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Projeto de valorização do Patrimônio Histórico Cultural da Ribeira: análise através das lentes do Sistur e Matriz F.O.F.A.

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO DE TURISMO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

HENNRYQUE LYMA DE MORAYS

PROJETO DE VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL DA RIBEIRA: Análise através das lentes do Sistur e Matriz F.O.F.A.

NATAL 2019

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HENNRYQUE LYMA DE MORAYS

PROJETO DE VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL DA RIBEIRA: Análise através das lentes do Sistur e Matriz F.O.F.A.

Projeto de Ação Aplicado apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Orientador: Andréa Virgínia Sousa Dantas, Profª Drª

NATAL 2019

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HENNRYQUE LYMA DE MORAYS

PROJETO DE VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL DA RIBEIRA: Análise através das lentes do Sistur e Matriz F.O.F.A.

PROJETO DE AÇÃO APLICADO

Projeto de Ação Aplicado apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Natal/RN, 24 de novembro de 2019.

Andrea Virginia Sousa Dantas (Profa Dra) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Presidente da Banca Examinadora

Guilherme Bridi (Doutor)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Examinador

Isabella Ludimilla Barbosa do Nascimento (Mestre) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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RESUMO

O tema do presente projeto refere-se à valorização do patrimônio histórico cultural através das atividades turísticas com a finalidade de ressignificar o bairro da Ribeira. As lentes do SisTur e Matriz FOFA foram os métodos adotados para a realização do diagnóstico do projeto de ação. Além disso foram utilizadas visitas in loco, entrevistas com moradores e empresários, coleta de dados primários e secundários. Propõe-se a implementação de placas de sinalização para os patrimônios do bairro da Ribeira, como também propõe-se incentivar a educação patrimonial no ensino fundamental para fortalecer a cultura e reavivar a história do local. As formas de implementação do projeto são direcionadas ao poder público juntamente com parceiros. Espera-se que a implementação deste projeto contribua para a revitalização do bairro da Ribeira através da ressignificação de espaços para o turismo, conscientizando a população e valorizando o acervo histórico cultural da cidade.

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ABSTRACT

This project concerns the appreciation of the historical cultural heritage through tourism activities with the purpose of reframing the Ribeira neighborhood. The perspectives of SisTur and SWOT Matrix were the methods adopted to perform the action plan diagnosis. In addition, site visits, interviews with residents and professionals working in the area, primary and secondary data collection were used. Propositions include displaying commemorative plaques for the heritage of the Ribeira neighborhood, as well as encouraging heritage education in elementary schools in order to strengthen cultural ties and revive the history of the place. The path towards implemention of the project aims at the government as well as partners. The implementation of this project is expected to contribute to the revitalization of the Ribeira neighborhood by reframing spaces for tourism, raising awareness and valuing the city's cultural heritage.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Centro Histórico de Natal: áreas contempladas pelo PAC-CH ... 15

Figura 2 - População por faixas etárias (2010) ... 29

Figura 3 - Taxa de alfabetização ... 30

Figura 4 - Renda per capita nos domicílios particulares permanentes ... 30

Figura 5 - Esgotamento sanitário ... 36

Figura 6 - Drenagem e pavimentação ... 36

Figura 7 - Publicação no Instagram do Circuito Cultural Ribeira ... 39

Figura 8 - Publicação no Facebook do Circuito Cultural Ribeira ... 39

Figura 9 - Perfil oficial do Circuito Cultural Ribeira no Instagram ... 41

Figura 10 - Página oficial do Agenda Natal ... 42

Figura 11 - Site da Prefeitura do Natal ... 42

Figura 12 - Placas de sinalização ... 54

Figura 13 - Placa de sinalização ... 54

Figura 14 - Placa de sinalização (Museu Djalma Maranhão) ... 55

Figura 15 - Placa de sinalização (simulação) ... 55

Figura 16 - Placa de sinalização (Palácio da Cultura) ... 56

Figura 17 - Placa de sinalização (simulação) ... 56

Figura 18 - Placa de sinalização (Praça Augusto Severo)... 57

Figura 19 - Desenho da Avenida Rio Branco, Cidade Alta ... 59

Figura 20 - Desenho da Avenida Rio Branco, Cidade Alta ... 60

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LISTA DE FOTOS

Foto 1 - Porto de Natal e Rua Chile ... 16

Foto 2 - Entulhos na rua ... 22

Foto 3 - Entulhos na rua ... 23

Foto 4 - Bonecos no Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão ... 26

Foto 5 - Grafite nas ruas da Ribeira ... 27

Foto 6 - Grafite nas ruas da Ribeira ... 28

Foto 7 - Noite nas ruas da Ribeira ... 37

Foto 8 - Carnaval na Ribeira ... 40

Foto 9 - Carnaval na Ribeira ... 40

Foto 10 - Lixo no bairro da Ribeira ... 66

Foto 11 - Espaço A3 durante o Circuito Cultural Ribeira ... 66

Foto 12 - Circuito Cultural Ribeira ... 67

Foto 13 - Grafite na Rua Chile ... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Crescimento populacional do bairro da Ribeira (2000-2016) ... 14

Tabela 2 - Tipo de atividade ... 31

Tabela 3 - Faixa de faturamento por atividade produtiva (valores percentuais) ... 31

Tabela 4 - Número de empregados por atividade produtiva ... 31

Tabela 5 - Características do entorno dos domicílios ... 35

Tabela 6 - Equipamentos urbanos ... 37

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Crescimento Populacional da Ribeira (2000-2016) ... 29 Gráfico 2 - Opinião sobre iniciativas culturais no bairro ... 43 Gráfico 3 - Opinião dos entrevistados - por qual motivo os empresários fecham seus

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Matriz F.O.F.A. ... 45 Quadro 2 - Matriz F.O.F.A. Cruzada... 47

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Bairro da Ribeira, Natal ... 13 Mapa 2 - Projetos executados (ou não) na Ribeira ... 20 Mapa 3 - Circuito histórico, turístico e cultural da Ribeira e Cidade Alta ... 24

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DO TEMA, JUSTIFICATIVA E OBJETIVO ... 13

1.1. Visão, missão, estratégias ... 17

1.2. Procedimentos metodológicos ... 17

2. ANÁLISE DE PROJETOS DE REVITALIZAÇAO DA RIBEIRA ... 18

3. ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS DE TURISMO DA RIBEIRA ... 21

3.1 SISTUR aplicado no espaço territorial - Ribeira ... 21

3.1.1. Conjunto das relações ambientais ... 21

a) Ecológico: ... 21

b) Cultural: ... 23

c) Social: ... 28

d) Econômico: ... 30

3.1.2. Conjunto de organização estrutural ... 32

a)Superestrutura: ... 32

b) Infraestrutura: ... 35

3.1.3. Conjunto das ações operacionais ... 38

a) Oferta turística: ... 38

b) Demanda turística: ... 38

c) Distribuição: ... 41

4. DIAGNÓSTICO: MATRIZ FOFA ... 42

4.1.Percepção dos entrevistados sobre a Ribeira ... 42

4.2 Análise F.O.F.A. ... 44

4.3 Matriz F.O.F.A Cruzada ... 46

4.3.1 Análise das interações da Matriz F.O.F.A. cruzada ... 48

a) Análise das FORÇAS - Potencialização da OPORTUNIDADE - Minimização das AMEAÇAS. ... 48

b) Análise das FRAQUEZAS - Comprometendo as oportunidades - Potencializando as AMEAÇAS ... 49

4.4. Cenários ... 50

5. PLANO DE AÇOES: PROGNÓSTICO ... 52

5.1. Estratégias ... 52

5.2. Programa 01: Placas informativas - patrimônio histórico cultural. ... 52

5. 3. Programa 02: Ações educacionais no ensino básico. ... 58

5.4 Recursos Humanos ... 60

(13)

5.6. Orçamento ... 62

6. CONCLUSÃO ... 62

REFERÊNCIAS ... 63

(14)

13

1.

APRESENTAÇÃO DO TEMA, JUSTIFICATIVA E OBJETIVO

O tema escolhido foi o processo de ressignificação da Ribeira, o segundo bairro mais antigo da Cidade de Natal. A Ribeira está localizada entre o bairro da Cidade Alta e o bairro das Rocas. É um bairro rico em história e cultura, e fez parte de diversos e importantes momentos históricos da cidade. Além disso, o Rio Potengi teve papel importante para o crescimento do bairro, que nasceu às suas margens e se desenvolveu com ar de boemia (Cavalcante et al., 2018).

Mapa 1 - Bairro da Ribeira, Natal

Fonte: Prefeitura Municipal do Natal, 2018.

Por estar às margens do rio e possuir um porto, tornou-se o primeiro e mais importante bairro comercial, que fez com que em seu entorno fossem construídos galpões para armazenamento de mercadorias e diversos tipos de estabelecimentos. Sua maior importância se destaca durante o período da Segunda Guerra Mundial,

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14 onde Natal serviu como ponto de apoio ao exército norte-americano. Durante essa época a Ribeira teve mais relevância, devido ao fluxo de soldados americanos, às festas e aos bailes que eram ali promovidos (Souza, 1999).

Com o passar da Segunda Guerra, o bairro foi perdendo sua vitalidade. Martino et. al. (2019) relatam outro considerável fator que influenciou a queda das atividades econômicas do bairro: a transferência da Estação Rodoviária para o bairro da Cidade da Esperança, reduzindo o fluxo de passageiros e o movimento nos estabelecimentos comerciais da Ribeira.

Dada a sua importância histórica e cultural, o patrimônio urbano, arquitetônico e paisagístico é tombado pelo IPHAN, que iniciou este processo no Rio Grande do Norte ainda em 1949 com o tombamento da Fortaleza dos Reis Magos. De acordo com dados da pesquisa de opinião sobre a Ribeira desenvolvida pela Fecomércio (2018), 37,1% dos entrevistados reconhecem o legado histórico do bairro, porém, a mesma pesquisa mostra que 31,3% dos entrevistados avaliam o bairro como ruim ou péssimo. A pesquisa ainda traz dados que ajudam a entender a situação de abandono em que o bairro se encontra, pois 56,1% apontam a falta de investimento público e 43,1% apontam a insegurança do bairro como os principais fatores que afastam as pessoas do local e causam o fechamento de empresas.

A pesquisa de opinião da Fecomércio (2018, p. 8) ainda mostra que:

Outras causas que contribuem negativamente são infraestrutura (37,5%); degradação do patrimônio histórico (32,7%); falta de estacionamentos (9,6%); iluminação pública (6,6%); falta de clientes/turistas (2,4%); crise econômica (2,4%); prostituição (1,8%); visibilidade do bairro (1%) e abandono (1%).

A Semurb (2016) mostra que a cidade de Natal está em expansão, apontando dados do IBGE dos anos 2000 a 2016. A tabela a seguir mostra o crescimento populacional do bairro da Ribeira:

Tabela 1 - Crescimento populacional do bairro da Ribeira (2000-2016)

Bairro População Residente 2000 População Residente 2010 População Residente (estimativa) 2016 Ribeira 2.110 2.222 2.269

Fonte: Adaptado de Semurb, 2016.

Houve algumas tentativas de revitalização do bairro, mas não foram muito eficazes e o local sofreu deterioração com o passar do tempo. Projetos mais recentes foram desenvolvidos por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, como por exemplo, o projeto +Ribeira: Projeto de Revitalização do Bairro da

Ribeira em Natal/RN (2018) e o projeto Olhos da Ribeira: Proposta Integrada de Requalificação para o bairro da Ribeira (2018), este último sendo vencedor do

concurso urbanístico UrbanLab, promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Contudo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) iniciado em 2007 e em 2013, tendo uma linha exclusiva para os sítios históricos urbanos protegidos

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15 pelo Iphan (Iphan, 2019b), contemplou 44 cidades em 20 estados, incluindo Natal (Figura 1).

Figura 1 - Centro Histórico de Natal: áreas contempladas pelo PAC-CH

Fonte: Iphan, 2013

O PAC Cidades Históricas destinou para a cidade de Natal R$ 43,48 milhões para obras de restauração dos edifícios de uso público e espaços públicos (Iphan, 2013), sendo estes: o Forte dos Reis Magos, o Palácio Felipe Camarão, o Casarão do Arquivo Arquidiocesano, o Casarão da Escola de Danças do Teatro Alberto Maranhão, o Antigo Grupo Escolar Augusto Severo (Núcleo de Extensão da UFRN), o Antigo Armazém Real da Capitania - Casa do Patrimônio, o Edifício da Semut, o Teatro Alberto Maranhão e o Antigo Hotel Central. Além das praças do Centro Histórico (Praça do Estudante e Praça Sete de Setembro), cujas obras foram concluídas (Iphan, 2019a).

Cabe destacar que o bairro da Ribeira ainda tem sua economia ativa. Lá ainda funciona o porto da cidade e vários estabelecimentos de varejo, serviços e instituições públicas. Durante a noite se encontram abertos bares e casas de shows. Além do Museu da Cultura Popular Djalma Maranhão, localizado na Praça Augusto Severo, a

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16 casa de Câmara Cascudo, a Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), entre outros.

Foto 1 - Porto de Natal e Rua Chile

Fonte: Foto autoral, 2018.

A importância desse estudo se dá devido à sua capacidade de ativar o território a fim de revitalizar essa área histórica e de oferecer condições para o desenvolvimento do turismo histórico-cultural em Natal (Vianna, 2017). A Fecomércio (2018) mostra que 90,8% dos entrevistados são “totalmente a favor” e 6,2% “parcialmente a favor” da criação de um projeto de revitalização do patrimônio histórico e cultural do bairro, além de que 21,8% julgam tal revitalização como principal motivação para ir à Ribeira. Outros 16,2% citam investimentos em cultura, lazer e turismo como principais motivações.

A Ribeira é um território de exceção, pois possui valor de memória, e evidencia resistência através de suas singularidades. Porém, a sua importância do ontem encontra-se desconectada com os valores da atualidade. Novos usos foram dados a esse território, ou até uso nenhum. O bairro encontra-se sucateado, e parece estar esquecido em comparação aos outros bairros da cidade (Cavalcante et al., 2018). Embora que, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE do Censo de 2010, o bairro seja ocupado por 2.221 habitantes que não podem ser ignorados.

A partir do exposto, o projeto tem como objetivo geral propor ações que contribuam para a revitalização do bairro da Ribeira em Natal/RN através da ressignificação de espaços para o turismo. Dessa forma, o presente projeto tem como objetivos específicos:

a) Levantar outros projetos de revitalização da Ribeira feitos anteriormente, identificando seus objetivos principais e os entraves encontrados para a sua implementação.

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17 b) Identificar os espaços e equipamentos de lazer e de turismo na Ribeira por meio de uma observação in loco, realizando simultaneamente uma análise ambiental com base na metodologia do SISTUR.

c) Realizar um diagnóstico do estado desses espaços e equipamentos com base na metodologia da Matriz FOFA e das percepções de moradores e empresários locais;

d) Propor atividades educacionais, funcionais ou de lazer para os espaços da Ribeira, ampliando, assim, a oferta de turismo cultural e de eventos de Natal.

1.1. Visão, missão, estratégias

VISÃO: Dispor de um bairro ressignificado para a população da cidade, onde seus habitantes possam desfrutar de experiências que promovam a ocupação do espaço e que os levem a minimizar o estigma social, reconstruindo o imaginário coletivo. MISSÃO: Garantir a ativação do território através da promoção de atividades educacionais, funcionais e de lazer no lugar e conscientizar sobre a preservação e conservação dos bens materiais e imateriais da Ribeira.

ESTRATÉGIAS: Valorizar os autóctones, o histórico-cultural existente e a diversidade do público.

1.2. Procedimentos metodológicos

O presente projeto é um estudo qualitativo exploratório com pesquisa de campo. A metodologia utilizada para coleta de dados deu-se através de duas visitas ao bairro da Ribeira, uma durante o dia e a outra durante a noite, nos dias 05 e 09 de outubro de 2018, realizando entrevistas presenciais com moradores e empresários do local. Posteriormente, uma nova visita, no período da tarde, no dia 30 de agosto de 2019, para atualização da situação encontrada e a coleta de novas informações. Também entrevistou-se representantes da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (SEMURB) no dia 02 de dezembro de 2019. Além disso, realizou-se uma coleta de dados secundários ao longo da pesquisa.

Com isso, pôde-se obter duas perspectivas sobre o espaço. Foram feitas entrevistas semiestruturadas, onde foi ouvida a opinião de interlocutores, entre eles três comerciantes locais, um representante da Fundação Cultural Capitania das Artes - FUNCARTE e um representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Também foram ouvidos os organizadores do projeto Circuito Cultural da Ribeira, um gestor de uma galeria de arte e uma sócia de um espaço de dança. Durante as visitas, foi feito um levantamento das principais atividades econômicas existentes, nas ruas Duque de Caxias, Frei Miguelinho, Chile e Travessa Aureliano, constatando-se a grande quantidade de prédios abandonados. Também foi possível observar o funcionamento do bairro da Ribeira e os principais gargalos existentes.

Essa observação in loco foi pautada pelo SISTUR, que segundo Beni (1990), possibilita visualizar três grandes conjuntos: relações ambientais, organização estrutural e ações operacionais. Juntamente com esse, foi aplicada a metodologia da

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18 Matriz FOFA, um sistema utilizado para analisar a situação estratégica de uma empresa ou segmento, sendo uma ferramenta ideal no processo de gestão e monitoramento do turismo (Galvão, 2008). Buscou-se, através da aplicação do SISTUR e da Matriz FOFA, propor soluções através da conscientização da preservação e conservação dos bens materiais e imateriais existentes na Ribeira, assim como ações para a maximização de experiências que possuam representatividade junto à população atual do bairro, seja por meio de atividades educacionais, funcionais ou de lazer.

Nas próximas linhas, o leitor encontrará, de início, uma análise dos projetos de revitalização já propostos para a Ribeira. Buscou-se, com isso, identificar pontos positivos que podem ser retomados e os potenciais motivos para a sua não implementação, afim de evitar erros já incorridos anteriormente. Em seguida, é realizado um diagnóstico do bairro através das lentes do SISTUR e da Matriz F.O.F.A. Por fim, é realizado um prognóstico que possa contribuir com a revitalização da Ribeira a partir da ressignificação de espaços para o turismo, de acordo com os dados anteriormente analisados.

2.

ANÁLISE DE PROJETOS DE REVITALIZAÇAO DA RIBEIRA

Neste tópico, pretende-se fazer uma breve análise dos projetos de revitalização anteriores, a fim de entender o que foi executado, o que não foi e por quais motivos. Segundo Silva (2002, apud Martino et al., 2009, p. 38), "as primeiras iniciativas de cunho reabilitador no bairro datam da década de 1980, com a restauração do Teatro Alberto Maranhão, a reativação das balsas e o reaquecimento de atividades portuárias". Posteriormente, houve outras tentativas de revitalização, mas não foram muito eficazes e o local sofreu deterioração com o passar do tempo.

O Projeto Rehabitar 2007 surgiu com o objetivo principal de “auxiliar na reestruturação urbana de espaços públicos e privados localizados em uma determinada área da cidade que apresenta processos de desequilíbrio urbano no uso da infraestrutura instalada” (Natal, 2007, p.37). O programa pretendia realizar tal objetivo através de seis vertentes, sendo: o reuso de imóveis para uso habitacional, a reabilitação de espaços públicos, a dinamização de atividades, qualificação ambiental, acessibilidade e recuperação das vantagens imobiliárias provenientes dos investimentos públicos (Natal, 2007).

Porém, para efetivação de tal projeto, faltou interesse do setor privado, mesmo com notável interesse da população em habitar o bairro, como apontam Marques e Cordeiro (2015), em um artigo em que fazem uma análise do referido projeto e dos entraves encontrados pelo mesmo. Segundo os autores, as iniciativas de conservação do patrimônio histórico cultural vão contra os métodos do capitalismo, e mesmo com o interesse das classes mais baixas em residir no bairro, os investidores não consideravam lucrativo, além de que pelos estigmas que rodeiam a Ribeira, o mesmo não atrai as classes mais privilegiadas.

Posteriormente, o PRAC (Plano de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais) em 2008 traz a proposta de, conjuntamente com a população, criar projetos participativos para transformar e valorizar o cenário turístico cultural do bairro da Ribeira através de oficinas, novos roteiros de visitação, e atividades culturais. Com um diagnóstico muito

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19 completo e detalhado, o PRAC traz projetos voltados ao cinema e arte, cultura, esporte e lazer (Tinoco; Sobrinha; Trigueiro, 2008). Porém, com exceção da Praça Canto do Mangue e do Largo do Teatro, desconhece-se os motivos pelo qual o Plano não fora integralmente executado. Os outros pontos que o Plano contempla são o Mercado das Rocas e a Praça Irmã Vitória, ambos no bairro das Rocas.

Criado em 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como o nome sugere, surgiu com o intuito acelerar o crescimento do país, possibilitando a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social e urbana (Brasil, 2019). No ano de 2013, surge o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) - Cidades Históricas, voltado exclusivamente aos sítios históricos urbanos protegidos pelo Iphan (Iphan, 2019b), contemplando 44 cidades em 20 estados, incluindo Natal. Mas como aponta Carneiro (2016), até março de 2016 apenas 13 obras haviam sido concluídas, e das 424 ações que o programa traz, 299 estavam ainda em ação preparatória e correndo o risco de serem canceladas, restando 125 obras. Em Natal, apenas a obra do Terminal de Passageiros e o IFRN Campus Rocas (Mapa 2) foram concluídas. Além destas, quatro destes projetos foram parcialmente executados, sendo a EDTAM (Escola de Dança Teatro Alberto Maranhão), o Teatro Alberto Maranhão, o Terminal Pesqueiro, e a Urbanização de Maruim. Os outros projetos listados na imagem não foram executados (Mapa 2).

Alguns projetos recentes encontrados durante a pesquisa foram o +Ribeira:

Projeto de Revitalização do Bairro da Ribeira em Natal/RN (2018) e o projeto Olhos da Ribeira: Proposta Integrada de Requalificação para o bairro da Ribeira (2018), este último sendo vencedor do concurso urbanístico UrbanLab, promovido

pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Após entrar em contato com os autores do projeto Olhos da Ribeira, descobriu-se a existência de um Masterplan que foi dedescobriu-senvolvido com apoio do BID na intenção de dar continuidade às ideias do concurso. A imagem a seguir, retirada deste Masterplan (Martino et. al., 2019), mostra os projetos (executados, não executados ou parcialmente executados) destinados ao bairro da Ribeira.

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Mapa 2 - Projetos executados (ou não) na Ribeira

Fonte: Martino et. al., 2019

Pode-se perceber que, além dos pontos contemplados no bairro vizinho (Rocas), apenas quatro projetos foram totalmente executados no bairro da Ribeira, sendo estes: o Programa Rehabitar 2007 do Projeto Rehabitar, o PRAC 2008 na Praça Canto do Mangue; também o PRAC 2008 no Largo do Teatro, e o PAC 2013 contemplando o Terminal de Passageiros.

Durante entrevista com a SEMURB, um dos responsáveis pelo Setor de Projetos, Planejamento Urbano e Ambiental conta-nos sobre alguns projetos direcionados à Ribeira, sendo estes: (1) PAC - Cidades Históricas; (2) Becos e Travessas; (3) Ribeira Living Lab; (4) Olhos da Ribeira; e (5) Museu a Céu Aberto.

No que diz respeito ao PAC - Cidades Históricas, foram aprovados os projetos do Palácio Felipe Camarão, que fica na Cidade Alta, e do Hotel Central, na Ribeira. Esses dois projetos já passaram pela etapa de contratação da empresa responsável pela implementação e está ainda enfrentando trâmites burocráticos. O Chefe do Setor

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21 de Pesquisa e Estatística conta que tal burocracia é um dos motivos para a não implementação de vários projetos.

Becos e Travessas é um programa também mencionado na entrevista, e tem como objetivo renovar as faixadas e becos do bairro. Dentro desse programa, apenas o projeto do Beco da Quarentena está completo. A intenção é reestruturar o piso, instalar iluminação, e fazer um mural de artes como os grafites encontrados no Beco da Lama, na Cidade Alta. É um projeto que já está com a licença aprovada e pronto para ser implementado, exceto por falta de verba.

Ribeira Living Lab é um projeto que pretende revitalizar e criar um Fab Lab dentro do prédio localizado na Rua Chile, número 88. De acordo com o próprio entrevistado, Fab Lab é uma tipologia utilizada para se referir a espaços equipados com computadores, impressoras 3D, máquinas de corte e costura, e várias outras ferramentas que possibilitam a criação de ideias. Além disso, o projeto visa, dentro deste mesmo prédio, a criação de espaços como o de um pequeno museu para promover o resgate a história, uma sala de dança, um espaço café com vista para o Rio Potengi, e um terraço para exposições de arte.

O projeto Olhos da Ribeira também é mencionado rapidamente, e ao ser perguntado sobre a implementação do mesmo, explica que há um longo caminho a ser percorrido a partir da etapa “vencer o concurso de ideias” até a etapa de implementação propriamente dita. Museu a Céu Aberto é um projeto que ainda está na etapa de concepção de ideias e visa criar espaços para exposições de arte na Praça Augusto Severo.

Desta forma, ficam claros dois entraves principais para a implementação dos projetos de revitalização: o excesso de burocracia e a falta de recursos financeiros. 3. ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS DE TURISMO DA RIBEIRA

3.1 SISTUR aplicado no espaço territorial - Ribeira 3.1.1. Conjunto das relações ambientais

a) Ecológico:

A Ribeira está localizada a margem do Rio Potengi, e possui características arquitetônicas que denotam a desconsideração da influência do Rio. Segundo Cavalcante et al. (2018), a Ribeira é historicamente desconectada com o Rio Potengi, mesmo considerando que é através dele e da prática da atividade pesqueira que sua identidade se estabelece.

A rejeição do Rio toma proporção se considerarmos a matéria publicada em 2016 através do Jornal Tribuna do Norte, que informa que as águas do Rio Potengi estão poluídas e uma das maiores causas é a falta de saneamento básico dos centros urbanos (Barbalho, 2016).

Outra fonte que proporciona um panorama do subsistema ecológico do bairro da Ribeira são as informações fornecidas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB, com base nos dados da Companhia de Serviços Urbanos de

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22 Natal – URBANA, tendo como referência o ano de 2010. Estas informam que a Ribeira produz 3,93 toneladas de lixo por dia e que o destino total desse lixo é a coleta por serviços de limpeza. Durante a visita diurna, foi possível notar lixo nas ruas, resultante das atividades comerciais realizadas. Durante a noite o serviço de limpeza ocorre regularmente. Apesar desse dado, foi possível constatar uma grande quantidade de entulho nas ruas, como mostra a imagem que segue:

Foto 2 - Entulhos na rua

Fonte: Foto autoral, 2018.

É possível perceber que o problema dos entulhos continua, mesmo depois de quase um ano após a primeira visita. A imagem a seguir mostra que ainda foi localizado lixo e entulho pelas ruas do bairro:

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Foto 3 - Entulhos na rua

Fonte: Foto autoral, 2018.

Segundo relatos de alguns entrevistados, o bairro da Ribeira convive com o problema do alagamento quando chove. De acordo com eles, a água do rio Potengi sobe através das encanações e transborda dentro dos prédios, alagando as construções. Isso é um fator que prejudica as edificações tombadas, pois além de danificar, compromete sua estrutura.

b) Cultural:

O bairro da Ribeira é considerado como zona especial de preservação histórica, pois possui muitos prédios que caracterizam os primórdios da cidade de Natal, principalmente do processo de comercialização de produtos, serviços e atrativos de lazer. Dada a importância arquitetônica, urbana e paisagística do bairro, os edifícios listados no Mapa 3, assim como todo o sítio urbano da Ribeira, são considerados patrimônios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.

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Mapa 3 - Circuito histórico, turístico e cultural da Ribeira e Cidade Alta

Fonte: Semurb, 2007.

De acordo com Costa e Amaral (2016), os principais patrimônios materiais históricos listados, são:

● Praça Augusto Severo / Largo Dom Bosco;

● Edificações no entorno da Praça Augusto Severo; ● Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão;

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25 ● Teatro Alberto Maranhão;

● Nalva Melo Café Salão / Edifício Bila;

● Associação Comercial e Empresarial do RN; ● Consulado Bar;

● Sede do IPHAN/RN; ● Grande Hotel;

● Praça José da Penha / Igreja Bom Jesus das Dores; ● Rua Frei Miguelinho / Cais e Avenida Tavares de Lira; ● Casa da Ribeira;

● Beco da Quarentena;

● Casa de Ferreira Itajubá / Construções coloniais; ● Sport Clube de Natal / Centro Náutico Potengy; ● Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão; ● Edificações na rua Doutor Barata;

● Rua Chile;

● Antigo Museu Ferroviário;

● Companhia Brasileira de Trens (CBTU).

A Ribeira possui memórias que vão além da conjuntura arquitetônica do território. Diante disso, foram buscadas informações com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, para compreender o processo de salvaguarda dos patrimônios imateriais e para observar se a Ribeira agrega tais manifestações.

Através da entrevista, descobriu-se que o Rio Grande do Norte possui quatro patrimônios imateriais registrados pelo Instituto. São eles: a capoeira, o teatro de bonecos, o cordel e a festa de Santana. Desses, apenas a festa de Santana é típica do RN, as demais são consideradas patrimônios brasileiros. E que cabe ao IPHAN e à Fundação José Augusto, a função de registro e acompanhamento, uma vez que os patrimônios imateriais podem ser modificados ao longo do tempo.

O processo de registro de uma manifestação acontece através da demanda da própria população, que após expressar essa necessidade é acolhido pelo Instituto para a averiguação das informações até o processo de registro.

Com isso, analisamos as atividades culturais realizadas na ribeira através das redes sociais e agenda cultural e identificamos a presença de um acervo sobre o teatro de bonecos no Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão.

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Foto 4 - Bonecos no Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão

Fonte: natal.rn.gov.br, 2019.

Além disso, a Ribeira é um bairro cheio de manifestações artísticas em forma de grafites. De acordo com Blauth e Possa (2013), o grafite passa por um processo de legitimação como manifestação artística que rompe padrões estéticos, deixa de ser visto como algo marginalizado e insere-se em espaços de instituições culturais, sendo considerado arte urbana. As paredes dos prédios abandonados servem de tela para diversos artistas, que dão uma nova cara ao local e chamam a atenção de quem passa.

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Foto 5 - Grafite nas ruas da Ribeira

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Foto 6 - Grafite nas ruas da Ribeira

Fonte: Foto autoral, 2019.

c) Social:

De acordo com as tabelas e gráficos disponibilizados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB, com base no Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, 55.22% da população residente do bairro da Ribeira são mulheres, enquanto 44.78% são de homens.

A Semurb (2016) também mostra que a cidade de Natal está em expansão apontando dados do IBGE dos anos 2000 a 2016. Apesar de ser um crescimento sutil, o gráfico a seguir mostra o crescimento populacional do bairro da Ribeira:

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Gráfico 1 - Crescimento Populacional da Ribeira (2000-2016)

Fonte: Adaptado deSemurb, 2016.

Em 2010, a média da faixa etária da população está entre 30 e 50 anos, como podemos ver na Figura 2 a seguir:

Figura 2 - População por faixas etárias (2010)

Fonte: SEMURB, com base nos dados do IBGE (Censo 2010).

A taxa de alfabetização da população a partir de 5 anos de idade é de 95.22%, como mostra a Figura 3:

2110

2222 2269

Ano 2000 Ano 2010 Ano 2016

Crescimento Populacional da Ribeira (2000-2016)

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Figura 3 - Taxa de alfabetização

Fonte: SEMURB, com base nos dados do IBGE (Censo 2010)

A Figura 4 a seguir apresenta a distribuição de renda per capita dos domicílios particulares, onde podemos identificar que 18.46% da população recebe entre 1 e 2 salários mínimos:

Figura 4 - Renda per capita nos domicílios particulares permanentes

Fonte: SEMURB, com base nos dados do IBGE (Censo 2010)

d) Econômico:

A atividade econômica no bairro da Ribeira foi dividida em áreas de acordo com o tipo da atividade, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB, com base nos dados do CEMP - Cadastro Empresarial do Rio Grande do Norte - SEBRAE/RN - 2010, o setor de serviços é o que prevalece com 57,83%.

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Tabela 2 - Tipo de atividade

Fonte: CEMP - Cadastro Empresarial do Rio Grande do Norte - SEBRAE/RN, 2010.

Podemos ver a seguir que a maioria do setor de serviços vai gerar um faturamento de até 38 mil reais, sendo a atividade comercial a que mais fatura na escala de até 960 mil.

Tabela 3 - Faixa de faturamento por atividade produtiva (valores percentuais)

Fonte: CEMP - Cadastro Empresarial do Rio Grande do Norte - SEBRAE/RN, 2010.

Na tabela a seguir pode-se identificar que a área de construção é a que em média mais emprega.

Tabela 4 - Número de empregados por atividade produtiva

Fonte: CEMP - Cadastro Empresarial do Rio Grande do Norte - SEBRAE/RN, 2010.

Segundo o levantamento que foi feito pelos autores, sobre os atuais tipos de empreendimentos, nas ruas Duque de Caxias, Frei Miguelinho, Chile e Travessa,

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32 constata-se a maior presença de Instituições Públicas, seguido de estabelecimentos de alimentos e bebidas e lojas de varejo em geral.

Identifica-se também um polo cultural ativo, em forma de casas de espetáculos, pequenos teatros e outros espaços de apresentações artísticas e de dança.

Com isso observa-se uma certa divisão através do turno, durante o dia o bairro funciona com certos tipos de estabelecimentos, mais comerciais, e durante a noite é quando funciona os espaços culturais.

3.1.2. Conjunto de organização estrutural a)Superestrutura:

Plano Municipal de Cultura de Natal - 2016-2026 - O município se utiliza de políticas de editais através do FIC- Fundo de Incentivo à Cultura. Busca a democratização Cultural através da descentralização das atividades culturais. Um dos desafios do plano se baseia em fortalecer a valorização do Patrimônio Histórico e Cultural do Município através de programas que fortaleçam o turismo em todas as suas vertentes. Tendo como oportunidade, o reconhecimento do potencial do Patrimônio Histórico e Cultural do Município e aumento do fluxo turístico na Cidade. Alguns objetivos traçados estão ligados a Ribeira; Garantir o desenvolvimento e a valorização da memória e do patrimônio cultural do município; Garantir a universalização do acesso à produção artística e cultural, incentivando a participação da população do município na formação de públicos de cultura. A diretriz, estratégias e ações abaixo, presentes no plano, são relevantes para o cenário cultural e/ou turístico.

Tendo a seguinte Diretriz; Ampliar a democratização do acesso aos recursos públicos para a cultura e sua descentralização em benefícios para a população. Seguindo da Estratégia; Promover e elaborar um planejamento estratégico para a inserção de produtos culturais no Mercado local, nacional e global. Através das seguintes ações; Criar editais que objetivem ações artísticas para ocupação de espaços no bairro histórico da Ribeira. Tendo como meta; Dispor de um edital por ano, visando o aumento anual de 5% do público de cultura nas programações existentes no bairro da Ribeira.

Outra estratégia dessa mesma diretriz é promover e realizar parcerias com outras Instituições públicas e privadas, tendo a transversalidade da cultura como instrumento de intervenção. Por meio das ações; Promover a transversalidade da política cultural com o turismo para a inclusão das linguagens artísticas nos programas de fomento das potencialidades criativas realizados pelo Município; Potencializar e propiciar o ordenamento e a valorização dos grupos artesanais de produção artística e cultural existentes nas comunidades do Município do Natal, através do investimento direto em cooperativas artesanais, associações e/ou aquisição de produtos; Promover os bens culturais do Município através de feiras e eventos turísticos no Estado no Brasil e no mundo. Mediante as seguintes metas; Constituir uma agenda planejada e analisada semestralmente, integrada ao Conselho Municipal de Turismo e à Secretaria Municipal de Turismo para sua execução; Adquirir obras e peças artesanais com o objetivo de estimular e fomentar o setor, preferencialmente, voltadas

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33 para a produção criativa dos territórios e comunidades do Município; Realizar chamada pública anual para seleção de obras para inscrição em mostras, feiras, congressos e/ou demais eventos de pequeno, médio e grande porte realizados no país.

Mapeamento dos bens localizados na Ribeira, cabíveis ao município:

● Galeria Chico Santeiro; Localizada na Praça Augusto Severo, s/n, Ribeira, Natal RN, no primeiro piso do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, recebe exposições diversas durante todo o ano. É aberta diariamente e atende através do telefone: 3232-8149.

● Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão; Criado pela Lei Municipal nº 5.786 de 17 de maio de 2007, na véspera do dia internacional de museu e inaugurado no dia 22 de agosto, dia do folclore, tornou-se um dos mais importantes equipamentos de cultura da tradição do Estado. Localizado na cidade do Natal, foi implantado no Edifício Presidente Kennedy, na Praça Augusto Severo s/n, Ribeira, onde funcionou o antigo Terminal Rodoviário. PLANO NACIONAL DE TURISMO (2018-2022)

Iniciativa: Aprimorar a oferta turística nacional

Aqui “se propõe promover a valorização do patrimônio cultural e natural para visitação turística, estimular o desenvolvimento de destinos turísticos inteligentes, desenvolver, de forma segmentada, os produtos turísticos brasileiros; e promover algumas estratégias para aprimorar a oferta turística nacional nos próximos anos.”

Estratégias

● Promover a valorização do patrimônio cultural e natural para visitação turística “O que se propõe é o estreitamento das parcerias entre os órgãos ambientais e culturais com os órgãos oficiais de turismo, para que juntos possam convergir ações que beneficiem a atividade turística e a consequente geração de emprego e renda, respeitando os princípios da preservação ambiental e valorização cultural. As parcerias devem prever o envolvimento da iniciativa privada e das comunidades locais. Ressalta-se que as parcerias público-privadas podem se caracterizar como grandes indutores da preservação e boa utilização do patrimônio cultural e natural como espaços turísticos.”

● Incentivar eventos geradores de fluxos turísticos

“Os eventos podem se constituir como uma das principais motivações de viagens para os destinos brasileiros, gerando atratividade para períodos específicos e contribuindo para a diminuição da sazonalidade. Ademais, são fontes de geração de emprego e de distribuição de renda, além de auxiliarem na valorização do patrimônio cultural e imaterial do destino.”

LEI DE INCENTIVO À CULTURA - Lei Câmara Cascudo

Art. 2.° Os benefícios desta Lei visam alcançar os seguintes objetivos:

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34 das atividades artístico-culturais nas seguintes áreas:

Artes cênicas, plásticas e gráficas; Cinema e vídeo; Fotografia; Literatura; Música; Artesanato, folclore e tradições populares; Museus; Bibliotecas e arquivos;

II - promover a aquisição, manutenção, conservação, restauração, produção e construção de bens móveis e imóveis de relevante interesse artístico, histórico e cultural;

III - promover campanhas de conscientização, difusão, preservação e utilização de bens culturais;

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988 - Artigos

relativos à Preservação de Bens Culturais.

Identificamos dois artigos da constituição que tratam especificamente do patrimônio

histórico-cultural. Sendo eles:

Artigo 30: Compete aos Municípios: IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Artigo 216: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Circuito Cultural Ribeira - O projeto criado em parceria com o Centro Cultural DoSol acontecia regularmente, até 2018, todo primeiro domingo do mês no bairro da Ribeira com patrocínio da Lei Câmara Cascudo, governo do RN. A proposta do circuito é valorizar e dar função ao bairro com maior vocação artístico-cultural da cidade. A Ribeira, berço da história de Natal, é lugar de vários espaços culturais além da Casa e do DoSol, O Buraco da Catita, Galpão 29, Nalva Mello Café-Salão, Atelier de Flavio Freitas, Casa Ferreira Itajubá, Armazém Hall, Espaço à Deriva (Atores à Deriva), Espaço GiraDança, Cultura Club, Consulado Bar, entre outros. Esses espaços que bravamente resistem na Ribeira, agora e é quando tem um dia de programação integrada, tudo gratuito.

REDE EI - Uma rede de colaboração entre espaços culturais independentes que desenvolvem ações de continuidade e procuram criar alternativas de acesso, fruição, formação, produção e difusão cultural. Esta rede tem, entre outros, o objetivo de construir diretrizes para auxiliar a estruturação de políticas públicas para Espaços Culturais que aqui denominamos independentes por não terem vínculos governamentais diretos e nem integram grandes corporações ou instituições ligadas a empresas de grande porte. A articulação política dos representantes desses espaços, para ações em prol deste segmento da cadeia produtiva da cultura também é objetivo da Rede EI.

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35 b) Infraestrutura:

De acordo com as tabelas e gráficos disponibilizados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB, com base no Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, 47.51% dos domicílios do bairro da Ribeira são casa, 52.36% são apartamento e 0.13% são casa de vila ou condomínio. A taxa de ocupação dos domicílios mostra que 58.25% são próprio, 37.83% são alugados e 3.93% são cedidos.

A tabela a seguir mostra as principais características do entorno desses domicílios:

Tabela 5 - Características do entorno dos domicílios

Fonte: SEMURB, com base nos dados do IBGE (Censo 2010).

Podemos identificar que não existe muitos logradouros identificados, há poucos bueiros, é um espaço pouco arborizado e com péssima acessibilidade para cadeirantes.

Ainda seguindo os dados da SEMURB e IBGE de 2010, o abastecimento de água do bairro da Ribeira se dá 93.06% através da rede geral, enquanto 5.89% são de poços dentro da propriedade e 0.13% fora da propriedade.

A figura a seguir mostra que a maioria (85,47%) do esgotamento sanitário vai para a rede geral de esgoto ou pluvial, mas não descartando a presença de outros esgotamentos.

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Figura 5 - Esgotamento sanitário

Fonte: SEMURB, com base nos dados do IBGE (Censo 2010).

Conforme os dados, o bairro da Ribeira é 100% pavimentado e drenado. Abrindo uma observação para o tipo de pavimentação, pois são calçamentos antigos e históricos.

Figura 6 - Drenagem e pavimentação

Fonte: SEMURB, com base nos dados da SEMOPI (2011).

A infraestrutura e equipamentos urbanos no bairro da Ribeira são: segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB, com base nos dados da SEEC - Secretaria de Estado da Educação e da Cultura/RN - 2011, existem 4 unidades de ensino; com base nos dados da SMS - Secretaria Municipal de Saúde - 2011, há 4 unidades de saúde, em sua maioria são particulares; com base nos dados da SESED - Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social/RN -

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37 2011, existem 3 delegacias especializadas e uma unidade penal; e como pode-se ver na tabela a seguir, há a presença de alguns equipamentos urbanos:

Tabela 6 - Equipamentos urbanos

Fonte: SEMURB, com base nos dados da SEMSUR (2011)

De acordo a SEMURB com base nos dados da STTU - Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito Urbano, 2006, 48 linhas de ônibus coletivo passam pelo bairro da Ribeira.

Segundo relatos de alguns entrevistados, a iluminação pública do bairro da Ribeira deixa a desejar. As ruas e becos possuem pouca iluminação. Quando ocorre o Circuito Cultural Ribeira, os organizadores solicitam a secretaria responsável a regularização de pelo menos a iluminação dos becos. Entretanto em nossa visita noturna encontramos o lugar mal iluminado. Como mostram as fotos a seguir:

Foto 7 - Noite nas ruas da Ribeira

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38 Além disso, identificamos inúmeros prédios abandonados e deteriorados, tal qual nossa contagem retrata 39 edificações, considerando apenas as quatro ruas visitadas.

3.1.3. Conjunto das ações operacionais a) Oferta turística:

Como potenciais equipamentos para oferta turística temos casas de show, casas de cultura e bares. Os principais equipamentos são: Alchemist, Galpão 29, Ateliê Bar, Armazém Hall, Centro Cultural Dosol, Balanço do Morro, Centro Cultural Casa da Ribeira, Buraco da Catita, Espaço A3, Gira Dança, Ateliê Flávio Freitas, Teatro Alberto Maranhão.

MOVIMENTOS CULTURAIS

Circuito Cultural Ribeira: é um evento cultural que tem como objetivo revitalizar o bairro da Ribeira, através de eventos culturais realizados em parceria com o poder público e a iniciativa privada. No período do Circuito Cultural Ribeira, todas as casas de cultura do bairro abrem gratuitamente. Sua primeira edição foi realizada em 8 de março de 2011, desde então o evento acontece todo o 1º domingo do mês, com algumas exceções, em meses ao qual não foi possível realizar.

DESFILES DE ESCOLAS DE SAMBAS

Balanço do Morro: Durante o período do carnaval a cidade do Natal divide sua programação em polos, e no bairro da Ribeira temos os desfiles de escolas de sambas de Natal, dentre elas está o Balanço do Morro com sede na Rua Chile.

EXPOSIÇÕES

Os principais equipamento que recebem exposições: Galeria de Arte B-612, Ateliê Flávio Freitas, Centro Cultural Casa da Ribeira e Café Salão Nalva Melo.

b) Demanda turística:

Os entrevistados destacam que o público recebido é vasto porém se nota uma diferenciação entre os turnos, como o evento inicia no começo da tarde e segue até a noite, no período diurno se pode encontrar famílias e crianças, já durante a noite o público é mais jovens e adultos.

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Figura 7 - Publicação no Instagram do Circuito Cultural Ribeira

Fonte: Perfil oficial do Circuito Cultural Ribeira no Instagram, 2018.

Na imagem acima, uma publicação no Instagram do Circuito Cultural Ribeira mostra o público frequentador dos shows, em sua maioria jovens e adultos. Já na imagem abaixo, uma publicação do Facebook mostra que famílias e crianças também prestigiam o evento, geralmente durante as atrações diurnas.

Figura 8 - Publicação no Facebook do Circuito Cultural Ribeira

Fonte: Página oficial do Circuito Cultural Ribeira no Facebook, 2018

Outros eventos culturais que ocorrem lá, são os desfiles de escola de samba potiguares, como podemos ver as imagens a seguir da escola de samba Balanço do Morro, e a ocupação do espaço no período do carnaval.

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Foto 8 - Carnaval na Ribeira

Fonte: brechando.com, 2018

Foto 9 - Carnaval na Ribeira

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41 c) Distribuição:

Não foi encontrada divulgação por parte do poder público, sobre as atividades culturais promovidas pelos Centros Culturais Casa da Ribeira e Dosol, no que diz respeito ao Circuito Cultural da Ribeira. Tanto a iniciativa quanto a promoção é feito pelos próprios organizadores, e a distribuição é através do marketing nas redes sociais. Como podemos ver na imagem a seguir, os espaços culturais são promovidos pelo próprio evento.

Figura 9 - Perfil oficial do Circuito Cultural Ribeira no Instagram

Fonte: Perfil oficial do Circuito Cultural Ribeira no Instagram, 2018.

Para além disso, é feita a parceria com o Agenda Natal, que é maior referência em guia de eventos do Estado do Rio Grande do Norte.

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Figura 10 - Página oficial do Agenda Natal

Fonte: agendanatal.com.br, 2018

O carnaval de rua e os desfiles de escolas de samba são promovidos pela Prefeitura do Natal, por tanto, ela disponibiliza a programação no próprio site.

Figura 11 - Site da Prefeitura do Natal

Fonte: natal.rn.gov.br, 2018.

4. DIAGNÓSTICO: MATRIZ FOFA

4.1.Percepção dos entrevistados sobre a Ribeira

Após a realização das entrevistas, in loco, duas visões distintas são perceptíveis: a primeira, acredita-se que cabe apenas aos governantes a revitalização dos prédios antigos. Muitos demonstraram um saudosismo da época áurea da Ribeira, quando o bairro era centro comercial da cidade e ostentava grande movimentação de pessoas. Nesse grupo, observou-se ainda uma certa recusa em

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43 acolher o público frequentador de eventos culturais como o Circuito Ribeira, denominado por um interlocutor como “esse povo jovem tudo de preto”, que contrasta com o perfil demográfico e socioeconômico do público que frequentava a Ribera em seus anos áureos. A segunda, contrária à anterior, que espera uma iniciativa por parte dos governantes, acredita que a iniciativa deve partir dos próprios moradores e proprietários dos prédios: “Compete a nós arranjar motivo pra você vir até a Ribeira”, afirma um dos entrevistados (Dados de pesquisa, 2018).

Quando se trata do assunto Circuito Cultural Ribeira, os proprietários do Empreendimento X relatam que têm uma grande demanda durante o evento. Segundo o Empresário A, é “a única iniciativa que sobrevive [...] mesmo passando por longos períodos sem existir” (Dados de pesquisa, 2018). Além disso, eles contam que o evento já tem um público fiel e por isso não há a necessidade de arrecadar público nessas ocasiões. Como afirma o Empresário B, o Circuito Cultural é “o único evento que consegue trazer um grande público para a Ribeira” (Dados de pesquisa, 2018).

O Empreendimento Y, que é também uma das casas beneficiadas pelo projeto (Circuito Cultural), também abriu as portas. O proprietário conta que o Circuito Cultural “é um projeto incrível porque consegue trazer milhares de pessoas pro bairro, com programação toda gratuita, mostrando que aqui não tem criminalidade, que só tem abandono, na verdade” (Dados de pesquisa, 2018), mostrando assim a importância das intervenções culturais para reversão do abandono do bairro.

A pesquisa de opinião desenvolvida pela Fecomércio (2018), mostra que, apesar das opiniões distintas coletadas, a grande maioria (57,1% positiva e 28,5% muito positiva) é a favor das iniciativas culturais que acontecem no bairro (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Opinião sobre iniciativas culturais no bairro

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44 A Fecomércio (2018) também mostra que 90,8% dos entrevistados são “totalmente a favor” e 6,2% “parcialmente a favor” da criação de um projeto de revitalização do patrimônio histórico e cultural do bairro, além de que 21,8% julgam tal revitalização como principal motivação para ir à Ribeira. Outros 16,2% citam investimentos em cultura, lazer e turismo como principais motivações.

Desta forma, pode-se perceber o tamanho do potencial que o bairro da Ribeira apresenta, não só por toda história e cultura que carrega, mas também pelo desejo dos próprios habitantes que demonstram interesse e consideram importante um projeto de revitalização, que traga novamente vida ao bairro hoje esquecido.

Outro dado importante que a pesquisa da Fecomércio (2018) traz é a opinião de por qual motivo os empresários fecham seus negócios no bairro da Ribeira (Gráfico 3), o que pode também ajudar a entender a situação atual de abandono.

Gráfico 3 - Opinião dos entrevistados - por qual motivo os empresários fecham seus negócios no bairro da Ribeira

Fonte: Fecomércio, 2018.

A falta de investimento público aparece na pesquisa com 56,1%, seguido por insegurança (43,1%), infraestrutura (37,5%) e degradação do patrimônio cultural (32,7%).

4.2 Análise F.O.F.A.

Neste tópico, utiliza-se a metodologia da Matriz F.O.F.A. (S.W.O.T.) para fazer uma análise dos pontos fortes e fracos, assim como das oportunidades e ameaças relacionados ao presente projeto.

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Quadro 1 - Matriz F.O.F.A.

Ambiente Interno

Pontos Fortes Pontos Fracos

1. Bairro rico em história e cultura; 2. Patrimônio material tombado; 3. Promoção de ações culturais

através do privado;

4. Variedade de linhas de transporte coletivo;

5. Economicamente ativo; 6. Variedade de modais de

transporte;

7. Possui habitantes; 8. Coleta de lixo regular; 9. Alta taxa de alfabetização; 10. Percepção de que iniciativa de

revitalização deve partir dos próprios moradores e

proprietários dos prédios;

11. Casas de show, casas de cultura, bares, exposições, desfiles e movimentos culturais;

12. Público de faixa etária diversa.

1. Má Iluminação pública; 2. Insegurança, no quesito de

assalto;

3. Prédios abandonados; 4. Não alinhamento de ações

culturais do poder público para o privado;

5. Aparência de sujeiras nas ruas, devido a atividade comercial existente;

6. Entulho de construção nas ruas; 7. Negação de acolher o público

frequentador de eventos;

8. Saudosismo da época áurea da Ribeira;

9. Não tem acessibilidade; 10. Não é arborizado.

Ambiente Externo

Oportunidades Ameaças

1. Plano da cultura;

2. Leis de incentivo à cultura; 3. Valor da memória;

4. Rio Potengi;

5. Registrar o bem imaterial

acontece através da demanda da própria população;

6. Residentes - Classe econômica C;

7. Setor de serviços é o que prevalece;

8. Plano Nacional do Turismo e suas diretrizes.

1. Alagamento dos edifícios durante o período de chuvas;

2. Falta de interesse dos proprietários em manter as edificações tombadas; 3. Estigmas Sociais;

4. Poluição do Rio Potengi;

5. Lamas com aparência e odor de esgoto;

6. Divisão de atividade econômica através do turno;

7. Marketing e divulgação sem conexão com poder público; 8. Óleo nas praias do Nordeste.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Como fica evidenciado pelo Quadro 1, o bairro da Ribeira é rico em história e cultura, mas enfrenta dificuldades por causa do abandono, tanto dos prédios quanto

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46 do bairro em geral. É um bairro economicamente ativo e consegue atrair um público diverso devido aos eventos culturais que ali acontecem, porém sofre com a falta de infraestrutura e a falta do interesse do setor privado. Desta forma, faz-se a seguir um cruzamento destes pontos para melhor entendimento da situação e para ajudar na tomada de decisões do projeto.

4.3 Matriz F.O.F.A Cruzada

A Matriz F.O.F.A. Cruzada é uma maneira de identificar quais são os pontos mais importantes entre as fraquezas, forças, ameaças, e oportunidades. Nela, cruzam-se os pontos fortes com as ameaças e oportunidades, assim como também cruzam-se os pontos fracos com as ameaças e oportunidades. Para cada cruzamento é atribuído um número de importância, geralmente de 1 a 4, onde o 1 é menos importante e o 4 é mais importante.

Como mostra o Quadro 2, as perguntas a se fazer neste processo são: (1) o ponto forte pode potencializar a oportunidade?; (2) o ponto forte pode minimizar a ameaça?; (3) o ponto fraco pode comprometer a oportunidade?; e (4) o ponto fraco pode potencializar a ameaça?

Sendo assim, os próximos dois tópicos indicam os principais resultados deste cruzamento e analisa-os de forma a esboçar cenários futuros, tanto positivos quanto negativos.

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Quadro 2 - Matriz F.O.F.A. Cruzada

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48 4.3.1 Análise das interações da Matriz F.O.F.A. cruzada

a) Análise das FORÇAS - Potencialização da OPORTUNIDADE - Minimização das AMEAÇAS.

O bairro ser rico em história e cultura aliado ao patrimônio material tombado e ações culturais privadas existentes são características potencializadoras considerando que o Plano Municipal da Cultura busca fortalecer e potencializar o patrimônio histórico e cultural, tendo como estratégia garantir o desenvolvimento e a valorização da memória e do patrimônio cultural do município. Sendo a Ribeira detentora desses atributos, o plano torna-se uma oportunidade.

Isso também está alicerçado através do Plano Nacional do Turismo que procura a valorização do patrimônio cultural e imaterial, e contempla os eventos como mobilizador dessa valorização. Assim como nas leis de incentivo a Cultura, como a Lei Câmara Cascudo que é uma possibilidade de garantir que projetos de ações público-privadas para a Ribeira sejam aprovadas.

O bairro com suas particularidades históricas e culturais, seus prédios tombados, e suas ações culturais encontra na valorização da memória, um meio de ter sua relevância reconhecida. Com isso estabelecido, influencia diretamente o setor de serviços que refletirá em sua oferta.

A economia ativa da Ribeira em sua maioria é simbolizada pelo setor de serviços, e através dele juntamente com toda essa nova possibilidade de oferta, pode-se potencializar essa capacidade.

As ações culturais privadas podem também minimizar a divisão da atividade econômica através do turno, visto que ao promover ações culturais diurnas essa divisão se dissipará.

Mediante esses benefícios, pode-se minimizar os fatores que levam os proprietários a não se interessarem por manter suas propriedades tombadas. Os estigmas sociais serão reduzidos pois a população verá que o bairro da ribeira vai além da percepção de violência e da visão de sucateado, isso também fortalecerá os interesses dos proprietários do imobiliário em investir.

A variedade de modais de transporte pode potencializar o setor de serviços, pois facilita o acesso ao bairro de diversas maneiras, e traz pessoas de diferentes localidades.

A alta taxa de alfabetização contribui para perpetuar o valor da memória local, pois entende-se que pessoas escolarizadas tendem a valorizar a cultura. Assim como pode minimizar os estigmas sociais, uma vez que vai contra a ideia de bairro marginalizado, relacionando as características negativas impostas a eles com as forças socioculturais que os envolvem.

As casas de show, casas de cultura, bares, exposições, desfiles e movimentos culturais podem potencializar a oportunidades através do Plano Nacional do Turismo e do Plano da Cultura, onde há estratégias para fomento da atividade.

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49 O público de faixa etária diversa, a iniciativa de revitalização a partir dos próprios moradores e proprietários dos prédios e a presença de casas de show, casas de cultura, bares, exposições, desfiles e movimentos culturais são pontos fortes que potencializam setor de serviços, pois abrem a possibilidade para um leque de serviços a serem ofertados gerando emprego e renda para a população, uma vez que o bairro revitalizado é possível movimentar a economia de serviços. Esses mesmos fatores também ajudam a potencializar o valor da memória, pois as ações culturais atingirão pessoas de várias idades e a conscientização da preservação do espaço histórico será repassada para outras gerações, bem como, potencializam o uso das leis de incentivo à cultura.

Tanto a iniciativa de revitalização partindo dos próprios moradores e proprietários dos prédios quanto a presença de casas de show, casas de cultura, bares, exposições, desfiles e movimentos culturais, e um público de faixa etária diversa são pontos fortes que potencializam para a amenizar o estigma social negativo sobre o bairro, pois mostra a ocupação do espaço através das atividades para todos os públicos. Como também a coleta de lixo regular pode contribuir na minimização desse estigma.

A iniciativa de revitalização partindo dos próprios moradores e proprietários dos prédios quanto a presença de casas de show, casas de cultura, bares, exposições, desfiles e movimentos culturais podem minimizar a falta de interesse dos proprietários em manter as edificações tombadas, uma vez que a ocupação desses espaços possa atrair investimentos. Como também pode amenizar a divisão de atividade econômica através do turno, a partir do momento em que haja promoção de eventos em todos os horários onde consegue atingir uma diversidade de pessoas.

b) Análise das FRAQUEZAS - Comprometendo as oportunidades - Potencializando as AMEAÇAS

Má iluminação, insegurança, e abandono dos prédios comprometem diretamente o setor de serviços pois ajudam a manter os estigmas sociais relacionados a violência no bairro, afastando assim possíveis visitantes. Como também podem potencializar a ameaça de falta de interesse dos proprietários em manter as edificações tombadas, já que estes pontos podem comprometer a utilização de tais patrimônios.

O abandono dos prédios é bem impactante pois pode comprometer a aplicação das leis de incentivo à cultura, tanto do Plano de Cultura, quanto do Plano Nacional de Turismo, pois este abandono pode gerar mais custos para a realização das ações necessárias. Com isso ele compromete o valor da memória atribuído a tais edificações por passar a imagem de que são pouco, ou não são, importantes. Além de afetar os residentes do bairro, por gerar imagem de insegurança e sucateamento do local.

A má iluminação, e a insegurança também podem potencializar a divisão de atividades econômicas através do turno, pois as pessoas darão preferência de ir até a Ribeira de dia e com isso os empreendedores optam por funcionar de dia, diante da falta de público ocasionada e pelos fatores iniciais propriamente ditos. Exceções feitas aos eventos culturais que acontecem por meio de iniciativas privadas, que por vezes conseguem realizar pequenas melhorias na iluminação, por exemplo.

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50 Outro fator importante está relacionado aos empreendedores que optam por não receber o público existente, isso poderá comprometer a realização das ações definidas pelo Plano de cultura, pois não haverá aceitação das mesmas, e implementá-las será desafiador, além disso, a atividade econômica, incluindo o setor de serviço pode ser comprometido porque aceitar a diversidade do público e encará-lo como uma oportunidade é primordial. Ter um pré-conceito com o público contribui com os estigmas sociais e com a divisão econômica através de turno.

A presença de entulho de construção nas ruas também pode potencializar o estigma de que se trata de um bairro sujo e com lixo nas ruas, além de potencializar o problema das manchas de óleo nas praias do Nordeste, causando uma imagem ruim para o destino turístico como um todo.

O não alinhamento de ações culturais do poder público para o privado pode comprometer o uso das leis de incentivo, pois não se identifica uma atuação do poder público, como também compromete para o marketing e divulgação sem conexão com poder público, pois as ações passam a depender apenas do setor privado, não conseguindo atingir um público mais amplo.

4.4. Cenários

Com o intuito de demonstrar a construção de cenários, analisam-se as interações abaixo e determina-se uma conjuntura política, econômica e social positiva e uma negativa.

● Plano municipal de cultura; ● Leis de incentivo à cultura; ● Abandono dos prédios; ● Percepção de insegurança. Cenário Positivo

Características do cenário A: Âmbito político

1. Aumentar os recursos do Fundo Nacional de Cultura

2. Consolidar o Sistema Nacional de Cultura, garantindo repasses de fundo para estados e municípios

3. Reativar as políticas para o patrimônio e museus através do IPHAN e do IBRAM.

Âmbito Social:

1. Plano Nacional de Redução de Homicídios; 2. A política de controle de armas e munições. Âmbito Econômico:

1. Interiorização das oportunidades de inclusão produtiva a todos e redução das desigualdades;

2. Inclusão produtiva e de redes de apoio ao desenvolvimento da economia social e solidária.

Referências

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