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ENSINO DE MATEMÁTICA: CONTEXTO INDÍGENA AMAZÔNICO

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ISSN 2176-1396

ENSINO DE MATEMÁTICA: CONTEXTO INDÍGENA AMAZÔNICO

Haylla Rodrigues de Aguiar1 - UFPA Maria Dulce Gonçalves de Matos2 - UFPA Talal Suleiman Mahmoud3 - UFPR Eixo – Educação Indígena, Quilombola e do Campo Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

Este artigo apresentará o contexto indígena amazônico a um grupo de acadêmicos localizados em Belém do Pará. Foi ministrado o minicurso no primeiro semestre de 2017, a graduação em Licenciatura Integrada em Educação em Ciências, Matemática e Linguagens, na Universidade Federal do Pará. O objetivo da experiência é presentar a realidade do Parque Indígenas do Xingu, como proposta para o Ensino da Matemática nos anos inicias para escola urbana. Durante o minicurso expomos: vídeo sobre a temática (Os indígenas – Raízes do Brasil); o livro da autora Mariana Kawa (FERREIRA 1998) abordando a narrativa mítica do povo indígena Juruna da criação da humanidade onde o mito descreve a base matemática dessa etnia ao categorizar os seres humanos de acordo com as línguas; leitura do mapa do Brasil, classificando as etnias por região. Fomentando essas discursões a Lei n. 11.645/2008, traz obrigatoriedade no currículo escolar a história da cultura afro-Brasileira e Indígena no Ensino, caracterizando os aspectos da população, segundo os dois grupos étnicos, resgatando as contribuições nas áreas social, econômica e política, relacionados à história do Brasil, dialogando com os valores étnico-raciais, despertando a construção de indivíduos democráticos e ciente da diversidade Brasileira. Percebe-se que a interdisciplinaridade (D’AMBROSIO 2016), entre os conteúdos matemáticos e os conhecimentos geográficos utilizando a história como estratégia para reforçar os pontos conceituais, favoreceu a aprendizagem significativa na medida em que os alunos passaram a se envolver no processo investigativo fazendo indagações, explorando os assuntos abordados. Dessa forma, os futuros professores demostraram um interesse ao contexto indígena, mudando o olhar discriminatório negativo e estereótipo idealizado pela hegemonia dos não indígenas.

Palavras-chave: Povo Indígena Juruna. Ensino de Matemática. Anos iniciais do Fundamental. Transdisciplinaridade.

1 Mestranda em Educação em Ciência e Matemática pela (UFPA). E-mail: rhaylla.rodrigues@gmail.br.

2 Professora da Educação Básica, Secretaria Estadual de Educação (SEDUC-PA). E-mail:

mariadulce.matos@hotmail.com.br.

3 Doutor em Química pela UNESP. Professora Titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR). E-mail:

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Introdução

A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional traz como um dos princípios e fins da Educação a divulgação da cultura e a liberdade de aprender e ensinar. Partindo dessa prerrogativa, as discursões acerca da inclusão das minorias, na unidade escolar urbana, as quais tiveram seus direitos negados pelo Estado, acentuaram-se e com a regulamentação da Lei n. 11.645/2008 torna-se obrigatório no currículo escolar a história e cultura afro-Brasileira e Indígena no ensino. Fomentar esses diálogos com os valores étnico-raciais proporcionando aos alunos indígenas e não indígenas a construção de indivíduos democráticos e ciente da diversidade étnico-racial brasileira incluído pela Lei n. 12.796/2013.

No contexto Amazônico a população indígena e mais expressiva em relação as outras regiões do Brasil. Conforme o senso demográfico de IBGE (2010) possui 342,8 mil etnias, embora seja um número significativo percebemos que as políticas públicas que envolve a temática indígena se apresentam de forma tímida nas escolas urbanas, “Na região Norte e no estado do Pará, no Município de Belém, o quadro em relação à implementação da legislação vigente requer avanços, uma vez que uma parte das escolas não apresenta projetos voltados para a valorização da Cultura indígena. ” (BARARUÁ etial, 2017, p.59).

A ausência de políticas educacionais adotadas no ambiente escolar urbano para envolver a temática indígena ainda é incipiente embora a lei que regulamenta tais exigências está em vigor há 9 anos. Para Bergamaschi e Gomes (2012, p.58) “Essa visão deformada dos indígenas se perpetua justamente pelo fato da nossa história ser contada até hoje a partir da visão do colonizador, sem dar oportunidade para que os diferentes povos apresentem a sua visão em relação a si mesmo e à História do nosso país.”.

De acordo com Ferreira (1998), a relação entre diversas sociedades resultou em troca de conhecimentos e de ideias matemáticas. A necessidade social de responder problemas pertinentes implicou aos homens em criarem modos de solucionar, com os povos indígenas não foram diferentes, ou seja, os sistemas numéricos desses povos estão expressos na sua assimilação humana de ver e entender a natureza e o universo, cada etnia possui o seu próprio sistema matemático. Apresentar o ensino de matemática a partir do contexto indígena possibilita ao não indígena a conhecer um pouco da realidade dos povos Amazônicos e os seus aspectos filosóficos matemática e cultural. Nesse sentido Ubiratan afirma que:

[...] a importância da Educação Indígena transcende o objetivo de se ensinar índios. Essa proposta de usar números, contas, medidas e mapas como motivadores para um programa de matemática poderia ser adotada com muitas vantagens pelas escolas das cidades. Esse é uma estratégia importante para mostrar as relações da matemática com

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outras disciplinas. Não só é atrativa do ponto de vista de aprendizagem, como também responde ao que se nota na evolução histórica do conhecimento matemático. (D´AMBROSIO, 1998, p. 14)

Diante do contexto acima o objetivo da experiência é presentar a realidade do Parque Indígenas do Xingu, como proposta para o Ensino da Matemática nos anos inicias para escola urbana. Os participantes da pesquisa cursam Licenciatura Integrada em Educação em Ciências, Matemática e Linguagens, segundo Machado (2014) a criação do curso de Licenciatura Integrada em Educação em Ciências, Matemática e Linguagens, tem como objetivo a formação professores para o trabalho educativo profícuo e diferenciado nos anos iniciais da Educação Básica.

Povos da Amazônia: Yudjá/Juruna

A população indígena no Brasil é de 896, 9 mil, de acordo com o censo demográfico realizado pelo IBGE em 2010.

Os povos indígenas são divididos e reconhecidos pela língua, assim como a língua dos não indígenas, essa separação se dá pelo tronco linguístico e em seguida pela família linguística, em cada ramificação temos diversas etnias. Diversos povos indígenas no Brasil têm suas subdivisões no qual são ocasionadas por muitos fatores: “O isolamento geográfico, característica particulares do meio, dinâmica da relação com culturas vizinhas, possibilita a compreensão do aspecto isolado, mas não são suficientes para sustentar uma explicação global “ (Junqueira, 2008, p.18). Com conflitos culturais entre outras etnias, rivalidade entre famílias, por questões de sobrevivência, muitos povos se mantinham nômades, e os casamentos interétnico.

No Parque indígena Xingu há 16 etnias pertencente a 7 famílias linguísticas conforme os dados apresentados pela antropóloga Vanessa Lea, em 1994.

Tabela 1 - Etnias do Parque do Xingu

Povo Tronco linguístico ou família População

Aweti Tronco Tupi 80

Juruna Família Juruna, tronco Tupi 132

Kalapalo Karibe 249 Kamayurá Tupi-Guarani 279 Kayabi Tupi-Guarani 526 Kuikuru Karibe 277 Matipu/Nahukwá Karibe 102 Mebengokre Jê Setentronais 449 Mehináku Aruák 121 Panará Jê Setentronais 122 Suyá Jê Setentronais 165 Tapayuna Jê Setentronais 48

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Txicão Karibe 146

Waurá Aruák 187

Yawalapiti Aruák 140

Total 3.101

Fonte: Dados organizados pelos autores, com base no livro Os dez dedos das mãos.

De acordo com os dados da Siasi/Sesai de 2014 a população Juruna é de 880. O povo indígena Juruna ou como auto denomina Yudjá se encontram separados em dois grupos um habitante no médio Xingu na Terra Indígena Paquiçomba e adjacências em Altamira (PA) e a outra no Parque Indígena do Xingu no estado de Mato Grosso, ambos vivem à margem do rio Amazônico.Com a implantação de usinas hidrelétricas essas etnias sofreram/sofrem impactos nas manifestações culturais humanas.

Esses povos são falantes da língua Juruna do tronco tupi, o declínio populacional dos Jurunas a partir do 1842 a 1967 foi significativo, pois, conforme Ferreira (1998), essa população que era de 2 mil indígenas passou a ser de 58 indígenas. Essa etnia era uma das mais importantes do Xingu, dentre as causas que justificam a diminuição desse grupo está o avanço da exploração dos seringais, que causou sérios impactos na cosmologia e xamanismo pois os xamãs são uma parte da sua cosmovisão e passa a ser instintos em 1980

No quadro apresentamos de forma quantitativa a população Juruna segundo dados informados por Ferreira (1998).

Tabela 2 - A População Juruna Através do Tempo

Fonte Localização População

Adalbert (1842) 9 aldeias - Baixo Xingu 2000 Brusque (1859) 3 aldeias - Baixo Xingu 235 Brusque (1863) X - Baixo Xingu 250 Stein (1884) 5 aldeias e 3 ranchos 230 ou 250 Coudreau (1896) Médio Xingu 150 Nimuendaju (1928) X - Alto Xingu 30 Simões (1948) X - Alto Xingu 45 Galvão (1950) 1 aldeia – Xingu 37 Simões (1963) 1 aldeia - Alto Xingu 46 Oliveira, notas de campo (1966) 2 aldeias - Alto Xingu 54 Oliveira, notas de campo (1967) 2 aldeias - Alto Xingu 58 Fonte: Dados organizados pelos autores, com base no livro Os dez dedos das mãos.

Metodologia proposta

Para alcançarmos nosso objetivo presentamos a realidade do Parque Indígenas do Xingu, como proposta para o Ensino da Matemática nos anos inicias para escola urbana, desenvolvemos um minicurso com uma turma do curso Licenciatura Integrada em Educação

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em Ciências, Matemática e Linguagens da Universidade federal do Pará (UFPA), campus Belém, no primeiro semestre de 2017. O minicurso foi organizado da seguinte maneira: Dez horas de planejamento; dois dias de desenvolvimento das atividades em sala de aula com duração de duas horas para cada aula; seis horas de atividades complementares extraclasse, perfazendo assim uma carga total de vinte horas semanal.

Antes de abordarmos os conteúdos matemáticos propostos, iniciamos um diálogo com os cursistas com intuito de diagnosticarmos junto a esses quais conhecimentos ou informações, são familiares em relação a temática indígena que fazem parte dos seus saberes. A estratégia utilizada se deu em função de que alguns dos alunos são oriundos dos municípios circunvizinhos próximos de territórios indígenas

Nossa proposta inicial foi trabalhar os conteúdos matemáticos, porém após o diálogo com os estudantes, entendemos que poderíamos trabalhar esses conteúdos matemáticos via a um ensino interdisciplinar envolvendo a matemática e a geografia, já que os alunos moram em localidades diferentes e também cursam uma licenciatura que tem como princípio o trabalho voltado para estabelecer a relação entre as áreas disciplinares. Nesta perspectiva D’Ambrosio (2016, p.57- 58), advoga que “ A interdisciplinaridade, muito procurada e praticada hoje em dia, sobretudo nas escolas, transfere métodos de algumas disciplinas para outras, identificando assim novos objetos de estudo.

A atividade desenvolvida para abordar os conteúdos foi composta por oito questões problemas que estão descritas abaixo. Antes de propormos os problemas, apresentamos um vídeo que trata da temática, Os indígenas – Raízes do Brasil, para promover uma melhor compreensão acerca da realidade desses povos.

A seguir apresentamos a narrativa mítica Juruna sobre a criação da humanidade no qual o pajé mostra a base matemática a partir da classificação dos seres humanos. Assim utilizamos o mito indígena como mais uma forma de apresentar o conteúdo matemático, pois como sustenta Farias (2006, p.37), “Os princípios educativos refletidos nas histórias constituem-se em saberes que se expressão em diferentes seguimentos sociais: em atividades escolares; na economia; no direito de propriedades; nos problemas matemáticos cotidianos”. A riqueza cultural humana do mito do povo indígena Juruna sobre o sistema de contagem no começo dos tempos foram expressas no livro de Ferreira (1998) intitulado Os dez dedos das mãos, o qual apresentamos nos seguintes termos:

Os índios Juruna contam que, antigamente, o mundo era habitado por animais. Existiam onças, porcos do mato, bichos-preguiça, peixes e pássaros, de diversos tipos. Um dia,

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porém, o grande pajé Sina'ã, ele próprio filho de onça, criou uma mulher, engravidou-a e nasceram 1, 2 e depois 3 filhos. Foi assim que começou a história do povo Juruna. Com o tempo, a população Juruna foi crescendo. Sina'ã resolveu, então, guiar todo o mundo em direção ao rio Xingu, procurando um lugar bom para morar. Durante a viagem, zangou-se porque alguns homens o desobedeceram. O pajé sentiu, pela primeira vez, a necessidade de dividir os Juruna em diferentes povos. As pessoas ficaram tristes, mas não teve jeito. Carandine Juruna conta, hoje, como tudo aconteceu: Sina'ã cortou barbante vermelho. Cortou no meio e deu o barbante para cada povo. Deu língua para cada um também, e quem ganhava ia embora. Assim Sina'ã foi dividindo os povos, devagar, cada um na sua tribo. Uns subiram pará cá nesse rio. Outros foram lá para o mato. Outros para outro rio. Nós mesmos ficamos por aqui.

Os Juruna que ficaram junto a Sina'ã ganharam, além da língua, o conhecimento de fabricar as coisas, como facão, barco, arma, motor e tudo o mais. Mas Sina'ã alertou: "Se vocês não agüentarem, eu vou dar para outra pessoa". Carandine Juruna continua o relato: Nós mesmos não agüentamos. É muito difícil trabalhar como o branco. Então ele deu para o branco o conhecimento de fabricar as coisas, o facão, tudo o mais. Os brancos começaram a fabricar facão, arma...Deu capim para eles plantarem, para criar vaca, para criar tudo. Deixou tudo para eles e foi embora. Nosso pai foi embora.

Após a leitura do mito, apresentamos o mapa dos povos indígenas no Brasil e suas regionalidades geográficas para que os alunos fizessem uma reflexão sobre as regiões geográficas e os grupos indígenas que habitam essas regiões.

Figura 1 - Índice do Mapa das Regiões Geográficas

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Com a apresentação do mito e do mapa os alunos passaram a interagir em grupos e dialogarem conosco fazendo vários questionamentos como por exemplo: Se ainda existem muitos índios nessas regiões? Se uns migraram para outras regiões ? Se todos tem contato com os não indígenas? Entre outras perguntas. Ao percebermos o envolvimento dos alunos demos início as questões problemas que fazem parte da atividade. Cabe salientar que as questões problemas apresentadas no minicurso foram retiradas do livro de Ferreira (1998), proposto para escolas indígenas e como já dito antes é intitulado Os dez dedos das mãos.

Para solucionar as questões problemas, os alunos consultaram as tabelas apresentadas acima para responder as atividades proposta, se faz importante salientar que os dados são referentes a 1994, pela antropóloga Vanessa Lea. Na primeira questão, quantos povos habitam

o Parque Indígena do Xingu? Os alunos desenvolvem uma habilidade de ler e interpretar as

informações expostas nos quadros, como também, uso da adição. Durante essa segundo análise realizada pelos participantes com base nos discursões durante o minicurso, os mesmos identificaram alguns povos como sendo pertencente a sua região de origem.

Na segunda questão, quantos troncos ou famílias linguísticas estão representadas no

Parque Indígena do Xingu? Os alunos tiveram algumas dúvidas a respeito do tronco e família

linguística, ao trabalhar esses dados podemos discutir a diversidade cultural de cada povo, e a peculiaridade inerente de cada agrupo segundo as famílias e o tronco linguística. Nessa perspectiva as questões seguintes, são apresentadas as noções de grandezas, tais como: Qual é

o grupo mais populoso do Parque? Qual é o grupo menos populoso do Parque?

As questões problemas como, qual foi o ano em que a população Juruna esteve mais

reduzida? Entre que período houve a maior queda da população Juruna? Durante a solução

houve discursões entres os participantes do grupo sobre o impacto que o povo indígena Juruna sofreu com o contato com os não indígenas, no ano 1994. Podemos destacar que as usinas hidrelétricas presente nas regiões de alguns alunos, foram tema de diálogos entre eles, uma vez que estas não impactaram a penas os indígenas, mas as comunidades ribeirinhas e os alagados, mudando assim, todo modo de vivencia dessas minorias.

As últimas questões são: Os dados apresentados cobrem um período total de quantos

anos? Preencha a tabela com os dados extraídos do índice do Mapa das "Regiões

Geográficas". Preenchendo: número da região, nome da região, alguns povos indígenas desta região. Nesta perspectiva o minicurso foi desenvolvido interdisciplinar, onde os alunos ao identificar os povos indígenas através do mapa possibilitaram um olhar mais abrangente da posição geográfica desses povos, desse modo, apresentamos as equações aritmética utilizando

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a história como estratégia para reforçar os pontos conceituais. Cuja os sujeitos da pesquisa demonstram um olhar investigativo fazendo indagações sobre a temática mediante a realidade explorando os assuntos abordados e procurando dar significado aos mesmos.

Considerações finais

Durante o desenvolvimento do minicurso os participantes se envolveram em todos os momentos das atividades. Na apresentação do contexto indígena amazônico surgiram discursões sobre o tema, dando ênfase a discriminação étnica-racial da forma negativa com que os povos indígenas são sujeitos ao longo de toda o processo histórico brasileiro. Da mesma forma a apresentação quantitativa dos dados das etnias do Parque do Indígena Xingu despertou um olhar reflexivo em relação ao contexto exposto por parte da maioria dos futuros professores, tendo em vista que estes desconheciam essa realidade.

A temática indígena foi desenvolvida para os futuros professores da educação básica como uma proposta a ser problematizada apresentando outras maneiras de matematizar, uma vez que a matemática é uma criação humana e todos as sociedades possuem a sua própria. Na narrativa mítica o grande pajé Juruna explica sobre a criação da humanidade e a base matemática ao classificar os seres humanos segundo a língua utilizada por eles por meio de classificação. Para Farias e Mendes (2014, p.45) “Consideramos, então, que nesse processo emergirão questionamentos e explicações sobre o contexto sociocultural em que a matemática é construída e como são constituídos os modos de conhecer e explicar”.

Nesse sentido Hoffmann (2009, p.53), aponta que “O aluno constrói o seu conhecimento na interação com o meio em que vive. Portanto, depende das condições desse meio, da vivência de objetos e situações, para ultrapassar determinados estágios de desenvolvimento e ser capaz de estabelecer relações cada vez mais complexas e abstratas. ”

Nesta perspectiva acreditamos que o desenvolvimento do minicurso de forma interdisciplinar onde foram apresentados conteúdos matemáticos, bem como conhecimentos geográficos utilizando a história como estratégia para reforçar os pontos conceituais favoreceu a aprendizagem significativa na medida em que os alunos passaram a se envolver no processo investigativo fazendo indagações, explorando os assuntos abordados e procurando dar significado aos mesmos.

Diante desse quadro entendemos que ao abordarmos os conteúdos matemáticos para alunos não indígenas tomando como referência a história dos povos indígenas possibilitou o

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ensino desses conteúdos, bem como despertou a atenção dos alunos em relação as desigualdade étnico-racial ainda fortemente presente em nossa região.

REFERÊNCIAS

BARARUÁ, Marcos Vinicius Valente; VALE, Radanés Aurélio Lima; COELHO, Mauro Cezar; FERNANDES, Fernando Roque. Os povos indígenas como agentes históricos no processo de ensino/aprendizagem. In: COELHO, Wilma de Nazaré Baia, SILVA, Carlos Aldemir Farias, SOARES, Nicelma Josenila Farias da Silva (Coord.). Relações étnico-raciais para o Ensino Fundamental projetos de intervenção escolar. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2017. p.59-76.

BERGAMASCHI, Maria Aparecida; GOMES, Luana Barth. A temática indígena na escola: ensaios de educação intercultural. Currículo sem fronteiras, v. 12, n. 1, p. 53-69, 2012. Disponível em: < http://www.curriculosemfronteiras.org/vol12iss1articles/bergamaschi-gomes.pdf >. Acesso em: 01 mai. 2017.

BRASIL, Diretrizes e bases da educação nacional. Disponível

em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 07 mai 2017.

BRASIL, Lei nº. 9.394, de 16 de fevereiro 2017. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. MEC; SEF.

CENSO DEMOGRÁFICO 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. p.211.

D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação para sociedade em transição. São Paulo: Editora Livraria da Física, 3 ed, 2016. p. 309.

FARIAS, Carlos Aldemir; MENDES, Iran Abreu. As culturas são as marcas das sociedades humanas. In: MENDES, Iran Abreu, FARIAS, Carlos Aldemir. (Coord.). Práticas

socioculturais e Educação matemática. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2014. p.15-48.

FARIAS, Carlos Aldemir. Alfabetos da Alma história da tradição na escola. Porto Alegre: Editora Sulina, 2006. p. 135.

FERREIRA, Mariana Kawall Leal. Madikauku: os dez dedos das mãos, Matemática e povos indígenas no Brasil. Brasília: MEC/SEF/DPEF, 1998. p.185.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Editora Mediação, 2009.

JUNQUEIRA, Carmen. Antropologia indígena uma nova introdução. São Paulo: Editora Educ, 2008. p.103.

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MACHADO, Arthur Gonçalves Júnior. Aprendizagens compartilhadas de formadores de professores: o caso da Licenciatura Integrada em Educação em Ciência, Matemática e Linguagens. 2014. 196 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2014 Disponível em:

<https://drive.google.com/file/d/0Bxa8Ai93RdHQS3FmbVJDbDQ0S0U/view>. Acesso em: 04 mai. 2017.

Povos Indígenas do Brasil. Disponível em:<https://pib.socioambiental.org/pt/povo/yudja/645> Acesso em: 07 mai. 2017.

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