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A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA “ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO” COMO PARTE DE UM PROJETO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES (PEDAGOGOS) ALFABETIZADORES

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ERONITA FRITZ MACHADO

A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA “ALFABETIZAÇÃO E

LETRAMENTO” COMO PARTE DE UM PROJETO DE FORMAÇÃO DE

PROFESSORES (PEDAGOGOS) ALFABETIZADORES

Floriánópolis 2019

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Comunicação e Expressão

Especialização em Linguagens e Educação

a Distância

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ERONITA FRITZ MACHADO

A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA “ALFABETIZAÇÃO E

LETRAMENTO” COMO PARTE DE UM PROJETO DE FORMAÇÃO DE

PROFESSORES (PEDAGOGOS) ALFABETIZADORES

Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação em Linguagens e Educação a Distância, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina– Polo São José, apresentado como requisito final para a obtenção do título de Especialista em Linguagens e Educação a Distância.

Orientador: Profa. Dra. Silvia Inês Coneglian Carrilho de Vasconcelos

Tutora: Bruna Santana Anastácio

FLORIANÓPOLIS 2019

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ERONITA FRITZ MACHADO

O presente trabalho em nível de Especialização foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros:

________________________

Prof.ª Silvia Inês Coneglian Carrilho de Vasconcelos, Dr.ª Presidente da Banca

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Silvio Nunes da Silva Júnior, Mestre em Linguística e Doutorando (UFAL) UNINASSAU (AL)

________________________

Prof.ª Geovana Santos, Mestra e Doutoranda em Linguística (UFSC) Universidade Federal de Santa Catarina

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do titulo de Especialista em Linguagens e Educação a Distância.

________________________ Prof. Celdon Fritzen, Dr. Coordenador do Programa

________________________

Prof.ª Silvia Inês Coneglian Carrilho de Vasconcelos, Dr.ª Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado a todos os educadores que creem numa educação de qualidade para todos e no valor absoluto atribuído à leitura e ao ensino.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, por ter me dado forças quando pensei em desistir. Agradeço por ter chegado até aqui. A alegria é imensa.

E meus agradecimentos a todos os professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especificamente aos que fazem parte do Curso de Especialização em

Linguagens e Educação a Distância, às tutoras pela disponibilidade e colaboração, além da

amiga Márcia Melo Bortolato por compartilhar seu projeto de pesquisa: a disciplina ―Alfabetização e Letramento‖, oferecida no Curso de Pedagogia à distância pela Universidade Estadual de Santa Catarina. É um privilégio fazer parte desse seleto grupo.

Agradeço, também, à Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), em especial aos professores e pessoas envolvidas com a disciplina Alfabetização e Letramento, disponibilizada por essa instituição de ensino superior.

À professora-orientadora Drª Silvia Inês Coneglian Carrilho de Vasconcelos, pela compreensão, parceria e disponibilidade nesse momento de minha formação. Ter você como orientadora foi extremamente gratificante. Estendo meus agradecimentos aos membros da banca examinadora deste trabalho final de conclusão de curso.

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A busca do já produzido não faz sentido quando a reflexão que a sustenta é sonegada a quem apreende. Esta busca deve ser resultado de perguntas e de reflexões, e não de mero conhecimento do conhecido. (GERALDI, 1997, p. 220)

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RESUMO

A importância da disciplina “Alfabetização e Letramento” como parte de um projeto de formação de professores (pedagogos) alfabetizadores, é um estudo inserido na área de

Linguagens e Educação e delimita essas reflexões no campo da Linguística Aplicada e práticas sociais de usos da língua e aponta para a relevância na formação dos professores (pedagogos) na modalidade EaD. O tema central da pesquisa foi baseado na coleta de informações e de dados através da observação do ambiente virtual da disciplina Alfabetização

e Letramento, oferecida no Curso de Pedagogia a distância da Universidade Estadual de Santa

Catarina (UDESC) . O foco da reflexão deu-se na formação do professor e na avaliação da aprendizagem em se tratando de alfabetização e práticas de letramento, bem como observando os conteúdos e recursos digitais utilizados, ou seja, chats, fóruns, vídeos, além das atividades propostas nesse processo. Os dados utilizados foram coletados diretamente na página da disciplina. Os resultados da observação empreendida durante a investigação são os seguintes: Como resposta à questão central, este estudo aponta para a importância das contribuições teóricas do Circulo de Bakhtin para a prática docente do professor pedagogo, assim como o agenciamento e compreensão das tecnologias digitais para ações e práticas futuras do docente. Os resultados do desempenho e participação reiteram a ótima adesão nas atividades e alto índice de aprendizagem, além do significativo domínio das mídias e recursos digitais por parte dos alunos. Percebeu-se a importância das novas práticas da linguagem, na qual a linguagem online e as tecnologias digitais são destaque como agenciadores de mudanças na vida do individuo, bem como o domínio da escrita voltado para as necessidades sociais deles. Assim, no âmbito da formação docente requer-se visão crítica e criativa direcionada para as novas necessidades do conhecimento e suas práticas.

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ABSTRACT

The importance of the discipline ―Literacy and Literatureas‖ part of a project to train literacy teachers is a study inserted in the area of Languages and Education and delimits these reflections in the field of Applied Linguistics and social practices of uses of the language and points to the relevance in the training of teachers (pedagogues) in the EAD modality. The main theme of the research was based on the collection of information and data through the observation of the virtual environment of the discipline Literacy and Literacy, offered in the Course of Pedagogy at distance by the State University of Santa Catarina (UDESC). The focus of reflection was on teacher training and assessment of learning in terms of literacy and literacy practices, as well as observing the digital content and resources used, ie chats, forums, videos, in addition to the activities proposed in that process. The data used were collected directly on the course page. The results of the research carried out during the research are as follows: In response to the central question, this study points to the importance of the Bakhtin Circle's theoretical contributions to teacher teaching practice, as well as the agency and understanding of digital technologies for actions and teacher's future practices. The results of the performance and participation reiterate the great adherence to the activities and high learning index, besides the significant dominance of the media and digital resources by the students. The importance of the new practices of language in which online language and digital technologies are highlighted as agents of change in the individual's life, as well as the mastery of writing directed to their social needs, has been perceived. Thus, in the scope of teacher training, a critical and creative vision is required for the new needs of knowledge and its practices.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 16

2.1 MEIOS E FINS DO GÊNERO ... 16

2.2 LETRAMENTO...20

2.3 TECNOLOGIAS APONTANDO CAMINHOS...21

2.4 AMBIENTE VIRTUAL: PALAVRAS E IMAGENS...24

3. ANÁLISE: CIRCULO DE BAKHTIN E O FAZER PEDAGÓGICO ...33

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...44

REFERÊNCIAS...47

ANEXOS...49

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho final é o resultado dos questionamentos e experiências da pesquisadora vivenciadas no Curso de Especialização Linguagens e Educação a Distância1 e que

forneceram elementos de reflexão e balizaram a sua elaboração.

Retomando as vivências do curso, evidencia-se o momento em que foi abordado o tema relacionado às biografias, no Módulo: Intimidades2. Nessa etapa observa-se que a utilização das mídias digitais e dos recursos tecnológicos é uma prática que necessita ser estimulada, não é mais possível que um educador ensine somente com livros, levando em conta somente sua materialidade linguística, devido a avanços constantes da era digital. Percorre-se um longo caminho até aqui, mas como a intenção é fornecer um recorte, somente para entendimento deste estudo foi mencionado três momentos que foram importantes para que esta escolha ocorresse. O primeiro foi a realização de uma dinâmica no tópico ―A vida como narração, autobiografia como escrita de si.‖. Nele um dos objetivos propostos era integrar organicamente as áreas de Língua, Literatura e Tecnologias Digitais, sempre pensando a futura prática em sala de aula. A narração como interpretação das nossas experiências proporcionou o retorno à nossa Carta3. Entre tantas atividades extremamente relevantes para o aprendizado, a sua reelaboração foi considerada muito interessante e instigante para a reflexão do futuro fazer pedagógico. Por outro lado, o prazer vivenciado ao criar o álbum com 5 fotos importantes, no segundo momento, apoiado nos biografemas4 e no punctum5, com o princípio mnemônico e poético de Roland Barthes6 mostrou o quanto a

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O curso integra Língua, Literatura e Tecnologias Digitais. Através de módulos temáticos realizaram-se reflexões e práticas que proporcionaram integração em benefício da atuação docente na Educação Básica. O objetivo geral é formar profissionais aptos a atuarem como tutores em cursos de Letras a distância e oferecer formação continuada a professores de Língua Portuguesa atuantes no Ensino Básico.

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Ementa da disciplina: Diferentes gêneros textuais perpassam o cotidiano individual e social, possibilitando as relações do sujeito com o outro e consigo mesmo, passando por objetos distintos, constituem- se como as linguagens da nossa intimidade e, assim, demandam reflexões acerca de suas diferentes realizações na oralidade e na escrita; o estatuto da linguagem em funcionamento na enunciação e os indicadores constitutivos das diferentes modalidades de intimidade; o encontro com a língua padrão a partir das experiências de intimidade resultantes de usos da linguagem no cotidiano. (LLV110001 - 21000122ES - 20172 - Módulo 1: Intimidades https://ead2.moodle.ufsc.br/course/view.php?id=2575).

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Carta de intenções dirigida à coordenação pleiteando uma vaga para realizar o Curso de Especialização em Linguagens e Educação a Distância. A atividade solicitada consistia em retomar a Carta de Intenção e escolher um momento que considerasse importante no meu processo autobiográfico, além disso, colocar em destaque no texto (em negrito). A seguir, postar a Carta de Intenção no fórum

4Do mesmo modo, gosto de certos traços biográficos que, na vida de um escritor, me encantam tanto quanto certas fotografias; chamei esses traços de ‖biografemas‖; a fotografia tem com a história a mesma relação que o biografema com a biografia. (BARTHES, 1984, p.51)

5O punctun é, portanto, um extracampo sutil, como se a imagem lançasse o desejo para além daquilo que ela dá a ver [...] (BARTHES, 1984, p.89)

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aprendizagem pode trazer deleite, motivação e não ser apenas um conteúdo a mais a ser digerido. Destaca-se também o trabalho realizado durante o Módulo: Suportes narrativos,7 no qual tornou útil a ferramentas do Facebook para interagir com os colegas, num grande grupo, compartilhando livremente imagens e vídeos dos trabalhos e atividades solicitadas. Nesse primeiro momento percebe-se o quanto é importante o professor utilizar todos os recursos disponíveis com o objetivo de cativar o aluno e consequentemente torná-lo motivado para realizar as atividades propostas. No decorrer do curso, novos conteúdos foram apresentados, utilizando os recursos tecnológicos, além de estratégias que poderiam facilitar o cotidiano do professor. Antes de concluir o último módulo, já se começa a pensar sobre a prática e a ação do professor, além de refletir sobre o aprendizado que, a partir do momento em que são incorporados os novos conhecimentos ressignificam-se nossas ações posteriores.

Considerando as teorias e estudos existentes, nasceu a ideia de desenvolver uma pesquisa relacionada à prática pedagógica no ensino de Língua Portuguesa, mais especificamente na modalidade a distância, quanto à formação de professores da educação infantil (Pedagogos), utilizando os recursos digitais. O referido curso fez reforçar a ideia de que o professor de Língua Portuguesa, bem como o pedagogo, têm como desafio implementar práticas de uso da língua, com destaque à modalidade escrita, tendo os gêneros do discurso como ancoragem. Cabendo a escola criar condições para que o aluno desenvolva o pensamento, a reflexão, a crítica e possa conquistar seu espaço no mundo de forma plena.

Assim, diante dessas primeiras considerações e reflexões e por acreditar que a apreensão dos conceitos de alfabetização e letramento contribuirá para o desenvolvimento efetivo das práticas educacionais do futuro pedagogo no trabalho diário com as crianças, foi criando forma a monografia que ora apresenta-se.

O estudo focalizou o ambiente virtual da disciplina Alfabetização e Letramento8, oferecida no Curso de Pedagogia à distância pela Universidade Estadual de Santa Catarina.

(preferir fotos em preto e branco, pois dão um caráter memorialístico). Fazer uma Introdução breve em

primeira pessoa na(s) primeira(s) páginas, e apoiar-se teoricamente nos seus biografemas e no punctum (ver textos teóricos) com o princípio mnemônico e poético de Roland Barthes. (Barthes, Roland por Roland

Barthes. SP: Cultrix, 1977).

7Atividade consistia na leitura do texto e resumo contemplando as ideias norteadoras do trabalho. Enviar a atividade pelo Moodle: Escolher um objeto de pesquisa que seja referência na cidade em que cada estudante mora (pode ser um bairro, uma praça, um monumento, uma rua, uma casa, uma Igreja, etc.) sobre o qual será feito um trabalho de pesquisa semelhante ao que se encontra no texto base. Pesquisar a ocorrência de narrativas sobre o objeto em diferentes suportes (como fotografias, livros, álbuns, filmes, propagandas, reportagens etc.). Apresentar os resultados da pesquisa ao grupo em rede.

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Trabalhei em cursos de capacitação e formação continuada realizando a adequação do texto para EaD até recentemente. Assim, devido à proximidade a essa modalidade de ensino, além de alguns contatos com Márcia Melo Bortolato, que desempenha papel de Design Educacional no SEAD/UFSC e no Multi-Lab CEAD/UDESC,

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Para tanto foi realizada esta pesquisa que consiste em um estudo qualitativo-descritivo de uma disciplina oferecida na modalidade a distância. Então, pretende-se analisar os conteúdos trabalhados e o desempenho do aluno inserido nessa turma de graduação em pedagogia, período 2018/2. Trata-se de uma disciplina com enfoque na alfabetização e nas práticas de letramento. Esse recorte e escolha do tema ocorreram devido à variedade de gêneros discursivos que perpassam nosso cotidiano e os recursos digitais presentes na disciplina oferecida no Curso da UDESC, além de sua extrema relevância para Curso de Especialização

Linguagens e Educação a Distância.

Decorrente dessas indagações, o objetivo geral neste trabalho foi analisar a prática pedagógica no ensino de Língua Portuguesa, mais especificamente na modalidade à distância, quanto à formação de professores da educação infantil (Pedagogos) para trabalharem com alfabetização e letramento, tendo como base os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as teorias existentes, como forma de contribuir para a ampliação dos estudos nas áreas de formação de professores e de uso de tecnologia digital na educação.

Como objetivos específicos, buscou-se coletar informações no ambiente virtual, elencar as atividades propostas e descrever a proposta didática da disciplina Alfabetização e Letramento. Em vista disso, analisou-se o resultado do processo de aprendizagem por meio do gabarito de notas atribuídas aos alunos, tanto quanto foi permitido conhecer.

Por conta das experiências tecnológicas e essa necessidade do diálogo entre elas e a educação, considerou-se relevante desenvolver um trabalho de pesquisa que contemplasse o ensino da leitura e a aprendizagem da língua portuguesa, utilizando os recursos tecnológicos, bem como a alfabetização no contexto da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Além disso, considerando a presente Especialização, foi um desafio articular e apropriar-se do que foi estudado fazendo conexão com as contribuições teóricas abordadas durante o curso. Finaliza-se com uma reflexão sobre a prática pedagógica, considerando o planejado e o realizado, avaliando as dificuldades e a aceitação das atividades pelos alunos, e como se deu o processo de ensino e de aprendizagem, isto é, foi feita uma reflexão e avaliação sobre a disciplina durante esse processo de tornar os alunos da graduação em pedagogia da UDESC aptos para trabalhar a alfabetização e o letramento tanto quanto qualquer outro tema com seus alunos em sala de aula.

foi possível o acesso a disciplina ―Alfabetização e Letramento‖ disponibilizada no Curso de Pedagogia da

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Os objetivos propostos pela disciplina Alfabetização e Letramento incluiu aspectos relacionados à língua(gem) e ao ensino da língua, e isso os levou a considerar a necessidade de estudar as concepções de alfabetização e letramento na perspectiva de aquisição/aprendizagem da leitura e da escrita, seguindo os seguintes passos:

No primeiro momento os/as alunos/as estudaram as relações entre oralidade, escrita e letramento na sociedade atual numa perspectiva social de língua. Depois, feita uma reflexão sobre as relações entre Alfabetização e Letramento, as diferentes concepções e os diferentes modelos de Letramento. Na sequência, estudaram os pressupostos linguísticos relacionados ao processo de aprendizagem, finalizando com o estudo sobre aspectos metodológicos relativos ao trabalho com alfabetização, letramento e infância.

Conforme o exposto, os dados foram coletados diretamente na página da disciplina, possibilitando o acesso aos conteúdos e atividades solicitadas. Assim, foi possível elencar as atividades e as propostas didáticas aplicadas nesse processo de aprendizagem, bem como a análise do desempenho dos alunos do Curso de Pedagogia EaD da UDESC, a partir da avaliação da disciplina quanto à metodologia e ao aprendizado apresentado por eles, já que foi possível o acesso ao relatório de notas e ao questionário final que a UDESC disponibiliza para avaliação da disciplina. Por fim, finaliza-se abordando os recursos utilizados durante a formação dos pedagogos na disciplina, bem como o papel da escola no contexto atual e a formação de um professor reflexivo ancorados no que é proposto nos PCN9, teoria dos gêneros do discurso, entre outros.

A fim de orientar o melhor encaminhamento deste trabalho, ratifica-se que não serão abordado os conteúdos e textos trabalhados na disciplina Alfabetização e Letramento que inclui aspectos relacionados à língua(gem) e ao ensino da língua; as concepções de alfabetização e letramento, na perspectiva de aquisição/aprendizagem da leitura e da escrita, não serão foco de nosso estudo.

Finalizando esta seção, apresenta-se a organização geral deste Trabalho de Conclusão de Curso. Após esta Introdução, o capítulo 2 está dedicado à Fundamentação Teórica, em que conceitos fundamentais – como gêneros discursivos, por exemplo – são explicados bem como letramento, tecnologias e metodologia da pesquisa; segue-se a este, o

9O que está em vigor é a BNCC (Base Nacional Curricular Comum), mas estou me referindo aos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), porque o curso os segue e a elaboração do PPP (Projeto Político Pedagógico) se deu quando os PCN estavam em vigor.

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capítulo 3 – que trata da análise da disciplina à luz dos conceitos do Círculo de Bakhtin. O último capítulo está dedicado às Considerações Finais, seguido das Referências e Anexos.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Levando em conta o propósito, assim como o tema do trabalho e, para dar conta dessas implicações, esta seção focaliza a base teórica que norteou o estudo e o processo analítico.

2.1 MEIOS E FINS DO GÊNERO

Este tópico, que abre o corpo do estudo, tematiza uma teoria fundamental para tratar do objeto de pesquisa em questão. Nesse embasamento utiliza-se a teoria de gêneros do discurso. Tomando como base esse conceito, a língua tem sua existência comunicativa, viva e ativa na medida em que a linguagem é também humana e social, portanto dialógica e interacional conforme Bakhtin (2003). A linguagem institui relações e vários campos da atividade humana estão ligados a ela e seu uso social, realizando-se na forma de enunciados que exprimem as condições específicas e a finalidade de cada uma dessas esferas por seu conteúdo temático, estilo da linguagem e a construção composicional, sendo que a ligação desses três elementos constitui os gêneros do discurso. Nas palavras de Bakhtin,

A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua — recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais —, mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. (BAKHTIN, 2003, p. 261)

A variedade dos gêneros do discurso é infinita devido à diversidade das atividades humanas. Assim, cada esfera discursiva produz gêneros do discurso e vão se distinguindo conforme a própria esfera se desenvolve e torna-se mais complexa.

O texto bakhtiniano (2003) demonstra que na literatura desde os primórdios da nossa civilização até a atualidade o estudo sobre gêneros foram limitados devido às diferenças e à heterogeneidade deles o que advém da multiplicidade ideológica e das esferas sociais. Buscando compreender a diversidade dos gêneros do discurso, esfera e natureza, o teórico observa a sua importância para todos os campos da linguística e da filologia. Coloca em foco que a natureza do enunciado deve ser esclarecida e definida por uma análise de gêneros, primários e secundários e ressalta a relevância de entender a língua(gem) como dialógica,

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social, histórica e ideológica. O Circulo de Bakhtin10 demonstra em seus estudos conhecimentos essenciais norteadores para qualquer estudo de língua. Em suas palavras, Bakhtin (2003) corrobora,

Ignorar a natureza do enunciado e as particularidades de gênero que assinalam a variedade do discurso em qualquer área do estudo linguístico leva ao formalismo e à abstração, desvirtua a historicidade do estudo, enfraquece o vínculo existente entre a língua e a vida. A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam, e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua. (BAKHTIN, 2003, p. 264).

O enunciado oral e escrito, primário e secundário, em qualquer esfera da comunicação verbal, é individual e por isso pode refletir o caráter original de quem fala ou escreve, apesar de nem todos eles possuírem condições à individualidade. O estilo linguístico ou funcional é o estilo de um gênero próprio a uma dada esfera da atividade e comunicação humanas, e cada esfera tem seus gêneros específicos, adequado as suas particularidades e compreendida as condições específicas de cada esfera da comunicação humana. Elas geram um dado gênero (tipo de enunciado), relativamente estável do ponto de vista temático, composicional e estilístico.

De acordo com o teórico, para ser isento de falha e frutífero, o estudo sempre deve partir do fato de que os estilos da língua pertencem, por natureza, ao gênero, por isso deve-se basear no estudo prévio dos gêneros em sua diversidade.

As reflexões de Bakhtin (2003) levam em conta que agrupar os gêneros em esferas ou delimitar um gênero é uma atividade difícil, por isso inicia a análise das particularidades deles a partir de sua dimensão, detalhando as questões dos estilos de linguagem, nos quais é requerido o léxico e a gramática, pois essa tarefa de separar estilo em relação aos gêneros é nocivo, na concepção de inúmeras questões históricas, sendo complexa a questão de estilo em relação à linguagem literária.

Suas percepções destacam que, em cada época do seu desenvolvimento, a língua escrita é especificada pelos gêneros do discurso e não só pelos gêneros secundários (literários, científicos, ideológicos), mas também pelos gêneros primários (os tipos do diálogo oral: linguagem das reuniões sociais, dos círculos, linguagem familiar, cotidiana). Menciona ainda

10Faziam parte do Circulo de Bakhtin o linguista Valentin Voloshinov e o teórico literário Pavel Medvedev. Mikhail Bakhtin dedicou-se noções, conceitos e categorias de análise da linguagem com base m discursos cotidianos, artísticos, filosóficos, científicos e institucionais. A teoria Baktiniana via a linguagem como um constante processo de interação mediada pelo diálogo, existindo em função do uso de quem fala ou escreve, bem como quem lê ou escuta em uma situação de comunicação. (Mikhail Bakhtin, o filósofo do diálogo. https://novaescola.org.br)

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que a ampliação da língua escrita popular resulta todos os gêneros literários, ideológicos, familiares, etc.

A participação do outro na elaboração do enunciado é comprovada e defendida por Bakhtin (2003), para o qual a linguagem é social e o falante é responsivo ativo. Nesse quesito, fez crítica à maneira que a Linguística do século XX estudou a linguagem, sem relação com os outros da comunicação discursiva, que é apenas o ouvinte perceber o outro passivamente. Orienta também estudar o gênero como unidade real da comunicação discursiva, pois permite entender de forma mais ampla as unidades da língua (oração, palavra). Nas expressões de Bakhtin,

Toda compreensão da fala viva, do enunciado vivo é de natureza ativamente responsiva (embora o grau desse ativismo seja bastante diverso); toda compreensão é prenhe de resposta, e nessa ou naquela forma a gera obrigatoriamente: o ouvinte se torna falante. A compreensão passiva do significado do discurso ouvido é apenas um momento abstrato da compreensão ativamente responsiva real e plena, que se atualiza na subsequente resposta em voz real alta (BAKHTIN, 2003, p. 271).

Importa ainda considerar que Bakhtin (2003), em se tratando da diferenciação do enunciado (unidade da comunicação discursiva) e da oração (unidade da língua vista como sistema), apresenta como características distintivas do enunciado:

1. Alternância dos sujeitos do discurso: cada enunciado possui um início e um fim que o delimita dos outros enunciados, sendo que as fronteiras se definem pela alternância dos sujeitos do discurso, que em uma situação específica, dentro de seus propósitos discursivos, disse tudo que queria dizer sobre seu objeto, isto é, termina o seu enunciado para passar a palavra a outro, e dar a sua compreensão ativa, a sua postura de resposta verbal ou não;

2. Expressividade: expressão da posição valorativa do autor em relação ao seu discurso e aos outros participantes da comunicação discursiva e seus enunciados já ditos. O momento expressivo está em todos os enunciados, pois sempre existem enunciados que dão o tom, não existe enunciado neutro. O valor ideológico não está nas palavras em si, mas nas relações que as pessoas fazem entre si. A expressividade é uma característica do enunciado, não é uma propriedade da língua (sistema);

3. Conclusividade: o interlocutor toma uma postura de resposta em relação ao enunciado do outro porque percebe o Dixi conclusivo do falante determinado por três elementos: o tratamento exaustivo do objeto e do sentido (esgotamento do tema, o que pode ser dito naquela situação); projeto de discurso ou vontade de discurso (a intencionalidade do falante, dizer isso desse modo e não de outro); formas típicas composicionais e de gênero do

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acabamento. Considera os diversos gêneros, onde estou, quem sou e quem é meu auditório para definir o gênero que uso.

O pensamento bahktiniano, relacionando enunciado e oração, aborda que a oração não se delimita pela alternância dos falantes, não tem contato direto com a realidade (situação extraverbal), nem completude de sentido e capacidade de determinar a postura de resposta do interlocutor. A oração como unidade da língua é neutra. Afirma também que esta possui natureza e limites gramaticais ligando-se à dimensão extraverbal e aos outros enunciados somente por intermédio do enunciado em sua totalidade. A oração possui natureza, conclusividade e unidades gramaticais, porém não possui plenitude de sentido, nem capacidade de proporcionar a plenitude de resposta.

Observando os gêneros do discurso que refletem os enunciados dos outros, sendo um elo na cadeia da comunicação discursiva, Bakhtin (2003) salienta que é necessário dominar os gêneros para poder usá-los livremente em cada esfera da atividade humana. E, assim, valendo-se dessa descoberta, o individuo descobre sua individualidade e realiza de forma mais efetiva e acabada o seu projeto de dizer.

Diante das questões aqui abordadas, pode-se ratificar a importância da língua no contexto das esferas sociais, pois é por meio dela que ocorre a interação do individuo com o outro e com o mundo em uma relação dialógica. Bakhtin (2003) corrobora para essa alegação e, considerando que o aluno necessita estudar para criar habilidades que lhe proporcione assimilar e utilizar produtivamente recursos tecnológicos, a repetição e a padronização na transmissão de conhecimentos já não podem ser a única alternativa nos ambientes de aprendizagem.

2.2 LETRAMENTO

A análise e as questões discutidas não se darão na perspectiva dos Estudos de Letramento abordados na disciplina, pois se opta por uma temática que busca relacionar teoria, prática e recursos digitais empregados, baseado na coleta de informações por meio da observação apenas da plataforma digital. Entretanto, para situar o leitor apresenta-se o conceito de letramento segundo Street (2003). Na concepção de letramento de Street (2003), têm-se dois modelos: letramento autônomo e letramento ideológico. O autor destaca que as conclusões dessas abordagens poderão produzir diferentes apreciações daquilo que conta como formação eficaz de letramento, relacionadas a diferentes exigências tanto quanto a

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resultados e a currículos. Isso ocorre em relação às formas pedagógicas diferenciadas e confrontadas com vários programas tradicionais.

Conceituando letramento escreve que, para muitos teóricos atuais, letramento não é simplesmente o modelo autônomo, ou seja, um conjunto de habilidades técnicas invariáveis que são transmitidas às pessoas que não as possuem, pois existem vários tipos de letramentos nas comunidades, e as práticas pertencentes a esse letramento possuem base social. Nesse modelo, o letramento é interpretado como um fenômeno isolado de contextos de interação e sem considerar os fatores sociais de produção e interpretação. A pesquisa acadêmica que é consequência desse novo campo de interesse é especial, tendo implicações para os programas de Letramento especificamente e para os que priorizam o desenvolvimento humano.

O letramento autônomo seria uma habilidade de escrita técnica, neutra e universal, que não parece preocupado em considerar a cultura ou quaisquer outros fatores sociais, relata Street (2003). Nesse modelo de letramento a prioridade é dada à decodificação de grafemas, à padronização do ensino, deixando de lado os fatores políticos, ideológicos e socioeconômicos.

Ainda sobre os modelos de letramentos, Street (2003) corrobora que o modelo autônomo parece se aproximar das práticas de grande parte das escolas, pois bastaria ensinar aos alunos a técnica que permite decodificar as palavras. Desse modo, no modelo autônomo, todos os estudantes são tratados como um único sujeito, descartando as vivências de cada um, o conhecimento prévio de mundo, a identidade da turma e o entorno social em que eles se encontram, assemelhando-se a um ensino um tanto artificial.

Street (2003) propõe uma nova perspectiva para o letramento, nomeada de modelo ideológico de letramento, que leva em consideração as singularidades culturais dos grupos e ancora-se nas diferentes práticas sociais dos entornos socioculturais em que esteja sendo desenvolvido:

[...] o letramento é uma prática de cunho social, e não meramente uma habilidade técnica e neutra, e que aparece sempre envolto em princípios epistemológicos socialmente construídos [...] (STREET, 2003, p. 4).

Conforme o teórico alguns estudiosos e profissionais fazem uma crítica à dicotomia

modelo autônomo x ideológico como sendo polarizada demais, pois um olhar mais

direcionado perceberia que não são opostos, já que o primeiro efetivamente privilegia as práticas de letramento de um grupo específico de pessoas, o que o torna ideológico. Além disso, no modelo ideológico, está envolvido o modelo autônomo:

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[...] o modelo ideológico consegue perceber as habilidades técnicas envolvidas, por exemplo, na decodificação, no reconhecimento das relações entre fonemas e grafemas e no engajamento nas estratégicas nos níveis de palavras, sentenças e textos, como o exigem tantos dos atuais programas nacionais de letramento. (STREET, 2003, p. 9)

Várias reflexões foram feitas por Street (2003) e essas nos mostram que a abordagem ideológica parece mais adequada, por isso os profissionais da área devem avaliar e executar programas que levem em conta os aspectos culturais e as necessidades locais para descobrir de que tipos de letramento as pessoas precisam.

Ratificando com essa teoria na educação infantil, o pedagogo introduz atividades que envolvem a alfabetização e as práticas sociais de escrita e de leitura, teorizadas como letramento. Seguindo os estudos nessa área, de acordo com Magda Soares (2009) não basta aprender a ler e a escrever. Quanto à concepção, esta fica subentendida que ser alfabetizado, ou seja, adquirir a tecnologia da escrita, é diferente de se apropriar dela a ponto de usá-la. Por conseguinte, para ser considerado letrado, não basta saber ler e escrever, mas se faz necessário usar socialmente a escrita.

Nessa linha de pensamento o letramento significa muito mais do que a habilidade de codificar ou decodificar letras, indo além, na busca de competências para o uso da leitura e escrita no cotidiano. Sendo assim, letramento é distinto do conceito de alfabetização, ou seja, a alfabetização está inserida ao âmbito do individual. Já o letramento focaliza os aspectos sócio histórico da aquisição da escrita.

Diante desses conceitos, pode-se inferir que as práticas de letramento dependem da sociedade, das interações sociais e das ideologias e a leitura apresenta-se como uma forma da construção de identidade e de percepção dos modos de ver o mundo. Nessa perspectiva, Street (2003) destaca que as práticas de letramento mudam segundo o contexto e envolvem elementos culturais tanto quanto estruturas sociais e de poder.

2.3 TECNOGIAS APONTANDO CAMINHOS

Quando se pensa em aprendizagem, construção de conhecimento, o campo da tecnologia não pode ser deixado de lado. Nessa compreensão, hoje, um especialista, a qualquer momento, pode ser substituído, em alguma medida, pela máquina, na situação atual em que os indivíduos e a força de trabalho se tornaram máquinas produtivas.

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Para Geraldi (2019)11, sendo a escola uma instituição, no contexto em os alunos necessitam se preparar para uma concorrência interminável, o compromisso da escola é ensinar utilizando as novas mídias e recursos digitais. Diante dessas mudanças e avanços tecnológicos é necessário que a escola se atualize e que utilize as novas práticas e técnicas disponibilizadas pelos meios eletrônicos de comunicação.

Ainda assim, conforme Geraldi (2019), possivelmente se teria um dilema, primeiramente, porque as informações se renovam constantemente, logo ficam ―velhas‖, o segundo motivo seria porque é necessário a internalização dos conteúdos e conhecimentos pelo individuo. Ele acredita, entretanto que uma reforma genuína de ensino poderia se dar através da internet, mas considera suspeita, pois outras instituições sociais (jornal, o rádio e a televisão) assumiram o compromisso de fazer o trabalho de ―internalização‖ dos valores de perpetuação do sistema de capital. A escola, não assumindo esse papel, caberá à internet fazê-lo.

Ainda segundo esse autor, a respeito da escrita introduzida na escola: teve-se o período da pena e do papiro, o códex e o livro. Como consequência, entretanto, da invenção da imprensa e o letramento da sociedade, surgiu a escola da atualidade. E a escrita como forma de incutir as formas e interpretações de mundo foi o que determinou o ensino formal moderno.

Segundo o estudo de Geraldi (2019), no ambiente escolar teve-se a escola ―evangelizadora‖, que nasce nos conventos da idade Média, posterior às reivindicações de Martin Lutero pela leitura direta das escrituras bíblicas. Nesse período a função social primeira da escola era a ―distribuição‖ da verdade evangélica. Sendo o sermão muito utilizado em sala de aula e aprendia-se decorando. O professor tanto como o pregador ensinava repetindo a verdade exigindo que seus alunos aprendessem e exigiam aprendizagem repetindo palavra por palavra.

Além disso, Geraldi (2019) menciona que os modelos de cadeiras (classes ou carteiras) configuravam-se como uma tecnologia que educava o corpo à forma correta de sentar. Já o livro didático foi uma adaptação de uma tecnologia para consumo externo à escola. Nestes moldes de tecnologias está o quadro negro (quadro de giz),ele favorecia a classe organizada e de frente para o professor, o que na época foi uma revolução, pois

11Este texto foi escrito por João Wanderley Gerldi como parte de sua participação no projeto ―Janelas para o Mundo‖ coordenado pelo Dr. Bernd Fichtner e por Maria Benites, com sede na Universtät Siegen (Alemanha), que colocou em contato diferentes culturas, em contato através da então Web-Cam, participando um grupo de jovens tucanos (Mato Grosso).

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permitia a palavra ser escrita e apagada e não ser considerada uma verdade absoluta, além de permitir a escrita de um texto compartilhado.

Esse recorte de estudo voltado para estas tecnologias utilizadas na escola serve para mostrar que as novas mídias e tecnologias produzidas com outros objetivos podem ser adaptadas e utilizadas no processo de ensino e aprendizagem.

Corroborando com esses conceitos, Santiago e Rohling (2016) reiteram que os avanços da informática e o uso de computadores na escola modificam constantemente as ações dos educadores e produzem uma reflexão sobre os métodos e práticas escolares diárias. A linguagem se completa e se modifica constantemente, decorrentes de uma transformação do ser humano e de uma sociedade cada vez mais hipersemiotizada. Associar as tecnologias da informação, as mídias e suas semioses pode criar significados diversos que são influenciados pelo cruzamento de vários gêneros textuais presentes na escola. Essa multipluralidade de contextos interacionais é recorrente nas mídias digitais sociais.

2. 4 AMBIENTE VIRTUAL: PALAVRAS, IMAGENS

Por entender que, no âmbito desse Trabalho de Conclusão de Curso, o objeto de estudo é o Programa da disciplina Alfabetização e Letramento disponibilizada à turma de graduação em pedagogia da UDESC, no período 2018/ 212, busca-se coletar informações nesse ambiente da disciplina: conteúdos, atividades solicitadas, além de descrever a proposta didática.

A pesquisa consiste em um estudo descritivo de uma disciplina oferecida na modalidade a distância, tomada como um caso exemplar, com geração de dados a partir da observação do Ambiente virtual de Ensino e Aprendizagem (AVEA), focada em uma abordagem qualitativa, partindo da concepção de que ela é teoricamente interpretativa.

O estudo de caso é um tipo de pesquisa qualitativa, com ênfase maior na exploração e descrição detalhada de um determinado evento ou situação, sem a preocupação de descobrir uma verdade universal e generalizável. Suas aplicações não se restringem apenas à pesquisa, mas se estendem também à educação, como técnica de ensino e à clínica, como instrumento de trabalho. (LEFFA, 2006, p. 22)

12Ementa da disciplina: Abordagem histórica da alfabetização no contexto educacional brasileiro. A função social da escrita em uma sociedade letrada. Aquisição e desenvolvimento da linguagem. Interface entre oralidade e escrita. Produção e apropriação da leitura e da escrita na escola: uma metodologia de alfabetização a partir do texto. Didática da alfabetização. Exercício da docência no cotidiano da Educação Básica.

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Estudos dessa natureza são frequentemente utilizados em abordagens científicas, especialmente no espaço de ensino e aprendizagem, pois tendem a facultar uma melhor compreensão sobre questões que exigem um olhar mais próximo dos fenômenos em estudo. No caso e no âmbito deste estudo valeu-se da descrição13 da AVEA, focalizou-se um grupo de atividades, recursos digitais inseridos em uma plataforma especificamente.

Leffa (2006), ao tratar do tema da aprendizagem mediado pelo computador, destaca a sua interdisciplinaridade típica, uma diversidade muito grande de dados que interessam aos pesquisadores, isto é, dados escritos obtidos por meio de fóruns de discussão, redações; podem ser dados transcritos de interações como chats, videoconferências; podem ser levantamentos estatísticos com corpus de usuários; podem ser dados de áudio e vídeo gravados no computador, entre outros. Destaca, entretanto que cada dado coletado envolve indivíduos, instrumentos e procedimentos diferenciados e, por isso, metodologias diferentes.

A disciplina Alfabetização e Letramento, pensada, a saber, em quatro tópicos mais direcionados ao estudo propriamente dito, além de um tópico de apresentação, um com o cronograma de aulas, um de provas e por último o tópico ―Saiba mais‖, neste foram disponibilizados textos complementares para estudo.

O tópico ―Apresentação‖ teve como foco a introdução dos alunos na temática, por meio de um texto e um vídeo. O referido tópico teve a duração de quatro dias.

Texto explicativo:

Em sua caminhada como alfabetizador, você deverá conhecer os aspectos relacionados à língua(gem) e ao ensino. Neste sentido, ao planejarmos a disciplina de “Alfabetização e Letramento”, levamos em consideração a sua necessidade de estudar as concepções de alfabetização e letramento diante da perspectiva dos processos de aquisição/aprendizagem da leitura e da escrita.

Em um primeiro momento, você estudará as relações entre oralidade e escrita e letramento na sociedade atual numa perspectiva social de língua. Adicionalmente, você terá a oportunidade de refletir sobre as relações entre Alfabetização e Letramento e estudar as diferentes concepções e os diferentes modelos de Letramento.

Em seguida, você será apresentado às principais teorias que discutem a aquisição, a apropriação e a aprendizagem da língua oral e escrita e as possíveis contribuições dessas teorias para o processo de ensino-aprendizagem.

Num terceiro momento, você estudará pressupostos linguísticos essenciais relacionados à língua escrita e poderá perceber que a alfabetização está relacionada a um processo de aprendizagem.

Por fim, você estudará aspectos metodológicos relativos ao trabalho com alfabetização e letramento e infância. Apresentaremos a você argumentos teóricos e metodológicos para que esse processo ocorra tendo como princípio norteador as múltiplas linguagens.

Assim, nosso propósito é instrumentalizá-lo com saberes e práticas necessários no que diz respeito à tarefa de alfabetizar letrando.

Tenhamos, todos, um excelente semestre! Atividade

Assista, logo abaixo, ao vídeo "As letras falam", ouça atentamente a música e observe como são pronunciados

13

O estudo de caso descritivo tem por objetivo mostrar ao leitor uma realidade que ele não conhece. Não procura estabelecer relações de causa e efeito, mas apenas mostrar a realidade como ela é, embora os resultados possam ser usados posteriormente para a formulação de hipóteses de causa e efeito. (LEFFA, 2006, p.25)

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os sons das letras pela cantora. Depois, treine a forma como são articulados esses sons pela boca/língua. Em outras palavras, produza os grafemas (letras) e fonemas (sons) do alfabeto de nossa língua e treine a forma de reproduzi-los. Se necessário, faça esse exercício na frente do espelho.

Você irá perceber que o nome que damos as letras não corresponde aos sons que produzimos quando falamos. Este é um breve exercício que voltaremos a abordar durante este semestre

Vídeo indicado para a atividade

Link: https://youtu.be/pBsfpU9zWNI

O tópico ―Oralidade, Alfabetização, Letramento e Cultura Escrita‖ (06/08 a 19/08), com duração de duas semanas, disponibiliza um texto pequeno apresentando os objetivos e a proposta do tópico, além de indicações de leituras. Nesse tópico aparece a primeira atividade de aprendizagem com posterior avaliação.

Texto explicativo:

Este tópico apresenta as concepções e relações existentes entre oralidade, letramento e alfabetização, bem como nossa imersão em uma sociedade grafocêntrica e o papel da escola no desenvolvimento da aprendizagem da língua oral e escrita.

Objetivos: Compreender as concepções sobre oralidade, letramento e alfabetização, a fim de refletir sobre as práticas pedagógicas de ensino.

Leitura indicadas

Oralidade, Letramento e Alfabetização - (leitura básica) Arquivo

Realize a leitura deste capítulo de livro para inteirar-se sobre os conceitos de "Oralidade", "Letramento" e "Alfabetização".

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Alfabetização e Alfabetismo - (leitura complementar) Arquivo

Neste capítulo de livro você irá refletir mais profundamente sobre as diferenças entre alfabetização e alfabetismo (funcional), bem como sobre o desenvolvimento de competências de leitura e escrita.

Letramento(s) - (leitura complementar) Arquivo

Neste capítulo de livro você poderá pensar mais detalhadamente sobre os conceitos e práticas de letramento.

Base Nacional Comum Curricular - Área de Linguagens (leitura complementar) Arquivo

Este documento é parte da Base Nacional Comum Curricular, em que apresenta, e lhe trará ciência, sobre as diretrizes de ensino/aprendizagem da Área de Linguagens nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Atividade

Esta Avaliação a Distância (AD-I) refere-se ao estudo do conteúdo do Tópico 1, que foi elaborada em forma de questões que testam seu conhecimento sobre "oralidade", "escrita", "alfabetização" e "letramento". Para realizar este questionário, você pode se servir dos 4 textos indicados para leitura e consultá-los. Lembramos, ainda, que você terá duas tentativas para responder o questionário, a nota mais alta será a válida.

O tópico ―Teorias de Aquisição e Aprendizagem da Linguagem‖ (20/08 a 02/09), vale-se da mesma estrutura de apresentação de atividade anterior, com texto explicativo, leituras orientadas e atividade.

Texto explicativo:

Neste tópico, você estudará as principais teorias que discutem a aquisição, a aprendizagem e a apropriação da linguagem, bem como os reflexos desses estudos no processo de ensino e aprendizagem. Procuramos mostrar a você que pelo menos uma das teorias tem como foco, de fato, a investigação sobre como a criança adquire a linguagem, enquanto outras teorias apresentam um foco um pouco diferente, ou seja, discutem a apropriação da linguagem como um meio para se atingir um outro fenômeno de investigação.

Objetivos: Compreender a aquisição da língua materna e aquisição/aprendizagem da língua escrita como um campo próprio de estudos sobrea fala e a escrita, letramento e processos de alfabetização, para que, assim, se possa observar as concepções de ensino-aprendizagem que derivam dessas relações.

Leitura indicadas

Teorias de Aquisição/Aprendizagem da linguagem (leitura básica) Arquivo

Neste capítulo de livro você estudará as principais teorias que discutem a aquisição, a aprendizagem e a apropriação da linguagem, bem como os reflexos desses conhecimentos no processo de ensino-aprendizagem.

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 Aquisição da Linguagem Arquivo

Na unidade 1 deste material (cap. 1, 2, 3 e 4, p. 10 - 46) você irá examinar algumas propriedades distintivas das línguas humanas em comparação com os sistemas de comunicação dos animais, certas características físicas do cérebro humano e finalmente você contemplará certas abordagens conhecidas para a aquisição da linguagem: a aquisição por imitação e a aquisição por estímulo-e-resposta; mostraremos neste ponto que a linguagem infantil possui características tais que nenhuma dessas abordagens pode explicar, e que e mais adequado atribuir a criança a capacidade de formular regras (inconscientemente, e claro!) e aplicá-las nos dados da língua que ela está aprendendo.

Disponível em: https://youtu.be/oTPL5MNidQk

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Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/6912769/

Atividade

Feitas as leituras deste tópico referentes as várias hipóteses sobre aquisição da linguagem, assista aos dois vídeos e reflita: Como se dá a aquisição da linguagem? Qual a melhor teoria para explicar a aquisição da língua materna?

As crianças aprendem por imitação?

As crianças aprendem por estimulo-e-resposta? As crianças formulam regras?

Estude e analise as diferentes hipóteses sobre aquisição da linguagem para que possamos discutir sobre esse fenômeno em nossa videoconferência no dia 27/08.

Esta Avaliação a Distância (AD-II) refere-se ao estudo do conteúdo do Tópico 2, que foi elaborada em forma de 4 questões que testam seu conhecimento sobre "Aquisição/Aprendizagem da língua escrita"

Os trechos de textos que aparecem nas questões são partes integrantes do Capítulo 2 “Teorias de aquisição aprendizagem da linguagem” (SELL, 2012, p. 41-59). Faça a leitura e defina se a ideia exposta é “verdadeira” ou “falsa”: Lembramos, ainda, que você terá duas tentativas para responder o questionário, a nota mais alta será a válida para registro, seu valor é de 5,0 pontos (22,5%) e a sua conclusão será até o dia 20/09, às 23h59.

No tópico ―Aquisição, Aprendizagem da Língua Escrita: aspectos linguísticos‖ (17/09 a 30/09), o instrumento de aprendizagem continua sendo a leitura de textos orientados e, por sua vez, não disponibiliza nenhuma proposta de atividade.

Texto explicativo:

Neste tópico, você entrará em contato com os pressupostos linguísticos necessários para levar a termo a tarefa de alfabetizar, no que diz respeito a aprendizagem/aquisição da escrita e a importância da leitura para esse processo. Você estudará também alguns aspectos linguísticos relacionados à caracterização das letras e da

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escrita e do papel da ortografia no processo de alfabetização.

Objetivo: Refletir sobre o processo de aprendizagem da escrita na alfabetização, tendo como norte os pressupostos linguísticos.

Leitura indicadas

Aprendizagem da língua escrita: aspectos linguísticos (leitura básica) Arquivo

Neste capítulo, ―Aprendizagem da língua escrita: aspectos linguísticos‖, você terá a oportunidade de refletir sobre os aspectos linguísticos relacionados à aprendizagem da escrita, que são fundamentais para nortear seu trabalho como alfabetizador em sala de aula e verá que não há uma receita pronta para isso.

 Aquisição e aprendizagem: algumas observações sobre alfabetização (leitura complementar) Arquivo

Neste capítulo, "Aquisição e aprendizagem: algumas observações sobre alfabetização", fala-se brevemente da relação entre aquisição e aprendizagem abordando principalmente um problema de grande interesse para os educadores: a alfabetização. Você verá as hipóteses que o aprendiz de língua faz dependendo também da variedade do português brasileiro que ele fala. Essa discussão será seguida por outra sobre certas diferenças entre o português brasileiro e o português que a criança aprende na escola. Esta também será uma discussão breve, mas certamente abrirá novos horizontes no seu entendimento, provável presente ou futuro professor.

Não tem nenhuma atividade da sala virtual, apesar de ter previsão de um fórum de discussão para este tópico na agenda de estudos disponibilizada no início da disciplina.

No tópico ―Alfabetização e Prática Pedagógica‖ (17/09 a 30/09), o processo de aprendizagem se deu por meio da reflexão, a partir dos textos disponibilizados na plataforma com questões que nortearam essas reflexões.

Texto explicativo:

As abordagens realizadas neste tópico o auxiliarão a estudar sobre a alfabetização no contexto da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Você poderá estabelecer relações no que diz respeito às práticas educacional-pedagógicas nos contextos de vida coletiva da escola. Traremos de maneira fundamentada os conceitos de alfabetização e letramento, cruzando-os com um repertório de atividades que podem ajudar você no exercício do trabalho diário com as crianças. Sendo assim, as crianças são colocadas em lugar de destaque no que diz respeito às metodologias de ensino. Elas passam a ser concebidas como atores sociais pertencentes a grupos sociais específicos (de gênero, classe, etnia, idade etc.), sendo produtores e também produtos da história e da cultura humana.

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Objetivos: Refletir sobre a prática educacional-pedagógica com crianças nos anos iniciais da vida escolar, considerando a temática da alfabetização.

Leitura indicadas

Alfabetização e Prática Pedagógica (leitura básica) Arquivo

Neste capítulo "Alfabetização e Prática Pedagógica" você estudará sobre alfabetização no contexto da Educação Infantil e do Ensino Fundamental relacionadas as práticas educacional-pedagógicas.

A comunidade de Fala Brasileira Arquivo

Esse capítulo de livro "A comunidade de Fala Brasileira" reflete sobre a nossa língua materna e desenvolvimento da competência comunicativa do educando.

Atividade PARA REFLETIR...

Paradoxo do professor de língua materna:

a) Saber que qualquer indivíduo tem internalizada uma gramática; b) Enxergar as mudanças que vão ocorrendo na língua;

c) Ter de privilegiar a norma considerada pelo grupo social a mais adequada;

d) Reconhecer as estruturas que já não são frequentes e, ainda assim, trabalhar com elas; e) Descrever o funcionamento da língua de forma técnica.

Respeitando o vernáculo do aluno, o professor pode: a) Ensinar com bom senso a variedade de prestígio;

b) Estratégias que facilitem o aprendizado e evitem que o aluno pense que deve substituir sua variedade pela norma privilegiada;

c) Descrever a língua em suas diferentes situações de uso;

d) Levar o aluno a dominar a variedade padrão de modo que ele se instrumentalize.

Nesse momento ocorre a indicação de textos adicionais para a preparação do aluno para a prova geral. Além disso, disponibilizam um cronograma da Aula Presencial, atividades finais e prova.

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Ecologia da Escrita Arquivo Modelos de Letramento Arquivo Apropriação da Língua Arquivo BNCC (2016)

No tópico ―Aprenda mais‖ apresentam-se leituras complementares para quem quiser aprofundar mais seus conhecimentos:

Artigo: Intersubjetividade e intrassubjetividade no ato de ler: a formação de leitores na Educação Básica (CERUTTI-RIZZATTI et al, 2014) Arquivo

Livro: Inquietudes e desacordos. (BRITTO, 2012) Arquivo

Implicações éticas e políticas no ensino e na promoção da leitura (BRITTO, 2003) Arquivo Parâmetros Curriculares Nacionais Língua Portuguesa 1ª a 4ª Séries Arquivo

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil v.1 URL Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil v.2 URL Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil v.3 URL Proposta Curricular SC - 2014

.

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3. ANÁLISE: CIRCULO DE BAKHTIN E O FAZER PEDAGÓGICO

A mudança nos hábitos, costume, culturas e valores na vida dos indivíduos são provocados pela globalização, e a introdução de novas tecnologias, conforme relata Lazari (2014), contribui para alterações significativas na forma de ensinar. A Lei de Diretrizes de Bases, LDB nº9394/96, art.80, normatiza a oferta da educação à distância concedendo ao poder público a responsabilidade de incentivar seu desenvolvimento, baseado no Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172/01, que tem como meta a expansão do ensino a distancia, definida como situações de ensino/aprendizagem, abrangendo professores e alunos em ambientes e tempos que não compartilham fisicamente.

No âmbito dessas diretrizes, o objeto deste estudo é o ambiente virtual da disciplina Alfabetização e Letramento, como já dito, do Curso de Pedagogia a distância pela Universidade Estadual de Santa Catarina, inserido nessa turma de graduação em pedagogia, período 2018/2.

Refletir sobre a formação e as práticas docentes são considerados uma necessidade, pois o aluno quando aprende algo se apodera e amplia sua reflexão sobre o mundo. Dessa forma ele parte de seus conhecimentos anteriores e passa a ressignificá-los. Os Parâmetros Curriculares Nacionais são importantes como norteadores dos projetos e planejamentos dos professores e pedagogos, além da contribuição teórica do Círculo de Mikhail Bakhtin que pode nos levar a um melhor encaminhamento metodológico.

Tendo como parâmetro o Curso de Especialização Linguagens e Educação a

Distância, confirmadas com as ideias elencadas acima, pode-se perceber o quanto é

importante o processo de formação do professor, assim como a capacitação para utilizar os recursos tecnológicos como um facilitador da aprendizagem do aluno.

Valendo-se dos conceitos citados, a análise dos dados permitiu perceber que a aprendizagem e todo o processo educacional nessa disciplina foram mediados por diferentes tecnologias14 tendo a sua principal característica na mediação didático-pedagógica nos processos de ensino o uso de tecnologias digitais de informação e comunicação para o desenvolvimento de atividades de aprendizagem em lugares e tempos diferentes tanto para professores quanto para alunos. Diante do exposto, pode-se inferir que a utilização de tecnologias como elemento didático nessa modalidade de ensino é imprescindível.

14Destaca-se que em todos os tópicos o instrumento principal de aprendizagem continuou sendo a leitura de textos orientados.

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Por tratar-se se uma disciplina desenvolvida na modalidade à distância, as atividades tiveram início com um fórum15 de avisos e outro de dúvidas. Tal como mostra Lazari (2014), a regulamentação dos cursos de graduação é de responsabilidade da União, conforme define a Lei de Diretrizes e Bases em seu art. 9º, parágrafo 7°, que decreta as normas gerais. Portanto, a estrutura da Educação a distância se organiza conforme a metodologia de gestão e avaliação de forma particular, sendo obrigatório contemplar os momentos presenciais de avaliações, estágios obrigatórios, defesas de trabalhos de conclusão de curso, além do trabalho de conclusão de Curso – TCC, bem como permitir momentos de atividades em laboratórios de ensino.

Na análise dos dados, constatou-se importante desdobramento desse enfoque, pois foi possível perceber as relações estabelecidas entre os conteúdos e os recursos digitais utilizados para prender a atenção do aluno. Entre elas, merece destaque o link disponibilizado de um chat16 para ―Plantão de atendimento pedagógico‖. Aqui, compreende-se a preocupação em acompanhar de perto o aluno e promover a interação entre eles e os professores por meio de conversas em tempo real. Diante das múltiplas possibilidades que a internet nos oferece no que diz respeito à interação entre as pessoas, no ambiente virtual da disciplina, além do recurso do chat como espaço de comunicação, foi disponibilizado um ―Fórum de duvidas‖.

Hoje em dia, praticamente todos esses recursos, além de permitirem mensagens de textos, a exemplo do fórum, é também um canal de comunicação, onde se podem publicar ideias ou experiências a respeito de determinados temas, construindo junto professores e alunos novos conhecimentos.

Santiago e Rohling (2016) reiteram que se, por um lado, o surgimento de novas tecnologias contribuiu para transformar radicalmente o acesso à informação e formas de comunicação pessoal e social dos indivíduos, ocorreu um distanciamento dos meios impressos e houve uma intensificação e variação das distâncias temporais, assim como o aumento de novas possibilidades multimidiáticas e hipermidiáticas no texto eletrônico.

Com o surgimento da internet, aparecem também novas mídias, novas culturas que propiciou novos discursos e novos espaços para colaboração e participação. Por isso a importância de repensar as formas de aprendizagem, os contextos e grupos envolvidos, pois as

15Fórum de discussão é uma ferramenta para páginas de internet destinada a promover debates através de mensagens publicadas abordando uma mesma questão. Basicamente possuem duas divisões organizacionais: a primeira faz a divisão por assunto e a segunda, uma divisão em tópicos.

Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rum_de_discuss%C3%A3o

16 Chat,em português, quer dizer conversação, ou informalmente bate-papo, é um estrangeirismo que significa conversar em tempo real. Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Chat

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tecnologias mais atuais transformam e provocam mudanças na forma de olhar para o cotidiano, trabalho e as formas de aprendizagem. Tem-se uma nova dimensão da vida, uma nova visão sobre a leitura e a produção de imagens, sobre as formas de se comunicar, de relacionar-se com a família e compartilhar informações. Os indivíduos já estão acostumados com a transformação digital e ela está presente no seu dia a dia.

Nessa perspectiva Santiago e Rohling (2016) relatam que surgem novos estudos na área da linguística e dos letramentos digitais considerando os contextos comunicativos e discursivos, pois na comunicação mediada pelo computador não existe a possibilidade de separação entre os gêneros escritos e seus usuários. Pode-se usar como exemplo a rede social Facebook e o twiter, em que os usuários incorporam novas formas de escrita para diferentes propósitos e mudam seus discursos a partir de contextos ideológicos.

Feita essa breve digressão de cunho explicativo, volta-se à análise da página da disciplina. No tópico de apresentação, a proposta de atividade consistia em assistir a um vídeo que foi disponibilizado na página ―As letras falam‖. Entende-se que o vídeo se trata de uma construção verbo-visual, seguindo a teoria Bakhtiniana, à noção de gênero discursivo. A teoria de Bakhtin (2003) compreende a língua como sendo efetuada em forma de enunciados (orais e escritos) emanados de diversas esferas da atividade humana. Diante dessas multiplicidades de gêneros os professores do curso optaram por utilizar um vídeo musical com o objetivo de que os alunos percebessem como as palavras e sons possuem ligações entre si, por isso a atividade consistia em fazer uma conexão entre oralidade e escrita. Essa abordagem educativa mostra as infinitas possibilidades de manifestação e diferenciação que sofrem os gêneros discursivos nos diferentes campos, modalidades de diálogo e situações de comunicação. Um aspecto importante a ser considerado foi a possibilidade, nesse caso, de colocar os alunos em contato com estes gêneros discursivos que facultaram a intertextualidade, além de estabelecer relações intersubjetivas na sociedade, ampliando de fato, seus conhecimentos acerca dos conteúdos trabalhados.

No âmbito desses estudos, importa considerar que, na atividade interlocutiva, o conceito de dialogismo, distintamente do que se espera, não é levado em conta como uma atividade face a face, mas sim definido como uma defrontação axiológica entre dois enunciados. Fortalece essa alegação o fato, segundo Bakhtin (2003), de que os enunciados carregam significações e é a partir da interação que os indivíduos, locutor e interlocutor, assumem posições frente a valores. Nesse olhar, entra em cena a relação da alteridade, considerada elemento essencial para a constituição do sujeito. A concepção considera que é a partir da interação que o outro também participa, assumindo uma posição ativa e responsiva.

Referências

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