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O PAPEL DOS STAKEHOLDERS NO CONTEXTO DA GREEN SUPPLY CHAIN MANAGEMENT: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

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O PAPEL DOS STAKEHOLDERS NO

CONTEXTO DA GREEN SUPPLY CHAIN

MANAGEMENT: UMA REVISÃO

SISTEMÁTICA

Bruno Michel Roman Pais Seles (FEB/UNESP )

bruno_seles@yahoo.com.br

Ana Beatriz Lopes de Sousa Jabbour (FEB/UNESP )

abjabbour@feb.unesp.br

Green Supply Chain Management (GSCM) é a integração de preocupações e conceitos ambientais na cadeia de suprimentos. Uma cadeia de suprimentos possui vários stakeholders e no contexto ambiental a análise destes torna-se pertinente, pois algumas práticas de GSCM são influenciadas por eles. Qual é o papel dos stakeholders em GSCM? Para responder a esta questão foi adotado o método de revisão bibliográfica sistemática com o objetivo de identificar e analisar o papel dos stakeholders em GSCM. O resultado da análise revelou que os stakeholders são fundamentais para GSCM, pois: stakeholders específicos podem influenciar a adoção de determinada prática de GSCM; organizações menores dependem mais de ações do governo para implementarem práticas ambientais; maior pressão é percebida próximo ao consumidor; cadeias de suprimentos específicas possuem particularidades em relação a pressão dos stakeholders; e a cooperação com os stakeholders pode gerar vantagens para as organizações.

Palavras-chaves: Green Supply Chain Management, Stakeholder, Revisão bibliográfica sistemática

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1. Introdução

A gestão da poluição industrial tem sido uma questão crítica para a sociedade desde a revolução industrial. A questão ganhou espaço e hoje permeia várias áreas, como supply chain management (SCM) (SARKIS et al., 2011).

Green Supply Chain Management (GSCM) é a integração de conceitos e preocupações ambientais na cadeia de suprimentos (SARKIS et al., 2011; SRIVASTAVA, 2007). Essa preocupação é evidenciada pela adoção de algumas práticas, como: gestão ambiental interna, compras verdes, cooperação com clientes, recuperação de investimento e eco-design (ZHU; SARKIS, 2004; ZHU et al., 2007).

Os stakeholders - indivíduos e grupos que afetam e são afetados de alguma maneira pelas organizações - são importantes para que práticas ambientais sejam adotadas pelas organizações, pois eles demandam das empresas responsabilidade ambiental. O que as pressionam a se tornarem mais proativas. Essa proatividade acaba sendo refletida na incorporação de preocupações ambientais na gestão e estratégia das organizações (GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006a, 2010). Uma cadeia de suprimentos possui vários stakeholders e no contexto ambiental de GSCM a análise destes torna-se especialmente pertinente já que nem todas as práticas de GSCM são implementadas apenas para gerar vantagens competitivas para as empresas, mas também para responder as pressões dos stakeholders (SARKIS et al., 2011).

Neste contexto, este artigo tem a seguinte questão de pesquisa: qual é o papel dos stakeholders em GSCM? Para responder esta questão foi adotado o método de revisão bibliográfica sistemática para identificar e analisar, por meio da literatura, o papel dos stakeholders em GSCM.

O artigo apresentará as seguintes seções: fundamentação teórica, método, resultados, discussões e considerações finais.

2. Fundamentação teórica

A gestão da poluição industrial tem sido uma questão crítica para a sociedade desde a revolução industrial. Com a evolução dos estudos e, consequentemente do tema, a questão ganhou espaço e passou a permear novas áreas, como SCM. Um dos primeiros trabalhos que

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3 está ligado ao início da incorporação do “green” em SCM é Ayres e Kneese (1969) (SARKIS et al., 2011).

Assim GSCM passou a ser explorado pela literatura com diversos enfoques (SRIVASTAVA, 2007). A sua definição é apresentada como a integração das preocupações ambientais nas práticas interorganizacionais de SCM, incluindo logística reversa (SARKIS et al., 2011). Srivastava (2007) define GSCM como a incorporação do conceito ambiental em SCM, que inclui design do produto, seleção e abastecimento de materiais, processos de fabricação, entrega do produto final ao consumidor, bem como gestão do fim de vida do produto após sua vida útil.

GSCM é perceptível pela aplicação de algumas práticas, como: gestão ambiental interna, compras verdes, cooperação com clientes, recuperação de investimento e eco-design (ZHU; SARKIS, 2004; ZHU et al., 2007). Exemplos destas práticas são:

 Gestão ambiental interna: compromisso de gestores de alto escalão com GSCM, suporte para GSCM de gerentes de nível médio, cooperação entre áreas para melhora ambiental, gestão total da qualidade ambiental, cumprimento de legislação ambiental e programas de auditoria, certificação ISO 14001, existência de sistemas de gestão ambiental e rotulagem de produtos com apelos ambientais (ZHU; SARKIS, 2004);  Compras verdes: cooperação com fornecedores por objetivos ambientais, auditoria

ambiental da gestão interna dos fornecedores e certificação ISO 14001 dos fornecedores (ZHU; SARKIS, 2004);

 Cooperação com clientes: cooperação com clientes para eco-design, cooperação com clientes para produção mais limpa e cooperação com clientes para desenvolvimento de embalagens verdes (ZHU; SARKIS, 2004);

 Recuperação de investimento: venda de sucata e venda de bens de capital em excesso (ZHU; SARKIS, 2004);

 Eco-design: projeto de produtos para reduzir consumo de materiais e energia, projeto de produtos para reutilização, reciclagem e recuperação de materiais e projeto de produtos a fim de evitar ou reduzir a utilização de resíduos perigosos (ZHU et al., 2007).

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4 A adoção destas práticas está relacionada a motivadores e pressões oriundas de regulamentações, mercado, fornecedores, clientes e também de características internas das organizações. Diferentes pressões e motivadores levam à adoção de diferentes práticas, e por sua vez, a adoção dessas práticas pode levar a ganhos de desempenho de caráter ambiental, econômico e operacional (ZHU et al., 2007).

As teorias organizacionais são costumeiramente aplicadas a GSCM, como a teoria dos stakeholders. Esta teoria sugere que as organizações produzem externalidades que afetam muitas partes (stakeholders) internas e externas. Os stakeholders quando afetados por essas externalidades geram pressões sobre as organizações para que essas reduzam seus impactos negativos (SARKIS et al., 2011; ORLITZKY et al., 1997; ROWLEY, 1997; MITCHELL et al., 1997).

Stakeholders são indivíduos e grupos que podem afetar o desempenho das organizações ou que podem ser afetados pelas ações delas e são classificados como primários e secundários. Os primários são aqueles que sem sua participação no suporte às empresas, essas não poderiam sobreviver (consumidores, distribuidores, reguladores, entre outros). Já os secundários afetam e são afetados pela organização, mas não estão engajados em transações com ela e não são essenciais para que ela sobreviva (mídia, organizações não governamentais, entre outros). Todos demandam das empresas responsabilidade social e ambiental: integridade, respeito, padrões, transparência e responsabilidade. A intensidade da pressão exercida pelos stakeholders sobre uma organização depende de alguns fatores, como: tamanho da organização, nível de internacionalização, posição na cadeia de suprimentos, setor industrial e localização. A percepção dessa pressão pelas organizações é refletida em atitudes gerenciais e estratégicas. Assim, a pressão gerada pelos stakeholders é um fator determinante da proatividade ambiental (GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006a, 2010). Uma cadeia de suprimentos possui vários stakeholders e no contexto de GSCM a análise destes torna-se especialmente pertinente já que nem todas as práticas de GSCM são implementadas apenas para gerar vantagens competitivas, mas também para responder as pressões dos stakeholders. A Teoria dos Stakeholders é introduzida como uma teoria explanatória relacionada a antecedentes ou contingências para a adoção de várias práticas de GSCM (SARKIS et al., 2011).

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5 O método de pesquisa utilizado foi uma revisão bibliográfica sistemática que é um método desenvolvido com o objetivo de reunir e avaliar as evidências disponíveis referentes a um tema específico, seguindo uma sequência de fases metodológicas rigorosas. Este método é construído em torno de uma questão central, que representa o núcleo da investigação (BIOLCHINI et al., 2005).

A questão central deste artigo é a seguinte: qual é o papel dos stakeholders em Green Supply Chain Management?

Assim para identificar e analisar o papel dos stakeholders em GSCM foi realizada uma busca na base de dados Scopus para buscar artigos pelo título, resumo e palavras-chave utilizando as seguintes palavras-chave: “Green Supply Chain Management” e stakeholder.

Para filtrar os artigos encontrados foi determinado um critério de inclusão (CI) que foi utilizado para selecionar somente os artigos que contribuíssem para uma resposta concreta para a questão de pesquisa . O CI determinado foi:

CI: artigos que permitam identificar o papel dos stakeholders perante GSCM, mais especificamente que permitam identificar como os stakeholders se relacionam com GSCM.

Os artigos encontrados na base de dados (39 artigos), em busca realizada em dezembro de 2013, foram submetidos a dois filtros de pesquisa: o primeiro filtro (FP1) consistiu na leitura do título, resumo e palavras-chave; e o segundo filtro (FP2) compreendeu a leitura completa do artigo. Para a seleção dos artigos em cada um dos filtros foi aplicado o CI estabelecido. Artigos que abordavam revisão da literatura e metodologias de avaliação de fornecedores foram descartados no FP1. Os artigos selecionados que passaram por FP1 e FP2 tiveram seus dados extraídos e sumarizados para utilização no artigo.

Para uma resposta mais robusta à questão de pesquisa, foram incluídos alguns artigos importantes citados na literatura que relacionaram GSCM e stakeholders. Os artigos incluídos foram citados por Sarkis et al. (2011), que fizeram uma importante revisão da literatura organizacional de GSCM. Os artigos que estavam disponíveis foram acrescentados, são eles: Matos e Hall (2007); de Brito et al. (2008); Björklund (2011); Chien e Shih (2007); González-Benito e González-González-Benito (2006b); Sarkis et al. (2010); Vachon (2007); Zhu et al. (2008).

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6 Estes artigos tiveram seus dados extraídos e sumarizados juntamente com os artigos provenientes da revisão bibliográfica sistemática.

Figura 1 – Fluxograma do método

Fonte: Elaborado pelo autor

4. Resultados

Dos 39 artigos encontrados na busca na base de dados, 14 passaram pelo FP1 e destes somente 4 passaram pelo FP2. Assim esses 4 artigos somaram-se aos 8 artigos apresentados por Sarkis et al. (2011), totalizando 12 artigos.

Os 12 artigos tiveram seus dados sumarizados e foram agrupados de acordo com sua abordagem. O Quadro 1 apresenta a relação dos artigos por abordagens.

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7 Quadro 1 – Relação de artigos por abordagem

Autores/Artigos Abordagem Tipos de pressões ambientais exercidas por diferentes stakeholders e a influência na adoção de práticas de GSCM Adoção de tecnologias de GSCM e difusão do conhecimento Mohanty e Prakash (2013) X Chan et al. (2012) X Hoejmose et al. (2012) X Björklund (2011) X Sarkis et al. (2010) X De Brito et al. (2008) X Lee (2008) X Zhu et al. (2008) X Chien e Shih (2007) X Matos e Hall (2007) X Vachon (2007) X González-Benito e González-Benito (2006b) X

Fonte: Elaborado pelo autor com base na revisão bibliográfica sistemática

Com as abordagens dos artigos apresentadas no Quadro 1 é possível perceber que a literatura dá muito enfoque para as diversas formas de pressões ambientais exercidas pelos diversos stakeholders e também para a consequente influência destes na adoção de práticas de GSCM pelas organizações (BJÖRKLUND, 2011; CHAN et al., 2012; CHIEN; SHIH, 2007; DE BRITO et al., 2008; GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006b; HOEJMOSE et al., 2012; LEE, 2008; MATOS; HALL, 2007; MOHANTY; PRAKASH, 2013; SARKIS et al., 2010; ZHU et al., 2008). Algo que vai de encontro ao que foi apresentado por Sarkis et al. (2011). Há ainda um artigo que aborda a adoção de tecnologias de GSCM e a difusão de tecnologias relacionadas à colaboração e monitoramento ambiental na cadeia de suprimentos (VACHON, 2007).

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5. Discussões

5.1. Pressões ambientais e a influência na adoção de práticas de GSCM

Os stakeholders exercem grande influência na adoção de diversas práticas de GSCM, mas essa influência e o stakeholder que a exerce variam de acordo com alguns fatores, como o tipo de cadeia de suprimentos, tamanho da organização, nível de internacionalização, posição na cadeia de suprimentos, setor industrial e localização das organizações (GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006a, 2010; HOEJMOSE et al., 2012; ZHU et al., 2008). Independente destes fatores, na revisão sistemática da literatura foi possível identificar quatro stakeholders que exercem grande pressão ambiental sobre as organizações: os concorrentes, comunidade, governo e clientes.

O stakeholder concorrente, por exemplo, é um grande motivador para a adoção de práticas de GSCM. Quando uma organização percebe que seus concorrentes estão tratando estrategicamente as questões ambientais e assim obtendo vantagens competitivas no mercado, essas organizações se motivam a tratar a questão ambiental de forma mais estratégica, inclusive com a adoção de práticas de GSCM (MOHANTY; PRAKASH, 2013).

A comunidade também exerce um importante papel na adoção de práticas de GSCM pelas organizações. Por estar próxima, convivendo diariamente com a organização, a comunidade tem conhecimento dos impactos gerados por ela (CHIEN; SHIH, 2007). Os stakeholders demandam das empresas responsabilidade social e ambiental e, assim sendo, as organizações acabam sofrendo pressões ambientais para que seus impactos ambientais sejam positivos e não negativos (GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006a, 2010). Deste modo, a comunidade acaba influenciando a adoção de práticas de GSCM (CHIEN; SHIH, 2007; MOHANTY; PRAKASH, 2013). A proximidade e cooperação com os stakeholders, como a comunidade, podem contribuir para que as atividades da organização não a afetem negativamente, evitando conflitos e prejuízos à sua imagem (MATOS; HALL, 2007).

O governo é um importantíssimo stakeholder quando o assunto é pressão ambiental sobre as organizações, pois este possui o poder legal (BJÖRKLUND, 2011; MOHANTY; PRAKASH, 2013; CHIEN; SHIH, 2007; LEE, 2008). Em alguns casos o governo pode motivar a adoção de determinadas práticas de GSCM por meio de legislações específicas para determinados setores (CHIEN; SHIH, 2007; BJÖRKLUND, 2011). No entanto, a grande importância do governo está no seu papel de facilitador e difusor de práticas de gestão ambiental nas cadeias de suprimentos, principalmente para micro, pequenas e médias empresas. Na Coréia do Sul,

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9 por exemplo, pequenos e médios fornecedores recebem do governo acesso a financiamentos, know-how e tecnologias que os ajudam a participarem de iniciativas de GSCM (LEE, 2008). Entre os stakeholders que exercem maior pressão ambiental sobre as organizações, sem dúvidas o principal é o cliente, pois ele é o principal canal de percepção de demanda por produtos ou serviços mais “verdes” das organizações (LEE, 2008). O cliente também pode influenciar a adoção de práticas específicas de GSCM (BJÖRKLUND, 2011). O envolvimento direto dos clientes nas práticas de seus fornecedores, por exemplo, pode fazer com que estes últimos participem mais de iniciativas de GSCM (LEE, 2008). Além disso, clientes estrangeiros, principalmente em países em desenvolvimento, podem exercer grande pressão ambiental. Alguns exemplos são os casos da indústria de eletro e eletrônico de Taiwan e as micros, pequenas e médias empresas da Índia, que são pressionadas a adotarem práticas de gestão ambiental sob a ameaça de perderem contratos com importantes clientes estrangeiros (CHIEN; SHIH, 2007; MOHANTY; PRAKASH, 2013). O cliente exerce grande pressão ambiental sobre as organizações, especialmente àquelas que estão próximas a eles (GONZÁLEZ-BENITO, 2006a, 2010). Isto fica claro em uma comparação dos mercados B2C (business-to-consumer) e B2B (business-to-business). O envolvimento de empresas com GSCM em mercados B2C é maior do que em mercados B2B, o que pode ser reflexo do distanciamento dos consumidores no mercado B2B e da proximidade com eles no mercado B2C (HOEJMOSE et al., 2012).

Como visto acima, as organizações estão constantemente recebendo diversos tipos de pressões de seus stakeholders, sendo assim necessário que as organizações os acompanhem mais de perto, pois quanto maior a percepção das pressões exercidas pelos stakeholders maior será a implementação de práticas ambientais pelas organizações (GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006b). Porém esta percepção também depende muito dos valores e crenças de seus gestores (GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006b). Além disso, um estudo sobre logística reversa orientada ambientalmente por Sarkis et al. (2010) sugere que o treinamento ambiental é, também, um crítico mediador entre as pressões de vários stakeholders e a implementação de práticas ambientais. Ou seja, para uma reação eficiente as pressões percebidas é importante que os colaboradores da organização estejam preparados e capacitados para uma reação refletida em práticas ambientais. Outro ponto importante no acompanhamento dos stakeholders é a cooperação. A prática de cooperação com clientes, por exemplo, exerce um forte impacto sobre o desempenho das empresas ao

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10 aumentar a intensidade competitiva das mesmas. Assim é muito importante cultivar uma cultura corporativa pró-ambiental, bem como melhorar a sensibilidade das organizações aos anseios ambientais dos stakeholders para a realização de práticas de GSCM (CHAN et al., 2012; DE BRITO et al., 2008).

5.2. Adoção de tecnologias de GSCM e difusão do conhecimento

Somente um artigo abordou a adoção de tecnologias de GSCM e difusão do conhecimento. Vachon (2007) analisou a relação entre práticas de GSCM e a seleção de tecnologias ambientais por meio de um survey aplicado em indústrias do Canadá e Estados Unidos da América. O artigo explora a possível relação entre colaboração ambiental e monitoramento ambiental na cadeia de suprimentos e a forma característica de investimento ambiental em três categorias: prevenção da poluição, controle da poluição e sistemas de gestão.

O principal achado de Vachon (2007) foi que a colaboração ambiental com fornecedores está associada com grandes investimentos em tecnologias de prevenção de poluição, enquanto que a colaboração com consumidores não tem impacto na implementação de tecnologias de prevenção de poluição.

6. Considerações finais

Com a análise e discussão dos 12 artigos pôde-se notar que o papel dos stakeholders em GSCM é fundamental. Os stakeholders são fundamentais para GSCM, sejam pelas pressões exercidas, influência na adoção de determinadas práticas, ou pela cooperação em adoção de práticas e tecnologias de GSCM com as organizações. Eles sempre estão envolvidos de alguma maneira com as preocupações ambientais na cadeia de suprimentos, pois eles demandam das empresas responsabilidade social e ambiental: integridade, respeito, padrões, transparência e responsabilidade (GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006a, 2010).

Os stakeholders são realmente fundamentais para GSCM, pois: stakeholders específicos podem influenciar a adoção de determinada prática de GSCM (BJÖRKLUND, 2011), organizações menores dependem mais de ações do governo para implementarem práticas ambientais (MOHANTY; PRAKASH, 2013; LEE, 2008), quanto maior a proximidade com os consumidores, maior será a pressão ambiental (HOEJMOSE et al., 2012), cadeias de

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11 suprimentos específicas possuem suas particularidades em relação a pressão dos stakeholders (DE BRITO et al., 2008; CHIEN; SHIH, 2007) e a cooperação com os stakeholders pode gerar grandes benefícios para as organizações (CHAN et al., 2012; MATOS; HALL, 2007; VACHON, 2007). Além disso, a percepção das organizações sobre as pressões ambientais provenientes dos stakeholders é mediada pelos valores e crenças dos seus gestores e a reação a estas pressões, assim como o resultado da cooperação entre os agentes da cadeia, dependem do treinamento ambiental dos colaboradores e das tecnologias disponíveis e desenvolvidas pela organização (GONZÁLEZ-BENITO; GONZÁLEZ-BENITO, 2006b; SARKIS et al., 2010; VACHON, 2007). De acordo com suas características internas, as organizações canalizam as pressões e cooperações recebidas em direção à adoção de práticas de GSCM. Apesar do papel dos stakeholders em GSCM variar de acordo com vários fatores, a relação deles com GSCM, com base na literatura, pode ser exemplificada pela ilustração da Figura 2.

Figura 2 – A relação de GSCM com os stakeholders

Fonte: Elaborado pelo autor com base na revisão bibliográfica sistemática

Este artigo, por meio da revisão bibliográfica sistemática. esboçou, mesmo que não integralmente, o papel dos stakeholders em GSCM. Mas fica evidente pelo número de artigos encontrados que o estudo desta relação tem muito a ser explorado ainda. Sarkis et al. (2011), por exemplo, indicaram que estudos futuros poderiam explorar mais o papel da Teoria dos Stakeholders sobre a adoção de tecnologias de GSCM e na difusão da tecnologia, como feito

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12 por Vachon (2007), e também que focar em estudos da Teoria dos Stakeholders internacionalmente seria interessante por conta da globalização das cadeias de suprimentos. Portanto, novos estudos são interessantes para enriquecer ainda mais a literatura sobre o papel dos stakeholders em GSCM.

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