Molécula de saliva de carrapato
promete curar cânceres agressivos
Fosfoetanolamina: um milagre?
A SBC posiciona-se: “A fosfoetanolamina, assim como qual-quer outra substância com atividade potencial contra o cân-cer, deve ser testada em rigorosos estudos pré-clínicos, in vitro e in vivo, seguidos de estudos clínicos em humanos, de fases I, II e III antes de sua liberação. (...) A sociedade brasileira vive à procura de milagres para as suas mazelas. Enquanto não nos conscientizarmos, porém, de que não existe mila-gre outro que o baseado no trabalho árduo e em rigorosos preceitos científicos e éticos, o Brasil continuará perdendo de 7 a 1.” (leia + p. 3)
Especializar-se, sim!
Obter a especialização em oncologia clínica e cirúrgica deve ser o caminho natural de todos os profissionais médicos que atuam nessa área. Quem defende isso é a Sociedade Brasilei-ra de Cancerologia, que tem manifestado preocupação diante do descumprimento das diretrizes da Comissão Nacional de Residência Médica e dos programas de residência médica. O advogado especialista em direito médico e da saúde José Jaime do Valle apresenta ao leitor uma visão técnico-jurídica sobre o tema e revela as repercussões da infração nas esferas cível, penal e administrativa. (leia + p. 6 e 7)
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A proteína Amblyomin-X, encontrada na saliva do carrapato-estrela, mostrou- -se eficaz na morte de células de alguns dos tumores mais agressivos, como o de pâncreas e o melanoma. O maior êxito, porém, é que as células normais continua-ram ilesas após todos os testes realizados. O estudo, que começou em 2005, contou com a coordenação de Ana Marisa Chud-zinski-Tavassi, diretora do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butan-tan, um dos maiores líderes em pesqui-sas biomédicas do país. Os ensaios pré-clínicos já foram efetuados e o desenho clínico não deve demorar para sair do papel e receber a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). (leia + p. 4 e 5)
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANCEROLOGIA (SBC) Departamento de Cancerologia da
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Câncer Hoje é uma publicação oficial da
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JORNAL CÂNCER HOJE
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EDITORIAL
Robson Freitas de Moura Presidente da SBC
Ricardo Antunes Vice-presidente da SBC e editor do Câncer Hoje
Imbuída do firme propósito de prestar serviços de qualidade aos seus associados
e, por extensão, à comunidade médica em geral, a Sociedade Brasileira de Cancero-logia (SBC) tem sucessivamente publicado seu jornal Câncer Hoje. A presente edição encerra mais um ano com grandes expectativas em relação ao desenvolvimento da nossa cancerologia nacional.
Esta edição destaca o posicionamento da SBC sobre o polêmico assunto da fosfoe-tanolamina, substância com potencial atividade contra o câncer. Também trazemos o estudo do Instituto Butantan, bastante promissor, sobre a proteína Amblyomin--X, encontrada na saliva do carrapato-estrela.
Além disso, apresentamos nesta publicação os aspectos legais da obrigatoriedade do Título de Especialista em Cancerologia Clínica e Cirúrgica e a entrevista, entre outros, com o Prof. Ruy Bevilacqua sobre o novo Centro Oncológico Antônio Ermí-rio de Moraes, em São Paulo.
Seguimos com nossa coluna da AMB, escrita pelo seu presidente, Florentino Car-doso, e nossas dicas de livros, além do calendário de eventos científicos, em que gostaríamos de destacar o XVIII Congresso Médico Amazônico, que ocorrerá no período de 24 a 27 de abril de 2016, em Belém do Pará, com mais uma edição do Onco 2016, que irá contar com a presença de renomados palestrantes nacionais e internacionais, sob a consagrada presidência do Dr. José Luiz Carvalho.
Aproveito para agradecer a grande participação dos colegas que colaboraram com mais esta edição e desejar a todos uma boa leitura, um feliz Natal é um prós-pero Ano-novo.
RICARDO ANTUNES
Nas últimas semanas, temos sido
bombardeados por mais um medicamen-to que promete a cura para medicamen-todos os ti-pos de câncer. A memória do meu celular travou em decorrência de tantas ligações e mensagens recebidas sobre essa nova cura mágica: a fosfoetanolamina. Uma substância até então desconhecida por mim e pela grande maioria dos médicos que tratam câncer.
Nós, cancerologistas, já estamos acos-tumados a receber questionamentos, emails de pacientes solicitando opiniões sobre os mais diversos tipos de trata-mentos miraculosos para o câncer, que vão desde garrafadas artesanais, medi-camentos “naturais” à base de plantas e veneno de animais peçonhentos, até tratamentos místicos.
O que chama a atenção nesse episó-dio é o envolvimento da Universidade de São Paulo (USP), que produziu e dis-tribuiu gratuitamente esse composto sintético sem autorização dos órgãos reguladores, e da Justiça Federal ao dar uma liminar que permite a continuação dessa ilegalidade.
Que uma substância ainda não testada formalmente em humanos – e, portan-to, sem comprovação de sua segurança e efetividade – possa ser fabricada e dis-tribuída, sem o menor tipo de controle, pela maior e mais conceituada univer-sidade do país é um absurdo.
Ver a mais alta corte de Justiça do país, que deveria proteger os cidadãos e a le-gislação brasileira, determinando a con-tinuação dessa ilegalidade é ainda mais estarrecedor.
A fosfoetanolamina, assim como qual-quer outra substância com atividade po-tencial contra o câncer, deve ser testada em rigorosos estudos pré-clínicos, in vi-tro e in vivo, seguidos de estudos clínicos em humanos, de fases I, II e III antes de sua liberação.
Entretanto, isso demanda investimen-to na criação e no fortalecimeninvestimen-to de centros de pesquisa especializados em desenvolvimento de terapia antineo-plásica e de campanhas para mudar a percepção negativa que a nossa popu-lação, de um modo geral, ainda tem em participar de pesquisas clínicas. Além
A fábula da cura mágica
NOTA DE
ESCLARECIMENTO
DO IQSC
Segundo esclarecimentos do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), em sua página na internet, desde a edição da Portaria IQSC 1389/2014, que enfatiza a necessidade de cumprimento da legislação federal (Lei n. 6.360, de 23/09/1976), a qual dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, o Grupo de Química Analítica e Tecnologia
de Polímeros não apresentou as licenças e registros que permitissem a produção da fosfoetanolamina para fins medicamentosos. A distribuição dessa substância, portanto, fere a legislação federal.
Também esclarece que a Universidade de São Paulo não possui o acesso aos elementos técnico-científicos necessários para a produção da substância, cujo conhecimento é restrito ao docente aposentado, o Prof. Dr. Gilberto Orivaldo Chierice, e à sua equipe e é protegido por patentes (PI 0800463-3 e PI 0800460-9). Além disso, reconhece não dispor
de dados sobre a eficácia da
fosfoetanolamina no tratamento dos diferentes tipos de câncer em seres humanos e não dispor de médico para orientar e prescrever a utilização da referida substância. Em caráter excepcional, o IQSC está produzindo e fornecendo a fosfoetanolamina em atendimento a demandas judiciais individuais. Ainda que a entrega seja realizada por demanda judicial, ela não é acompanhada de bula ou informações sobre eventuais contraindicações e efeitos colaterais.
FONTE: WWW5.IQSC.USP.BR/ ESCLARECIMENTOS-A-SOCIEDADE/
disso, necessita-se urgentemente de al-terações nos trâmites burocráticos, que dificultam o desenvolvimento da pes-quisa clínica no Brasil.
Alterações na legislação que regula-menta a pesquisa clínica, como as pro-postas pelo Projeto de Lei do Senado (PLS) 200/2015, que se encontra em tramita-ção, podem impactar positivamente o crescimento da pesquisa clínica no Bra-sil e, em particular, o desenvolvimen-to de novos tratamendesenvolvimen-tos para o câncer, como a fosfoetanolamina. Enquanto isso não acontece, o Brasil, apesar de possuir profissionais e centros capacitados, vai ficando atrás de outros países.
A sociedade brasileira vive à procura de milagres para as suas mazelas. En-quanto não nos conscientizarmos, po-rém, de que não existe milagre outro que o baseado no trabalho árduo e em rigorosos preceitos científicos e éticos, o Brasil continuará perdendo de 7 a 1.
EDUARDO MORAES
Oncologista Clínico Secretário-geral da SBC
Do carrapato-estrela à remissão
total de cânceres agressivos
A descoberta ocorreu por acaso,
em meio a pesquisas relacionadas à pro-cura de anticoagulantes na saliva do Am-blyomma cajennense, o carrapato-estrela. Ao lado de outros hematófagos, como as sanguessugas e os piolhos, ele tem rece-bido atenção mundial na pesquisa por novos antitrombóticos, trombolíticos e fibrinolíticos. Os achados da pesqui-sa desenvolvida no Instituto Butantan mostram que a molécula batizada de Amblyomin-X, encontrada no carrapa-to e sintetizada em laboracarrapa-tório, não só leva à morte celular de células tumorais como deixa intactas as células normais humanas.
INIBIDOR DO FATOR X
Encabeçada pela pesquisadora Ana Ma-risa Chudzinski-Tavassi, diretora do La-boratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan, o estudo analisou a saliva do carrapato quanto à ação an-ticoagulante e identificou uma proteí-na, denominada Amblyonin-X, capaz de inibir o Fator X ativado, enzima-chave responsável pela geração da trombina, substância ativadora do processo de coa-gulação no sangue.
Para estudar esse achado mais a fundo e compará-lo a outros inibidores de Fator X ativado descritos, foi preciso estudar o gene da glândula salivar que controla a produção dessa proteína – para isso, mais de 2 mil genes foram analisados antes da eleição do gene de interesse.
Com o gene identificado e com base nos conhecimentos de engenharia genética, construiu-se um sistema de expressão de proteínas recombinantes, em que se utili-zou uma bactéria para sintetizar o Ambl-yomin-X. Após ser purificada, a molécula foi testada com sucesso na coagulação e, daquele momento em diante, já era pos-sível trabalhar em escala adequada para as pesquisas subsequentes. Afinal, seria muito difícil estudar a molécula extraindo saliva daquele minúsculo animal.
A proteína obtida apresentava seme-lhança com um inibidor plasmático hu-mano, chamado TFPI – tissue fator path-way inhibitor, que regula a coagulação do sangue, justamente no complexo de atuação do Fator X ativado.
Além dos testes específicos para ava-liar o efeito da molécula sobre a coagula-ção no sangue, foram realizadas análises de toxicidade em células humanas nor-mais e também testes em células tumo-rais. Segundo Ana, a avaliação do efeito em ambos os tipos de células foi mais ou menos direcionada, uma vez que a literatura diz que o TFPI tem efeito em proliferação celular.
RESULTADOS
O que sucedeu nas culturas celulares: en-quanto a molécula não mostrou efeito nas células normais, ela provocou efeito tóxico nas tumorais e de uma maneira dose-de-pendente. Células de tumor de pâncreas, de melanoma, renal e de mama morriam
Molécula Amblyomin-X, descoberta a partir da saliva do animal, promete
matar células tumorais sem efeitos prejudiciais à saúde do paciente
Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan.
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quando “tratadas” com a molécula. “A con-clusão óbvia era que o Amblyomin-X re-conhecia as células tumorais por um me-canismo comum.” Para compreender por que a molécula agia seletivamente sobre a célula tumoral, bem como seu mecanis-mo de ação (processo de indução da mecanis-morte celular), foi preciso ir além.
A literatura mostra que, diferentemen-te das células normais, as tumorais têm exposição de fosfolipídios na membra-na. Um grupo de pesquisadores do Ins-tituto de Física da USP ajudou a enten-der a interação do Amblyomin-X com os fosfolipídios das células tumorais e, consequentemente, compreender aquela seletividade. Outros estudos mostraram a internalização da molécula e o meca-nismo de indução de morte programada, além de alvos moleculares terem sido desvendados e validados.
TESTES IN VIVO
Paralelamente, camundongos foram in-duzidos a desenvolver tumores e, em se-guida, tratados com a molécula por um período de 14 a 42 dias, o que resultou na diminuição das massas tumorais, sem nenhum efeito deletério para a saúde do animal (sem afetar as células normais). Após o término desse processo, os ani-mais ficaram sob observação por ani-mais 6 meses e não houve recidiva.
“Vimos a remissão completa do tumor, mas esse sistema é absolutamente contro-lado”, enfatiza Ana Marisa, isto é, segue
protocolos estritos que estabelecem os procedimentos a serem adotados. Ainda não é possível concluir que o efeito em humanos seja o mesmo.
Ensaios pré-clínicos, ou testes de segu-rança, foram realizados, em etapa poste-rior, para avaliar a toxicidade em animais normais (roedores e não roedores sem tumores) e, portanto, indicar a margem de segurança da molécula. Os resultados revelaram que a toxicidade do Amblyo-min-X é relativamente baixa: seria preci-so utilizar 200 vezes a dose efetiva para a identificação de alteração no sistema de coagulação, comprometimentos bio-químicos, alterações renais e hepáticas.
APOIO FINANCEIRO
Resultados tão animadores diminuem os riscos para a etapa de desenvolvimento de um medicamento e, consequentemente, atraem a atenção de patrocinadores. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Esta-do de São Paulo (Fapesp) apoiou o projeto desde o início e, ao lado da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), alavancou a estruturação de ensaios in vivo. Ao lado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a indústria farmacêutica parceira (União Química), que divide a patente com o Instituto Bu-tantan e é responsável pelo licenciamen-to da molécula, auxiliou na fase de esca-lonamento e ensaios pré-clínicos.
O suporte financeiro possibilitou a ins-talação de um laboratório no Instituto Butantan – a Unidade de Inovação e De-senvolvimento – preparado para realizar a produção de proteínas recombinantes, bem como testes in vitro e in vivo, além de ensaios pré-clínicos de toxicidade aguda e crônica, obedecendo padrões de quali-dade internacionais.
PRÓXIMAS ETAPAS
O passo seguinte será a fase clínica, que está sendo desenhada. Segundo Ana Ma-risa, está nas mãos da indústria farma-cêutica parceira escolher qual será o tu-mor-alvo na primeira fase. O objetivo principal será demonstrar que o trata-mento trará benefícios aos pacientes.
Após a consolidação do desenho clíni-co, será possível solicitar à Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma análise prioritária da documenta-ção, uma vez que os cânceres estudados são de difícil tratamento. A liberação do ensaio clínico pela Anvisa, pela Comis-são Nacional de Ética em Pesquisa (Co-nep) e pelas Comissões de Ética em Pes-quisa (CEP) das instituições envolvidas permitirá o recrutamento dos pacientes e o início dos testes.
Amblyomin-X é descoberta e sintetizada Testes específicos de coagulação são realizados Análise em células tumorais: morte celular Análise de toxicidade em células normais Testes em camundongos com tumores: remissão total Ensaios pré-clínicos (roedores e não roedores sadios) para análise de toxicidade Ensaio clínico: desenho sob elaboração
A Sociedade Brasileira de
Cance-rologia (SBC) manifesta sua preocupação em relação à obrigatoriedade da espe-cialização médica em oncologia clíni-ca e cirúrgiclíni-ca, diante da constatação de profissionais médicos não habilitados atuando nessa área. Observa-se, infeliz-mente, completo descaso e afronta aos ditames da Comissão Nacional de Resi-dência Médica (CNRM 04/83 e 001/02), bem como aos programas de residência médica (PRM).
O objetivo deste artigo é emprestar ao leitor médico e profissional da saú-de, notadamente aos diretores e gestores de hospitais públicos ou privados, uma visão técnico-jurídica sobre esse tema e as repercussões na esfera cível, penal e administrativa.
Para entendermos a gravidade do caso ante a ausência comprovada da formação qualificada, é preciso saber que, caso um médico ou hospital venha a responder um processo por suposto erro médico, com base nos artigos 186, 927, 950 e 951 do Código Civil, com-binado ainda ao artigo 14, com os res-pectivos parágrafos e incisos do Código de Defesa do Consumidor, a situação processual poderá ser agravada caso comprove-se que o médico em questão não possuía qualificação específica na “cadeira de oncologia clínica e cirúr-gica”, conforme prescrevem o PRM e o CNRM, bem como as resoluções 04/83 e 001/02 do CNRM, de 16 de maio de 2002. O que dizem aos médicos esses artigos? Eles regulam todo o processo de indenização, ou seja, a prescrição legal de uma conduta atípica pratica-da por um indivíduo.
É importante assinalar que a falta da habilitação técnica ou de especialização
na área de oncologia clínica e cirúrgica remete ao médico a peja de “imperito”, o que prejudica sua atuação e repercute tanto na área cível como penal e admi-nistrativa, sendo um fator de possível agravamento da pena nas esferas penal, cível e administrativa.
O título de especialista em oncologia clínica e cirúrgica é conferido automa-ticamente pela SBC ao término da resi-dência médica em oncologia, bem como dos cursos de especialização acreditados pela comissão permanente.
O ilustre leitor deve estar indagando o que a ausência dessa especialidade tem a ver com o processo e a responsabilida-de civil, administrativa e ética e com o código penal.
A explicação vem carregada proposi-talmente de extremos para que fique cla-ro ao público-alvo o agravamento causa-do pela carência da especialidade – esta que a SBC tenta a todo custo defender, não como forma de intensificar a capi-talização própria, mas como forma de
educação, aprimoramento e excelência no campo da medicina.
Temos observado, nos últimos anos, o crescente número de ações demandadas por pacientes ou seus representantes le-gais, versando sobre um erro médico ou um erro do médico. Estima-se que, hoje, esteja em trâmite mais de 3 mil ações contra médicos e hospitais.
Em sete anos, os processos judiciais por erros médicos que chegaram ao Su-perior Tribunal de Justiça (STJ) aumen-taram nada menos do que 100 vezes em relação ao observado no período de 2009 a 2013. A maioria questiona a responsabilidade civil dos profissio-nais médicos.
MÉDICO É MÉDICO E PONTO
Para alguns juízes, médico é médico e ponto-final, ou seja, basta ser médico para que o juiz entenda pela condena-ção ou absolvicondena-ção em um caso concre-to, desprezando a questão maior, que é a especialidade do médico. O juiz e o homem leigo entendem que se a cida-dã ou o cidacida-dão é médico e está em um hospital, ele é obrigado a atender e re-solver todo e qualquer problema. Talvez tenha surgido desse pressuposto a opor-tunidade para que muitos médicos ina-bilitados, com ou sem o consentimen-to do hospital, que é o seu empregador direto ou indireto, se aventurassem na prática clínica em áreas nas quais não são especialistas, assumindo, portanto, o risco de sua decisão.
Imaginemos a situação de um clíni-co geral, perpetuando o ato personalís-simo de uma anamnese, fechando um diagnóstico oncológico, sugerindo um procedimento terapêutico de quimio ou radioterapia, sem que fosse habilitado
Obrigatoriedade da especialização
médica em oncologia clínica e cirúrgica
José Jaime do Valle, especialista em Direito Médico e da Saúde.
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para tal. Vamos imaginar, ainda, que esse diagnóstico, um ato exclusivo do médi-co, esteja equivocado e que o paciente enfrente os efeitos indesejáveis da te-rapia indicada; e, por conta desse erro, processe o médico e o hospital.
Como ficará a situação do médico ina-bilitado se o paciente ou seus familiares descobrirem que ele não era habilitado para o exercício da medicina nessa área específica, ou seja, que o médico não era um especialista?
A resposta não poderia ser pior para o médico. Além de responder pelo ato ilícito civil na modalidade de culpa, na qual se aplica a responsabilidade subje-tiva em razão do trinômio “negligência, imperícia, imprudência”, ao ser consta-tado que o médico não era ou não é ha-bilitado, ocorrerá, com toda a certeza, o desdobro da ação cível para a ação pe-nal. Dessa maneira, o médico poderá ser processado e condenado pelo crime de lesão corporal (artigo 129 do Código Pe-nal) e por homicídio na modalidade de dolo eventual – já que, sendo inabilitado para a prática do exercício da medicina clínica e cirúrgica oncológica, ele teria assumido o risco de provocar o dano –, tornando-se “imperito”. Nesse caso, o mé-dico será levado a júri popular e julgado por um conselho de sentença compos-to por pessoas, em sua maioria, leigas e sem conhecimento técnico-jurídico, que ficarão à mercê do promotor de Justiça ou do advogado de defesa, os quais do-minam a arte da oratória – claro, sem se distanciarem das provas acarreadas nos autos.
Acrescente a isso o agravamento da pena conferida ao médico em um terço, já que ele não era habilitado e lançou-se à prática de atos médicos que dependiam de uma especialização.
É necessária a especialização do
médico, não como um plus, mas,
sim, como parte da formação,
permitindo que ele possa atuar
no mercado com maior
tecnicidade, responsabilidade
e ética profissional.
Cabe, aqui, um parêntesis quanto à ques-tão da especialização, pois o Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio do parecer número 21/10, entende que o médico, desde que registrado em sua entidade de classe, pode transitar e cli-nicar em todas a áreas médicas, sem que haja a obrigatoriedade da especialização, entendendo o título de especialização como um mero plus na vida acadêmica e profissional do médico. É mister que entendamos de vez, porém, que a ques-tão da especialidade não é um mero plus. Caro leitor, o assunto é polêmico, sé-rio e merece destaque e reflexão. O CFM junto aos conselhos regionais de medi-cina (CRM) de nosso país não podem mais fechar os olhos para essa situação. Pelo contrário, assim como são céleres as mutações nas relações humanas, co-merciais, sociais, econômicas, religiosas, políticas e científicas, também são céleres as mutações genéticas, as séries de epi-demias que nos afligem todos os dias, as doenças antigas, agora mais resistentes à prescrição medicamentosa, e o surgi-mento de novas patologias que não são diagnosticadas precisamente. Portanto, é necessária a especialização do médico, não como um plus, mas, sim, como parte
da formação, permitindo que ele possa atuar no mercado com maior tecnicida-de, responsabilidade e ética profissional. Ademais, observa-se um conflito no entendimento do CFM, posto que a Lei número 3.268/57 garante ao médico o exercício legal da medicina em qualquer de seus ramos ou especialidades, desde que previamente registrados seus títu-los, diplomas e certificados.
Se a lei prevê que o médico pode atuar em qualquer ramo da medicina ou espe-cialidade, desde que tenha seu título ou certificado registrados, isso significa que não abriu mão da compulsoriedade da especialização, existindo, portanto, um conflito entre o entendimento do CFM e a letra da Lei 3.268/57, pela qual nos filiamos à corrente de que devemos se-gui-la, e não a Resolução.
O Poder Judiciário, impulsionado por juristas especializados em direito médico e da saúde, tem sedimentado o entendi-mento de que a falta de especialização na área médica torna-se um plus ao subs-tanciar os elementos de convicção de um juiz no julgamento de um processo (arti-gos 130, 131, 332, 333, inciso I, II in fine do Código de Processo Civil), trazendo consequências graves aos médicos não especializados e aos hospitais.
Finalizo este artigo firmando nosso entendimento de que a especialização na área de oncologia clínica e cirúrgi-ca deve ser compulsória, já que a falta desta poderá submeter o médico a san-ções cíveis e penais e, talvez, ao CRM de seu Estado.
JOSÉ JAIME DO VALLE
Advogado especialista em Direito Médico e da Saúde, pós-graduado pela Faculdade de Medicina do ABC
Fundado em junho de 2013 pela
Be-neficência Portuguesa de São Paulo, o Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (Coaem) vem se consolidando como referência no tratamento do cân-cer no Brasil. Sem contabilizar procedi-mentos como exames, cirurgias e inter-nações, o Centro bateu a marca de 43 mil sessões de quimioterapia no último mês de junho, uma média de 1.800 ao mês.
O superintendente executivo de servi-ços médicos do Coaem, Ruy Bevilacqua, conta que a inauguração da unidade foi a contribuição que a Beneficência Por-tuguesa de São Paulo ofereceu para o combate a uma doença tão delicada e complexa. “É uma resposta à sociedade quanto a um dos maiores desafios do século XXI: o combate ao câncer, doen-ça que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atingirá pelo menos 75 milhões de pessoas até 2030. O Centro surge com o objetivo de tratar o pacien-te por inpacien-teiro, com diagnósticos preci-sos e precoces que contribuam com a qualidade de vida e segurança de cada indivíduo”, diz.
Chefiado por Antonio Buzaid, o Coaem conta com especialistas em diversas áreas, como cirurgiões, radioterapeutas, radio-logistas, médicos nucleares, patologistas e geneticistas, que se reúnem semanal-mente para discussões multidisciplina-res de caso. A equipe também conta com
enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeu-tas e psicólogos, reforçando a multidisci-plinaridade no atendimento oncológico.
POR QUE UM CENTRO?
Apesar de estar dentro do Beneficência Portuguesa, que é um hospital geral, tra-ta-se de um centro independente e espe-cialmente criado para o cuidado oncoló-gico. “A oncologia é uma área singular, pois demanda um corpo de médicos com uma visão diferente, uma visão focada no câncer. Há médicos de outras áreas, como endocrinologistas e neurologistas, que tratam também dos pacientes quan-do há necessidade, mas o olhar é para o câncer de uma maneira mais aprofunda-da”, opina Rodrigo Campos, oncologista clínico do Coaem.
Campos explica que a criação de gran-des instituições de oncologia é uma ten-dência em grandes centros urbanos de todo o mundo, pois as grandes cidades tendem a drenar todos os profissionais com grande experiência em tumores raros e não raros. Além disso, por de-mandar uma estrutura complexa, uma equipe multidisciplinar e pessoas com experiência, não é possível disponibili-zar esse tipo de centro em todas as ci-dades, apenas naquelas que atendem a uma jurisdição maior. “Em relação a tratamento oncológico, São Paulo é um lugar para o qual o Brasil inteiro olha
com atenção e, em especial, para a Be-neficência Portuguesa.”
Isso explica, ao menos em parte, o perfil do usuário atendido no Coaem: pacientes graves que já passaram por tratamento em sua cidade de origem e que, após verem a doença avançar, recor-rem a um grande centro urbano como São Paulo. “Como o Coaem é uma insti-tuição que ganha cada vez mais nome, as pessoas chegam, às vezes, com a doen-ça mais avandoen-çada, ou mesmo para ou-vir uma segunda opinião.” Campos faz uma ressalva: há também muitos pacien-tes provenienpacien-tes da capital paulista, e a maioria utiliza convênio para ser aten-dida no Centro.
TELECONFERÊNCIA: SEGUNDA OPINIÃO
Bevilacqua avalia que o grande diferen-cial do Coaem é o lema “ABC: atenção, bem-estar e carinho”, trazido da Benefi-cência Portuguesa. “Aqui, os pacientes se sentem satisfeitos pelo amplo conta-to pessoal com os oncologistas”, explica.
Para Campos, o que também diferen-cia o Centro Antônio Ermírio dos demais é o vanguardismo no tratamento onco-lógico. “É uma instituição que, desde quando foi pensada, tem um olhar vol-tado para o futuro da oncologia, que é o tratamento individualizado, que alia assistência, pesquisa e ensino”.
Centro Oncológico Antônio Ermírio
de Moraes ultrapassa 40 mil
Em relação à segunda opinião, men-cionada por Campos e procurada por pacientes de diversas cidades, a entida-de lançou o Programa Segunda Opinião. Oferecida aos pacientes acompanhados em outra instituição, uma segunda ava-liação a distância é realizada pela equi-pe quanto ao diagnóstico e à escolha do tratamento mais adequado. O médico do paciente pode enviar os dados clíni-cos, exames de imagem e de patologia, e uma apresentação via teleconferência é marcada para a avaliação pelo corpo clínico do Coaem.
Além de permitir a diminuição de cus-tos com deslocamento e acomodação, o serviço leva segurança e conforto emo-cional ao paciente e seus familiares.
Instalações do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, fundado pela Beneficência Portuguesa de São Paulo.
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DESAFIOS
Sem dúvida, uma das maiores dificulda-des do cuidado oncológico são os custos envolvidos. “Estamos em uma década de avanços grandes na medicina. Consegui-mos atuar em nível molecular, descobrir uma mutação responsável pela origem de um câncer, e esse tratamento é viá-vel, mas esbarra-se sempre no custo”, pondera Campos.
Atualmente, o Coaem é financiado pela diversidade dos pacientes que aten-de – particulares, com planos aten-de saúaten-de, além dos antigos associados à Beneficên-cia. “O nosso desafio é financiar o trata-mento, uma vez que os medicamentos e aparelhos são altamente eficientes, mas muito caros”, explica Bevilacqua.
ALÉM DE TRATAR, PREVENIR
O Coaem trabalha ativamente na edu-cação para a prevenção do câncer. Por isso, participa de diversos eventos aber-tos ao público, com o intuito de edu-car e sensibilizar a população sobre o tema.
Os médicos da equipe também parti-cipam como educadores nos meios de comunicação. “Temos líderes aqui no hospital que participam de programas na mídia de grande impacto, instruin-do a população, além de escreverem livros educacionais. Hoje, existe uma celeuma de informações novas, muitas vezes sem evidência científica”, alerta Campos. FERNANDO PETRACIOLI Di vu lgaç ão
Di vu lgaç ão /AM B
Florentino Cardoso Filho, presidente da AMB.
fila de políticos no Ministério da Educa-ção querendo uma faculdade de medici-na em seu município. Foram escolhidos municípios para sediar curso médico que não têm condições mínimas de estrutu-ra na rede de assistência à saúde, sem falarmos das condições precárias ofere-cidas a docentes e pesquisadores.
Precisamos urgentemente avaliar com seriedade as escolas – públicas ou priva-das – e seus egressos de maneira inde-pendente, e punir as que não atingirem um padrão mínimo.
Será que o governo pode nos respon-der: quantos especialistas o Brasil preci-sa? Em que áreas? Para trabalhar onde? Com que regime de contratação? Com que remuneração? Defendemos a aten-ção básica qualificada como principal porta de acesso ao sistema de saúde. Pre-cisamos ter estrutura adequada para os profissionais trabalharem e valorizá-los. Os médicos da atenção primária não
po-Dirigimo-nos aos médicos
brasilei-ros, às nossas federadas, sociedades de especialidade e demais entidades médi-cas, com nossos mais sinceros agrade-cimentos pela união e luta conjunta na busca por melhorias para a saúde, medi-cina e para o médico brasileiro. Não tem sido fácil o atual momento, em que se avolumam crises e tentam desqualificar o trabalho médico. Juntemos nossas for-ças e lutemos com tranquilidade pelos nossos ideais e pelas causas coletivas, buscando o sucesso.
A Associação Médica Brasileira (AMB) tem atuado de maneira firme, com a maior rapidez possível. O governo fede-ral não tem conduzido o país adequada-mente, em especial na educação e saúde, embora exista crise em outros setores, como infraestrutura, segurança, etc. In-flação, desemprego e juros crescem, e continuam surgindo pessoas envolvidas em corrupção, levando o Brasil à piora progressiva em vários indicadores sociais e econômicos.
A abertura desenfreada de escolas de medicina preocupa sobremaneira, pois a qualidade não está sendo observada com o rigor necessário, buscando-se tão somente a quantidade. Enviesam-se nú-meros, camuflam-se indicadores. Querem como é no Reino Unido? Excelente! In-cluiremos financiamento per capita, boas escolas médicas, acesso com qualidade, validação de diplomas, recertificação de especialistas.
Aqui, no entanto, as escolas médicas são erguidas “a torto e a direito”, sob critérios que não são os do Reino Unido, mas dos políticos, ou politiqueiros. Há
dem ser tratados como boias-frias, como acontece em vários municípios do Brasil, sem vínculo formal de trabalho. Lutamos pela qualificação do médico na atenção primária e pela carreira de estado, com direito à progressão, nos moldes do que ocorre hoje em segmentos do Judiciário.
Os médicos especialistas, incluindo os médicos de família e comunidade, continuam sendo titulados após a con-clusão de programa de residência mé-dica credenciado pela Comissão Nacio-nal de Residência Médica (CNRM) e por meio de prova de título das sociedades de especialidade (Título de Especialis-ta da AMB). Defendemos melhorias nos programas de residência médica, com aumento das vagas onde existem carên-cias, desde que sejam oferecidos meios para formar profissionais com qualida-de, inclusive valorizando os preceptores e supervisores de programa.
A AMB esteve, está e estará sempre à disposição para ajudar o Brasil, indepen-dentemente de governos, pois queremos políticas de estado feitas com seriedade, compromisso, qualidade e honestidade. Temos um novo ministro da Saúde e nossa esperança é que ele mude o rumo deste importante ministério, adotando polí-ticas de estado que vislumbrem melho-rias à saúde da população, focando em qualidade, privilegiando o mérito e tra-balhando com quem tem conhecimento. Saúde é o nosso bem maior e o povo brasileiro merece respeito!
FLORENTINO CARDOSO
Presidente da Associação Médica Brasileira
O BRASI L
Carol DeSantis, epidemiologista da ACS. Durante o período estudado, enquanto o índice aumentou em 0,4% para as mulheres negras, ele permaneceu estável entre as brancas.
Ainda que a causa para esse aumento não esteja clara, a pesquisadora acredita que o fenômeno decorra do crescimento do percentual de obesidade nessa faixa da população – considerado um fator de risco para câncer de mama no período pós-menopausa –, que aumentou de 39%, em 1999 a 2002, para 58%, no período de 2009 a 2012.
FONTE: MEDSCAPE
Médicos contribuem
com baixa adesão à
vacina contra o HPV
Apesar da recomendação da American Academy of Pediatrics de indicar
rotineiramente a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) a pacientes de 11 e 12 anos de idade, muitos médicos frequentemente não a colocam em prática, segundo pesquisa da Harvard Medical School e do Harvard Pilgrim Health Care Institute.
Ao todo, 776 médicos preencheram a pesquisa Physician Communication about HPV Vaccination Study, divulgada online em 2014. “Ficamos surpresos quanto ao número de vezes que os médicos recomendaram a vacina sem ênfase, com atraso e sem urgência”, afirma Melissa B. Gilkey, da Harvard Medical School.
Segundo estudo publicado na Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, esse comportamento do profissional de saúde contribui decisivamente para a baixa adesão à vacina nessa faixa etária da população. “Estamos perdendo a oportunidade de proteger os jovens de hoje de cânceres relacionados ao HPV”, conclui Melissa.
FONTE: MEDSCAPE
Câncer terminal não
deve ter quimioterapia
como tratamento
Estudo publicado no Journal of the American Medical Association (Jama) evidencia que o tratamento por meio de quimioterapia é pouco vantajoso e causa mais prejuízos do que benefícios a pacientes diagnosticados com câncer terminal.
Dirigida por Holly Prigerson, do Weill Cornell Medical College e do New York Presbyterian Hospital, a pesquisa conclui que os danos causados à qualidade de vida desses pacientes, ao limitar a mobilidade e a capacidade de realizar atividades do dia a dia, não compensam os ganhos relativos ao combate à doença.
Foram analisados 300 pacientes diagnosticados com câncer metastático, sendo a maioria homens por volta dos 60 anos e com perspectiva média de apenas quatro meses de vida. Metade do grupo foi submetido à quimioterapia, e uma avaliação foi conduzida entre os profissionais de saúde encarregados de seu cuidado diário.
FONTE: SPD FMUSP
Carnes processadas são
incluídas como fatores
cancerígenos pela OMS
A partir da avaliação de mais de 800 estudos científicos publicados, concluiu--se que o consumo diário de 50 g de carnes processadas – salame, presunto, mortadela, salsicha, linguiça, bacon, etc. – aumenta em 18% o risco de desenvolver câncer de cólon e reto. Além disso, em menor grau, também aumenta o risco para câncer de próstata e de pâncreas.
O painel de 22 especialistas da Agência Internacional de Pesquisas em Câncer (Iarc), reunidos pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), decidiu, após a revisão, inserir a carne processada na categoria 1, ou seja, no grupo que reúne fatores que apresentam evidências suficientes de que causam câncer. Também pertencem a esse grupo tabaco, radiação solar, álcool, asbesto e poluição.
Especialistas, no entanto, reiteram que isso não significa que todos esses fatores de risco sejam igualmente perigosos. O tabaco, por exemplo, aumenta em 20 vezes o risco de câncer de pulmão e está diretamente ligado a 1 milhão de mortes no mundo, enquanto o álcool é responsável por 600 mil e a poluição, por 200 mil. Já o consumo diário de carnes processadas é considerado culpado por cerca de 34 mil mortes no mundo.
Além disso, não houve unanimidade entre os 22 cientistas do painel da Iarc. Sete se abstiveram de votar a favor da inclusão por não estarem de acordo com as evidências apresentadas ou por não estarem convictos da qualidade desses estudos.
FONTE: MEDSCAPE
Incidência de
c
âncer
de mama aumenta
entre mulheres negras
nos Estados Unidos
De acordo com pesquisa feita pela American Cancer Society (ACS) e publicada no CA: A Cancer Journal for Clinicians, houve um aumento no número de casos de câncer de mama entre as mulheres negras nos Estados Unidos de 2008 a 2012, eliminando a diferença histórica de incidência da doença entre mulheres brancas e negras no país, que existia desde 1975. “Apesar de mulheres brancas,
historicamente, terem sempre apresentado um número mais alto de casos do que as mulheres negras, em 2012, as taxas convergiram”, afirma
III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE URO-ONCOLOGIA
19 e 20 de fevereiro de 2016
SÃO PAULO - SP
Informações: einstein.br/ensino/eventos/
SNOLA 2016 – UPDATE ON NEURO-ONCOLOGY
24 a 26 de março de 2016
RIO DE JANEIRO – RJ
Informações: snola2016.com
VIII CONGRESO LATINOAMERICANO DE CUIDADOS PALIATIVOS
14 a 16 de abril de 2016
CIDADE DO MÉXICO – MÉXICO
Informações: cuidadospaliativos.org/viii-congreso/inicio X CONGRESSO BRASILEIRO DE ONCOLOGIA ORTOPÉDICA
20 a 22 de abril de 2016
FOZ DO IGUAÇU - PR Informações: aboo.med.brXVIII CONGRESSO MÉDICO AMAZÔNICO | ONCO 2016
24 a 27 de abril de 2016
BELÉM – PA
Informações: www.congressomedicoamazonico.com.br
XXVII CONGRESO LATINOAMERICANO DE ONCOLOGÍA PEDIÁTRICA
19 a 21 de maio de 2016
LIMA - PERU
Informações: slaop2016.org
VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE FARMACÊUTICOS EM ONCOLOGIA
20 a 22 de maio de 2016
FLORIANÓPOLIS – SC
Informações: eventos@levitatur.com.br
DIRETRIZES DO PROCESSO DE REGULAMENTAÇÃO SANITÁRIA DOS MEDICAMENTOS NO BRASIL
Natália Bellan, Terezinha de Jesus Andreoli Pinto
EDITORA MANOLE
Qual é a importância da regulamentação sanitária? A obra responde a essa pergunta contando e discutindo a origem da regulamentação sanitária, as mudanças ao longo da história, os cenários nacionais e internacionais, os principais órgãos regulatórios no Brasil e no mundo, e, por fim, como é o processo de regulamentação de medicamentos no país. Trata-se de um livro de referência para todos os profissionais de saúde.
CUIDADOS PALIATIVOS: CONVERSAS SOBRE A VIDA E A MORTE NA SAÚDE
Vera Anita Bifulco e Ricardo Caponero
EDITORA MANOLE
Doenças agudas, inesperadas, lentas ou degenerativas, todas exigem cuidados paliativos. E não se trata de opção de segunda linha,
defendem os autores, que discutem o valor de uma equipe multidisciplinar preparada, atuando sob a perspectiva da humanização dos cuidados, com especialistas em qualidade de vida e em cuidados de sintomas. É uma área em ascensão, ainda pouco conhecida pelo público em geral, mas também por profissionais de saúde.
INDIQUE AO PACIENTE
REMISSÃO RADICAL: SOBREVIVENDO AO CÂNCER CONTRA TODAS
AS PROBABILIDADES
Kelly A. Turner
EDITORA ALAÚDE
Como se curaram as pessoas que alcançaram a remissão do câncer sem o respaldo da medicina tradicional? Foi esse questionamento que levou a doutora em oncologia Kelly Turner a viajar pelo mundo em busca dessas histórias improváveis de superação. Nove fatores-chave (físicos, mentais e espirituais) são mencionados pelos sobreviventes por remissão radical, que relataram sua luta de combate ao câncer à autora. Kelly traz a explicação cientítica de cada fator-chave e dicas de como usá-los.
VENCER O CÂNCER DE MAMA: EVITAR, TRATAR, CURAR
Antonio Carlos Buzaid e Fernando Cotait Maluf
DENDRIX
O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres. Com o intuito de orientar a população brasileira sobre a doença, os oncologistas Antonio Carlos Buzaid e Fernando Cotait Maluf, com a colaboração de profissionais da área médica, respondem em 20 capítulos às perguntas mais comuns realizadas nos consultórios médicos. O livro é dedicado às pessoas que querem prevenir o câncer e aos pacientes e familiares que já lutam contra ele.