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Pessoas com deficiência e políticas públicas: os desafios para a superação da desigualdade e inclusão no mercado de trabalho.

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Pessoas com deficiência e políticas públicas: os desafios para a superação da

desigualdade e inclusão no mercado de trabalho.

Marlene M. de Camargos Borges Ester William Ferreira

Darcilene Cláudio Gomes Luiz Bertolucci

Resumo

Este estudo tem por objetivo avaliar a dependência das pessoas com deficiência (PCD) por políticas públicas para a superação da exclusão social e econômica em que se encontram. Enfatizam-se, na análise, as políticas voltadas para a geração de emprego e renda, assumindo que a inclusão dessa população no processo produtivo ainda permanece como um dos principais obstáculos para sua inclusão social. A partir dos resultados de duas pesquisas realizadas com PCD residentes no município de Uberlândia/MG, nos anos de 2004 e 2008, foi possível obter informações demográficas, sociais e econômicas dessa população, com as quais se podem identificar os fatores que dificultam a inserção das PCD no mercado de trabalho formal. Considera-se como hipótese que, dentre os principais obstáculos enfrentados por essa população, estão a baixa escolaridade e a falta de qualificação da PCD, bem como as características dos postos de trabalho oferecidos pelas empresas, cujas exigências, muitas vezes, impedem a inserção do deficiente naquela vaga. A atuação do Estado na implementação de políticas que garantam às PCD o acesso aos direitos que pertencem a todos é premente no caminho da erradicação do desemprego e da superação da desigualdade.

Palavras-chave: pessoas com deficiência; políticas públicas; trabalho; renda.

Sessão temática: Políticas públicas ativas e passivas de mercado de trabalho, emprego,

trabalho e renda.

Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho, realizado em Campinas – São Paulo/Brasil, de 28 de setembro a 1º de outubro de 2009.

Economistas do Centro de Pesquisas Econômico-sociais do Instituto de Economia - CEPES/IEUFU, da Universidade Federal de Uberlândia. Mestre/Doutorandas em Economia pelo Instituto de Economia da UFU (MG).

Doutoranda em Economia Aplicada na área de Economia Social e do Trabalho / UNICAMP (SP). Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj.

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1

Pessoas com deficiência e políticas públicas: os desafios para a superação da

desigualdade e inclusão no mercado de trabalho.

1. Introdução

A Constituição de 1988 é considerada a primeira Carta Constitucional que enfatiza a tutela da pessoa com deficiência (PCD) no trabalho. Em alguns artigos, defende-se a dignidade da pessoa humana, a cidadania e o valor social do trabalho como valores a serem defendidos pela República. Em outros, fica explícita a obrigatoriedade do Estado de adotar medidas para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, objetivando a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Os avanços conquistados, nos últimos vinte anos, por meio de leis e decretos, têm sido muito importantes à medida que procuram garantir às PCD possibilidades reais de inclusão em todas as esferas da vida em sociedade.

Nesse sentido, a Lei nº 8213/1991, também conhecida como Lei de Cotas, representou um importante passo no âmbito das políticas públicas ativas com vistas à inserção da PCD no mercado de trabalho ao determinar que vagas no mercado de trabalho formal fossem disponibilizadas pelas empresas para essa população específica1. A aplicabilidade da lei, no entanto, não tem se mostrado efetiva na prática. Mesmo após a promulgação do decreto que a regulamenta – inicialmente, o Decreto 3298/1999, substituído, em 2004, pelo Decreto 5296 - o que se observa é ainda uma fraca participação das PCD no mercado de trabalho no Brasil.

Segundo a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, em sua Agenda Social dos Direitos de Cidadania das Pessoas com Deficiência (2007: 26), (...) a maioria das pessoas

com deficiência encontra-se fora do mercado de trabalho, sendo constatado que a taxa de desemprego desse segmento é superior às das demais pessoas. Em 2005, por exemplo, de

499.230 postos de trabalho garantidos pela Lei de Cotas, apenas 137.967 (27,63%) estavam ocupados. E ainda mais, o IBGE, com base no Censo Demográfico de 2000, estimou que 1.964.750 PCD, com pelo menos uma deficiência severa, tinham idade compreendida entre 15 e 64 anos, faixa etária tida como economicamente ativa. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2005, somente 166.814 PCD ocupavam um posto de trabalho, ou seja, apenas 8,49% das PCD economicamente ativas.

A realidade da economia contemporânea tem evidenciado que as dificuldades do mundo do trabalho não se restringem às PCD, mas atingem todos os grupos sociais. Diversos são os estudos que têm indicado que nos últimos anos houve um aumento da precarização do mercado de trabalho brasileiro2. Em geral, esses estudos destacam que a precarização foi resultado, em grande medida, das novas condições de operação da economia brasileira, definidas pelas reformas econômicas empreendidas nos anos 90, que não viabilizaram uma trajetória sustentada de crescimento, senão apenas movimentos de stop and go. Essa situação repercutiu negativamente sobre a capacidade de geração de empregos no país, bem como na qualidade dos postos criados.

1

A Lei nº 8213/1991, em seu Artigo 93, estabelece que a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: I. até 200 empregados, 2%; II. de 201 a 500, 3%; III. de 501 a 1000, 4% e IV. de 1001 ou mais, 5%.

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2 Nesse contexto, a população com deficiência se depara com desafios ainda maiores que os enfrentados pelo restante da população. À primeira vista bastaria que as empresas cumprissem a regulamentação, ainda que mediante a ação coercitiva dos órgãos públicos fiscalizadores, como tem ocorrido em muitos casos. Contudo, mesmo que isso ocorra, as PCD estão em condições de serem contratadas imediatamente? Quais são as principais dificuldades com que se deparam para sua inserção no processo produtivo?

O presente trabalho busca discutir essas questões a partir da análise dos resultados das pesquisas “Levantamento de Informações Econômico-sociais das Pessoas com Deficiência no Município de Uberlândia/MG”, realizadas em 2004 (Fase I) e em 2008, (Fase II)3, pelo Centro de Pesquisas Econômico-sociais (CEPES), do Instituto de Economia, da Universidade Federal de Uberlândia.

Mesmo sabendo que o município já contava com aproximadamente 63 mil4 PCD, em 2000, acredita-se que a abrangência dessas pesquisas cumpriu o propósito de gerar uma base consistente de informações, em período intercensitário, permitindo, neste estudo específico, uma análise dos aspectos demográficos dos entrevistados, bem como de suas condições de ocupação e renda, a fim de levantar as potencialidades e limites de inserção imediata das PCD no mercado de trabalho e a necessidade de intervenção do poder público para garantir não só o cumprimento da lei, mas o acesso a melhores condições de vida para essa parcela da população.

2. Notas Metodológicas

As pesquisas LIESPPDeficiência (Fase I – 2004) e LIESPDeficiência (Fase II – 2008) foram propostas ao CEPES pelo Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência (COMPOD), pelo Ministério Público do Trabalho/Procuradoria Regional do Trabalho 3ª Região – MG, pelo Ministério do Trabalho e Emprego/Subdelegacia Regional de Uberlândia/MG e pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) de Uberlândia/MG, com o objetivo principal de construir uma base de dados com informações econômico-sociais da população com deficiência no Município, a fim de possibilitar políticas públicas de inserção desta população no mercado de trabalho.

A realização da Fase II tornou-se necessária para a atualização da base de dados construída em 2004, tendo em vista a publicação do Decreto Federal 5296, em dezembro de 2004, que trouxe mudanças na definição do que vem a ser a pessoa com deficiência. Este decreto substituiu o Decreto 3298/99, que regulamentava a Lei de Cotas.

Em que pese a existência de pesquisas censitárias realizadas pelo IBGE, Censo

Demográfico de 2000, e pelo CEPES, Condições Sócio-Econômicas das Famílias de

3 Em 2004, a pesquisa foi denominada “Levantamento de Informações Econômico-sociais da População

Portadora de Deficiência no Município de Uberlândia/MG” (CAMARGOS BORGES et al., 2005), e a sigla utilizada para se referir àquela pesquisa é “LIESPPDeficiência”. Os termos “população portadora de deficiência” e “pessoa portadora de deficiência”, naquele momento, eram os mais utilizados. Na pesquisa realizada em 2008, foram utilizados os termos “população com deficiência” e “pessoa com deficiência” por serem estes os termos considerados, atualmente, mais adequados para se referir a esse estrato da população. Por isso, a denominação da pesquisa, na Fase II, foi “Levantamento de Informações Econômico-sociais das Pessoas com Deficiência no Município de Uberlândia/MG” (FERREIRA et al., 2009), cuja sigla é LIESPDeficiência, da qual foi retirada uma das letras “P” que se referia à palavra “portadora”.

4 Informação obtida por meio da análise dos resultados do Censo Demográfico de 2000. De acordo com este

censo o Brasil contava, em 2000, com 24,5 milhões de pessoas com deficiência, número que corresponde a 14,5% da população brasileira. Considerando o Estado de Minas Gerais, o percentual é de 14,90%, o que corresponde a 2,66 milhões da população mineira. Em Uberlândia, o Censo indica que a cidade contava com 12,64% da população (501.214 habitantes em 2000) com deficiência, o que corresponde a aproximadamente 63 mil pessoas.

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3

Uberlândia (LEME, 2001), as pesquisas realizadas em 2004 e 2008 permitiram obter

informações da população com deficiência, residente no município de Uberlândia/MG, com um nível de detalhamento ainda não contemplado em inquéritos anteriores.

A construção da base de informações cadastrais, em ambas as pesquisas, se deu a partir de pesquisa domiciliar, com visitas às residências das pessoas com deficiência, e também por meio de visitas às instituições e escolas que prestam apoio a elas.

Para localizar as pessoas pesquisadas, em 2004, foram utilizadas as seguintes fontes: o cadastro da SETTRAN (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes), desenvolvido para a concessão de gratuidade no transporte coletivo da cidade; o cadastro do “Programa Porta-a-porta”5, também fornecido por essa Secretaria; a base de dados da pesquisa “Condições Sócio-econômicas das Famílias de Uberlândia/MG” (2001); o cadastro fornecido pelas Associações/Instituições que, naquele momento, desenvolviam atividades e prestavam apoio e orientação à população com deficiência; as informações fornecidas pelas escolas municipais vinculadas ao Ensino Especial e também o cadastro de ligações telefônicas recebidas por uma linha fixa diretamente ligada à pesquisa.

Em 2008, partiu-se principalmente dos cadastros de gratuidade das pessoas com deficiência e do “Programa Porta-a-porta”, ambos disponibilizados pela SETTRAN, por dois motivos. Primeiro, porque detinham os dados cadastrais de pessoas com deficiência mais atualizados. E, segundo, porque os cadastros foram realizados atendendo o Decreto nº 5296, em vigor a partir de dezembro de 2004, que trouxe mudanças na definição do que é deficiência.

Ressalte-se que, em 2008, adotou-se como corte etário a faixa “13 a 64 anos”, entendida como faixa de idade que favorece analisar a capacidade de absorção presente e futura da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, e na pesquisa realizada em 2004, a faixa de idade estabelecida tenha sido “13 a 60 anos”. Esta diferença foi considerada nas análises comparativas entre os resultados obtidos na Fase I e na Fase II, que serão apresentados nas seções seguintes.

Por meio do questionário aplicado na pesquisa de campo, foi possível obter diversas informações: características dos domicílios dos entrevistados; origem; etnia/cor; estado civil; escolaridade; qualificação; tipo de alteração ou deficiência e suas causas; meio de transporte mais utilizado; principais dificuldades de acesso na cidade; condições de ocupação e renda, principais dificuldades para inserção no mercado de trabalho, entre outras.

Vale destacar que as pessoas com deficiência que integram o cadastro para concessão de gratuidade da SETTRAN, cadastro de referência da pesquisa, passaram por avaliação médica, visando identificar se a deficiência declarada atende ao disposto no Decreto nº 5296/2004. As outras pessoas com deficiência encontradas nos domicílios e não relacionadas no cadastro de referência declararam-se deficientes, definindo o tipo de deficiência. O autorrelato da deficiência e da incapacidade funcional, utilizado nas pesquisas, é preferível entre diversos pesquisadores.

Aproximadamente 3600 pessoas com deficiência foram pesquisadas em cada edição do Levantamento. Em 2004, os recursos destinados ao financiamento da pesquisa permitiram visitar 7006 PCD, das quais 3574 responderam o Questionário Completo, enquanto 257, o

Questionário Simplificado6. Em 2008, foram visitadas 6281 pessoas com deficiência, das

5 É atualmente denominado “Transporte acessível”. Esse programa disponibiliza gratuitamente à pessoa com

deficiência, comprovadamente de baixa renda e cuja deficiência impede a utilização do transporte público convencional, veículo adaptado para alguns tipos de deslocamento.

6

Em 2004, definiu-se como Questionário Simplificado aquele em que constavam as informações do domicílio da pessoa com deficiência que tinha idade inferior a 13 ou superior a 60 anos, e por Questionário Completo aquele em que constavam as informações das pessoas com deficiência cujas idades estavam compreendidas entre 13 e 60 anos. De maneira semelhante, mas com mudanças nas idades, em 2008, no Questionário Simplificado constavam as informações do domicílio da pessoa com deficiência que tinha idade inferior a 13 ou superior a 64

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4 quais 3581(57,01%) responderam o Questionário Completo, 370 (5,89%) responderam o

Questionário Simplificado e apenas 2 (0,031%) responderam parcialmente o questionário. 3. Aspectos demográficos

Ao se analisar a possibilidade de inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho há que se levar em conta, entre os aspectos demográficos que as caracterizam, a estrutura etária e o sexo (EES).

A EES das pessoas com deficiência entrevistadas em 2008 mostra-se mais envelhecida que a pesquisada em 2004. Nota-se maior participação relativa de pessoas nos grupos de idades avançadas, acima de 45 anos (Figura 2), enquanto que na Figura 1 observa-se maior distribuição relativa nas idades centrais, compostas pelos grupos etários de 25 a 44 anos. Observa-se, também, em 2004, maior participação relativa de jovens nas idades entre 15 e 19 anos, com destaque para o número de jovens do sexo masculino.

Em 2008, no topo da pirâmide etária e por sexo, idades entre 60 e 64 anos, encontra-se maior participação de pessoas, de ambos os sexos, que o observado em 2004. No mesmo sentido, cresce, em 2008, a participação de mulheres nas idades acima de 50 anos.

Se considerada a idade média da população pesquisada, nota-se que a mesma aumentou de 36,8 anos para 40 anos, entre 2004 e 2008. Esse aumento verificou-se para ambos os sexos: homens - de 35,9 para 39,1 anos, e mulheres, de 37,9 para 41 anos. Vale destacar que a idade média da população uberlandense total centrava-se em, aproximadamente, 29 anos para o ano de 2007.

FIGURA 1 FIGURA 2

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

As Figuras 1 e 2 sugerem que as pessoas com deficiência entrevistadas podem encontrar maiores dificuldades de inserção no mercado de trabalho, não só pela deficiência que possuem, o que poderá gerar ou não desvantagem na capacidade ocupacional ou funcional, mas porque, tradicionalmente, as pessoas em idades mais avançadas contam com dificuldades para serem aceitas nas vagas de emprego disponíveis. Isto pode ser confirmado pelo elevado percentual de pessoas que alegaram, como necessidade prioritária para terem acesso ao mercado de trabalho, melhorar a aceitação das empresas (FERREIRA et al., 2009).

anos, enquanto no Questionário Completo constavam as informações das pessoas com deficiência cujas idades estavam compreendidas entre 13 e 64 anos.

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência Uberlândia-MG / 2008. 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Grupo Etári o % Homem

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência Uberlândia-MG / 2004. 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Grupo Etári o % Mulher Homem

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5 Interessante notar que dentre a minoria de pessoas com deficiência que trabalham, aproximadamente 24% do total pesquisado em 2004 (845 pessoas de 3574), a maior parte está concentrada nas idades entre 30 e 45 anos (Figura 3). Em 2008, 19% dos entrevistados trabalhavam (663 pessoas), e, para ambos os sexos, contavam estes trabalhadores com idades entre 30 e 49 anos. Nas idades mais jovens, entre 15 e 30 anos, a participação masculina de pessoas com deficiência trabalhando é superior à feminina, relação esta que se inverte nas idades mais avançadas, acima de 50 anos, quando a participação de mulheres trabalhando é relativamente superior à de homens. Ressalte-se que a idade média das pessoas com deficiência que trabalhavam (IMpt ) passa de 37,4 anos, em 2004, para 40 anos, em 2008.

FIGURA 3 FIGURA 4

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

As Figuras 5 e 6 apresentam a EES das pessoas com deficiência que não trabalham. Observa-se, em ambos os períodos, que a participação de jovens é expressiva, no entanto, mais significativo é o percentual de não empregados nas idades a partir de 40 anos. Vale considerar que nas idades mais avançadas há maior incidência de aposentados por invalidez e de pessoas que recebem a aposentadoria comum. Interessante notar a expressiva participação de pessoas com deficiência, em todas as idades, que não recebem qualquer benefício e não conseguem emprego: em 2004, 1939 pessoas (54% dos entrevistados) e, em 2008, 1449 pessoas (40%), conforme destacam CAMARGOS BORGES et al. (2005) e FERREIRA et al. (2009).

FIGURA 5 FIGURA 6

Fonte Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008. Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência que Trabalham.

Uberlândia-MG / 2004. 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Gru po Etá ri o % Homem Mulher

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência que Trabalham. Uberlândia-MG / 2008. 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Gru po Etá ri o % Homem Mulher

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência que Não Trabalham. Uberlândia-MG / 2004. 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Gru po Etá ri o % Homem Mulher

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência que Não Trabalham. Uberlândia-MG / 2008. 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Gru po Etá ri o % Homem Mulher

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6 Quanto à idade média daqueles que não trabalhavam (IMpnt) nota-se certa inversão, quando comparados os resultados das pesquisas 2004 e 2008. Enquanto em 2004 a IMpnt era de 36,6 anos, inferior à IMpt (37,4 anos), em 2008, a IMpnt passa a ser superior (40,3 anos) à IMpt que era de 39,7 anos. Em parte, isso reflete o efeito da composição etária das pessoas entrevistadas em 2008.

A condição de naturalidade, pessoa nascida ou não em Uberlândia/MG, não garante para a pessoa com deficiência, inserção no mercado de trabalho. As Figuras 7 a 10 apresentam, para todos os grupos etários, independente do sexo e da condição de naturalidade, o limite de 4% de participação relativa do grupo etário no número daqueles que trabalham. Aproximam-se desse limite os grupos etários centrais, entre 30 e 44 anos. Em 2004, o grupo etário de 20 a 24 anos dos naturais se aproximou desse limite. Em 2008, para os naturais, observa-se baixa participação relativa dos que trabalham em todos os grupos etários.

FIGURA 7 FIGURA 8

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Nessas figuras observa-se que a participação de não trabalhadores é relevante em todos os grupos etários, independente da naturalidade. Enquanto que para as pessoas com deficiência naturais desse município (Figuras 7 e 8), os percentuais de não trabalhadores se acentuam nas primeiras idades ativas, de 13 a 34 anos, para os nascidos em outros municípios (migrantes acumulados) que vieram para Uberlândia nos anos anteriores, os percentuais mais expressivos de não trabalhadores, por grupo etário, ocorrem nas idades mais avançadas, acima de 35 anos (Figuras 9 e 10).

FIGURA 9 FIGURA 10

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência por situação de trabalho, Naturais de Uberlândia-MG / 2004. 6 4 2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Gr u p o Et á rio %

T rabalham Não T rabalham

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência por situação de trabalho, Naturais de Uberlândia-MG / 2008. 6 4 2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Gr u p o Et á rio %

T rabalham Não T rabalham

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência por situação de trabalho, Não Naturais de Uberlândia-MG / 2004.

6 4 2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Gr u p o Et á rio % Não T rabalham T rabalham

Estrutura Etária das Pessoas com Deficiência por situação de trabalho, Não Naturais de Uberlândia-MG / 2008.

6 4 2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 13 - 14 15 - 19 20 - 24 25 - 29 30 - 34 35 - 39 40 - 44 45 - 49 50 - 54 55 - 59 60 - 64 Gru po Etá ri o % Não T rabalham T rabalham

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7 Quanto à idade média entre naturais e não naturais, notam-se valores distanciados em ambos os períodos pesquisados. Em 2004, a idade média dos naturais (IMn) era de 30,6 anos, quase dez anos inferior à idade média dos não naturais (IMnn), de 40,5 anos. Esta diferença se amplia em 2008, quando a IMnn (44,4 anos) apresenta-se superior à IMn (33,3 anos) em 11,1 anos.

Parte desse resultado pode ser explicada pela mudança na dinâmica migratória nas últimas décadas. A maior entrada de imigrantes com deficiência em Uberlândia/MG ocorreu nos anos que antecedem a década de 90, sendo que nos primeiros anos deste século, o número de entrevistados que nasceram em outros municípios e que fixaram residência nesse município diminuiu significativamente (BERTOLUCCI et al., 2008).

Outro ponto a ser considerado na análise demográfica dos que trabalham e dos que não trabalham refere-se ao tipo de deficiência. As Figuras 11 e 12 mostram que as maiores participações dos que trabalham são de pessoas com deficiência física e auditiva, respectivamente. As pessoas com deficiência mental, visual, múltipla ou outro tipo de deficiência contam com percentuais bem menores das pessoas que trabalham. Valeria a pena, portanto, investigar se as pessoas com deficiência visual ou mental estariam encontrando maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, apresentando maior desvantagem em relação aos demais deficientes.

Por outro lado, conceituar com precisão a incapacidade funcional e as desvantagens decorrentes dela não é tarefa trivial e tem sido objeto de revisões de literatura por diversos autores (AMIRALIAN et al., 2000; PARAHYBA e Simões, 2006; ALVES et al., 2008). Nota-se, nestes estudos, que possuir deficiência não leva necessariamente à condição de incapacidade funcional e, portanto, incapacidade para o trabalho.

No entanto, os resultados das pesquisas sugerem que os deficientes entrevistados devem contar com expressiva desvantagem para inserção no mercado de trabalho, pois, independente do tipo de deficiência e se possuem ou não incapacidade para o trabalho, relataram que para terem acesso a uma oportunidade de emprego seria prioritário “melhorar a aceitação das empresas” (35% dos deficientes auditivos; 32% dos físicos; 34% dos mentais; 31% com múltipla deficiência e 38% dos deficientes visuais) e “melhorar minha capacitação” (em torno de 25% para qualquer tipo deficiência).

FIGURA 11 FIGURA 12

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Quanto à participação da pessoa com deficiência na estrutura domiciliar, nota-se que a maior parte dos que trabalham são os responsáveis pelo domicílio e, certamente, chefes de Pessoas por Tipo de Deficiência e Situação de Trabalho

Uberlândia-MG / 2004. 35 30 25 20 15 10 5 0 5 10 15 20 25 30 35 Outra Deficiência multipla Visual Mental Fisica Auditiva Tipo de d eficiência % Não T rabalha T rabalha

Pessoas por Tipo de Deficiência e Situação de Trabalho Uberlândia-MG / 2008. 35 30 25 20 15 10 5 0 5 10 15 20 25 30 35 Outra Deficiência multipla Visual Mental Fisica Auditiva Tipo de d eficiência % Não T rabalha T rabalha

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8 família. Em 2004, eram 11% dos entrevistados e, em 2008, representavam 8,5% dos pesquisados. Com menor participação relativa observam-se aqueles que trabalham e ocupam no domicílio a condição de filhos ou enteados dos responsáveis.

Tabela 1

Relação das pessoas com deficiência com o responsável pelo domicílio,

segundo a condição de trabalho ou não trabalho - Uberlândia-MG / 2004 e 2008.

Número % Número % Número %

Responsável pelo domicílio 400 11,19 834 23,34 1.234 34,53 Cônjuge, companheiro (a) 121 3,39 394 11,02 515 14,41 Filho(a), enteado (a) 257 7,19 1.108 31,00 1.365 38,19 Pai, mãe, sogro (a) 18 0,50 91 2,55 109 3,05 Neto(a), bisneto(a) 4 0,11 56 1,57 60 1,68 Irmão (ã) 26 0,73 137 3,83 163 4,56 Outro Parente 13 0,36 102 2,85 115 3,22 Agregado - 3 0,08 3 0,08 Pensionista 2 0,06 - 2 0,06 Empregado Doméstico 1 0,03 - 1 0,03 Parente do empregado 1 0,03 2 0,06 3 0,08 Individual (domicílio coletivo) 2 0,06 2 0,06 4 0,11 Total 845 23,64 2.729 76,36 3.574 100,00

Responsável pelo domicílio 306 8,55 1.050 29,32 1.356 37,87 Cônjuge, companheiro (a) 90 2,51 399 11,14 489 13,66 Filho(a), enteado (a) 219 6,12 1.063 29,68 1.282 35,80 Pai, mãe, sogro (a) 13 0,36 72 2,01 85 2,37 Neto(a), bisneto(a) 4 0,11 62 1,73 66 1,84 Irmão (ã) 18 0,50 159 4,44 177 4,94 Outro Parente 10 0,28 99 2,76 109 3,04 Agregado 2 0,06 7 0,20 9 0,25 Pensionista 1 0,03 3 0,08 4 0,11 Empregado Doméstico - - - - - -Parente do empregado - - - - - -Individual (domicílio coletivo) - - 4 0,11 4 0,11

Total 663 18,51 2.918 81,49 3.581 100,00

2004

2008

Relação com a pessoa responsável

Trabalha atualmente Não Trabalha Total

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Quanto aos que não trabalhavam, em 2004, a maior parte era composta por filhos ou enteados do responsável pelo domicílio (31%), seguidos pela forte participação dos responsáveis pelo domicílio (23%). Em 2008, os percentuais dessas duas condições de pessoas no domicílio se aproximam: 29,6% de filhos ou enteados e 29,3% de responsáveis pelo domicílio.

Associando as informações dessas duas situações majoritárias de pessoas com deficiência no domicílio com a pergunta se recebem algum tipo de benefício, obteve-se que 5% das pessoas que não trabalham e não recebem qualquer tipo de beneficio ou apoio social (aposentadoria, auxílio-doença, Bolsa Família, BPC, entre outros) são responsáveis pelo domicílio, enquanto que 16% são filhos ou enteados com deficiência. Infere-se, portanto, que parte das famílias que contam com pessoas com deficiência chefiando-as, sem trabalho e sem benefícios que possam garantir a renda familiar, encontra-se em significativo grau de vulnerabilidade.

4. Condição de ocupação e renda das pessoas com deficiência

Com a perspectiva de discutir as condições de ocupação e renda das PCD, objetiva-se apresentar um retrato daquelas entrevistadas e residentes em Uberlândia/MG, destacando, em particular, o perfil das que trabalhavam ou não no período da realização das pesquisas de 2004 e 2008.

(10)

9 De acordo com a Tabela 2, ao analisar a situação de trabalho das PCD residentes em Uberlândia/MG, nos anos de 2004 e 2008, destaca-se que, de um total de 3574 pessoas pesquisadas em 2004, na sua maioria homens, 2717 não trabalhavam, o que corresponde a uma participação relativa de 76,02%. Em 2008, de um total de 3581 pessoas, 81,37%, também na sua maioria homens, responderam que não trabalhavam. Quando se trata de analisar a participação relativa das PCD que trabalhavam, verifica-se que em 2004 apenas 845 pessoas responderam que trabalhavam, representando 23,64% do total de pessoas pesquisadas e, em 2008, apenas 663 encontravam-se nessa situação, o que corresponde a 18,51%.

Tabela 2

Pessoas com deficiência quanto à situação de trabalho, segundo o sexo. Uberlândia/MG-2004 e 2008.

2004 2008 Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Trabalham 373 21,9 472 25,23 845 23,64 325 18,21 338 18,82 663 18,51 Não trabalham 1326 77,86 1391 74,35 2717 76,02 1458 81,68 1456 81,07 2914 81,37 Não responderam 4 0,23 8 0,43 12 0,34 2 0,11 2 0,11 4 0,11 Total 1703 100 1871 100 3574 100 1785 100 1796 100 3581 100

Situação de trabalho Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Na Tabela 3, ao classificar o total de PCD em relação à situação de trabalho e escolaridade, observa-se que em 2004 parcela significativa das pessoas que trabalhavam declarou possuir o Fundamental Incompleto e o Médio Completo, correspondendo aos percentuais de 39,64% e 22,60%, respectivamente. Quadro semelhante pôde ser observado em 2008. Dentre os que trabalhavam 38,61% tinham o Fundamental Incompleto e 23,53% o

Médio Completo.

Quando se analisa a escolaridade das PCD que não trabalhavam tem-se que a maioria apresenta baixa escolaridade. Em 2004, 25,61% declararam não possuir nenhuma

escolaridade (não lê e não escreve ou apenas lê e escreve, sem escolaridade) e 50,20%

possuíam apenas o 1º Grau Incompleto/Fundamental. Em 2008, 20,42% declararam não possuir nenhuma escolaridade e 52,40% possuíam apenas o Grau Incompleto/Fundamental.

A informação de que grande parte das PCD possui baixo nível de escolaridade, ou seja, que o maior contingente dessas pessoas se concentra na categoria com Primeiro Grau Incompleto, evidencia as condições precárias de inserção das PCD no mercado de trabalho, o que as leva a ocupar postos de trabalho que exigem baixo grau de qualificação e, consequentemente, a se enquadrar em ocupações com baixa remuneração.

Além disso, do total de 2717 PCD que declararam não trabalhar em 2004, constatou-se que 696 (25,62%) não possuíam escolaridade (não liam e não escreviam ou apenas liam, sem escolaridade), e estes se concentravam nas faixas de idade 13 a 24 anos (31,32%) e 50 a 60 anos (21,40%). Essas duas faixas conjuntamente representaram 52,73% de pessoas que não possuíam nenhuma escolaridade. Dos que declararam ter apenas o 1º Grau

Incompleto/Fundamental (1364), observou-se que 24,34% se concentravam na faixa de

13 a 24 anos e 28,37% na faixa de 50 a 60 anos de idade, perfazendo um total de 52,71% nestas duas faixas.

Não muito diferente da realidade de 2004, verificou-se que em 2008, do total de 2914 PCD que declararam não trabalhar, 595 afirmaram não possuir nenhuma escolaridade, dos quais 27,89% concentravam-se na faixa de 13 a 24 anos e 20,50% na faixa 50 a 60 anos. Somando estas duas faixas tem-se que 41,40% das PCD que não trabalhavam não tinham escolaridade. Dos que declararam ter apenas o 1º Grau Incompleto/Fundamental (1527),

(11)

10 observou-se que 22,53% se concentravam na faixa de 13 a 24 anos e 29,47% na faixa de 50 a 60 anos de idade, representando um total de 52% nestas duas faixas de idade.

Tabela 3

Pessoas com deficiência segundo a escolaridade e situação de trabalho. Uberlândia/MG - 2004 e 2008.

Núm. % Núm. % Núm. % Núm. %

2004

Não Lê e Não Escreve 46 5,44 584 21,49 - - 630 17,63

Lê e Escreve (sem escolaridade) 11 1,30 112 4,12 - - 123 3,44

1º Grau Incompleto/ Fundam. 335 39,64 1364 50,20 8 66,67 1707 47,76

1º Grau Completo/ Fundam. 82 9,70 157 5,78 2 16,67 241 6,74

2º Grau Incompleto/ Médio 89 10,53 180 6,62 - - 269 7,53

2º Grau Completo/ Médio 191 22,60 207 7,62 - - 398 11,14

Superior Incompleto 34 4,02 36 1,32 - - 70 1,96 Superior Completo 29 3,43 19 0,70 - - 48 1,34 Pós-Graduação 18 2,13 3 0,11 - - 21 0,59 Outro 5 0,59 34 1,25 - - 39 1,09 Não responderam 5 0,59 21 0,77 2 16,67 28 0,78 Total 845 100 2717 100 12 100 3574 100 2008

Não Lê e Não Escreve 23 3,47 463 15,89 - - 486 13,57

Lê e Escreve (sem escolaridade) 15 2,26 132 4,53 - - 147 4,10

1º Grau Incompleto/ Fundam. 256 38,61 1527 52,40 2 50,00 1785 49,85

1º Grau Completo/ Fundam. 71 10,71 225 7,72 - - 296 8,27

2º Grau Incompleto/ Médio 59 8,90 185 6,35 1 25,00 245 6,84

2º Grau Completo/ Médio 156 23,53 268 9,20 - - 424 11,84

Superior Incompleto 37 5,58 44 1,51 - - 81 2,26 Superior Completo 27 4,07 34 1,17 - - 61 1,70 Pós-Graduação 14 2,11 7 0,24 - - 21 0,59 Outro 5 0,75 27 0,93 - - 32 0,89 Não responderam - - 2 0,07 1 25,00 3 0,08 Total 663 100 2914 100 4 100 3581 100

Escolaridade Trabalham Não trabalham Não responderam Total

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Na análise das informações referentes às PCD que declararam não trabalhar quanto ao tempo que não trabalham, os dados apontam, conforme Tabela 4, que do total de 2717 PCD, em 2004, identifica-se que 40,26% são pessoas que afirmaram nunca ter trabalhado e que 41,11% declararam que há mais três anos não trabalham, totalizando um percentual de 81,37% nessas duas condições.

Tabela 4

Pessoas com deficiência que não trabalham quanto ao tempo que não trabalham segundo o sexo. Uberlândia/MG - 2004 e 2008.

Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. %

Nunca trabalhou 567 42,76 527 37,89 1094 40,26 538 36,90 496 34,07 1034 35,48 Há menos de 6 meses 63 4,75 78 5,61 141 5,19 41 2,81 40 2,75 81 2,78 De 6 meses a 1 ano 54 4,07 51 3,67 105 3,86 30 2,06 39 2,68 69 2,37 Mais de 1 ano a 2 anos 32 2,41 74 5,32 106 3,9 48 3,29 64 4,40 112 3,84 Mais de 2 anos a 3 anos 66 4,98 86 6,18 152 5,59 58 3,98 75 5,15 133 4,56 Há mais de 3 anos 543 40,95 574 41,27 1117 41,11 718 49,25 724 49,73 1442 49,49

Não responderam 1 0,08 1 0,07 2 0,07 25 1,71 18 1,24 43 1,48

Total 1326 100 1391 100 2717 100 1458 100 1456 100 2914 100

2004 2008

Tempo que não trabalha Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

(12)

11 Seguindo o mesmo comportamento, tem-se que, em 2008, do total de 2914 PCD que não trabalhavam, 35,48% afirmaram nunca ter trabalhado e que 49,49% declararam que há mais três anos não trabalham, perfazendo um percentual de 89,97%. Ou seja, o não acesso das PCD ao mercado de trabalho, pelo fato de nunca terem trabalhado ou por estarem um longo tempo sem trabalho, contribui para dificultar a sua inserção no mercado de trabalho.

Quando se trata de analisar a pouca pressão exercida pelas PCD sobre o mercado de trabalho é importante se ater aos motivos que influenciam essa postura. Na Tabela 5 é possível identificar alguns motivos explicitados pelos entrevistados. Em 2004, constata-se uma realidade em que o destaque é dado para os 57,12% que afirmaram “não trabalhar porque a deficiência o impede”, seguidos dos 14,17% que declararam “querer trabalhar, procurou trabalho, mas não encontrou” e, finalmente, os 9,64% que responderam “quer trabalhar, mas não procurou trabalho”.

Enquanto isso, ainda em 2004, apenas 5,96% dos que não trabalhavam afirmaram “não querer trabalhar”; 4,20% marcaram a opção “não trabalha para não perder o benefício”; 5,01% afirmaram que “encontrou trabalho, mas não foi aceito” e 1,99% declarou “querer trabalhar, mas a família não permite”.

Em 2008, o destaque é dado principalmente para as 73,75% das PCD que afirmaram “não trabalhar porque a deficiência o impede”. Ainda nesse ano, dos que não trabalhavam, 5,46% “não trabalha para não perder o benefício”; 4,70% declararam “querer trabalhar, procurou trabalho, mas não encontrou”; 4,53% afirmaram “não querer trabalhar”; 2,51% responderam “quer trabalhar, mas não procurou trabalho”; 2,23% afirmaram que “encontrou trabalho, mas não foi aceito” e 2,09% declararam “querer trabalhar, mas a família não permite”.

Tabela 5

Pessoas com deficiência que não trabalham quanto aos motivos por que não trabalham, segundo o sexo. Uberlândia/MG - 2004 e 2008.

Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. %

Não quer trabalhar 98 7,39 64 4,6 162 5,96 75 5,14 57 3,91 132 4,53

A deficiência o impede 737 55,58 815 58,59 1552 57,12 1077 73,87 1072 73,63 2149 73,75

Não quer perder o benefício 36 2,71 78 5,61 114 4,2 58 3,98 101 6,94 159 5,46

Encontrou trabalho, mas não foi aceito 64 4,83 72 5,18 136 5,01 40 2,74 25 1,72 65 2,23 Quer trabalhar, mas não procurou trabalho 131 9,88 131 9,42 262 9,64 34 2,33 39 2,68 73 2,51 Quer trabalhar, mas a família não permite 40 3,02 14 1,01 54 1,99 39 2,67 22 1,51 61 2,09 Quer trabalhar, procurou trabalho, mas não

encontrou trabalho 194 14,63 191 13,73 385 14,17 71 4,87 66 4,53 137 4,70

Outro motivo - - - 64 4,39 74 5,08 138 4,74

Não responderam 26 1,96 26 1,87 52 1,91 - - -

-Total 1326 100 1391 100 2717 100 1458 100 1456 100 2914 100

Total Motivos porque não trabalham

2004 2008

Feminino Masculino Total Feminino Masculino

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

A afirmação de que a deficiência é um impeditivo para o trabalho partiu do próprio respondente, em sua maioria pessoa com deficiência. Neste ponto, vale pensar que parte das PCD entrevistadas, possivelmente, não estava considerando a possibilidade de sua reabilitação ou de adequação de suas condições físicas ou mentais para exercer alguma ocupação remunerada, inclusive a adaptação do ambiente de trabalho para atender suas necessidades. Para tanto, é oportuno considerar que o fato de que o próprio mercado de trabalho, despreparado para empregar pessoas com deficiência, esteja induzindo esse tipo de resposta, o que somente poderá ser confirmado a partir de estudos qualitativos específicos.

(13)

12 Quando se trata de analisar as informações de escolaridade das PCD que estavam trabalhando, não são observadas diferenças substanciais daquelas apresentadas para os que não trabalhavam. Ou seja, os resultados indicam uma concentração de pessoas com baixa escolaridade. Todavia, a escolaridade das PCD que trabalham é mais elevada em relação ao grupo daqueles que informaram não trabalhar.

A Tabela 6 apresenta a distribuição das PCD que trabalhavam, segundo faixas etárias e escolaridade. Verifica-se que, em 2004, a maioria declarou possuir o 1º Grau

Incompleto/Fundamental e 2º Grau Completo/ Médio, correspondendo a um total de 526

pessoas (62,25%), e se concentravam principalmente nas faixas entre 30 e 60 anos. Ou seja, do total que declarou possuir o 1º Grau Incompleto/ Fundamental, 26,57% se concentravam na faixa de 30 a 39 anos e 27,16% na faixa de 50 a 60 anos. Já aqueles que declararam possuir

2º Grau Completo/ Médio, o destaque é para os 29,32% que se concentravam na faixa de

idade de 30 a 39 anos e para 25,13% que se encontravam na faixa de 40 a 49 anos.

Em 2008, a maioria das PCD também declarou possuir o 1º Grau

Incompleto/Fundamental e 2º Grau Completo/ Médio, correspondendo a um total de 412

pessoas (62,14%), e se concentravam principalmente nas faixas entre 30 e 49 anos. Assim, observa-se que do total que declarou possuir o 1º Grau Incompleto/ Fundamental, 33,20% se concentravam na faixa de 40 a 49 anos e 24,22% na faixa de 30 a 39 anos. Já aqueles que declararam possuir 2º Grau Completo/ Médio, o destaque é particularmente para os 33,13% que se concentravam na faixa de idade de 30 a 39 anos e para 26,92% que se encontravam na faixa de 40 a 49 anos.

Tabela 6

Pessoas com deficiência que trabalham segundo a escolaridade e faixas etárias. Uberlândia/MG – 2004 e 2008.

Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. % Núm. %

2004

Não Lê e Não Escreve 4 8,70 3 6,52 8 17,39 10 21,74 19 41,30 2 4,35 46 100

Lê e Escreve (sem escolaridade) - - 2 18,18 3 27,27 3 27,27 3 27,27 - - 11 100

1º Grau Incompleto/ Fundam. 58 17,31 15 4,48 89 26,57 81 24,18 91 27,16 1 0,30 335 100

1º Grau Completo/ Fundam. 11 13,41 4 4,88 29 35,37 23 28,05 15 18,29 - - 82 100

2º Grau Incompleto/ Médio 33 37,08 15 16,85 25 28,09 13 14,61 3 3,37 - - 89 100

2º Grau Completo/ Médio 29 15,18 36 18,85 56 29,32 48 25,13 22 11,52 - - 191 100

Superior Incompleto 2 5,88 7 20,59 15 44,12 6 17,65 4 11,76 - - 34 100 Superior Completo 2 6,90 8 27,59 7 24,14 9 31,03 3 10,34 - - 29 100 Pós-Graduação 1 5,56 2 11,11 8 44,44 6 33,33 1 5,56 - - 18 100 Outro 1 20,00 - - 3 60,00 - - 1 20,00 - - 5 100 Não responderam - - - - 3 60,00 1 20,00 1 20,00 - - 5 100 Total 141 16,69 92 10,89 246 29,11 200 23,67 163 19,29 3 0,36 845 100 2008

Não Lê e Não Escreve 2 8,70 4 17,39 6 26,09 5 21,74 4 17,39 2 8,70 23 100

Lê e Escreve (sem escolaridade) 2 13,33 2 13,33 2 13,33 3 20,00 6 40,00 - - 15 100

1º Grau Incompleto/ Fundam. 31 12,11 15 5,86 62 24,22 85 33,20 49 19,14 14 5,47 256 100

1º Grau Completo/ Fundam. 5 7,04 5 7,04 21 29,58 21 29,58 15 21,13 4 5,63 71 100

2º Grau Incompleto/ Médio 17 28,81 5 8,47 17 28,81 10 16,95 9 15,25 1 1,69 59 100

2º Grau Completo/ Médio 23 14,74 19 12,18 47 30,13 42 26,92 23 14,74 2 1,28 156 100

Superior Incompleto 11 29,73 3 8,11 14 37,84 6 16,22 1 2,70 2 5,41 37 100 Superior Completo - - 3 11,11 14 51,85 6 22,22 3 11,11 1 3,70 27 100 Pós-Graduação - - - - 5 35,71 8 57,14 1 7,14 - - 14 100 Outro - - 2 40,00 1 20,00 2 40,00 - - - - 5 100 Total 91 13,73 58 8,75 189 28,51 188 28,36 111 16,74 26 3,92 663 100 Escolaridade

Faixas etárias (em anos)

Total

13 a 24 25 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 60 Outras Idades*

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

* Este item inclui os entrevistados com idade inferior a 13 anos e também os que têm mais de 60 anos.

As informações referentes à Ocupação Principal das PCD expressam a atividade principal que o entrevistado declarou estar desempenhando no momento da pesquisa.

Em 2004, dentre as 845 pessoas que responderam estar trabalhando, 833 declararam a sua ocupação principal, e apenas 12 não responderam ou não souberam responder. As ocupações que se destacaram foram: Auxiliar Administrativo (13,93%), Serviços Gerais

(14)

13 (5,76%), Doméstica (4,8%), Técnico (4,44%) e Vendedor (4,32%). Já em 2008, do total de 663 pessoas que responderam que estavam trabalhando, 471 declararam a sua ocupação principal. Neste ano, as ocupações que apresentaram maior incidência foram: Serviços

Domésticos(10,2%), Vendedor (7,86%), Serviços Gerais (7,43%) , Auxiliar Administrativo (6,37%). Portanto, percebe-se uma concentração de PCD em ocupações que,

tradicionalmente, requerem baixa qualificação e exigem menor escolaridade para o seu exercício.

Os dados obtidos na pesquisa também permitem uma análise sobre a jornada de trabalho das PCD. Para tanto, cabe ressaltar que no Brasil a jornada legal definida pela legislação é de no máximo 44 horas semanais. A própria lei, no entanto, admite a realização de horas extraordinárias e permite a modulação da jornada de trabalho. Os estudos sobre a jornada de trabalho mostram que a utilização de horas extras e da modulação da jornada, os chamados bancos de horas, é generalizada nas empresas brasileiras (ZYLBERSTAJN, 2002; DIEESE, 2005; CALVETE, 2007).

Na sequência a Tabela 7 mostra as PCD que trabalham, distribuídas pela jornada de trabalho semanal. Em 2004, 32,43% informaram trabalhar mais do que 44 horas por semana. Esse mesmo percentual em 2008 foi de 23,68%. Em 2004, a diferença da sobrejornada entre homens e mulheres era de quase cinco pontos percentuais - enquanto 29,76% das mulheres informaram trabalhar mais de 44 horas semanais, 34,53% dos homens indicaram trabalhar acima de 44 horas. Em 2008, apesar da diminuição do percentual de pessoas que trabalhavam acima de 44 horas para ambos os sexos, a diferença da sobrejornada entre homens e mulheres se ampliou - 19,08% das mulheres excederam a jornada legal relativamente a 28,11% dos homens. Os dados indicam que parcela significativa das PCD está submetida às condições de trabalho, no que diz respeito ao seu tempo de duração, semelhantes aos trabalhadores em geral, mesmo que apresentem limitações definidas pela deficiência.

Tabela 7

Pessoas com deficiência quanto às horas trabalhadas por semana, segundo o sexo. Uberlândia/MG – 2004 e 2008.

Número % Número % Número % Número % Número % Número %

Até 44 Horas 256 68,63 285 60,38 541 64,02 261 80,31 240 71,01 501 75,57

Acima de 44 Horas 111 29,76 163 34,53 274 32,43 62 19,08 95 28,11 157 23,68

Não responderam 6 1,61 24 5,08 30 3,55 2 0,62 3 0,89 5 0,75

Total 373 100 472 100 845 100 325 100 338 100 663 100

Horas trabalhadas por semana

2004 2008

Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

A Tabela 8 traz as informações das PCD que trabalham distribuídas por posição na ocupação, segundo o sexo. Observa-se que mais da metade (56,09%, em 2004, e 61,24% em 2008) está submetida a uma situação de trabalho regular, o denominado núcleo protegido do

mercado de trabalho - trabalhadores com registro em carteira (38,82%, em 2004, e 49,17%

em 2008), funcionários públicos (14,67%, em 2004, e 8,90% em 2008) e temporários com contrato (2,60%, em 2004, e 3,17% em 2008). Nesse último caso, porém, trata-se de um vínculo associado a maior risco e incerteza, uma vez que tem duração pré-definida e está associado a um menor número de direitos em relação ao contrato padrão (por tempo indeterminado)7.

7

No que tange aos direitos negados aos trabalhadores temporários citam-se: as estabilidades provisórias previstas na legislação (para gestantes, para aqueles que sofreram acidentes no trabalho ou foram acometidos por doença profissional e para os dirigentes sindicais), as quais se encerrariam com o fim do prazo contratual; as verbas rescisórias (devidas no caso de dispensa sem justa causa); o seguro-desemprego, entre outros (KREIN, 2007).

(15)

14

Tabela 8

Pessoas com deficiência que trabalham quanto à posição na ocupação, segundo o sexo. Uberlândia/MG – 2004 e 2008.

Número % Número % Número %

Empregado c/ carteira 139 37,27 189 40,04 328 38,82 Empregado s/ carteira 50 13,4 49 10,38 99 11,72 Temporário c/ contrato 14 3,75 8 1,69 22 2,6 Temporário s/ contrato 10 2,68 18 3,81 28 3,31 Conta própria 61 16,36 106 22,46 167 19,77 Funcionário Público 71 19,03 53 11,23 124 14,67 Empregador 1 0,27 3 0,64 4 0,47 Outro 23 6,17 40 8,47 63 7,46 Não responderam 4 1,07 6 1,27 10 1,18 Total 373 100 472 100 845 100 Empregado c/ carteira 153 47,08 173 51,18 326 49,17 Empregado s/ carteira 24 7,38 21 6,21 45 6,79 Temporário c/ contrato 9 2,77 12 3,55 21 3,17 Temporário s/ contrato 24 7,38 16 4,73 40 6,03 Conta própria 62 19,08 72 21,3 134 20,21 Funcionário Público 38 11,69 21 6,21 59 8,9 Empregador 2 0,62 3 0,89 5 0,75 Outro 8 2,46 12 3,55 20 3,02 Não responderam 5 1,54 8 2,37 13 1,96 Total 325 100 338 100 663 100 2004 2008

Posição na ocupação Feminino Masculino Total

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Ressalte-se que a incidência dos contratos temporários entre as PCD é superior ao observado para o conjunto dos trabalhadores formalizados, indicada pelos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/Ministério do Trabalho e Emprego). De acordo com a RAIS, somando todas as modalidades de contratação temporária (considerando o trabalho temporário e os contratos por tempo e prazo determinados), não se alcançava, em 2004, 1% do total dos empregos formais no país (CESIT, 2005).

A outra parte das PCD, 43,91% em 2004, e 38,76% em 2008, participa dos segmentos considerados pouco estruturados do mercado de trabalho: o emprego sem carteira (por tempo indeterminado ou temporário), o trabalho por conta própria e outras modalidades de trabalho (não remunerado, eventuais, cooperado). Chama a atenção a elevada participação do trabalho por conta própria (próxima da verificada para os ocupados no país), bem como a manutenção de sua participação relativa e, até mesmo, sensível elevação, considerando os dois anos da pesquisa.

Quanto à participação das mulheres com deficiência na camada mais estruturada do mercado de trabalho (o assalariamento regular), ela é superior ao verificado para os homens tanto em 2004 quanto em 2008 (60,05%, em 2004, e 61,54% em 2008). Tal fato se explica, como se depreende da Tabela 8, pela maior participação feminina no serviço público. Do lado pouco estruturado, o percentual das mulheres assalariadas sem carteira assinada é superior ao percentual masculino tanto em 2004 quanto em 2008. A incidência do trabalho por conta própria costuma ser maior entre os homens, conforme os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. A mesma constatação foi observada entre as PCD pesquisadas em 2004 e 2008, embora neste último ano, no grupo entrevistado, tenha se notado que o percentual de autônomas se aproximou dos homens que trabalhavam por conta própria (19,08% para as mulheres e 21,3% para os homens).

(16)

15 Quanto à idade das PCD que trabalham, observou-se que nas categorias nas quais o trabalho é mais estruturado (empregado com carteira assinada e funcionário público), predominam os trabalhadores adultos (com idade acima de 30 anos), tanto em 2004 quanto em 2008. O trabalho temporário em 2004 era, em sua maioria, ocupado por jovens (até 29 anos). O mesmo não ocorre em 2008. O perfil etário do trabalhador com deficiência por conta própria, tanto em 2004 quanto em 2008, não difere do observado para o conjunto dos trabalhadores, isto é, prevalece o ocupado adulto.

Por outro lado a Tabela 9 traz informações que buscam aferir o acesso das PCD a programas governamentais de transferência de renda e previdenciários. Nota-se que a maioria (54,25%) dos entrevistados, em 2004, afirmou não receber nenhum tipo de auxílio ou benefício de origem governamental. Há diferenças no acesso às políticas e programas públicos de acordo com o sexo - 58,95% das mulheres indicaram não receber qualquer assistência por parte do governo; o percentual para os homens foi de 49,97%. Estão incluídos nesse último grupo aqueles que estavam trabalhando com carteira assinada, situação que inviabiliza o recebimento de alguns desses benefícios (como o seguro-desemprego e o

Benefício de Prestação Continuada). Tabela 9

Pessoas com deficiência quanto ao recebimento de benefícios, segundo o sexo. Uberlândia/MG – 2004 e 2008.

Número % Número % Número %

Aposentadoria comum 21 1,23 24 1,28 45 1,26 Aposentadoria/invalidez 381 22,37 579 30,95 960 26,86 Bolsa–escola 20 1,17 25 1,34 45 1,26 Pensão 89 5,23 58 3,1 147 4,11 Auxílio-doença 107 6,28 163 8,71 270 7,55 Seguro–desemprego 3 0,18 3 0,16 6 0,17 BPC 11 0,65 16 0,86 27 0,76 Prog. complementares - - - - Outro benefício 67 3,93 68 3,63 135 3,78 Nenhum benefício 1004 58,95 935 49,97 1939 54,25 Total 1703 100 1871 100 3574 100 Aposentadoria comum 33 1,81 39 2,15 72 1,98 Aposentadoria/invalidez 417 22,91 655 36,09 1072 29,49 Bolsa–família 86 4,73 53 2,92 139 3,82 Pensão 100 5,49 40 2,2 140 3,85 Auxílio- doença 242 13,3 278 15,32 520 14,31 Seguro–desemprego 2 0,11 - 2 0,06 BPC 39 2,14 42 2,31 81 2,23 Prog. complementares 8 0,44 7 0,39 15 0,41 Outro benefício 75 4,12 74 4,08 149 4,1 Nenhum benefício 818 44,95 627 34,55 1445 39,75 Total 1820 100 1815 100 3635 100

Benefício Feminino Masculino Total

2004

2008

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Entre os que recebiam algum benefício, o mais frequentemente citado foi a

aposentadoria por invalidez (26,86%, sendo 22,37% entre as mulheres e 30,95% entre os

homens), a qual destina-se a trabalhadores que, por doença ou acidente, foram considerados, após perícia médica, incapacitados para o exercício do trabalho. O auxílio-doença, isto é, o

(17)

16 benefício concedido aos trabalhadores impedidos de trabalhar por acidente ou doença, mereceu referência de 7,55% dos entrevistados (6,28% das mulheres e 8,71% dos homens). Outro benefício de natureza previdenciária citado foi a pensão, a qual é paga à família do trabalhador em caso de morte - 4,11% das PCD disseram receber pensão, sendo 5,23% das mulheres e 3,1% dos homens.

Outros programas de transferência de renda também foram citados, tais como o Bolsa Escola (1,6% das PCD informaram receber). O auxílio temporário aos demitidos sem justa causa, o seguro-desemprego, foi citado por 0,71% das PCD entrevistados. Digna de nota é a frequência muito baixa (0,76%) das PCD que disseram receber o Benefício de Prestação

Continuada (BPC-LOAS), o qual destina-se a pessoas comprovadamente com deficiência e

renda familiar mensal per capita inferior a ¼ do salário-mínimo.

Em 2008, o percentual das PCD que informaram não receber qualquer benefício ou auxílio governamental foi de 39,75%, inferior ao observado entre os pesquisados em 2004. Porém, as diferenças entre os sexos se apresentaram mais acentuadas: 44,95% das mulheres disseram não receber nenhum auxílio, contra 34,55% dos homens. O benefício mais citado foi novamente a aposentadoria por invalidez, com menção superior ao registrado na pesquisa de 2004: 29,49%.

Essa incidência mais elevada no grupo investigado em 2008 se deve ao maior percentual de homens que informou receber o benefício (36,09%), pois no caso das mulheres o percentual foi semelhante ao verificado na pesquisa anterior (22,91%, em 2008, e 22,37% em 2004). O que provavelmente está por trás dessa informação é a maior participação do sexo masculino entre os aposentados por invalidez, dados os maiores riscos ocupacionais aos quais estão submetidos. Segundo informações do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), 58,9% dos aposentados por invalidez são homens. O auxílio-doença foi citado por 14,31% das PCD, 13,30% entre as mulheres e 15,32% entre os homens. O Bolsa Família e a pensão mereceram referência similar: 3,8% entre as PCD informaram receber um ou outro benefício. O BPC foi citado por 2,23% dos entrevistados, incidência superior ao da pesquisa em 2004. Cabe registrar, entretanto, que muitos entrevistados não souberam informar o nome do benefício recebido e, em vários casos, as informações fornecidas indicavam que se tratava do BPC, mas estes não foram incluídos no percentual exposto na Tabela 9.

Quando se analisa o total de PCD pesquisadas quanto ao recebimento de benefício e faixa etária, tanto a pesquisa de 2004 quanto a de 2008 informam que, entre os que afirmaram não receber nenhum benefício, a maioria se concentra na faixa de 13 a 24 anos (29,91% e 27,54%, respectivamente). Dentre os que responderam receber o benefício aposentadoria por

invalidez, grande parte deles se concentrava nas faixas de idade de 40 a 60 anos, perfazendo

um total de 61,77%, em 2004, e 79,91% em 2008. Finalmente, entre aqueles que afirmaram receber auxílio-doença, o destaque é que a maior concentração ocorre principalmente nas faixas de 30 a 49 anos, ou seja, 51,11% em 2004 e 49,62% em 2008.

Ao analisar a distribuição das PCD quanto ao rendimento pessoal, observa-se que cerca de 2/3 dos entrevistados informaram, em 2004, que recebiam até dois salários mínimos. É possível que esse percentual seja mais elevado, uma vez que o número de PCD que não declararam rendimento é bastante expressiva (18,69%). Em 2008, a concentração dos rendimentos nas faixas de renda inferiores é mais acentuada. A quase totalidade dos pesquisados, 97,15%, indicou auferir renda inferior a dois salários mínimos (Tabela 10).

A diferença de rendimentos entre os sexos reproduz as desigualdades existentes para o conjunto da classe trabalhadora, isto é, embora o rendimento seja baixo para a maioria, o percentual de mulheres com renda inferior a dois salários mínimos é superior ao dos homens. Nas classes de renda mais elevada os homens também apresentam ligeira vantagem sobre as mulheres.

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17

Tabela 10

Pessoas com deficiência por rendimento pessoal e sexo - outubro/ 2004 e julho/2008. Uberlândia/MG – 2004 e 2008.

Número % Número % Número %

Até 1 SM 998 58,6 914 48,85 1912 53,5 De 1,01 a 2 SM 268 15,74 385 20,58 653 18,27 Subtotal 1266 74,34 1299 69,43 2565 71,77 De 2,01 a 3 SM 51 2,99 119 6,36 169 4,73 De 3,01 a 5 SM 30 1,76 98 5,24 128 3,58 De 5,01 a 10 SM 10 0,59 28 1,5 38 1,06 Acima de 10 SM 2 0,12 3 0,16 6 0,17 Não responderam 344 20,2 324 17,32 668 18,69 Total 1703 100 1871 100 3574 100 Até 1 SM 1468 82,24 1237 68,88 2705 75,54 De 1,01 a 2 SM 253 14,17 398 22,16 651 18,18 Subtotal 1755 98,32 1635 91,04 3479 97,15 De 2,01 a 3 SM 34 1,9 89 4,96 123 3,43 De 3,01 a 5 SM 19 1,06 54 3,01 73 2,04 De 5,01 a 10 SM 1 0,06 5 0,28 6 0,17 Acima de 10 SM 2 0,11 3 0,17 5 0,14 Não responderam 8 0,45 10 0,56 18 0,5 Total 1785 100 1796 100 3581 100

Rendimento pessoal Feminino Masculino Total

2008 2004

Fonte: CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPPDeficiência – Uberlândia/MG, 2004. CEPES/IEUFU. Pesquisa LIESPDeficiência – Uberlândia/MG, 2008.

Vê-se, ainda, que a renda familiar das PCD entrevistadas se concentra, na maior parte das vezes, nas faixas inferiores de rendimento. Em 2004, pouco mais de dois terços das famílias auferiam renda inferior a três salários mínimos. Em 2008, quase 85% das famílias das PCD entrevistadas percebiam rendimentos inferiores a três salários mínimos mensais. A renda familiar mediana em 2008 era de R$600,00 e a renda média era R$708,50. Essa elevada incidência de famílias com baixos rendimentos está relacionada, em parte, com o grupo entrevistado, conforme descrito na metodologia.

Observa-se que nas duas pesquisas realizadas a maioria das PCD pertence à

População Não Economicamente Ativa, ou população inativa. Entre os que informaram

algum vínculo de trabalho a maioria se insere no mercado de trabalho de forma que pode ser considerada como precária, seja pela situação ocupacional, seja pelos baixos rendimentos percebidos.

6. Conclusão

O presente trabalho, a partir dos resultados das pesquisas “Levantamento de Informações Econômico-sociais das Pessoas com Deficiência no Município de Uberlândia/MG”, realizadas em 2004 (Fase I) e em 2008 (Fase II) mostrou que as populações entrevistadas encontram-se em idades adultas mais avançadas, independente do sexo. As PCD que trabalham concentram-se em idades entre 30 e 49 anos, enquanto que os que não trabalham situam-se, em maior número, nas idades acima de 50 anos, e também nas idades mais jovens, abaixo de 20 anos.

Quanto à condição de naturalidade ela mostrou que os não nascidos em Uberlândia/MG encontram-se em idades adultas mais avançadas, tendo imigrado em maior número ao longo da década de 80, e apresentam maior percentual dos que trabalham, quando

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18 comparados com os naturais que trabalham, inclusive ocupando a posição de chefes do domicílio. Os naturais, nascidos em Uberlândia/MG, contam com maiores percentuais daqueles que estão em idades mais jovens e não trabalham, sendo em sua maioria filhos.

Os resultados mostraram que as maiores participações dos que trabalham são de pessoas com deficiência física e auditiva, respectivamente. As pessoas com deficiência mental, visual, múltipla ou outro tipo de deficiência contam com baixos percentuais de pessoas que trabalham. Seria relevante investigar se as pessoas com deficiência visual ou mental estariam encontrando maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, em relação aos demais deficientes.

As pesquisas sugerem ainda que os deficientes entrevistados vivenciam expressiva desvantagem para sua inserção no mercado de trabalho pois, independente do tipo de deficiência e se possuem ou não incapacidade para o trabalho, relataram que para terem acesso a uma oportunidade de emprego é imprescindível que melhorem sua capacitação. No entanto, conforme enfatizam seria prioritário garantir a aceitação de deficientes por parte das empresas.

Quanto às condições de ocupação e renda das PCD entrevistadas, destacou-se nas duas pesquisas o elevado percentual daqueles que não trabalhavam relativamente à pequena parcela dos que trabalhavam. Dos que afirmaram Não trabalhar, na data da pesquisa, a maioria apresentava nenhuma ou baixa escolaridade, sendo que parcela significativa das PCD que não trabalhava possuía apenas o Fundamental Incompleto.

Diante de um cenário no qual a maioria dos entrevistados declarou Não trabalhar e, deste total, o maior grupamento está justamente nas categorias Sem nenhuma escolaridade e

Fundamental Incompleto, torna-se imprescindível, portanto, que gestões públicas viabilizem

programas escolares que recuperem a escolaridade das PCD. Importante também a intervenção pública para amenizar as condições precárias das que estão inseridas no mercado de trabalho, cuja baixa escolaridade levam-nas a ocuparem postos de trabalho que requerem baixa qualificação e, consequentemente, a se enquadrarem em ocupações com baixa remuneração.

Para a maioria das PCD, em ambas as pesquisas, a deficiência foi citada, pelo próprio respondente, em sua maioria a pessoa com deficiência, como o impeditivo para o trabalho. Neste ponto, vale pensar que parte das PCD entrevistadas, possivelmente, não estava considerando a possibilidade de sua reabilitação ou de adequação de suas condições físicas ou mentais para exercer alguma ocupação remunerada, inclusive a adaptação do ambiente de trabalho para atender as PCD.

As duas pesquisas mostram que a maioria das PCD, no que diz respeito à condição de trabalho, é inativa: apenas 23,64% em 2004, e 18,51% em 2008, afirmaram trabalhar. A condição de inatividade tem um caráter permanente para parcela expressiva dos entrevistados, pois cerca de dois terços dos pesquisados que não trabalham afirmaram nunca terem trabalhado ou estarem afastados há mais de três anos do mercado de trabalho. Aliás, poucos, entre os que não trabalham, poderiam ser considerados integrantes da População

Economicamente Ativa. Segundo os próprios entrevistados a inatividade decorre de limitações

impostas pela própria deficiência.

Já as PCD que trabalham possuem escolaridade mais elevada relativamente ao grupo dos que não trabalham, mas ainda assim o acesso à escola não pode ser considerado satisfatório. A baixa escolaridade se reflete nos postos ocupados pelas PCD, nos quais as exigências de escolaridade e qualificação não costumam ser elevadas. No que diz respeito à jornada de trabalho, o fato de possuírem limitações, definidas pelo tipo de deficiência, não impede de estarem submetidas (as PCD) a condições semelhantes às observadas para os trabalhadores em geral. Mais da metade ocupa postos formais, os quais são em maioria adultos e trabalham em estabelecimentos privados. O setor público é, no entanto, importante

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