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AULA DE

DIREITO CONSTITUCIONAL I

Profª Lúcia Luz Meyer

atualizado em 06.2010

PONTO 09 – DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

DAS LEIS E DOS ATOS NORMATIVO

S

Roteiro de Aula (21 fls)

SUMÁRIO:

9.1. Introdução. 9.1.1. Origem. 9.1.2. Fundamento e pressupostos.

9.2. Órgãos de controle. 9.2.1. .Controle político.

9.2.2. Controle judiciário. 9.2.3. Controle misto. 9.3. Formas de controle.

9.4. Efetivação do controle judiciário. 9.4.1. Controle difuso.

94.2. Controle concentrado. 9.5. Meios de controle judiciário.

9.5.1. Principal. 9.5.2. Incidental. 9.6. Modalidades de controle da constitucionalidade.

9.61. Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIn.

9.6.2. Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC.

9.6.3. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADIn por omissão.

9.6.4. Representação Interventiva - RI.

9.6.5. Argüição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF.

9.7. Efeitos da decisão de inconstitucionalidade. 9.8. Esquema prático.

“Controle de constitucionalidade nada mais é que

a verificação da adequação de um ato jurídico à Constituição”

9.1. INTRODUÇÃO:

Segundo entende CELSO RIBEIRO BASTOS (Curso de Direito Constitucional, São

Paulo: Celso Bastos Editora, 2002, pp. 650-651),

As constituições rígidas procuram assegurar a sua supremacia através de um sistema destinado a controlar a constitucionalidade das leis, sendo dois os seus momentos principais: em primeiro lugar, a identificação do ato, ou comportamento, inconstitucional. E, em segundo momento, negar-lhe eficácia jurídica. É uma mecânica voltada a policiar a ordem jurídica, que tem necessidade de expelir do seu seio tudo aquilo que lhe contradite. Inconstitucionalidade é o que se dá em um determinado tipo de relação entre a Constituição e um ato que lhe venha imediatamente abaixo. (…).

De outra parte, note-se que não é toda desconformidade com a Constituição que gera a inconstitucionalidade. Um conceito assim amplo que considerasse todo e qualquer ato em afronta à Lei Maior como inconstitucional, findaria por ser inútil em razão de sua extrema abrangência. (…). Assim, não se costuma ter por inconstitucional o comportamento de particulares no seu atuar

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cotidiano. A inconstitucionalidade é própria dos órgãos do Poder Político. E, ainda assim, só quando estes estejam atuando regulados direta e imediatamente por normas constitucionais.

Para ROBERTÔNIO SANTOS PESSOA, no artigo intitulado “Controle de

constitucionalidade: jurídico-político ou político-jurídico?”, p. 1 – grifamos (TEXTO nº 0016):

O controle de constitucionalidade, nos modernos Estados Democráticos de Direito, é a garantia

inafastável da imperatividade e efetividade da Constituição, norma fundante de uma comunidade

político-jurídica. Em sua ausência, o Texto Constitucional fica desprovido do caráter de norma jurídica suprema do ordenamento jurídico, à qual todos os Poderes e instituições devem curvar-se. E, nessas condições, fica reduzido a um mero complexo de regras cuja eficácia e disposição fica à mercê das instâncias constituídas, mormente o Poder Legislativo e Executivo. Historicamente, como fartamente registra a literatura constitucional, detecta-se dois sistemas de controle jurisdicional de constitucionalidade: o ‘europeu’ e o ‘americano’.

No magistério de MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO (Curso de Direito

Constitucional, 31ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 34):

A distinção entre Constituição rígida e Constituição flexível, entre Poder Constituinte originário e Poder Constituinte derivado, implica a existência de um controle de constitucionalidade. De fato, onde este não foi previsto pelo constituinte, não pode haver realmente rigidez constitucional ou diferença entre o Poder Constituinte originário e derivado.

Em todo Estado onde faltar controle de constitucionalidade, a Constituição é flexível; por mais que a Constituição se queira rígida, o Poder Constituinte perdura ilimitado em mãos do legislador. Este, na verdade, poderá modificar a seu talante as regras constitucionais, se não houver órgãos destinados a resguardar a superioridade destas sobre as ordinárias. Mais ainda, órgão com força bastante para fazê-lo.

MICHEL TEMER (Elementos de Direito Constitucional, 19ª ed. São Paulo: Malheiros,

03.2003, p. 40) diz que:

Controlar a constitucionalidade do ato normativo significa impedir a subsistência da eficácia de norma contrária à Constituição. Também significa a conferência de eficácia plena a todos os preceitos constitucionais em face de previsão do controle de inconstitucionalidade por omissão.

No magistério de RODRIGO CÉSAR REBELLO PINHO (Teoria Geral da

Constituição e Direitos Fundamentais – Sinopses Jurídicas, 17, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002,

pp. 29-30):

Controle da constitucionalidade é a verificação da adequação vertical que deve existir entre as normas infraconstitucionais e a Constituição. É sempre um exame comparativo entre um ato legislativo ou normativo e a Constituição. Todo ato legislativo ou normativo que contrariar a Lei Fundamental de organização do Estado deve ser declarado inconstitucional.

ALEXANDRE DE MORAES (Constituição do Brasil Interpretada – e legislação

constitucional, São Paulo: Atlas, 2002, p. 2282 – grifamos) ensina que:

A idéia de controle de constitucionalidade está relacionada, conforme já analisado, à supremacia da Constituição sobre todo o ordenamento jurídico e, também, à de rigidez constitucional e proteção dos direitos fundamentais. A existência de escalonamento normativo é pressuposto necessário pra a supremacia constitucional, pois, ocupando a constituição a hierarquia do sistema normativo, é nela que o legislador encontrará a forma de elaboração legislativa e o seu conteúdo. (...) Dessa maneira, se

a Constituição é um corpo de leis obrigatórias, será necessário a existência de mecanismos de controle de sua efetividade.

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9.1.1. ORIGEM DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE:

A origem do controle de constitucionalidade difere quanto as duas espécies: concreto (ou

difuso) e abstrato (ou concenetrado):

a) controle concreto (ou difuso): a verificação da constitucionalidade das normas

infraconstitucionais pelo Judiciário é uma construção do direito norte-americano,

vale dizer, considera-se que surgiu nos Estados Unidos, em uma Constituição que

não o prevê expressamente. Foi após o famoso caso MARBURY versus MADISON,

relatado pelo Presidente da Suprema Corte norte-americana, Juiz John Marshall, em

1803 (vale pesquisar sobre esse caso).

O controle da constitucionalidade das leis pelo Poder Judiciário é uma decorrência

inevitável da Constituição escrita em relação às demais normas e consolidou-se tal

entendimento na jurisprudência americana.

O Brasil, influenciado pelo modelo norte-americano, admite esse controle concreto

- ou difuso - de constitucionalidade desde a primeira Constituição Republicana, de

1891.

b) controle abstrato (ou concentrado): exercido por órgão não pertencente ao

Poder Judiciário para assegurar a supremacia das normas constitucionais, tal

controle desenvolveu-se na Europa, a partir do séc. XX, fundamentando-se nas

idéias do jurista alemão Hans Kelsen.

É um Tribunal ou uma Corte Constitucional que examina a lei, em tese, e com efeito

erga omnes.

O controle em abstrato ou controle concentrado, foi introduzido definitivamente

entre nós a partir de 1965, através da EC nº 16 à CF de 1946.

Assim, no Brasil, o

controle de constitucionalidade

é exercido por todos os Poderes

constituídos, assim expresso:

a) controle

repressivo

de constitucionalidade

– exercido pelo Judiciário e,

excepcionalmente, pelo Executivo e pelo Legislativo (neste caso, vide arts. 84, IV,

segunda parte, 62, § 5º, 68, § 2º/CF);

b) controle

preventivo

de constitucionalidade

– exercido pelo Legislativo e pelo

Executivo.

O Supremo Tribunal Federal - STF foi erigido à condição de guardião supremo de nossa

Constituição, seja na via de ação seja na via de exceção.

ALEXANDRE DE MORAES (2002:2283) assevera que:

O direito norte-americano – em 1803, no célebre caso Marbury v. Madison, relatado pelo Chief Justice da Corte Suprema, John Marshall – afirmou a supremacia jurisdicional sobre todos os atos dos poderes constituídos, inclusive sobre o Congresso dos Estados Unidos da América, permitindo-se ao Judiciário, mediante casos concretos postos em julgamento, interpretar a Carta Magna, adequando e compatibilizando os demais atos normativos com suas superiores normas.

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JOSAPHAT MARINHO (Estudos Constitucionais - da Constituição de 1946 à de

1988’, Ufba, Salvador, 1989, pp. 48 e 49 – grifos originais - em ‘Decisões Judiciais de Marshall’,

trad. de Américo Lobo, Imprensa Nacional, RJ, 1903, p. 1; cits pp 22, 23, 25 e 26):

A obediência a essa fonte inspira-se, aliás, no aresto-padrão revelador do pode de controle da constitucionalidade das leis e atos dos outros ramos do governo, no caso ‘Marbury vs Madison’, julgado em 1803. Nessa decisão precursora, de lógica irresistível, Marshall argüiu que ‘a Constituição delega todo o poder judiciário dos Estados Unidos a um Supremo Tribunal e a tantos tribunais inferiores quanto o Congresso, de quando em quando, decretar e estabelecer’. Firmou que ‘não se presume que uma cláusula inserta na Constituição seja destinada a não produzir nenhum efeito, e, pois, tal interpretação é inadmissível, salvo quando for imposta literalmente’. Asseverou ser o governo dos Estados Unidos de poderes ‘definidos e limitados’, compreendida a Legislatura, e proclamou a superioridade da Constituição sobre todos os atos normativos. ‘É uma proposição por demais clara para ser contestada, - acentuou – que a Constituição veta qualquer deliberação legislativa incompatível com ela; ou que a legislatura possa alterar a Constituição por meios ordinários’. ‘Não há meio termo entre estas alternativas. A Constituição ou é uma lei superior e predominante, e lei imutável pelas formas ordinárias; ou está no mesmo nível conjuntamente com as resoluções ordinárias da legislatura e, como as outras resoluções, é mutável quando a legislatura houver por bem modificá-la’. ‘Se é verdadeira a primeira parte do dilema, então não é a lei a resolução legislativa incompatível com a Constituição; se a segunda parte é verdadeira, então as Constituições escritas são absurdas tentativas da parte do povo para delimitar um poder por sua natureza ilimitável’. E arrematou com a inquestionável coerência: ‘Se, pois, os tribunais têm por missão atender à Constituição e observá-la, e se a Constituição é superior a qualquer resolução ordinária da legislatura, a Constituição, e nunca essa resolução ordinária, governará o caso a que ambas se aplicam’.

9.1.2.

FUNDAMENTO E PRESSUPOSTOS

:

Fundamenta-se o controle de constitucionalidade na idéia de supremacia da Constituição

escrita, na idéia da existência de uma Lei Maior que se sobrepõe a todas as demais normas

jurídicas existentes no País.

Consideram-se pressupostos para seu exercício:

a) presença de uma Constituição rígida;

b) existência de um órgão que efetivamente assegure a supremacia da Constituição.

Ver art. 102, I, c/c art. 59 da CF/88.

9.2. ÓRGÃOS DE CONTROLE:

O sistema de controle de constitucionalidade varia no espaço e no tempo, ou seja, difere de

um Estado (país) para outro e, também, pode variar de um período (constitucional) para outro. Além

disso, no mesmo espaço e momento pode um Estado adotar mais de um sistema de controle. A

Constituição brasileira atual, de 05.10.1988, por exemplo, que absorveu muito do sistema

norte-americano, adota três sistemas de controle: o político, o judiciário e o misto.

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9.2.1. Controle Político:

No controle político o juízo de conformidade das normas imediatamente inferiores à

Constituição fica a cargo de um órgão político, vale dizer, de um órgão que ocupe posição

superior no Estado, que deve ser distinto do Legislativo, do Executivo e do Judiciário.

9.2.2. Controle Judiciário, ou Jurisdicional (repressivo):

Esse controle judiciário é o ‘judicial review’, onde o órgão de cúpula do Poder Judiciário é

legitimado pela própria Constituição para proceder a esse controle de leis e atos normativos.

Constitui-se, na realidade, em uma verificação particular de legalidade. É exercido, portanto, pelos

integrantes do Poder Judiciário. Pode ser exercido segundo dois critérios:

a) difuso (ou concreto, ou via de exceção, ou de defesa);

b) concentrado (ou abstrato, ou via de ação).

Importante não confundir controle concreto (que é o difuso) com o controle concentrado

(que é o abstrato). Adiante ver-se-á o assunto com mais detalhes.

9.2.3. Controle Misto:

No controle misto de constitucionalidade há uma conjunção das duas espécies de controle:

há leis sujeitas ao controle do Poder Judiciário e outras sujeitas ao controle dos órgãos políticos.

9.3. FORMAS DE CONTROLE:

Relativamente ao ‘tempo’ e ao ‘momento’ em que acontece, pode-se dizer que há duas

formas de controle de constitucionalidade:

a) preventivo – ocorre antes da lei ou ato normativo entrar em vigor;

b) repressivo – após a publicação da lei ou ato normativo .

9.3.1. Controle Preventivo:

O controle preventivo, como o nome sugere, ocorre antes do tempo da produção final do

ato, referindo-se mais particularmente a projetos de lei. Logo, é um controle

a priori

, anterior à

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publicação da lei ou do ato normativo.

É considerado um controle ‘lato’ de constitucionalidade, podendo ser exercido tanto pelo

Poder Legislativo (por exemplo: art. 58, 66, § 4º) quanto pelo Poder Executivo (Por exemplo: art.

66, § 1º).

Ele foi previsto em várias Constituições antigas e ainda o é em modernas Constituições.

Geralmente ocorre quando o projeto de lei vai para a Comissão de Constituição e Justiça, ou

quando o Presidente veta o projeto.

Assim dispõe o art. 66, § 1º da CF/88:

Art. 66 – A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da

República, que, aquiescendo, o sancionará.

§ 1º - Se o Presidente considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.

[…].

O controle preventivo pelo Judiciário ocorre via mandado de segurança por parlamentar que

não quer participar de ato viciado.

9.3.2. Controle Repressivo:

O controle repressivo é aquele que ocorre após a publicação do ato, ou seja, no momento

em que o ato já está concluído; logo, é um controle

a posteriori

.

Ele é confiado ao Poder Judiciário (pelo sistema em abstrato

ou

concentrado

e pelo

sistema em concreto

ou

difuso

). Excepcionalmente é exercido pelo Poder Executivo ou pelo Poder

Legislativo - art. 84, IV, segunda parte, art. 68, § 2º: retirar do ordenamento jurídico normas já

editadas, com plena vigência e eficácia, como atos normativos do Executivo que exorbitem o poder

regulamentar, ou, art. 62, § 5º, em relação a medidas provisórias.

O controle repressivo é viabilizado por dois meios distintos (vide item 9.4):

a) via de exceção – para suprir normas inconstitucionais;

b) via de ação – para suprir omissão (inação).

Sua finalidade de retirar a lei ou ato normativo inconstitucional da esfera jurídica. Como

exemplo, cita-se o art. 49, V da CF/88:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: […].

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

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9.4. EFETIVAÇÃO DO CONTROLE JUDICIÁRIO (repressivo):

Existem dois critérios para efetivação do controle pelo Judiciário:

a) difuso;

b) concentrado.

9.4.1. Controle Difuso:

O controle difuso (ou controle em concreto, ou indireto da constitucionalidade, ou via de

defesa, ou via de exceção, ou aberto) é exercido por todos os integrantes do Poder Judiciário. O

objeto da ação é a satisfação de um direito individual ou coletivo. A inconstitucionalidade do ato é

argüida incidentalmente em uma ação qualquer, provocando efeitos

inter partes

.

É o controle feito via difusa, isto é, compreende inúmeros órgãos legitimados para exercer a

fiscalização, ou seja, não há um órgão judiciário específico para tal finalidade; pode ser feito

tanto pelo Juiz singular, como pelo Tribunal.

Observe-se que a qualquer Juiz é dado apreciar a alegação de inconstitucionalidade.

Nos ensinamentos de MICHEL TEMER (2003:43 – grifo original):

A via de exceção (ou de defesa) tem as seguintes peculiaridades: a) só é exercitável à vista de caso concreto, de litígio posto em juízo; b) o juiz singular poderá declarar a inconstitucionalidade de ato normativo ao solucionar o litígio entre as partes; c) não é declaração de inconstitucionalidade de lei

em tese, mas exigência imposta para a solução do caso concreto; d) a declaração, portanto, não é o

objetivo principal da lide, mas incidente, conseqüência.

Adotado nos EUA, de acordo com as idéias do Juiz Marshall, já citada, de que ‘o Juiz

resolve a questão de constitucionalidade como se se tratasse de um mero caso de conflito de leis,

ou seja, de determinação de qual a lei aplicável a um caso concreto’. Apenas após a manifestação

do mais alto Tribunal ficará definida a questão da inconstitucionalidade’.

Ver o art. 97 da CF/88:

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

No Brasil, qualquer Juiz pode reconhecer a inconstitucionalidade, mas o Tribunal só pode

fazê-lo pela maioria de seus membros. Ver art. 102, III, a e também ver o art. 52, X da CF/88:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

[…].

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

(8)

[…].

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal : […].

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

[…].

O Brasil adota o

critério difuso

no

controle em concreto

; é, em princípio, difuso o

controle Judiciário no Brasil = controle incidental, de efeito inter partes.

Crítica: cada Juiz pode apreciar de maneira diferente.

9.4.2. Controle Concentrado:

O controle concentrado (ou controle em abstrato, ou direto, ou via principal, ou de ação)

visa obter a invalidação da lei, em tese. Aqui não há caso concreto a ser solucionado.

O Brasil adota esse

critério concentrado

no

controle em abstrato

(desde a EC nº 16/65 à

CF de 1946).

Há um órgão de cúpula, que no Brasil é o Supremo Tribunal Federal, com legitimação

constitucional para a guarda do texto fundamental. Em alguns países é reservado esse julgamento a

um Tribunal especializado: a Corte Constitucional.

Através desse controle concentrado é questionada a própria constitucionalidade ou não de

uma lei, não se admitindo a discussão de situações de interesses meramente individuais. A proposta

é feita diretamente perante o Supremo Tribunal Federal - STF e a decisão gera efeito erga omnes.

São legitimados para propor ação de controle concentrado os apontados no art. 103 da

CF/88, in verbis:

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.

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§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

9.5. MEIOS DE CONTROLE JUDICIÁRIO (Repressivo):

O controle repressivo (pelo Judiciário) pode ser:

a) principal;

b) incidental.

9.5.1. Controle Principal (ou via de ação):

No controle principal (ou via de ação), o objeto da ação é a própria declaração de

inconstitucionalidade do ato legislativo ou normativo. É o controle por ação direta, no qual o objeto

da lide é a inconstitucionalidade.

9.5.2. Controle Incidental (ou via de exceção, ou via de defesa):

No controle incidental (ou via de exceção, ou via de defesa), o objeto da ação é a satisfação

de um direito individual ou coletivo, sendo a inconstitucionalidade alegada de forma incidental.

Quando é alegada a inexistência da obrigação por invalidade da lei que a fundamenta; a exceção é

apreciada como preliminar, ou incidente da ação.

Crítica: cada Juiz pode apreciar de maneira diferente, como no controle difuso.

9.6. MODALIDADES DE CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE

(concentrado):

Temos na nossa Lei Fundamental cinco modalidades de controle em abstrato ou direto da

constitucionalidade, a saber:

a) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIn;

b) Ação Declaratória de Constitucionalidade (de lei ou ato normativo federal) -

(10)

c) Ação de Inconstitucionalidade por Omissão – ADIn por Omissão;

d) Representação Interventiva;

e) Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF.

9.6.1. Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIn:

A Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIn, existe no direito brasileiro desde a

Constituição de 1946 e visa, na forma do art. 102, I, ‘a’, primeira parte, da CF/88, a decretação de

inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual perante a Constituição Federal,

competindo ao STF seu julgamento:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;

[…].

(grifamos)

São legitimados para propor a ADIN os indicados no art. 103 da CF, já antes transcrito.

O art. 125, § 2º da CF/88 prevê a argüição de inconstitucionalidade de lei estadual ou

municipal perante a Constituição Estadual como competência dos TJ:

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.

[…].

§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

[…].

A Lei nº 9.868, de 10.11.1999, dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de

inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal

Federal, conforme o previsto no artigo 102, tendo revogado as Leis nº 4337/64 e 5n° 778/72.

Trata-se a ADIN de um controle principal, exercido exclusivamente pelo STF (controle

concentrado).

9.6.2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (de lei ou ato normativo federal) -

ADC:

(11)

A Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC visa a declaração de

constitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal, tendo sido criada pela EC nº 3/1993,

estando disposta no já transcrito art. 102, I, a, segunda parte, da CF/88:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação

declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;

[…].

(grifamos)

Trata-se de uma nova forma de controle em abstrato da constitucionalidade, com

procedimento estabalecido pela Lei nº 9.868, de 10.11.1999. Ela visa uma a decisão definitiva de

mérito que declare constitucional lei ou ato normativo federal; tem eficácia contra todos e efeito

vinculante para os demais órgãos do Poder Judiciário - efeito erga omnes.

Ver o art. 103-A da CF/88:

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006).

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

São legitimados para propor a ADC os indicados nos incisos I a IX do art. 103 da CF/88, já

antes transcrito.

9.6.3. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADIn por Omissão):

A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADIn por Omissão está prevista no

§ 2° do art. 103, tendo sido introduzida no direito basileiro pela CF/88:

Art. 103. Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

(12)

§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

[…].

(grifamos).

A inconstitucionalidade por omissão ocorre quando se deixa de dar (o legislador ou o

administrador) execução a um programa traçado pela norma constitucional. Assim, a ADIn por

Omissão visa suprir a omissão dos poderes constituídos.

É de difícil caracterização face ao poder ‘discricionário’ da Administração Pública, da

‘oportunidade ou conveniência’ de dar execução ao programa; o órgão será cientificado para

providenciar a norma regulamentadora faltante no prazo de 30 dias, tendo a decisão proferida

caráter mandamental quando se tratar de omissão administrativa, e terá 30 dias sob pena de incidir

na prática de crime de desobediência. Os legitimados a propor são os mesmos a propor

inconstitucionalidade por ação (ADIN) e a declaratória de constitucionalidade (ADC) (art. 103/CF).

9.6.4. Representação Interventiva:

A Ação Interventiva, além da declaração de inconstitucionalidade, visa o restabelecimento

da ordem constitucional no Estado ou no Município.

Existem d

uas modalidades

:

a) interventiva federal – a União interfere nos Estados (arts. 34, 36, III, e 129, IV);

competência do STF - controle de constitucionalidade de âmbito estadual:

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

[…].

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: […].

IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;

[...].

b) i nterventiva estadual

– intervenção dos Estados nos Municípios; competência dos

TJ.

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A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF está prevista no art.

102, § 1º da CF/88, sendo também competência do STF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

[…].

§ 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

[…].

(grifamos)

Também a citada Lei nº 9.882/99 regulamenta essa ação.

PARA RODRIGO CÉSAR REBELLO PINHO (2002:42):

Dada a previsão da incidência do princípio da subsidiariedade, essa ação constitucional não será admitida ‘quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade’ (Lei nº 9.882/99, art. 4º, § 1º). Poderá ser proposta quando não for cabível a ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade, mandado de segurança, ação popular, agravo regimental, recurso extraordinário, reclamação ou qualquer outra medida judicial apta a sanar, de maneira eficaz, a situação de lesividade, conforme reiteradas decisões do Supremo Tribunal Federal (Informativo STF, nº 243).

9.7. EFEITOS DA DECISÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE:

A decisão de inconstitucionalidade terá efeitos:

a) inter partes, no controle incidental (via de defesa) - efeito entre as partes

litigantes;

b) ( erga omnes

) , no controle principal (via de ação) - efeito geral eliminando para

o futuro e de vez qualquer possibilidade de aplicação do ato declarado

inconstitucional.

Natureza da decisão:

a) ex tunc – a decisão que declara a inconstitucionalidade é retroativa, alcançando a

lei e todas suas conseqüências, desde sua origem;

b) ex nunc – a decisão que declara a inconstitucionalidade não é retroativa,

produzindo efeitos a partir de sua publicação.

Para outros doutrinadores, também podem ser de natureza declaratória (Marshall) ou

descontitutiva (ou constitutivo-negativa) (Kelsen).

MICHEL TEMER (2003:48 – grifamos) sobre o assunto entende que:

(14)

de ato normativo. Essa atribuição foi conferida, privativamente, ao Senado Federal tal como consta do art. 52, X, da Constituição Federal. Na verdade, o que se observa do processo atinente à

declaração de inconstitucionalidade pela via direta é a participação dos três órgãos do poder e da sociedade nessa atividade. O Executivo, por intermédio do Presidente da República, do Governador de Estado, do Procurador-Geral da República, o Legislativo e a sociedade (por meio do art. 103, VII, VIII e IX) provocam a manifestação declaratória do Judiciário, representado pelo STF, e o Legislativo, por meio do Senado Federal, suspende a execução do ato normativo depois de receber a comunicação da Corte Suprema.

Compete privativamente ao Senado Federal a suspensão de lei declarada inconstitucional,

nos termos do art. 52, X da CF/88:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: […].

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

[…].

RESUMIDAMENTE

, em esquema de

RODRIGO CÉSAR REBELLO PINHO

(2002: 32)

:

01. A inconstitucionalidade pode ser:

a) inconstitucionalidade POR AÇÃO - produção de atos legislativos ou normativos

que contrariem dispositivos constitucionais:

a.1) formal: produzido por autoridade incompetente ou em descordo com as

formalidades.

a.2) material: atos que desrespeitam o próprio conteúdo das normas

constitucionais.

b) i nconstitucionalidade POR OMISSÃO

– não-elaboração de atos legislativos ou

normativos que impossibilitem o cumprimento de preceitos constitucionais. (AÇÃO

DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO, art. 103, § 2º, e MANDADO

DE INJUNÇÃO, art. 5º, LXXI).

02. Órgãos de controle: (vide item 9.2)

a) órgão de controle político

-b) órgão de controle judiciário –

03. São formas de controle: (vide item 9.3)

a) controle preventivo – antes da aprovação do ato;

b) controle repressivo – depois da aprovação do ato; é exercido por duas vias:

b.1) tanto de forma abstrata, pela via principal ou de ação;

(15)

b.2) como de forma concreta, pela via de exceção ou incidental.

04. Critérios de controle: (vide item 9.4)

a) critério de controle difuso

b) critério de controle concentrado

-05. Meios de Controle: (vide item 9.5)

a) incidental

b) principal

-06. Efeitos da decisão: (vide item 9.7)

a) efeito

inter partes

-b) efeito

erga omnes

-07. Retroatividade: (vide item 9.7)

a) ex tunc

b) ex nunc

-OBSERVAÇÃO: TRAZEMOS, AINDA, OS SEGUINTES ‘

RESUMOS

’:

1)

extraído do artigo de

LUÍS CARLOS MARTINS ALVES JÚNIOR

(“As formas de controle

de constitucionalidade” - TEXTO Nº 0042), quando diz que:

A) Quanto ao órgão ou sujeito controlador:

a. 1) Político: é o controle feito por um órgão de natureza política (sujeito apenas aos critérios de

conveniência e oportunidade), não jurisdicional.

a. 2) Jurisdicional: é o controle feito pelos juízes ou tribunais (sujeitos aos critérios de juridicidade

ou antijuridicidade).

a.2.1) Difuso: diz-se que o controle é difuso quando a competência para fiscalizar a constitucionalidade das leis é reconhecida a qualquer juiz ou tribunal chamado a fazer a aplicação de uma determinada lei a um caso concreto submetido a apreciação judicial. a.2.2.) Concentrado: a competência para julgar definitivamente acerca da constitucionalidade das leis é reservada a um único órgão, com exclusão de quaisquer outros.

a.2.3.) Misto (difuso e concentrado): O controle pode ser exercido difusamente por qualquer juiz ou tribunal (nos casos concretos) ou concentrado (controle abstrato) no órgão previamente estabelecido pela constituição.

a. 3) Misto (político e jurisdicional): é o controle que para algumas matérias a competência é

jurisdicional e enquanto que para outras a competência é de um órgão político.

B) Quanto ao momento do controle:

(16)

b. 2) Repressivo ou sucessivo: é feito quando a norma a ser impugnada já é um ato perfeito, pleno de

eficácia jurídica.

C) Quanto ao modo de impugnação:

c. 1) Via Direta ou principal ou controle abstrato: neste controle, as questões de

inconstitucionalidade podem ser levantadas, a título principal, mediante processo constitucional autônomo. Neste tipo é consentido a certos cidadãos ou a certas e determinadas entidades a impugnação de uma norma inconstitucional, independentemente de qualquer controvérsia.

c. 2) Via Indireta ou incidental ou controle concreto: a inconstitucionalidade da norma só pode ser

invocada no decurso de uma ação submetida à apreciação dos juízes ou tribunais. A questão da inconstitucionalidade é levantada, por via de incidente, por ocasião e no decurso de um processo comum (civil, penal, administrativo, etc.), e é discutida na medida em que seja relevante para a solução do caso concreto.

D) Quanto à natureza da decisão:

d. 1) Declarativa: fala-se em controle declarativo quando a entidade controlante se limita a declarar a

nulidade preexistente da norma. A norma é absolutamente nula e, por isso, o juiz ou qualquer outro órgão de controle limitam-se a reconhecer declarativamente a sua nulidade.

d. 2) Constitutiva: dá-se quando a decisão anula a norma combatida, cassa a sua validade. Só a partir

da decisão do órgão controlador é que a norma será tida como inconstitucional ou não, porque é o órgão controlador que constitui a norma como inconstitucional.

E) Quanto aos efeitos da decisão:

e. 1) Gerais ou Particulares: têm-se por gerais (erga omnes) os efeitos da decisão que elimina do

ordenamento jurídico a norma inconstitucional, repercutindo para todos, em sua generalidade; são particulares (inter partes) os efeitos que só atingem aos interessados no processo, para os demais não há repercussão dos efeitos da decisão que decide pela inconstitucionalidade de uma norma.

e. 2) Retroativos ou Prospectivos: são retroativos (ex tunc) os efeitos da decisão que fulmina de

inválida a norma desde o seu nascimento e, por conseguinte, não pôde produzir efeitos. A decisão atinge os atos passados; diz-se que são efeitos prospectivos (ex nunc) quando a decisão só passa a invalidar a norma a partir da decisão, ou seja, a norma só passa a ser inconstitucional a partir da decisão que a condena de inconstitucional. Os atos praticados no passado sob sua égide são válidos. A decisão só vale para o futuro.

F) Quanto ao conteúdo do controle:

f. 1) Controle formal: segundo Paulo Bonavides,, "o controle formal é, por excelência, um controle

estritamente jurídico. Confere ao órgão que o exerce a competência de examinar se as leis foram elaboradas de conformidade com a Constituição, se houve correta observância das formas estatuídas, se a regra normativa não fere uma competência deferida constitucionalmente a um dos poderes, enfim, se a obra do legislador ordinário não contravém preceitos constitucionais pertinentes à organização técnica dos poderes ou às relações horizontais e verticais desses poderes, bem como dos ordenamentos estatais respectivos, como sói acontecer nos sistemas de organização federativa do Estado".

f. 2) Controle material: "O controle material de constitucionalidade é delicadíssimo - ainda com

Paulo Bonavides - em razão do elevado teor de politicidade de que se reveste, pois incide sobre o conteúdo da norma. Desce ao fundo da lei, outorga a quem o exerce competência com que decidir sobre o teor e a matéria da regra jurídica, busca acomodá-la aos cânones da Constituição, ao seu espírito, à sua filosofia, aos seus princípios políticos fundamentais.

2)

extraído do artigo de

ROBERTÔNIO SANTOS PESSOA

(“Controle de constitucionalidade:

jurídico-político ou político-jurídico?” - TEXTO Nº 0016 - p. 6), ao concluir sobre o controle de

constitucionalidade no Brasil:

CONCLUSÃO:

De tudo que foi acima exposto e discutido, algumas ilações se impõe a título de conclusão da presente monografia.

Temos como ponto inarredável a premissa de que, o controle de constitucionalidade das leis e atos normativos impõe-se como uma conseqüência do fato de se considerar a Constituição como norma jurídica suprema do ordenamento jurídico. Para a defesa e promoção da Constituição é imperativo a instituição de

(17)

uma autêntica jurisdição constitucional, vocacionada a afirmar a inequívoca e inquestionável supremacia do Texto Constitucional, e, por via de conseqüência, privar de efeitos as normas que lhe contrariam.

Importa, assim, que as normas constitucionais não configurem simples declarações de princípios, mas, pelo contrário, apresentem-se como Direito diretamente aplicável.

Por outro lado, deve-se admitir que a Justiça Constitucional é uma conseqüência imediata do princípio da supremacia da Constituição. Mais do isso, a jurisdição constitucional deve ser considerada uma típica manifestação do Estado de Direito, que supõe a consagração do princípio da legalidade constitucional (supralegalidade) e a tutela dos direitos e liberdades, dentro de uma visão moderna da separação dos poderes. Assim, é mediante um adequado e bem estruturado controle de constitucionalidade das leis, com observância do devido processo legal, que se afere a necessária adequação das leis (ou atos com força de lei). Verificada a desconformidade do ato impugnado com a Lei Maior, impõe-se a imposição de ineficácia ao aludido ato, sem que tal implique, como pretendem alguns, em ofensa ou comprometimento ao princípio da separação dos poderes ou à soberania do Parlamento. Ou seja, o controle de constitucionalidade, principalmente o controle abstrato-concentrado, não transforma o órgão encarregado da jurisdição constitucional numa 3ª Câmara, com competência legislativa negativa.

A constitucionalidade a ser aferida diz respeito tanto à constitucionalidade formal, que se refere à competência e à falta de regularidade no processo legislativo, como também, à inconstitucionalidade material, que se refere à contradição da norma impugnada com o conteúdo constitucional. Em nosso sistema jurídico, portanto, diz respeito, tanto à inconstitucionalidade por ação, como à inconstitucionalidade por omissão. O nosso sistema de justiça constitucional permite, dentro do controle de constitucionalidade das leis, tanto a via direta como também, a incidental. Inicialmente, conforme exposto, filiamo-nos ao sistema americano (via incidental), e, posteriormente, ao sistema europeu.

Observando a experiência nacional, constata-se um manifesto aumento da complexidade do nosso sistema jurisdicional de controle de constitucionalidade, particularmente no que se refere ao controle concentrado (via direta). Tal se deveu à incorporação ao sistema inicialmente previsto na Constituição de 1988 de novos instrumentos veiculados via Emenda Constitucional (EC nº 03/93) e legislação ordinária (Leis nº 9.868 e 9.882, ambas de 1999), que, de alguma forma, "politizaram" de forma negativa nosso sistema de controle, "flexibilizando" os efeitos da declaração de inconstitucionalidade, com manifesto comprometimento do princípio da supralegalidade constitucional.

Uma posição realista e consentânea com o constitucionalismo contemporâneo deve admitir uma "politização positiva" da jurisdição constitucional. Tal posição implica, em nossa ótica, na defesa da Constituição com um todo, como um sistema de normas e de valores.

Em colaboração com os demais poderes políticos e com a própria sociedade como um todo, a jurisdição constitucional deve colaborar no desenvolvimento dos valores que servem de suporte ao próprio Texto Constitucional. Neste sentido, e somente neste, deve-se admitir que a justiça constitucional exerce uma função política, especialmente relevante em países como o nosso, marcado pela persistente marca do subdesenvolvimento.

No Brasil, contudo, o controle de constitucionalidade se politizou de uma forma negativa, em detrimento da eficácia do próprio sistema de controle de constitucionalidade.

Concordamos com a posição de Manoel Gonçalves Ferreira Filho (26), para quem

"as inovações quanto aos efeitos do ato reconhecido com inconstitucional não tornam mais vigorosa a defesa da Constituição. Ao contrário, elas provavelmente a enfraquecem. O ato inconstitucional não é mais nulo ex natura... Seus efeitos poderão persistir mesmo depois do reconhecimento da infração à Constituição... " Ou seja, o ato inconstitucional ganha uma sobrevida que significa em termos crus que modifica, ou modificou a Constituição, pelo tempo em que foi tolerado.

Vigorando e vingando as "inovações" propostas, impõe-se o vaticínio do mestre Ivo Dantas (27):

"Conclusão óbvia, a violação da Constituição pode der direito positivo, mesmo depois de reconhecida, no processo competente, pelo Supremo Tribunal Federal, guarda da Constituição”.

9.8. ESQUEMA PRÁTICO - CONTROLE PELO JUDICIÁRIO (que pode ser o

DIFUSO

e

o

CONCENTRADO

):

1. CONTROLE DIFUSO: é via ‘difusa’ porque compreende a efetivação através dos vários

órgãos do Judiciário, desde o Juiz até o Tribunal.

(18)

individual, ou particular, em um caso concreto; é um controle incidental, porque ocorre

incidentalmente durante o julgamento de um caso concreto; seus efeitos serão ‘inter partes’.

Daí ser chamado de:

a) CONTROLE DIFUSO,

b) ou CONTROLE EM CONCRETO (no caso concreto),

c) ou CONTROLE VIA EXCEÇÃO (o controle da inconstitucionalidade foi uma

exceção, pois não se julgava a inconstitucionalidade, mais um caso qualquer, em

concreto),

d) ou VIA DE DEFESA (foi argüida a inconstitucionalidade por uma das partes

particulares, no caso concreto, para respaldar sua defesa),

e) ou CONTROLE INDIRETO DE CONSTITUCIONALIDADE, pois esse

controle se deu por vias indiretas, já que não se buscava essa finalidade naquele caso

específico, ou caso concreto,

f) ou CONTROLE EM ABERTO, pois não declara inconstitucional a lei em tese,

mas somente para a solução de um caso concreto, daí essa declaração ser

INCIDENTAL,

g) ou CONTROLE INCIDENTAL, pois a declaração foi um incidente no caso

concreto.

2. CONTROLE CONCENTRADO: não é difuso, isto é, o controle é feito apenas por um

órgão do Judiciário, o STF.

Logo: é realizado apenas pelo Supremo Tribunal Federal – STF; interesse geral: questiona a

constitucionalidade ou não da lei; efeito ‘erga omnes’; legitimados: art. 103/CF (9).

Daí ser chamado de

:

a) CONTROLE CONCENTRADO (concentrado nas mãos do STF),

b) ou CONTROLE EM ABSTRATO (não é referente a um caso concreto),

c) ou CONTROLE DE AÇÃO (é uma ação específica de controle de

constitucionalidade),

d) ou VIA PRINCIPAL (idem),

e) ou

CONTROLE DIRETO

(ou POR AÇÃO DIRETA) DE

CONSTITUCIONALIDADE: o objeto da lide é, efetivamente, a

inconstitucionalidade da lei.

(19)

1ª) ADIN = Ação Direta de Inconstitucionalidade;

- art. 102, I, ‘a’, primeira parte - visa a decretação de inconstitucionalidade de

lei ou ato normativo federal ou estadual perante a Constituição Federal;

- legitimados a propor: art. 103, incisos I a IX da CF/88.

- art. 125, § 2º - argüição de inconstitucionalidade de lei estadual ou

municipal perante a Constituição Estadual – competência dos TJ;

- Lei nº 9.868, de 10/11/99 (Dispõe sobre o processo e julgamento da ação

direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade

perante o Supremo Tribunal Federal) – estabelece uma regulamentação das

Ações Diretas de Inconstitucionalidade e Constitucionalidade, previstas no

artigo 102 da Lei Maior / revogou as Leis nº 4337/64 e 5778/72.

2ª) ADC = Ação Declaratória de Constitucionalidade (de lei ou ato normativo

federal);

- EC nº 3/1993 - art. 102, I, a, segunda parte/CF;

- Lei nº 9.868/99 – estabelece seu procedimento;

- visa a declaração de constitucionalidade de uma lei ou ato normativo

federal;

- a decisão definitiva de mérito que declare constitucional lei ou ato

normativo federal tem eficácia contra todos e efeito vinculante para os

demais órgãos do Poder Judiciário (art. 103-A/CF);

- efeito erga omnes;

- legitimados a propor: art. 103, incisos I a IX, da CF/88;

- perante o STF, cuja decisão de mérito produz eficácia contra todos e efeito

vinculante relativamente aos demais órgãos dos Poderes Executivo e

Legislativo.

3ª) Ação de Inconstitucionalidade por Omissão:

- art. 103, § 2º/CF;

- introduzida pela CF/88;

- visa suprir a omissão dos poderes constituídos;

- legitimados a propor: os mesmos a propor inconstitucionalidade por ação

(art. 103, incisos I a IX, da CF/88):

4ª) Representação Interventiva:

- além da declaração de inconstitucionalidade, ela visa o restabelecimento da

ordem constitucional no Estado ou no Município;

- divide-se em:

a) interventiva federal – a União interfere nos Estados (arts. 34, 36,

III, e 129, IV) / competência do STF - controle de constitucionalidade

de âmbito estadual:

b) interventiva estadual – intervenção dos Estados nos Municípios /

competência dos TJ;

5ª) Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental:

- art. 102, § 1º;

- competência do STF;

(20)

- Vide sites:

< http://www.stf.jus.br/portal/legislacaoAnotadaAdiAdcAdpf/verLegislacao.asp?lei=259 >

<

http://www.vemconcursos.com.br/opiniao/index.phtml?page_ordem=visitados&page_id=210

>

DOUTRINA CITADA:

BASTOS, Celso Ribeiro - “Curso de Direito Constitucional”, São Paulo: Celso Bastos

Editora, 2002.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves - “Curso de Direito Constitucional”, 24ª ed.

São Paulo: Saraiva, 1997.

MORAES, Alexandre de - “Constituição do Brasil Interpretada – e legislação

constitucional”, São Paulo: Atlas, 2002.

PINHO, Rodrigo César Rebello - “Teoria Geral da Constituição e Direitos

Fundamentais – Sinopses Jurídicas, 17”, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002

SILVA, José Afonso da - “Curso de Direito Constitucional Positivo”, 23ª ed. São Paulo:

Malheiros, 01.2004.

TEMER, Michel - “Elementos de Direito Constitucional”, 19ª ed. São Paulo: Malheiros,

03.2003.

TEXTOS RECOMENDADOS COMO LEITURA COMPLEMENTAR

:

ALVES JÚNIOR, Luís Carlos Martins - “As formas de controle de

constitucionalidade”, (em:

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=102

) -

TEXTO Nº 0042.

BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco - “Controle Difuso de Constitucionalidade

das

Leis

e

Espaço

Público

no

Brasil”,

(em:

-

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3988

). - TEXTO Nº 0064.

BERNARDES, Juliano Taveira – “Novas Perspectivas de Utilização da Ação Civil

Pública e da Ação Popular no Controle Concreto de Constitucionalidade”, (em: -

http://

www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=4484)

- TEXTO Nº 0065.

CHIMENTI, Ricardo Cunha - “O Controle da Constitucionalidade das Leis e dos Atos

Normativos”,

(em:

http://www.unimep.br/fd/ppgd/cadernosdedireitov2n3/04_artigo.html

) - TEXTO Nº

0023.

FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves et FERNANDES, Rodrigo Pieroni – “A

Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental e a manipulação dos efeitos de

sua decisão”, (em: -

http://www.factum.com.br/artigos/094.htm

) - TEXTO Nº 0086.

GALO, Fabrini Muniz – “Jurisdição constitucional: controle de constitucionalidade e

writs constitucionais”, (em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2301) -

TEXTO Nº 0092.

GLOBEKNER, Osmir Antônio - “O controle de constitucionalidade, em tese, de lei ou

ato normativo municipal frente à Constituição Federal”, (Disponível em: -

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=123

) - TEXTO Nº 0087.

(21)

http://www.vemconcursos.com.br/opiniao/index.phtml?page_sub=5&page_id=468

)-

TEXTO Nº 0071.

LIMA, Fernando Machado da Silva – “O sistema constitucional brasileiro e sua

efetivação”, (em: -

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3764

)

- TEXTO Nº

0014.

OLIVEIRA, Márcio Saturnino de - “Controle de Constitucionalidade: um breve

ensaio”, (Disponível em:

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=106

) -

TEXTO Nº 0017.

PAULO, Vicente - “E afinal, a ADIN é ex-tunc ou ex-nunc?”, (Disponível em: - <

http:// www.vemconcursos.com.br/opiniao/index.phtml?page_ordem=visitados&page_id=180

) -

TEXTO Nº 0070.

PAULO, Vicente – “Decisões do supremo tribunal federal no controle da

constitucionalidade”, (em: -

http://www.vemconcursos.com.br/opiniao/index.phtml?

page_sub=5&page_id=52

)- TEXTO Nº 0072.

PESSOA, Robertônio Santos - “Controle de constitucionalidade: jurídico-político ou

político-jurídico?”, (em: -

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=2882

) -

TEXTO Nº 0016.

Acessar sobre o assunto a Lei n° 9.868/99 anotada.

Osnabrück, Niedersachsen - Deutschland, atualizado em 10 de junho de 2010

Profª LUCIA (LUZ) MEYER

meyer.lucia@gmail.com

http://sites.google.com/site/meyerlucia/

Referências

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