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O ENSINO DA GEOGRAFIA FÍSICA NA EDUCAÇÃO

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Academic year: 2021

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O ENSINO DA GEOGRAFIA FÍSICA NA EDUCAÇÃO

Ludmilla Malveira Oliva Lopes¹ Bruno Alves Nobre²

Dificuldades de relacionar conceito e prática, obstáculos a serem enfrentados acerca dos nomes, incerteza sobre o que será e como será trabalhado em sala de aula, falta de recursos e desconsideração com a disciplina. Esses são alguns dos fatores que vêm impulsionando esta pesquisa. O presente trabalho, objetiva esclarecer qual a atual situação-problema do ensino da Geografia Física, focalizando no ensino do relevo, no ensino médio da cidade de Montes Claros, cidade que aos poucos está se transformando num pólo universitário. No âmbito de uma sociedade intelectual e moderna onde a educação deve ser considerada um instrumento de concepções de um bom rendimento para o futuro, tendo um maior e melhor aproveitamento de práticas educativas a fim de que cada vez mais se alcance interesse, dedicação e, sobretudo, disciplina. Por meio disso, o questionamento que esteve em pauta neste trabalho foram as atuais práticas utilizadas, as que devem ser reavaliadas e as que serão adotadas para fazer com que o aluno se interesse com a disciplina e interaja com o professor. Muitas vezes, esse não-aproveitamento das práticas para o interesse do aluno vem desde a formação do professor, a qual não foi de qualidade e eficiência, um despreparo em lecionar e um descontrole sobre o assunto a ser trabalhado também são de extrema importância para a compreensão desta pesquisa. Surge daí, um novo questionamento sobre qual problemática se consolida o ensino da Geografia.

Palavras-chave: ensino; Geografia Física; dificuldades; práticas educativas;

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Geografia é a ciência que tem como objeto principal de estudo o espaço geográfico que corresponde ao palco das realizações humanas.

1 Graduanda em Licenciatura Plena em Geografia na UNIMONTES.E-mail: ludmilla.oliva@hotmail.com 2 Graduando em Licenciatura Plena em Geografia na UNIMONTES. E-mail: bruno.nobre13@gmail.com

Numa visão ampla, a Geografia pode ser apenas um complemento nas disciplinas no âmbito da educação, mas estudando e aprofundando na ciência podemos perceber que não se resume apenas a isso.

A Geografia em sua teoria e prática, exerce grande importância na percepção de cidadãos conscientes e sobretudo, responsáveis. Muito mais do que explicar as relações entre homem e meio, essa ciência nos leva a um conjunto de informações e compreensão do que está perceptivelmente acontecendo.

Segundo Brabant (1976):

[...] o peso da descrição física na geografia escolar foi sempre importante. Esta importância quantitativa não é absolutamente proporcional ao lugar qualitativo que os fatores físicos têm no raciocínio do curso de geografia.

Falar da educação brasileira seria colocar em pauta uma contradição a ser discutida, por um lado grandes investimentos a serem implantados, por outro o descaso e a desvalorização. Quando falamos sobretudo, do ensino da Geografia é algo ainda mais complicado. Pois a Geografia considerada por muitos uma disciplina de pouca importância com a função de apenas decorar nome de lugares ou conhecer o físico do território, nada de grande importância, sempre foi o que os militares e os governos quiseram que a população em geral pensasse. Yves Lacoste (1989) coloca que:

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[...] a Geografia não serve somente para sustentar na onda de seus conceitos, qualquer tese política, indiscriminadamente. Na verdade, a função ideológica essencial do discurso da Geografia escolar e universitária foi sobretudo a de mascarar por procedimentos que não são evidentes, a utilidade prática da análise do espaço, sobretudo para a condução da guerra,como ainda para a organização do Estado e prática de poder.

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Mestre em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará. Professora de nível superior pelo Centro de Educação - UECE e de nível médio na Escola Estadual e Profissional Joaquim Nogueira, Fortaleza-CE. E-mail: rosileneaires@yahoo.com.br

A Geografia nunca foi de fato uma disciplina escolar e por este motivo, torna-se difícil ministrá-la. Ser professor e lecionar um conteúdo não muito desejado é uma tarefa nada fácil, ainda mais nos dias atuais onde o ensino da Geografia tem sido encarado como algo decorativo, difícil e enfadonho.

Um estudo de caso sobre o Ensino Público de Montes Claros

Para ela, o livro didático tem uma importância crucial na construção da relação sociedade-natureza, e para que esta relação seja bem estabelecida à seleção do livro didático deve estar sempre em discussão.

Os livros didáticos são os principais mediadores entre o professor e a aprendizagem do aluno. Portanto, o livro didático e a forma de trabalhar do professor devem estar em sintonia. Para Rosilene Aires¹, os alunos das séries iniciais estão tendo seu primeiro contato com a Ciência.

Numa visão geral, os professores julgam a Geomorfologia como um ramo muito importante pra você analisar o relevo brasileiro, pois para o ensino fundamental e médio essa compreensão é de extrema relevância para a construção da noção geográfica. É

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uma forma de o aluno ter mais contato e percepção do meio em que ele vive, entendendo a influência que relevo pode trazer para os fenômenos climáticos, para conservação do solo e ainda sim conhecer o relevo para a construção civil.

A Geografia desde muito tempo é encarada conforme a ciência do não-concreto. Jean-Michel Brabant (1976) coloca que:

[...] Na verdade, a geografia pretendendo falar do mundo atual, frequentemente descreve um outro, essencialmente agrário e ultrapassado. A geografia escolar, apesar de uma predisposição aparente do mundo que nos rodeia, acabou se desenvolvendo no mesmo plano das outras disciplinas, um plano antes de tudo marcado pela abstração.

A Geografia Física se faz tão importante e proveitosa quanto o outro ramo da Geografia e para compreendermos ainda mais as grandes dificuldades da Geografia abordamos um tema especifico da disciplina, o Relevo. Fizemos entrevistas com três professores para que eles nos contassem as suas experiências e dificuldades para trabalhar e abordar o Relevo, foram realizadas quatro perguntas essenciais para desenvolvimento deste trabalho são elas:

• Qual o seu nível de dificuldade para trabalhar o relevo?

Segundo o professor Jânio Luis*, a dificuldade está com os nomes, pois o aluno tem muita dificuldade de visualizar, é difícil você colocar na mente de um aluno para que ele diferencie a Geologia¹ da Geomorfologia². Você tem que entender a conseqüência para entender a realidade em que vivemos.

Para Anderson Araújo**, é muito difícil o aluno ter interesse por esse assunto porque é um assunto complexo. Ele tenta abordar de forma geral a atuação do homem com o meio e os impactos que ele gera.

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Para a professora Maria Joana***, os alunos não tem muita noção de espaço pois falta material concreto para que eles conheçam as diversas áreas citadas na Geomorfologia.

• Qual é a sua opinião sobre a abordagem do relevo nos livros didáticos?

O professor Jânio diz que os livros do ensino fundamental são muito bons, mas que em sua concepção os livros didáticos da sexta série serviriam para os alunos do ensino médio e os livros do ensino médio deixam muito a desejar, coisas supérfluas no ensino médio em questão de relevo.

O professor Anderson diz que os livros didáticos estão abandonando a parte complexa da Geografia, que para ele é a geografia física. Ele nota que os livros de volume único dão pouca abordagem ao que é geomorfologia. Já para a professora Maria Joana, os livros didáticos deveriam ser complementados com as atividades em laboratório, o que não tem nas escolas públicas, estando ai a deficiência.

¹A geologia é a ciência da Terra, de sua composição, de seus processos internos e esternos e de sua evolução. O campo de atividade é, por conseguinte, a porção da terra constituída de rochas que, por sua vez, são as fontes de informação, Popp (1981) ²A geomorfologia como a ciência que estuda a transformação do relevo elaborada pelas forças geológicas. *Graduado em Geografia na Unimontes. Especialista em Docência no Ensino Superior pela SOEBRAS. **Graduado em Geografia na Unimontes *** Graduada em Geografia na Unimontes.

Para Vesentini (1984):

[...] o ideal em nosso ponto de vista, seria o próprio professor elaborar seus textos, a partir do conhecimento da realidade dos seus aluno e procurar fazer com que estes sejam co-autores do saber.

• Após sua formatura, você se sentiu preparado para trabalhar o relevo em sala

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Para o professor Jânio, a universidade é uma base para expandir os horizontes, porem o conhecimento é adquirido com a prática em sala de aula.

Para a professora Maria Joana, a universidade é uma base, mas é a prática que nos ensina realmente, ela não se sentiu preparada, pois só teve contato com a docência após sua formação.

• Você trabalha com mapas?

Para o professor Jânio, os alunos têm muita dificuldade com orientação fazendo com que ele trabalhe muito essa questão no mapa; o professor Anderson diz ser muito importante, por se tratar de uma aula em movimento o aluno acaba criando mais interesse e fixando mais a atenção. Já para a professora Maria Joana essa questão acaba se tornando um obstáculo em sala de aula, pois na escola em que trabalha não possui nenhum mapa e para usar esse tipo de recurso ela traz o seu próprio material.

Resultado e Discussões:

O papel da Geografia deve ser muito mais do que é hoje, sendo que serve conscientizar, abdicar conceitos e cada vez mais desfrutar desta ciência que nos proporciona conhecimento e interatividade.

A grande maioria da massa docente no ensino da Geografia sabe da atual realidade, que não satisfaz nenhum aluno e nem o professor.

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[...] os professores foram as vítimas do processo didático... O livro didático tornou-se a “bíblia” dos professores e nem sempre as editoras colocam no mercado livros com um mínimo de seriedade e veracidade científicas.

Analisando os dados adquiridos, percebemos que os professores sentem prazer em lecionar, gostam do que fazem, sentem-se satisfeitos em ensinar Geografia, porém sentem-se desaminados com a forma com que ela é encarada pelos alunos, mas a problemática maior é o como trabalhar a disciplina, assuntos complexos que pouco chamam a atenção do aluno. O livro didático que nem sempre aborda de maneira eficaz assuntos para auxiliar o professor a formar o aluno um cidadão crítico, isso devido segundo Rosilene Aires a dois fatores, o primeiro é causado pelos Autores e Editoras que se preocupam apenas com a venda do livro no mercado e o segundo pelo Estado que para reduzir custos e facilitar a distribuição compra muitos livros da mesma Editora e não preocupam-se em atender a realidade regional e local em que o aluno está inserido,daí a grande dificuldade de os professores chamarem a atenção do aluno para o assunto abordado. A complexidade do assunto e às vezes a falta de recursos como mapas explicitado pela professora Maria Joana que traz o seu próprio material, só torna mais complicado trabalhar a Geografia física.

O professor de Geografia tem como dever transmitir toda a rede de conhecimento que esta ciência envolve porém se conscientizando que não se resume apenas a isto o papel da Geografia.

Vesentini (1984) coloca que:

[...] é provável que poucos de nós, ainda acreditemos que o papel da escola e do ensino da Geografia seja o de “ensinar fatos ou conhecimentos”, que sejam neutros.

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É preciso que façamos parte de todo processo de renovação e debate da Geografia. A transmissão e formação de conceitos elementares da Geografia para a construção de visões determinantes do aluno, deve exclusivamente partir do professor para que a essência e a totalidade da ciência estejam presentes em sala de aula.

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Referências:

AIRES, Rosilene. O papel do livro didático de Geografia no Ensino Fundamental I: Construindo critérios para a sua avaliação.

HENRIQUE, J. P. Geologia Geral, 2° edição, 1981

LACOSTE, Y. A Geografia: Isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra. São Paulo: Papirus, 1989.

OLIVEIRA, A.U.(org.) Para onde vai o ensino da Geografia? São Paulo: Contexto, 1989

Referências

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