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Aspectos Históricos da Educação Infantil Amazonense Pérsida da Silva Ribeiro Miki Moysés Kuhlmann Júnior

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Academic year: 2021

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Aspectos Históricos da Educação Infantil Amazonense

Pérsida da Silva Ribeiro Miki Moysés Kuhlmann Júnior Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Universidade São Francisco campus Itatiba – SP Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas Eixo Temático 3:Pesquisa em Pós-Graduação em Educação e Políticas Públicas Categoria: Pôster

A pesquisa de doutorado tem como objeto as instituições de educação infantil no Amazonas (século XIX- XX). As revoluções francesa e industrial marcam o século XIX e XX pelas relações de trabalho, dimensões do tempo e espaço, invenções das tradições, lutas culturais, na circularidade de idéias e culturas,e origem das instituições para uma nova ordem social. (THOMPSON,1998; HOBSBAWM,2002; HALL,2003; BAKHTIN,2010; TABORDA,2008; KUHLMANN Jr, 2007; CASTRO,2007). É um período de intensas modificações no Amazonas, com a Cabanagem (1835-1840), o ciclo da borracha e a Belle Époque (1870-1912). A história cultural e social embasa esta investigação pela historiografia,a pesquisa bibliográfica e documental. As fontes produzirão documentos/monumentos que analisados refletirão às relações sociais que os produziram. A pesquisa apresenta a existência de um sistema educacional,com o Jardim de Infância 'Visconde de Mauá' e de instituições para as crianças pobres: Secção 'Mello Mattos',Escola Premunitora do Bom Pastor,Aprendizado Agrícola do Paredão, Escola 'José do Patrocínio'.(Manaus/século XX).

Palavras-chave: História da educação; Infância; Amazonas.

Introdução

O desafio desta pesquisa encontra-se no aprofundamento dos estudos regionalizados, com especificidade no Estado do Amazonas, com vistas às práticas escolares das instituições infantis da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX. “No século XIX, o que se vive no Brasil não são os ecos do passado europeu, mas as manifestações do grande impulso com relação à infância que representou o próprio século XIX, em todo o mundo ocidental, especialmente após a década de 1870”, quando a educação era vista como “fator estruturante da sociedade moderna”, junto às políticas sanitárias, educativas envolta à uma pedagogia científica, como passaporte ao mundo civilizado (KUHLMANN Jr, 2007, p. 22; KUHLMANN Jr, 2002, p. 465).

O problema se apresenta porque as produções acerca da história da educação infantil no Brasil pouco têm ampliado as regiões estudadas, para além de referências exclusivas aos estados

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do sudeste e sul. Nota-se a raridade de estudos que elucidem esse passado na Região Norte e, em especial, no estado do Amazonas. Se por um lado, o estudo oferece um campo inédito e frutífero de investigação, por outro, apresenta os percalços de um caminhar investigativo, sem a garantia da existência de fontes históricas, assim como o risco da destruição dos seus suportes.

Diante disso, algumas categorias de análise podem ser traçadas:

[...] processo de criação e de instalação da instituição escolar; caracterização e utilização do espaço físico; esforços de poder (diretor, escrivão, professores etc.); organização do tempo escolar; origem social da clientela; conteúdos escolares; professores; legislação, normas e administração. Para Buffa (2002, p. 23) “[...] essas categorias permitem traçar um retrato da escola com os seus atores, aspectos de sua organização, seu cotidiano, seus rituais, sua cultura e seu significado para aquela sociedade [...]”. (CASTRO, 2007, p.35-36).

Tais categorias direcionam um estudo histórico das práticas escolares (VIDAL, 2005), conectadas com as categorias históricas de lugar, tempo e culturas escolares, na perspectiva da história cultural, fundamentada no materialismo histórico. (BURKE, 2005).

Neste sentido, a pesquisa concentra-se na compreensão de como as realidades singulares foram construídas em suas conexões internas (locais) e externas (regionais e mundiais), na ruptura e superação da história ocidental eurocêntrica como a única determinante (sem colocá-la em exclusão no universo investigativo), e na orientação pelos estudos culturais compreendidos numa história social (cultural e econômica), fundamentada na lógica histórica, imersa ao materialismo histórico.

Referencial Teórico

As repercussões da revolução francesa e industrial delineiam um construto social em que o capital se configura nas relações de trabalho, em novas dimensões do tempo (marcado pelo relógio), nas invenções das tradições, nas lutas culturais compreendidas em espaços de arena social, na circularidade de idéias e culturas, e na origem das instituições para uma nova ordem social. (THOMPSON, 1998; HOBSBAWM, 2002; HALL, 2003; BAKHTIN, 2010; TABORDA, 2008; KUHLMANN Jr, 2007; CASTRO, 2007). Dentre as instituições criadas, há as destinadas à educação da infância, seja para as crianças de classe média e alta, seja para a população pobre. (KUHLMANN Jr, 2007).

Castro (2007) exemplifica que a criação da Casa dos Educandos e Artífices, nas províncias do Pará e Maranhão foi uma consequência das rebeliões populares (Cabanagem e Balaiada), que levaram o império a buscar formar novas gerações pacíficas à ordem social e servis à necessidade de um exército, na eminência de novas rebeliões no país. Sua centralidade e crescimento institucional devem-se à explosão demográfica advinda das rebeliões e “os surtos de industrialização [...] com a exploração da borracha” (p.43).

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Kuhlmann Jr (2000) esclarece que as diversas concepções de infância construídas socialmente, assim como as formas de educação escolarizadas repercutem estratégias de poder, “modeladoras”, advindas do modelo europeu (creches, escolas maternais e jardins-de-infância), na passagem do século XIX para o XX, e que no Brasil (no início do século XX) houve um “deslocamento da influência européia para os EUA” (p. 8). As características das instituições brasileiras marcadas pelo pouco investimento do Estado, na configuração de assistência, no interesse de manutenção da ordem social, política e “apaziguadora” da criança pobre, compreendiam a necessidade de controlar a criança “como ameaça social”. (idem, 2007, p.27).

A história das instituições educacionais se amplia no debate sobre a história cultural e social, relevando-se as questões materiais, sociais e do imaginário.(ibid.,17). A prática histórica interage com o lugar contextualizado pelas relações de produção e as construções culturais e políticas de enfrentamento às temporalidades e conteúdos estudados, “cuja inteligibilidade é construída pelo historiador, nas redes de significado que produz, e tramada em consonância com as regras da narrativa historiográfica.” (VIDAL, 2005, p.64).

As transgressões ou rompimentos à ordem estabelecida devem compor o estudo com o lugar contextualizado, mesmo que em transição de um sistema a outro, mas que não representa a solidificação ou ainda a universalização de determinado sistema econômico tendencioso a uma única explicação sobre a realidade, ou a exaltação de um determinado grupo social e detrimento a outro. São ainda formas de resistência às imposições, manifestadas diferentemente em temporalidades distintas, porém conectadas, em arenas de luta (HALL, 2003). Estas podem se configurar como táticas frente às estratégias de poder (DE CERTEAU, 1994), ou ainda romper com o poder estabelecido em organizações não sistêmicas, inexplicadas pela engenharia racionalista.

Na Amazônia, o período delimitado para a pesquisa apresenta dois elementos importantes. Trata-se de um período após a Cabanagem (1835-1840), e compreende as transformações do ciclo da borracha e da Belle Époque (1870-1912). Tais períodos trouxeram modificações intensas nas relações comerciais, nas construções urbanas e arquitetônicas, nas organizações políticas, nas manifestações culturais (SOUSA, 2010) e nas configurações das instituições educacionais, merecedores de uma análise pela “lógica histórica” e nos estudos culturais. (THOMPSON, 1981; VIDAL, 2005).

Objetivos Objetivos Gerais

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1. Investigar sobre a história da infância e sua escolarização no estado do Amazonas, compreendida na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX, em seus diferentes sentidos e aspectos.

2. Compreender as singularidades da realidade social amazonense da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX, nas relações de tempo, local e trabalho, frente às conexões locais e mundiais e suas influências para a educação escolar infantil. 3. Analisar as práticas escolares das instituições infantis, tendo como referência as

delimitações de tempo, local e culturas escolares (século XIX e XX).

Objetivos Específicos

1. Contextualizar a história da infância e sua escolarização frente às influências da Cabanagem (1835-1840) e do Ciclo da Borracha (1870-1912), no Estado do Amazonas. 2. Relacionar o processo de criação e instalação das instituições educacionais no

Amazonas, em suas conexões locais, regionais e mundiais.

3. Caracterizar a utilização do espaço físico nas instituições educacionais infantis amazonenses, assim como a organização do currículo escolar e seus sujeitos, frente às estratégias e táticas das práticas cotidianas destas instituições, entre a segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX.

4. Analisar as políticas públicas relacionadas à educação das crianças amazonenses, entre a segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX.

Metodologia

A pesquisa embasar-se-á na história da educação fundamentada na história cultural e social, na perspectiva da lógica histórica e no materialismo histórico (THOMPSON, 1981). A historiografia tornar-se-á ferramenta fundamental: “a historiografia da educação tem buscado ultrapassar os limites de uma tradição que toma como ponto de partida exclusivamente o interior do âmbito educacional e escolar.” (KUHLMANN, 2007, p.15).

A pesquisa bibliográfica consistirá na busca de artigos, dissertações e teses sobre o tema e sua contextualização. O trabalho de campo que será constituído de pesquisa documental. Os documentos a serem analisados passam pela discussão de identidade e subjetividade do seu conteúdo e do pesquisador. O documento é também monumento, é material da memória coletiva da história, sendo fruto de lutas de classes. (LE GOFF, 1990).

O estudo da legislação comporá a investigação, diante das articulações que a lei possibilita, seja pela influência na produção de outros documentos, ou ainda no comando dos

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locais da administração estatal e das práticas do instituto legal e jurídico. (FARIA FILHO, 1998).

As fontes de pesquisa documental poderão ser encontradas em arquivos públicos municipais, estaduais e escolares, nas bibliotecas, inclusive as digitais, no diário oficial do estado do Amazonas; ou ainda sob a guarda das instituições religiosas.

Haverá a possibilidade de a investigação abranger o estado do Pará e do Maranhão frente à especificidade do período estudado. Os documentos: atas, relatórios, literaturas, instruções públicas, manuais escolares, periódicos, iconográficos, tudo comporá o conjunto de fontes a serem analisadas junto às relações sociais que os produziram,exigindo uma “operação técnica” de tratamento das informações, com a consciência de que as mesmas trazem consigo as marcas históricas de uma determinada sociedade, necessitando de desmistificação, pois em sua essência já transcorre o interesse de sua produção e de sua falseabilidade. (DE CERTEAU, 1982; VIDAL, 2005; LE GOFF, 1990).

Após a pesquisa documental, haverá a elaboração da tese.

Desenvolvimento

A pesquisa está em sua fase inicial com o levantamento das fontes, estudos bibliográficos e de documentos oficiais sobre a educação no estado do Amazonas.

Conclusões

A pesquisa iniciou-se em agosto de 2010, com os primeiros levantamentos e descobertas, como a existência do Jardim de Infância 'Visconde de Mauá', em Manaus, no período de 1926-1929, para o qual foram compradas 43 cadeirinhas e 04 mesas. (A Instrucção Publica, 1929).

O sistema de ensino no Estado do Amazonas em 1928 encontrava-se estruturado em Ensino Publico, Ensino Particular Inscripto, Ensino Particular não inscripto e Ensino Municipal. No Ensino Público havia 279 escolas, sendo uma Escola Modelo, 92 escolas de 1ª. entrancia na capital (com 14 grupos escolares), 8 escolas isoladas de 1ª. entrancia na capital, 2 escolas regimentaes (1ª. entrancia na capital), 14 escolas de 2ª. entrancia (cidades) em 4 gráos escolares, 10 escolas isoladas de 2ª. entrancia (cidades), 26 escolas isoladas de 3ª. entrancia (villas), 126 escolas de 2ª. cathegoria (ruraes) povoações. No Ensino Particular Inscripto, 27 collegios e escolas. No Ensino Particular não inscripto, 13 collegios. No Ensino Municipal, 20 escolas, tudo em um total de 339 escolas. (A Instrucção Publica, 1929, p. 6-7).

Entre 1935-1940, encontraram-se instituições para as crianças pobres, menores de 1 ano de idade até os 20 anos, a exemplo da Secção 'Mello Mattos' (para meninos delinquentes),

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Escola Premunitora do Bom Pastor (para meninas sujeitas à prostituição), Aprendizado Agrícola do Paredão (instrução agrícola e ensinamento religioso e moral), Escola 'José do Patrocínio' (meninos gazeteiros). Neste período ainda se planejava a instalação de um parque infantil para menores pobres. (ARAÚJO, [1940?]).

Referências

A INSTRUCÇÃO Publica: no quadriennio do Presidente Ephigenio de Salles, 1926-1929. Manaus: Imprensa Publica, 1929. (Estado do Amazonas).

ARAÚJO, André Vidal. A prol da Infancia: apelo do Juiz de Menores de Manaos, Dr. André Vidal de Araújo, ao Presid. Getúlio Vargas. Manaos, Amazonas, Brasil, [1940?].

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. 7.ed. São Paulo: HUCITEC, 2010.

BURKE, Peter. O que é história cultural. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

CASTRO, César Augusto. Infância e trabalho no Maranhão Provincial: uma história da Casa dos Educandos Artífices (1841-1889). São Luiz, MA: EdFUNC, 2007.

DE CERTEAU, Michel. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982. _____. A invenção do cotidiano: 1. Arte do fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

FARIA FILHO, Luciano Mendes de. A legislação como fonte para a História da Educação: uma tentativa de interpretação. In: FARIA FILHO, Luciano Mendes de (Org); DUARTE, Regina Horta Duarte et al. Educação modernidade e civilização: fontes e perspectivas de análises para a história da educação oitocentista. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

HOBSBAWM, Eric J. 1. Introdução: a invenção das tradições. In: HOBSBAWM, Eric J; RANGER, Terence (Orgs.). A invenção das tradições. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. KUHLMANN Jr., Moysés. História da educação infantil brasileira. Revista Brasileira de

Educação, Anped, n.14, maio/ago., 2000, p. 5-18. Disponível em:<http//www.anped.org.br>.

Acesso em 18 ago. 2010.

_____. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. 4.ed. Porto Alegre: Mediação, 2007.

_____. A circulação das idéias sobre a educação das crianças: Brasil, início do século XX. In: FREITAS, Marcos Cezar de; KUHLMANN Jr., Moysés. (Orgs). Os intelectuais na História

da Infância. São Paulo: Cortez, 2002.

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SOUSA, Celita Maria Paes de. Traços de compaixão e misericórdia na história do Pará: instituições para meninos e meninas desvalidas no século XIX até o início do século XX. Tese

de Doutorado em Educação. São Paulo: PUC, 2010.

TABORDA, Marcus Aurélio. O pensamento de Edward Palmer Thompson como programa para a pesquisa em história da educação: culturas escolares, currículo e educação do corpo. Revista

Brasileira de História. São Paulo, v.16, n. 45, 2008, p. 147-170.

THOMPSON, Edward Palmer. A miséria da teoria. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981. _____. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

VIDAL, Diana Gonçalves. Culturas escolares: estudo sobre as práticas de leitura e escrita na escola pública primária. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.

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