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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Moreno e na Farmacia Blanca Santos Alonso Burón

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Academic year: 2021

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Mariana Ferreira Fonseca i

Farmácia Moreno

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Mariana Ferreira Fonseca ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Moreno

maio de 2018 a agosto de 2018

Mariana Ferreira Fonseca

Orientador: João Alexandre Almeida

Tutor FFUP: Maria da Glória Correia da Silva Queiroz

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Mariana Ferreira Fonseca iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 26 de setembro de 2018

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Mariana Ferreira Fonseca iv

Agradecimentos

Chegando ao fim desta etapa não posso deixar de agradecer a todos os professores, funcionários e estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por terem feito destes 5 anos um caminho de crescimento não só profissional, mas acima de tudo pessoal.

Agradeço profundamente à Farmácia Moreno, nomeadamente, ao Dr. João Almeida por me ter dado, não só a possibilidade de estagiar na sua farmácia, mas também por toda a disponibilidade que demonstrou em ensinar-me, ao longo destes 3 meses. A toda a equipa da Farmácia Moreno, agradeço todos os ensinamentos e por terem sido o melhor exemplo de espírito de equipa, dinamismo, consciência social, e profissionalismo que poderia ter tido. Agradeço ainda, de forma especial, à Dra. Cátia Moreira por tudo o que me ensinou, por toda a paciência e por todo o empenho, disponibilidade e preocupação ao longo deste processo. Ao Dr. José Carlos Santos, à Dra. Filipa Araújo, à Sofia, à Dra. Rita Pinto e à Dra. Ana Rita, agradeço por me transmitirem a vontade de querer saber sempre mais e tentar fazer sempre melhor, o espírito de alegria com que contagiam quem passa pela Farmácia Moreno e todo o apoio prestado nestes meus primeiros passos como farmacêutica. A convivência com cada um ao longo destes 3 meses fez de mim uma melhor farmacêutica e sem dúvida uma melhor pessoa.

Agradeço ainda à Comissão de Estágios, em especial à Professora Doutora Glória Queiroz por toda a disponibilidade e por toda a ajuda ao longo deste processo.

Por fim, agradeço à minha família, namorado e amigos por terem feito este percurso possível, e por toda a paciência e apoio que me deram. Aos amigos que fiz na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto agradeço por terem feito destes 5 anos inesquecíveis e por me terem ajudado a crescer com todos os momentos, medos, apontamentos, lágrimas e sorrisos partilhados.

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Mariana Ferreira Fonseca v

Resumo

O estágio em farmácia comunitária é a última etapa do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. É uma etapa indispensável para o seu término pois permite a consolidação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, e permite ainda adquirir todas as competências que dizem respeito ao aconselhamento sobre o uso dos medicamentos, ao apoio e comunicação com os utentes e à contribuição para a melhoria da saúde pública. A farmácia, além de um local de saúde, é uma atividade comercial. O farmacêutico, além de respeitar os valores éticos e morais da profissão, deve ter a capacidade de fazer com que a farmácia seja um negócio sustentável e rentável do ponto de vista financeiro. O estágio foi, por isso, importante para adquirir outro tipo de competências que não adquiri durante o percurso académico como a gestão, a logística e a legislação.

O presente relatório retrata as atividades desenvolvidas durante o meu Estágio Curricular em Farmácia Comunitária. Este decorreu na Farmácia Moreno e teve a duração de 3 meses. O relatório encontra-se dividido em duas partes.

A primeira parte do relatório é dedicada ao enquadramento legal das farmácias, à descrição das atividades desenvolvidas por mim durante o estágio, à gestão e logística da FM e ao tipo de produtos e serviços que esta disponibiliza.

A segunda parte diz respeito aos temas que considerei relevante abordar durante o estágio: a proteção solar e as picadas de insetos nas crianças, a higiene do sono, e a doença venosa crónica e a doença hemorroidária.

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Mariana Ferreira Fonseca vi

Índice

Agradecimentos ... iv Resumo ... v Índice de Abreviaturas ... ix Índice de Tabelas ... x

PARTE A – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio ... 1

1. Introdução... 1

2. Farmácia Moreno ... 2

2.1. Localização e horário de funcionamento ... 2

2.2. Recursos humanos ... 2

2.3. Perfil do utente ... 2

2.4. Espaço físico e equipamentos ... 2

3. Fontes de informação ... 4

4. Gestão em farmácia comunitária ... 4

4.1. Kaizen... 4

4.2. Sistema Informático ... 5

4.3. Grupo de compras ... 5

4.4. Gestão de stocks ... 5

4.5. Fornecedores e realização de encomendas ... 6

4.5.1. Encomenda a distribuidores grossistas ... 6

4.5.2. Encomenda a laboratórios ... 7 4.6. Receção de encomendas ... 7 4.7. Marcação de preços ... 8 4.8. Armazenamento ... 8 4.9. Controlo de validades ... 9 4.10. Devoluções ... 10

5. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos ... 10

5.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 11

5.1.1. Prescrições médicas ... 11

5.1.2. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes ... 12

5.1.3. Sistema de preços de referência ... 12

5.2. Sistema de comparticipação ... 13

5.3. Conferência de receituário e faturação ... 14

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5.5. Outros produtos de saúde ... 15

5.5.1. Medicamentos de uso veterinário ... 15

5.5.2. Dispositivos médicos ... 15

5.5.3. Produtos cosméticos e higiene corporal ... 16

5.5.4. Produtos fitoterápicos ... 16

5.5.5. Suplementos alimentares ... 17

5.5.6. Medicamentos homeopáticos ... 17

5.5.7. Artigos de puericultura ... 17

6. Serviços adicionais ... 18

6.1. Medição de parâmetros biológicos ... 18

6.1.1. Medição da pressão arterial ... 18

6.1.2. Medição da glicémia ... 19

6.1.3. Determinação do perfil lipídico ... 19

6.2. VALORMED ... 20

6.3. Programa de Troca de Seringas ... 20

6.4. Promoção e educação para a saúde ... 20

7. Farmacovigilância ... 21

8. Formação complementar ... 21

PARTE B – Projetos desenvolvidos durante o estágio ... 22

1. Projeto I – Proteção solar e picadas de insetos em crianças ... 22

1.1. Proteção solar ... 22

1.1.1. Radiação solar e índice ultravioleta ... 22

1.1.2. Danos da radiação UV na pele e fotótipos de pele ... 23

1.1.3. Fotoenvelhecimento ... 24

1.1.4. Radiação UV e risco de cancro ... 24

1.1.5. Proteção solar e outras medidas preventivas ... 25

1.1.6. Tratamento das queimaduras solares ... 25

1.2. Picadas de insetos ... 26

1.3. Motivação e objetivos ... 26

1.4. Concretização ... 27

2. Projeto II – Higiene do sono... 27

2.1.1. Ciclo do sono ... 28

2.1.2. Regulação do sono ... 28

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2.1.4. Diferenças entre géneros ... 29

2.1.5. Efeitos da privação de sono ... 30

2.1.6. Insónia e as suas causas ... 30

2.1.7. Higiene do sono ... 31 2.1.8. Terapia farmacológica ... 32 2.2. Motivação e objetivos ... 34 2.3. Concretização ... 34 2.4. Resultados ... 35 2.5. Conclusão ... 36

3. Projeto III – Doença venosa e doença hemorroidária ... 36

3.1. Doença venosa ... 36 3.1.1. Fatores de risco... 37 3.1.2. Classificação... 37 3.1.3. Tratamento ... 37 3.2. Doença hemorroidária ... 39 3.2.1. Tratamento ... 40 3.3. Motivação e objetivos ... 40 3.4. Concretização ... 41 Conclusão ... 41 Referências bibliográficas ... 43 Anexos... 50

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Lista de Abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado ANF – Associação Nacional de Farmácias ARS – Administração Regional de Saúde BDZ - Benzodiazepinas

BPF – Boas Práticas Farmacêuticas CCF – Centro de Conferência de Faturas CNP – Código Nacional do Produto DCI – Denominação Comum Internacional DPOC – Doença Pulmunar Ostrutiva Crónica DVC – Doença Venosa Crónica

FEFO – First Expired First Out FIFO – First In First Out FM – Farmácia Moreno

ICSD – International Classification of Sleep Disorders

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde IUV – Índice Ultravioleta

IVA – Imposto sobre Valor Acrescido

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica NREM – Non Rapid Eye Movement

PA – Pressão Arterial PF – Preço de Faturação

PIC – Preço Inscrito na Cartonagem PVP – Preço Venda ao Público REM – Rapid Eye Movement

SGQ – Sistema de Gestão de Qualidade SNS – Serviço Nacional de Saúde

SPACV – Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular UV – Ultravioleta

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Mariana Ferreira Fonseca x

Índice de Tabelas

Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio………...……1

Tabela 2: Formações frequentadas durante o de estágio………...…………21

Tabela 3: Índice Ultravioleta………23

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PARTE A – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio

1. Introdução

Dada a sua ampla cobertura geográfica, com mais de 2.900 farmácias em Portugal [1], a atividade farmacêutica tem-se centrado cada vez mais no cidadão. As farmácias são por isso entidades essenciais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) assegurando a acessibilidade ao medicamento, a equidade na prestação de serviços de saúde de qualidade a todos os cidadãos e têm ainda um papel chave na promoção do uso responsável do medicamento. Esta proximidade ao cidadão faz com que o farmacêutico comunitário tenha uma posição privilegiada para poder contribuir em áreas como a gestão da terapêutica, administração de medicamentos, determinação de parâmetros, identificação de pessoas em risco, deteção precoce de diversas doenças e promoção de estilos de vida mais saudáveis [2]. Torna-se assim indispensável que todos os estudantes de Ciências Farmacêuticas passem pela experiência de estagiar numa farmácia comunitária antes de terminar o ciclo de estudos para que se tornem também eles próximos daquele que é o principal foco da profissão, a população.

Escolhi fazer o meu estágio na Farmácia Moreno (FM), pelo feedback de colegas que lá realizaram o estágio e que enalteceram a excelente organização e funcionamento interno, o envolvimento com a comunidade e o cuidado em garantir que os estagiários aprendam.

O estágio teve a duração de 3 meses com o total de 37,5 horas semanais. O cronograma das atividades desenvolvidas por mim durante o estágio encontra-se representado na Tabela 1.

Tabela 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio.

Atividades Maio Junho Julho Agosto

Gestão em farmácia Serviços farmacêuticos Atendimento Formações Projeto I Projeto II Projeto III

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2.Farmácia Moreno

2.1.

Localização e horário de funcionamento

A FM localiza-se no largo de S. Domingos, nº44, no Porto, desde o seu ano de abertura, em 1804. É a segunda farmácia mais antiga do Porto, tendo deste ponto de vista, uma importância histórica para a cidade. Estando localizada no centro histórico do Porto usufrui de uma atmosfera turística com uma pluralidade comercial e de serviços. É também um local com boa acessibilidade, tanto de transporte públicos como privados, devido à proximidade de transportes públicos e da estação de comboios.

Encontra-se em funcionamento todos os dias da semana, exceto aos feriados, com um horário das 9 h às 21 h. Efetua ainda serviços permanentes de acordo com a escala emitida pela Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Administração Regional de Saúde (ARS), estando a farmácia em funcionamento desde a hora de abertura até à hora de fecho do dia seguinte.

Ficou desde logo acordado que o meu horário seria das 10 h às 18:30 h com uma hora de almoço das 13 h às 14 h.

2.2.

Recursos humanos

A Direção Técnica está a cargo do Dr. João Almeida, que tem como funções coordenar e dirigir a equipa, planear a atividade da farmácia e assegurar a implementação do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). A equipa conta ainda com 5 farmacêuticos e 1 técnica de farmácia. É uma equipa jovem e dinâmica, que procura promover a saúde da comunidade e que está atenta à sua responsabilidade social, desenvolvendo inúmeras atividades dentro e fora da farmácia de cariz social e de promoção da educação para a saúde. Juntos desenvolvem um trabalho de equipa que assenta na organização, na entreajuda e na comunicação e cujo principal objetivo é oferecer um serviço de qualidade a todos os utentes.

2.3.

Perfil do utente

Devido à sua localização no centro histórico do Porto e ao crescimento exponencial do turismo na cidade, o perfil dos utentes divide-se em 2 grandes grupos, o grupo dos turistas que é um grupo bastante heterogéneo de diferentes faixas etárias, nacionalidades e necessidades, e o grupo dos residentes locais que se caracteriza por uma idade mais avançada, polimedicados e que recorrem a medicação crónica para as patologias mais comuns, como hipertensão, dislipidemias ou diabetes. Outro grupo de utentes é o dos trabalhadores/ comerciantes da zona que recorrem à farmácia para situações pontuais.

2.4.

Espaço físico e equipamentos

A FM mantem a fachada do início do século XIX que é considerada um marco arquitetónico da cidade (Anexo I). A parte exterior possui 2 montras usadas para divulgar alguns produtos,

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Mariana Ferreira Fonseca 3 normalmente, relacionados com a época do ano ou com as campanhas promocionais a decorrer. A farmácia está devidamente identificada com o vocábulo “farmácia” em diferentes idiomas e com o símbolo “cruz verde”, tem visível a identificação da direção técnica, o horário de funcionamento, serviços prestados e respetivos preços e as farmácias em regime de serviço permanente, respeitando assim a legislação em vigor [3,4]. A FM cumpre ainda as Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária (BPF) no que diz respeito à acessibilidade para todos os utentes [5].

O espaço interno encontra-se dividido em 4 pisos e possui instalações que garantem não só a segurança dos medicamentos, como também, a acessibilidade e privacidade dos utentes, seguindo assim as especificações da legislação em vigor e do manual de BPF [3-5].

No piso 0 encontra-se a área de atendimento que dispõe de 4 balcões individualizados, que permitem um atendimento mais personalizado e reservado, com lineares do lado do balcão e do lado do público, utilizados para a exposição de produtos cosméticos, de puericultura, suplementos alimentares, medicamentos para uso veterinário, produtos de higiene oral, Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), dispositivos médicos, entre outros; a zona de receção de encomendas, onde além da receção e gestão de encomendas se efetua a gestão das reservas; o armazém da medicação que contém também um frigorífico para os medicamentos do frio e o gabinete de atendimento personalizado onde se efetua a determinação de parâmetros bioquímicos e a prestação de serviços de primeiros socorros.

O piso 1 dispõe de um armazém de excedentes de produtos, um laboratório, o museu “Memórias da Pharmácia” e 2 gabinetes destinados a consultas de osteopatia, podologia e nutrição.

O museu “Memórias da Pharmácia” permite dar a conhecer não só os 200 anos de história da FM, mas também a história da farmácia em Portugal. Nele estão presentes máquinas antigas para a produção de comprimidos e fecho de frascos de xaropes, cartazes comerciais da época, cadernos com “fichas técnicas” dos medicamentos produzidos, nomeadamente do Doce Alívio®, do qual, ainda hoje, a farmácia detém a Autorização de Introdução no Mercado (AIM). O museu está disponível para visitas guiadas desde que estas sejam atempadamente marcadas.

O piso 2 é destinado aos gabinetes da administração e gestão, e também a um armazém onde é armazenado o material publicitário usado nas campanhas e nas montras. No piso 3 localiza-se outro dos gabinetes de administração e gestão e ainda a sala de convívio e alimentação. Por fim, no piso 4 encontra-se a sala de reuniões. Todos os pisos, à exceção do 0, dispõem de instalações sanitárias.

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3. Fontes de informação

A FM dispõe de uma biblioteca atualizada onde se encontram a Farmacopeia Portuguesa e o Prontuário Terapêutico, tendo este também uma versão online atualizada, seguindo assim as orientações do BPF e da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) [5,6]. Além destes, possuí ainda fontes de informação de carácter opcional, como o Formulário Galénico Português, Índex Merck, entre outros. Contudo, dado o fácil e rápido acesso à informação, o Sifarma 2000® é a fonte informativa mais utilizada na farmácia quando surge a necessidade de obter informação acerca das indicações terapêuticas, posologias e contraindicações de um medicamento. Por vezes também se recorre ao resumo das características do medicamento e ao Infomed, uma base de dados de medicamentos online criada pelo INFARMED.

4. Gestão em farmácia comunitária

A gestão assume-se como fundamental em qualquer atividade comercial, de forma a assegurar a estabilidade e sustentabilidade do negócio. Numa farmácia o desafio é ainda maior devido à componente ética que lhe está associada, uma vez que contempla a componente comercial, que é fundamental para a sua sobrevivência, e a de saúde pública, que é de máxima responsabilidade.

4.1.

Kaizen

A FM tem implementado um sistema de gestão Kaizen, um conceito japonês que significa melhoria contínua. Estas melhorias são feitas em pequena escala e por todos os elementos da equipa resultando, quando feitas com regularidade, em melhorias com grande impacto ao nível da produtividade, da eficácia, da segurança e da redução de desperdício.

No “quadro Kaizen”, que se encontra no Backoffice, estão as tarefas atribuídas a cada elemento da equipa, o estado de desenvolvimento da mesma, a missão do mês, os objetivos mensais, um calendário do mês corrente com as atividades programadas e as reuniões e há ainda um espaço disponível para divulgar diversas informações e para apresentar sugestões. A filosofia Kaizen está também presente na organização do espaço da farmácia, estando cada zona devidamente delineada e identificada, o que permite uma maior acessibilidade, organização e, por conseguinte, rentabilização do tempo. Regularmente a equipa reúne-se junto do “quadro Kaizen” e um coordenador, que é rotativo, informa a equipa do ponto de situação em relação aos objetivos e às tarefas, é também um momento para transmitir informações importantes relacionadas com a farmácia, fazer sugestões de projetos e resolver problemas em conjunto.

Foi a primeira vez que estive em contacto com este tipo de sistema e considero uma mais valia para a farmácia, uma vez que melhora a comunicação interna, mantém a organização o que

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Mariana Ferreira Fonseca 5 permite poupar recursos e rentabilizar o tempo, torna a resolução de problemas mais rápida e eficiente, assim como, garante o envolvimento e motivação de todos os intervenientes na melhoria contínua da farmácia e do serviço prestado.

4.2.

Sistema Informático

A FM utiliza como software o Sifarma 2000® em todos os seus computadores. É uma ferramenta essencial para a gestão da farmácia, uma vez que, possibilita a gestão do produto desde a sua entrada na farmácia até à sua saída, permitindo o controlo dos stocks e a gestão dos prazos de validade. Tem também um papel muito importante na otimização do atendimento dada a possibilidade de leitura de receitas médicas eletrónicas, de permitir o acompanhamento dos utentes através do registo do seu histórico e disponibilizar um acesso rápido a toda a informação sobre os medicamentos, como a indicação terapêutica, posologia, contraindicações, interações medicamentosas e efeitos adversos possíveis, auxiliando muitas vezes o farmacêutico no ato da dispensa.

4.3.

Grupo de compras

A FM está integrada num grupo de compras o que lhe possibilita a negociação mais eficiente e eficaz com laboratórios farmacêuticos e distribuidores grossistas obtendo vantagens comerciais que são fundamentais para a rentabilização das despesas, o que garante a sustentabilidade económica da farmácia.

4.4.

Gestão de stocks

A gestão de stocks é essencial para garantir a sustentabilidade da farmácia e deve garantir níveis de stocks mínimos necessários que respondam à procura dos utentes, ao mesmo tempo que deve evitar desperdícios. Se por um lado um stock elevado diminui o risco de esgotamento e aumenta a probabilidade de satisfazer o cliente e assim diminuir o risco de perda de fidelização, por outro, dificulta o controlo do stock, aumenta o risco de desperdícios e gastos com o processamento de devoluções e abates. Há alguns fatores externos que devem ser tidos em conta no processo de gestão do stock, nomeadamente, a sazonalidade, a existência de campanhas promocionais, o público-alvo, a existência de bonificações e condições de pagamento e as normas impostas pela legislação (necessidade de ter em stock, no mínimo, 3 medicamentos de cada grupo homogéneo de entre os cinco medicamentos de preço de venda ao público (PVP) mais baixo) [7]. O Sifarma 2000® tem um papel muito importante uma vez que permite o registo de todos os movimentos de um produto, desde a sua encomenda até à sua dispensa. No sistema é ainda possível estabelecer um stock máximo e mínimo para cada produto, desta forma, no momento de efetuar a encomenda, o sistema informa quais os produtos que atingiram o stock mínimo e que são necessários encomendar para repor o stock.

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Mariana Ferreira Fonseca 6 Apesar deste cuidado com a gestão de stocks, por vezes, podem surgir situações em que o stock físico não corresponde ao stock informático, nestas situações é necessário conferir o inventário e tentar encontrar o erro, registando depois num impresso que se encontra na farmácia para esse efeito, para que o stock seja depois corrigido. Os erros podem ser devidos a falhas ao nível da receção de encomendas, erros na etiquetagem, roubos ou perdas. Para que estes erros não ocorram com frequência é necessário manter a organização e o cuidado de toda a equipa desde a encomenda até à dispensa, ter atenção aos produtos que estão no linear de forma a evitar roubos e deve ainda realizar-se inventários periodicamente.

4.5.

Fornecedores e realização de encomendas

4.5.1. Encomenda a distribuidores grossistas

A FM, tal como a maioria das farmácias, trabalha maioritariamente com armazenistas de distribuição grossistas, nomeadamente a Alliance Healthcare, a Botelho e a Plural. O facto de trabalhar com mais do que um distribuidor permite diminuir a possibilidade de rutura de stock e gerir as encomendas de forma a conseguir os produtos ao melhor preço disponível entre os fornecedores.

Ter um distribuidor principal é vantajoso na mediada em que permite o acesso a produtos condicionados, diminuindo a possibilidade de rutura, um peso negocial diferenciado e garante uma resposta mais rápida, uma vez que pode aumentar o número de entregas à farmácia e até mesmo a disponibilidade de produtos.

Na FM são efetuados 3 tipos de encomendas, as diárias informatizadas, as instantâneas e manuais. As diárias informatizadas são efetuadas com base nos stocks máximos e mínimos que foram previamente introduzidos na ficha do produto no Sifarma 2000®, desta forma, o sistema informático gera uma proposta de encomenda que contém todos os produtos que atingiram o ponto de encomenda. Esta proposta de encomenda é depois analisada pelo farmacêutico responsável que pode retirar produtos, adicionar outros e alterar a quantidade a pedir, sendo depois enviada ao respetivo fornecedor. As encomendas instantâneas são feitas durante o atendimento, quando o cliente solicita um produto que não consta no stock da farmácia naquele momento. São realizadas informaticamente, sendo possível escolher o fornecedor, verificar a disponibilidade, o preço e a hora prevista de chegada à farmácia.

O Projeto Via Verde consiste num tipo especial de encomenda instantânea que é gerada para a aquisição de certos medicamentos (Spiriva®, Symbicort®, Atrovent®, Lovenox®, etc.). Nestas situações é necessário associar à encomenda um número de receita válida, a encomenda será então feita com maior rapidez pois provém de um stock destinado a satisfazer as necessidades das farmácias neste tipo de medicamentos. As encomendas podem ainda ser feitas de forma manual, por telefone, de forma a obter produtos que não aparecem disponíveis no sistema

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Mariana Ferreira Fonseca 7 informático. Estas encomendas não ficam registadas no Sifarma 2000® e por isso têm que ser criadas manualmente.

Durante o meu estágio na FM foi-me dada a oportunidade de efetuar encomendas instantâneas e manuais, as encomendas diárias, dada a sua complexidade, eram elaboradas pelos farmacêuticos responsáveis por essa tarefa.

4.5.2. Encomenda a laboratórios

Algumas encomendas são feitas diretamente ao fabricante, sendo mais frequente no caso de produtos de dermocosmética, dispositivos médicos, produtos de puericultura, entre outros. Nestes casos as encomendas são feitas via e-mail ou após uma reunião com o delegado comercial. Nestas reuniões, o farmacêutico responsável pela encomenda e o delegado comercial, através da análise de mapas de vendas da farmácia elaboram uma nota de encomenda que deve ser conferida no momento da receção da encomenda.

Estas encomendas têm a vantagem de não incluírem uma margem de lucro para o distribuidor, além disso, muitas vezes têm condições comerciais mais favoráveis uma vez que são encomendadas grandes quantidades. Têm a desvantagem de ter um tempo de entrega mais longo que a praticada pelos distribuidores grossistas.

4.6.

Receção de encomendas

As encomendas são entregues nos contentores próprios, numerados, devidamente identificados com o nome da farmácia e acompanhados de uma fatura em duplicado. Os produtos que necessitam de refrigeração são transportados em contentores térmicos, para assegurar a manutenção da cadeia de frio, e são ainda identificados com a designação “Medicamentos de frio”, de forma a serem os primeiros a ser retirados do contentor para serem colocados no frigorífico na divisão de “em espera”.

A receção de encomendas é feita no separador “Receção de Encomendas”, do Sifarma

2000®, onde estão todas as encomendas efetuadas ou pendentes, tendo cada uma o nome do

distribuidor e um número de identificação pelo qual é escolhida.

No caso das encomendas diárias ou instantâneas da Alliance a entrada é automática, ou seja, o sistema origina uma listagem dos produtos através da qual se procede à confirmação da encomenda. Deve-se conferir a quantidade dos produtos enviados, a validade e se o Preço Inscrito na Cartonagem (PIC) corresponde ao Preço de Venda ao Público (PVP) e, ainda, a existência ou não de descontos ou bonificações. Quando o PIC é diferente do PVP, e caso não exista mais nenhuma embalagem na farmácia, atualiza-se o preço no sistema. Quando existe mais alguma embalagem em stock coloca-se um elástico na embalagem nova para distinguir das que ainda têm o preço antigo. Nos produtos sem PIC deve-se, ainda, verificar a margem e ajustar se necessário.

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Mariana Ferreira Fonseca 8 Os produtos esgotados são transferidos para serem novamente encomendados. Sempre que na encomenda venha um medicamento psicotrópico, este é o primeiro a ser conferido para ser guardado de imediato no armário de estupefacientes e psicotrópicos.

As encomendas manuais e as encomendas feitas à empresa Botelho têm uma entrada manual. Primeiro, verifica-se se na mesma fatura existe mais do que uma encomenda, caso exista devem ser agrupadas sendo depois inserido o número da fatura e o respetivo valor total. Os produtos são depois inseridos um a um através do Código Nacional do Produto (CNP) ou da leitura do código de barras, confere-se o número de embalagens recebido, a validade do produto, o PIC se tiver e a margem se não tiver PIC. Depois de aprovada a encomenda, a fatura deve ser assinada e guardada no respetivo local pela pessoa que lhe deu entrada. Para os produtos de venda livre que não possuem PIC, uma vez que o PVP é definido pela farmácia, procede-se à impressão de etiquetas que são coladas nos produtos de forma a não ocultar o prazo de validade, o lote ou outras informações relevantes.

Quando as encomendas apresentam inconformidades o fornecedor é contactado e define-se a forma de reembolsar a farmácia. O fornecedor, a inconformidade, a forma de reembolso e a data são depois registadas numa ficha para o efeito.

A receção de encomendas foi uma das primeiras tarefas que executei na FM, tendo-me permitido familiarizar com o sistema informático e contactar com os produtos que diariamente chegam à farmácia. Além de que se trata de uma tarefa de extrema importância para a organização e funcionamento da farmácia.

4.7.

Marcação de preços

Após a receção da encomenda é necessário e obrigatório por lei proceder à marcação de preços, indicando o PVP na rotulagem dos medicamentos [8]. É da competência do INFARMED, a regulamentação das margens de comercialização sobre os produtos sujeitos a receita médica [9,10]. No caso dos medicamentos de venda livre o PVP é definido pela farmácia tendo em consideração o preço de fatura, a margem de comercialização e o Imposto sobre Valor Acrescido (IVA). Para estes produtos é ainda necessário proceder à impressão de etiquetas, que são coladas nos produtos de forma a não ocultar o prazo de validade, o lote ou outras informações relevantes. Em alguns casos são usadas etiquetas reglet.

4.8. Armazenamento

O armazenamento dos produtos é um ponto crucial na organização da farmácia, uma vez que, garante a conservação das propriedades dos produtos, simplifica a dispensação e facilita a gestão de stocks. Os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e alguns MNSRM estão armazenados em gavetas, por ordem alfabética e dosagem, estando agrupados por forma farmacêutica e/ou via de administração. Estão divididos em xaropes, ampolas, comprimidos,

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Mariana Ferreira Fonseca 9 injetáveis, saquetas, pomadas, tópicos, pílulas, vaginais, colírios e pomadas oftálmicas, gotas (orais e auriculares), supositórios, inaladores e antidiabéticos. Os medicamentos genéricos mais vendidos na FM estão armazenados num conjunto de gavetas à parte para que o acesso a estes seja mais rápido no momento da dispensa. Há ainda alguns medicamentos que devido à sua grande rotatividade estão em gavetas junto do balcão de atendimento. Os estupefacientes e psicotrópicos são armazenados numa gaveta à parte, com acesso condicionado.

Os medicamentos de venda livre encontram-se maioritariamente expostos atrás dos balcões de atendimento, os produtos de dermocosmética, ortopedia, veterinária, entre outros, encontram-se expostos em frente aos balcões de atendimento de forma a estarem mais acessíveis ao cliente. Nos armários da zona de receção são armazenados os excedentes de medicamentos seguindo a mesma ordem das gavetas, sendo um dos armários destinado às reservas. Nesta zona está também o frigorífico onde são armazenados os produtos de frio, estes seguem também a ordem alfabética e estão divididos em: vacinas, colírios, injetáveis e pomadas.

No Piso 1, encontram-se os excessos de produtos não medicamentosos, como fraldas, produtos de higiene, entre outros.

O armazenamento dos produtos segue sempre o princípio First Expired, First Out (FEFO), quando o produto não apresenta validade segue-se o princípio First In, First Out (FIFO), o que facilita o controlo de validades.

De forma a garantir a correta conservação dos medicamentos e produtos farmacêuticos, descritas no manual de BPF, regularmente são monitorizadas e registadas as condições de temperatura e humidade através de termo-higrómetros [5].

Esta foi uma das primeiras tarefas que realizei no meu estágio, foi bastante útil, na medida em que me permitiu familiarizar com o espaço e local de armazenamento de cada produto, o que resultou, mais tarde, aquando do atendimento, numa diminuição do tempo de espera do utente e por isso num aumento de produtividade.

4.9.

Controlo de validades

O controlo dos prazos de validade inicia-se na receção da encomenda. É necessário verificar todas as validades e retificar na ficha do produto sempre que a validade do produto a rececionar seja inferior à dos produtos em stock. Todos os produtos que cheguem à farmácia com um prazo de validade inferior a 3 meses são, imediatamente, colocados à parte para devolver, caso tenham um prazo de validade inferior a 6 meses é analisado o histórico de vendas e o stock desse produto, podendo em alguns casos permanecer na farmácia.

No final de cada mês é impressa uma listagem com os produtos em stock com validade até 6 meses. Estes produtos e o seu respetivo prazo de validade são verificados manualmente. Os que têm um prazo de validade inferior a 3 meses são colocados para devolver. Os que expirem dentro de 3 a 6 meses são marcados com uma etiqueta num local que favoreça o seu escoamento. No

(20)

Mariana Ferreira Fonseca 10 caso de o prazo de validade do produto ser maior que o indicado na ficha informática este tem que ser atualizado.

4.10. Devoluções

Na FM existe um local onde se colocam os produtos a devolver. Para que estes produtos sejam devolvidos ao respetivo fornecedor é necessário criar uma Nota de Devolução, nesta deve constar o número da fatura na qual o produto a devolver veio para a farmácia, a quantidade e o motivo da devolução. São impressas 3 vias que são carimbadas e assinadas. O original e o duplicado acompanham o produto e o triplicado é arquivado na farmácia. A maioria das devoluções são feitas porque os produtos não vieram com Preço de Faturação (PF) correto, por danos na embalagem e por terem validade inferior a 6 meses. Depois de feita a devolução o produto deixa de existir no stock, caso a devolução não seja aceite é necessário regularizar a devolução e dar quebra do produto. Quando a devolução é aceite é enviada uma nota de crédito ou existe troca do produto.

5. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos

A dispensa de medicamentos e produtos de saúde é o ato mais importante do farmacêutico em farmácia comunitária. Este ato pode ser feito perante uma prescrição médica, em regime de automedicação ou por indicação terapêutica [5]. O farmacêutico é o último profissional de saúde que contacta com o doente antes deste iniciar o regime terapêutico, assim sendo, durante a dispensa, deve avaliar a medicação dispensada com o objetivo de proteger o doente de eventuais resultados negativos associados à medicação. Compete ainda ao farmacêutico fornecer toda a informação indispensável para o uso seguro e racional dos medicamentos, estimulando também a adesão à terapêutica.

Durante os 3 meses de estágio tive a oportunidade de desenvolver competências ao nível do aconselhamento farmacêutico, tendo sido muito importante não só para aplicar em situações reais os conhecimentos adquiridos ao longo do curso e ao longo do estágio, mas também pela componente pessoal envolvida, uma vez que me deparei com utentes muito distintos, com diferentes classes sociais, faixas etárias e nacionalidades. Interagir com os utentes, perceber as suas necessidades, educar para a saúde e promover a adesão à terapêutica foram algumas das competências que desenvolvi ao longo do período de atendimento. A automedicação é uma das vertentes a que o farmacêutico deve estar atento, uma vez que, em muitos casos, a pessoa foi aconselhada por um vizinho ou amigo que pensa ter tido o mesmo problema, quando na realidade não é o que se verifica, sendo que muitas das vezes o medicamento solicitado era um MSRM. Nestes casos tentei sempre perceber os motivos do pedido de forma a indicar um MNSRM eficaz e adequado à necessidade do utente. Na dispensa de receitas médicas tentei sempre certificar-me que o doente sabia o que estava a tomar, para que estava a tomar e como tomar. Uma vez que

(21)

Mariana Ferreira Fonseca 11 notei que muitos dos utentes não sabiam essas informações acerca do produto que lhes foi prescrito, principalmente quando se tratava de medicação que nunca tinham feito.

5.1.

Medicamentos sujeitos a receita médica

Designam-se MSRM aqueles que possam constituir um risco para a saúde do doente caso sejam usados sem vigilância médica, que possam constituir um risco para a saúde quando utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daqueles a que se destina, contenham substâncias cuja atividade ou reações adversas sejam indispensáveis aprofundar, ou caso se destinem a administração parentérica. A aquisição destes medicamentos apenas pode ser realizada numa farmácia, com a apresentação de uma receita médica válida, efetuada por um profissional de saúde habilitado para o efeito [11]. Cabe ao farmacêutico verificar a validade da prescrição, dar todas as informações necessárias acerca da posologia, modo de administração, reações secundárias e outras precauções que devem ser tomadas enquanto submetido à terapêutica.

5.1.1. Prescrições médicas

A receita médica é prescrita pela Denominação Comum Internacional (DCI), dosagem, indicação da forma farmacêutica, apresentação ou tamanho da embalagem e posologia. A prescrição pelo nome comercial está reservada a situações de medicamentos sem similares ou que não tenham medicamentos genéricos similares comparticipados. O prescritor pode, ainda, acionar uma das 3 exceções que justificam a prescrição pelo nome comercial: Exceção A) medicamentos com margem ou índice terapêutico estreitos; Exceção B) suspeita de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa; Exceção C) medicamentos para tratamentos de duração superior a 28 dias [12]. Caso nenhuma das exceções acima descritas se verifique, a dispensação pode ser feita como se estivesse prescrita por DCI.

Atualmente coexistem 3 tipos de receitas, as prescrições eletrónicas desmaterializadas, eletrónicas materializadas e manuais [7]. A partir de dia 1 de abril de 2016 tornou-se obrigatória a prescrição exclusiva através de receita eletrónica desmaterializada em todo o SNS [13]. Neste caso o doente pode aceder à receita a partir da mensagem que lhe é enviada para o telemóvel ou a partir da sua página do cidadão do SNS. Na mensagem é indicado o número da receita, o código de dispensa e o código de direito de opção. Estas receitas apresentam a vantagem de o prescritor poder prescrever um número ilimitado de produtos diferentes, contudo, continua a ter uma limitação de 2 unidades de cada produto ou de 6 unidades quando se trata de um tratamento continuado e prolongado. No caso dos medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária podem ser prescritas até 4 embalagens do mesmo medicamento, ou até 12 embalagens no caso de medicamentos de longa duração. O doente tem ainda a possibilidade levantar a medicação à medida que necessita dela. Estas receitas têm uma validade de 30 dias

(22)

Mariana Ferreira Fonseca 12 desde a sua emissão para os medicamentos de tratamentos curtos e médio prazo, e de 6 meses de validade para tratamentos prolongados [7,12].

As prescrições eletrónicas materializadas podem ser renováveis, desde que contenham medicamentos destinados a tratamentos de longa duração. Estas prescrições podem ter até 3 vias e cada via da receita materializada tem um número de receita único. A validade destas receitas é de 30 dias, mas pode ser renovável até 6 meses, para tratamentos de longa duração. Em cada receita podem ser prescritos até 4 medicamentos distintos, num total de 4 embalagens por receita. No máximo, podem ser prescritas 2 embalagens por medicamento. No entanto, no caso dos medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária podem ser prescritas até 4 embalagens do mesmo medicamento, ou até 12 embalagens no caso de medicamentos destinados a tratamentos de longa duração [7,12].

As receitas manuais continuam a ser usadas nas seguintes exceções legais: falência do sistema informático, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio ou prescrição máxima de 40 receitas por mês. Estas receitas não podem ser rasuradas, escritas a caneta diferente ou lápis nem com caligrafia diferente. A receita manual só é valida se incluir número; local de prescrição, respetivo código ou vinheta; identificação do médico prescritor; nome e número de utente; número de beneficiário da entidade financeira responsável e regime especial de comparticipação, representado pela letra “R” (pensionista) e “O” (utentes abrangidos por outro regime especial de comparticipação); data e validade da prescrição e assinatura do prescritor. Não é permitido mais que uma via destas receitas, ou seja, não são renováveis [7,12].

5.1.2. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

Designam-se por medicamentos psicotrópicos e estupefacientes todos aqueles que possuem substâncias que constam na legislação em vigor [14]. Estes medicamentos exigem um controlo mais apertado, devido ao tráfico ilícito destas substâncias e ao risco de dependência. Apesar de seguirem as mesmas regras de prescrição dos restantes medicamentos, têm de ser prescritos numa receita médica isolada, no caso de a receita ser manual ou eletrónica materializada. É também obrigatória a apresentação do cartão de identificação pelo adquirente no momento da dispensa. O Sifarma 2000® solicita o preenchimento dos dados do médico prescritor (nome), dados do utente (nome e morada) e dados do adquirente (nome, morada, número de identificação pessoal, data de nascimento e validade do cartão de identificação) [12]. Após a dispensa, imprime-se o comprovativo de venda, que é agrafado a uma cópia da receita e guardado na farmácia durante 3 anos.

5.1.3. Sistema de preços de referência

No ato de dispensa, o farmacêutico deve informar o utente da existência de medicamentos genéricos pertencentes ao mesmo grupo homogéneo, isto é, com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosagem. A farmácia deve ter disponíveis, no mínimo, três de entre

(23)

Mariana Ferreira Fonseca 13 os cinco com preço mais baixo de cada grupo homogéneo, tendo o utente o direito de optar por qualquer medicamento genérico [15].

Para cada grupo homogéneo encontra-se definido um valor máximo de comparticipação (preço de referência), ficando o utente responsável pelo pagamento da diferença entre o preço de referência e o PVP. O preço de referência para cada grupo homogéneo é calculado a partir da média dos cinco PVP mais baixos [16].

5.2.

Sistemas de comparticipação

De forma a garantir a acessibilidade do medicamento a toda a população, o SNS assume o pagamento de uma parte do PVP. Esta comparticipação pode ser feita através de um regime geral ou de um regime especial [12]. No regime geral de comparticipação o estado paga uma percentagem do PVP de acordo com escalões, estabelecidos de acordo com a sua classificação farmacoterapêutica. O Escalão A, tem 90% de comparticipação, é estabelecido a medicamentos usados em afeções oculares, medicamentos antineoplásicos e imunomoduladores, etc. O Escalão B, ao qual corresponde 69% de comparticipação, é aplicado a medicamentos anti-infeciosos, do sistema nervoso central, do aparelho cardiovascular, entre outros. O Escalão C, com 37% de comparticipação, inclui os medicamentos do aparelho geniturinário, locomotor, medicação antialérgica. Por último, o Escalão D, que possui 15% de comparticipação, deste escalão fazem parte os novos medicamentos [17].

O regime especial de comparticipação é destinado a casos mais específicos, neste regime a comparticipação é feita em função do beneficiário ou em função da patologia. Tendo em conta o beneficiário, o regime abrange pensionistas com rendimento anual total igual ou inferior a 14 vezes a retribuição mínima mensal. Nestas situações as receitas manuais e eletrónicas materializadas devem apresentar um “R” junto aos dados do utente. A comparticipação é acrescida de 5% (escalão A) ou em 15% (escalões B, C e D). Pode ainda ser de 95% para todos os escalões nos medicamentos com PVP igual ou inferior ao 5º preço mais baixo do seu grupo homogéneo [12,18]. A comparticipação em regime especial de acordo com a patologia é definida por despachos próprios. Algumas patologias abrangidas por este regime são a alzheimer, a hemofilia, o lúpus, a dor oncológica, artrite reumatoide e psoríase. Os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes Mellitus são também abrangidos por um regime de comparticipação, que é de 85% do PVP nas tiras-teste e de 100% nas agulhas, lancetas e seringas. Os produtos dietéticos com carácter terapêutico são comparticipados em 100% desde que prescritos em determinados locais [12]. As câmaras expansoras também são comparticipadas, sendo esta comparticipação 80% do PVP, não podendo exceder os 28 euros e sendo limitada a uma câmara expansora por utente [19]. O SNS comparticipa, também, com uma comparticipação de 100% do PVP, os dispositivos médicos para doentes ostomizados e para doentes com incontinência ou retenção urinária [20].

(24)

Mariana Ferreira Fonseca 14 Além do SNS existem ainda subsistemas de origem privada, responsáveis por regimes de comparticipação. Alguns exemplos são: o Serviço de Assistência Médico-Social (SAMS), o CTT-Médis, SáVida, Abem, etc. Por vezes também surgem comparticipações de empresas seguradoras, como a Seguradora Fidelidade e a Tranquilidade.

5.3.

Conferência de receituário e faturação

O principal objetivo da conferência de receituário é assegurar o reembolso da comparticipação. Na FM as receitas devem ser validadas no ato de dispensa, contudo, estas voltam a ser verificadas no fim de cada mês. Confere-se a validade da receita, a assinatura do médico, se a medicação dispensada foi a correta e se a comparticipação foi feita de forma correta, se está assinada pelo utente, e se está carimbada, assinada e datada pelo responsável da dispensa. As receitas são organizadas em lotes que contêm, no máximo, 30 receitas. Estas são agrupadas de acordo com o organismo a que pertencem, como o 01 (SNS), 48 (pensionista), ou 99 (receitas eletrónicas materializadas). Sempre que um lote é validado, é impresso o verbete de identificação de lote, que discrimina o valor total das receitas, o valor da comparticipação e o valor pago pelos utentes. O verbete é depois assinado e carimbado. Por último, para cada organismo (incluindo regimes de comparticipação adicionais), é emitido um resumo de lotes e a Fatura Final do mês [21].

De modo a receber o pagamento da comparticipação, a farmácia deve enviar ao Centro de Conferência de Faturas (CCF) as receitas e respetiva documentação (informação de dispensa de prescrições desmaterializadas, fatura eletrónica mensal correspondente ao valor de comparticipação, notas de débito ou de crédito no caso de retificação de não conformidades em faturas emitidas anteriormente) até ao 10º dia do mês seguinte, em invólucro com uma etiqueta identificativa da farmácia e do número do volume face ao número total de volumes enviados. As receitas de outros organismos são entregues na mesma data à ANF. No dia 25 é comunicado o resultado do processo de conferência, se existirem erros a farmácia perde o dinheiro correspondente à comparticipação. É possível, através do portal interno, ver os erros ou as diferenças encontradas. Os documentos que possam ser corrigidos são devolvidos à farmácia e, após correção, podem ser novamente submetidos [21].

5.4.

Medicamentos não sujeitos a receita médica

São considerados MNSRM aqueles que não satisfazem nenhum requisito descrito na lei para os MSRM [11]. Estes medicamentos, normalmente, são solicitados em regime de automedicação ou por indicação farmacêutica, uma vez que, são usados para tratar ou aliviar sintomas menores, de caráter não grave e autolimitados.

A automedicação ocorre quando o tratamento medicamentoso ocorre por iniciativa do próprio utente, é muitas vezes feita de forma pouco consciente sendo por vezes desnecessária. É

(25)

Mariana Ferreira Fonseca 15 importante, por isso, que o farmacêutico oriente a utilização do medicamento solicitado, devendo inicialmente avaliar a necessidade do mesmo. Para tal é necessário que o utente seja questionado acerca do seu problema, sintomas, outros problemas de saúde e medicação habitual.

Na indicação terapêutica o farmacêutico é responsável por selecionar um MNSRM com o objetivo de aliviar ou tratar um problema de saúde ou um sintoma menor. Aquando da indicação, o farmacêutico deve recolher toda a informação necessária, como os sintomas, a duração do mesmo, problemas de saúde que o utente possa ter e restante medicação que utiliza, de forma a evitar interações indesejadas.

Durante os 3 meses de estágio na FM a maior parte dos meus atendimentos foram de indicação terapêutica para o tratamento e o alívio de sintomas menores. Dada a sazonalidade dos MNSRM, as queixas mais frequentes eram sintomas de gripe, tosse, dor de garganta, alergias e queimaduras solares. Também surgiram várias vezes pessoas com sintomas de infeções fúngicas, obstipação, diarreia, problemas de sono, azia e indigestão. Dada a existência de elevada quantidade de turistas, muitas vezes eram solicitados medicamentos que não eram comercializados em Portugal, sendo necessário encontrar uma solução equivalente dentro das opções da farmácia, sendo mais um desafio dentro do aconselhamento farmacêutico. Quando aconselhamos algum MNRM é importante saber que comorbilidades o utente tem e que medicação está a fazer. Durante o atendimento deparei-me muitas vezes com situações em que tive que adaptar o atendimento não só aos sintomas que o utente queria tratar mas também ao seu historial, nomeadamente doentes com diabetes que apresentavam irritação e infamação na garganta, em que tive que optar por formulações sem açúcar. E ainda, o caso de um senhor que pretendia um suplemento vitamínico e que mais tarde me disse que usava anticoagulantes, o que me fez alterar o suplemento, uma vez que o que tinha selecionado continha vitamina K, que reduz o efeito dos anticoagulantes.

5.5.

Outros produtos de saúde

5.5.1. Medicamentos de uso veterinário

Os medicamentos de uso veterinário são fiscalizados pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária. A legislação define estes medicamentos como todas as substâncias com propriedades curativas ou preventivas de doenças ou dos seus sintomas em animais, ou que sejam administrados com o objetivo de estabelecer um diagnóstico ou de restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas [22]. A FM possui uma secção própria para produtos veterinários, sendo os produtos mais vendidos: os desparasitantes internos e externos, produtos de higiene e desinfeção.

5.5.2. Dispositivos médicos

Designam-se dispositivos médicos todos os aparelhos, equipamentos, materiais ou artigos usados com os seguintes objetivos: diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de

(26)

Mariana Ferreira Fonseca 16 uma doença ou deficiência; estudo; substituição ou alteração da anatomia ou de processos fisiológicos; e ainda produtos usados no controlo da conceção. Todos os dispositivos médicos têm que ter marcação CE [23].

A FM possui uma grande variedade de dispositivos médicos, como preservativos, pensos, material para ostomizados, meias de compressão e de descanso, fraldas de incontinência, tiras de controlo de glicemia, lancetas, seringas, entre outros.

5.5.3. Produtos cosméticos e higiene corporal

Segundo a legislação, um produto cosmético e de higiene corporal consiste em qualquer substância ou mistura de substâncias destinada a ser colocada em contacto com diversas áreas da superfície corporal, nomeadamente epiderme, sistema piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e mucosas bucais, com o objetivo principal de limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir odores corporais [24].

É possível encontrar na FM uma vasta gama de produtos cosmético, sendo a Eucerin®, a

Caudalie® e a MartiDerm® as marcas mais trabalhadas. No que diz respeito ao cuidado capilar

destacam-se os produtos para caspa e para queda de cabelo, sendo a Ducray® a marca predominante. Na sexualidade e higiene íntima trabalha predominantemente as marcas Durex® e

Lactacyd®. A higiene oral é um dos setores em que a FM tem uma maior gama de produtos,

devido à elevada procura de escovas, colutórios e diferentes tipos de pastas de dentes.

Esta era umas das áreas sobre a qual possuía menos conhecimentos e tendo a FM uma gama alargada destes produtos comecei por estudar as várias marcas com que a farmácia trabalha o que me permitiu mais tarde um aconselhamento mais rápido, correto e completo. Tive ainda a oportunidade de participar numa formação sobre proteção solar e outros produtos da Avene® e outra formação onde foi abordada a gama de Oral Care da Pierre Fabre, ambas foram bastante úteis uma vez que me foram dados conselhos bastante práticos que pude aplicar durante o atendimento.

5.5.4. Produtos fitoterápicos

O Estatuto do Medicamento, distingue medicamentos à base de plantas, preparações à base de plantas, substâncias derivadas de plantas e medicamentos tradicionais à base de plantas. O rótulo destes produtos deve indicar a finalidade à qual se destina, a posologia e a indicação de que o utente deve consultar o médico ou farmacêutico caso os sintomas persistam ou caso ocorram efeitos secundários [11]. A FM possuí uma pequena gama destes produtos, a qual incluí chás e infusões com diferentes finalidades (perda de peso, problemas do sistema urinário, ansiedade), comprimidos com diferentes ações e xaropes para a tosse, sendo estes últimos os produtos fitoterápicos mais procurados.

(27)

Mariana Ferreira Fonseca 17 5.5.5. Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares destinam-se a completar e/ou suplementar um regime alimentar normal, constituindo fontes concentradas de determinadas substâncias como nutrientes, vitaminas, minerais, fibras e aminoácidos. O rótulo destes produtos deve ter sempre presente a designação “Suplemento Alimentar”. Além desta exigência estes produtos também não podem alegar propriedades profiláticas, de tratamento ou curativas de doenças [25].

Na FM é frequente os utentes requisitarem este tipo de produtos, as requisições mais frequentes são de suplementos para combater o cansaço mental e físico, a fadiga e a perda de memória, também é frequente a venda de suplementos de magnésio e de suplementos para a saúde dos ossos e articulações.

5.5.6. Medicamentos homeopáticos

Designam-se por medicamentos homeopáticos aqueles que são “obtidos a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, na farmacopeia oficial de um Estado Membro”. Segundo a legislação os medicamentos homeopáticos de registo simplificado (administração por via oral ou externa) têm que apresentar uma diluição que garanta a inocuidade do medicamento [11]. Apenas estão disponíveis alguns produtos homeopáticos na FM, nomeadamente o Oscilococcinum®, o Coryzalia®, o Stodal® e a Arnica dos laboratórios

Boiron®. Durante o meu estágio não registei uma grande procura deste tipo de produtos, é de

notar que a procura era feita, na sua maioria, por turistas.

5.5.7. Artigos de puericultura

É considerado artigo de puericultura “qualquer produto destinado a facilitar o sono, o relaxamento, a higiene, a alimentação e a sucção das crianças” [26]. A FM conta com uma vasta gama destes produtos, nomeadamente das marcas Mustela® e Nuk®. Na área da obstetrícia destacam-se os produtos anti-estrias, discos de silicone e discos absorventes do excesso de leite.

5.5.8. Medicamentos manipulados

Define-se por medicamento manipulado qualquer produto preparado sob responsabilidade de um farmacêutico, seja segundo receita médica ou segundo indicações de uma farmacopeia ou de um formulário [27]. Determinados medicamentos manipulados podem ser comparticipados, mediante apresentação de receita médica. Para que esta seja aceite não pode existir no mercado nenhuma especialidade farmacêutica com a mesma substância ativa, dose e forma farmacêutica.

Devido à reduzida procura não são feitos manipulados na FM, contudo a farmácia tem à disposição material, equipamento e fontes de informação necessárias à sua elaboração. Como consequência não tive oportunidade de preparar nenhum medicamento manipulado durante

(28)

Mariana Ferreira Fonseca 18 o estágio. Além disso, não procedi à dispensa de nenhum destes produtos dado que, atualmente, são pouco prescritos, o que se deve à grande variedade de formulações disponibilizadas pela indústria farmacêutica. Ainda assim foi-me demonstrado todo o procedimento referente à dispensa destes produtos.

6. Serviços adicionais

As farmácias deixaram de ser locais unicamente destinados à dispensa de medicamentos, passando a ser também promotoras de saúde e de bem-estar da população. Posteriormente, a legislação, veio permitir a prestação de serviços adicionais nas farmácias, por estarem associados à atividade e competências dos farmacêuticos. As farmácias são agora capazes de oferecer outro tipo de serviços que antes lhe estavam vedados como: o apoio domiciliário, administração de medicamentos, administração de vacinas (não incluídas no Plano Nacional de Vacinação), programas de cuidados farmacêuticos e determinação de parâmetros bioquímicos [28].

A FM oferece aos seus utentes uma vasta gama de serviços, os quais incluem: acompanhamento farmacoterapêutico; administração de injetáveis; administração de vacinas; avaliação de parâmetros bioquímicos (glucose, triglicerídeos, colesterol); avaliação do peso; avaliação da Pressão Arterial (PA); avaliação da pele; e prestação de primeiros socorros. Oferece ainda consultas especializadas de podologia, osteopatia e nutrição com profissionais especializados nestas áreas. Irei abordar apenas os serviços que são mais frequentemente solicitados e os quais tive oportunidade de realizar durante o meu estágio.

6.1. Medição de parâmetros biológicos

6.1.1. Medição da pressão arterial

Dada a acessibilidade das farmácias e o acompanhamento que o farmacêutico pode dar ao utente, este é um serviço bastante útil e que deve existir nas farmácias.

Na FM é utilizado um tensiómetro automático com braçadeira ajustável. No final de cada medição os valores são registados na ficha do respetivo utente, caso este tenha ficha no sistema, e são ainda apontados em cartões da FM desenhados para o efeito e que são oferecidos aos utentes para que estes tenham um registo regular da sua PA.

Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia os valores de PA normais são Pressão Arterial Sistólica (PAS) ≤120 mmHg e Pressão Arterial Diastólica (PAD) ≤80 mmHg. Contudo, os valores devem ser vistos em perspetiva, considerando o estado clínico e os valores de medições anteriores. A medição da PA requer alguns cuidados como: repousar 5 min antes da medição; não fumar nem beber café 1 hora antes; efetuar a medição na parte superior do braço, com a palma da mão virada para cima; não falar nem mover durante a medição; fazer pelo menos um minuto de

(29)

Mariana Ferreira Fonseca 19 pausa entre cada medição [29]. Quando os valores da primeira medição estão fora do normal, sem alarmar o utente, devemos aguardar 1 minuto e efetuar uma segunda medição.

Este é o serviço mais solicitado na FM e por isso foi aquele que tive a oportunidade de fazer mais vezes. É, na maioria das vezes, solicitado por doentes crónicos que fazem um seguimento regular ao longo do tempo, o que muitas vezes permite ajudar o médico a ajustar a dose de anti-hipertensor. Ocorreu também várias vezes ser solicitado para situações pontuais em que as pessoas não se estavam a sentir bem. No caso de os valores registados estarem acima do normal, de acordo com cada utente, recomendava algumas medidas não farmacológicas, incentivava a adesão à terapêutica e aconselhava a consultar o médico quando considerava necessário.

6.1.2. Medição da glicémia

A determinação da glicémia em pessoas diabéticas é fundamental para garantir que os valores se encontram controlados, permitindo assim saber se é necessário aumentar ou diminuir a dose de insulina, por exemplo. É também importante para despistar novos casos de diabetes.

Em jejum, os valores ≥110 mg/dl podem significar Anomalia da Glicemia em Jejum, sendo que valores ≥126 mg/dl pode ser indicativo de Diabetes. Em estado pós-prandial, valores ≥140 mg/dl sugerem uma possível anomalia designada Tolerância Diminuída à Glicose, enquanto que quando os valores são ≥200 mg/dl, associado a sintomas clássicos, trata-se de diabetes [30]. Caso se verifiquem valores anormais durante a medição, deve-se reencaminhar o utente ao médico para a realização de exames que completem o diagnóstico, deve ainda recomendar-se medidas não farmacológicas como a prática de exercício físico e mudanças nos hábitos alimentares.

Para a medição da glicémia a FM dispõe de um glicómetro, lancetas e tiras diabéticas.

6.1.3. Determinação do perfil lipídico

Para a determinação do colesterol não é necessária nenhuma preparação. O valor é considerado normal se for ≤190 mg/dl, contudo é necessário ter em atenção que esta determinação apenas permite medir o colesterol total. Já para a determinação dos valores de triglicerídeos é necessário um jejum de 12 horas e os valores são considerados normais quando são ≤150 mg/dl [31].

Sempre que as medições registem valores que não se encontram dentro dos valores de referência deve-se sugerir ao utente que marque consulta com o seu médico e devem ainda ser recomendadas algumas medidas não farmacológicas como a prática de exercício físico e mudanças ao nível da dieta.

6.1.4. Determinação do Índice de Massa Corporal (IMC)

A OMS considerou a obesidade como uma epidemiologia do século XXI. Além de um problema estético, a obesidade, é, acima de tudo, um importante fator de risco para o aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças. Associa-se a um grande

(30)

Mariana Ferreira Fonseca 20 número de co-morbilidades, assim como a uma redução da esperança de vida. O IMC é uma medida internacional do grau de obesidade de uma pessoa. É calculado a partir do peso e da altura de cada pessoa, sendo considerado normal quando está entre 18,5 e 24,9, acima de 30,0 é considerado obeso [29]. A FM dispõe de uma balança que permite obter este valor.

6.2. VALORMED

Os medicamentos estão associados a um elevado impacto ambiental, pelo que lhes deve ser dado um destino próprio quando estes já não são utilizados ou quando o seu prazo de validade foi ultrapassado. A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que trabalha em parceria com as farmácias, distribuidores e indústria farmacêutica, e que tem como responsabilidade a gestão dos resíduos dos medicamentos fora de uso e das embalagens vazias [31]. Cabe às farmácias sensibilizar as pessoas para que rejeitem os medicamentos fora de uso e as embalagens vazias nos contentores que estão nas farmácias.

Na FM existe um contentor na zona de atendimento, quando este está cheio é fechado, rotulado e é posteriormente levado pelos distribuidores de medicamentos. De forma a sensibilizar os utentes para que deixem os medicamentos fora de uso e as embalagens nos contentores, a FM associou a causa ambiental à social, comprometendo-se a oferecer bens de primeira necessidade a uma instituição em troca dos medicamentos e embalagens que cada pessoa deixava no contentor VALORMED.

6.3. Programa de Troca de Seringas

O Programa de Troca de Seringas é uma iniciativa que foi criada em 1993 e que tem como objetivo a prevenção da transmissão de infeções pelo VIH e pelos vírus das Hepatites B e C, por via sexual, endovenosa e parentérica, nas pessoas que utilizam drogas injetáveis. Esta iniciativa contribui para o bem-estar social e ambiental, evitando, assim, o abandono e reutilização de seringas ao recolhê-las para destruição [32]. O kit é constituído por duas seringas, dois toalhetes desinfetantes, um preservativo, duas ampolas de água bidestilada, dois filtros, dois recipientes para preparação da substância, duas carteiras de ácido cítrico e um folheto informativo sobre o programa.

Durante o estágio tive a oportunidade de contactar com este programa de perto, já que, dada a localização da FM, este serviço era muitas vezes solicitado. Durante a entrega dos kits tentei sensibilizar para importância de trazerem sempre as seringas para rejeitar no contentor, uma vez que se trata de um programa de troca.

6.4. Promoção e educação para a saúde

A FM desempenha um papel ativo na comunidade em que está inserida, tendo várias parcerias com instituições e um vasto programa de atividades de promoção e educação para a saúde.

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