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Análise Sociológica. Tema 4

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(1)

Análise Sociológica

Tema 4

O percurso da agricultura e da floresta em Portugal

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Tema 4

– O percurso da agricultura e da floresta em Portugal

Trabalho Prático 4:

Diversidade e dinâmicas socioeconómicas do espaço rural em

Portugal

Aulas teóricas

(3)

4.1. Introdução

4.2. Agricultura, floresta, rural e espaço

Agricultura e floresta. Tecnologia e trabalho Da sociedade rural à população rural

Evolução da ocupação do espaço rural

4.3. Novas questões, actividades e dinâmicas

A questão ambiental

(4)

Agricultura Sociedade Rural Espaço Agricultura População rural Espaço Perca de importância da propriedade fundiária como elemento estruturante das relações sociais e políticas = = Transformação tecnológica

Fonte: Adaptado de Baptista, 2001.

4.1 - Introdução: o declínio de um tempo longo

e agricultura parcialmente dissociada da floresta + questão ambiental

+ novas actividades + novas dinâmicas

(5)

Meados do séc. XX

a agricultura e a sociedade rural alcançavam a sua maior expressão demográfica, a vida das aldeias e lugares assentava na população agrícola

que se havia apropriado de todo o espaço disponível. Não havia mais incultos para aproveitar

A agricultura, a sociedade e o espaço rural trilhavam destinos coincidentes

Fonte: Adaptado de Baptista, 2001.

4.1. Introdução: o declínio de um tempo longo

Passado meio século

a agricultura já não unifica a sociedade rural com todo o território não urbano, emerge uma questão do espaço autonomizada da agricultura

que já não assegura a vitalidade da população rural

(6)

4.2 - Agricultura, floresta, rural e espaço

4.2.1. Agricultura e floresta. Trabalho e tecnologia

(1)Uma profunda transformação tecnológica

desde os anos 1960, acelerada pelo êxodo agrícola e rural

O peso dos consumos intermédios na produção final da agricultura passa de 6% a 45% entre 1950 e 1990

Os que não realizaram a reconversão tecnológica:

Abandono da agricultura

forte redução do número de explorações agrícolas de menor dimensão na década de1990

Reforço da articulação das unidades agrícolas com o trabalho e os rendimentos exteriores à exploração

agricultura a tempo parcial, plurirrendimento

Extensificação da produção

para minimizar as necessidades de investimento ou em relação com a concessão de ajudas directas ao rendimento desligadas das quantidades de produção levadas ao mercado (na sequência das orientações da PAC de 1992)

(7)

(2) Os que trabalham na agricultura e floresta

Tendências da última metade do século:

O seu número absoluto reduziu-se grandemente; a feminização aumentou; o envelhecimento acentuou-se; os trabalhadores familiares são, agora, a maior parte desta população (Baptista, 2010:201)

(8)

(3) Declínio da importância da agricultura e floresta na economia

e na sociedade

De 1950 para 1990:

população activa agrícola (PAA)/PA total passou de 48% para 10%. valor acrescentado bruto (VAB) agro-silvícola/produto interno bruto a preços correntes baixou de 28% para 5%.

população ligada a explorações agrícolas no total da população residente diminui de 55% para 20%.

Em 2001

, a PAA na PA total é < 5%

(9)
(10)

0 2 4 6 8 10 12 1900 1911 1926 1930 1940 1945 1950 1960 1970 1974 1981 1991 2001 Res. Rural Agríc. Act. Total Act. Agríc.

Portugal: Evolução da população portuguesa (residente, rural, agrícola, activa e activa agrícola) no século XX (un.: 106 HM) 0 1 2 3 4 5 1900 1911 1926 1930 1940 1945 1950 1960 1970 1974 1981 1991 2001 Rural Agríc. Act. Agríc. un.:10^6 HM

Fonte: Rolo, Joaquim (2012), “População rural e agrícola em Portugal ao longo do século XX - um apontamento”, EAN/INIAP, (doc. de trabalho).

Portugal: População rural, agrícola e

activa agrícola em Portugal ao longo do

(11)

4.2.2. Da sociedade rural à população rural

(1) Alterações dos quadros de vida

Adensamento da rede de transportes, > densidade de telefones e

televisão

Expansão da água canalizada, saneamento básico e electrificação

Alteração dos hábitos de vestuário e alimentação

Expansão das redes camarárias de recolha de lixo

(evidenciando a crescente ruptura da agricultura e dos modos de

vida com a natureza)

Criação de escolas, outros serviços (saúde, bombeiros,...) e

equipamentos (centro de apoio a idosos, polidesportivos, ...) em vilas

e pequenas cidades

(12)

(2) Novas sociabilidades e comportamentos

“um Portugal rural diversificado e crescentemente articulado com

o seu exterior”

A terra já não estrutura as relações sociais que nela se

estabelecem

“passou-se de uma sociedade rural governada pelos senhores dos

maiores patrimónios fundiários e párocos para uma ordem em que

estes mantêm ainda muita da sua influência política e ideológica,

mas agora numa situação em que emergem elementos ligados à

vida administrativa e económica das vilas e pequenas cidades...”

(13)

Até final da década de 1950 (de 1875 a 1956)

declínio da área inculta de 6.077 a 562 mil ha e avanço do cultivo agrícola

(> expansão a sul do Tejo)

de 1.886 a 4.762 mil ha

e avanço da florestação

(> expansão no Norte do país)

de 640 a 3.234 mil ha 4.2.3. Evolução da ocupação do espaço rural

“Ao iniciar a década de 1960

já não se deparavam à sociedade rural novos espaços a conquistar para a actividade dos seus habitantes”

Fonte: Baptista, 2001:19.

(14)

(2) Menos espaço agrícola, mais espaço florestal

Desde a década de 1960...

Declínio continuado da terra agrícola ...

entre 1960/64 e 1985/88, menos 45% de superfície semeada no

Continente (36% no Alentejo e 46% nos 10 distritos mais a Norte)

... e concentração geográfica da produção

(20% SAU produzem 2/3 do VAB agrícola

“[...] Ilhas de agricultura intensiva [... num] mar de áreas

florestadas, abandonadas

ou

aproveitadas

de modo muito

extensivo”

(15)

Desde a década de 1960:

Crescimento da floresta...

de 1939 para 1995/98 a área florestada aumenta 36%

“A floresta é cada vez menos percorrida e vai-se separando da

sociedade rural. Os incêndios florestais aí estão brutalmente a

sublinhar esta situação. Assim, no período entre 1980 e 1995,

ardeu mais de um milhão e duzentos mil hectares, dos quais oito

mil de arvoredo”

(16)
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(18)

(3) O espaço que sobra da agricultura e floresta

“Na perspectiva da sociedade a questão [das áreas que sobram da actividade agrícola e produção florestal] não é a produção agrícola ou florestal

mas a conservação da natureza, o ordenamento e a gestão do território

e/ou os modos como podem ser utilizadas para outras actividades que criem emprego e riqueza”.

“Embora a actividade agrícola e a floresta sejam apenas uma parte da questão do espaço, têm uma expressão dominante:

No conjunto das actividades territoriais (população activa, VAB e origem dos rendimentos)

Na conservação da natureza

Os sistemas agrícolas e florestais, estão hoje associados à conservação de valores naturais em cerca de 90% da área coberta pela Rede Natura

Mais de um terço da SAU é considerada como tendo um elevado valor natural”

(19)

Fonte: Baptista, 2010: 93.

4.3 - Novas questões, actividades e dinâmicas

O espaço rural encontra-se agora repartido entre as diversas

funções

que

correspondem

às

expectativas

da

sociedade

relativamente ao espaço rural

Produção agrícola Produção florestal

Ambiente e conservação da natureza

Actividades territoriais como lazer, caça, contacto com a natureza, desporto Actividades associadas à herança rural

E segmentado entre os interesses, sectoriais e residenciais, que

nele coexistem

(20)

(1) Fase da conservação da natureza

Iniciada em 1970 com o Parque Nacional da Peneda-Gerês

Promulgação dos diplomas que vieram a ter maior impacto na gestão do espaço

Em 1975, criação da Reserva Agrícola Nacional com o objectivo de assegurar a reserva para a agricultura dos solsos considerados mais aptos para esta actividade

Em 1976, delimitação da Reserva Ecológica Nacional que visava a protecção de ecosistemas e de processos biológicos

Regulação ambiental que tem o Estado a nível central como sujeito da sua aplicação e o exercício do poder do Estado como meio da sua concretização

4.3.1. A questão ambiental

(21)

Rede Nacional de Áreas protegidas

(22)

(2) Fase da defesa de “um ambiente humano e ecologicamente

equilibrado”

Promulgação, em 1987, da Lei de Bases do Ambiente

Desde 1992, por iniciativa de Bruxelas, tem vindo a ser aplicada a política agro-ambiental, assente noutro modelo de regulação

Esta política marca em Portugal, os primeiros passos efectivos de preocupação com o relacionamento entre as práticas agrícolas e o ambiente e visa favorecer o aparecimento de uma agricultura respeitadora do ambiente. Para alcançar estas metas utilizam-se meios financeiros que se destinam a compensar os agricultores pelo custo das boas práticas ambientais.

Regulação ambiental que se apoia nos mecanismos da esfera económica (instrumentos de política voluntários) e não, como a anterior, em determinações que é obrigatório acatar e cumprir (instrumentos de política obrigatórios). Os meios da sua aplicação são financeiros e não jurídicos. O sujeito da sua aplicação é também o Estado/Governo.

(23)

Essa regulamentação produz uma subdivisão dos direitos de propriedade, ou seja, alguns direitos são retirados da esfera da propriedade individual e apropriados socialmente

E condiciona os resultados da actividade económica

Exemplo: proibição de construir em área incluída na RAN

Exemplo: o direito de descarregar os efluentes duma instalação pecuária

directamente no curso de água mais próximo, versus a obrigação de tratar essas descargas, tem implicações no custo de exploração.

A preocupação crescente com as questões ambientais, nomeadamente com a conservação da natureza (necessidade de conciliar a vida económica com o meio ambiente) suscitou a intervenção do Estado

(regulamentos quanto ao modo como pode ser utilizado o território, exemplo da

(24)

Desenvolvimento de um mercado de actividades como a caça, o

turismo, o desporto e as actividades de lazer

São actividades “territorializadas e indissociáveis do local onde

são produzidas, pelo que a constituição social do seu mercado

exige que os consumidores possam percorrer o espaço rural”

Os consumidores destas actividades são em geral urbanos, com

níveis de rendimento e de formação académica elevados.

A oferta destas actividades tem mobilizado em geral mais a

grande propriedade fundiária e os actores externos do que os

habitantes do mundo rural.

4.3.2. Novas actividades e dinâmicas territoriais

(25)

Exemplo do alojamento TER (Turismo em espaço rural)

Designação legalmente instituída em 1986 engloba várias modalidades como turismo de habitação, turismo rural e agro-turismo.

Surgido há 30 anos, o TER tem vindo sistematicamente a crescer, por todo o país e especialmente na região Norte

Procura de TER: estrangeiros em grande parte, formação académica superior, elevado estatuto social;

Oferta de TER: famílias com importante património construído e pertença a estratos sociais elevados

“Por via dos apoios ao investimento que tem merecido e absorvido, o TER tem inequivocamente representado uma solução muito efectiva para a recuperação de um significativo património arquitectónico e histórico do país [...]”.

Neste “plano os seus efeitos são bem mais evidentes que os produzidos no campo estritamente empresarial”.

(26)

A mercantilização de festas populares em aldeias de

Trás-os-Montes

(Godinho, 2006 e Raposo, 2006)

A situação dos produtos de qualidade

“A estratégia de valorização dos produtos agro-alimentares com referência a uma área de produção, a um território ou a um saber-fazer é muito antiga para os produtos vitivinícolas, como o vinho do Porto.

Na última década, em 1992, a Comunidade Europeia criou, no contexto da política de qualidade relativa aos produtos agrícolas e géneros alimentícios, sistemas de valorização e protecção das denominações de origem, indicações geográficas e especialidades tradicionais, como o queijo da Serra da Estrela, o Salpicão de Vinhais e a Alheira de Mirandela.

Esta recente política de qualidade desenvolveu-se sobretudo nos cinco países da União Europeia da bacia mediterrânica” (Fragata, 2003)

(27)

O exemplo das residências secundárias (de não residentes sem relação anterior com o local) e alojamentos familiares de uso secundário ou sazonal (de pessoas com ligação ao local)

“O carácter sazonal da residência secundária pode provocar importantes alterações demográficas, nomeadamente o aumento do número de população presente em época de férias e/ou fins-de-semana [...]”

Num estudo de caso na região do Pinhal Interior Sul

O total de utilizadores de alojamentos familiares de uso sazonal ou secundário representa 122% da população residente nas aldeias analisadas;

A maioria dos proprietários de alojamentos são também proprietários fundiários na freguesia

(28)

Alojamen tos fa miliares d e u so sa zonal ou secu nd ário. Percen tagem d o nú mero:

Fr eguesia d e u tilizad ores

relativamen te à p opu laçã o resid ente

de prop rietários d e alojamentos qu e sã o também prop rietários fun d iá rios na fregu esia

d e p roprietários d e alojamen tos qu e têm liga ções familiares na fregu esia

Monte s d a Senh ora (Proença-a -Nova ) Carvoeiro (Maçã o)

Vila d e Rei (Vila de Rei) 122 92 93

Santo An dr é d as Tojeiras (Ca stelo Branco)

Sarzed as (Castelo Branco)

Fo nt e: Projecto Pin ha l Inter ior Su l – Din a m iza çã o do D ese nv olvim ento Loca l (AG RIS – A CÇÃO 8. Dina m iz açã o d o D ese nv olvi m ento Agro Flor esta l e Rur a l)

(29)

Fonte: Baptista, 2006

Tipos d e ut ilizad ores Percentagem d o n úmero d e u tilizadores*

Natal e do Verão 34

Vêm aos fins d e semana (semp re, muitas ou alg umas vezes) e nas férias d o

d o Verão 19

Não vêm aos fins-d e-semana mas vêm nas férias d o Verão 22

Vêm aos fins-d e-semana (semp re, muitas ou algumas vezes) e não

vêm n as férias 18

Outros 7

Total 100

* Do con ju nto d as fregu esias d e Montes d a Sen ho ra, Carv oeiro, Vila d e Rei, Santo And ré das To jeiras e Sarzed as

Fon te: Pr ojecto Pin h al In terior Su l – Dinam ização d o Desen volvim ento Local (AGRIS – ACÇÃO 8. Dinam ização d o Desenv olv im en to Agr o Flor estal e Ru ral)

(30)

Bibliografia

Baptista, Fernando (2010), O espaço rural: declínio da agricultura, Lisboa, Celta

Baptista, Fernando (2001), Agriculturas e territórios, Lisboa, Celta, pp.9-37e 39-59

(capítulos 1 e 2).

• Fragata, António (2003), Da qualidade dos produtos agrícolas tradicionais: elementos

para a sua elaboração social e técnica, em José Portela e João C. Caldas, Portugal

Chão, Lisboa, Celta, pp. 449-462.

Novais, Ana, Fernando Lourenço e Fernando Baptista (2000), Portugal (Continente):

Uma leitura do rural, Lisboa, Instituto Superior de Agronomia.

• Radich, M. C. & Baptista, F. (2005): Floresta e sociedade: um percurso (1875-2005),

Silva Lusitana 13 (2): 143-157.

• Ribeiro, Manuela (2003), Espaços rurais como espaços turísticos: reflexões em torno

da construção da oferta de turismo em espaço rural, em José Portela e João C. Caldas, Portugal Chão, Lisboa, Celta, pp. 199-216.

• Rolo, Joaquim (1996), Imagens de meio século da agricultura portuguesa, em

Joaquim Brito, Fernando Baptista e Benjamin Pereira (coords.), O vôo do arado, Lisboa, Museu Nacional de Etnologia, 1996, pp. 77-157.

Referências

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