional e a compartimentaliza<;:ao do gerenciamento ambiental, atra­ yes da pericia burocratica, permanecem como politicas basicas de sustenta<;:~o do progresso. Dessa forma, a questao ambiental tambem nao ,e~teve no. dls­ curso basico da Nova Republica, muito menos nas suas polltlcas efeovas. Ferreira & Ferreira (1996).

Sintetizando a polftica ambiental brasileira nas decadas de 70 e 80, assinalam as autoras:

Assim tal qual

hd

20 anos, as preocupar;oes com a

descapitalimflio inviabilizando 0 desenvolvimento econfjmico

nacional, continuam envoltos pela ret6rica da pobreza.

(Ferreira & Ferreira, 1996:22).

Ha ainda uma forte influencia desse pensamento na forma de avalia<;:ao da questao ambiental pelos tecnocratas no Brasil. Continuam avaliando 0 desenvolvimento economico como superior ao desenvolvimen­ to social e politico, revelando uma coesao ideologica com os seus parceiros do setor privado. A ideologia dominante, que tern profunda repercussao nos niveis de degrada<;:ao ambiental, e de que a necessidade de urn rapido cresci­ mento economico tern prioridade sobre uma polftica de conserva<;:ao, sobre­ tudo em urn pais "farto" de recurs os naturais. Por outro lado, ha uma tenden­ cia em situar a questao ambiental em rela<;:oes simplistas, derivadas de urn referencial teorico que sintetiza as complexas rela<;:oes da sociedade com a natureza atraves de urn balan<;:o contabillenergetico.

Para Ferreira (1996), a crise atual tern profundas raizes histo­ ricas e as possiveis solu<;:oes devem ser encontradas no proprio sistema social. Nesse sentido a autora discute as dimensoes da desordem ecologica apontan­ do tres caracteristicas basicas que permeiam a realidade brasileira e que influ­ enciam no estabelecimento de uma polftica de meio ambiente que possa ser representativa dos interesses coletivos. Em primeiro lugar. a autora r~fere-se aos elementos historicos que caracterizam a forma<;:ao SOCial do Brasil: uma hierarquia patrimonialista, 0 paternalismo, a repressao e 0 autoritarismo; em segundo lugar 0 Estado possui uma estrutura de poder concentradora e exclusivista e finalmente urn forte padrao tecnocrata e formalista na resolu<;:ao dos conflitos. Tem-se, portanto, urn aparato institucional autoritario que for­ talece gradativamente 0 Estado em detrimento da sociedade civil, limitando cada vez mais os espa<;:os representativos de uma cidadania plena.

p

a

OPSIS - Revis

A constru<;:ao de polfticas pu' ente, a partir da sociedade civil exige 0 rompim e clientelista que levam

a

submissao da cida Quando esse publico nao reflete os interess sociedade e as institui<;:oes, deliberadamente, c

o

Brasil transfomwu

cantildJJs tempos colm

ciedddes illdustrUJis CA

tanto, suaformafiio s, patrimonial, tendJJ s.

(Ferreira: 1996: 173) Torna-se prematuro, portantl entendidas na esfera do publico, bern como 4 Brasil, em face de ainda estarmos fortemente tario, a uma sociedade desigual e despolitizad. almente antietico.

Ferreira, em estudo mais reci de, ate mesmo biologica, da incorpora<;:ao

d

processos de decisoes politicas e economicas e va. A incorpora<;:ao de uma "cultura" ecolo! uma maior conscientiza<;:ao da sociedade em escassez absoluta em rela<;:ao aos recursos nat! cipa<;:ao polftica do cidadao. Alem disso, ressa

Uma consciencia som

reconhecimento de que

ecoMgico a efa vinculat venfiio nos sistemas e capaciddde de sustent base de recursos naturr. necessidm:le de comprec a vidd bioMgica, soci"

Nesse sentido, assinalam To possui tres grandes desafios para 0 proximo s, titiva em uma economia globalizada, erradica: raveis e desenvolver uma ordem democratic rela<;:ao entre a questao ambiental e estes des patrimonio ambiental deve ser visto como urn disso:

(5)

brasileira que sairam vitoriosos de Esto­ ambientais internamente. Ferreira (1996).

da decada de 70, vivia intensamente a mito desenvolvimentista. Com isso a ques­ andtese do crescimento economico e social. A a:COllomico, os preceitos da soberania e da se­

_ICllldJ..liA:l'"",-lV do gerenciamento ambiental, atra­ _,1""'1''-'-\.11, como politicas basicas de sustenta~ao ~Iuei;tao ambiental tambem nao esteve no dis­

muito menos nas suas polfticas efetivas.

politica ambiental brasileira nas decadas de 70

tal qual hd 20 anos, as preocupariies com a

."itt;1i''ltl/;,i}n itwidbilizAndo0desenvol:vimento econOmico continuam envoltos,ela retOrica da pobreza.

& Ferreira, 1996:22).

forte influencia desse pensamento na forma pelos tecnocratas no Brasil. Continuam .leconOlml(·;o como superior ao desenvolvimen­

uma coesao ideologica com os seus parceiros

ilUlllIU:IG.llL<O, que tem profunda repercussao nos

e de que a necessidade de um rapido cresci­ sobre uma politica de conserva~ao, sobre­ naturais. Por outro lado, ha uma tenden­ em rela~6es simplistas, derivadas de um as complexas rela~6es da sociedade com a cond.billenergetico.

996),

a crise atual tem profundas raizes histo­ ser encontradas no proprio sistema social. as dimens6es da desordem ecologica apontan­

permeiam a realidade brasileira e que influ­ uma polftica de meio ambiente que possa ser

. Em primeiro lugar a aurora refere-se a forma~o social do Brasil: uma a repressao e 0 auroritarismo; em

uma estrutura de poder concentradora e padrao tecnocrata e formalista na resolu~ao um aparato institucional auroritario que for­ em detrimento da sociedade civil, limitando lselntaciv()$ de uma cidadania plena.

OPSIS - Revista t:h Niese, V.l, MaiD de 2001

A constru~ao de polfticas publicas, inclusive de meio ambi­ ente, a partir da sociedade civil exige 0 rompimento com a tradi~o paternalista

e clientelista que levam

a

submissao da cidadania ao governo estabelecido. Quando esse publico nao reflete os interesses coletivos ele distancia-se da sociedade e as institui~6es, deliberadamente, ou nao, perdem a credibilidade.

o

Brasil transformou-se de uma sociedade agrdrid e mer­

cantildos tempos coloniais em uma

das

mais avanradas 50­

ciedades industriais capitalistas do Terceiro Mundo. Entre­ tanto, suaformariio social dificilmente perderd sua casta patrimonial, tendo sido reforradas suas caracteri5ticas.

(Ferreira: 1996: 173).

Torna-se prematuro, portanto, falar de politicas ambientais, entendidas na esfera do publico, bem como de consciencia da cidadania no Brasil, em face de ainda estarmos fortemente vinculados a um Estado autori­ tario, a uma sociedade desigual e despolitizada. Vivemos em um pais essenci­ almente antietico.

Ferreira, em estudo mais recente (1998), afirma a necessida­ de, ate mesmo biologica, da incorpora~ao de uma estrutura ecologica nos processos de decis6es politicas e economicas em qualquer esfera administrati­ va. A incorpora~ao de uma "cultura" ecologicamente sustentavel promove uma maior conscientiza~ao da sociedade em rela~ao aos riscos potenciais de escassez absoluta em rela~ao aos recursos naturais, alem de fomentar a part i­ cipa~ao politica do cidadao. Alem disso, ressalta a autora:

Uma consciencia sobre osprincipios da ecologia conduz ao reconhecimenro de que toda atividade humana tem um custo ecolOgico a ela vincu/ado, 0que significa que qualquer inter­ venriio nos sistemas eprocess05 naturais deve considerar a capacidade de sustentariio, a elasticidade e diversidade da base de recursos naturais. Talconsciencid tambim enfotizil a necessidade de compreendermos a naturezd holistica da viM:

a vida biolOgica, socialepolitica. (Ferreira, 1998:78).

Nesse sentido, assinalam Toro e Werneck (1997), 0 Brasil

possui tres gran des desafios para 0 proximo seculo: inserir de forma compe­

titiva em uma economia globalizada, erradicar as desigualdades sociais intole­ raveis e desenvolver uma ordem democratica e participativa. Fazendo uma rela~ao entre a questao ambiental e estes desafios os auto res afirmam que 0

patrimonio ambiental deve ser visto como uma vantagem competitiva e, alem disso:

(6)

F

q

Deve-se ter 0 cuidado com urn novo colonialismo. Nes­ se sentido a preservas:ao deve ser entendida como uma contribuis:ao efetiva da cidadania brasileira a humanidade; Ser urn pais competitivo com eqiiidade interna, 0 que su­ poe urn conceito ampliado de produtividade e elimina­ s:ao das desigualdades sociais;

Passar de Dom a recurso. Trata-se do desafio de preser­ var e gerar riqueza e nao so 0 dinheiro. Dessa forma enfatizam os autores que:

Aprender a cuitktr do entorno supoe nao confondir riqueza com dinheiro. Nao adianta conseguir dinheiro separa isto

estamos destruindo a nossa riqueza comum: adgua, oo:x:ige­

nio, aforesta tropical a biodiversidade. (Toro & Wemeck:,

1997:88).

A realidade entretanto, e que as pollticas publicas no Brasil, inclusive de meio ambiente, estao a meio caminho entre 0 discurso atualizado e urn comportamento ambiental bastante predatorio.

Ha no Brasil, segundo Ferreira (1998), uma grande diferens:a entre a realidade e a retorica traduzida numa legislas:ao ambiental que acom­ panha a experiencia internacional e possui novos instrumentos extremamente sofisticados. Entretanto, as condis:6es de real aplicas:ao sao ainda extrema­ mente restritas.

Viola e Leis (1992), assinalam uma mudans:a substancial do enfoque dado as quest6es ambientais no Brasil, a partir da metade da decada

80. Trata-se da passagem do ambientalismo bissetorial para urn ambientalismo multissetorial, voltado para 0 desenvolvimento sustentado. Os auto res identi­

ficam cinco setores que passam a atuar em urn nivel de profissionalizas:ao ainda nao verificado e com isso inovam a cuhura ambiental brasileira. As associas:6es ambientais, com forte influencia do movimento ambientalista norte­ americano e europeu; As Agencias Estatais de meio ambiente, para orientar 0

sistema de licenciamento ambiental e controle da poluis:ao; 0

socioambientalismo, constituido por Organizas:6es Nao Governamentais e outros movimentos sociais que incorporam a protes:ao ambiental; os grupos e as instituis:6es que realizam pesquisas sobre a problematica ambiental e, fi­ nalmente 0 setor do empresariado que comes:a a pautar seus processos pro­ dutivos e investimentos pelo criterio da sustentabilidade ambiental.

Nas duas uhimas decadas 0 Brasil tern buscado uma defini­ s:ao mais clara de sua politica de meio ambiente. Na realidade

ha

urn processo em curso no qual se busca, a partir dos arranjos institucionais, juridicos, tecni­ cos e pollticos, descentralizar a gestao dessa politica, buscando com iS50 de­

OPSIS - ReM

senvolver mecanismos mais efieientes para Q

recursos naturais. Deve se levar em considerac;: representativa dos anseios oficiais, uma poUtic sil deve alcans:ar as complexidades inerentes , pela herans:a colonial e neocolonial agro-expo mas naturais ameas:ados e, ainda, de variados I bern ameas:ados, alem de uma violenta concel

o

preservacionismo como modelo de gel Ao primeiro contato, feito n. imaginar a riqueza e a pujans:a do territorio r do Pau Brasil, a principio, foi 0 cartao de vis

dor, demonstrando a que ele veio. Havia, de w

te e praticamente virgem e, do outro, uma ref frui-Ia, tendo ern vista as projes:6es economica peu em expansao.

Segundo Barbiero (I999), dt formar na Europa urn mito que versava sob Terrestre. Essa miragem era projetada numa condita em urn mundo ainda desconhecido. carater de ambigiiidade nas origens historicas ( que the da forma e materia e produto de uma rituais e profunos em que a nos:ao de urn ml ambis:ao por riqueza e ouro faeil

a

flor da terl preciosas. Vi sao essa que tern profunda relay de nos relacionarmos com a natureza. Dessa

A

visiio

do

Parafso Trf1 justificar 0 processo

dt

visao, nos os Brasileirl sobre uma ambigiJititJ

uma realidadequase i

o

ato fundador do Brasil, p. ploras:ao predatoria da natureza e, esse estigm prio nome. "Foi 0 olhar mercantilista vitorioso, sob II

1987:19).

De acordo com Casseti (199 transformas:ao da natureza no Brasil esta yin. de "externalizas:ao" da natureza, que serviu e 5

acumulas:ao. A ideia de natureza externalizada natureza hostil, justificando assim seu ataque t

(7)

o cuidado com urn novo colonialismo. Nes­ a preserva<;ao deve ser entendida como uma

efecivadacidadania brasileira it humanidade; competicivo com eqUidade interna, 0 que su­

"'U'-""U ampliado de produtividade e elimina­ .tilgual.da1des socials;

a recurso. Trata-se do desafio de preser­ dinheiro. Dessa forma

_ml1Pr 11 cuidar

do

entorno supoe niio confondir riqueza

dinheiro. Niio adianta conseguir dinheiro separa isto tkstruindo a nossa riqueza cornum: a dgua, ooxige­

aforesta tropical, a biodiversidade. (Toro & Werneck,

~Iltrc~tallto, e que as polfticas publicas no Brasil,

OPSIS - Revista do Niese, V.l, Maio de 2001

senvolver mecanismos mais eficientes para 0 planejamento e a gestao dos

recursos naturais. Deve se levar em considera<;ao, no entanto, que alem de ser representativa dos anseios oficiais, uma politica de meio ambiente para 0 Bra­

sil deve alcan<;ar as complexidades inerentes a urn vasto territorio castigado pela heran<;a colonial e neocolonial agro-exportadora, urn complexo de siste­ mas naturais amea<;ados e, ainda, de variados grupos etnicos e culturais, tam­ bern amea<;ados, alem de uma violenta concentra<;ao da riqueza nacional.

o

preservacionismo como modelo de gestao

Ao primeiro contato, feito no Iitoral, os europeus puderam imaginar a riqueza e a pujan<;a do territorio recem descoberto. A explora<;ao do Pau Brasil, a principio, foi 0 carrao de visitas apresentado pelo coloniza­ dor, demonstrando a que ele veio. Havia, de urn lado uma natureza exuberan­ te e praticamente virgem e, do outro, uma reflexao polltica sobre como usu­ fcui-Ia, tendo em vista as proje<;6es economicas e geopoliticas do poder euro­ peu em expansao.

Segundo Barbiero (1999), desde 0 seculo IV come<;ou a se

formar na Europa urn mito que versava sobre a existencia de urn Paraiso Terrestre. Essa miragem era projetada numa localidade geografica real, re­ c6ndita em urn mundo ainda desconhecido. Por isso que 0 autor assinala 0

carater de ambigUidade nas origens hist6ricas do Brasil colonia. 0 imaginario que Ihe da forma e materia lproduto de uma alian<;a secular emre bens espi­ rituais e profanos em que a no<;ao de urn mundo sem pecado, se mistura a ambi<;ao por riqueza e ouro facil

a

flor da terra e minas opulentas de pedras preciosas. Visao essa que tern profunda rela<;iio com a nossa propria forma de nos relacionarmos com a natureza. Dessa forma, afirma 0 auror:

A visiio

do

Para/so TropicalJoi anteriormenteJorjaria para

justificar 0 processo ck explorariio do Brasil ColOnia. Essa

visiio, nos os Brasileiros tam bern a adotamos ao vivermos

sobre urna ambigitiriack laterite entre 0 para/so terrestre e

Ulna realidade quase infernal (Barbiero, 1999: 13).

o

ato fundador do Brasil, portamo, foi urn projeto de ex­ plora<;ao predat6ria da natureza e, esse estigma esta entranhado em seu pro­ prio nome. "Foi 0 olhar mercantilista vitorioso, sob as benpios ria 'Santa Cruz": (Pdtiua,

1987:19).

De acordo com Casseti (1991), 0 processo de apropria<;ao e

transforma<;ao da natureza no Brasil esra vinculado ao argumento historico de "externaliza<;ao" da natureza, que serviu e serve como logica capitalista de acumula<;ao. A ideia de natureza externalizada se caracterizou como forma de natureza hostil, justificando assim seu ataque e dominio por parte do homem a meio caminho entre 0 discurso atualizado

bastante predatorio.

segundo Ferreira (1998), uma grande diferen<;a

_il,,,,,UL,,U<l

numa legisla<;ao ambiental que acom­

e possui novos instrumentos extremamente ""uU'\,.U'" de real aplica<;ao sao ainda extrema­

992), assinalam uma mudan<;a substancial do . no Brasil, a partir da metade da decada ,UUOlC:lllLiil'''UIIU bissetorial para urn ambiemalismo desenvolvimento sustentado. Os auto res idemi­

a atuar em urn nivel de profissionaliza<;ao inovam a cultura ambiental brasileira. As influencia do movimento ambientalista norte­

Estatais de meio ambiente, para orientar 0

ambiental e controle da polui<;ao; 0

par Organiza<;6es Nao Governamentais e incorporam a prote<;ao ambiental; os grupos

m:....IlI·I~'" sobre a problematica ambiental e, fi­

que come<;a a pautar seus processos pro­ da sustentabilidade ambiental.

meio ambiente. Na realidade ha urn processo dos arranjos institucionais, juridicos, tecni­ a gestao dessa polftica, buscando com isso de­

(8)

I

civilizado. Os problemas ambientais no Brasil aparecem, segundo 0 autor:

... Com 0 processo de ocuptlfilo do continente, uma vez

que

a

concep~ilode

pais

colOnia implicava0 conceito depropriedade

que !hespermitia 0 direito de saque, pre4ilo, submissao e

extin¢o

ria

na~ilo indlgena. Portanto, a organiZllfao

ria

eco­

nomia brasileira se

dJ

emfon~iloda apropr~ilocapitalista

do esptlfo, materializada na expansilo economica

ria

Euro­

pa, que

cria

uma nova economia: a economia comercial

que

mais tarde se constituird nas economias subdesenvolvidas. (Casseti, 1991: 1 O).

o

principio historico de "Colonia de Explora<;ao" tambem tern um peso substancial sobre os problemas ambientais brasileiros. Dessa forma, a destrui<;io da natureza no Brasil, parece estar ligada ao interesse do

colonizador de nao se fixar aqui, mas levar tudo que puder para 0 Reino.

Por mais arraigados (os cokmizadores) que na terra estejam e, par mais ricos que sejam, tudo pretendem levarpara Por­ tugal e isto nao tem so os que de ld vieram, mas ainda os que cd nasceram, que uns e outros usam a terra nao como senhores, mas como usuftutudrios, sopara desfrutarem e a deixarem destrulda. (Frei Viceme Salvador. In: Padua,

1987:473

, apud Diegues, 1998: 112).

Durante 0 periodo colonial prevaleceu 0 olhar mercantilista,

que estava imeressado em expandir 0 espa<;o do comercio, explorar novas

riquezas e aumentar a renda da metropole. Ponamo, 0 tema da natureza,

quando tratado pelos cronistas da epoca, sed. central para satisfazer nao so a curiosidade, como tam bern para formar uma visao arraente do Brasil aos olhos europeus.

Embora se possa £alar de movimentos ecologicos somente a parrir da decada de 60, os registros historicos, entretanto, dao conta da preo­ cupa<;ao, mesmo que isolada, de alguns homens ptiblicos altruistas. Sobre este

aspecto, Padua (1987), destaca Jose Bonifacio, como 0 primeiro auror a se

dedicar

a

defesa da natureza no Brasil.

No caso brasileiro, no entanto, deve ser levado em conside­

ra<;ao que 0 ambientalismo enquanto movimento como de resto ourros

movimentos sociais- nao tern uma forte preeminenda e antecedencia histori­ ca do pape! da organiza<;io da sociedade civil, ao contrario do ambientalismo dos paises de primeiro mundo, principalmente os de tradi<;ao anglo-saxa.

Viola, (1992).

Mesmo para os primeiros grupos de pessoas dedicadas as causas nobres da sociedade, a defesa da natureza tinha urn cunho eminente­

OPSIS - RevisftJ CI

mente preservacionista. Essa tambem era uma inl

predatorias como a europeia e norte-americana, institui<;oes privadas de conservac;:ao da nature Amigos das Arvores" criada em 1931, a "Socieda

da Fauna" criada em 1927. Etc. Diegues (I 998: 1

visao, ao afirmar que:

Esses grupos silo comtitul

orrundos

ria

drea de ciene.

quer

inteiferencia

hurnil11ll

cammte

fomm

esao influel

americana... Eies comidm

vagem

e

intocada eintocdvt

de conserva~ao (Parques 1 possa proteger,

alim

cia rJi"

cultural.

Para 0 naturalismo, subjaceme a

unica forma de proteger a natureza era afasta-la meio de ilhas onde este pudesse admid.-la e rever

no da natureza intocada", segundo Diegues (l9~

dos Unidos para os paises do Terceiro Mundo, c

~o e ecologica, social e culturalmeme distinta. Es

dfgenas, cai<;aras, extrativistas, pescadores artesan produ<;ao que depende muito dos cidos natura consideradas pe!as autoridades responsaveis pel Conservac;:ao, sendo comumente enquadrados

selvagem, que deve ser mantida para 0 descanso c

urbanolindustrial.

Viola e Leis (1992), tam bern assi

nantemente preservacionista do ambientalismo m

ganhou um contorno bissetorial, constituido po Agendas Estatais de meio ambiente. Com esse fi

a recepc;:ao da problematica ambiental no Brasil (

que num primeiro momento ficou na base da

d

locais.

Diegues (1998), assinala que 0 SL

16gico brasileiro "0 Fim do Futuro" encabe

Lutzemberger, e urn marco importante para, em balizar as lutas ecologicas no Brasil, principalJ provocada pela industrializa<;ao periferica, a deva

~o da fronteira agricola e frente

a

instalac;:ao das u

(9)

~:Jll.ll·~ no Brasil aparecem, segundo 0 autor:

oprocesso

de

ocuptlfiio do continente, uma vez que a

colOnia implicava 0 conceito

de

propriedade

. 0 direito de saque, predatiio, submissiio e

da

11tIfiio indigena. Portanto, aorganiZtlflio ria eco­

brasifeirase

tid

emfimfiio ria apropridtiio capitalism

materializada na expanslio econfimica ria Euro­

-"PW'ITf.f1· uma nova economia: a economia comercialque

tarde

se constituira nas economias subdesenvolvidas. 1991:1O}.

de "Colonia de Explora<;:ao" tambem os problemas ambientais brasileiros. Dessa no Brasil, parece estar ligada ao interesse do , mas levar tudo que puder para 0 Reino.

. arraigados (os colonizadores) que na terra estejam

mais ricos que sejam,

tudo

pretendem levarpara Por­

eisto nlio tem s6 os que de ld vieram, mas ainria os

cd nasceram, que uns e outros usam a terra nlio como

mas como usuftutudrios, s6para desfrutarem e a

destrufria. (Frei Vicente Salvador. In: Padua,

, apud Diegues, 1998: 112).

colonial prevaleceu 0 olhar mercantilist a, o espa<;:o do comercio, explorar novas da metr6pole. Portanto, 0 tema da natureza,

da epoca, sera central para satisfazer nao so a para formar uma visao atraente do Brasil aos falar de movimentos ecologicos so mente a

hist6ricos, entretanto, dao conta da preo­ de alguns homens publicos altruistas. Sobre este

Jose Bonifacio, como 0 primeiro autor a se Brasil.

no entanto, deve ser levado em conside­ movimento como de resto outros uma forte preeminencia e antecedencia his tori­

sociedade civil, ao contrario do ambientalismo principalmente os de tradi<;:ao anglo-saxa.

os primeiros grupos de pessoas dedicadas as defesa da natureza tinha urn cunho eminente­

OPSIS - Revista do Niese, V.l, Maio de 2001

mente preservacionista. Essa tambem era uma influencia externa, de culturas predatorias como a europeia e norte-americana, que forneceram a visao das institui<;:oes privadas de conserva<;:ao da natureza, como a "Sociedade de Amigos das Arvores" criada em 1931, a "Sociedade para a Defesa da Flora e da Fauna" criada em 1927. Etc. Diegues (1998: 125), tece uma critica a essa visao, ao afirmar que:

Esses grupos slio constitufdos, em geraL por profissionais oriundos ria area de ciencias naturais para os quais qual­

quer inteiferencia humana na nature?Ll

e

negativa. ldeolngi­

camenteflram e silo irif/uenciadospela visiio preservacwnista

americana... Eles consideram, portanto, que a natureza sel­

vagem

e

intocada eintocavele

e

impensavelque uma unidade

de conservaflio (Parques Nacionais e Reservas EcolOgicas) possaproteger, alem ria diversidade biolOgica, a diversidade

cultural

Para 0 naturalismo, subjacente a essa ideia preservacionista, a unica forma de proteger a natureza era afasta-Ia do homem civilizado, por meio de ilhas onde este pudesse admira-Ia e reverencia-Ia. Esse "mito moder­ no da natureza intocada", segundo Diegues (I 996), foi transposto dos Esta­ dos Unidos para os paises do Terceiro Mundo, como 0 Brasil, onde a situa­ ~o

e

ecologica, social e culruralmente distinta. Essas culruras tradicionais (in­ digenas, cai<;:aras, extrativistas, pescadores artesanais, etc.), desenvolvem uma produ.;:ao que depende muito dos ciclos naturais, e nao sao devidamente consideradas pdas autoridades responsaveis pdo estudo das Unidades de Conservas;ao, sendo comumente enquadrados como destruidores da vida seivagem, que deve ser mantida para 0 descanso e lazer do hornem civilizado

urbanolindustrial.

Viola e Leis (I 992), tambem assinalam esse carater predomi­ nantemente preservacionista do ambientalismo no Brasil e que historicamente ganhou urn contorno bissetorial, constitufdo por Associa<;:6es Ambientais e Agencias Estatais de meio ambiente. Com esse Formato quase sempre oficial a receps;ao da problematica ambiental no Brasil de deu de maneira acritica e que num primeiro momento ficou na base da denuncia restrita

as

questoes locais.

Diegues (1998), assinala que 0 surgimento do manifesto eco­

16gico brasileiro "0 Fim do Futuro" encabe<;:ado pelo ecologista Jose Lutzemberger,

e

urn marco importante para, em face do contexto historico, balizar as lutas ecologicas no Brasil, principalmente quanto 11. destrui<;:ao

•provocada pda industrializa<;:ao periferica, a devasta<;:ao das florestas no avan­ ~da fronteira agrkola e frente 11. instala~ao das usinas nucleares e 0 militaris­ mo.

(10)

I Desenvolvimento economico e sustentabilidade socio-ambiental no

Brasil

Ao prefaciar 0 relatorio produzido pela Comissao Mundial

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - intitulado "Nosso Futuro Co­ mum" - Gro Bruntland apontava, como presidente da comissao, a inseparabilidade dos termos meio ambiente e desenvolvimento e que a dete­ riora<;ao ambiental e um desperdkio de oportunidades e de recursos. Os vinculos entre pobreza, desigualdade social e deteriora<;ao ambiental aponta­ yam para a necessidade de grandes mudan<;as de atitude e na forma como as sociedades estao organizadas. 0 mundo deve ser orientado rumo ao "desen­ volvimento sustentavel", para estabelecer os alicerces de um crescimento con­ vincente e ao mesmo tempo duradouro do ponto de vista social e ambiental.

Ao diagnosticar as condi<;6es atuais e apontar as expectativas em rela<;ao ao futuro, assim se posiciona a Comissao em rela<;ao ao desenvol­ vimento:

De que valia sera tal desenvolvimento para 0 mundo de

proximo serulo, quande haver a 0 debro depessoas a depen'­

der tin mesmo meW ambiente?

Essa

consUltafiio amplwu nos­

sa visiio de desenvolvimento. Passamos a encard-lo niio ape­

nas em seu contexto restrito de crescimento economico nos paises em desenvolvimento. Percebemos que era necessdrio um

outro tipo de desenvolvimento captlZ de manter 0 progresso

humano nao apenas em alguns lugares e por alguns anos,

mas em tode 0 pfaneta e ate um foturo longinquo. Assim 0

"desenvolvimento sustentdvel"e um objetivo a ser alcanfadn niio sopefas rlafoes "em desenvolvimento '; mas tambbnpelas

industrializadas.(CMMAD, 1987: 04).

Para a Comissao, 0 desenvolvimento sustentavel exige um

aprimoramento da tecnologia e da forma de organiza<;ao social, para pro­ porcionar uma nova era de crescimento economico. A premissa basica para esse crescimento e 0 atendimento as condi<;5es minimas de sobrevivencia

para todos os homens, 0 que eqiiivaleria

a

erradica<;iio da fome e da miseria absoluta no mundo. Portanto, as falhas que precisam ser corrigidas derivam da pobreza e do modo equivocado com que a sociedade tern buscado a prosperidade: isto e, os povos pobres sao obrigados a usar excessivamente seu recurso ambiental a fim de sobreviverem e a prosperidade em algumas partes do mundo e precaria, pois foi conseguida mediante a pdticas preda­ t6rias - agrkolas e industriais - que s6 trazem lucro e progresso em curto

F

J

OPSIS ­

prazo.

o

desenvolvimento sustend cura atender as necessidades e aspira¢es d possibilidade de atende-las no futuro. Todo! sam da integrac;:ao do meio ambiente e desen crescimento, no qual os problemas do mei localmente, passam a refletir-se em mudan~ lidade de vida das populac;:6es. Enfim, a bUS4 vel exige mudanc;:as nas

politi~

internas e iJ

Em essencia, 0 desenvolvl

transformtlfiio no qUIll

tinsinvestimentos, aoriel

a mudanfa

instituciona.

presente efoturo, a

jim.

humanas.

(CMMAD.

Essa especie de diagnostico 8 missao, deixa claro que a op<;1io para a sustel mente, de ~rdem polltica. As principais que pobres da Africa e America Latina, como a crescentes de conCentra<;:ao de renda e a drl mento da crescente divida externa, aument naturais e respondem pela marginalizac;:ao de processo produtivo. A possive! solu<;1io para I

limites dos territorios nacionais.

No estagio de desenvolvimel os problemas locais, pontuais, sao elencados

eras

ao desenvolvimento sustentavel. Ponanto, tanciais nos ambitos internos e externos, para quest6es ambientais, economicas e sociais.

No Brasil, a despeito do ava em urn conjunto de normas e do esfor<;:o d, ambientais, observado nas duas ultimas decad Pais de avanc;:ar sobre as questoes economicas I

tem-se a secular dependencia externa e, a des~ ral, submete-se as poHticas que aprofundam c muito pobres.

Em rela<;ao a essas tres ques rea1izou na medida do necessario para buscar 1 to sustentaveL Mantem-se urn alto indice de modelo agro-exportador que exige 0 rompill

(11)

e sustentabilidade s6cio-ambiental no

o relat6rio produzido pela Comissao Mundial volvimento intitulado "Nosso Futuro Co­ apontava, como presidente da comissao, a

meio ambiente e desenvolvimento e que a dete­ Ilesperdicl'o de oportunidades e de recursos. Os . .c:."""u'~a,." social e deteriora<;ao ambiental aponta­

"L~lllU'~O mudan<;as de atitude e na forma como as

o

mundo deve ser orientado rumo ao "desen­ estabelecer os alicerces de urn crescimento con­ duradouro do ponto de vista social e ambiental.

as condi<;oes atuais e apontar as expectativas se posiciona a Comissao em rela<;ao ao desenvol­

valia sera tal desenvolvimento para 0 mundo do

.IXlTJ10secu/o, quando haverd 0 dobro depessoas a depen­

do

mesmo meio ambiente?Essa constattlflio ampliou nos­

visiio do

desenvolvimento. Passamos a encara-lo nlio ape­ em seu contexto restrito de crescimento economico nos

_uses'

emdesenvolvimento. Percebemos

que

era necessdrio um

tpo

dedesenvolvimentocapazde manter0 progresso

...~mlznonaoapenas em alguns lugares e por alguns anos,

em todo 0 p!aneta eate umfUturo longinquo. Assim 0

'-lUstnVl1lvlme:ntosustentdvel"eum objetivo a seralcant;ado na¢es "em desenvolvimento': mas tambbn pelas ndusI.'rlalz;.';tldas, (CMMAD, 1987: 04).

o desenvolvimento sustentave! exige urn e

da

forma de organiza<;ao social, para pro­ crescimento economico. A premissa basica para

as

condi<;oes minimas de sobrevivencia eqiiivaleria a erradica<;ao da fome e da miseria as falhas que precisam ser corrigidas derivam UlVOC,ldo com que a sociedade tern buscado a pobres sao obrigados a usar excessivamente de sobreviverem e a prosperidade em algumas pois foi conseguida mediante a praticas preda­

- que s6 trazem lucro e progresso em curto

OPSIS - Revista do Niese, V. J, Maio de 200J

prazo.

o

desenvolvimento sustenravel, como conceito ampio, pro­ cura atender as necessidades e aspira<;oes do presente sem comprometer a possibilidade de atende-Ias no futuro. Todos os palses, ricos e pobres, preci­ sam da integra<;ao do meio ambiente e desenvolvimento em uma nova era de crescimento, no qual os problemas do meio ambiente, ao serem tratados l?calmente,. passam a refletir-se em mudan<;as globais e na me!horia da qua­ ltdade de vida das popula<;oes. Enfim, a busca do desenvolvimento sustenta­ vel exige mudan<;as nas

politi~as

internas e intemacionais de todas as na<;oes.

Em essencia, 0 desenvolvimento sustentdvel

e

um processo de

transJormatlio no quai a exploratlio dos recursos , a diretlio dos investimentos, a orienltlflio de desenvol:vimento tecnokJgico e

a mudanta

institucwna!

se harmonizdm e rtfOrtam 0 potencial

presente efUturo, ajim de atenderlis necessidades easpirtlfoes

humanas. (CMMAD, 1987:49).

Essa especie de diagnostico geral, feito inicialmente pe!a Co­ missao, deixa claro que a op<;ao para a sustentabilidade ambiental e, basica­ mente, de ordem politica. As principais questoes diagnosticadas em paises pobres da Africa e America Latina, como a concentra<;ao fundiaria, niveis crescentes de concentra<;ao de renda e a drenagem de recursos para paga­ mento da crescente dfvida externa, aumentam a pressao sobre os recursos naturais e respondem pela marginaliza<;ao de grande parcela da popula<;:ao do processo produtivo. A POSSIVe! solu<;ao para essas questoes nao se inclui nos limites dos territocios nacionais .

No estagio de desenvolvimento atual das for<;as produtivas, os problemas locais, pontuais, sao e!encados tambem com potenciais amea­ <;as ao desenvolvimento sustendvel. Ponanto, 0 processo exige mudan<;as subs­

tanciais nos ambitos internos e externos, para se lidar a urn so tempo com as questoes ambientais, economicas e sociais.

No Brasil, a despeito do avan<;o institucional materializado em urn conjunto de normas e do esfor<;o de descentraliza<;ao das polfticas ambientais, observado nas duas ultimas decadas, e inegavel a incapacidade do Pais de avan<;ar sobre as questoes economicas e sociais em nivel interno. Man­ tem-se a secular dependencia extema e, a despeito do enorme potencial natu­ ral, submete-se as pollticas que aprofundam 0 fosso entre os muito ricos e os muito pobres.

Em re!a<;io a essas tres questoes elencadas, 0 Brasil nao se realizou na medida do necessario para buscar uma polltica de desenvolvimen­ to sustentavel. Mantem-se urn alto indice de concentra<;ao fundiaria em urn modelo agro-exportador que exige 0 rompimento do equilibrio ambiental,

(12)

r

OPSIS - RevfsJ

pois tern como base uma produs:ao intensiva e altamente mecanizada atraves de monoculturas que ocupam vastas areas, geralmente representativas de importantes ecossistemas intertropicais. Modelo agropecuario secularmente criticado, por ser ambientalmente perverso e socialmente injusto, alem de nao representar avans:os significativos no aumento da produtividade no campo.

Ha mais de tres decadas 0 Brasil permanece em "safras recordes" que nao

ultrapassam 80 milhoes de toneladas de graos anualmente.

Lopes (1995), ao criticar 0 modelo agricola brasileiro, esta­

belece urn paralelo entre a produs:ao alcans:ada no Brasil e em paises com a India e a China. Nestes, a partir de pianos sustentaveis para a agricultura, atraves de uma reforma na estrutura fundiaria e no desenvolvimento de tecni­

cas que garantiram 0 aumento da produtividade rural em area ja exploradas,

foi possive! colher, respectivamente 180 e 530 milhoes de tone!adas por ano, em media, na decada de 90.

A politica macro-economica da chamada "Nova Republica" impede qualquer tentativa de distribuis:ao de renda no Pais e, com isso, deixa

de impulsionar 0 crescimento economico de. forma mais homogeneo.

0

Brasil e 0 pais que apresenta a maior concentras:ao de renda entre 1 nas:oes

analisadas pelo relat6rio publicado em 1999 do PNUD (Programa das Na­

s:oes Unidas para 0 Desenvolvimento). Os 20% rnais pobres possuem apenas

2,5% dos rendimentos nacionais, enquanto que os 20% mais ricos concen­

tram 64% da renda rotal. Segundo ainda 0 Ipea (Instituto de Pesquisa Econo­

mica Aplicada) cerca de 35% dos brasileiros vivem em situas:ao de pobreza, sendo que destes, aproximadamente 21,5 milhoes vivem como indigentes ­ com renda media mensal inferior a 50 reals.

Com relas:ao

a

divida externa brasileira os estudos desen­

volvidos mais recentemente (APUBH, ANFIp, 2000), alertam para urn au­ mento consideravel da evasao de divisas provocado pelos sucessivos acordos

internacionais feitos entre 0 governo brasileiro eo sistema financeiro nacional

e internacional. Os juros e amortizas:oes, os chamados servis:os da dfvida pu­ blica brasileira, passaram de U$ 16,8 bilh6es em 1995 para uma projes:ao de U$ 78 bilhoes no ana 2000, saltando de aproximadamente 13% da receita

corrente do Pais para cerca de 32%, 0 que corresponde a 10% do PIB (Pro­

duro Interno Bruto). Nesse senti do , todo 0 esfors:o de aumento da riqueza

interna e consumido pelos servis:os da divida, inviabilizando os investimentos necessarios ao desenvolvimento economico com equidade social e sustentavd ecologicamen teo

Esses dados demonstram, finalmente, que em se tratando de premissas basicas para gerar urn desenvolvimento sustentavel no Brasil, estamos ainda a depender de polfticas que sejam representativas de urn projeto nado­ nal "endogeno" tal qual preconizavam, no seculo passado, os pioneiros da discussao da questao ambiental no Brasil.

No plano global, as cooperal na relas:ao Norte-Sui, que deveriam ser intensi

varem em praticas politicas que busquem a Sl

to aos limites ecol6gicos, como condis:ao para ~

planetaria.

Para Becker (1995), 0 desen

resume

a

harmonizac;:ao da relas:ao economia.

tecnica. Representa mecanismo de regulas:ao dl lhans:a do outras formas de planejamenro, tell

E

nesse senti do que de se torna urn instrum

expansao das atuais fors:as economicas.

o

Rdatorio Brundtland tern s

e ambientalistas dos pa{ses do Sui, principalmeJ hist6rica das necessidades humanas e ignorar poem aos paises pobres altos custos ambientai dos pa(ses capitalistas desenvolvidos. Aiem diss

~ nas forc;:as de mercado para tesolver os pro

um

/ado

ingemU), ao ignorara

corre~iio

de

foYftlS

nopit.

industriaiizadlJs, as

re~6es

desiguais no combcio intm

(Vieira, 1997:131).

Em face dessa vinculas:ao esrrc volvimento sustentavel eo sistema economico res discordam da abordagem do crescimel

tecnol6gico como redentores do futuro da

hu

Para Diegues (1995), 0 coned

seria mais adequado pois,

Possibilita a cadasocietftu:t

econsumo, bemcomose.

ra, de seu

desenvolv~

ral Abandona-se

0

mlJl

dustrializadas emjmJlm

diversidade de sociedadt.

da sustentabilidade eco

(Diegues, 1995 apud Segundo Sachs (1995), esramo onde assistimos uma "terceiromundializas:ao" ( social, segregas:ao espacial, a po breza, etc., esrac dos pa{ses indusrriais. Se se tern uma pobreza glol tambem e global. A expressao "desenvolviment.

fusao entre 0 antigo conceito economico autc

(13)

intensiva e altamente mecanizada atraves vastaS areas, geralmente representativas de Modelo agropecuario secularmente perverso e socialmente injusto, alem de nao no aumento da produtividade no campo. permanece em "safras recordes" que nao . . . .Clil'Ud..> de graos anualmente.

ao criticar 0 modelo agricola brasileiro, esta­

. . . .'UU."ilV alcan<;:ada no Brasil e em paises com a de pIanos sustentaveis para a agricultura, fundiaria e no desenvolvimento de tecni­ da produtividade rural em area ja exploradas,

180 e 530 milhoes de toneladas por ano, .acro-econlJmlca da chamada "Nova Republica" distribui<;:ao de renda no Pais e, com isso, deixa economico de, forma mais homogeneo. 0 maior concentra<;:iio de renda entre 174 na<;:oes

_l(:adO em 1999 do PNUD (Programa das Na­

). Os 20% mais pobres possuem apenas enquanto que os 20% mais ricos concen­

ainda 0 Ipea (Instituto de Pesquisa Econo­

dos brasileiros vivem em situa<;:iio de pobreza, !anlente 21,5 milhoes vivem como indigentes­

a

50

reais.

11 divida externa brasileira os estudos desen­ ANFIP, 2000), alertam para urn au­ de divisas provocado pelos sucessivos acordos

brasileiro e 0 sistema financeiro nacional

ULii"U'''', os chamados servi<;:os da divida pu­

16,8 bilh6es em 1995 para uma proje<;:ao de

saltando de aproximadamente 13% da receita 32%, 0 que corresponde a 10% do PIB (Pro­

'KIlLl~'V, todo 0 esfor<;:o de aumento da riqueza

da divida, inviabilizando os investimentos economico com equidade social e susrentavel

sejam representativas de urn projeto nacio­

1n11l17;aV~lm. no seculo passado, os pioneiros da

no Brasil.

OPSIS - Revlsta do Niese, V.l, Maio de 2001

No plano global, as coopera<;:oes bilaterais, principalmente na rela¢o Norte-Sui, que deveriam ser intensificadas, estao longe de se efeti­ varem em praticas politicas que busquem a supera<;:ao da pobreza e 0 respei­

to aos limites ecologicos, como condi<;:ao para se alcan<;:ar uma sustentabilidade planetaria.

Para Becker (1995). 0 desenvolvimento sustentavel nao se

resume

a

harmoniza<;:ao da rela<;:ao economia/ecologia, nem a uma questao tecnica. Representa mecanismo de regula<;:ao do uso do territorio que,

a

seme­ Ihan<;:a do outras formas de planejamento, tenta ordenar a desordem global .

E

nesse sentido que ele se torna urn instrumento politico de legitima<;:iio e expansao das atuais for<;:as economicas.

o

Relatorio Brundtland tern sido muito criticado por ONG's e ambientalistas dos paises do SuI, principalmente por apresentar uma visao a­ historica das necessidades humanas e ignorar as rela<;:oes desiguais que im­ poem aos paises pobres altos custos ambientais e sociais para 0 crescimento dos paises capitalistas desenvolvidos. AMm disso, permeia no relatorio a cren­ <fa nas for<;:as de mercado para resolver os problemas ambientais.

Ele possui

urn

/ado

ingenua, ao ignorara

corre~iio

deflrfas noplano internacionaiemfovor dospaises

industriaii:mdos, as

re~oes

desiguais no comircio internacional,

0

poder

das

muitinm:ionais.

(Vieira, 1997:131).

Em face dessa vincula<;:ao estreita entre 0 conceito de desen­

volvimento sustentavel e 0 sistema economico capitalista, e que alguns auto­

res discordam da abordagem do crescimento economico e do avan<;:o tecnol6gico como redentores do futuro da humanidade.

Para Diegues (1995), 0 conceito de "sociedades sustentaveis" seria mais adequado pois,

Possibilita a cada sociedade definir seus padroes de produfiio

econsumo, bem como seu nivel

de

vida, apartirde sua cultu­

ra, de seu desenvolvimento historico ede seu ambiente natu­

ral Abandona-se

0

modeln insustentdvel

das

sociedades in­

dustriaiizadas emfovor dapossibiiidadede

existbuia

de uma

diversidade de sociedades sustentdveis, baseadas noprincipio

da sustentabilidade ecolOgica, economica, socialepolitica.

(Diegues, 1995 apud Vieira, 1997: 131).

Segundo Sachs (1995), estamos vivendo uma crise social nova onde assistimos uma "terceiromundializa<;:ao" do Planeta, em que a exclusao social, segrega<;:ao espacial, a pobreza, etc., estao tambem no centro do debate dos palses indusrriais. Se se tern uma pobreza globalizada, a crise s6cio-ambiental tambem

e

global. A expressao "desenvolvimento sustenravel" gera muita con­ fusao entre 0 antigo conceito economico auto-sustentado e nao define com dareza de que sustentabilidade se esti falando - ecologica, social ou economi­

(14)

ca. Segundo 0 autor , mais dois criterios devem ser levados em considera<;:ao

para se pensar numa sociedade global sustenravel: 0 criterio cultural - que

negaria formas de desenvolvimento que nao correspondessem as manifesta­

<;:oes culturais de urn dado grupo ou povo; e 0 criterio de sustentabilidade

espacial-territorial - que seria os problemas da rna distribui<;:ao dos homens e suas atividades no planera.

ja para Guararri (1990), e preciso sair do campo de observa­ <;:ao meramente tecnocratica da questao ambiental. Para tanto, deve-se criar uma articula<;:ao etico-politica entre as tres instancias basicas dos registros eco­ logicos: 0 do meio ambiente, 0 das rela<;:oes sociais e 0 da subjetividade hu­ mana.

o

que esta em questao e a maneira de viver daqui em diante,

no contexto das muta<;:oes recno-ciendficas e do consideravel crescimento

demografico. Com 0 trabalho social tendo como finalidade uma economia

de lucro e concentra<;:ao de renda, as rela<;:oes de poder so podem levar a

sociedade a dramaticos impasses em todo 0 mundo. Uma nova ordem que

possa responder a atual crise ecologica, deve operar urn processo de revolu­ <;:ao, como expressa Guatarri (1990:07):

Nao haverd verdadeira resposta

a

crise eco16gica a nao ser

em escala planetdria e com a condifiio de que se opere uma autentica revolUfiiopolitica, socialeculturalreoruntando os

objetivos

cia

produriio de bens materiais eimateriais. Essa

revolurao deverd concernir, portanto, nao so a relarao de forras visivelem grande escala, mas tambem aos dominios

mo/eculares de sensibilidode, de inteligbzcia ede destjo. Na realidade as condi<;:oes economicas e sociais colocam li­ mites para a pratica do prindpio basicos do desenvolvimento sustentavel. Falar em desenvolvimento remete-nos, no presente tempo historico, no de­ senvolvimento economico da sociedade capitalista, que esta organizado es­ sencialmente a partir da acumula<;:ao privada de capital, de urn sistema de classes sociais e de uma base de expansao a partir do aumento progressivo do consumo. Trata-se, ponanto, de urn processo desigual, tanto em nive! das rela<;:oes internacionais quanto na dinamica interna de cada pais.

Para Giansanti (1998), a garantia da sustentabilidade do patrimonio natural, aliada a urn desenvolvimento economico e social pleno

supoe alguns desafios: 0 primeiro deles e 0 de abandonar a ilusao de que 0

jogo de for<;:as dos agentes sociais esti disposto a repartir a riqueza produzi­ da; em segundo lugar, de que os paises pobres poderao obter uma posi<;:ao de for<;:a nas rela<;:oes economicas internacionais. Dessa forma, assinala 0 autor

que 0 conceito de desenvolvimento sustenrave! remete-nos a urn exame criti­

OPSIS - R.YisttI

co da no<;:ao de necessidades e de padroes de j

finalidades da produ<;:ao economica e os valores !

envolve tambem profundas mudan<;:as nas atitud

No plano teo rico

hi

a perspecti'

to de desenvolvimento sustentavel como categor vas tecnologias e subordina<;:ao

a

manuten<;:iio de nomia de mercado. Como conceito de amplitude nortear novas formas de rela<;:oes entre a socieda os condicionantes naturais, historicos e culturais d natural e a heterogeneidade dos diversos povos

mentos essenciais para a garantia de um futuro I

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