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Mudança e transformação social

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Academic year: 2021

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Unidade

7

Mudança e

transformação social

Não existem sociedades sem mudanças.      

Há transformações maiores, que atingem toda

a humanidade, e menores, que acontecem no 

cotidiano das pessoas. Normalmente elas estão 

interligadas. Duas grandes transformações 

a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial 

não foram percebidas de imediato pelas pessoas, 

pois aconteceram lentamente.

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Mudança social e Sociologia

Capítulo

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Hoje, muitas mudanças são provocadas pelo  desenvolvimento acelerado das tecnologias,  mas não conseguimos enxergar todos os seus  efeitos em nossa vida. Existem transformações mais evidentes, como  as relacionadas às revoluções políticas e sociais  dos séculos XVIII e XIX, na Europa.

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Mudança social e Sociologia

Capítulo

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No século XVIII, com o Iluminismo, e no XIX, a ideia  de progresso ocupou lugar destacado e permeou o  pensamento de muitos autores.  A mudança social para os clássicos da Sociologia As transformações e crises nas diversas sociedades  constituem um dos principais objetos da Sociologia. A Sociologia nasceu da crise provocada pela  desagregação do sistema feudal e pelo surgimento  do capitalismo.

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Mudança social e Sociologia

Capítulo

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Sua obra está permeada pelos acontecimentos da  França pós‐revolucionária. Defendendo o espírito da  Revolução Francesa de 1789, esse autor se preocupou  com a organização da nova sociedade.  Auguste Comte Comte acreditava que a mudança social estava  na mente, na qualidade e na quantidade de  conhecimentos sobre as sociedades. Com base  nisso, afirmou que a humanidade percorreu três  estágios na evolução do conhecimento:

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Mudança social e Sociologia

Capítulo

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3º estágio – positivo Î corresponde à era da ciência      

e da indústria, na qual se invocam leis com base na 

observação empírica, na comparação e na experiência.  Seria o momento da Sociologia.

1º estágio – teológico Î o mundo seria regido por 

entidades e forças sobrenaturais, fossem elas espíritos,  deuses ou um deus único.

2º estágio – metafísico Î o sobrenatural deu lugar a 

ideias e causas abstratas e, portanto, racionais. Seria    o momento da Filosofia. 

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Obras de diferentes artistas e épocas evocam o espírito dominante em cada estágio da evolução do conhecimento, de acordo com a  classificação de Auguste Comte. Da esquerda para a direita, os estágios teológico, metafísico e positivo, representados,  respectivamente, pelas telas de Giotto (Crucifixo, 1320‐1325), Rafael (A escola de Atenas, 1511) e Daumier (O encontro dos advogados,  1880). Museu de Belas Artes, Houston, Estados Unidos/       The Bridgeman Art Library/Keystone Museus e Galerias do Vaticano, Itália Alte Pinakothek, Munique, Alemanha

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Em termos sociológicos, Auguste Comte dividiu seu  sistema em dois campos, o estático e o dinâmico,  expressos nas palavras ordem e progresso.      A opção de Comte era conservadora Î a mudança  (progresso) era admissível desde que não alterasse  profundamente a situação vigente (ordem). 

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Karl Marx Também analisou a Revolução Francesa, que  considerava parcial, pois, realizada por uma  minoria, não emancipou a sociedade toda. Para ele, só uma classe capaz de representar os  interesses de libertação de todos pode liderar  uma transformação, que é resultado dos conflitos  entre as classes fundamentais  da sociedade.  No capitalismo essas classes são a burguesia e o proletariado. Este tem o papel transformador.

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Para Marx, os participantes de uma revolução utilizam  a cultura e as tecnologias transmitidas pelas gerações  anteriores para criar novas formas de organização  produtiva e política. Museu  do  Lou vre Paris,  Fr ança Invasão do Palácio das Tulherias, em  Paris, pela multidão insurgente no dia  10 de agosto de 1792. Representação  de Gerard François, século XVIII.

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A parte do passado que é incorporada e a maneira como  isso acontece muitas vezes condicionam o resultado das  mudanças futuras. Isso depende das forças sociais em  conflito.  St efa no  Bian ch etti /C o rbis/L a tin  St ock Guarda Nacional reprime revoltosos em Paris, em  1848. Tela do século XIX, de autor desconhecido. De acordo com Marx,       as revoluções só seriam       possíveis por meio da       violência, pois os que       detinham o poder       jamais abririam mão       dele pacificamente.

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O movimento operário realizava a síntese dessas três  condições. De acordo com o sociólogo francês Robert Castel,       no livro As metamorfoses da questão social, a teoria  marxista atribuía ao proletariado o poder revolucionário  porque “a constituição de uma força de contestação e de  transformação social supõe a reunião de pelo menos       três condições: uma organização estruturada em torno        de uma condição comum, a posse de um projeto  alternativo de sociedade, o sentimento de ser  indispensável para o funcionamento da máquina social”.

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Mudança social e Sociologia

Capítulo

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Em sua análise sobre as mudanças sociais, Durkheim  observou que na história das sociedades houve uma  evolução da solidariedade mecânica para a orgânica  por causa da crescente divisão do trabalho. Émile Durkheim Isso se deveu a fatores demográficos: o aumento da  população ocasionou intensidade de interações,  complexidade de relações sociais e aumento da   qualidade desses vínculos.

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Weber analisou a mudança social relacionada ao  nascimento da sociedade capitalista. Além das  condições econômicas, procurou centrar sua análise  no plano das ideias, das crenças e dos valores que  permitiram a mudança. Max Weber O sociólogo desenvolveu a ideia de que a ética  protestante foi fundamental para a existência        do capitalismo.

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Segundo Weber, a ética protestante estimulou maior  acumulação de capital ao valorizar o trabalho e um modo  de vida disciplinado, responsável e racional, sem gastos  ostentatórios.  Museu  Re a l de  Belas  Ar tes,  Antuér pia,  Bélgica Representação de autor desconhecido (s.d.)  da feira da Antuérpia, importante centro  portuário e comercial da Europa no século  XVI. Compatível com o “espírito do  capitalismo”, a ética protestante valoriza o  trabalho e as atividades da vida secular.

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Mudança social e Sociologia

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Weber também declarou que a burocratização da  sociedade é crescente, sendo um entrave a qualquer  processo de mudança social. Os trabalhadores passaram a ver o trabalho como um  valor em si mesmo.  Assim, além das condições econômicas, determinadas  ideias e valores explicariam por que o capitalismo só se  desenvolveu no Ocidente.

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Progresso e desenvolvimento talvez sejam as palavras  que melhor expressam uma possível mudança social. Modernização e desenvolvimento Algumas grandes vertentes teóricas tentaram explicar  por que determinadas sociedades eram desenvolvidas  e outras, subdesenvolvidas. Após a Segunda Guerra Mundial percebeu‐se que as  desigualdades entre as sociedades eram gritantes. 

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A visão evolucionista da história ganhou novo alento  com as teorias da modernização, de acordo com as  quais as mudanças movem as sociedades de um estágio  inicial (tradicional) para um estágio superior (moderno),  numa escala de aperfeiçoamento contínuo. Essas teorias utilizam os padrões de análise de Émile  Durkheim e de Max Weber, mas com nova roupagem. Teorias da modernização

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Para se transformar, passando do estágio atual para   o superior, as sociedades tradicionais (atrasadas e  subdesenvolvidas) devem seguir o exemplo e os  mesmos passos históricos das sociedades modernas  (industrializadas e desenvolvidas). De acordo com essas teorias, as sociedades são  tradicionais ou modernas conforme as características         que adotam. São, portanto, responsáveis pela própria  situação.

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As teorias da modernização são criticadas por seu  caráter etnocêntrico, pois a maioria das nações  não seguiu as mesmas trajetórias históricas que  as sociedades ocidentais.  Ademais, tais teorias definem a trajetória de  todas as sociedades como linear, ou seja,  presumem que as sociedades modernas, antes  tradicionais, modernizaram‐se porque mudaram  sua mentalidade e sua maneira de ver o mundo.

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Na década de 1960, a crítica às teorias da modernização  levaram vários autores a procurar novas respostas para  a questão: por que os países da América Latina eram  subdesenvolvidos e os da Europa e os Estados Unidos  eram desenvolvidos?  Esses autores partiram de uma visão que foi elaborada  pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal),  da Organização das Nações Unidas. Subdesenvolvimento e  dependência

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De acordo com a Cepal, nas relações  econômicas entre países desenvolvidos e  subdesenvolvidos havia uma troca desigual e  uma deterioração dos termos de intercâmbio.  Historicamente, cabia aos países  periféricos (dominados) vender aos países  centrais (dominantes) produtos primários  (agrícolas, basicamente) e matérias‐primas  (sobretudo minérios), e comprar produtos  industrializados. Th inks tock/G e tt y  Ima ges Th inks tock/G e tt y  Ima ges

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Com essa divisão do trabalho, ao longo dos anos, os  países periféricos tiveram de vender volumes maiores  de matérias‐primas e mercadorias agrícolas para pagar  a mesma quantidade de produtos industrializados.        Ou seja, produziam e vendiam mais  para receber o mesmo e assim  enriquecer aqueles que já eram ricos.

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Th inks tock/G e tt y  Ima ges O sociólogo alemão Andrew Gunder Frank  afirmava que na América Latina havia       apenas o desenvolvimento do  subdesenvolvimento, pois os países       centrais exploravam economicamente        os países periféricos e  os dominavam   politicamente, impedindo qualquer possibilidade  de desenvolvimento autônomo. Essa relação,  vigente desde o período colonial, explicava por  que alguns países se desenvolveram e outros não.

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Os latino‐americanos continuaram a produzir os  mesmos bens primários para exportação até a        década de 1960, quando houve uma mudança  causada pela internacionalização da produção  industrial dos países periféricos.  Para um grupo de sociólogos, do qual participou  Fernando Henrique Cardoso, a dependência dos  países da América Latina se aprofundou após a  Segunda Guerra Mundial.

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Os produtos industriais começaram a ser fabricados nos  países subdesenvolvidos porque era mais barato Î as  matérias‐primas estavam próximas, a força de trabalho  era mais barata e o Estado, além de dar incentivos  fiscais, construía a infraestrutura necessária à  instalação e ao funcionamento das indústrias. A industrialização dependente configurou‐se mediante  a aliança entre empresários estrangeiros e nacionais e  o Estado nacional.

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Em países onde havia essas  condições, as grandes  indústrias estrangeiras se  instalaram e geraram  um  processo de industrialização  dependente, sobretudo da  tecnologia que traziam.  Jona Oliveir a /Folhapr ess Linha de montagem da empresa francesa Renault no Paraná,  em fotografia de 2004. Produzir localmente é mais lucrativo  que exportar produtos industriais para os países periféricos. Com isso, além de manter a  exploração anterior, os países       centrais exploravam diretamente        a força de trabalho das nações       subdesenvolvidas.

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Junte‐se a um colega e observem as imagens. Escrevam      as principais ideias e conclusões para a seguinte questão: Aragem de terra no Mali, em 2004. W.  Wayne  Lockwo o d , M.D./Corbis/Latin  St ock Colheita mecanizada de trigo nos Estados Unidos, em 1986. Exercício Para passar de uma situação a outra, do tradicional       ao moderno, basta mudar atitudes e comportamentos?  Karen  Kasmauski/Corbis/Latin  St ock

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