ISSN 2317-7411
CADERNO DE RESUMOS DA
JORNADA HEIDEGGER
VOLUME 6, 2016
Publicação do Programa de Pós-Graduação em Filosofia Universidade Federal do Rio Grande do Norte
CADERNO DE RESUMOS DA
JORNADA HEIDEGGER
VOLUME 6, 2016
ISSN 2317-7411
Publicação do Programa de Pós-Graduação em Filosofia Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal – RN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Vice-reitor
José Daniel Diniz Melo
Pró-reitor de Pós-graduação
Rubens Maribondo do Nascimento
Pró-reitora Adjunta de Pós-graduação
Fernanda Nervo Raffin
Pró-reitor de Pesquisa
Jorge Tarcísio da Rocha Falcão
Pró-reitora Adjunta de Pesquisa
Sibele Berenice Castella Perguer
Pró-reitora de Extensão Universitária
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Pró-reitora de Graduação
Maria das Vitórias Vieira de Almeida
Diretora do CCHLA
Maria das Graças Soares Rodrigues
Vice-diretor do CCHLA
Sebastião Faustino Pereira Filho
Chefe do Departamento de Filosofia
Cinara Maria Leite Nahra
Coordenador do PPGFIL
Daniel Durante Pereira Alves
Vice-coordenador do PPGFIL
CADERNO DE RESUMOS DA JORNADA HEIDEGGER
Publicação do Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Editor responsável
Dax Moraes (UFRN)
Corpo Editorial
Dax Moraes (UFRN) Edgar Lyra Netto (PUC-Rio)
Fernando Antonio Soares Fragozo (UFRJ) Ligia Saramago (PUC-Rio)
Marcia Sá Cavalcante Schuback (Södertörns Högskola – Suécia) Marco Antônio Casanova (UERJ)
Paulo César Duque Estrada (PUC-Rio) Róbson Ramos dos Reis (UFSM) Rodrigo Ribeiro Alves Neto (UFRN) Rossano Pecoraro (UniRio)
Revisão e Editoração Eletrônica
Dax Moraes
Contatos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), sala 706 A/C Dax Moraes
Campus Universitário, BR-101, s/n, Lagoa Nova - Natal-RN - CEP: 59078-970 Telefax: (0xx84) 3342-2339 dax@cchla.ufrn.br Homepage jornadaheidegger.wordpress.com Twitter @JHeidegger
SUMÁRIO
Apresentação 7
O fogo do amor em Hölderlin: reflexões sob o prisma de Heidegger e Bachelard
Gabriel Kafure da Rocha 9
Amar é o eterno cuidado
Angela Guida 10
O amar e pensar originários em Fernando Pessoa e Martin Heidegger
Antônio Máximo Ferraz 11
Travessia para o ser: amor
Natália Lima Ribeiro; Antônio Máximo Ferraz 12
A experiência do amor à morte
Priscila Pereira Novais 13
Poesia e o deixar-ser do ser-aí
Gilvanio Moreira Santos 14
A concepção ontológica da obra de arte no pensamento de Martin Heidegger
Juliano Rabello 15
O amor, a essência humana e o princípio de outra história
Daniel Rodrigues Ramos 16
Linguagem e cuidado no pensamento de Martin Heidegger
Maria José da Silva Alves 17
O originário enquanto espaço historial: consequências para a tradição filosófica
Augusto César Feitosa 18
Liberdade e autenticidade como compreensão do ser: a influência heideggeriana em Sartre
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
6
A relevação da ética do rosto e o mistério do ser: divergência e aproximação entre os pensamentos de Heidegger e Lévinas
Paulo Thiago Alves Sousa 20
No caminho para a compreensão do ser
encontramos a possibilidade de não mais “ser” caminho
Luana Alves de Oliveira 21
Considerações acerca da finitude em Sein und Zeit, de Martin Heidegger
Arthur Diego de Sousa Oliveira 22
Ser Finito e Ser Eterno: uma análise do pensamento heideggeriano através de Edith Stein
Apresentação
A V Jornada Heidegger, em seu retorno após quatro anos de lacuna, superou as expectativas em todos os sentidos, o que se atribui ao caráter inovador da temática no que concerne aos estudos heideggerianos realizados no Brasil, fator também decisivo para a constatada participação de uma audiência oriunda das mais diferentes áreas de conhecimento, incluindo as tecnológicas e científicas. Neste sexto volume, registramos a integralidade dos resumos aprovados para apresentação sob a forma de comunicações nos dias 17 a 19 de agosto de 2016, tendo o congresso retornado ao campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em Natal.
Vale registrar nossos agradecimentos aos apoios institucionais e financeiros obtidos junto à Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN), por meio do Edital 02/2015 do Programa de Apoio à Realização de Eventos Científicos e Tecnológicos no Estado do Rio Grande do Norte, em parceria com o CNPq, a sua Diretora Científica então, Professora Maria José da Conceição Souza Vidal e sua equipe, bem como às Pró-Reitorias de Pós-Graduação, de Pesquisa, de Extensão e de Graduação, que também apoiaram o congresso por meio do Edital UFRN/PROGRAD/ PPG/PROPESQ/PROEX nº 003/2016 – Seleção Pública para Apoio à Realização de Eventos, com menção especial ao Professor Rubens Maribondo do Nascimento. Agradecemos adicionamente ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFRN, na pessoa do Professor Daniel Durante Pereira Alves, e à Diretora do Departamento de Filosofia da UFRN, Professora Cinara Maria Leite Nahra.
Dax Moraes Organizador
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
9
O fogo do amor em Hölderlin:
reflexões sob o prisma de Heidegger e Bachelard
Gabriel Kafure da Rocha
A comunicação pretende investigar um ponto em comum da interpretação filosófica sobre a poética de Hölderlin. Por meio da obra A morte de Empédocles é possível abrir passo na direção dos pontos em comum de leituras de Heidegger e Bachelard sobre tal temática. Em Fragmentos da poética do fogo, Bachelard discute a importância da interpretação de Hölderlin para o conceito do fogo como imagem da abertura do mundo. Ao passo que, em
Aclaraciones a la poesia de Hölderlin, uma reunião de textos de
Heidegger sobre o poeta, há também importantes relações que levam a consolidar a visão poética do amor. Desse modo, essas pistas podem levar às aberturas ou ranhuras do ser na dialética da relação do fogo e o amor, nascimento e destruição.
Palavras-chave:Poética; Ontologia; Abertura.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
10
Amar é o eterno cuidado
Angela Guida
Esta proposta de trabalho traz como objetivo principal discutir as relações entre o Cuidado (Sorge) e o Amor na obra do pensador Martin Heidegger, a partir do diálogo com a poética do heterônimo do poeta português Fernando Pessoa – Alberto Caeiro –, que em um de seus poemas diz que “amar é a eterna inocência”. O verso em questão será o mote para se discutir as possíveis relações entre a obra desses dois pensadores: um no campo na filosofia, outro no espaço da literatura, pela via do Cuidado e do Amor.
Palavras-chave:Filosofia; Literatura; Diálogo; Pensar.
Doutora em Poética e professora no Programa de Pós-Graduação Estudos em Linguagens da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
11
O amar e pensar originários
em Fernando Pessoa e Martin Heidegger
Antônio Máximo Ferraz
Nascidos com apenas um ano de diferença, Fernando Pessoa (1888-1935) e Martin Heidegger (1889-1976) não são contempo-râneos apenas na linearidade temporal. O poetar pensante do escritor português e o pensamento poético do filósofo alemão empreendem, cada um a seu modo, uma reflexão sobre o mesmo: o Ser. A exigência de tal reflexão não vem de idiossincrasias: ela é subministrada pela época em que vivem, dominada pelo subje-tivismo, isto é, a redução das coisas à determinação do sujeito, a qual ambos procuram superar. Para Heidegger, tal superação se dá pela recolocação da questão do Ser através da analítica existencial do Dasein. Pessoa, por seu turno, através da heteronímia, contorna o subjetivismo apresentando o humano como um projeto onto-dialogal, em que diferentes personagens, inclusive ele próprio, o ortônimo, se mostram como distintas realizações do Ser. A comu-nicação vertente tem por objetivo expor a maneira própria como Heidegger e Pessoa figuram o amar e o pensar. Pretende-se demonstrar que estes deixam de ser, respectivamente, razão calculante e sentimento interpessoal, como são percebidos no subjetivismo reinante, para se converterem em doação da questão originária do Ser.
Palavras-chave:F. Pessoa; Heteronímia; M. Heidegger; Dasein.
Professor de Teoria da Literatura e Filosofia na Faculdade de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
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Travessia para o ser: amor
Natália Lima Ribeiro Antônio Máximo Ferraz
Este trabalho propõe a interpretação do Amor como caminho para o Ser nas obras de Martin Heidegger e do poeta Max Martins. A nossa era se caracteriza pelo esquecimento da questão do Ser. Paralelamente, o questionar e o pensar foram engessados por conta da interpretação da tradição metafísica sobre o real. O Amor também se tornou um conceito, ou um sentimento banalizado e restrito às relações afetivas, limitadas às expressões do “amor romântico”. Porém, o Amor, em seu sentido originário, é o questionar e autoquestionar-se. A experiência do Amor originário é a travessia para o próprio. Sendo assim, o Amor não é um conceito, um fato, mas a dimensão em que o Ser se dá em plenitude. Max Martins, na obra Poemas Reunidos (2001), concebe a experiência do Amor como experiência-limite do abismo em que homem ontologicamente já está lançado. Tal experiência foi pensanda por Martin Heidegger, mais especifi-camente nas obras Meditação (2010) e Ser e Tempo (2012). Ambos pensam o Amor superando o antropocentrismo e as conceitua-ções vigentes, trazendo-o novamente para o seu sentido ori-ginário: o questionar. Em síntese, o Amor originário é como o homem se essencializa como este ente que questiona e pensa.
Palavras-chave: Amor originário; Questionar; Martin Heidegger;
Max Martins.
Natália é mestranda em Estudos Literários pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e bolsista CNPq. Antônio é professor de Teoria da Literatura e Filosofia na Faculdade de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
13
A experiência do amor à morte
Priscila Pereira Novais
A poesia da portuguesa Florbela Espanca parece estar ligada às suas experiências, não de modo biográfico, mas como uma espécie de relato de sua experiência no mundo. O eu-lírico da escritora remete constantemente ao seu flerte com a morte, expresso em muitas de suas poesias cadavéricas. A intenção deste trabalho é expor alguns recortes de sua obra, que apresentem tais características, e ao mesmo tempo estabelecer um diálogo com o pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger, para pensar na relação de amor que a poetisa nutria pela morte. Em seus versos é notório o jogo de possibilidades que a poetisa enxerga diante do inevitável. Era a relação de amor com a morte que alimentava os sentimentos, ora de angústia, ora de ansiedade pelo porvir. Flor-bela sentia-se lançada no mundo, e a angústia expressa em seus escritos nos faz observá-la como um ser em crise diante das possibilidades que permeiam a morte e a própria existência. É perceptível em suas obras a relação de amor, não num sentido romântico, mas de liberdade, com a morbidez. Era uma poetisa vigilante à sua existência e projetava um olhar atento, angustiado e amoroso a sua condição intransferível de finitude.
Palavras-chave:Angústia; Existência; Finitude.
Licencianda em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), bolsista do Programa de Educação Tutorial PET-Filosofia.
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Poesia e o deixar-ser do ser-aí
Gilvanio Moreira Santos
No caminho do pensamento que se avizinha do dizer poéti-co, diz Heidegger que é preciso que deixemos o ser simplesmente ser. Sendo-o, o mesmo se mostrará em sua essência. Deixar-ser significa poder fazer o ser-aí penetrar no seu ser, na sua mais completa verdade originária. Na conferência “A essência da verdade”, diz Heidegger que a liberdade como deixar-ser é a essência da verdade como aquilo que descortina o ente. Assim, do mesmo modo que a essência da verdade é a liberdade, a essência da liberdade é o seu modo de abrir-se ao ente como desve-lamento. Essa verdade como desvelamento do deixar-ser do ser-aí acontece na medida em que se poetiza, pois poetizar é permitir ao ser um deixar-habitar. Na conferência “...poeticamente o homem habita”, o filósofo nos diz que a poesia é a possibilidade de deixar o ser habitar por excelência. Nesse sentido, a comunicação tem por intuito analisar, dentro da perspectiva do filosofo alemão, Martin Heidegger, como é possível, através do “dizer poético”, pensar a liberdade no deixar-ser do ser-aí.
Palavras-chave:Poesia; Liberdade; Verdade.
Licenciado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), especialista em Docência em Ensino Superior e Médio em Filosofia pelo Instituto Salesiano de Filosofia (INSAF) de Pernambuco e professor de Filosofia na rede privada de ensino.
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A concepção ontológica da obra de arte no pensamento de Martin Heidegger
Juliano Rabello
O trabalho visa abordar a tese de Heidegger, apresentada no ensaio A origem da obra de arte, que afirma ser a arte um aconteci-mento da verdade. A partir de um remanejaaconteci-mento do conceito tradicional ou metafísico de verdade, a reflexão heideggeriana sobre a obra de arte se mostra intimamente ligada à questão da essência da verdade. Ao pensar a obra de arte como aconteci-mento da verdade, o autor traz a questão para um âmbito mais originário e fundamental, não vislumbrado pela Estética Filosó-fica, pois a verdade, entendida como des-ocultação do ser, que se manifesta na obra de arte, difere das noções tradicionais de sensibilidade, representação ou mímesis que entendem a obra de arte como um simples objeto de fruição estética. Neste sentido, a reinterpretação do conceito de verdade feita pelo filósofo é uma tentativa de ultrapassamento da metafísica tradicional. Portanto, nossa abordagem pretende analisar a verdade não apenas como um conceito filosófico indispensável para a compreensão do pensamento heideggeriano, mas também em que sentido, pensada sob uma perspectiva ontológica da arte, ela possibilita uma ampli-ação da dimensão histórica do próprio homem.
Palavras-chave:Arte; Estética; Essência; Heidegger; Verdade.
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O amor, a essência humana e o princípio de outra história
Daniel Rodrigues Ramos A comunicação pretende analisar o tema do amor originário a partir da experiência fundadora de outro princípio (der Andere
Anfang) da história do Ocidente, articulando-o com questões
particulares ao pensamento da história do ser. Nesta perspectiva, tomar-se-á como ponto de partida a discussão das tonalidades afetivas, com o objetivo de verificar se é dado pensar o amor em consonância com aquela entonação fundamental, chamada nos
Beiträge zur Philosophie por retenção (Verhaltenheit), na qual
Heideg-ger radicaliza a noção de cura (Sorge). Assim, o amor poderá aparecer enquanto a disposição de insistir e suportar a abertura da existência, em que a recusa do ser se instala e é guardada como mistério, permitindo que o ente no seu todo venha a ser a partir de sua origem abissal. Neste deixar-ser, a essência metafísica do homem se transforma naquele que em tudo custodia, cuida e busca a verdade do ser. Nesta direção, o amor nada teria a ver com afetos e sentimentos, mas sim com o acontecimento que recria e liberta o Da-sein para sua essência originária. Seria, então, o amor aquela resposta livre do homem ao apelo do ser que convoca para outro início da metafísica? Pertenceria ao ser e pensar que é gratidão?
Palavras-chave: Pensamento da história do ser; Princípio;
Tonalidades afetivas; Retenção.
Doutor em Filosofia, professor efetivo na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
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Linguagem e cuidado
no pensamento de Martin Heidegger
Maria José da Silva Alves
O trabalho tem como finalidade apresentar alguns aspectos quanto à origem e ao desdobramento do conceito da palavra cuidado (Sorge) na filosofia de Martin Heidegger. Para tanto, inicialmente é abordado o pano de fundo da questão: a crítica de Heidegger à compreensão do logos como enunciado, proposição, efetuada pela tradição metafísica moderna. Assim sendo, segue-se com a interpretação heideggeriana do logos como linguagem a partir do pensamento de Heráclito. Nesse sentido, quando Heidegger interpreta o conceito de linguagem, não o faz na acepção de proposição e enunciado, nem no sentido de fonemas e grafemas; não deixa de ser linguagem, no entanto, caracteriza-se apenas como um meio pelo qual a linguagem se manifestou. Deste modo, este trabalho tem como principal objetivo expor o modo pelo qual Heidegger apresenta a linguagem como uma disposição originária. Essa disposição também pode ser compre-endida como uma disposição afetiva, um estado de afecção, que não diz respeito a nada psicológico; refere-se, tão-somente, a um dos modos de o “Dasein” estar aberto para o ser, que dar-se-ia a partir do cuidado (Sorge).
Palavras-chave:Cuidado; Logos; Linguagem; Tradição metafísica.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
18
O originário enquanto espaço historial: consequências para a tradição filosófica
Augusto César Feitosa
Pensadores como Heráclito, Parmênides e Anaximandro servem de base para promoção de certo deslocamento na própria compreensão da história. Isto é visualizado por Heidegger que estende a estes um privilégio metodológico-histórico que apro-xima as consequências dos seus escritos das preocupações e requisições do cenário contemporâneo. A história é reivindicada como elemento estruturante no qual passado e presente não são postos em sequência, mas em êx-tase, conquistando um espaço novo de interpretação e realização do filosofar. Assim, o privilégio dos pré-socráticos não é o de serem os primeiros nesta ação, pois a precedência e o circunscrever se assumem na originariedade, ou seja, no velamento daquilo que, embora tenha sido exposto e tratado, não foi radicalizado em suas possibilidades. A escavação sobre a dimensão originária não é uma retomada do movimento de pensamento destes primeiros, mas o desdobramento do movimento que se assume como recepção. Este pensamento primevo é recepcionado na filosofia heideggeriana, seus autores são hóspedes de um dizer que advém do seu dito, que nos convida ao resgate do mesmo impulso inicial do filosofar, reper-cutindo inicialmente sobre a compreensão da própria história.
Palavras-chave: Historicidade; Esquecimento; Pensamento
originário.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
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Liberdade e autenticidade como compreensão do ser: a influência heideggeriana em Sartre
Luiza Helena Hilgert
O objetivo da comunicação é expor alguns apontamentos sobre a influência que a filosofia de Martin Heidegger exerceu no pensamento do filósofo francês Jean-Paul Sartre. Menos interes-sada nos distanciamentos teóricos e práticos de ambos, esta apresentação terá como pano de fundo e objetivo central demons-trar a apropriação temática e conceitual operada pelo francês para o desenvolvimento da sua filosofia da existência. O recorte bibliográfico será feito, em especial, na chamada primeira fase do pensamento de Sartre, que vai mais ou menos de 1933 até o final da década seguinte, o que não significa a extinção da influência heideggeriana em eventuais fases futuras. Da mesma maneira, é do primeiro Heidegger que este trabalho se ocupará, principalmente da obra Sein und Zeit, onde o alemão afirma que a essência é a existência, o que pode ter interessado a Sartre no sentido de forjar um campo que o permitisse derivar sua filosofia da existência. Se, em razão do esquecimento do ser, Heidegger pretende que uma
ontologia fundamental o recupere a partir do ente privilegiado que
pode interrogar o ser, Sartre procura levar adiante os fundamentos dessa filosofia e elabora um ensaio de ontologia fenomenológica com vistas a desvendar a ordem humana.
Palavras-chave:Angústia; Nada; Ser-no-mundo; Existência.
Doutoranda em História da Filosofia Contemporânea pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e bolsista FAPESP.
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A revelação ética do rosto e o mistério do ser: divergência e aproximação entre os pensamentos de
Heidegger e Lévinas
Paulo Thiago Alves Sousa
A comunicação tem como objetivo analisar a divergência e a aproximação entre as propostas filosóficas de Heidegger e Lévinas tendo como ponto de reflexão os conceitos de mistério e reve-lação. Neste sentido cabe apresentar dois objetivos específicos: o primeiro momento aborda o sentido do mistério da revelação que se apresenta na relação ética com o Rosto do Outro na filosofia de Lévinas; o passo seguinte expõe a crítica à concepção ontoló-gica do cuidado de si em Heidegger. O segundo momento expli-cita que, apesar de Lévinas ter divergido da ontologia fundamental exposta em Ser e Tempo, é possível encontrar pontos de um transbordamento da totalidade ontológica em textos da segunda fase do pensamento de Heidegger, como Carta sobre o humanismo ou Hölderlin e a essência da poesia, que apostam na concepção do mistério como transcendência da realidade e novidade incessante. Conclui-se que a dimensão do mistério coloca Heidegger em diálogo com o para-além da totalidade de Lévinas, pois inflete uma dimensão de acolhimento ou abertura da diferença que se dá no acontecer do Ser, rompendo com o fundamento imutável da identidade.
Palavras-chave:Mistério; Revelação; Cuidado; Diferença.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.
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No caminho para a compreensão do ser encontramos a possibilidade de não mais “ser” caminho
Luana Alves de Oliveira
Nosso trabalho pretende abordar alguns aspectos da filosofia de Martin Heidegger, que, por meio da sua obra Ser e Tempo, nos apresenta um novo caminho para se pensar o ser, retirando o mesmo da confusão que a tradição antiga o havia colocado. Heidegger observa o homem, o Dasein, ser-aí ou presença. A presença é um ente privilegiado porque é pura possibilidade de ser, possuindo um primado ôntico e ontológico. Como a presença é um sendo, utilizaremos as suas próprias experiências para com-preender como é construído o ser-no-mundo. O ser-aí se encon-tra jogado em um mundo cheio de ocupações, em que irá se utilizar do cotidiano para construir suas pre-ocupações, para poder assim descobrir-se como um ser de possibilidades. O Dasein vive no mundo e, é a partir das suas relações que temos a oportunidade de desvelar o sentido do ser. Assim, por meio de nossa pesquisa, buscaremos apresentar quais os caminhos percor-ridos por Heidegger para chegar à compreensão do ser-aí e qual a relação desse ser com a morte do outro que acaba por nos informar que somos seres-para-o-fim. A morte retira o outro do mundo e assim nos ensina que também seremos retirados.
Palavras-chave:Dasein; Ser-no-mundo; Ser-para-o-fim.
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Considerações acerca da finitude em Sein und Zeit, de Martin Heidegger
Arthur Diego de Sousa Oliveira
As reflexões acerca da finitude sempre estiveram presentes no pensamento de grande parte das civilizações, desde a filosofia dos gregos antigos, passando pela tradição cristã, até a moderni-dade. O filósofo Martin Heidegger buscou um posicionamento diante da finitude, como forma de encontrar a totalidade e com-pletude do Dasein, tendo em vista que, em sua analítica existencial, temporalidade e existência são entrelaçadas. A problemática deste trabalho parte de uma análise da obra Sein und Zeit (1927), na qual Heidegger apresenta-nos uma compreensão de morte para além de um fato simplesmente biológico, isto é, a morte enquanto o que possibilita ao Dasein uma abertura para a existência e que o libera para a possibilidade de poder-ser si mesmo. Para Heidegger, a existência própria consiste em o Dasein reconhecer e assumir sua condição de ser-para-a-morte. Sob esta perspectiva, o Dasein com-preenderá a morte como possibilidade, tendo em vista que ela pode ocorrer a qualquer momento, situação em que o define e o redefine constantemente, diferentemente da existência imprópria em que o Dasein compreende a morte como uma realidade empí-rica existente para os outros.
Palavras-chave:Morte; Existência; Possibilidade.
Licenciando em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras (FAFIC).
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Ser Finito e Ser Eterno: uma análise
do pensamento heideggeriano através de Edith Stein
Danilo Souza Ferreira
Busca-se na comunicação apresentar a filósofa e fenomenó-loga Edith Stein, assim como a sua análise sobre a sua relação com Martin Heidegger, através de duas obras distintas escritas pela autora, A filosofia existencial de Martin Heidegger e Ser finito e ser
eterno. No primeiro texto, A filosofia existencial de Martin Heidegger,
Edith Stein, que recebera uma cópia da obra de Heidegger, Ser e
Tempo, busca analisá-la através das contribuições para este
pensamento, destacando a influência de Kant e Descartes. Contudo, apresenta uma crítica à percepção do Dasein como uma possibilidade de abertura sobre a concepção de retorno à metafísica e ao neotomismo. Dizendo em outras palavras, ao descrever que o homem é um ser para a morte, Martin Heidegger aponta a finitude como um baliza da relação do homem com o tempo, sendo esta concepção contestada por Edith Stein em Ser
finito e ser eterno, obra na qual, através da leitura de São Tomás de
Aquino e de Santo Agostinho, a autora busca apresentar o Ser (Dasein) como aquele que se abre ao transcendente (infinito) através da percepção do outro e através da empatia com o passado.
Palavras-chave:E. Stein; M. Heidegger; Finitude; Transcendência.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger. PPGFIL/UFRN. Natal, v. 6, 2016. ISSN 2317-7411.