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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Brito e no Hôpital Universitaire Pitié-Salpêtrière

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Academic year: 2021

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Farmácia Brito

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Brito

maio de 2018 a agosto de 2018

Catarina Isabel Ribeiro Pinto

Orientador: Dr.(a) Sílvia Maria Matos Barros Ferraz

Tutor FFUP: Prof. Dr.(a) Maria da Glória Correia da Silva Queiroz

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I

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro

curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores

(afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e

encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com

as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui

um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 12 de setembro de 2018

Catarina Isabel Ribeiro Pinto

(4)

II

AGRADECIMENTOS

Após cinco anos de muitas experiências, algumas positivas, outras menos positivas, terminou mais uma etapa, o estágio profissionalizante em farmácia comunitária.

Quero agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a todos os docentes que acompanharam o meu percurso académico, mas principalmente à minha tutora, Prof. Dr.ª Glória Queiroz, que me acompanhou ao longo do estágio.

Agradeço à minha orientadora, Dr.ª Sílvia Ferraz, o apoio incondicional prestado ao longo destes meses de estágio, a disponibilidade e simpatia com que sempre que recebeu.

Um agradecimento do fundo do coração a toda a equipa, pela rápida integração, pela paciência e compreensão, pela simpatia, pelo profissionalismo, pela disponibilidade constante em responder a todas as minhas questões, transmitindo conhecimentos fundamentais para o meu crescimento profissional. De um modo especial quero agradecer à Dr.ª Sandra Casanova, à Dr.ª Sandra Dias e à Dr.ª Raquel Ramalheira, pela amizade e pelo apoio incondicional que permitiu enriquecer a minha experiência enquanto estagiária. Agora, finalizado o estágio, terei esta magnífica equipa em boa recordação para toda a vida.

À minha família, aos meus pais, aos meus irmãos e ao meu avô, agradeço o facto de me acompanharem em todas as minhas decisões e me proporcionarem as condições necessárias à realização deste estágio.

Às minhas amigas, que nos últimos anos me acompanharam, nos bons e maus momentos, e que me permitirão recordar com carinho momentos inesquecíveis.

Ao meu namorado, Gonçalo Ruas, pelo apoio incondicional, pelo carinho e dedicação. Agradeço-lhe por estar sempre lá para mim.

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III

RESUMO

O presente relatório pretende descrever os três meses de estágio profissionalizante em farmácia comunitária, na Farmácia Brito em Ponte de Lima.

Este relatório encontra-se dividido em duas partes: a primeira parte descreve as atividades desenvolvidos durante o estágio e a segunda parte os projetos de intervenção farmacêutica desenvolvidos na Farmácia Brito.

Ao longo da primeira parte encontram-se descritas as principais atividades farmacêuticas desenvolvidas durante os três meses de estágio. Inicialmente, houve contacto com a gestão farmacêutica subjacente à prática farmacêutica, como a gestão de encomendas, armazenamento dos produtos/medicamentos, gestão de stock, controlo de prazos de validade e gestão de devoluções. Posteriormente, iniciou-se o atendimento ao público (interpretação, validação e dispensa de receituário), aconselhamento farmacêutico e medição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos.

Na segunda parte estão descritos os projetos de intervenção farmacêutica desenvolvidos durante o estágio em função das necessidades demonstradas pela população. Foram desenvolvidos dois projetos, o primeiro diz respeito à “Diabetes Mellitus e Doença Periodontal”, fornecendo informação científica acerca destas patologias e sua relação causal; o segundo aos “Cuidados Farmacêuticos na Asma”, cuja intervenção se baseou na realização de um Teste de Controlo da Asma para posterior análise do controlo da doença nos utentes da Farmácia Brito, complementando com a prestação de informação adequada sobre a asma, bem como a correta utilização dos dispositivos inalatórios.

A realização destes projetos teve um impacto positivo enquanto farmacêutica, permitindo a consolidação de conhecimentos e uma maior acuidade não só a nível profissional como pessoal.

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IV

ABREVIATURAS

AVC Acidente Vascular Cerebral

BDNP Base de Dados de Nacional de Prescrições

CCF Centro de Conferência de Faturas

CF Contagem Física

CIM Centro de Informação do Medicamento

CNP Código Nacional Terapêutico

CT Colesterol Total

DCI Denominação Comum Internacional

DCV Doença Cardiovascular

DM Diabetes Mellitus

DM1 Diabetes Mellitus tipo 1

DM2 Diabetes Mellitus tipo 2

DP Doença Periodontal

EAM Enfarte Agudo do Miocárdio

FB Farmácia Brito

IMC Índice de Massa Corporal

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. IRC Insuficiência Renal Crónica

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

MG Medicamento Genérico

MM Medicamento Manipulado

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

PA Pressão Arterial

PC Preço de Custo

PIC Preço Inscrito na Cartonagem

PNV Plano Nacional de Vacinação

PV Prazo de Validade

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

RAM Reação Adversa ao Medicamento

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V

ÍNDICE

Parte I – Atividades Desenvolvidas no Estágio ... 1 

1.  Introdução ... 1 

2.  Plano de atividades desenvoldidas ... 1 

3.  Apresentação e Organização da Farmácia Brito ... 2 

3.1.  Espaço Físico ... 2 

3.1.1. Espaço exterior ... 2 

3.1.2. Espaço interior ... 3 

Zona de atendimento ao público ... 3 

Gabinete para atendimento personalizado ... 4 

Zona de armazenamento de medicamentos ... 4 

Zona de receção e conferência de encomendas ... 5 

Laboratório ... 5  Biblioteca/Escritório ... 5  3.2.  Recursos Humanos ... 5  3.3.  Sistemas Informáticos ... 6  3.4.  Fontes de Informação ... 6  3.5.  Filosofia Kaizen ... 7  4.  Encomendas e Aprovisionamento ... 7  4.1.  Gestão de stocks ... 7  4.2.  Fornecedores e Encomendas ... 8 

4.3.  Criar, rececionar e conferir encomendas ... 9 

4.4.  Armazenamento ... 10 

4.5.  Controlo de Prazos de validade e Contagem física de existências ... 11 

4.6.  Devoluções ... 11 

5.  Dispensa de medicamentos e Produtos Farmacêuticos ... 12 

5.1.  Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) ... 12 

5.1.1. Medicamentos sujeitos a legislação especial ... 12 

5.1.2. Receituário – interpretação, validação e dispensa ... 13 

5.1.3. Regimes de comparticipação ... 14 

5.1.4. Conferência do receituário e faturação ... 16 

5.2.  Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF) ... 17 

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VI

5.2.1. Produtos Fitoterápicos ... 18 

5.2.2. Produtos dietéticos e para alimentação especial ... 18 

5.2.3. Suplementos alimentares ... 19 

5.2.4. Medicamentos para uso veterinário ... 19 

5.2.5. Produtos cosméticos, de higiene e dermofarmacêuticos ... 19 

5.2.6. Dispositivos médicos ... 20 

5.3.  Aconselhamento farmacêutico ... 20 

6.  Serviços farmacêuticos ... 21 

6.1.  Determinação de parâmetros fisiológicos ... 21 

6.2.  Determinação e parâmetros bioquímicos ... 22 

6.3.  Outros serviços ... 22 

7.  Farmacovigilância ... 23 

8.  VALORMED ... 23 

9.  Formação contínua ... 23 

10. Eau thermale Avène ... 24 

Parte II – Temas desenvolvidos durante o estágio ... 25 

1.  Diabetes Mellitus e Doença Periodontal ... 25 

1.1.  Enquadramento ... 25  1.2.  Objetivos ... 25  1.3.  Métodos ... 25  1.4.  Fundamento teórico ... 26  1.4.1. Diabetes Mellitus ... 26  1.4.2. Epidemiologia ... 26  1.4.3. Fisiopatologia ... 26 

1.4.4. Diabetes Mellitus tipo 1 ... 27 

1.4.5. Diabetes Mellitus tipo 2 ... 28 

1.4.6. Complicações ... 29  1.4.6.1.  Sistémicas ... 29  1.4.6.2.  Orais ... 30  1.4.7. Doença Periodontal ... 30  1.4.7.1.  Sinais e Sintomas ... 31  1.4.7.2.  Complicações sistémicas ... 32 

1.4.8. Cuidados de higiene oral ... 32 

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VII

2.  Cuidados farmacêuticos na asma ... 34 

2.1.  Enquadramento ... 34  2.2.  Objetivos ... 35  2.3.  Métodos ... 35  2.4.  Fundamento teórico ... 36  2.4.1. Asma ... 36  2.4.2. Epidemiologia ... 36  2.4.3. Fisiopatologia ... 37  2.4.4. Fatores de Risco ... 37 

2.4.5. Terapêutica Farmacológica e/ou não farmacológica ... 37 

2.5.  Resultados e discussão ... 39 

2.6.  Conclusão ... 41 

Referências ... 43 

Anexos ... 46 

Anexo I – Apresentação do tema “Diverte-te ao Sol”. ... 46 

Anexo II – Folheto informativo disponibilizado aos utentes diabéticos da FB sobre o tema “Diabetes Mellitus e Doença Periodontal”. ... 47 

Anexo III – Folheto informativo disponibilizado aos utentes asmáticos da FB sobre o tema “Cuidados Farmacêuticos na Asma”. ... 48 

Anexo IV – Teste de Controlo da Asma realizado aos doentes asmáticos da FB. ... 50 

(10)

VIII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição dos doentes asmáticos por género. ... 39 

Figura 2 - Distribuição dos doentes asmáticos por faixa etária. ... 39 

Figura 3 - Distribuição da pontuação obtida na Pergunta 1. ... 40 

Figura 4 - Distribuição da pontuação obtida na Pergunta 2. ... 40 

Figura 5 - Distribuição da pontuação obtida na Pergunta 3. ... 40 

Figura 6 - Distribuição da pontuação obtida na Pergunta 4. ... 41 

Figura 7 - Distribuição da pontuação obtida na Pergunta 5. ... 41 

Figura 8 - Distribuição da pontuação global do ACT. ... 41 

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio ... 1 

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1

PARTE I – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO

1. INTRODUÇÃO

O estágio profissionalizante em farmácia comunitária surge no último semestre do programa curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêutica, cujo objetivo é garantir formação adequada ao exercício farmacêutico, capacitando o estudante no desempenho da profissão de forma competente e responsável.

Este estágio corresponde ao primeiro contacto dos estudantes com o mercado de trabalho, permitindo aplicar conhecimentos teóricos adquiridos ao longo dos cinco anos de curso e obter competências técnicas e exigências deontológicas da profissão, de acordo com a realidade das farmácias comunitárias em Portugal.

A farmácia comunitária é um espaço dinâmico que se carateriza pela prestação de cuidados de saúde, assumindo um papel fulcral na promoção de qualidade de vida e bem-estar da população.

O farmacêutico comunitário surge como a ponte de ligação médico/utente, dada a sua proximidade e fácil acesso aos utentes. Compete-lhe sensibilizar os utentes para a adoção de um estilo de vida saudável, garantir uma gestão adequada da terapêutica, através do uso racional do medicamento, assim como alertar para a possibilidade de efeitos adversos da medicação.

Ao longo dos três meses de estágio foi possível aplicar alguns conhecimentos teóricos adquiridos durante o percurso académico, mas essencialmente obter capacidades técnicas para a prática profissional, como organizar o discurso no contacto com o público, transmitindo a informação de forma sucinta e clara de modo a proporcionar o melhor aconselhamento possível.

2. PLANO DE ATIVIDADES DESENVOLDIDAS

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio Período de Estágio

(semanas)

Atividades

Maio Junho Julho Agosto

10ª 11ª 12ª 13ª Receção e conferência de encomendas Armazenamento e reposição de produtos Gestão de Devoluções Medição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos Atendimento ao público

*

**

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2

3. APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA BRITO

A Farmácia Brito (FB) localiza-se na Rua do Souto, n.º 70, 4990-107, em Ponte de Lima, e foi fundada em 1908 por Júlio José Brito. Há 110 anos que está na mesma família e, atualmente, está sob a gerência do bisneto, farmacêutico, Dr. Bernardo Brito. A direção técnica é assegurada pela Dr.ª Sílvia Ferraz.

O horário de atendimento é das 08:30 h às 22:00 h nos dias úteis e das 09:00 h às 13:00 h aos sábados. Aos domingos e dias feriados, a FB encontra-se encerrada, de acordo a legislação [1]. Periodicamente, a farmácia encontra-se aberta ao público durante 24 horas, fazendo, para além do horário habitual, o serviço noturno, de acordo com o calendário mensal das farmácias de serviço permanente.

A FB é frequentada por uma população diversificada, na sua maioria população idosa (60 e 80 anos). Contudo, existe um elevado número de utentes peregrinos rumo a Santiago de Compostela (Espanha) que procuram aconselhamento nesta farmácia. A maior afluência de pessoas à FB ocorre durante o período da manhã, principalmente nas segundas-feiras de Feira Quinzenal em Ponte de Lima.

Durante o período de estágio, o meu horário habitual foi de segunda a sexta-feira das 09:00 h às 18:00 h.

O espaço físico da FB cumpre todos os requisitos legais [2] e nas Boas Práticas Farmacêuticas para Farmácia Comunitária [3].

Na parte exterior da FB, é visível uma placa em madeira com a designação “PHARMÁCIA BRITO” e uma “cruz verde”, que permanece iluminada durante as noites de serviço permanente.

No exterior da FB, na fachada, existem informações aos utentes colocadas de forma bem visível, como o nome da farmácia e do Diretor Técnico, o horário de funcionamento, as escalas de turno das farmácias do município em regime permanente/disponibilidade, bem como a sua respetiva localização e contacto telefónico. Existem, ainda, informações relativas às consultas de nutrição prestadas na FB.

Em redor do edifício, existem sete montras (4 frontais e 3 laterais) de exposição de produtos e fixação de cartazes promocionais/informativos, cuja finalidade é desencadear maior afinidade dos utentes à farmácia.

Na zona lateral da farmácia, existe um dispositivo automático para aquisição de preservativos CONTROL®.

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3

A entrada destinada ao público está instalada ao mesmo nível da rua e é constituída por um espaço de resguarde para os utentes e um sistema de portas deslizante, garantindo o acesso facilitado a todos os utentes (crianças, idosos e portadores de deficiência). Existe uma segunda entrada na FB destinada à receção de encomendas.

O espaço interior da FB apresenta um ambiente profissional, calmo, iluminado e devidamente ventilado, garantindo a criação de ótimas condições para uma comunicação eficaz com os utentes. Toda esta área interior está equipada com um sistema de videovigilância, visivelmente assinalado.

A FB é constituída por uma área distribuída em 4 pisos. No piso 0 (entrada da farmácia) estão localizadas a zona de atendimento ao público, a zona de receção e conferência de encomendas, o armazém, instalações sanitárias e o gabinete de atendimento personalizado. No piso -1, encontra-se o laboratório. No piso 1, encontra-se o escritório/biblioteca e um segundo armazém, destinado ao armazenamento de excedentes. No piso 2 é possível observar uma área de armazenamento de excedentes e a zona de recolhimento que é utilizada pelo indivíduo que pernoita na farmácia quando esta está de serviço.

Zona de atendimento ao público

No piso 0 encontra-se a zona de atendimento ao público, onde existe novamente uma inscrição com a identificação da farmácia e da direção técnica. Esta zona é constituída por quatro balcões de atendimento farmacêutico. Cada balcão está equipado com computador, impressora apropriada para impressão do verso das receitas manuais, leitor de códigos de barras, leitor de cartão cidadão e um pequeno expositor para produtos farmacêuticos com campanhas promocionais.

Atrás dos balcões de atendimento, encontram-se três armários da época de 1908, onde estão expostos produtos de uso veterinário, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), de acordo com a sazonalidade), alguns suplementos alimentares e produtos de nutrição. Na lateral dos balcões de atendimento existe uma balança eletrónica para medições de peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC).

Na região central da zona de atendimento existem alguns expositores móveis, destinados à exposição de produtos de elevada rotatividade e de acordo com a época do ano.Nas laterais da FB estão expostos produtos de higiene oral, produtos capilares, artigos de puericultura e MNSRM, sofrendo alterações de acordo com a sazonalidade. Existe, ainda, um expositor de produtos de podologia, atendendo às necessidades dos utentes peregrinos de Santiago de Compostela, permitindo um melhor cuidado dos pés e ajudar à caminhada.

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4

A FB dispõe de um espaço destinado à exposição de produtos de dermofarmácia e cosmética (organizado por marcas) e de produtos para crianças e bebés, permitindo aos utentes um acesso facilitado a várias gamas de produtos farmacêuticos. Existe um pequeno espaço infantil próximo dos produtos para cuidado das crianças e bebés.

Gabinete para atendimento personalizado

Ainda na zona de atendimento ao público, a FB dispõe de um gabinete para atendimento personalizado, permitindo uma comunicação mais confidencial, com privacidade adequada. Habitualmente, este espaço é utilizado para realização das medições dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos, administração de injetáveis e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação (PNV) e, bem como a realização de rastreios. Encontra-se, ainda, uma marquesa para prestação de primeiros socorros, garantindo um melhor cuidado farmacêutico ao utente em situações específicas.

Zona de armazenamento de medicamentos

Nesta zona encontram-se armazenados todos os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), alguns MNSRM, Dispositivos Médicos, Preparações para Colonoscopia e outros produtos de saúde.

Os MSRM e os MNSRM são armazenados em gavetas metálicas e em prateleiras, organizados por ordem alfabética, de acordo com o nome comercial e por ordem decrescente de dosagem. Os Medicamentos Genéricos (MG) são armazenados, também, em gavetas metálicas e prateleiras. Estes encontram-se organizados por ordem alfabética de acordo com a Denominação Comum Internacional (DCI) da substância ativa. Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes encontram-se numa gaveta separada, garantindo maior segurança. Os produtos incluídos no Protocolo da Diabetes Mellitus, como tiras teste e lancetas, estão armazenados numa gaveta separada.

Os medicamentos destinados à administração oral e cuja forma farmacêutica é liquida, como xaropes, suspensões, ampolas ou soluções de grande volume são armazenados em armários com prateleiras, assim como os medicamentos para uso externo, como pomadas, cremes ou géis cutâneos. Por baixo destes armários, encontram-se gavetas devidamente identificadas com produtos diversos, como antiácidos, antigripais, cremes hidratantes para as mãos, sticks labiais, tampões, material de penso, vaselina, repelentes, termómetros, entre outros.

Os medicamentos que necessitam de ser armazenados entre 2 a 8ºC são colocados num frigorífico devidamente equipado com um controlador da temperatura, sendo exemplos destes produtos as vacinas (Rotateq® e Bexsero®) e as insulinas (Levemir®, Humalog® ou Abasaglar®).

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Existem, ainda, outros armários para armazenamento de dispositivos médicos (meias de compressão e de descanso), líquidos de uso externo para higiene íntima, desinfeção e cuidados capilares, seringas, produtos de uso veterinário, material de penso, entre outros.

Zona de receção e conferência de encomendas

A zona de receção de encomendas localiza-se na parte de trás da FB, junto do armazém, e está esquipada com um computador, um leitor de códigos de barras, uma impressora, telefone e um balcão para colocar os produtos farmacêuticos, durante e após receção e conferência das encomendas.

Laboratório

No piso -1 encontra-se o laboratório. Este espaço destina-se ao armazenamento de matérias-primas e de materiais destinados à preparação de manipulados que não necessitem de condições estéreis aquando da produção. No entanto, é de salientar que na FB, atualmente, não se prepara nenhum Medicamento Manipulado (MM), sendo estes encomendados a outra farmácia.

Biblioteca/Escritório

No piso 1 localiza-se a biblioteca/escritório. É o local onde se realizam as reuniões com os delegados de informação médica ou delegados de vendas. Este espaço está destinado à gestão e administração da FB e é onde se encontram as fontes de informação.

Ainda neste piso, existem três divisões para armazenamento de excedentes, sendo uma destinada a MSRM, MNSRM e MG, outra destinada a produtos de higiene oral, protetores solares, leites e farinhas e outra para produtos de dermocosmética, artigos de puericultura e brinquedos.

O farmacêutico é o profissional de saúde responsável por assegurar que a população recebe um benefício terapêutico máximo resultante do tratamento farmacológico instituído. Assim, é da sua responsabilidade a prestação de cuidados de saúde adequados no que diz respeito à manipulação e uso racional dos medicamentos e à avaliação dos seus efeitos.

A FB é composta por uma equipa diversificada de profissionais competentes, que procuram garantir um atendimento eficiente e de qualidade, em resposta às necessidades e exigências dos utentes. O proprietário é o Dr. Bernardo Brito. A constituição da equipa da FB encontra-se descrita naTabela 2.

Os horários de trabalho são distribuídos por turnos, à exceção da auxiliar de limpeza, cumprindo as oito horas de trabalho diárias e garantindo a presença de pelo menos um farmacêutico.

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Tabela 2 - Equipa da Farmácia Brito e respetivas funções

FUNÇÃO: NOME:

Proprietário Dr. Bernardo Brito

Diretora Técnica Dr.ª Sílvia Ferraz

Farmacêuticas Substitutas

Dr.ª Susana Guerra Dr.ª Sandra Casanova Dr.ª Sandra Dias

Farmacêutica Dr.ª Raquel Ramalheira

Ajudante Técnico Sr. João Pimenta Sr. Luís Vale

A utilização de um sistema informático é fundamental para a gestão farmacêutica em Farmácia Comunitária, pois reduz a complexidade da dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos, facilita a gestão de stock e de encomendas e auxilia no aconselhamento ao utente no momento da dispensa.

O software utilizado pela FB é o SIFARMA 2000, desenvolvido pela Glintt e distribuído pela Associação Nacional de Farmácias.

O SIFARMA 2000 é um software informático útil na gestão farmacêutica, pois possui um vasto suporte de informação a nível comercial e, essencialmente, a nível científico. Cada produto, na sua ficha, possui informações científicas de fácil e rápido acesso acerca de indicações terapêuticas, posologia, interações medicamentosas, entre outras, que auxiliam o farmacêutico no momento da dispensa. Este sistema permite organizar o receituário manual em lotes de 30 receitas, separadas pelo organismo comparticipador. Por sua vez, também garante um controlo rigoroso na receção e na dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, permitindo o registo de toda a informação obrigatória, sendo este software reconhecido pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) [4].

Durante o período de estágio, tive a oportunidade de explorar todas as funcionalidades deste sistema, adquirindo capacidades e competências ao nível da farmácia de oficina. Por sua vez, também a trabalhar uma nova versão do SIFARMA, que está em ensaio em algumas farmácias e que, provavelmente, virá substituir a versão do SIFARMA 2000. Ao nível desta versão, apenas estavam disponíveis a dispensa de medicamentos e/ou produtos farmacêuticos com ou sem comparticipação, no qual já era possível fazer a regularização de vendas suspensas.

A FB dispõe de bibliografia obrigatória para consulta de toda a equipa, o Prontuário Terapêutico e o Resumo das Caraterísticas do Medicamento [2]. Para além das publicações

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obrigatórias, existem, ainda, a Farmacopeia Portuguesa, o Índice Nacional Terapêutico, o Formulário Galénico Português e o Direito Farmacêutico.

Durante o atendimento ao utente, a principal fonte de informação é o SIFARMA 2000, que tem disponível, na ficha de cada produto, informação científica acerca de indicações terapêuticas, posologias, interações medicamentosas, reações adversas, o que facilita o aconselhamento farmacêutico no momento da dispensa. É possível, ainda, aceder facilmente a sites de referência como o site do INFARMED, da ANF, do Centro de Informação do Medicamento da Ordem dos Farmacêuticos.

A metodologia Kaizen consiste na prática da melhoria contínua dos processos de gestão e constitui um pilar importante na estratégia competitiva de diversas organizações. Esta filosofia envolve todos os profissionais que constituem a equipa e visa orientar a mesma para a redução dos custos e a maximização da produtividade e da rentabilidade da farmácia. A filosofia Kaizen foi implementada na FB com a execução de algumas estratégias de gestão, como a realização de reuniões rápidas, em pé, cujo objetivo é a monitorização dos objetivos previamente definidos e a implementação de novos objetivos, pretendendo, a longo prazo, atingir resultados mais competitivos, assim como delimitar zonas com fitas de cores diferentes para a colocação de determinados objetos.

4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO

O stock corresponde à quantidade de produtos (medicamentos e produtos farmacêuticos) armazenados e disponíveis para dispensa ao utente, num determinado momento.

A gestão de stocks é fundamental para a manutenção da viabilidade e rentabilidade financeira da farmácia. Os níveis de stock de uma farmácia requerem um controlo rigoroso, de forma a evitar ruturas de stock, que pode influenciar a fidelização do utente à farmácia. Pelo contrário, níveis elevados de stock implicam imobilização de capital com possíveis perdas, no caso de produtos que não são escoados em tempo útil, para além de ocupação desnecessário no espaço de armazenamento. Neste sentido, atualmente, as farmácias não possuem grandes quantidades de stock, relacionado, também, com a eficiente capacidade de resposta apresentada pelos fornecedores.

Na FB, cada produto tem um stock mínimo e máximo pré-estabelecido, que pode sofrer alterações de acordo com a rotatividade de cada produto em específico, não havendo valores fixos.

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Estes valores são estabelecidos em função da rotação do stock que é avaliada pela relação compra/venda de um produto, num determinado período de tempo.

A aquisição dos produtos farmacêuticos é realizada pelo diretor técnico ou por um farmacêutico responsável. Aquando da realização das encomendas, é efetuada uma análise criteriosa das condições oferecidas pelos armazenistas/laboratórios, dos produtos e quantidades a adquirir, procurando obter as melhores condições comerciais, garantir a qualidade e cumprir os requisitos legais estabelecidos, considerando as oscilações sazonais das vendas, assim como campanhas promocionais e publicidade existente nos media.

Na FB, a aquisição de medicamentos ou produtos farmacêuticos pode realizar-se por encomenda direta aos laboratórios ou aos armazenistas. As encomendas realizadas diretamente aos laboratórios são, normalmente, de grande volume, originando bonificações, o que confere vantagem em produtos de elevada rotatividade.

Durante o período de estágio, realizou-se a receção de medicamentos e/ou produtos farmacêuticos de alguns laboratórios, tais como: Alter®, Sandoz®, Generis®, Medinfar®, entre outros.

As encomendas diretamente aos armazenistas podem ser encomendas diárias, encomendas informáticas ao armazenista ou encomendas pela plataforma “Via Verde do Medicamento”. Este tipo de encomendas permite a aquisição de um menor número de produtos, satisfazendo as necessidades diárias.

A seleção do fornecedor é realizada em função das vantagens e condições financeiras oferecidas, capacidade, facilidade e rapidez na entrega dos produtos, assim como condições oferecidas no caso de devoluções.

A OCPPortugal é o principal armazenista fornecedor da FB, realizando a entrega das encomendas duas vezes por dia, de segunda-feira a sábado, uma da parte da manhã (8:00h) e outra durante a tarde (15:30h), repondo os stocks habituais da farmácia. Outros fornecedores minoritários são Alliance HealthCare e Empifarma/Magium.

As encomendas diárias são geradas automaticamente pelo sistema informático, sempre que o medicamento ou produto farmacêutico atinge o stock mínimo definido pela farmácia. Estas encomendas são realizadas duas vezes por dia, adaptadas às necessidades reais da farmácia.

As encomendas informáticas ao armazenista (instantâneas), para OCP Portugal e para Alliance HealthCare, permitem obter informações acerca da disponibilidade do produto em falta e a data em que se realizará a sua entrega.

As encomendas pela plataforma “Via Verde do Medicamento” é uma via de encomenda excecional e está destinada a medicamentos rateados no mercado, como por exemplo Eliquis®, Pradaxa®, Lovenox®, garantindo a disponibilidade dos mesmos ao utente em tempo útil.

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No caso de rutura de stock, é possível realizar uma encomenda a outro fornecedor, via telefónica, após análise da disponibilidade do produto em falta. Todas as encomendas realizadas devem estar sujeitas a controlo pela nota de encomenda e registadas informaticamente.

Aquando da venda de um produto farmacêutico, o stock é imediatamente atualizado pelo sistema informático. Assim, quando as existências dos produtos são inferiores ao stock mínimo, o SIFARMA 2000, envia esse produto para uma lista de proposta de encomenda, sugerindo o pedido da quantidade que resulta da diferença entre o stock mínimo e máximo.

Diariamente, ao final da manhã e ao final da tarde, estas propostas de encomendas são conferidas por um farmacêutico. Neste momento, existe a possibilidade de verificar a necessidade ou não de encomendar os produtos sugeridos, ou mesmo de alterar as quantidades sugeridas. Após análise, a encomenda é aprovada e enviada diretamente ao fornecedor principal da FB, a OCP Portugal. Em situações de pedidos urgentes, as encomendas são realizadas diretamente via telefone, sendo os produtos encomendados faturados separadamente da encomenda diária.

A receção e conferência de encomendas são as operações que visam confirmar se as quantidades e produtos recebidos pela farmácia correspondem ao que foi efetivamente encomendado. Inicia-se aquando da entrega dos produtos em contentores ou cartões, devidamente selados. A receção dos medicamentos da cadeia do frio realiza-se através de contentores de cor diferente com a inscrição “Medicamentos a Conservar no Frio”, devidamente selados e refrigerados, mantendo as condições adequadas à conservação destes produtos.

Atualmente, as encomendas são acompanhadas, apenas, por uma fatura original, de modo a minimizar o desperdício de papel e, assim, proteger o ambiente. As faturas apresentam a identificação do fornecedor, o número de identificação da fatura, a data e o nome do destinatário, o valor total da fatura, assim como o número e identificação dos produtos faturados. Cada produto deve ser identificado pelo Código Nacional Português (CNP), pelo nome, forma farmacêutica e dosagem. Ao nível da fatura, por sua vez, cada produto vem identificado pelo CNP, nome, quantidade pedida e enviada, Preço de Venda à Farmácia (PVF), Preço de Venda ao Público (PVP), Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), preço unitário e, no caso de existirem, bónus ou descontos adicionais.

A receção das encomendas varia de acordo com o tipo de encomenda. No caso das encomendas diárias e instantâneas, a receção é realizada via informática, no SIFARMA 2000, através das faturas. Posteriormente, no separador “Receção de Encomendas”, introduz-se o número da fatura e o valor total faturado e realiza-se a leitura ótica do código de barras ou manual do CNP, a observação do estado da embalagem e alteram-se os Prazos de Validade (PV) dos produtos rececionados sem stock na farmácia. Após terminar este processo, faz-se a verificação do número total de produtos faturados e procede-se à confirmação dos preços. Os produtos de

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venda livre, sem Preço Inscrito na Cartonagem (PIC), recebem uma etiqueta com o PVP resultante da análise do PVF, do IVA e da margem de comercialização definida pela farmácia. A receção das encomendas diretas realiza-se manualmente através da fatura que acompanha os produtos, verificando quantidades e produtos faturados, PV e PVP. Posteriormente, confirma-se pela nota de encomenda se os produtos e quantidades faturadas correspondem às efetivamente pedidas. Após este processo, a receção de encomenda realiza-se criando uma encomenda no SIFARMA 2000 e procedendo de igual forma como na receção das encomendas diárias.

Os psicotrópicos e estupefacientes ou benzodiazepinas, para além da fatura, vêm acompanhados do documento de pedido de requisição (original e duplicado), como definido na legislação [4].

Durante o período de estágio, foi realizada a criação, receção e conferência de encomendas instantâneas e manuais de forma autônoma. Houve a possibilidade de assistir à realização das encomendas diárias. As encomendas diretas eram conferidas pela fatura e confirmadas pela nota de encomenda. Posteriormente, é criada a proposta de encomenda no SIFARMA 2000 e realizada a receção da mesma informaticamente.

Os medicamentos e os produtos farmacêuticos são armazenados em locais específicos, pré-estabelecidos pela farmácia, cumprindo as exigências das condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação das zonas de armazenamento de medicamentos e produtos farmacêuticos [2]. A temperatura e a humidade relativa devem ser controladas e monitorizadas: temperatura inferior a 25ºC e humidade inferior a 60%. No frigorífico, a temperatura deverá estar compreendida entre 2 e 8ºC, não existindo limite legal para humidade.

Na FB, as condições da zona de armazenamento são verificadas e registadas periodicamente através de um dispositivo específico, garantindo as condições adequadas para uma correta conservação.

O armazenamento dos medicamentos e produtos farmacêuticos na FB cumpre, sempre que possível, o princípio First-Expire, First-Out, na qual os produtos com PV mais longo são colocados atrás, de modo a dispensar em primeiro os produtos com PV mais curto. Com isto, para além de facilitar a rotação de stocks, permite uma maior acessibilidade, eficiência e segurança no atendimento ao utente [2].

Como anteriormente referido, os produtos são armazenados em gavetas deslizantes e prateleiras, de acordo com a forma farmacêutica, medicamentos “de marca” /genéricos, sempre por ordem alfabética e ordem decrescente de dosagem. Alguns produtos de venda livre, como MNSRM, artigos de puericultura, produtos de cosmética e higiene corporal, estão disponíveis em expositores na zona de atendimento ao público. Os produtos que estão em grandes quantidades (excedentes) são armazenados no armazém do 1º e 2º andares.

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Durante o estágio, principalmente no início, foi dedicado grande parte do tempo ao armazenamento, o que permitiu um maior contacto com todos os produtos farmacêuticos, bem como o conhecimento da localização dos mesmos, garantindo maior agilidade aquando do atendimento. Toda esta parte de armazém foi fundamental para conhecer os medicamentos pelo nome comercial, associando cada um ao seu princípio ativo, indicações terapêuticas, dosagens e posologias. Neste sentido, era recorrente consultar a informação científica disponível no SIFARMA 2000 ou no folheto informativo e questionar os farmacêuticos disponíveis.

O controlo dos PV é um processo fulcral para a segurança do atendimento, pois impede a dispensa de medicamentos e/ou produtos farmacêuticos cujo PV expirou. Com este objetivo, todos os meses é emitida uma listagem de produtos próximos de expirar o PV, pois, até 2 meses antes da data terminar, podem ser devolvidos aos fornecedores. No entanto, os produtos de uso veterinário requerem uma data superior a 3 meses para aceitação da devolução dos mesmos. Os produtos do protocolo da diabetes (lancetas e tiras teste) devem ser devolvidos pelo menos 4 meses antes de terminar o PV. Ao longo deste processo, é analisada informação sobre o PV, assim como a data limite máxima para devolução e quantidade de produto em stock. Os produtos recolhidos são devolvidos ao fornecedor.

Durante o período de estágio, realizei contagens físicas (CF) de diversos produtos, conferindo se as quantidades em stock, o PV e o PVP reais correspondiam ao existente informaticamente, selecionando os produtos cujo PV iria expirar e fazendo a correção do PV mais curto.

As devoluções de produtos de saúde podem resultar de um pedido solicitado pelo INFARMED, pelos laboratórios ou pela própria farmácia.

Os motivos das devoluções podem dever-se a enganos da própria farmácia, a enganos dos fornecedores no produto enviado (quando o produto enviado não corresponde ao produto encomendado), erros de quantidades (quando a quantidade enviada é diferente da quantidade encomendada), PV a expirar, embalagens rececionadas incompletas ou danificadas ou devido a retirada do produto do mercado (nestes casos, o INFARMED envia uma circular informativa com a devida informação de recolha do produto).

Os produtos a devolver são acompanhados por uma Nota de Devolução. Este documento é emitido pela farmácia através do SIFARMA 2000, sendo criada a Nota de Devolução e as respetivas guias em triplicado, que discriminam o produto a devolver, quantidade, motivo da

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devolução e o número da fatura de fornecimento. As guias original e duplicado acompanham o produto devolvido e são enviadas ao fornecedor, enquanto o triplicado é arquivado na farmácia.

Contudo, as devoluções podem ou não ser aceites pelos fornecedores. No caso de serem aceites, o fornecedor poderá emitir uma nota de crédito no valor do produto devolvido ou trocar por outro equivalente. Se a devolução não for aceite, a farmácia receberá novamente os produtos devolvidos e terá de suportar o prejuízo associado. No caso de o produto estar dentro do PV, normalmente a farmácia realiza donativos a instituições; no caso do produto estar fora do PV, estes são denominados “quebras” e a farmácia pode, por exemplo, encaminhá-los para o VALORMED, onde serão destruídos. No entanto, nestas situações, a farmácia deverá informar a autoridade tributária para recuperar o valor do IVA pago pela farmácia.

Durante o meu estágio, a maioria das devoluções realizadas estavam relacionadas com erros no pedido, embalagens danificadas e produtos cujo prazo de validade expirou. No entanto, foi realizada uma recolha de vários lotes de medicamentos contendo Valsartan, solicitada pelo INFARMED [5], devido à deteção de uma impureza.

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Para efeitos legais, a farmácia apenas pode dispensar MSRM na presença de uma receita médica prescrita por um profissional de saúde devidamente habilitado (médicos ou médicos dentistas) [6].

Os MSRM incluem todos os medicamentos que possam constituir risco, direta ou indiretamente, para a saúde do doente, quando utilizados sem vigilância médica, com frequência e em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam. Também estão inseridos nesta classe os medicamentos destinados a administração parentérica e que contenham substâncias ou preparações à base dessas substâncias cuja atividade ou efeitos adversos seja indispensável monitorizar [6]. Estes medicamentos somente podem ser dispensados aos utentes na farmácia por farmacêuticos ou técnicos devidamente habilitados [6].

Os psicotrópicos e estupefacientes são MSRM sujeitos a legislação especial, devido às suas caraterísticas de elevado risco de abuso e dependência, assim como, em casos de controlo deficiente do seu uso, à utilização destes medicamentos para fins ilegais. Estes medicamentos requerem uma atenção especial aquando da sua receção, armazenamento (local específico limitado aos funcionários da farmácia) e dispensa. Estes medicamentos são rececionados

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acompanhados de um documento específico de requisição de estupefacientes e psicotrópicos, que é arquivado na farmácia, como já referido anteriormente.

A dispensa destes medicamentos é um processo sujeito a um controlo muito rigoroso por parte do INFARMED e somente pode ser realizada na presença de uma prescrição médica. No momento da dispensa, são preenchidos de forma automática os campos de informação relativos ao médico prescritor (nome e número de carteira profissional), ao utente (nome, morada, data de nascimento, número de identificação do cartão cidadão, assim como a data de validade) e ao utente da dispensa, sendo requeridos os mesmos dados. O comprovativo resultante da dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes será enviado ao INFARMED, anexado às receitas, no caso de serem manuais.

Nas receitas manuais, aquando da dispensa destes medicamentos, é necessário verificar que cada receita não tem mais de um medicamento prescrito, num máximo de quatro embalagens, e a data de validade não excede os 30 dias. Para validar a dispensa é necessário recolher a identificação do utente, assim como do adquirente, ficando uma cópia da receita arquivada na farmácia, juntamente com o documento comprovativo da dispensa de medicamentos psicotrópicos ou estupefacientes, durante um período mínimo de 3 anos [7].

Ao longo do período de estágio, realizou-se a dispensa destes medicamentos com alguma frequência, maioritariamente para o tratamento da dor crónica em pessoas idosas (como Palexia® Retard, Fentanilo®, Oramorph®).

A dispensa de receituário corresponde ao último ato do circuito do medicamento, cuja intervenção farmacêutica é fundamental, prevenindo possíveis erros ao nível da dispensa, quer ao nível medicamentoso quer ao nível da faturação. Assim, antes de proceder à dispensa propriamente dita, o farmacêutico deverá validar a prescrição médica.

A prescrição de medicamentos é realizada eletronicamente, na Base de Dados de Nacional de Prescrições (BDNP), podendo ser disponibilizada em papel (materializada) ou sem papel (desmaterializada). Existem também as prescrições médicas manuais. Atualmente, a maioria das prescrições são por via eletrónica.

Independentemente do tipo de prescrição, estas só são validadas, após verificação da informação seguinte: número único da receita, local da prescrição, identificação e assinatura do médico prescritor, identificação do utente (nome e número do Sistema Nacional de Saúde (SNS) ou de beneficiário de subsistema, entidade comparticipadora (com referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos, se aplicável) e data da prescrição. Atualmente, o recurso à prescrição médica manual só é válido em situações devidamente fundamentadas como: falência informática, inadaptação fundamentada do prescritor, prescrições no domicílio e outras situações, até um máximo de 40 receitas médicas por mês. Neste tipo de receitas, somente podem ser

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prescritos 4 medicamentos distintos, duas embalagens no máximo para cada medicamento, num total de 4 embalagens por receita. No caso dos medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária, podem ser prescritos até 4 embalagens do mesmo medicamento. Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, medicamentos manipulados e medicamentos incluídos no protocolo da Diabetes Mellitus não podem ser prescritos juntamente com outros medicamentos. Quando o medicamento é prescrito pelo nome comercial e não tem grupo homogéneo, o farmacêutico somente pode dispensar o medicamento que consta na receita. No caso de existir grupo homogéneo, o farmacêutico poderá proceder à substituição do medicamento em função de três exceções previstas na legislação: exceção a) – medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito; exceção b) – reação adversa prévia; exceção c) – continuidade do tratamento superior a 28 dias. Somente na presença da exceção c) o utente poderá exercer o direito de opção por um medicamento do grupo homogéneo com um PVP inferior ao prescrito.

Na receita, a prescrição de medicamentos deve conter a correta identificação do mesmo, a partir da DCI da substância ativa ou nome comercial, dosagem, forma farmacêutica, apresentação e posologia. No caso da prescrição conter o nome comercial do medicamento e desde que o tratamento seja superior a 28 dias, o utente pode exercer o direito de opção por um medicamento mais barato que o prescrito [8,9].

No momento da dispensa das receitas manuais, o farmacêutico deve prestar especial atenção à validade da prescrição, pois só é válida no prazo de 30 dias após a data de emissão. Após este prazo, não é possível proceder à dispensa, com a exceção das receitas renováveis, compostas por três vias, cujo prazo de validade é 6 meses. Aquando da validação destas receitas, é necessário verificar a existência da vinheta identificativa do médico prescritor e, se aplicável, do local da prescrição, assim como da especialidade médica [8–10].

Após a validação da prescrição e a prestação de todos os conselhos para a correta utilização do medicamento, realiza-se o preenchimento informático das informações referentes à receita, introduzindo no SI o código da entidade comparticipadora, assim como da portaria ou despacho mencionados, se aplicável. Posteriormente, é impressa a informação no verso da receita, acompanhada da assinatura do utente e do profissional de saúde, data da dispensa e carimbo.

Ao longo do estágio, proporcionou-se o contacto autónomo com todos os tipos de prescrições médicas existentes, verificando-se, por vezes, algumas receitas fora do prazo de validade, ilegíveis e sem qualquer informação acerca da dosagem ou da dimensão da embalagem.

A comparticipação de medicamentos realiza-se na presença de prescrição médica e consiste no pagamento de uma determinada percentagem do PVP dos medicamentos por uma entidade comparticipadora. Existem diversas entidades comparticipadoras, incluindo sistemas públicos ou privados. No sistema público, a comparticipação de medicamentos pode ser efetuada através de

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um regime geral ou especial, de acordo com a legislação em vigor descrita no Decreto-Lei nº.106-A/2010, de 1 de outubro. O SNS é a entidade responsável pela comparticipação dos MSRM prescritos a todos os cidadãos portugueses.

No regime geral, o valor da comparticipação do Estado no PVP é fixado em função do escalão em que o medicamento está inserido: Escalão A – 90%, Escalão B – 69%, Escalão C – 37% e Escalão D – 15%, divididos consoante a patologia em causa e o sistema do organismo humano afetado [11].

No regime especial, a percentagem de comparticipação é efetuada em função do beneficiário, do medicamento e de grupos especiais de utentes ou patologias, como psoríase, lúpus, artrite reumatoide, doença de Alzheimer, doença inflamatória intestinal, (…). Os regimes de comparticipação dos medicamentos são regulados por Despachos e Portarias específicos que devem vir devidamente indicados na prescrição médica. Assim, por exemplo, para os pensionistas do regime especial, o valor da comparticipação é acrescido em 5% relativamente ao escalão A e 15% para os escalões B, C e D. A comparticipação do Estado no PVP para estes pensionistas é ainda de 95%, se o PVP dos medicamentos for igual ou inferior ao 5º preço mais baixo do grupo homogéneo em que se inserem [7,11].

A comparticipação dos produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes Mellitus é de 85% para as tiras-teste e 100% para as agulhas, seringas e lancetas. As câmaras expansoras são comparticipadas em 80% do PVP, não podendo exceder 28€ e limitada a um utente por cada período de um ano. A comparticipação de dispositivos médicos de apoio a doentes ostomizados e/ou com incontinência/retenção urinária é 100% do PVP para beneficiários do SNS que apresentem prescrição médica [12,13]. A dispensa dos dispositivos médicos de apoio a doentes ostomizados é realizada em farmácia de oficina, desde 2017.

Existem outros subsistemas de saúde que estabelecem regimes de complementaridade entre entidades, garantindo aos respetivos beneficiários de uma percentagem de comparticipação adicional à estabelecida pelo SNS; podendo chegar aos 100%. Nestas situações, para beneficiar da complementaridade, o utente deverá apresentar o cartão do subsistema válido, devendo este ser fotocopiado.

Durante o período de estágio, surgiram prescrições médicas correspondentes a diversas entidades comparticipadoras, identificadas pelo respetivo código: 01 (Regime Geral), 48 (Regime Especial), DS (Protocolo da Diabetes), J1 (Regime Geral + SAMS), O1 (Regime Especial + SAMS Quadros), AA (SAVIDA), R1 (Caixa Geral de Depósitos) e seguros de saúde (Medis).

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Ao longo do mês, as receitas manuais são organizadas em lotes de acordo com a faturação impressa no verso da receita, que acompanha a receita em todo o processo de faturação pois apresenta informação acerca da identificação da receita e da comparticipação realizada.

A organização do receituário compreende o agrupamento por organismo comparticipador, sendo a ordenação por ordem crescente do número da receita, dentro do mesmo lote e série que lhe foram atribuídos automaticamente no momento da dispensa. Assim, cada lote é composto por 30 receitas. No último dia do mês, todos os lotes são fechados, incluindo os lotes incompletos, sendo emitido alguns documentos que após carimbados, assinados e datados, acompanham os respetivos lotes: o verbete de identificação do lote, a relação resumo de lotes e a fatura mensal de medicamentos correspondente a cada entidade comparticipadora. Estes últimos

O verbete de identificação do lote é impresso em modelo original e anexado a cada lote (após carimbado). A relação resumo de lotes das receitas prescritas no âmbito do SNS é emitida em triplicado, sendo o original enviado para o Centro de Conferência de Faturas (CCF), o duplicado para a contabilidade e o triplicado arquivado na farmácia. A fatura global é emitida em quintuplicado, enviando o original e o duplicado para o CCF, juntamente com os lotes das receitas prescritas no âmbito do SNS e o resumo de identificação dos lotes; o triplicado é enviado para a ANF; o quadruplicado para a contabilidade e o quintuplicado é arquivado na farmácia. Assim, as receitas prescritas no âmbito do SNS devem ser enviadas para o CCF até ao dia 10 do mês seguinte, juntamente com o verbete de identificação de cada lote, a relação resumo de lotes e o original e duplicado da fatura global. As mesmas são levantadas na farmácia no dia 5 de cada mês [12]. Relativamente às outras entidades comparticipadoras, também é necessário anexar o verbete de identificação do lote a cada um dos lotes. A relação de resumo do lote é emitida em quadruplicado, sendo o original e o duplicado enviados para o respetivo organismo; o triplicado vai para a contabilidade e o quadruplicado é arquivado na farmácia. A fatura global deverá ser emitida em quintuplicado, sendo o original, o duplicado e o triplicado enviados para cada um dos organismos, o quadruplicado vai para a contabilidade e o quintuplicado é arquivado na farmácia [12]. De forma a facilitar o processo, toda a documentação juntamente com os lotes é enviada para a ANF que depois reencaminha para os respetivos organismos.

Todo o receituário está sujeito a dupla conferência. No entanto, podem surgir erros ou diferenças nos documentos, detetadas no CCF e que reenvia as receitas à farmácia juntamente com uma relação-resumo com o valor das desconformidades detetadas e a devida justificação. Nestes casos, a farmácia emite as respetivas notas de crédito e/ou débito, que envia juntamente com o receituário do mês seguinte. Podem, ainda, realizar-se reclamações das desconformidades detetadas, devolvendo o receituário, juntamente com o formulário e documentos enviados pelo CCF, para o Serviço de Retificação de Receituário da ANF.

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O pagamento da faturação à farmácia é efetuado por intermédio da ANF, otimizando o processo moroso de conferência do receituário e respetivo pagamento. A ANF receberá, mais tarde, o valor da comparticipação pago pelo SNS, através da Administração Regional de Saúde.

Durante o período de estágio, realizam-se o encerramento dos lotes de receituário, assim como a sua organização em lotes dos vários organismos.

Os MNSRM correspondem a todos os outros medicamentos que não preenchem as condições mencionadas nos MSRM e não carecem de prescrição médica para a sua dispensa. Normalmente não têm comparticipação [6]. A dispensa de MNSRM é realizada em farmácias e parafarmácias, apresentando um regime de fixação de preço livre [14].

Os MNSRM-EF são medicamentos que embora possam ser dispensados sem prescrição médica, a sua dispensa só pode ser realizada em contexto de farmácia e está condicionada à intervenção farmacêutica e aplicação de protocolos de dispensa [15].

Os MNSRM cuja DCI conste na lista do Anexo I do regulamento dos MNSRM-EF e cumpram as condições previstas no Anexo II do mesmo protocolo podem ser reclassificados como MNSRM-EF [15].

Estes medicamentos são muitas vezes utilizados por iniciativa própria dos utentes, associados ao tratamento de transtornos menores de saúde como situações de dor ligeira, irritações cutâneas, alergias, queimaduras, feridas, sintomatologia gripal, tosse, obstipação, diarreia, irritações oculares, entre outras.

Perante esta realidade, a dispensa destes medicamentos carece de uma maior responsabilidade por parte do farmacêutico, pois são os mais suscetíveis à automedicação cuja intervenção farmacêutica assume um papel fulcral no aconselhamento, uso racional do medicamento e farmacovigilância, devido à possibilidade de efeitos adversos. No momento da dispensa é importante analisar a história clínica do utente, a sintomatologia apresentada e salientar a importância de consulta médica no caso da persistência dos sintomas.

Ao longo do estágio, foi realizada a dispensa de grande variedade de MNSRM, sendo alguns exemplos: antidiarreicos (Imodium®Rapid), antieméticos (Vomidrine®), analgésicos (Ben-u-ron®Caff, PanadolExtra®, VoltarenEmulgel®), antialérgicos (Telfast®), descongestionantes nasais (Septanazal®), cremes para picadas de insetos e queimaduras (Fenistil®, Fenergan®, Caladryl®), dor de garganta (Strepfen®, Strepsils®). Da classe dos MNSRM-EF, são alguns exemplos de medicamentos regularmente dispensados, Fucidine®, Flonaze®, Pandermil®, Verrumal® e Brufen®400.

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Os medicamentos homeopáticos são regulados pela legislação e correspondem a todos os medicamentos obtidos a partir de matérias-primas homeopáticas (denominadas stocks), de acordo com o processo de fabrico de medicamentos homeopáticos descrito na Farmacopeia Europeia, podendo conter vários princípios ativos [6].

Ao longo do estágio, foram solicitados alguns medicamentos homeopáticos como os Sais Dr. Schussler DHU® e Traumeel-S® pomada, destinada ao tratamento de dores articulares e traumatismos.

Os produtos fitoterápicos ou medicamentos à base de plantas correspondem a “qualquer medicamento que tenha exclusivamente como substâncias ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais preparações à base de plantas” [6].

A utilização destes produtos é muito frequente, pois são produtos “naturais” e, entre a população, estes produtos são eficazes e não têm tantas contraindicações, ou seja, “não fazem mal”. O farmacêutico tem um papel importante em desmitificar esta crença e alertar a população da possibilidade destes medicamentos também possuírem contraindicações, efeitos adversos e interações medicamentosas.

Ao longo do estágio, era frequente solicitarem este tipo de produtos para o tratamento da insónia, como Valdispert® (extrato seco de valeriana), e laxantes para o tratamento da obstipação (Agiolax®, Bekunis® e Manasul®).

Estes produtos consideram-se “géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial, os géneros alimentícios que, devido à sua composição ou processo de fabrico especial, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, mostrando-se adequados às necessidades nutricionais de determinadas categorias de pessoas”. Este tipo de nutrição está indicado em pessoas com distúrbios no metabolismo ou que se encontrem em condições fisiológicas especiais, podendo beneficiar da ingestão controlada de nutrientes contidos nos alimentos, lactentes ou crianças com pouca idade em bom estado de saúde [16].

Durante o período de estágio, os produtos mais dispensados foram para alimentação pediátrica (crianças e lactentes), nomeadamente leite em pó de crescimento, transição, hipoalergénico e anti regurgitante (Aptamil®, Nutribén®, Miltina® e Nan®) e papas (Nutribén® e Meritene®). Para idosos debilitados e desnutridos, era frequente a solicitação de aconselhamento farmacêutico para uma dieta hiperproteica e hipercalórica. Os géneros alimentícios mais aconselhados eram Fortimel®, Resource Protein®, Resource Diabetic®.

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Os suplementos alimentares são géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar um regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes (vitaminas e minerais) ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, isoladamente ou combinadas, comercializadas em forma doseada, tais como cápsulas, pastilhas, comprimidos, saquetas em pó, entre outras, que se destinem a ser tomados em unidades medida de quantidade reduzida [17].

Ao longo dos últimos anos, o consumo destes géneros alimentícios tem aumentado consideravelmente, muitas vezes relacionado com o objetivo de reforçar as defesas imunitárias, colmatar défices de vitaminas e minerais, aumentar a concentração e a memória (essencialmente destinado aos estudantes), fortalecer as articulações e os ossos, revitalizar e evitar a queda do cabelo, entre outros objetivos. Existe um vasto mercado destes produtos, sendo os mais dispensados na FB, Viterra®, Centrum®, Memofante®, Memovital®, Condotril®, Magnesium-OK® e MixVitalfa®.

Um medicamento veterinário corresponde a “toda a substância, ou conjunto de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser administrada no animal (…), exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica com vista a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [18].

Estes medicamentos são um bem público e recursos cruciais para defesa e proteção da saúde pública, incluindo o bem-estar dos animais e a salvaguarda das produções e explorações agropecuárias e alimentares [18].

Alguns medicamentos frequentemente solicitados para utilização animal, essencialmente de animais domésticos, foram anticoncecionais para cadelas e gatas, Pilusoft®, e desparasitantes externos (Amflee®, Fronteline®) e internos (Strongid®Cães, Strongid®Gatos e Tenil®Vet).

Os produtos de dermofarmácia e cosméticos correspondem a substâncias ou misturas de substâncias destinadas à utilização nas partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas pilosos e capilares, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou nos dentes e mucosas bucais, com a finalidade, exclusiva ou principalmente, de os limpar, perfumar, modificar aspeto, proteger, manter o bom estado ou corrigir odores corporais [19].

Atualmente, existe um mercado muito vasto de produtos cosméticos e de higiene corporal, englobando produtos de higiene corporal, como sabonetes, geles de banho, champôs,

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desodorizantes, pastas dentífricas, e produtos de beleza, como bases de maquilhagem, batons, entre outros [19].

Dada a elevada diversidade destes produtos, a FB opta por possuir em stock gamas de produtos que mais se adequam à população que frequenta a farmácia (população idosa). A FB trabalha com as marcas Avène, CeraVe®, La Roche-Posay®, RoC®, Ducray®, Vichy®, Klorane®, A-derma®, Farline®, PizBuin®, que foram as marcas com que tive de maior contacto.

Dada a multiplicidade de produtos, é fundamental conhecer as principais diferenças existentes entre eles e assim realizar um aconselhamento farmacêutico correto e direcionado ao utente, atendendo às suas necessidades e tendo sempre em consideração a relação qualidade/preço.

Ao longo do estágio, foi solicitada frequentemente aconselhamento de cremes hidratantes de corpo e rosto, proteção solar, cremes antirrugas, de limpeza e cuidados para pele oleosa com tendência acneica, pele seca, entre outros. Por exemplo, eram frequentemente solicitados cremes hidratantes de rosto e corpo para pessoas idosas, sendo os mais aconselhados ATL® e OLEOBAN® creme hidratante.

Segundo o disposto na legislação, a designação de dispositivo médico corresponde a “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, (…) cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo fabricante para finda de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma doença, lesão ou deficiência, estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da conceção” [20]. Ao longo do estágio foi possível dispensar vários dispositivos médicos, desde luvas, seringas, testes de gravidez, material de penso, tiras teste de medição da glicemia capilar, lancetas, preservativos e material ortopédico (como meias de descanso e de compressão, pulsos e pés elásticos, canadianas), sacos para ostomia, sacos coletores de urina, entre outros. Os sacos de recolha de fluídos corporais destinados a doentes ostomizados ou com incontinência/retenção urinária estão atualmente disponíveis para dispensa em farmácia comunitária.

A dispensa de medicamentos é o último ato farmacêutico do circuito do medicamento, sendo, por isso, fundamental realizar um atendimento ao utente adequado de modo a promover uma maior adesão à terapêutica e a correta utilização dos mesmos. Assim, no momento da dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos, o profissional deve fornecer toda a

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informação necessária para a correta utilização dos produtos, esclarecendo possíveis dúvidas do utente.

Sendo a maior parte dos utentes da FB idosos, torna-se ainda mais importante adotar medidas e técnicas que permitam transmitir a informação adequada ao uso racional dos medicamentos, principalmente porque a maioria dos idosos são polimedicados. Nestas situações, é importante esclarecer o esquema terapêutico, modo de administração e possíveis interações ou efeitos adversos e, se necessário, escrever nas caixas dos medicamentos dispensados. Nalgumas situações em que é fundamental esclarecer o utente: utilização de alguns dispositivos médicos, como os inaladores para tratamento das doenças pulmonares, e as canetas para a administração de insulina, cuja utilização poderá ser complexa. Assim, o farmacêutico deve garantir que o utente fica completamente esclarecido relativamente aos produtos dispensados (medicamentos ou produtos de saúde).

Ao longo do estágio foram aconselhados frequentemente medicamentos anti-histamínicos, produtos de dermofarmácia e cosmética (protetores solares, cremes hidratantes de rosto e corpo, desodorizantes e antitranspirantes), produtos de higiene oral, soluções oftálmicas hidratantes, fitoterápicos para tratamento da obstipação, soluções de drenagem e detoxificação, multivitamínicos, pastilhas para dor de garganta e analgésicos. Relativamente ao aconselhamento farmacêutico inerente à dispensa do receituário, este assentava na explicação da indicação terapêutica do medicamento, posologia e indicações da sua toma, essencialmente para tratamentos novos. Um exemplo de aconselhamento frequente era a dispensa de suplementos de ferro, no qual era fulcral informar do espaçamento da toma do medicamento com alimentos ricos em cálcio, como leite e derivados, de modo a minimizar possíveis interações.

6. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS

A determinação da pressão arterial (PA) é fundamental para a monitorização e vigilância dos utentes, sendo a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco de doença cardiovascular (Acidente Vascular Cerebral, Enfarte Agudo do Miocárdio, Insuficiência Renal). Na FB, a determinação da PA é o serviço mais solicitado pelos utentes. A sua determinação é gratuita, personalizada a cada utente e é realizada com recurso a um esfigmomanómetro aneroide.

Quando o utente solicita este serviço, é aconselhado algum tempo de repouso antes da respetiva medição. Durante a prestação do serviço, estabelece-se um diálogo com o utente de modo a perceber se o utente é hipertenso, se cumpre o esquema terapêutico e toma a medicação, se é frequente realizar a medição da PA, se tomou algum estimulante antes da medicação, como

Referências

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