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Perfis de estabelecimentos escolares em diferentes níveis de abrangência regional

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Academic year: 2021

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Perfis de estabelecimentos escolares em diferentes níveis de abrangência

regional

*

Cezar Augusto Cerqueira1 Leonardo Amorim Arruda2

Palavras-chave: educação; demografia da educação; escolas; infra-estrutura escolar.

RESUMO

Dando continuidade ao estudo de construção e avaliação de tipologias sobre estabelecimentos escolares no Brasil, o presente artigo tem dois objetivos principais: o primeiro, na linha do aprofundamento, para níveis de abrangência regional mais específicos, é o de construir um conjunto de tipologias para os estabelecimentos escolares do Estado de Pernambuco e suas Mesorregiões, a partir de uma série de variáveis, relativas ao porte e recursos escolares disponíveis. O segundo grande objetivo é o de avaliar esse conjunto de tipologias e proceder a estudos comparativos com resultados, anteriormente, encontrados, com a aplicação dos mesmos procedimentos metodológicos e de variáveis, considerando níveis mais agregados de abrangência geográfica.

Os dados foram obtidos, a partir do Censo Escolar do ano de 2000, ao passo que as tipologias escolares foram construídas, a partir do método “Grade of Membership – GoM”, que possibilita o delineamento de perfis extremos e mistos, os últimos obtidos a partir da combinação dos perfis extremos, estimando, além de parâmetros delineadores dos perfis, os escores de pertencimento de cada unidade escolar aos perfis delineados, o que possibilita uma modelagem da desigualdade interna.

Em todos os níveis regionais investigados foram encontrados três perfis extremos, cujas características variaram bastante em cada nível de abrangência regional investigado. Como ilustração, verifica-se que a existência de biblioteca em escolas pertencentes ao perfil de escolas maiores e/ou de melhores condições de infra-estrutura variou de cerca de 89% no Brasil e Região Sudeste a 8% na Mesorregião do Sertão Pernambucno, revelando o acentuado nível de desigualdade regional na distribuição dos recursos escolares no país.

*

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

1

Professor da Universidade Católica de Pernambuco e Universidade de Pernambuco. 2

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1 - INTRODUÇÃO

Esse trabalho apresenta alguns resultados de um projeto que se iniciou em 2004 quando foi construída uma primeira tipologia dos estabelecimentos escolares brasileiros (CERQUEIRA,2004). Posteriormente foi desenvolvido um outro estudo que tratou da construção de tipologias regionais para o Brasil (CERQUEIRA, 2006). Mas a necessidade de dados em níveis mais detalhados de abrangência regional, nos levou a prosseguir nesse caminho de tentar desvendar um pouco desse complexo e multifacetado mundo dos estabelecimentos escolares brasileiros; um mundo complexo porém fascinante, ainda mais quando se considera a importância crucial atribuída, com toda razão, aos estudos na área educacional, em especial, os que envolvem realidade da escola. Além dessa necessidade de resultados em um maior nível de detalhamento regional, nos moveu também a curiosidade científica da comparação dessas realidades em um mesmo momento no tempo e com o uso de semelhante metodologia.

Desse modo, o presente trabalho tem como objetivos principais a construção de tipologias regionais para o Estado de Pernambuco, a partir de um amplo conjunto de indicadores relativos à infra-estrutura disponível nas escolas, seu porte e indicadores do contexto onde a escola está localizada, além de proceder a estudos comparativos com os resultados anteriormente encontrados, com a aplicação da mesma metodologia, para o Brasil e suas regiões.

Tendo em vista a grande quantidade de dados disponíveis e, por outro lado, as limitações e objetivos deste artigo, optou-se por selecionar alguns resultados para compor o presente trabalho. Assim sendo, serão apresentados, discutidos e comparados os resultados referentes ao Brasil como um todo, a região Sudeste e, dentro do Estado de Pernambuco, a Mesorregião do Sertão Pernambucano. O objetivo foi oferecer contrastes, com a visão global do país, de uma de suas regiões de melhores condições de infra-estrutura escolar, no caso o Sudeste, de uma UF, no caso Pernambuco, e de uma de suas regiões de condições socioeconômicas e de infra-estrutura escolar mais precárias.

2 - ASPECTOS METODOLÓGICOS

Os dados relativos aos estabelecimentos escolares foram obtidos junto ao Censo Escolar de 2000, realizado pelo INEP. Foi utilizado um conjunto de variáveis relativas à infra-estrutura disponível na escola (presença de itens tais como biblioteca, sala de professores, acesso à internet, etc), ao contexto onde está localizada (área urbana ou rural, etc) e ao seu porte (número de alunos, de salas de aula, etc).

O método utilizado na construção dos perfis de estabelecimentos escolares foi o Grade of Membership – GoM.

A aplicação do método GoM requer dados de J variáveis-resposta discretas, com um número finito (Lj) de categorias de respostas para a j-ésima variável. Para variáveis de natureza intrinsecamente discreta (sexo, região, etc.) a codificação é direta. Neste caso pode-se ver os dados como consistindo de J variáveis multinomiais (Xij) com Lj níveis de resposta para a j-ésima variável ou, de forma equivalente, definir Yijl como a resposta do indivíduo i, à categoria l, da variável j, sendo uma variável binária, ou seja, assumindo valor 1 se este pertence à l-ésima categoria ou 0, caso contrário. Tratando-se de variáveis contínuas, estas

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devem ser recodificadas em intervalos, de modo a gerar variáveis categóricas. Para cada elemento de um conjunto nebuloso, no caso os estabelecimentos escolares, existe um chamado escore de pertinência, ou escore GoM, denotado por gik, o qual indica o grau de pertinência do i-ésimo elemento, ao k-ésimo conjunto ou perfil. Tais escores variam no intervalo [0,1]; um escore 0 (zero) indica que o estabelecimento escolar não pertence ao perfil K, enquanto um escore 1 (hum) indica que este possui todas as características do k-ésimo perfil.

2.1 - Perfis Extremos e mistos

As características de cada perfil são delineadas de acordo com o exame dos valores dos λkjl - fornecidos pelo método GoM – e, posteriormente, comparados com a freqüência

marginal correspondente. Optou-se pela definição de três perfis extremos, com resultados bastante satisfatórios. A condição para caracterizar os perfis considerou como regra de decisão se a estimativa dos λkjl fosse suficientemente maior que a respectiva freqüência

marginal. Desse modo, foi definido o valor de 1,2 para a razão entre os λkjl e as freqüências

marginais correspondentes, ou seja, os valores que delineiam as características predominantes em cada perfil correspondem à situação em que as probabilidades λkjl estimadas excedem em

mais de 20% a sua freqüência marginal na população (SAWYER et al,2000).

A metodologia aplicada na construção desta tipologia permite, conforme discutido anteriormente, que as escolas possam ser membros parciais dos diversos perfis extremos, o que torna necessário aprofundar a investigação dos mesmos. Desse modo, foram criadas expressões booleanas para permitir a criação de tipos mistos de perfis, a fim de verificar perfis predominantes, que descrevessem a combinação de graus de pertinência das escolas. Os perfis predominantes (puros ou extremos) e os perfis mistos são descritos a seguir, exemplificando-se para o caso dos perfis 1 e 2.

a) Predominância do perfil 1 (P1):

Se {g1k >= 0,75}; a escola tem pelo menos 75% das características do Perfil Extremo 1,

ou ainda se:

{0,5 =< gi1 < 0,75} ∩ {gi2 < 0,25} ∩ {gi3 < 0,25}

b) Perfil misto com predominância (PM12):

Se {0,5 =< gi1 < 0,75} ∩ {0,25 =< gi2 < 0,5} ∩ {gi3 < 0,25}

Foram considerados amorfas, ou sem definição, as escolas cujos escores de pertinência aos três perfis foram inferiores a 0,50.

3 - RESULTADOS

Os resultados a seguir apresentados procuram exibir, para cada nível de abrangência geográfico investigado, inicialmente, um resumo bastante sintético com as principais características dos perfis extremos encontrados no processo de construção das tipologias. Em seguida, é oferecido um quadro com a distribuição das escolas, segundo os perfis extremos e mistos obtidos.

Um fator certamente crucial neste trabalho é a investigação da infra-estrutura disponível nas escolas, segundo os diversos perfis, em cada nível de abrangência investigado, desse modo, são apresentados, por fim, os resultados relativos à distribuição de alguns dos principais itens de recursos escolares, considerando os perfis extremos, nos diversos locais

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investigados, tendo como objetivo primordial exibir as principais características, semelhanças e diferenças, em termos de infra-estrutura disponível, dos perfis de alta, baixa e intermediárias condições de infra-estrutura.

3.1 - Distribuição dos Estabelecimentos Escolares Segundo Perfis. 3.1.1 - Brasil

O perfil extremo 1, considerando os estabelecimentos escolares do Brasil, pode ser resumido como um perfil constituído de pequenas escolas, de ensino fundamental, sem infra-estrutura, rurais, municipais, não informatizadas, com baixíssima qualificação docente, doravante referidas como escolas de baixa infra-estrutura.

O perfil extremo 2 pode ser resumido como formado por escolas de porte médio, de ensino fundamental, com razoável nível de infra-estrutura, urbanas, estaduais ou particulares, não informatizadas, com médio/altos níveis de qualificação docente, doravante chamadas de escolas de média infra-estrutura.

Um exame das características predominantes das escolas do terceiro perfil permite resumi-lo como de grandes escolas urbanas, de ensino médio e/ou fundamental, com elevado nível de infra-estrutura, estaduais ou particulares, com elevado grau de informatização e elevados níveis de qualificação docente, referidas como escolas de alta ou elevada infra-estrutura.

A Tabela 1 apresenta a distribuição dos estabelecimentos escolares brasileiros segundo os perfis extremos e mistos delineados.

TABELA 1

Distribuição dos estabelecimentos escolares do Brasil, segundo perfis extremos e mistos – 2000.

Absoluta %

não def P0 4948 2.3

baixa infra P1 106871 49.2

baixa + média/baixa infra PM12 16790 7.7

baixa + alta infra PM13 3264 1.5

sub-total 126925 58.4

média infra P2 34691 16.0

média + baixa infra PM21 8835 4.1

média + alta infra PM23 10072 4.6

sub-total 53598 24.7

alta infra P3 20957 9.6

alta + baixa infra PM31 3485 1.6

alta + média/baixa infra PM32 7499 3.4

sub-total 31941 14.7

Total 217412 100.0

PERFIL Predominância

Frequência

FONTE DOS DADOS BRUTOS: INEP

A maioria dos estabelecimentos escolares do país aderiu ao perfil extremo 1, de escolas pequenas, rurais mal equipadas, predominante em quase metade delas (49,2%). Somando-se esse percentual com os perfis mistos com predominância, verifica-se que tal perfil é majoritariamente predominante em cerca de 58,4% das escolas, enquanto cerca de 33,3% apresentaram pertinência total a este perfil. Em seguida tem-se o perfil 2, de escolas de

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médio/grande porte, com equipamentos e instalações básicas, não informatizadas, de nível fundamental, predominante para 16% das escolas e majoritariamente predominante em aproximadamente um quarto (24,7%) delas, tendo ainda uma pertinência total de 7,1%. Por último vem o perfil 3, formado de grandes escolas urbanas, bem equipadas, com boas instalações, informatizadas, de ensino médio e fundamental, com uma predominância geral de 9,6%, majoritariamente predominante em 14,7% e com 5,1% de pertinência total.

3.1.2 - Região Sudeste do Brasil

A construção da tipologia dos estabelecimentos escolares da região Sudeste do Brasil nos permitiu delinear perfis extremos com as características a seguir descritas.

O perfil extremo 1, resumido de acordo com as características predominantes, como de escolas de porte médio, de ensino fundamental, com alguma infra-estrutura, urbanas, estaduais ou particulares, pouco informatizadas, doravante chamadas de escolas de médio porte e média/baixa infra-estrutura.

O perfil extremo 2, formado por escolas de pequeno porte, ensino fundamental, sem infra-estrutura, rurais, municipais, não informatizadas, com baixíssima qualificação docente, doravante referidas como escolas de baixa infra-estrutura.

O perfil extremo 3 construído para esta região, reuniu, de modo geral, grandes escolas urbanas, de ensino médio e/ou fundamental, com elevado nível de infra-estrutura, estaduais ou particulares, com elevado grau de informatização e elevados níveis de qualificação docente, referidas como escolas de alta infra-estrutura.

A Tabela 2 apresenta a distribuição das escolas segundo perfis extremos e mistos encontrados.

A maior parte dos estabelecimentos escolares da Região Sudeste do Brasil aderiu ao perfil extremo 1 de escolas urbanas, de porte médio, com alguma infra-estrutura (27,9%). Somando-se esse percentual com os perfis mistos com predominância, verifica-se que tal perfil é majoritariamente predominante em cerca de 47,1% das escolas, enquanto cerca de 11% apresentaram pertinência total a este perfil.

O segundo perfil de escolas de baixa infra-estrutura, representou cerca de 20% das escolas da região Sudeste, majoritariamente predominante para 25% delas, tendo ainda uma pertinência total de 15,6%. Com menor participação tem-se o perfil 3, formado de grandes escolas urbanas, bem equipadas, com boas instalações, informatizadas, de ensino médio e fundamental, com uma predominância geral de 13,4%, majoritariamente predominante em 24%.

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TABELA 2

Distribuição das escolas da região Sudeste, segundo os perfis extremos e mistos construídos

Absoluta %

não def P0 2081 3,8

média infra P2 15233 27,9

média + baixa infra PM21 5261 9,6

média + alta infra PM23 5195 9,5

sub-total 25689 47,1

baixa infra P1 10910 20,0

baixa + média/baixa infra PM12 2657 4,9

baixa + alta infra PM13 84 0,2

sub-total 13651 25,0

alta infra P3 7330 13,4

alta + baixa infra PM31 205 0,4

alta + média/baixa infra PM32 5565 10,2

sub-total 13100 24,0

Total 54521 100,0

PERFIL Predominância

Frequência

FONTE DOS DADOS BRUTOS: INEP

3.1.3 – Pernambuco

O perfil extremo 1, para Pernambuco ficou caracterizado, de forma resumida, como de escolas de pequeno porte, ensino fundamental, sem infra-estrutura, rurais, municipais, não informatizadas, com baixíssima qualificação docente, referidas como escolas de baixa infra-estrutura.

O perfil extremo 2 , de acordo com as características predominantes, como de escolas de porte médio, de ensino fundamental, com alguma infra-estrutura, urbanas, estaduais ou particulares, pouco informatizadas, chamadas de escolas de médio porte e média/baixa infra-estrutura.

O perfil extremo 3, construído para Pernambuco, pode ser resumido como de grandes escolas urbanas, de ensino médio e/ou fundamental, com bom nível de infra-estrutura, estaduais ou particulares, com elevado grau de informatização e elevados níveis de qualificação docente, referidas como escolas de alta infra-estrutura.

A Tabela 3 apresenta a distribuição das escolas segundo os perfis extremos e mistos encontrados.

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Tabela 3

Distribuição das escolas do Estado de Pernambuco, segundo os perfis extremos e mistos construídos.

Absoluta %

não def P0 118 1.0

baixa infra P1 6426 55.4

baixa + média/baixa PM12 642 5.5

baixa + alta infra PM13 41 0.4

sub-total 7109 61.3

média infra P2 2156 18.6

média + baixa infra PM21 713 6.1

média + alta infra PM23 375 3.2

sub-total 3244 28.0

alta infra P3 855 7.4

alta + baixa infra PM31 67 0.6

alta + média/baixa in PM32 202 1.7 sub-total 1124 9.7 Total 11595 100.0 Predominância Frequência PERFIL

FONTE:elaboração dos dados brutos: INEP

A maior parte das escolas de Pernambuco aderiu ao perfil de baixa infra-estrutura (55,4%). Se forem considerados os perfis mistos verifica-se que este perfil foi predominante para aproximadamente 61% das escolas do Estado.

3.1.4 - Mesorregião do Sertão Pernambucano

Das análises anteriores pode-se perceber que os perfis extremos delineados, embora apresentem semelhanças, têm suas características próprias em cada região e que os distinguem.

O perfil extremo 1 da Mesorregião Sertão Pernambucano é formado por escolas de porte pequeno/médio, de ensino fundamental, com precárias condições de infra-estrutura e não informatizadas, doravante chamadas de escolas de pequeno/médio porte e baixa infra-estrutura.

O perfil extremo 2, na Mesorregião Sertão Pernambucano, pode ser resumido como de pequenas escolas, de ensino fundamental, sem infra-estrutura, rurais, municipais, não informatizadas, com baixíssima qualificação docente, doravante referidas como escolas de baixa infra-estrutura.

O perfil extremo 3, nessa Mesorregião, de acordo com os fatores predominantes, pode ser resumido como sendo de grandes escolas urbanas, de ensino médio e/ou fundamental, com bom nível de infra-estrutura, estaduais ou particulares, com médio/baixo

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grau de informatização e médios/elevados níveis de qualificação docente, referidas como escolas de alta infra-estrutura.

A Tabela 4 apresenta os perfis extremos e mistos encontrados, e a freqüência absoluta e relativa, bem como uma descrição resumida de cada perfil extremo.

TABELA 4

Distribuição das escolas da Mesorregião Sertão Pernambucano, segundo os perfis extremos e mistos construídos – 2000.

Absoluta % não def 25 1.0 média/baixa P1 667 27.4 média/baixa+alta PM12 199 8.2 média/baixa+baixa PM13 88 3.6 sub-total 954 39.2 baixa P2 829 34.1 baixa+alta PM21 237 9.7 baixa+média/baixa PM23 6 0.3 sub-total 1072 44.0 alta P3 288 11.8 alta+baixa PM31 87 3.6 alta+média/baixa PM32 8 0.3 sub-total 383 15.7 Total 2434 100.0 PERFIL Predominância Frequência

FONTE DOS DADOS BRUTOS: INEP

Na Mesorregião Sertão Pernambucano a maior parte dos estabelecimentos escolares aderiu ao perfil extremo 2 de pequenas escolas, de ensino fundamental, sem infra-estrutura, rurais, municipais, não informatizadas (34%). Somando-se esse percentual com os perfis mistos com predominância, verifica-se que tal perfil é majoritariamente predominante para 44% das escolas da mesorregião. Apenas cerca de 12% das escolas dessa região podem ser classificadas no perfil de elevada infra-estrutura, majoritário para aproximadamente 16% das escolas da mesorregião.

3.2 – Distribuição dos Recursos Escolares

A Tabela 5 a seguir apresenta um resumo da distribuição de alguns recursos escolares nas diversas regiões investigadas nesse trabalho, segundo os perfis extremos construídos.

Em termos gerais se pode observar que, no ano de 2000, no país como um todo, cerca de um terço das escolas dispunham de uma sala de professores, recurso presente em aproximadamente 60% das escolas do Sudeste e em apenas cerca de 11% das escolas da Mesorregião do Sertão Pernambucano.

Cerca de um quarto das escolas do Brasil dispunham, em 2000, de biblioteca; na região Sudeste esse percentual ficou em torno de 48%, sendo de 42% em Pernambuco e de apenas aproximadamente 8% no Sertão Pernambucano.

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Cerca de 19% das escolas do país contavam, em 2000, com uma quadra de esportes; para a Região Sudeste tal valor foi da ordem de 40%, sendo de 22,5% em Pernambuco e aproximadamente 5% no Sertão Pernambucano.

A Sala de Tv/Vídeo foi um recurso disponível em apenas cerca de 17% das escolas do Brasil, 34% no Sudeste, 26,4% em Pernambuco e aproximadamente 5% das escolas do Sertão Pernambucano.

Recursos como acesso ä internet e laboratório de ciências eram, em 2000, bastante escassos nas escolas do país, com percentuais em torno de 7%. Na Região Sudeste, cerca de 18% das escolas dispunham de um laboratório de ciências e 22% contavam com acesso à internet. Em Pernambuco, tais valores foram ainda inferiores, enquanto na Mesorregião do Sertão Pernambucano esses recursos praticamente não foram detectados.

O quadro delineado com a investigação da distribuição desses recursos escolares, considerando os perfis extremos construídos revela, como esperado, que os perfis de alta infra-estrutura apresentam percentuais acima da média observada para cada área investigada como um todo. O perfil intermediário, no Brasil, apresentou valores superiores à média para recursos tais como sala de professores, biblioteca, sala de tv/vídeo e quadra e inferiores à média para acesso à internet e laboratório de ciências. Na Região Sudeste observam-se valores superiores ou próximos à média para recursos tais como sala de professores e biblioteca. Em Pernambuco e no Sertão Pernambucano tal perfil de condições intermediárias apresenta níveis inferiores à média para todos os recursos considerados.

Por outro lado, revela-se a extrema carência das escolas do perfil de baixa infra-estrutura em todas as regiões investigadas.

TABELA 5

Distribuição dos recursos de infra-estrutura escolar disponíveis, segundo perfis extremos construídos – 2000.

(Em %)

Perfil salaprof biblioteca

Sala

tv/video internet labciencia quadra

Total 32.1 25.3 17.1 7.2 7.6 19.2 alta infra 96.9 88.9 62.2 42.0 51.4 79.8 baixa infra 4.4 1.1 1.5 0.0 0.0 0.7 média infra 48.1 35.8 22.3 1.5 1.5 20.0 Total 57.8 47.7 34.1 22.0 18.2 39.5 alta infra 97.3 89.8 63.9 57.4 58.1 84.1 baixa infra 5.4 0.9 3.1 0.0 0.0 0.8 média infra 57.3 42.5 25.5 3.1 1.5 23.0 Total 48.34 41.8 26.35 10.07 7.1 22.47 alta infra 96.6 86.5 57.2 20.0 24.8 66.8 baixa infra 1.5 0.3 0.2 0.0 0.0 0.0 média infra 37.2 30.3 19.4 1.6 0.4 9.6 Total 10.72 7.89 4.81 0.62 1.11 5.14 alta infra 68.4 56.3 36.1 5.2 8.3 38.5 baixa infra 0.5 0.2 0.1 0.0 0.0 0.0 média infra 2.3 0.0 0.2 0.0 0.0 0.0 Regiâo Sudeste Pernambuco

Mesorregião do Sertão Pernambucano Brasil

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Uma visão comparativa dessa distribuição de recursos é apresentada nos Gráficos 1 a 3 que apresentam dados para cada perfil extremo encontrado.

Entre as escolas classificadas no perfil de mais elevada infra-estrutura, observa-se inicialmente que, considerando recursos tais como sala de professores, biblioteca e sala de tv/vídeo, não são detectados grandes diferenciais entre os dados do Brasil, Região Sudeste e Pernambuco, sendo inferior a presença desses itens na Região do Sertão Pernambucano. O percentual de escolas que dispunham de quadra de esportes é mais elevado na Região Sudeste e no Brasil como um todo, havendo um diferencial um pouco mais acentuado em relação ao Estado de Pernambuco e maior ainda quando se considera a Mesorregião do Sertão Pernambucano. Este diferencial se acentua ainda mais quando se considera a presença de laboratório de ciências e o acesso à rede internet, principalmente em relação à Mesorregião sertaneja.

GRÁFICO 1

Distribuição dos estabelecimentos escolares do Perfil de Alta Infra-estrutura, segundo recursos investigados – 2000. 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 80.0 90.0 100.0 salaprof biblioteca Sala tv/video internet labciencia quadra % Brasil Sudeste Pernambuco SertãoPe

FONTE DOS DADOS BRUTOS: INEP

Considerando as escolas do perfil intermediário, observa-se que a Região Sudeste se posiciona acima da média do país para todos os recursos investigados, com diferenciais acentuados em relação aos valores observados para o Estado de Pernambuco. Chama a atenção o fato de que os recursos investigados praticamente não estarem presentes, nesse perfil intermediário, na Mesorregião do Sertão Pernambucano.

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GRÁFICO 2

Distribuição dos estabelecimentos escolares do Perfil de Infra-estrutura Intermediária, segundo recursos investigados – 2000.

0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 salaprof biblioteca Sala tv/video internet labciencia quadra % Brasil Sudeste Pernambuco SertãoPe

FONTE DOS DADOS BRUTOS: INEP

GRÁFICO 3

Distribuição dos estabelecimentos escolares do Perfil de Baixa Infra-estrutura, segundo recursos investigados – 2000.

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 salaprof biblioteca Sala tv/video internet labciencia quadra % Brasil Sudeste Pernambuco SertãoPe

FONTE DOS DADOS BRUTOS: INEP

Entre as escolas do perfil de baixa infra-estrutura é muito baixa ou inexistente a presença desses recursos em todas as áreas investigadas, destacando-se apenas uma discreta presença de sala de professores no Brasil e Sudeste e de sala de tv/vídeo nesta última região. Nos demais casos os percentuais foram inferiores a 1% ou inexistentes.

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Do que foi observado, principalmente no exame dos últimos gráficos, verifica-se um padrão de escolas de elevada infra-estrutura, que são mais bem equipadas no Brasil, na Região Sudeste e em Pernambuco, mas que, quando se examina itens que são mais escassos no país como um todo, como é o caso de sala de tv/vídeo, laboratório de ciências e acesso à internet, os diferenciais se acentuam em relação a Pernambuco e sua Mesorregião sertaneja, sugerindo que, mesmo quando se agrupam escolas de melhores condições de infra-estrutura, existem importantes diferenciais internos, cujas razões necessitam ser mais bem exploradas.

Tais diferenciais surgem com maior intensidade ao se examinar o perfil de escolas de nível intermediário, no qual se verifica que os recursos investigados praticamente não existem nas escolas da mesorregião do Sertão Pernambucano, sugerindo para essa região certamente um padrão de dois perfis escolares apenas e com desvantagens mesmo considerando o perfil de melhor infra-estrutura.

Entre as escolas de baixa infra-estrutura o padrão é muito semelhante entre as áreas investigadas, sugerindo este como um perfil de escolas no qual praticamente não existem recursos escolares disponíveis.

4 - CONCLUINDO

Este trabalho procurou principalmente contrastar diferentes realidades regionais no que diz respeito à distribuição de alguns recursos escolares, ao mesmo tempo em que buscou a construção de tipologias em diferentes realidades sociais e econômicas. Sabe-se que há limitações, que há necessidade de aprofundamentos, mas espera-se que tenha trazido para a discussão algumas questões relevantes, ao tempo em que tenha deixado questionamentos muito mais do que conclusões e afirmações.

Chama a atenção o problema da desigualdade na distribuição dos recursos escolares no país, tema já abordado em outras ocasiões, mas houve algum avanço e já foi possível comparar um conjunto de tipologias, construídas com idêntica metodologia para diferentes níveis de abrangência regional.

O perfil de escolas de melhores condições de infra-estrutura apresenta situação mais favorável na região Sudeste, em comparação com os resultados relativos ao Estado de Pernambuco e mais ainda quando comparado com a Região do Sertão Pernambucano.

O perfil de escolas de baixa infra-estrutura é o que guarda maior semelhança entre as diferentes áreas pesquisadas, inferindo-se daí tratar-se realmente de um perfil de escolas pequenas, rurais, municipais, em sua maioria e desprovidas de recursos escolares, independente de onde esteja situado. Esse grupo de escolas constitui-se em importante objeto como alvo de políticas públicas que visem trazer melhorias a este tipo de escola, seja pela sua ampliação seja pela gradual dotação de melhores condições de infra-estrutura, uma vez que tal grupo é bastante numeroso, em termos de escolas, embora não o seja tanto em termos de alunos atingidos.

O grupo de escolas de condições intermediárias foi, a nosso ver, o que apresentou um maior nível de variabilidade na distribuição dos recursos escolares. Tal perfil ficou mais caracterizado como intermediário no exame dos dados do Brasil, da Região Sudeste e um pouco menos no exame dos dados relativos ao Estado de Pernambuco e bem menos ainda no caso da Mesorregião do Sertão Pernambucano, podendo-se observar que nesta última região a tendência é realmente de se ter apenas dois perfis de escola, dadas as semelhanças entre este perfil intermediário e o perfil de escolas de baixa infra-estrutura.

Fica a questão a ser aprofundada posteriormente, mas sugerida nas entrelinhas deste trabalho de que quanto piores as condições sociais e econômicas da área investigada, maior deve ser a tendência de se encontrar apenas dois perfis de escolas, que diferem muito mais no porte e localização do que mesmo nas suas condições de infra-estrutura escolar disponível.

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5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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