Vistos e examinados estes autos de Concordata Preventiva sob n. 0000228-70.1989.8.16.0185, em que é requerente Calais S.A Indústrias Químicas.
SENTENÇA
I – RELATÓRIO:
Trata-se a presente demanda de pedido de Concordata Preventiva requerida por Calais S.A Indústrias Químicas, já qualificada nos autos, conforme mov.1.2.
O pedido foi acolhido pelo juízo ao mov.1.3, sendo-lhe nomeado como Comissário, o Dr. David Antonio Baduy, conforme termo de compromisso de mov.1.4.
Ao mov.1.48 e 1.108 houve o pagamento da primeira e segunda parcela da concordata. No decorrer do feito houveram diversas insurgências de credores sobre a incidência de correção monetária sobre seus créditos, uma vez que a requerente só estava a efetuar o depósito dos créditos sem correção.
Em decisão de mov.1.207, foi deferido o pleito dos credores quanto a correção monetária, sendo determinado a intimação da requerente para efetuar o pagamento da correção monetária.
Houve o pagamento por parte da requerente (mov.1.219).
Ao mov.1.221 houve insurgência por parte de alguns credores no sentido de informar que o valor apurado e pago pela requerente tratavam-se apenas de atualização sobre os valores ainda não levantados, não englobado os demais credores.
Realizado novo cálculo (mov.1.226), a requerente foi intimada para pagamento em 48 horas (mov.1.235).
Foi nomeado novo comissário (mov.1.239).
Foi determinado a remessa dos autos ao contador para que se manifestasse sobre os pagamentos realizados e quais créditos ainda pendentes (mov.1.359), sendo informado ao mov.1.384, a necessidade do pagamento de custas para tanto, sobre o qual não se manifestou a requerente.
Determinada nova intimação da requerente para o pagamento das custas sob pena de convolação da concordata em falência (mov.1.402), não houve manifestação (mov.1.407).
Ante a inércia da parte autora o Comissário entendeu pela intimação da mesma para que comprovasse o efetivo cumprimento da concordata, uma vez que a mesma perpetua a mais de 20 anos (mov.1.408).
A autora então compareceu aos autos informando ser necessária a intimação dos credores para que comprovassem que houve a quitação (mov.1.411). Pleito esse que o Comissário e o Ministério Público entenderam não caber, uma vez que de obrigação da autora comprovar o efetivo cumprimento da concordata (mov.1.412 e 1.413).
Em deliberação de mov.1.414 foi entendido pela obrigação da autora comprovar o pagamento e não pela intimação dos credores, dando-lhe prazo de 15 dias para tanto.
A Autora informou que não possuía o comprovante de todos os pagamentos, juntando apenas alguns, reiterando o pedido de intimação dos credores (mov.1.415).
Novamente o Comissário e o Ministério Público se manifestaram no sentido de entender pela obrigação da autora em comprovar a quitação (mov.1.418 e 1.419), sobre a qual a autora não se manifestou.
O Comissário, ante a inércia da autora, pleiteou pela convolação em Falência (mov.1.424).
Foram dados diversos prazos a autora para comprovação da quitação (mov.1.426, 253.1, 261.1, 316.1), sem que a autora comprovasse o a quitação da concordata.
O Comissário reiterou o pedido de convolação em falência (mov.331.1) com o qual concordou o Ministério Público (mov.334.1).
É o breve relato dos autos. Decido.
II – FUNDAMENTAÇÃO:
Trata-se de Concordata Preventiva em que a Concordatária não conseguiu honrar com o pagamento de suas dívidas, razão pela qual foi requerida a convolação em falência.
A legislação falimentar determina certas obrigações a serem cumpridas pela Concordatária, podendo ser rescindida em caso de descumprimento desses deveres.
No caso em tela, verifica-se que desde o ano de 2014, a Concordatária não vem cumprimento com suas obrigações, haja vista que intimada a comprovar a quitação da concordata, a mesma tenta se esquivar pleiteando a intimação dos credores para que estes comprovem a quitação, sendo que cabe a Concordatária referida comprovação como já decidido nos autos em deliberação de mov. 1.414.
Decorridos 30 anos desde a decretação da Concordata Preventiva, sem que se comprove a quitação da mesma desde 2014, é de se constatar que se enquadra a hipótese no disposto no artigo 150, I e V da LF/45.
a. b. c. d. e. f. g.
Sendo assim, não resta outra medida que não seja a convolação da Concordata Preventiva da “Calais S.A Indústrias Químicas” em falência.
III – DISPOSITIVO:
Pelo exposto, nos termos dos artigos 150 e 151 da LF/45, declaro, na data de hoje, rescindida a Concordata Preventiva da pessoa jurídica de Calais S.A Indústrias Químicas.
Tendo em vista que a convolação em falência está sendo proferida após a vigência da Calais S.A Indústrias Lei 11.101/2005, nos termos do artigo 192, §4º, declaro a falência de
Químicas, conforme previsto no artigo 99 do mesmo diploma legal. Procedam-se as
anotações e alterações necessárias na capa dos autos.
Têm como presidente Oselio da Penha Santana, brasileiro, inscrito no CPF/MF sob nº149.300.018-70, em local incerto e não sabido.
I – Conforme exige o artigo 99 da LF/2005:
Fixo o termo legal da falência em 90 (noventa) dias contados a partir da distribuição da concordata rescindida.
Determino que o falido apresente, em 05 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de caracterização de crime de desobediência.
Fixo o prazo de 15 (quinze) dias, estes contados da respectiva publicação em edital desta sentença, para que os credores apresentem as suas habilitações de crédito diretamente ao Administrador Judicial, na forma prevista no artigo 7º, §1º da Lei n. 11.101/2005.
Ordeno a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do artigo 6º da Lei n. 11.101/05.
Proíbo a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor, somente na hipótese de continuidade dos negócios.
Ordeno ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão “Falido”, a data da decretação da falência e a inabilitação para exercer qualquer atividade empresarial a partir desta data até a sentença de extinção das obrigações, conforme artigo 102 da Lei n. 11.101/05.
Mantenho como administrador judicial Brazilio Bacellar Neto, que desempenhará
g. h. i. j. k. l. m. n. a. b. c. d. a.
suas funções nos exatos termos do artigo 22, III, da Lei Falimentar, devendo ser intimado para a assinatura do termo de compromisso no prazo de quarenta e oito horas, conforme artigo 33 da mesma Norma.
Uma vez assinado o Termo de Compromisso deve o administrador, imediatamente, efetuar a arrecadação dos bens e documentos, avaliando os bens, no local em que se encontrem, observando com rigor o disposto nos artigos 108 e 110 da LF/2005.
Oficie-se ao Banco Central, Registros Imobiliários, DETRAN e Receita Federal para que informem sobre a existência de bens e direitos do falido.
Determino, de momento, a lacração do estabelecimento comercial como forma de segurança, até que o administrador promova a arrecadação de bens, quando, após, deliberarei sobre eventual continuidade dos negócios.
A assembleia-geral de credores será oportunamente convocada.
Intime-se o Ministério Público pessoalmente, além de comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal, Estadual e Municipal, para que tomem conhecimento da falência.
Oficie-se, também, à Justiça do Trabalho através da sua direção, informando sobre a decretação da falência do presente devedor.
Expeça-se edital contendo a íntegra desta decisão de decretação de falência, além da relação dos credores, assim que houver, na forma prevista no artigo 99, parágrafo único, da Lei n. 11.101/2005.
II – Deve o Falido, no prazo de cinco dias:
Assinar nos autos o Termo de Comparecimento, na forma estabelecida no artigo 104, I da LF/2005;
Depositar em Cartório, no ato da assinatura do Termo de Comparecimento, os seus livros obrigatórios para o fim previsto no 104, II da LF/2005;
Entregar todos os bens, livros, papéis e documentos ao administrador judicial, indicando-lhe, para serem arrecadados, os bens que porventura tenha em poder de terceiros (104, V da LF/2005);
Cumprir todas os demais deveres impostos no artigo 104 da LFF/2005, ao seu devido tempo e pertinência, sob pena de responder por crime de desobediência, conforme dispõe o parágrafo único do mesmo artigo.
III – Deve a Serventia:
a. b.
c.
Cumprir todo o antes determinado, exarando certidão nos autos.
Certificar acerca do cumprimento das obrigações do Falido, itens I, b e II. Em caso de descumprimento, que deverá ser certificado, fazer os autos imediatamente conclusos.
Certificar o decurso do prazo fixado no artigo 7º, §1º da LF/2005, fazendo então os autos conclusos.
Publique-se. Registre-se. Intime-se. Diligências Necessárias.
Curitiba, 23 de julho de 2019.
Luciane Pereira Ramos Juíza de Direito
