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A expropriante não se conforma com o montante da indemnização atribuída aos expropriados pela sentença de 1ª instância: ,50;

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Academic year: 2021

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PN 3711.05-5-; Ap.: Tc. VN Gaia, 6º J. (11100/03.5TBVNG); Ap.e1: Estradas de Portugal, EPE,

Rua Delfim Maia, 73, 4200-255 Porto; Ap.os2: Lucinda Fernandes Ferreira Pereira,

Rua das Moutadas, 1175, 4405 Gulpilhares,

José Laurentino Ferreira Pereira, cc Maria José Fernandes Almeida Gomes Pereira, idem.

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Acordam no Tribunal da Relação do Porto

I. INTRODUÇÃO:

(a) A expropriante não se conforma com o montante da indemnização atribuída aos expropriados pela sentença de 1ª instância: € 238 335,50;

(b) Da sentença recorrida:

(1) A parcela expropriada deve ser classificada como solo apto para construção uma vez que reunia, à dará da DUP, as características

tipificadoras: tratava-se de prédio que tinha a totalidade das infra-estruturas exigíveis, para além de estar destinado a tê-las no PDM a considerar;

(2) Todos os peritos chegaram ao mesmo resultado quanto ao valor da

parcela a expropriar: esta circunstância, aliada ao facto de a avaliação ter respeitado os critérios legais, leva o Tribunal a fixar a indemnização pelo montante indicado: € 108 200,00;

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Adv.: Dr. Jorge Vultos Sequeira, Rua Pedro Homem de Melo, 55, 8º, 4150-599 Porto.

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(3) A este valor será de somar o correspondente à desvalorização da parte

sobrante, tal como foi proposto pelos peritos do Tribunal e dos expropriados e o valor das benfeitorias, neste aspecto segundo a proposta do perito da entidade expropriante: € 124 000,00 + € 6 135,50;

(4) Tudo ponderado, o cálculo da indemnização leva ao resultado de € 238

335,50.

II. MATÉRIA ASSENTE:

(1) Por despacho do (então) SEOP, DR nº282, IIª S., 02.12.06, foi declarada a utilidade pública (DUP) com carácter de urgência da parcela nº35, exproprianda;

(2) Consta do a.v.p.r.m, 03.01.10: (i) a parcela expropriada situa-se na EN 109 (IC1), tendo o nº 5194 EN 109, Gulpilhares; (ii) tem frente e acesso, pelo Nascente, pela EN 109 e confina pelo Poente com a Rua das Moutadas, por onde também se pode aceder-lhe; (iii) é logradouro e jardim de uma moradia de dois pisos que a expropriação não atinge; (iv) área plana praticamente ao nível da estrada (EN 109); (v) esta tem infra-estruturas de pavimento em batominoso, rede de distribuição de água, telefone e distribuição de energia eléctrica; (vi) a Rua das Moutadas tem as mesmas infra-estruturas com pavimento em cubos de granito, e ainda rede de saneamento e colector de águas pluviais; (vii) a frente que a parcela tem para a EN 109 é de cerca de 50 m e para a Rua tem 36 m, aproximadamente; (viii) assemelha-se a um trapézio muito irregular, com uma área expropriada de 1082 m2; (ix) o prédio de onde é destacada, igualmente semelhante a um trapézio, tem a área total de 2 700 m2: parte sobrante de 1618 m2, que compreende a construção com 253 m2 e a dependência com 97 m2, o logradouro que resta na frente, os logradouros laterais a Norte e a Sul e o das traseiras a Poente, todos com a área global de 2 350 m2; (x) a parcela é vedada por muros de blocos de cimento rebocados e pintados com alturas variáveis em cerca de 50 m, encimado por grade de ferro pintada com cerca de 0,3 m de altura e no comprimento de 76 m; (xi) os portões, que são três, têm todos a altura de 1,80 m e a largura de 5,40 o mais a Sul, o do meio de 1,40 m, e de cerca de 3,00 m o que dá acesso aos veículos e se situa mais a Norte; (xii) ao longo do muro exterior há uma passagem para

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peões com uma largura de cerca de 2 m, pavimentada a xisto (lousa) e bocados de mármore, com uma extensão de 41 m aproximadamente; (xiii) a parte do logradouro da moradia não adstrita aos acessos é ajardinada com relva (graminha) e diferentes plantas decorativas das quais se destacam 4 estrelícias, 2 cedros de bom porte, 7 macieiras, 1 laranjeira, 1 azevinho grande, 1 canteiro com 15 roseiras, todas estas árvores e flores plantadas no meio de ajardinamento relvado a graminha, bordejado por um murete de betão de cor vermelha, num comprimento total aproximado de 135 m, enquanto a bordadura tem 10 cm de largura e 15 cm de altura, que não apresenta qualquer fissura; (xiv) tem um poço de paredes em parte de pedra e, para cima, em argolas de cimento, com 9 m de profundidade, dispondo de motores e respectivas ligações de abdução da água para casa e para rega automática por aspersão, ele, como motivo decorativo de nora em ferro; (xv) existem 8 candeeiros com dispositivos de aparelhagem eléctrica e cabos enterrados, respectivos interruptores, etc; (xvi) partir do portão mais a Sul, o piso da entrada é constituído por pedra de calcário debruada com H em basalto, formando uma espécie de caixilho em cada patamar; (xvii) esta entrada, que dá acesso à escada exterior da habitação, tem vários degraus a vencer entre a soleira do portão e o início da escada; (xviii) a largura média dela, já que é recortada, é de cerca de 4 m e o comprimento expropriado é de 14 m; (xix) a construção virá a ficar a cerca de 0,60 m da zona da estrada, i.é, distanciada da via da largura do passeio em ladrilhos que existe em volta; (xx) a menor distância de que dispunha para a EN 109 é de 20 m.

(3) O prédio no qual se insere a parcela expropriada está descrito na C.Reg.P., com o nº01940/180703 e insc. mat. art. 1241, freguesia de Gulpilhares;

(4) O PDM VN Gaia, ratificado pela RCM 28/94, 13.03, qualifica a zona onde se insere o prédio em questão como área urbana de edificabilidade

extensiva;

(5) A parcela expropriada tem a já referida área de 1082 m2;

(6) Numa extensão do arruamento de 150 m2 para cada lado da parcela há várias tipologias e cérceas, desde R/C + 1 piso até R/C + 4 pisos;

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(8) Após a expropriação, a parcela ficou com uma distância que varia dos 4 m aos 8 m até ao limite de implantação da estrada, sendo que o limite da expropriação ficou a 60 cm da moradia existente;

(9) Fruto da construção da nova via, a zona non aedificandi será bastante maior do que era imposta anteriormente, tornando impossível, no futuro, a execução de uma nova construção ou o alargamento/expansão da moradia actual;

(10) Foram avaliadas do modo que se segue as seguintes benfeitorias existentes antes da expropriação e que esta eliminou: (i) muro de vedação em alvenaria de blocos de cimento rebocados e pintos, com a altura média de 1,50m, encimado por grades de ferro com 0,30 m de altura, metalizada e pintada, numa extensão de 76 m x € 100,00: € 7 600,00; (ii) portão de ferro com altura de 1,80 m e largura de cerca 5,40 m, metalizado e pintado: € 1250,00; (iii) portão de ferro com altura de 1,80 m e largura de 3 m: € 600,00; (iv) portão de ferro com altura de 1,80 m e largura de 1,40 m: € 300,00; (v) passeio interior encostado ao muro de vedação, pavimentado a xisto e mármore, com a largura de 2 m e comprimento de 41 m: € 2 050,00; (vi) passeio com vários degraus que dá acesso à escada exterior da habitação, em pedra calcária debruada de basalto, formando um caixilho, com a largura média de 4 m e comprimento de 14 m: € 1 680,00; (vii) candeeiros de jardim com lanternas em vidro de cor e respectivas ligações eléctricas, 8 unidades a € 150,00: € 1 200,00; (viii) pavimento revestido a relva, 946 m2 x € 7,5: € 7 095,00; murete em betão com 0,10 m de largura e 0,15 de altura, pintado a vermelho, a contornar toda a área de pavimento com relva: € 1 687,50; (ix) maciço de estrelícias, a 4 unidades por € 250,00: € 1000,00; (x) 2 cedros de bom porte a € 250,00 cada: € 500,00; (xi) 7 macieiras a € 100,00: € 700,00; (xii) 1 laranjeira: € 150,00; (xiii) 1 azevinho grande: € 500,00; (xiv) 15 roseiras a € 20,00: € 300,00; (xv) poço de captação de água com a altura de 8 m, paredes em parte revestidas de alvenaria de granito e no traçado superior de argolas de cimento, encimado por elemento decorativo em ferro fundido (nora antiga), com motor e ligações de água de electricidade: € 2 500,00; (xvi) rega artificial com tubagem e respectivos aspersores dispersos pela zona ajardinada: € 1500,00; (xvii) caixa de visita da rede de saneamento da habitação, que antecede a ligação à rede geral existente na Rua das Moutadas: € 300,00.

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III. CLS./ALEGAÇÕES:

(a) O relatório de avaliação dos peritos do Tribunal está submetido à livre apreciação do julgador e deve ser objecto de uma leitura crítica, tendo em conta a sua comparação com os demais elementos dos autos;

(b) Ora, o relatório dos peritos do Tribunal e dos expropriados não fundamenta a opção relativamente ao valor que atribui à desvalorização da parte sobrante, nem sequer revelando qualidade necessária para convencer o Tribunal e justificar a indemnização proposta3;

(c) Pelo contrário, o relatório do perito da expropriante é isento, fundamentado e obediente aos critérios legais e constitucionais de fixação da justa indemnização;

(d) E atenta a dimensão da parcela não deverá ser considerada qualquer desvalorização da parte sobrante nos moldes previstos pelos peritos nomeados pelo Tribunal e pelos expropriados;

(e) É que não se irá verificar um aumento de tráfego simplesmente pela construção da presente via, bem pelo contrário, ela contribuirá para um melhor escoamento do trânsito, eliminando a existência de filas e ruído contínuo; (f) Entretanto, a parcela sobrante mantém a mesma autonomia que tinha antes da expropriação, sendo certo que os terrenos nas imediações mantêm ainda o mesmo aproveitamento que tinham anteriormente;

(g) A decisão recorrida ao não ter tido em consideração os argumentos antecedentes, infringiu os arts. 22, 23 e 29 C.Exp. 99;

3

Do laudo de peritagem: ………..

6.1 Peritos do Tribunal e Expropriados

…todos os peritos foram unânimes ao estimar o valor venal do conjunto do prédio em € 620 000,00; entretanto, o limite da expropriação fica somente a 60 cm da moradia existente e por isso fica esta muitíssimo devassada com a proximidade da estrada; e também por via daquela aproximação será prejudicada com o consequente aumento de poluição sonora e ambiental; acresce que, fruto da construção da nova via, a zona non aedificandi será bastante maior do que a anterior, tornando impossível no futuro a execução de uma nova construção ou o alargamento/expansão da moradia actual; por todos estes motivos entendem os peritos [maioritários] que o prédio sofrerá uma desvalorização de 20% relativamente às condições de que dispunha antes da expropriação - …a desvalorização da parte sobrante é a seguinte: (i) valor venal do prédio antes da DUP - € 620 000; (ii) factor de desvalorização do prédio após a DUP – 0,20; (iii) desvalorização do prédio após a DUP - € 620 000,00 x 0,20 = € 124 000,00.

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(h) Deve ser revogada, e atribuída a indemnização fixada pelos peritos da expropriante4.

IV. CONTRA-ALEGAÇÕES:

(a) A desvalorização da parte sobrante é de elevado valor;

(b) A habitação fica praticamente inabitável, dada a falta de qualidade de vida que terão os moradores;

(c) Uma vez que ficou sem logradouro a separá-la da nova via rodoviária; (d) São agora muito mais difíceis os acessos ao imóvel, ao contrário do que acontecia antes da expropriação;

(e) A poluição atmosférica e sonora são agora muito superiores ao que eram; (f) Porque houve um aumento considerável do tráfego;

(g) Há uma diminuição da área construtiva, pelo aumento da zona non

aedificandi e pela circunstância de a parcela de terreno ter diminuído 1 180

m2;

(h) A área de implantação de qualquer construção a edificar varia em função dos m2 do terreno;

(i) E há necessidade de os expropriados fazerem vários trabalhos exteriores, resultantes da proximidade da rodovia, para minorar os impactos da poluição; (j) Uma vez que os quartos de dormir da habitação se situam no 1º andar, virados a Nascente, a 60 cm da nova artéria;

(k) Não merece provimento o recurso, devendo ser mantida a indemnização fixada na sentença recorrida.

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Do laudo de peritagem: ………..

6.2 Perito da Expropriante

A parte sobrante do prédio de onde é destacada a parcela, vê a sua frente principal ser significativamente diminuída, perdendo o jardim fronteiro que possuía, orientado para a EN 109, ficando apenas um espaço, face à distância do limite da expropriação à fachada da moradia de apenas 0,60m, para colocar a vedação e constituir passeio de acesso à mesma; no entanto, e face ao critério de avaliação aplicado, o valor do solo foi obtido considerando a sua capacidade máxima edificativa, mantendo-se em termos físicos a moradia inalterável, e a parte sobrante do solo, como já referido, mantendo proporcionalmente as mesmas características: por aqui não há qualquer factor depreciativo na indemnização a atribuir aos expropriados; o perito da expropriante considera porém ser de atribuir uma indemnização face a outros prejuízos decorrentes da expropriação, por exemplo, a aproximação da estrada à moradia, a necessidade de arranjos exteriores ao nível das vedações e suas ligações à parte sobrante, caminhos internos, acessos, meios de protecção à moradia, por forma a minimizar os efeitos da aproximação rodoviária: neste sentido, considera que esses prejuízos se traduzem numa verba de € 25 000,00.

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V. RECURSO: pronto para julgamento, nos termos do art. 705 CPC.

VI. SEQUÊNCIA:

(a) Não sendo consistente a argumentação apresentada pela Ap.e no sentido de não estar justificado o laudo maioritário, nem sequer ter qualidade, porque, ao invés, os peritos do Tribunal e dos expropriados fundamentam a estimativa com relevo sobre os motivos avançados para a avaliação minoritária5, o certo é que foi cometido um erro de conta final.

(b) Com efeito, a desvalorização a calcular é a desvalorização da parte sobrante que não pode evidentemente incidir sobre o valor total do prédio, mas havendo de ser-lhe deduzida, antes do achamento dos 20%, o montante da indemnização do solo expropriado.

(c) Assim, tendo com boa a avaliação unânime do prédio, € 620 000,00, subtraindo-lhe o montante indemnizatório do solo expropriado, € 108 200,0, restam € 511 800,00, que seria a estimativa válida para a parte sobrante sem desvalorização.

(d) Agora, aceitando-se a percentagem de 20% como medida do défice, porventura modesta perante a diminuição do preço de mercado que a última das circunstâncias, de seguida anotada, naturalmente imporá, mas em todo o caso ainda prudente em face das contrariedades (i) da vizinhança à estrada e (ii) da expansão da zona non aedificandi, chegamos ao cálculo de – € 102 360,00.

(e) Por conseguinte, o montante da indemnização, na esteira da sentença (que não é atingida pela valia de críticas estruturais), será de € 216 695,50 = € 102 360,00 + € 6 135,50 + € 108 200,00.

(f) Tudo visto, e os arts. 22, 23 e 29 C.Exp. 99, vai a sentença recorrida apenas alterada quanto à estimativa final, fixada a indemnização acima dita.

VII. Custas: na proporção da sucumbência.

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